Johnny Symington reforma-se em Fevereiro

Johnny Symington, Presidente do Conselho de Administração da Symington, reforma-se, no final de Fevereiro, apĂłs 40 anos na empresa. Os Symington, de ascendĂŞncia escocesa, inglesa e portuguesa, sĂŁo produtores de vinho do Porto no norte de Portugal desde 1882. Há cinco gerações que produzem vinhos do Porto e, mais recentemente, vinhos tranquilos, com um forte […]
Johnny Symington, Presidente do Conselho de Administração da Symington, reforma-se, no final de Fevereiro, após 40 anos na empresa.
Os Symington, de ascendência escocesa, inglesa e portuguesa, são produtores de vinho do Porto no norte de Portugal desde 1882. Há cinco gerações que produzem vinhos do Porto e, mais recentemente, vinhos tranquilos, com um forte compromisso com a região e as suas pessoas.
Hoje, nove membros da famĂlia trabalham nas casas de vinho do Porto desta empresa familiar – Graham’s, Cockburn’s, Dow’s e Warre’s –, que tambĂ©m produz vinhos do Douro Quinta do VesĂşvio, Quinta do AtaĂde, Altano e na parceria Prats & Symington (Chryseia). Para alĂ©m destes, integra os projectos mais recentes da Quinta da Fonte Souto, no Alto Alentejo, e da Casa de Rodas, em Monção e Melgaço (Vinhos Verdes) e está presente na produção dos vinhos espumantes VĂ©rtice, das Caves Transmontanas, e Hambledon, no Reino Unido, detendo 50% do capital de cada um destes produtores.
ApĂłs a retirada de Johnny Symington, Rupert, da 4.ÂŞ geração da famĂlia, que ocupava o cargo de CEO, assumiu o lugar de Presidente do Conselho de Administração da Symington Family Estates. O seu primo Charles foi nomeado CEO conjunto e continuará a ser o responsável por toda a área de produção de vinhos da famĂlia. Rob Symington, da 5.ÂŞ geração, foi nomeado CEO conjunto e terá, a seu cargo, a orientação da área comercial, enoturismo, people and culture e sustentabilidade. Juntam-se-lhes seis outros elementos da 5.ÂŞ geração: Charlotte, Harry, Anthony, Vicky, Teresa e Hugh, com responsabilidades nas áreas de marketing, vendas e enoturismo.
“Tenho enorme confiança naqueles que me sucedem e no futuro”, diz Johnny Symington, acrescentando que está convicto que “o legado e reputação de qualidade e confiabilidade” da empresa “irão perdurar” e que esta manterá a sua “capacidade de adaptação a um mundo que muito provavelmente mudará nos próximos 40 anos tanto ou mais que nos últimos 40.”
Quinta do AtaĂde: A nova estrela da Vilariça

A Vilariça tem de tudo para nos fazer felizes. Aqui Ă© o vinho, ali o azeite mas tambĂ©m as frutas, os produtos da horta, as amĂŞndoas. NinguĂ©m passa fome e está mesmo autorizado a “embebedar-se” com a paisagem, tranquilizadora e cada vez mais amiga do ambiente, proliferando por aqui as vinhas em modo bio. Para […]
A Vilariça tem de tudo para nos fazer felizes. Aqui é o vinho, ali o azeite mas também as frutas, os produtos da horta, as amêndoas. Ninguém passa fome e está mesmo autorizado a “embebedar-se” com a paisagem, tranquilizadora e cada vez mais amiga do ambiente, proliferando por aqui as vinhas em modo bio.
Para se saber onde fica a Vilariça há várias maneiras. Pode-se, por exemplo, dizer que nĂŁo Ă© muito longe de Torre de Moncorvo, local mĂtico de peregrinação gastronĂłmica para os amantes da carne, já que ir Ă Taberna do CarrĂł Ă© como ir a Fátima: há que ir, dĂŞ por onde der! NĂŁo come carne? Ali tambĂ©m há bons produtos hortĂcolas, frutĂcolas e frutos secos. Ok, entĂŁo a Vilariça Ă© um vale onde se chega via A4 e IP2, a caminho do Pocinho.
