Vinalda consolida portefólio do Douro com vinhos da Porto Réccua

A Vinalda celebrou uma parceria com a Porto Réccua Vinhos, para a distribuição, em Portugal e no mundo, das marcas Cabeça de Burro, Réccua Porto, Réccua Douro e, a mais jovem, Réccua Cocktails.

A Vinalda celebrou uma parceria com a Porto Réccua Vinhos, para a distribuição, em Portugal e no mundo, das marcas Cabeça de Burro, Réccua Porto, Réccua Douro e, a mais jovem, Réccua Cocktails. Criada em 2013 por iniciativa das Caves Vale do Rodo, que reuniu as Adegas Cooperativas da Régua, Tabuaço e Armamar, a Porto […]

A Vinalda celebrou uma parceria com a Porto Réccua Vinhos, para a distribuição, em Portugal e no mundo, das marcas Cabeça de Burro, Réccua Porto, Réccua Douro e, a mais jovem, Réccua Cocktails.

Criada em 2013 por iniciativa das Caves Vale do Rodo, que reuniu as Adegas Cooperativas da Régua, Tabuaço e Armamar, a Porto Réccua Vinhos foi constituída para gerir a vertente comercial dos vinhos engarrafados produzidos pela casa-mãe. A maioria do capital é detida pelas Caves e o restante por um grupo de sócios e trabalhadores, num total de 200 acionistas. Neste modelo de negócio, a cooperativa, que junta cerca de 800 viticultores, produz uvas para as marcas comercializadas pela Porto Réccua, que elabora e engarrafa os vinhos.

“É com grande expetativa que a Porto Réccua Vinhos se associa à Vinalda”, diz António Lencastre, presidente da Porto Réccua Vinhos, acrescentando que está certo que a parceria irá catapultar as duas marcas de referência da empresa – Cabeça de Burro e Porto Réccua – “para os lugares cimeiros do mercado nacional, em todos os seus canais, bem como no mercado internacional”, acrescenta. Por seu turno, Bruno Amaral, administrador da Vinalda, garante que “o portefólio da Porto Réccua Vinhos vem ao encontro do que a Vinalda estava à procura para completar a carteira de vinhos do Douro e Porto: marcas de qualidade, que o consumidor reconhece”.

Graham’s promoveu maior prova de vinho do Porto de sempre

Graham’s

A Graham’s promoveu prova de vinho do Porto com a participação de 536 pessoas, em Viborg, na Dinamarca, o que assegurou o reconhecimento do evento pelo livro de recordes da Guinness. A iniciativa esteve englobada na celebração do 40º aniversário da Dahls Vinhandel, retalhista de vinhos dinamarquesa, parceira da Graham’s. O planeamento do evento este […]

A Graham’s promoveu prova de vinho do Porto com a participação de 536 pessoas, em Viborg, na Dinamarca, o que assegurou o reconhecimento do evento pelo livro de recordes da Guinness.

A iniciativa esteve englobada na celebração do 40º aniversário da Dahls Vinhandel, retalhista de vinhos dinamarquesa, parceira da Graham’s.

O planeamento do evento este a cargo de Gustavo Devesas, regional manager da Symington no Norte da Europa, que selecionou, para o efeito, algumas das principais referências do catálogo da marca. Os vinhos do Porto Graham’s The Tawny, Tawny 20 Anos, Graham’s Six Grapes e Quinta dos Malvedos Vintage 2012 compuseram a lista de opções ao dispor dos mais de 500 participantes.

Joanne Brent, Guinness World Records adjudicator, marcou presença na celebração para testemunhar a “maior prova de vinho do Porto” alguma vez registada, que ultrapassou o anterior recorde de 293 pessoas, no Lisbon Bar Show. Johnny Symington, chairman do grupo Symington, também presenciou o feito, destacando “a capacidade única do vinho do Porto para reunir e aproximar pessoas, em qualquer parte do mundo”.

Sogrape declara Vintage 2022 para Porto Ferreira, Sandeman e Offley

Sogrape vintage

A Sogrape fez a declaração de Vintage 2022 para a Porto Ferreira, Sandeman e Offley, as suas três casas de Vinho do Porto, depois de um ano vitícola com condições climatéricas favoráveis a uma maturação longa e equilibrada das uvas, que deram origem a vinhos cuja qualidade reflete a autenticidade e estilo de cada marca, […]

A Sogrape fez a declaração de Vintage 2022 para a Porto Ferreira, Sandeman e Offley, as suas três casas de Vinho do Porto, depois de um ano vitícola com condições climatéricas favoráveis a uma maturação longa e equilibrada das uvas, que deram origem a vinhos cuja qualidade reflete a autenticidade e estilo de cada marca, anuncia a empresa.

A região do Douro viveu um Inverno chuvoso, seguido de uma primavera e Verão amenos. Com alguma chuva em Abril e Junho, e sem ondas de calor, houve, assim, uma série de factores meteorológicos favoráveis à maturação das uvas. Em Setembro, alguns episódios de precipitação impuseram uma gestão precisa na data de colheita, de forma a garantir a qualidade pretendida em cada parcela. Luís de Sottomayor, diretor de Enologia da Sogrape, responsável pelos vinhos do Douro e Porto, assina estes três Vintages de 2022, e destaca vinhos com boa acidez, muito elegantes, que respeitam o histórico de excelência de colheitas anteriores. “O Porto Ferreira Quinta do Porto Vintage 2022 e o Sandeman Quinta do Seixo Vintage 2022 refletem a tipicidade do terroir de onde provêm”, salienta, acrescentando que “o primeiro é um vinho repleto de estrutura, profundidade e intensidade, enquanto o segundo se destaca pelo seu perfil elegante, harmonioso e complexo. O Offley Vintage 2022 também reflecte as características do ano climático, sendo um vinho com volume excepcional e estrutura assinalável”.

