Filipe Wang: O Sommelier do Ano

Filipe Wang representa bem a sua geração, enquanto profissional com excelente formação. Parte dessa formação ocorreu no estrangeiro, e teve experiência profissional nos melhores locais, também fora e, mais recentemente, dentro do país, revelando enorme vocação e descrição. Com a restauração a correr-lhe no sangue – os seus pais têm um restaurante – centra a […]
Filipe Wang representa bem a sua geração, enquanto profissional com excelente formação. Parte dessa formação ocorreu no estrangeiro, e teve experiência profissional nos melhores locais, também fora e, mais recentemente, dentro do país, revelando enorme vocação e descrição. Com a restauração a correr-lhe no sangue – os seus pais têm um restaurante – centra a sua formação na gestão hoteleira e logo na Suíça, na prestigiada Swiss hotel management school. A sua primeira experiência no terreno é na fervilhante capital inglesa em 2016, e logo no Dinner, o mediático restaurante londrino do não menos mediático Heston Blumenthal (então um dos 50 melhores restaurantes do mundo na lista Pellegrino), ainda não como sommelier mas já de olho nos vinhos. De tal forma que, pouco depois, seria convidado para oficiar no Launceston Place, também em Londres, agora na fileira do vinho e sob a responsabilidade de Piotr Pietras MS, um dos mais premiados sommeliers da sua geração. Volta a Portugal, em meados de 2019, para o conceituado (e estrelado) Alma do chef Henrique Sá Pessoa e logo como head sommelier, gerindo toda a operação dos vinhos. O maior desafio ainda estava para vir… e surgiu no final de 2021, quando é chamado para colaborar na abertura do Kabuki em Lisboa, a delegação lusitana de um dos mais icónicos restaurantes madrilenos, um dos fundadores da chamada cozinha de fusão. Aqui se mantém, na gestão de uma sala com clientes exigentes –situada no hotel Ritz, agora com uma estrela Michelin –, e que organiza vários eventos de vinho por ano.
Com efeito, Filipe tem sido responsável para que o Kabuki seja cada vez mais uma casa também reconhecida, precisamente, pelo serviço de vinhos, e procurada por enófilos apaixonados. Depois, a quarta-feira é o dia semanal em que os clientes são convidados a trazer uma garrafa de casa sem cobrança de qualquer taxa ou encargo; um luxo num restaurante de tão elevado nível! A carreira de Filipe está no seu melhor momento, em velocidade cruzeiro, revelando-se tranquila sem perder ambição. Apaixonado por todos os tipos de vinho – com brancos à cabeça e depois champagnes – a serenidade e a boa disposição são atributos que manifestamente lhe são reconhecidos. A enorme competência ainda mais! N.O.G.
TEJO: ODE WINERY

Muitas interpretações ao longo dos séculos tem tido esta Ode, dirigida a uma mulher, Leucónoe. Na verdade, diz tão somente que não sabemos que vida nos espera para além da morte, os deuses sabem o que nos convém ainda que não o entendamos, por isso, aproveita o dia que passa. No fundo, tecnicamente, Ode é […]
Muitas interpretações ao longo dos séculos tem tido esta Ode, dirigida a uma mulher, Leucónoe. Na verdade, diz tão somente que não sabemos que vida nos espera para além da morte, os deuses sabem o que nos convém ainda que não o entendamos, por isso, aproveita o dia que passa. No fundo, tecnicamente, Ode é uma composição poética lírica, que se caracteriza pela eloquência e elevação de estilo, sobre um determinado assunto solene ou digno de registo, podendo versar sobre os temas mais diversos, sejam eles heroicos, amorosos, trágicos ou, porque não, vínicos! É também uma palavra quase universal, entendível por uma imensidão de idiomas.
Uma Ode ao Tejo?
Fundada por uma família local em 1902, em Vila Chã de Ourique, ampliada e completamente remodelada em 2000, com a utilização e integração dos melhores equipamentos de processamento e armazenamento, e novas instalações de enoturismo, a agora baptizada Ode Winery passou por vários momentos até ser adquirida, em 2022, pelo Grupo Immerso Collective.