Esta era zona conhecida por ser uma planĂcie em plena zona montanhosa, resultado de uma falha geolĂłgica. Tal como acontece com outras zonas muito marcadas por falhas geolĂłgicas (como a Alsácia, por exemplo), os solos estĂŁo “embrulhados e encavalitados” uns nos outros, originando que, na mesma parcela de vinha, se possam encontrar tipos diferentes e consequente desenvolvimento desigual das cepas, umas a produzir muito bem, ao lado de outras de produção diminuta. Podemos assim falar de micro-terroirs, algo que deixa muitas mentes de winefreaks em estado de excitação máxima.
NegĂłcio a explorar
Nos anos 80 e, sobretudo 90, a Vilariça suscitou muito interesse de vários produtores, que ali reconheceram virtudes para a produção de vinhos Douro. Estávamos na Ă©poca em que estavam a dar os primeiros passos, o mesmo perĂodo que levou várias empresas do vinho do Porto a perceberem que era uma área de negĂłcio por explorar, uma vez que a regiĂŁo do Douro era rica de castas e vinhos que, por falta de benefĂcio (o direito de produzir Porto), tinham um destino incerto. A Vilariça foi tambĂ©m uma das zonas onde a Cockburn’s, que era nos anos 80 um dos gigantes do vinho do Porto, lançou um programa de plantio em larga escala da casta Touriga Nacional. Pode mesmo dizer-se que foi dali que se expandiu, inicialmente para o restante Douro e, depois, para todo o paĂs.
A famĂlia Symington adquiriu a Quinta do AtaĂde em 2006 e, em 2014, plantou um campo ampelográfico com 53 castas, procurando assim saber o potencial das diferentes variedades face aos novos tempos de alterações climáticas. Aos poucos, algumas das parcelas vizinhas foram sendo adquiridas e incorporadas na Quinta do AtaĂde. É tambĂ©m por isso que Ă© difĂcil a Symington responder Ă simples pergunta: “quantas quintas tĂŞm?” Acontece que no Douro se chama muitas vezes “quinta” a uma parcela, uma vinha, na maior parte das vezes sem casa e/ou adega. Diga-se, como exemplo, que hoje, quando falamos da Quinta do AtaĂde, estamos a falar dos 80 ha originais da propriedade, a que depois temos de acrescentar as áreas de vinha das parcelas Assares, Canada, Carrascal e Macieira que perfazem os actuais 112,4 ha de vinha, dos quais 80 em modo biolĂłgico. Quanto Ă pergunta “quantas quintas”, Ă© provável que a resposta ainda se mantenha quando este texto vir a luz do dia, 27, mas onde se contam algumas das parcelas atrás referidas! Quintas de toda a famĂlia, algumas da prĂłpria empresa e outras que pertencem a membros da famĂlia, que entregam as uvas Ă empresa. Temos vindo a assistir ao crescimento enorme do patrimĂłnio da empresa e o consulado de Paul Symington como CEO – entre 2003 e 2018 – foi especialmente prolĂfico, com a área de vinha a aumentar 482 ha nesse perĂodo. Temos, assim, que o “universo” Symington em termos de vinha está como segue: Douro (1,043 ha), Alentejo (41,5 ha), Monção & Melgaço (27,5 ha). A área efectiva de vinha plantada situa-se nos 1,112 hectares.
Uma adega para DOC Douro
Até à construção da adega que iniciou a laboração nesta vindima, a Symington tinha toda a produção dos vinhos DOC Douro na Quinta do Sol. O crescimento da procura dos vinhos Douro obrigou à decisão da construção desta nova adega. Ainda que o Porto continue a ser o responsável pela maior fatia da facturação da empresa, a verdade é que, se em 2009 os vinhos tranquilos apenas representavam 1% da facturação, em 2023 essa percentagem subiu para 14%. E se juntarmos os vinhos Douro com os do Alentejo, o que se verifica é que actualmente se está a produzir 24 vezes mais do que em 2010 e, nos últimos cinco anos, a facturação (Douro e Alentejo) cresceu 50%, situando-se agora nos 13 milhões de euros. No peso global da facturação da Symington, nos anos de declaração clássica de Vintage ou das edições especiais de Porto, podem os valores ter variações significativas, aumentando então o peso do vinho do Porto.
Nesta nova adega sĂŁo entĂŁo elaborados os vinhos Quinta do AtaĂde e Vinha do Arco (num total de 36.000 garrafas), Quinta do VesĂşvio (132.000 garrafas) e Altano Bio. No total falamos de 760.000 garrafas.