Para Fernando da Cunha Guedes, “mais do que um marco no tempo e de um anúncio promissor, cada declaração de vintage é a celebração do melhor que a natureza nos oferece em anos excepcionais”. Sandeman Quinta do Seixo Vintage 2022, Porto Ferreira Quinta do Porto Vintage 2022 e Offley Vintage 2022 chegarão ao mercado em Setembro.

Barros celebra 50 anos de liberdade em colaboração com artista portuguesa

barros

A Barros, casa de vinho do Porto fundada em 1913, celebrou o 50º aniversário do 25 de abril com o lançamento de uma edição especial da colheita de 1974. Em parceria com a artista portuguesa Teresa Rego, a marca criou um packaging especial, para celebrar os 50 anos deste evento histórico para  o país. A […]

A Barros, casa de vinho do Porto fundada em 1913, celebrou o 50º aniversário do 25 de abril com o lançamento de uma edição especial da colheita de 1974. Em parceria com a artista portuguesa Teresa Rego, a marca criou um packaging especial, para celebrar os 50 anos deste evento histórico para  o país.

A iniciativa, que alia o talento e a arte de Teresa Rego ao vinho do Porto, salienta a liberdade, representada numa ilustração que celebra Abril sem barreiras ou restrições. A ilustração desenvolvida ganha vida na garrafa, no rótulo,  contra-rótulo e na caixa individual. Nela estão representados valores como a jovialidade e a vivacidade, através das cores que, juntas, dão fôlego a uma desconstrução descontraída e arrojada da data.

Cada garrafa desta coleção, também ela ilustrada, é uma homenagem ao estilo revolucionário que transformou Portugal e um convite a todos os que desejam apreciar e celebrar a história através de uma colheita icónica. Um tributo da casa Barros ao verdadeiro talento português. De edição limitada e exclusiva.

Barros

 

Kopke lança Library Collection de vinhos do Porto com 100 anos

A Kopke lançou, no mercado, a Library Collection, uma edição especial com três vinhos com 100 anos, composta por um Porto Very Very Old Tawny, um Vermute e um Quinado, estes criado a partir de uma base de vinho do Porto. Integram a “livraria” histórica da Kopke, a casa mais antiga de vinho do Porto, […]

A Kopke lançou, no mercado, a Library Collection, uma edição especial com três vinhos com 100 anos, composta por um Porto Very Very Old Tawny, um Vermute e um Quinado, estes criado a partir de uma base de vinho do Porto. Integram a “livraria” histórica da Kopke, a casa mais antiga de vinho do Porto, cuja fundação data de 1638, ou seja, têm estado em repouso há muito tempo nas suas caves de Vila Nova de Gaia.

Segundo Carlos Alves, diretor de viticultura e enologia do Grupo Sogevinus,  onde a empresa está integrada, são vinhos que estão em barrica há mais de um século, que são apenas lançados em edições especiais, como esta, ou são guardados como memória, sobretudo quando as quantidades já são muito pequenas, para servirem de exemplo a quem faz hoje os Vinhos do Porto desta casa.

“Para produzir esta edição também foi feito um pequeno trabalho de investigação, que permitiu contar melhor a história destes vinhos que nasceram no Douro e desceram o rio para ficarem armazenados nas caves da Kopke”, contou Carlos Alves durante o lançamento, que decorreu na sala do tribunal do Palácio da Bolsa, no Porto. A The Library Collection, que é comercializada numa caixa em formato de livro com três garrafas de 37,5 cl é, assim, uma edição que pretende mostrar o resultado de tradições e métodos ancestrais.

Após uma demorada imersão ao espólio de vinhos antigos e raros da Kopke, detentora de uma autêntica biblioteca vínica, as três referências históricas foram resgatadas pela sua equipa de enologia para comemorar o longo percurso deste produtor de vinhos do Porto. Os três seleccionados, cuja curadoria tem atravessado gerações, contam histórias passadas de forma singular. O Very Very Old Tawny, um lote criado por Carlos Alves com vinhos do Porto de 1890 a 1930, mostra nariz expressivo e intenso, fresco e complexo, onde se salientam notas de chá preto, caramelo, turfa, um pouco de verniz e madeira, resultantes dos anos de envelhecimento em pipas. A boca, fresca, tem volume e doçura, e um final onde se salientam notas de frutos secos e açúcar queimado. Um vinho maravilhoso, para apreciar numa pausa bem longa, como todas as coisas boas o devem ser.

Foi lançado também um Vermute, criado a partir de uma receita secreta que remonta ao começo do século passado, que permaneceu em cave, quase intocado, durante mais de 100 anos. No seu aroma complexo e atractivo, para além de notas de Porto envelhecido em cascos, salientam-se alguns frutos secos, turfa, água oxigenada e acetona. É um vermute que nunca foi replicado, porque a receita que lhe deu origem se perdeu, e só existe um pequeno volume ainda em barricas. Uma raridade e uma tentação pela sua qualidade ao fim de tanto tempo.

A terceira novidade deste lançamento foi um Quinado, género outrora abandonado, agora resgatado para completar esta tríade desta edição limitada, cuja caixa está à venda por três mil euros. É um vinho também distinto, que mostra aromas de frutos secos, acetona e madeira encerada e uma boca doce, com persistência de notas de bolacha maria, lápis aparado e castanhas e um final longo e ligeiramente amargo. Este tipo de vinho, feito com base em Vinho do Porto, levava quinino e era vendido para as antigas colónias portugueses, onde servia ao mesmo tempo de bebida e de medicamento para a malária. J.M.D.