A Immerso Collective é uma empresa com foco no luxo e sustentabilidade, criada por David Clarkin, australiano, o qual conta com mais de trinta anos de experiência em investimento e desenvolvimento imobiliário de futuro, nos mercados asiático e australiano, e Andrew Homan, igualmente australiano, advogado de formação mas com vasta experiência em diferentes indústrias, nomeadamente na gestão de fundos de investimento imobiliários. Os projectos desenvolvidos pela Immerso, pretendem sempre dinamizar a região e a comunidade em que se inserem de forma integrada, desde propriedades comerciais e residenciais a ofertas mais direcionadas para o turismo, numa perfeita ligação entre o cuidado e respeito pelo ambiente e os altos padrões de luxo e conforto. A empresa começou a operar em 2021 em Portugal, primeiro país europeu em que está presente, com a aquisição da agora designada Ode Winery, Farm & Living.
Por sua vez, Jim Cawood, também ele australiano, é o “Director of Wines and Good Times” da Ode, conforme consta no seu cartão profissional. Anfitrião por excelência, apaixonado pelo projecto e pelo terroir Ode, tem mais de 30 anos de experiência em todas as vertentes do negócio do vinho, tendo sido sommelier, importador, distribuidor e retalhista, e também produtor em Espanha.
Jim confessou-nos que um dos motivos que os levou a apostar neste terroir onde está inserida a Ode foi a sua semelhança com o clima e o pH dos solos de Hunter Valley, situado a norte de Sydney, no Estado de Nova Gales do Sul, uma das principais regiões vinícolas da Austrália, com uma longa história ligada à viticultura que remonta ao Século XIX, reconhecida internacionalmente pelas variedades Sémillon e Shiraz.
O solo rico em calcário, onde estão implantadas as vinhas da Ode, permite o cultivo de uma grande variedade de castas, desde as locais Arinto, Fernão Pires, Alvarinho, Touriga Nacional, Tinta Barroca, a variedades internacionais como a Sémillon, Viognier, Pinot Gris, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. A menos de uma hora de Lisboa, a Ode Winery localiza-se em pleno coração ribatejano, no concelho do Cartaxo e nasce em 2022 com o objectivo de dar outra dimensão à região, à sua cultura do vinho e, sobretudo, com o desejo de elevar o patamar qualitativo e a percepção do consumidor sobre a realidade dos vinhos do Tejo.
Integrado num projeto maior, designado Ode Winery, Farm & Living, tem cerca de 96 hectares, onde estão inseridos os 22 hectares de vinha, responsáveis por dez vinhos produzidos até ao momento, cinco brancos e cinco tintos, que marcam pelo seu carácter diferenciado, equilíbrio, e boa qualidade da fruta, aliada uma acidez fresca vinda do Tejo, sempre ali tão próximo.
Neste momento, a ODE Winery apresenta dez referências: os brancos Ode Semillon 2022, Ode Viognier 2022, Ode Fernão Pires 2022, Ode Arinto 2022, Ode Enóloga Arinto Fernão Pires 2022; e os tintos Ode Touriga Nacional 2022, Ode Quarteto 2022, Ode Lagares Touriga Nacional 2022, Ode Amphora Alicante Bouschet 2022, Ode Única Touriga Nacional 2023.
Num país com tradição de lote, na Ode a cultura é claramente internacional e monovarietal, o que não deixa de ser extremamente interessante também, vermos castas como a Viognier, por exemplo, tradicionalmente com baixa acidez, a receberem uma vida nova e toda uma frescura vinda do Tejo.

Sob a coordenação da enóloga Maria Vicente, com mais de 20 colheitas no seu percurso profissional, sendo a maioria delas no Tejo, a Ode Winery segue os princípios orgânicos, sustentáveis e regenerativos para garantir solos saudáveis, matéria orgânica positiva e um ambiente livre de doenças, estando a Certificação Orgânica e Biológica prevista para 2025.
Para além da vinha e adega, complementam o projecto Ode as vertentes Farm & Living. A Ode Farm simboliza o respeito pelo ambiente, com foco na sustentabilidade, conservação e desperdício mínimo. É na quinta que são cultivadas não só as vinhas, mas também outros produtos utilizados no espaço de restauração da Ode Winery, Farm & Living, seguindo os valores da agricultura sintrópica, uma abordagem inovadora à agricultura sustentável. Este método regenerativo enfatiza a diversificação de espécies vegetais, que imitam a estrutura e a função dos ecossistemas naturais para gerar ciclos de crescimento autossustentáveis. Na Ode Farm, os visitantes podem, não só ver a utilização de práticas sustentáveis, mas também vivê-las. A Ode Living integra não só o espaço de eventos, um salão com mais de 1000m², como o restaurante Cellar Door, de inspiração asiática, onde se juntam os sabores portugueses, asiáticos e do mundo na cozinha, oferecendo uma experiência diferente do habitual nesta região. Adicionalmente, no Cellar Door o menu e os ingredientes são de acordo com a estação do ano, e vários dos ingredientes utilizados são plantados na quinta, numa aposta num conceito de “farm to table” – da quinta para a mesa. Para dar suporte a todas estas valências está projectado um resort de luxo, com vários modelos de alojamento. Tudo a menos de uma hora de Lisboa! E, nem de propósito, no próprio dia em que decorria a nossa visita, recebeu-se a notícia de que a aprovação do projecto havia finalmente sido emitida pelas entidades competentes. Um dia para recordar, portanto!