No VesĂşvio mantĂŞm-se os lagares com pisa a pĂ© para a produção de vinho do Porto. Esses lagares “à antiga”, mandados fazer por Dona AntĂłnia Adelaide Ferreira, sĂŁo mesmo os Ăşnicos que a Symington mantĂ©m em funcionamento. E todo o Porto Quinta do VesĂşvio Ă© ali feito. Todas as outras quintas que tĂŞm vinificação – Cavadinha, Bomfim, Senhora da Ribeira, Malvedos e Quinta do Sol (esta para os Porto “correntes”) usam lagares robĂłticos. A gama Altano Ă© a que representa maior volume, com 1.754.400 garrafas.
A Touriga Nacional é a rainha da Vilariça, ocupando 38% da área de vinha. Lá longe, em 1995, a Symington teria uns cinco ou seis hectares desta casta. Como nos diz Pedro Correia, enólogo, “eram os tempos em que dominava a Touriga Francesa e a Tinta Barroca nos encepamentos e, mesmo a Alicante Bouschet, que aqui na Vilariça já tem 21 ha, era uma casta que só existia nas vinhas velhas e pouco mais”.
Na visita à adega torna-se óbvio que há uma sensação de orgulho no trabalho feito. Charles Symington, que coordena a equipa de produção, disse, por várias vezes que o que mais lhe agradava era que tudo tinha sido feito “in the house”, como que a dizer “com a prata da casa”.
Ensombrada pela pandemia, com os materiais a falharem, os prazos a estenderem-se e os orçamentos a terem de ser constantemente refeitos, a adega conseguiu estar totalmente operacional para a vindima de 2023, com todas as valĂŞncias para se poder considerar uma adega modelo pelos princĂpios da sustentabilidade. Com as placas fotovoltaicas “o edifĂcio produz mais energia do que consome. SĂł na vindima Ă© que precisamos de comprar”, revela o arquitecto Luis Loureiro, responsável pelo desenho da obra. TambĂ©m há utilização intensiva da gravidade, sem recurso a bombas e mangueiras; resĂduos tratados e águas residuais usadas para rega de jardins; orientação da adega com muitos dos equipamentos de apoio a serem colocados no exterior, junto Ă s paredes viradas a norte; uma rede de fibra de coco onde trepadeiras irĂŁo crescer e “tapar” todos os equipamentos; cobertura vegetal da adega e preocupação com todo o arranjo exterior que, “dentro de trĂŞs anos, mostrará tudo o que tivemos em mente”, como nos confirmou o arquitecto.
A produção em bio Ă© muito exigente em procedimentos dentro da adega porque todo o equipamento tem de ser alocado apenas para os vinhos bio, desde as caixas de transporte das uvas atĂ© Ă s cubas. Charles está consciente que a produção em bio exige muito mais intervenção na vinha (com prejuĂzos em termos de pegada de carbono) e estĂŁo a equacionar o uso de drones para a pulverização, algo que Ă© tema ainda em desenvolvimento, mas que poderá ser uma excelente opção de futuro. Uma coisa Ă© certa: “visitámos muitas adegas lá fora e nĂŁo temos qualquer dĂşvida em dizer que aqui incorporámos todo o know how e todos os detalhes que fomos recolhendo das experiĂŞncias nas nossas adegas; temos o que de melhor a ciĂŞncia e a prática aconselham em termos de equipamento e funcionamento da adega”. O sorriso na cara da Charles diz tudo…
Por aqui vindima-se Ă mĂŁo e Ă máquina e há duas câmaras frigorĂficas para recepção das uvas. “Com as que chegaram no dia anterior podemos começar bem cedo a vinificar, enquanto as uvas que vĂŁo chegando vĂŁo enchendo a outra câmara, já que sĂł serĂŁo processadas no dia seguinte”, lembra Pedro Correia. Todo este trabalho continua a ter um quĂŞ de experimental: barricas de tanoarias diferentes para estágio, tostas diversas, madeiras de florestas distintas, uso de cimentos que facilitam a micro-oxigenação.
Ă€ volta da adega Ă© um mar de vinhas quase todas pertencentes Ă famĂlia Symington. A quinta produz dois vinhos: Quinta do AtaĂde, um tinto que resulta de um blend de castas e o Quinta do AtaĂde Vinha do Arco, um varietal de Touriga Nacional. Foram alguns dos tintos da Vinha do Arco de provámos, todos eles ainda em comercialização pela empresa. A produção varia entre 12 e 18 000 garrafas. Os prĂłximos a serem colocados no mercado, em 2025, serĂŁo os tintos de 2018 e 19, já com nova imagem. ConcluĂda a vindima de 2024, ficámos a saber que tudo correu sobre rodas. Melhor ainda, que há vinhos muito bons. Como diria o actor: what else?