IVDP distinguiu empresas e pessoas no Port Wine Day 2023

IVDP Port Wine Day

No âmbito das celebrações do Port Wine Day 2023, assinalado a 10 de Setembro, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) voltou a distinguir empresas e pessoas cujos projectos se revelaram casos de sucesso nas áreas do enoturismo e da vitivinicultura. Este ano, os prémios foram atribuídos sob a égide “Douro + […]

No âmbito das celebrações do Port Wine Day 2023, assinalado a 10 de Setembro, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) voltou a distinguir empresas e pessoas cujos projectos se revelaram casos de sucesso nas áreas do enoturismo e da vitivinicultura.

Este ano, os prémios foram atribuídos sob a égide “Douro + Sustentável”, nas categorias Enologia, Viticultura, Enoturismo e Revelação: Jorge Lourenço, enólogo da empresa Vinilourenço, venceu na categoria Enologia; o projecto i-GRAPE, da Sogrape, foi distinguido em Viticultura; à Quinta de S. Luiz, da Sogevinus, foi entregue o prémio de Enoturismo; e na categoria Revelação, venceu a enóloga Rita Marques, produtora dos vinhos Conceito.

IVDP Port Wine Day 2023
Gilberto Igrejas, presidente do IVDP.

“A sustentabilidade é a chave para garantir que este tesouro perdure. As mudanças climáticas, a pressão sobre os recursos naturais e os desafios sócio-económicos são realidades que não podemos ignorar. Através destas distinções, queremos inspirar toda a comunidade do Douro a abraçar a sustentabilidade como um valor central em todas as nossas actividades. Queremos incentivar a inovação, o respeito pela natureza e o compromisso com as gerações futuras. O Douro merece continuar a ser um lugar mágico, onde a tradição se une à vanguarda, e onde os vinhos são verdadeiras obras de arte que reflectem o terroir único da nossa região. É esse trabalho, empenho e dedicação que hoje estamos aqui a homenagear”, referiu Gilberto Igrejas, presidente do IVDP, entidade impulsionadora do Port Wine Day.

Cristiano e Francisca van Zeller re-editam Harvest Talks no Instagram

Van zeller Instagram

Ao longo do mês de Setembro, num total de quatro directos (lives), Cristiano e Francisca van Zeller, pai e filha, voltam a tomar conta do Instagram da Van Zellers & Co com as “Harvest Talks with Cristiano and Francisca van Zeller”. Num registo informal, e em inglês, o tema de conversa será o vinho e […]

Ao longo do mês de Setembro, num total de quatro directos (lives), Cristiano e Francisca van Zeller, pai e filha, voltam a tomar conta do Instagram da Van Zellers & Co com as “Harvest Talks with Cristiano and Francisca van Zeller”.

Num registo informal, e em inglês, o tema de conversa será o vinho e a forma como, através da experiência, tiveram “a oportunidade de ver os vinhos do Porto e do Douro sob uma nova luz” e plasmados em três categorias diferentes: vinhos “Criados Pela Mão do Homem”, “Pelo Tempo” ou “Pela Natureza”. “Estes são os três principais factores que diferem em estilo, sabor, textura e complexidade em cada garrafa e que tornam únicos os vinhos do Douro e do Porto da Van Zellers & Co.”, explica a marca, relançada em 2020 mas já com quatro séculos de existência.

O primeiro directo — sob o tema Crafted by Hand — acontece no dia 30 de Agosto, às 22h00. “A conversa parte da premissa de que os vinhos são produzidos com a arte de trabalhar com as mãos, isto é, o lado visível do vinho, aquele que as mãos podem tocar, os desafios e as oportunidades que isto traz para a indústria do vinho”, introduz a Van Zellers & Co. Os directos seguintes estão todos agendados para a mesma hora, às quartas-feiras, até 20 de Setembro.

Luísa Amorim: “O primeiro passo para ter enoturismo é abrir a porta”

Luísa Amorim

Como é que a família Amorim entrou no vinho? Foi em 1999, com a compra da Burmester, que detinha a Quinta Nova. Já havia a vontade de entrar no vinho, estando nós na cortiça, em concreto no vinho do Porto e Douro, porque já se percebia que era uma região de futuro. Sempre se respeitou […]

Como é que a família Amorim entrou no vinho?

Foi em 1999, com a compra da Burmester, que detinha a Quinta Nova. Já havia a vontade de entrar no vinho, estando nós na cortiça, em concreto no vinho do Porto e Douro, porque já se percebia que era uma região de futuro. Sempre se respeitou e gostou muito do vinho do Porto nesta família, mas rapidamente se percebeu que o mercado, em dinâmica, não estava tão aberto ao vinho do Porto como estava ao vinho DOC Douro. Por isso, houve uma aposta cada vez maior no vinho do Douro.

Onde estava a Luísa nessa altura?

Nos Estados Unidos, a estudar Marketing. Mas acabei por entrar para a Burmester em 2000, para fazer reorganização internacional dos canais de distribuição e marketing. Entretanto, fiz ainda outras coisas no grupo Amorim, e mais tarde, em 2005, decidimos vender a Burmester e ficar com a Quinta Nova, incluindo os stocks de Vintage da quinta.

Foram pioneiros do enoturismo “à séria” no Douro. O que vos fez investir nessa componente do vinho, numa altura em que pouco se falava disso?

O nosso projecto de enoturismo começou precisamente em 2005. Foi vender e nascer. Tive oportunidade de fazer um grande tour pelo Mundo, porque comecei a trabalhar muito nova, com 21 anos. Conheci muita gente do sector do vinho e visitei muitas adegas lá fora. Depois de visitar algumas vezes os Estados Unidos, reparei que claramente havia um movimento muito forte, sobretudo em Napa Valley, mas também em Stellenbosch, na África do Sul. Olhava também muito para o modelo das caves de vinho do Porto. Neste campo, tenho de fazer justiça ao George Sandeman, que viveu muitos anos nos EUA e trouxe um conceito de sucesso para as caves em Gaia. Eu, por exemplo, aprendi muito a trabalhar no mundo do vinho do Porto, ainda nos tempos da Burmester, porque há uma coisa que as empresas de vinho do Porto têm como ninguém, que é o estilo da casa.
No grupo Amorim, sempre recebemos muitos clientes e eu cresci até a receber clientes em casa. Por tudo isto, e não só, começámos então a desenvolver na Quinta Nova o conceito de turismo rural, com hotel, e todo o enoturismo, na verdade, as experiências.