(Artigo publicado na edição de Março de 2024)
Empor Spirits & Wine Celebra 10 Anos com 10 Provas Exclusivas

A Garrafeira Empor Spirits & Wine celebra 10 anos com promoções e eventos exclusivos, que irão decorrer em Maio. Durante o próximo mês irão decorrer uma série de 10 provas únicas, abertas ao público em geral, algumas delas gratuitas e outras pagas. Para além disso, a Garrafeira Empor Spirits & Wine terá uma oferta especial […]
A Garrafeira Empor Spirits & Wine celebra 10 anos com promoções e eventos exclusivos, que irão decorrer em Maio. Durante o próximo mês irão decorrer uma série de 10 provas únicas, abertas ao público em geral, algumas delas gratuitas e outras pagas. Para além disso, a Garrafeira Empor Spirits & Wine terá uma oferta especial de 15% de desconto em todos os produtos, com exceção de tabaco e charutos.
Provas gratuitas:
Berne Vinhos – 7 de Maio
Niepoort Nat’Cool – 8 de Maio
Aperol Spritz Sunset – 10 de Maio
João Portugal Ramos & Petiscos – 15 de Maio
Chinado – 21 de Maio
Sulista Medronho Excepcionalmente Datado – 24 de Maio
Provas pagas:
The Macallan – 16 de Maio
Portos São Leonardo – 22 de Maio
Quinta do Vesúvio – 28 de Maio
Maison Ruinart & Ostras – 29 de Maio
Para mais informações ou inscrições para as provas, consultar https://www.instagram.com/garrafeira_empor/.
ViniPortugal em roadshow no Brasil para promover vinho português

A ViniPortugal organizou um roadshow que passa por duas cidades brasileiras, para gerar novas oportunidades de negócio para os produtores, com e sem distribuição no Brasil. A ação vai decorrer na Alameda Casa Rosa, em Florianópolis, no dia 22 de Abril, e no Palácio Garibaldi, em Curitiba, dois dias depois. Durante o roadshow vão decorrer […]
A ViniPortugal organizou um roadshow que passa por duas cidades brasileiras, para gerar novas oportunidades de negócio para os produtores, com e sem distribuição no Brasil. A ação vai decorrer na Alameda Casa Rosa, em Florianópolis, no dia 22 de Abril, e no Palácio Garibaldi, em Curitiba, dois dias depois.
Durante o roadshow vão decorrer provas de vinhos de 20 produtores portugueses por acção, dirigidas a profissionais locais e consumidores. Além disso, em cada uma delas irá decorrer uma masterclasse. Está também previsto um seminário dirigido a profissionais e jornalistas.
De acordo com Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “estas provas têm vindo a ganhar dimensão e notoriedade nas cidades onde ocorreram e são, por isso, uma boa plataforma de negócio. Vamos continuar a apostar no mercado brasileiro e em tudo o que este pode proporcionar aos produtores portugueses.” Em 2023 a exportação de vinhos portugueses para o Brasil foi de 80 milhões de euros, mais nove milhões do que o ano anterior. No ano passado, este país foi o principal destino dos vinhos nacionais, excluindo o Vinho do Porto.