(Artigo publicado na edição de Novembro de 2024)
Greenvolt e Symington criam comunidade de energia

A Symington Family Estates e o Grupo Greenvolt celebraram um acordo para a criação de uma Comunidade de Energia em Vila Nova de Gaia, em mais um investimento feito na sustentabilidade ambiental do setor do vinho. A solução, assente na gestĂŁo e partilha de energia, irá permitir que as produções fotovoltaicas da Quinta do Marco […]
A Symington Family Estates e o Grupo Greenvolt celebraram um acordo para a criação de uma Comunidade de Energia em Vila Nova de Gaia, em mais um investimento feito na sustentabilidade ambiental do setor do vinho.
A solução, assente na gestĂŁo e partilha de energia, irá permitir que as produções fotovoltaicas da Quinta do Marco e da Quinta de Santo AntĂłnio, da Symington, alimentem trĂŞs outros edifĂcios da empresa no Centro HistĂłrico de Gaia, evitando a instalação de painĂ©is solares numa zona patrimonialmente sensĂvel e reduzindo os seus custos com o consumo de energia.
Para Rupert Symington, CEO da Symington Family Estates, “a transição energética é essencial” para concretizar a missão da empresa, e a razão pela qual investiu na produção de energia verde para autoconsumo. Segundo este responsável, a parceria com a Greenvolt permite, à Symington, “sem necessidade de investir em qualquer infraestrutura adicional, optimizar a capacidade de produção já instalada e usá-la noutras localizações do grupo”.
O acordo foi estabelecido tendo em conta que “as energias renováveis devem ser implementadas com rigor e alinhadas com os valores e normas ambientais, garantindo eficiĂŞncia e um impacto sustentável”, explicou JoĂŁo Manso Neto, Ceo do Grupo Greenvolt, no dia do estabelecimento do acordo, acrescentando que “a descentralização Ă© essencial neste processo, especialmente atravĂ©s de Comunidades de Energia que permitem, a empresas como a Symington, optimizar infraestruturas já existentes, tornando-as mais eficientes e gerando benefĂcios significativos para o ambiente, patrimĂłnio e o seu negĂłcio”.
Symington lança Library Release

Este ano foi apresentado o conceito “Library Release” no lançamento dos novos Vinhos do Porto Vintage de 2022 da Symington Family Estates, e agora os quatro Vintage de guarda chegaram ao mercado. O conceito nĂŁo foi inventado hoje. Já existiu a prática de reservar uma pequena quantidade de cada lançamento Vintage para envelhecer nas caves […]
Este ano foi apresentado o conceito “Library Release” no lançamento dos novos Vinhos do Porto Vintage de 2022 da Symington Family Estates, e agora os quatro Vintage de guarda chegaram ao mercado.
O conceito não foi inventado hoje. Já existiu a prática de reservar uma pequena quantidade de cada lançamento Vintage para envelhecer nas caves da empresa e colocar no mercado passadas algumas décadas. Mas foi introduzida uma nova abordagem.
Depois do primeiro lançamento en primeur, algumas quantidades são guardadas nas caves (“bibliotecas de vinhos”) em perfeitas condições, para serem libertadas passados 20-30 anos, fase designada como “Library Release”, e passados 40-60 anos, em quantidades muito restritas de garrafas numeradas, com a designação de “Private Cellar”. Para além da informação obrigatória para os vinhos do Porto Vintage, do ano de vindima e de engarrafamento, a rotulagem contém, como informação adicional, o número de anos em que o vinho envelheceu em garrafa e o ano de relançamento. As garrafas foram rearrolhadas para garantir a qualidade.
Para o primeiro Library Release da Symington foram escolhidos quatro vinhos do Porto Vintage: Dow’s, Warre’s e Graham’s do ano clássico de 2003 e o belĂssimo Quinta do VesĂşvio de 1995, que assinala o ano em que Charles Symington, o actual enĂłlogo principal, entrou na empresa familiar.