Luísa Amorim
Mas nessa altura não havia ainda muita gente a ir ao Douro…

Pois não, era dificílimo. Foi uma aposta um bocado cega, passavam-se dias e dias sem ninguém vir aqui. Começámos com uma estagiária de turismo, uma senhora que fazia a comida e uma pequeníssima equipa de limpeza, tudo pessoas de cá. Todos os anos crescíamos um bocadinho. Hoje temos mais de 40 funcionários só no enoturismo, e podemos dizer, com muito gosto, que somos uma escola. Mas o primeiro passo para ter enoturismo é abrir a porta, e foi o que nós fizemos. Tínhamos a porta aberta sempre, sete dias por semana. Isto foi uma das nossas mais valias, porque nessa altura as outras quintas fechavam quase todas ao fim-de-semana. Eu tinha amigos que me perguntavam, “gostava de ir ao Douro, o que posso fazer aí?”, e eu tinha imensa dificuldade, tinha de falar com os donos de empresas de vinho que conhecia e pedir para fazerem um programa especial. Também não havia empresas de barcos. E não dava para fazer parcerias, porque se tínhamos vinhos eramos concorrentes de outros produtores, se tínhamos hotel eramos concorrentes de outros hotéis e de restaurantes. Com o tempo, começámos a entrar em guias internacionais, nalguns clubes de enoturismo da altura, os distribuidores também iam falando lá fora, recebemos alguns jornalistas, por isso a palavra passou. Entretanto, quando a Ryanair abriu no Porto, a cidade explodiu e consequentemente o Douro. Mas só há uns 5 ou 6 anos é que as grandes empresas de vinho do Porto apostam à séria no Douro e a região começa a ser vista como um destino turístico. Notou-se quando as pessoas começaram a passar mais do que uma noite no Douro, por haver já mais coisas para fazer e sítios para ir. E o enoturismo é um sucesso garantido, porque é um tipo de turismo muito descontraído e que ajuda a descomprimir. Quem é que não gosta de comer e beber?

 

Não me desafio nada com coisas já feitas. O que me move é fazer, é a parte de que eu mais gosto, desenvolver, criar.

 

Mas ainda falta muita infra-estrutura ao Douro…

Falta imenso alojamento, restauração e oferta cultural. Falta muita coisa. Um turista pode ter muita capacidade económica, mas se passar quatro dias a visitar quintas, às vezes mais do que uma num dia, e a provar vinhos, cansa-se. No entanto, também há bastantes turistas que vêm para não fazer nada… apenas para se sentar com um copo de vinho e descansar. E embora tenhamos uma oferta grande de experiências, também incentivamos essa parte, e é por isso que muitos dos nossos clientes dizem que aqui se sentem em casa. No fundo, é pensarmos no que nós próprios queremos quando somos hóspedes ou clientes.

Quem é a Luísa Amorim, a pessoa fora do trabalho?

Sou uma pessoa de família, extremamente ligada às minhas filhas e ao meu marido. Sou uma pessoa de trabalho, gosto imenso de trabalhar. Sou extremamente criativa, estou sempre a “inventar” e a criar novos projectos. Sou de portugalidade, adoro Portugal e de viajar dentro do país e fora dele. Gosto de me sentar numa esplanada e observar as pessoas e o seu comportamento, de perceber as tendências e como as pessoas estão a evoluir no Mundo.

Como se equilibra uma vida profissional tão exigente e consumidora de tempo, com a pessoal?

Há uma frase que é fundamental para isso, que é “ter os pés na terra”, em vários sentidos. E isto é válido para o que é de mais e para o menos. Equilibra-nos. E eu gosto mais de pôr os pés na relva do que na areia, sinto que a energia fica muito mais tempo comigo. Não é fácil equilibrar tudo, mas temos de fazer por isso e por sermos felizes. A felicidade não é como uma árvore de onde simplesmente caem frutos. E temos de agradecer, darmos graças pelo que temos, e perceber que as adversidades vão sempre existir, mas que nos tornam mais fortes. A vida é um caminho de pequenas conquistas… Não está escrito em lado nenhum o que vamos sentir em determinadas fases marcantes da vida: os nossos pais envelhecem, os nossos filhos saem de casa, alguns amigos vão deixando de cá estar. E é nestes momentos que nos temos de reequilibrar. Tudo isto nos coloca em perspectiva.

Já mencionou algumas vezes a relação próxima que tem com as suas filhas adolescentes. Como é essa relação?

Sou, acima de tudo, muito amiga das minhas filhas. Sempre tentei dar-lhes mundo, desde pequenas que viajam, e formá-las para um Mundo difícil, que não é tão fácil como foi o meu. Não acredito que os filhos se conquistam com a materialidade, pelo contrário, acho que temos de lhes dar experiências e temos de os formar para serem mais rijos, trabalharem o sacrifício e a disciplina. Porque nada na vida se consegue sem esforço, e faço-as perceber que isto tanto é válido para mim como para elas. Hoje, a sociedade está um bocadinho “em falta”, e para termos sucesso e sermos felizes, temos de ser muito resilientes. Tento passar-lhes isso porque eu sou, e é fundamental na formação. Mas passo também alegria, métodos para resolver momentos da vida, e muito carinho, que é fundamental. Por vezes não é o tempo que se dá, mas a qualidade do tempo que se dá. Temos de estar lá quando os filhos mais precisam, e estar atentos e ter abertura para virem ter connosco em qualquer adversidade, porque é isto que mexe com a segurança e a auto-estima deles.