Comida Independente: A loja gourmet do ano

Aberta em Lisboa no início de 2018, esta loja é muito mais do que uma mercearia-charcutaria fina com especialidades como queijo, vinho e azeite. É todo um manifesto, como decorre, desde logo, do nome e do lema assumido: “comida independente, grandes produtos, pequenos produtores”. Nome, lema e conceito, que correspondem ao foco numa clientela que […]
Aberta em Lisboa no início de 2018, esta loja é muito mais do que uma mercearia-charcutaria fina com especialidades como queijo, vinho e azeite. É todo um manifesto, como decorre, desde logo, do nome e do lema assumido: “comida independente, grandes produtos, pequenos produtores”. Nome, lema e conceito, que correspondem ao foco numa clientela que cada vez mais se afasta das grandes superfícies e dos produtos ditos massificados. Há na Comida Independente um lado gregário evidente, sendo disso bom exemplo o merchandising próprio, a organização de um mercado de produtores, e a existência até de um clube de vinhos – nem de propósito identificado como Alcateia – que tende à fidelização. Mal se entra na loja, sita entre a Avenida Dom Carlos I e o Jardim Dom Luis (rigorosamente, junto ao Largo Conde Barão), comprova-se o foco nos artigos de pequenos produtores portugueses o que, de alguma forma, se vê também na secção de vinhos, limitada, mas primorosamente selecionada, com pendor para vinhos biodinâmicos e outros ditos por naturais.
Mal se entra na loja, comprova-se o compromisso arreigado da oferta de artigos de pequenos produtores portugueses.
Apesar do espaço exíguo (menos do que 100m2), a verdade é que a variedade em cada secção é acima da média. Nos queijos por exemplo – falha habitual nas charcutarias clássicas lusitanas –, a oferta é generosa e a responsável Rita Santos lembra-nos que, antes de abrir a loja, passou férias na Serra da Estrela só a provar queijos. Da mesma forma, atesta que já visitou grande parte dos produtores cujas delícias vende todos os dias com simpatia e alegria. Todo o contexto da loja é de uma aparente simplicidade, com bonitos toldos azuis a contrastar com uma fachada branca e azulejos alvos também no interior. Além de vários produtos frescos (pão, fruta e leguminosas) e outros mais habituais em lojas do género (compotas, mel, molhos, enchidos, chocolates e café), podemos encontrar, logo à entrada, um pequeno e informal wine-bar, cuja especialidade é o sanduiche de pastrami (não fica atrás, podemos jurar, da clássica servida há décadas no mítico Katz’s em Nova Iorque). Numa mesa mais ou menos comunitária (dentro ou fora da loja) ou no pequeno balcão também à entrada, e sempre sem reserva, as tábuas de queijo, conservas e enchidos são um sucesso junto da comunidade local, cada vez mais estrangeira por sinal. N.O.G.
Comida Independente: R. Cais do Tojo 28, 1200-649 Lisboa
https://comidaindependente.pt/
Santos & Seixo: Dar mais sentido à vida

Foi a constatação da vida como conceito efémero e de inexorável finitude que levou Pedro Seixo à reflexão sobre o sentido de uma existência dedica-da a uma actividade profissional que, não obstante ser desafiante, não per-petuava princípios, nem criava raízes. Estava quase com 40 anos e sentia-se precocemente envelhecido. Interiormente, desejava dar maior sentido à […]
Foi a constatação da vida como conceito efémero e de inexorável finitude que levou Pedro Seixo à reflexão sobre o sentido de uma existência dedica-da a uma actividade profissional que, não obstante ser desafiante, não per-petuava princípios, nem criava raízes. Estava quase com 40 anos e sentia-se precocemente envelhecido. Interiormente, desejava dar maior sentido à vi-da, criando algo, uma marca perene para deixar aos filhos.
Para esta aventura desafiou uma amiga de juventude da sua mãe, a investi-dora Alzira Santos, amante de longas viagens e grande apreciadora de vi-nhos, que se desalentava por não ver os vinhos portugueses nas prateleiras mundiais. Bastou uma breve conversa e um plano meticulosamente gizado, para colocar, nas mãos de Pedro Seixo, a responsabilidade de se afirmar no leme de um barco em constante crescimento, dando-lhe, como única res-ponsabilidade, a obrigação de rectidão em todos os passos de um negócio que se tornou projecto de vida, levando os vinhos portugueses mais longe e de modo coerente e sustentado. A Santos & Seixo nasceu oficialmente em 2014. Hoje, a empresa produz no Alentejo, Vinhos Verdes, Tejo e, também, no Douro, visitado agora pela Grandes Escolhas. É onde palpita o coração desta empresa, que pretende ser um dos grandes referenciais dos vinhos portugueses na próxima década.