Adega do AtaĂde da Symington Family Estates certificada

A Adega do AtaĂde da Symington Family Estates foi certificada pelo Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), sistema de avaliação de mĂ©rito ambiental de edifĂcios com maior reconhecimento internacional, que Ă© aplicado em mais de 150 paĂses dos cinco continentes. A Adega do AtaĂde fica na RegiĂŁo Demarcada do Douro e Ă© a nova […]
A Adega do AtaĂde da Symington Family Estates foi certificada pelo Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), sistema de avaliação de mĂ©rito ambiental de edifĂcios com maior reconhecimento internacional, que Ă© aplicado em mais de 150 paĂses dos cinco continentes.
A Adega do AtaĂde fica na RegiĂŁo Demarcada do Douro e Ă© a nova casa dos vinhos DOC Douro de gama alta da Symington. AlĂ©m de ser a primeira adega em Portugal a obter a certificação, Ă© tambĂ©m a primeira da Europa a ultrapassar os 60 pontos, e a quarta em todo o mundo com maior pontuação LEED, entre mais de meia centena de adegas já certificadas ou em processo de certificação. Os factores que mais contribuĂram para o resultado alcançado foram a sua eficiĂŞncia hĂdrica e energĂ©tica, a inovação e a sustentabilidade do terreno.
Segundo Rupert Symington, CEO da Symington, “a concepção e construcção da Adega do AtaĂde materializa e reflecte simultaneamente vários dos grandes objetivos traçados na nossa estratĂ©gia MissĂŁo 2025”. Entre eles estĂŁo “a redução da pegada de carbono, adaptação Ă s alterações climáticas, viticultura, enologia de impacto ambiental reduzido, bem-estar dos colaboradores e o apoio Ă s comunidades locais”, explica o gestor, acrescentando que “é assim, com muito orgulho, que vemos reconhecida, e valorizada, a nossa aposta nesta adega que, para alĂ©m de cumprir os requisitos do LEED, integra um leque considerável de soluções inovadoras no campo da enologia”.
Vesúvio: 200 anos de erupção

A Quinta do VesĂşvio tem uma situação geográfica Ăşnica no Douro. Fica na margem Sul, perto de NumĂŁo, em frente a Carrazeda de AnsiĂŁes, na zona onde desagua a Ribeira da Teja. Tem uma enorme frente de rio, e foi uma quinta decisiva no avanço da RegiĂŁo Demarcada do Douro para o Douro Superior, área […]
A Quinta do Vesúvio tem uma situação geográfica única no Douro. Fica na margem Sul, perto de Numão, em frente a Carrazeda de Ansiães, na zona onde desagua a Ribeira da Teja. Tem uma enorme frente de rio, e foi uma quinta decisiva no avanço da Região Demarcada do Douro para o Douro Superior, área que anteriormente não era zona de vinho.
Rupert Symington, CEO da Symington Family Estates, explicou a histĂłria da quinta. Logo a abrir disse “2023 porquĂŞ? Porque nĂłs queremos.” Realmente, a quinta já tinha registos desde 1565, e era conhecida pela produção de citrinos, amĂŞndoas e figos. No Douro Superior praticamente nĂŁo havia produção de vinho. Enormes maciços de granito dificultavam a construção dos terraços. SĂł no sĂ©culo XVIII começou a produção de vinho, graças Ă utilização de dinamite. TambĂ©m a navegabilidade do rio foi construĂda a pulso, e os acessos ao Douro Superior transformaram-se decisivamente. Todos nos lembramos das imagens de barcos rabelos puxados em zonas rasas por carros de bois a partir da margem.
AntĂłnio Bernardo Ferreira, tio e sogro de D. AntĂłnia “a Ferreirinha” comprou a quinta em 1823 e já com a visĂŁo e decisĂŁo de plantar vinha. Isto foi mesmo depois das invasões francesas e num perĂodo de grande instabilidade polĂtica. A revolução liberal ocorreu em 1820 e culminou em 1822 com a ratificação e implementação da primeira Constituição Portuguesa. Foi tambĂ©m em 1822 que foram retiradas algumas das limitações da RegiĂŁo Demarcada do Douro. AntĂłnio Bernardo Ferreira plantou em 1823 nada menos que 150ha de vinha, o que implicou a construção de milhares de muros. Em 1827 foi construĂda a casa, e em 1830 mudou o nome para Quinta do VesĂşvio. A obra demorou 13 anos, e chegou a ter diariamente 500 trabalhadores envolvidos. Ainda nĂŁo se chamavam “colaboradores.” Esta adega de 1827 permanece operacional e na essĂŞncia igual Ă que foi construĂda. Mais tarde, D. AntĂłnia construiu a escola expandiu a capela e a casa. O marido e primo de D. AntĂłnia, AntĂłnio Bernardo Ferreira Filho, morreu em 1844 e ela assumiu a liderança. Durante a filoxera, para nĂŁo ter de despedir os trabalhadores, ordenou a construção de um muro a toda a volta da propriedade, e plantou amendoais, laranjais e olivais. O VesĂşvio foi das primeiras quintas a engarrafar Vinho do Porto com marca prĂłpria, em 1863. A estação de comboios foi inaugurada em 1887, facilitando a viagem, que era difĂcil e demorada.