O projecto alentejano Aldeia de Cima é ainda mais pessoal, seu e do seu marido Francisco. Liga-se talvez a essa necessidade de “pé na relva” e na terra…

O Alentejo tem uma coisa que é a imensidão. Uma pessoa passa dois dias no Alentejo e fica lavada mentalmente. É lá que temos uma casa nossa, onde recebemos amigos. É um escape para mim, muito importante.

Luísa Amorim

De onde vem essa ligação ao Alentejo, e porquê ali, na serra do Mendro?

A Herdade Aldeia de Cima era do meu pai, e eu sempre fui para o Alentejo em miúda, nas férias e não só. Ele tinha várias propriedades ali, mas esta foi onde plantou mais sobreiros. Sempre adorei os alentejanos e a cozinha alentejana. Quando chegaram os confinamentos do Covid, foi para lá que fomos, e tivemos mais tempo para absorver a cultura alentejana. O Alentejo tem uma identidade muito própria, extremamente forte. É uma região onde as mulheres têm um papel muito, muito importante. A mulher é um símbolo alentejano.
Todo este envolvimento teve também a ver com a fase em que o meu pai estava, no final da sua vida. Eu pensava muito, e às vezes falava com ele sobre isso, que quando fosse mais velha, mais para a altura da reforma, faria uma vinha no Alentejo. Mas a pensar que seria mesmo muito mais tarde. Acabei por querer fazer mais cedo. Mas com que dimensão? O Alentejo já tem tanta coisa, onde é que nós nos vamos encaixar? Quais as castas que iriamos usar? Obviamente que fomos para as locais e tradicionais, nunca uso castas “estrangeiras” nos meus projectos. E sabia que não queria usar Touriga Nacional, porque embora seja uma excelente casta, mascara as outras e iguala os lotes. Mas encarei este projecto muito como “se der, dá, se não der, paciência, tentei”. Acabou por dar, e fiz pequenino, como eu queria, para usufruir.

 

Todos temos o nosso papel, e todos os modelos de negócio são válidos, desde que dêem dinheiro. Se não, não são bons negócios.

 

Porquê fazer a vinha em patamares no Alentejo?

Como estamos ali na Serra do Mendro, com aquela altitude, e tivemos de escolher os pedaços de terra onde não havia sobreiros, naquele sítio foi o que se adequou mais. Pouco terreno ali era plano. O meu marido perguntava-me, “mas onde é que tu vais plantar vinha?!”, e eu respondia-lhe, “eu acho que dá… um bocadinho aqui, outro ali…” [risos].

A Taboadella, no Dão, representou um grande desafio para si e para a equipa técnica, sair da zona de conforto e ir de encontro ao desconhecido. Porquê o Dão?

Nós e as nossas equipas sempre visitámos outras regiões vitivinícolas, e houve um dia, em 2008, que fomos ao Dão. Houve duas ou três coisas que me saltaram à vista: uma, foi o Alfrocheiro, que me encantou imenso. Outra, foi o preço baixo dos vinhos. E a terceira, o potencial da região, ali estava tudo por fazer. A região estava adormecida. E eu tenho de dizer: eu acho que anda toda a gente distraída em relação ao Dão. Não entendo a falta de investimento na região. Lá fora, todos a conhecem, os vinhos são fabulosos, brancos e tintos. Sustentável por natureza, porque produz bem, e na Taboadella não temos um pingo de rega. Mais mão-de-obra do que nas outras. Há licenças para plantar e muitas pequenas parcelas que podem produzir vinhos fabulosos, por vezes em sítios que ninguém imagina. Está rodeada por cinco montanhas. Está a menos de hora e meia do Porto. Por tudo isto, eu não compreendo a falta de investimento no Dão.

É isso que a move? Estar tudo por fazer?

Sim. Não me desafio nada com coisas já feitas. O que me move é fazer, é a parte de que eu mais gosto, desenvolver, criar. E aquela quinta, onde agora é a Taboadella, estava quase em hasta pública quando a fomos ver. Quando lá chegámos, adorámos o que vimos. Estava a precisar de muita coisa, mas era forte, tinha uma energia… E havia lá umas cubas de inox, com vinho tinto. Provámo-lo e pensámos, “se isto está assim, com estas condições… com melhores…”, e foi isto que nos fez, na verdade, comprar a quinta. E desde o início que soubemos que o nosso projecto seria para um segmento superior, de aposta no Encruzado e na Touriga Nacional, claro, mas também de fazer vinhos com outras não tão utilizadas, até porque, sobretudo no que toca ao Encruzado, o encepamento desta casta não é infinito, por isso achamos importante fazer vinhos com outras castas do Dão. Por isso também replantámos uma parte da quinta, sobretudo para termos mais brancos, acima de tudo, Encruzado.
Talvez o maior desafio no Dão seja vender os topos de gama. Há poucos produtores a produzi-los de forma consistente, como noutras regiões. E eu volto a dizer: estão todos distraídos. Andam todos a olhar para outras coisas, que são importantes, mas o Dão, no futuro, tem todas as condições para ser importantíssima em Portugal. Quem não gosta de vinhos do Dão? Mesmo lá fora, outros produtores de grandes regiões, todos os adoram.

 

 Talvez o maior desafio no Dão seja vender os topos de gama. Há poucos produtores a produzi-los de forma consistente, como noutras regiões.

 

Como foi ser um “estrangeiro” no Dão, com ambições de criar um projecto vitivinícola desta envergadura?