Quinta de Cevêr
A história começou a construir-se nela própria. Situada em Santa Marta de Penaguião, a Quinta de Cevêr foi adquirida em 2018 à família Mergulhão, que a mantinha desde 1878 e por onde passaram cinco gerações de viticul-tores. Pedro Seixo, com ligação próxima à família, quis manter todo o espó-lio da casa, preservando, assim, uma conectividade à herança passada, man-tendo incólume todo o acervo mobiliário do século XIX e biblioteca, crian-do uma sensação de viagem ao passado ao circular-se na casa, hoje alocada à componente de enoturismo, com oito quartos disponíveis, piscina e uma série de comodidades que permitem usufruir do saber receber duriense.
Com 20 hectares de vinhas, dispersas em quatro parcelas, é aqui que a San-tos & Seixo privilegia a criação de tintos, aproveitando as características dos solos e as cotas mais baixas, onde há maior constância de temperaturas ele-vadas no processo de maturação até à vindima da uva. O encepamento vi-gente segue o alinhamento tradicional duriense, com presença de Touriga Franca, Tinta Amarela, Sousão e Touriga Nacional que, nas cotas mais altas, potencia a criação de rosés de rara elegância e fineza, mais frescos e com uma acidez potencial mais elevada, do qual o “Duas Famílias” rosé é refe-rencial. A Alicante Bouschet é, também, uma aposta para os tintos do futu-ro, a pensar nas condicionantes do aquecimento global, que no Baixo Cor-go é bastante menos notório do que nas outras duas sub-regiões. Não pro-duzindo ainda uva suficiente para suprir as necessidades, a empresa recorre a viticultores locais, que fornecem 25% da que chega à adega.
Para Pedro Seixo, os vinhos Douro DOC são o caminho mais sensato para a especificidade deste território duriense, colocando de parte os vinhos do Porto. O trajecto ascendente do volume de exportação dá-lhe a confiança necessária.
Hoje a sua empresa já exporta 65% da sua produção total, tendo, como mercados mais influentes, o polaco e brasileiro. Contudo, a aposta é na di-versificação e, sobretudo, nos mercados emergentes, dos quais destaca Isra-el e Índia, entre outros países asiáticos onde a consistência das vendas se mostra forte. Como exemplo do potencial de crescimento, referencia o Bra-sil onde, sem a barreira linguística e com uma forte tendência de consumo, se criam as condições favoráveis ao aumento das vendas. “Começámos com um valor de exportações para o Brasil de 10 mil euros anuais e, no fim de 2023, atingimos já os 600 mil euros, com previsão para chegarmos a um milhão a breve trecho”, refere Pedro Seixo. “Contudo, é um mercado muito exigente em termos pessoais. Por norma, vou ao Brasil por altura do Car-naval e arrendo uma casa onde faço a maioria das minhas reuniões com os clientes, dou a cara pelo nosso negócio e mostro como produzimos vinhos de imensa qualidade. É com muito regozijo que recebo, destes meus clien-tes, palavras de elogio sincero pelo trabalho que desenvolvemos com mar-cas tão recentes, às quais acrescentamos história”, reitera o líder da empresa.
O “Duas Famílias” Folgasão, edição limitada a 600 garrafas, retrata um pouco essa relação emocional que se cria entre as pessoas e o vinho. Foi um pedido especial que fez à sua equipa de enologia, no projecto que o juntou a Alzira Santos: a criação de vinhos singulares, de produção restrita, que despertem emoções para além da racionalidade financeira. Para Pedro Sei-xo, os membros da sua equipa de enologia são representantes exemplares de uma nova geração de enólogos nacionais, que busca a elegância escon-dida no Douro alterando culturalmente a forma de interpretar a região e a vinificação, encontrando respostas de contemporaneidade em vinhos que, mais que lembrados, virão a ser recordados.
Ser Santos & Seixo
Da conversa com Pedro Seixo, o rosto visível da Santos & Seixo, surgiu a curiosidade de conhecer a intervenção da sua sócia e investidora no projeto, Alzira Santos. A resposta resume, na perfeição, aquela que é a postura da empresa no mercado dos vinhos. “A participação da minha sócia no dia a dia da empresa é muito reduzida. Mas ela deu-me os ensinamentos básicos que me regulam todos os dias: ser sério, não pactuar com esquemas, mos-trar rectidão em todos os procedimentos e dar, ao mundo, vinhos portugue-ses que nos orgulhem pessoal e colectivamente, enquanto País”.

Quinta do Outeiro
É na improbabilidade que surgem tantas vezes as melhores oportunidades e se firmam os negócios mais consistentes. A aquisição da Quinta do Outeiro, também ela situada em Santa Marta de Penaguião, nasce de um acaso e de uma visita aconselhada pelo enólogo que prestava apoio à empresa.