Mais ou menos na mesma altura, 1890, a famĂlia Symington comprou uma quinta mesmo em frente ao VesĂşvio, a Quinta da Senhora da Ribeira. A razĂŁo envolve o VesĂşvio: havia a estação dos comboios a facilitar imenso a viagem desde o Porto, depois bastava atravessar o rio. Rupert Symington riu-se: “estivemos 100 anos a olhar o VesĂşvio desde o outro lado do rio.” Os Symington tĂŞm a sua histĂłria bem documentada no seu website, que convido a visitar. Conta como Andrew James Symington chegou a Portugal em 1882, o que faz com que a actual administração seja a quarta geração Ă frente do grupo, com a quinta já a apontar-se para a sucessĂŁo. Mas atravĂ©s da herança da esposa de AJ, Beatrice Atkinson, sĂŁo já 14 gerações que atravessam toda a histĂłria do Vinho do Porto, desde 1652. Os Symingtons acarinham este passado e tambĂ©m a sua ligação ao Douro e Ă terra. Os vários membros da famĂlia foram comprando quintas e casas no Douro. Quando, na sequĂŞncia da II Guerra Mundial tiveram de vender a Quinta da Senhora da Ribeira, foi uma dor de alma, ferida que sĂł foi curada em 1998, quando a recompraram para a Dow’s, uma das marcas do grupo. Entretanto, já tinham adquirido a Quinta do VesĂşvio, em 1989. A venda do Vintage 1985 correu muito bem nos USA e no UK, e pela primeira vez em 30 anos havia alguma folga financeira.
ApĂłs sĂ©culos de lotes de diferentes sĂtios, o vinho do Porto explora agora o conceito de terroir. O do VesĂşvio Ă© Ăşnico.
Os Symingtons tinham relativamente poucos terrenos prĂłprios. Quando soube que o VesĂşvio estava Ă venda, Ian disse Ă famĂlia “nĂŁo podemos perder esta oportunidade, Ă© a quinta com mais histĂłria do Douro.” Era a ocasiĂŁo para garantir fornecimento de uvas de grande qualidade. O VesĂşvio foi das primeiras quintas a ter plantação por castas e tinha uma adega de boa qualidade. Mas na Ă©poca tinha 56 accionistas, foi preciso ganhar um leilĂŁo por carta fechada, na segunda ronda, e a assinatura dos documentos demorou mais de um longo dia. A adega ficou como estava, na vinha foram replantadas grandes parcelas. A vinha assegurou logo vinhos de nĂvel superior para as marcas do grupo, Graham’s, Dow’s, etc. Logo em 1989 engarrafaram um Vintage de quinta, sendo assim um dos primeiros Single Quintas, em particular, um dos primeiros a serem lançados todos os anos, em vez de apenas nos anos “nĂŁo-clássicos.”