Correu muito bem, fomos acarinhados por todos, mas também porque entrámos com respeito, e com um bom propósito, que era o de investir na região. Depois, sempre estivemos abertos a receber as pessoas do Dão e elas perceberam isso. Não fizemos nada de diferente na íntegra, porque também acreditamos no trabalho que está a ser feito nos vinhos da região. O que fizemos de diferente foi introduzir mais métodos de vinificação e tecnologia, para nós o cimento era obrigatório. percebemos que os vinhos do Dão não precisam de muita madeira, e é uma pena quando têm demasiada. E criámos um portefólio com bastantes vinhos, e isso foi logo um grande desafio. De repente chegámos ao mercado com 8 vinhos do Dão, e isso pode ter chocado um bocado.
Nós temos de pensar que ao fazermos um projecto, ele tem de viver o local. Temos de ter a identidade. Temos de estudar, ir as raízes, a história, falar com as pessoas da região e de perto, para nos inspirarmos. Não é só inspirar no estético, no belo, mas também nas pessoas e no vinho. Tem de haver uma inspiração, uma matriz. Uma gama tem de respirar uma quinta. Por isso é que os nossos projectos são muito diferentes uns dos outros.

Os projectos vitivinícolas com “assinatura” Luísa Amorim têm todos um standard de qualidade muito alto, desde a viticultura às garrafas, passando pelo no turismo, pela adega e até pela própria arquitectura e decoração dos espaços. Esta exigência vem de onde?

Vem da cultura da minha família, do que nos foi incutido a todos, e da sorte de eu gostar muito de fazer desta forma. Nós, para nos metermos num projecto, numa nova quinta, tem de ser bom. porque “mais ou menos” não é linguagem para nós. Temos de acreditar no que vemos. Eu não sei trabalhar por trabalhar. Mas é tão válido um trabalho de baixo preço como de alto preço, são duas especialidades diferentes. E eu não sei trabalhar no baixo preço, não sei mesmo. A minha especialidade é trabalhar este conceito premium, pelo desafio, sobretudo. Eu não sou especialista em negociação de preço, mas sim na criatividade, na inovação, no contexto. Todos temos o nosso papel, e todos os modelos de negócio são válidos, desde que dêem dinheiro. Se não, não são bons negócios.

Luísa Amorim

A pior coisa que se pode fazer é adormecer no sucesso. Quando não se sente necessidade de evoluir, está o caldo entornado...

 

A Luísa fundou a IPSS Bagos d’Ouro. O que deu origem a esse “chamamento” social ligado à região?

Quem mais me cativou para fundar a Bagos d’Ouro foi o meu marido. Ele via que eu poderia fazer alguma coisa neste sentido, no Douro, pelo que eu via aqui na região e conversava em casa. Um dia decidi avançar, e o meu amigo Padre Amadeu aceitou fazê-lo comigo. Decidimos trabalhar com crianças, porque serão elas o futuro da região. Começámos pequenos, com garrafas Quinta Nova solidárias e jantares solidários. Quando consegui juntar fundos suficientes, contratámos duas pessoas, especialistas na parte técnica social. A partir daí, fomos crescendo, já são 13 anos e é um trabalho muito bonito, maravilhoso. Precisamos sempre de juntar fundos, porque temos zero dependência do Estado. É uma Associação que presta contas, mas à sociedade, e a mais ninguém. Mas é assustador ao mesmo tempo, porque agora não podemos falhar, somos responsáveis por muitos jovens e crianças, e não as podemos desiludir.
Temos o sonho de fazer algo no Alentejo, não exactamente a mesma coisa, mas algo que achamos que ainda falta na região. Mas ainda vai demorar…

Ao longo de todos destes 23 anos no mundo do vinho, fazem-se muitos amigos?

Acho que sim, houve muita gente que me deu a mão, e que tem a minha mão. É um mundo de mais amigos do que inimigos. Sobretudo porque todos sabemos que é um trabalho difícil, onde o sucesso é difícil de alcançar. Sabemos que temos de nos proteger uns aos outros, no que toca às relações governamentais, comerciais, humanas… temos de ser abertos no know-how e na passagem dele. Se não partilharmos, não crescemos. O mundo do vinho está sempre a evoluir: a garrafa é a mesma, mas o vinho não é o mesmo. A gastronomia está sempre a mudar. Se o que se come muda, o que se bebe também. Parece mentira, mas há 30 anos era difícil encontrar uma bolonhesa em Portugal. Comia-se massa, sim, mas não era à bolonhesa. Há muito menos anos do que isso, qual era o português que comia sushi? Todos nós evoluímos, e o mundo do vinho tem isso, estamos sempre a ser desafiados e incentivados a melhorar. Uma pessoa acaba de engarrafar um vinho, e já está a pensar que no próximo fará diferente. A pior coisa que se pode fazer é adormecer no sucesso. Quando não se sente necessidade de evoluir, está o caldo entornado…

 

Enquanto acharem que uma empresa pode produzir de tudo, do baixo ao alto, a região não vai crescer em preço.

 

O que é que ainda falta fazer, a nível profissional? Qual o próximo passo? Expandir o negócio do vinho para mais regiões?

Não gosto muito desta pergunta, até porque eu sou uma pessoa que, apesar de gostar muito de criar e de fazer, não pensa muito no futuro. Porque por vezes aparecem coisas de que não estávamos à espera, ou não temos oportunidade de fazer aquelas que pensámos fazer. Se me perguntarem o que falta fazer no que já tenho, aqui na Quinta Nova falta muita coisa. Por ser a nossa mais antiga, está no ponto de rebuçado para refazer. O estatuto e a marca que tem, também o exige.

E na região do Douro, o que falta?

Falta imenso. Temos um preço médio muito baixo, temos de o subir, é um preço-médio irreal. É urgente fazê-lo. Acho que é preciso as empresas perceberem que, no mercado, ou têm uma oferta, ou outra. Porque enquanto acharem que uma empresa pode produzir de tudo, do baixo ao alto, a região não vai crescer em preço. Porque o cliente vai querer sempre o preço mais barato. Temos de assumir se somos de nicho ou não. E acho que é por isso que o Douro não se assume mais, internacionalmente. Porque não se organiza, temos de querer mais, reformular as adegas, e dizer “não, eu isto não faço”.
Mesmo as pessoas que no Douro já estão orientadas no mercado, orientadas com a sua marca, com as suas contas confortáveis, têm de estar disponíveis para investir novamente. O investimento no Douro ainda não acabou… de todo. Há a ideia de que “Portugal tem tão bons vinhos, nem precisa de exportação”. Portugal tem bons vinhos, como todo o mundo tem. Desculpem-me, sou portuguesa e amo o meu país, mas não nos chega ter bons vinhos. Qualquer pessoa com vontade e um bom pedaço de terra, faz vinho. Mas falta mais do que isso. Porque fazer um grande vinho, sem investimento, só se faz uma vez. Nós não podemos pensar o vinho como pensávamos há 20 anos atrás, nem a vinificação, nem a parte comercial. Produtores novos surgem todos os dias, temos de ser mais aguerridos. Reforço que não podemos abdicar do preço. É muito duro, é difícil. Mas é um caminho que temos de definir. O produtor de nicho não pode estar em todos os canais, como o produtor de massas. Em Itália, na Toscânia, o “Super Toscano” foi um fenómeno que demorou 40 anos a construir. O Douro merecia algo assim, algo que nos levasse a mais notoriedade no mercado externo.

 

Luísa Amorim

 

Gostava que me perguntassem, que perguntassem aos produtores de vinho do Douro, o que acham que o vinho do Porto poderia fazer para vender mais, e vice-versa.

 

Porto ou Douro, ou ambos?

Há até quem ache que a região deveria ser só para o vinho do Porto, o que é totalmente errado. As uvas para vinho DOC Douro têm vindo a subir o preço, e o mercado pede-o tanto, que provavelmente haverá um problema de matéria-prima no futuro. E tirando aqueles vinhos do Porto muito envelhecidos, os preços não são assim tão diferentes… os topos de gama do Douro estão a 150 e 250 euros. Quantos Porto Vintage estão a estes preços à primeira? A DOC Douro, apesar de não comercializar vinhos velhos, como tawnies velhos e colheitas antigas, tem um preço médio apenas 13,5% abaixo do vinho do Porto.
Na verdade, para mim o Douro é duas regiões, a de vinho do Porto e a de vinho DOC Douro. Sou produtora de vinho do Douro e tenho de dizer que não faço mais vinho do Porto porque não vendo. O Douro tem de separar bem as coisas, homogeneizar a legislação para um lado e para o outro. Fala-se muito de um lado, mas não se fala do outro. E eu quero dizer aqui que nas grandes notícias sobre a estratégia para a região, são sempre os grandes senhores do vinho do Porto, e ninguém do vinho Douro fala. Porque não há voz, não há instituições, não há isto e não há aquilo. Não se pode negar que os vinhos Douro são estruturantes para a região.
Dizem que o Douro tem muita vinha. Isso é mentira. Se pegarmos na produção de vinho do Douro e de vinho do Porto, como dois sectores, vemos que afinal não é tanto. Na verdade, a vinha disponível para cada tipo de produto é de cerca de 20 mil ha. E quantidade de vinha que tem vindo a ser abandonada, e a que está cadastrada, mas abandonada…
Não há uma voz igualitária, nem os dois são ouvidos da mesma maneira. Não se está a tentar consertar o melhor caminho entre os dois lados. Ninguém pergunta a um produtor de vinho do Douro o que pensa da região, ou que estratégias é que se poderiam tomar. Isto é um assunto que me preocupa muito. Gostava que me perguntassem, que perguntassem aos produtores de vinho do Douro, o que acham que o vinho do Porto poderia fazer para vender mais, e vice-versa.

Se lhe perguntassem isso, qual seria a resposta?

Uma das minhas “teimosias”, é que não deveria haver stock mínimo de vinho do Porto. Hoje, uma pessoa jovem tem de pensar duas, três, quatro, oito vezes, antes de produzir vinho do Porto. E não se produz mais vinho do Porto por causa destas coisas. Não tenho nada contra a lei do terço, tenho contra não haver liberdade. Se fizermos as contas a 75 mil litros de vinho parado… as pipas, o armazém, o líquido parado. Mas alguém tem dinheiro para isto? É um luxo arábico. Algum jovem vai ser burro ao ponto de se meter nisto? E já falei várias vezes para o sector, “vocês não vêem o que estão a fazer, a matar o sector do vinho do Porto?”. Daqui a 15 anos vai-se precisar de mais enólogos de vinho do Porto, e as empresas vão ver-se aflitas para os arranjar… Ter este peso, de que é um sector super-estruturado e super-legislado, que não se pode mudar, não vai ser bom para ninguém. Tem de haver mais gente a fazer e vender vinho do Porto porque, mesmo com 2 séculos de história, este perde quota nos últimos 20 anos para o DOC Douro, que não pára de crescer. Segundo o Ranking de 2022, a região do Douro tinha 535 empresas a comercializar DOC Douro e apenas 133 empresas a comercializar Porto. Mas é interessante que, apesar de tudo, haja jovens empresas com vontade de oferecer ao mercado vinho do Porto, mesmo não sendo fácil de vender.
Por isso, acho que temos de ser livres, não acho que faça sentido ter de pedir uma licença para vinho do Porto e outra para vinho do Douro. Eu tenho de ser livre para das minhas uvas fazer um produto ou o outro. Mas, quem tem a vinha abandonada no Douro, não pode nem deve ter licenças. A fiscalização deve estar aqui, a intervir. Os vinhos do Douro são os que têm dado notoriedade ao nome “Douro”. Em 20 anos, já fizemos o mais difícil. Mas onde nos queremos posicionar? E o que temos de fazer para isso? Também não podemos estar mais 20 anos neste cenário, temos de progredir. Mas não estamos todos a remar para o mesmo lado. Se queremos apanhar o próximo comboio, o vinho do Porto e o vinho do Douro têm de estar juntos, de mãos dadas.