UM ASSOMBRO DURIENSE
O VesĂşvio produzia anualmente já na altura 20 a 30 mil caixas (de 12 garrafas, 9 litros) de vinho, mas sĂł engarrafava 2 a 3 mil. Era assim possĂvel todos os anos engarrafar um vinho da melhor qualidade, permitindo focar a produção no conceito de terroir, fortĂssimo em outras grandes regiões vinĂcolas do mundo, mas nĂŁo a primeira prioridade na DOP Porto, que preferia enfatizar a virtude dos lotes (várias localizações, por vezes vários anos). O terroir foi assim espreitando devagar nas motivações dos enĂłlogos do vinho do Porto, e as duas frentes vĂŁo ainda hoje avançando lado a lado. AtĂ© 2007 foi sempre assim. Charles Symington, o actual enĂłlogo, fez ali o seu primeiro vintage em 1995. Mais tarde introduziu a refrigeração nos lagares, depois o desengaçador, mas a pisa a pĂ© foi mantida atĂ© hoje. Em 1989 havia 60 hectares de vinha, hoje sĂŁo 128ha. A quinta tem no total 326ha. No fim dos anos 1990, o novo Douro apareceu em força, com as mesmas vinhas a produzir Porto e DOC Douro. As novas plantações procuraram lugares mais frescos, com maior altitude, para possibilitar a produção de DOC Douro. Depois de anos de experiĂŞncia, em 2007 foram lançados o primeiro tinto Quinta do VesĂşvio e o seu irmĂŁo Pombal do VesĂşvio, há dois anos foi lançado o primeiro Comboio do VesĂşvio, um tinto sem madeira, para beber mais jovem. O Vintage continuou sempre a ser produzido a nĂŁo ser em anos mesmo trágicos em qualidade (1993 e 2002). Os primeiros vintages, dos anos 1990, mostram ainda hoje muita envolvĂŞncia e encanto, tal como os primeiros tintos se mostram jovens e voluptuosos, filhos do seu sĂtio, maduros e poderosos, mas cheios de juventude e frescura. SĂŁo vinhos para envelhecer e apreciar com calma.

O lançamento do Quinta do Vesúvio Douro tinto de 2021 foi pontuado por esta efeméride, 200 anos de produção de vinho na quinta. Aqui faz-se uma viticultura heróica, há muito pouca água, apesar do rio logo ali ao lado. O ano de 2021 ajudou do ponto de vista climático, os vinhos têm frescura, com aroma levantado, e o estágio na madeira foi feito de forma equilibrada, subtil, de forma a mostrar a propriedade, as castas, o Douro. As barricas foram de 400 litros, 80% madeira nova, incorporação cuidadosa. São vinhos ainda na sua infância, precisam de tempo e paciência.
Emblemática propriedade que pertenceu a D. AntĂłnia “Ferreirinha”, a Quinta do VesĂşvio foi comprada pela famĂlia Symington em 1989 a 56 diferentes accionistas.
200 anos nĂŁo Ă© brincadeira, e durante dois dias viajei acima-abaixo no rio Douro, apreciando o VesĂşvio a partir da água, como em outras ocasiões apreciei a exploração dos seus caminhos em terra. Visitar o Douro Ă© sempre suster a respiração em assombro, e nĂŁo me canso de apreciar cada detalhe: Ă© um muro, Ă© um mortĂłrio, um recanto inĂłspito do rio que a força humana ao longo de muitos anos conquistou e domou, Ă© um tomate provado acabado de apanhar, em sua Ă©poca perfeita, como mais tarde será uma laranja que hoje aparece ainda como uma bola de golfe pequena e compacta de verde. E sĂŁo as pessoas, o brilho nos olhos quando falam da sua herança com um misto de orgulho, responsabilidade e determinação. NĂŁo Ă© sĂł terra, Ă© a vinha, sĂŁo os vinhos, sĂŁo as quintas, sĂŁo as marcas, sĂŁo as pessoas, que passam gerações, preenchem posições, permanecem. Os visitantes, como eu, ganham tambĂ©m carinho por estes sĂtios, procuram a sombra, provam um canapĂ© do sempre excelente Pedro Lemos, dĂŁo uma bicada nos novos vinhos, aparecem agora muitos brancos, pequenas experiĂŞncias que prevejo desaguem em breve em novas marcas fortes. Tenho a sorte de ter acompanhado este projecto do VesĂşvio desde o seu princĂpio, logo em 1989, e tenho um sereno orgulho alheio no que os bravos Symington conseguiram. Agora, venham mais 200…
(Artigo publicado na edição de Outubro de 2023)
Symington e Berry Bros. & Rudd adquirem casa de espumantes inglesa Hambledon

É a primeira aquisição de uma empresa de vinho espumante inglĂŞs por parte de um produtor portuguĂŞs, representando tambĂ©m o primeiro projecto de produção de vinho da famĂlia Symington fora de Portugal. A Hambledon Vineyard está a ser adquirida, em partes iguais, pela Symington Family Estates e pela Berry Bros. & Rudd, duas empresas familiares […]
É a primeira aquisição de uma empresa de vinho espumante inglĂŞs por parte de um produtor portuguĂŞs, representando tambĂ©m o primeiro projecto de produção de vinho da famĂlia Symington fora de Portugal.