 

Luísa Amorim

Se queremos apanhar o próximo comboio, o vinho do Porto e o vinho do Douro têm de estar juntos, de mãos dadas.

 

Um conselho para os jovens empreendedores, que queiram fazer vida profissional no mundo do vinho.

Estudar bem o mercado. Não chega ser criativo. Temos de ser humildes, respeitar o que já lá está, e perceber onde nos podemos diferenciar. Se quero entrar, tenho de acrescentar. Depois, ter capacidade de trabalho, e dar muita importância à área comercial e ao marketing, fazer o mercado. Para vender um vinho, tenho de vender um contexto. E atenção às adegas! Aconselho a não fazer logo uma adega de início ou, a fazer, uma mais pequena e simples. Por último, nunca desistir. O mundo do vinho demora muitos anos, talvez dez, no mínimo, e vinte para ter sucesso…

 

(Artigo publicado na edição de Julho de 2023)

Titan of Douro vai ter vinho do Porto e ganha nova distribuição a norte

Titan of Douro

Luís Leocádio, produtor e enólogo dos vinhos Titan of Douro, acaba de anunciar que irá ampliar, muito em breve, o seu portefólio com uma linha de vinho do Porto e uma nova marca para a região da Beira Interior. “Estas novidades são fundamentais para impulsionar a oferta de produto para um nicho de mercado específico, […]

Luís Leocádio, produtor e enólogo dos vinhos Titan of Douro, acaba de anunciar que irá ampliar, muito em breve, o seu portefólio com uma linha de vinho do Porto e uma nova marca para a região da Beira Interior.

“Estas novidades são fundamentais para impulsionar a oferta de produto para um nicho de mercado específico, que revê na marca factores de diferenciação, tais como elegância, frescura e sofisticação”, refere o Luís Leocádio.

A acompanhar este anúncio, o produtor revelou, ainda, que a empresa M. Cunha Vinhos passou a distribuir os vinhos Titan of Douro, deste o primeiro dia de Agosto, no norte e centro de Portugal, em regime de exclusividade.

Titan of Douro
Titan of Douro é um nome inspirado no fiel amigo da família, um Dogo Argentino.

“A parceria com a M. Cunha Vinhos permite-nos encarar com grande optimismo o futuro da marca Titan junto do mercado tradicional. Para uma empresa como a nossa, onde o lado humano e de proximidade revela grande importância, a identificação com o ambiente corporativo, independente do grau hierárquico na M. Cunha vinhos, a sua estrutura altamente profissionalizada e o know-how de desenvolver marca junto de um mercado cada vez mais exigente no serviço prestado, gerou de imediato uma grande empatia, acreditando que assim será possível ter uma melhor colaboração, alinhamento de metas e produtividade”, explica Luís Leocádio.

O-PORT-UNIDADE: 30 produtores de vinho do Porto unem-se em Vintage solidário

O-PORT-UNIDADE

Exactamente uma década depois do início do O-PORT-UNIDADE, a segunda edição do projecto é agora lançada. A primeira, em 2013, reuniu 25 das mais importantes empresas de vinho do Porto, para juntas produzirem um Vintage de qualidade superior. Com este vinho, o projecto angariou 100 mil euros, que foram posteriormente transferidos para a Associação Bagos […]

Exactamente uma década depois do início do O-PORT-UNIDADE, a segunda edição do projecto é agora lançada. A primeira, em 2013, reuniu 25 das mais importantes empresas de vinho do Porto, para juntas produzirem um Vintage de qualidade superior. Com este vinho, o projecto angariou 100 mil euros, que foram posteriormente transferidos para a Associação Bagos d’Ouro, cumprindo-se, assim, o grande objectivo desta aventura. Esta é uma IPSS que, desde 2010, promove a educação de crianças e jovens do Douro, que vivem em situação de carência económica, como forma de inclusão social no território.

Com ainda mais participantes e apoiantes, do sector e da produção do vinho do Porto, o intuito da segunda edição do O-PORT-UNIDADE é “obter uma excelente fotografia de todos os produtores, juntos no lagar, engarrafar um Porto Vintage único que reflicta a personalidade de todo o vale do Douro e, mais uma vez, angariar fundos para apoiar a Bagos d’Ouro“, declara Axel Probst, autor de World of Port e impulsionador do projecto. Antigo piloto da força aérea alemã — que deixou em 2011 com o posto de tenente-coronel, para se dedicar a uma carreira no mundo do vinho — Axel Probst é apaixonado por Portugal e pelo vinho do Porto, categoria donde se especializou e onde é unanimemente considerado o mais influente wine writer a nível mundial.

O-PORT-UNIDADE

Nesta edição do O-PORT-UNIDADE, participarão os seguintes produtores: Alves de Sousa, Andresen, Bulas, Churchill Graham, Combro, Quinta do Crasto, Dalva, DR, Quinta de la Rosa, Messias, Menin, Mourão, Niepoort, Quinta Nova, Quinta do Noval, Poças, Quinta do Portal, Quevedo, Ramos Pinto, Rozès, Sogevinus, Sogrape, Symington Family Estates, Quinta do Tedo, Quinta Vale D. Maria, Quinta do Vale Meão, Quinta do Vallado, Vallegre, Van Zellers & Co e Wine&Soul.

“É quase impossível não engarrafar algo com qualidade muito acima da média, quando se trata de produtores e apoiantes tão prestigiados, e todos estão a divertir-se muito com isto. Naturalmente, é necessário alguém de fora para os reunir e aproximar, contudo, este projecto não teria sido possível sem o fantástico apoio do Dirk Niepoort”, conclui Axel Probst.