A Hambledon Vineyard está a ser adquirida, em partes iguais, pela Symington Family Estates e pela Berry Bros. & Rudd, duas empresas familiares multigeracionais do sector do vinho, sendo que esta última é a mais antiga comerciante e distribuidora de vinhos e espirituosas do Reino Unido. A oferta pública de aquisição reuniu aceitação por parte de 90% dos accionistas da Hambledon, e os dois parceiros podem agora avançar com a compra de 100% da empresa inglesa.
Hambledon foi a primeira vinha comercial plantada em Inglaterra, em 1952 (com ajuda da Pol Roger, casa de Champagne), e a propriedade, localizada no extremo sul de Inglaterra no condado de Hampshire, tem actualmente 80 hectares de vinha, cultivados em solos calcários. “É um dos poucos produtores de vinho espumante do Reino Unido com capacidade para produzir acima de 500 mil garrafas de espumante por ano, a partir de produção própria”, afirma a Symington, em comunicado.
“Teria de ser algo muito especial que nos levasse a produzir vinho noutro paĂs, depois de cinco gerações em Portugal na produção de vinhos do Porto e outros vinhos. ApĂłs uma cuidada análise da categoria dos espumantes ingleses, estamos empolgados por avançar com a compra de um dos principais produtores, em parceria com a Berry Bros. & Rudd”, comenta Johnny Symington, presidente da Symington Family Estates, que refere ainda que “A qualidade dos vinhos Ă© absolutamente notável e espelha o fantástico terroir da Hambledon, com as castas clássicas de Champagne (Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay). A propriedade, localizada no sul de Inglaterra perto do Canal da Mancha, beneficia tambĂ©m de um micro-clima extremamente favorável. Acreditamos que temos aqui vinhos espumantes de classe mundial, que desempenharĂŁo um papel proeminente na afirmação global do espumante inglĂŞs”.
Por sua vez, a presidente da Berry Bros. & Rudd, Lizzy Rudd, acrescenta: “Somos duas empresas familiares que trabalham juntas há muitos anos e temos uma longa amizade. Partilhamos os mesmos valores e a mesma filosofia e estamos muito empolgados por esta parceria que irá trazer estabilidade e crescimento a este negócio num enquadramento muito positivo para os vinhos espumantes ingleses”.
Graham’s lança Porto LBV 2018 com imagem renovada

A Graham’s vai lançar o Porto Late Bottled Vintage (LBV) de 2018 numa nova garrafa, que se distingue pela estrutura elegante e troncocĂłnica. A nova apresentação alinha-se assim com o design dos restantes Portos Ruby premium produzidos pela Graham’s. No âmbito do compromisso da marca com a redução das emissões de carbono, a nova garrafa […]
A Graham’s vai lançar o Porto Late Bottled Vintage (LBV) de 2018 numa nova garrafa, que se distingue pela estrutura elegante e troncocónica. A nova apresentação alinha-se assim com o design dos restantes Portos Ruby premium produzidos pela Graham’s. No âmbito do compromisso da marca com a redução das emissões de carbono, a nova garrafa pesa 450g e é 18% mais leve do que a anterior comercializada pela Graham’s.
A marca renovou, tambĂ©m, o rĂłtulo clássico (em forma de campânula) das garrafas de Porto LBV, inspirando-se nos tubos vibrantes de LBV já comercializados. DisponĂveis nos tons de verde, laranja e roxo beringela da Graham’s, os trĂŞs tubos sĂŁo criados a partir de papel marmoreado trabalhado Ă mĂŁo, submerso em tinta para atingir padrões e texturas Ăşnicas e foram, tambĂ©m, alvo de pequenas alterações, nomeadamente a substituição da base de metal por uma base de cartĂŁo, de forma a simplificar o processo de reciclagem.
O Porto Graham’s LBV 2018 nasceu de um ano desafiante na região do Douro. O ciclo de crescimento ficou marcado por condições climáticas contrastantes: um inverno pautado pela seca, chuvas
torrenciais na primavera e ondas de calor em agosto, durante o perĂodo final de maturação. Felizmente, as temperaturas mais frescas durante a vindima possibilitaram vinhos equilibrados, com
bons nĂveis de acidez.
Depois de cinco anos de envelhecimento em balseiros de carvalho, nas Caves Graham’s, o Porto LBV 2018 foi engarrafado e disponibilizado para venda.