Acompanhado pelos filhos e sem qualquer pretensão de compra, Pedro Seixo enamora-se pela propriedade e pelo imponente Solar que a encima. Logo ali, no alto, vislumbra todo o projecto vitivinícola e o seu potencial enoturístico.
Perante a relutância inicial da proprietária, a veemência negocial de Pedro Seixo ajuda a concretizar a aquisição. E, logo de seguida, o empresário ar-regaça as mangas para o projecto mais ambicioso do universo da empresa.
A primeira vinificação ocorre em 2021, com as obras de recuperação das adegas em curso. Mais uma vez, impera a vontade de preservação e, ao in-vés de se demolir para construir de novo, houve uma delicada obra de re-cuperação dos grandes armazéns de xisto, implicando a movimentação dos antigos lagares de granito no interior do edifício para montar a bateria de cubas troncocónicas, ideais para a construção de tintos reserva, e as verti-cais de inox que conferem modernidade e eficácia à adega que, nos perío-dos entre vindimas, é operada apenas por dois colaboradores.
Foram igualmente preservados dois dos vários toneis existentes na adega antiga, de modo a mostrar aos visitantes um pouco das práticas do século passado, transmitindo um ideal de continuidade e sentido da história. Todos os depósitos foram especificamente concebidos para a dimensão da adega, procurando-se uma conjugação natural entre o tradicional e o contemporâ-neo, centrando a produção dos vinhos tintos mais exclusivos nos lagares de pedra, com pisa a pé, procurando aportar ao vinho um sentido de terroir. Com esta prática, e segundo Rui Lopes, enólogo consultor, acentua-se a di-ferenciação dos vinhos entre as três sub-regiões durienses, trazendo-lhes um cunho de maior identidade e personalidade.
No dia-a-dia, é Alexandra Guedes, enóloga residente, quem comanda as operações, vivendo com intensidade o decurso das obras, as operações na vinha e na adega. São 30 hectares contínuos, com solos diversos, entre os xistosos pobres e os ricos em matéria orgânica, que se estendem pela encos-ta e vale contíguos à adega. Da sala de refeições, que também acolhe clien-tes nacionais e estrangeiros, avista-se a nova plantação de sete hectares de vinha que se ergue na encosta oposta. Aqui já estamos entre as cotas dos 450 aos 550 metros, altitudes óptimas para a produção de brancos de cariz mais fresco e acidez mais elevada. Neste Douro do futuro, crê-se que castas como a Viosinho, Rabigato, Côdega, Gouveio e Folgasão marcarão vinhos mais elegantes e desafiantes para o consumidor. Na Gaivosa, freguesia da Cumieira, não muito longe do Outeiro, ficam as restantes parcelas de vinha, quatro delas mais pequenas (entre os dois e três hectares) e uma de maior dimensão, com oito hectares, em cota mais baixa, reservada para a produ-ção de uva para tintos de qualidade superior. Actualmente, a adega possui capacidade para vinificar um milhão de quilos, que ainda não é toda usada. Mas isso deverá ocorrer nos anos mais próximos, dada a dimensão dos in-vestimentos e o crescimento das vendas. Há ainda espaço para as pequenas experiências e micro-vinificações, destinadas sobretudo ao estudo das po-tencialidades de cada casta naquele território do Baixo Corgo.
O enoturismo é olhado como pedra basilar deste projeto no futuro, visando potenciar uma maior ligação do consumidor de vinho ao território
Um olhar sobre o futuro
O enoturismo é olhado como pedra basilar do projeto no futuro, visando potenciar uma maior ligação do consumidor de vinho ao território. É um convite a permanecer para conhecer o passado, presente e futuro de uma sub-região que se afirma, de modo categórico, como baluarte do Douro.
Em mente, e para iniciar em breve, está a reconversão do Solar numa uni-dade de boutique hotel, com 11 quartos com vista privilegiada para o patri-mónio vitícola da Santos & Seixo. Exclusividade e qualidade é o lema que pretende levar a Santa Marta de Penaguião o turista apreciador de vinho, revelando um outro Douro que fica para além das margens do rio principal.
Com uma produção actual anual de 400 mil garrafas, encontra-se igualmen-te em curso a criação de uma nova unidade de engarrafamento na Zona In-dustrial de Santa Marta de Penaguião, que tornará as operações mais efici-entes e deverá abrir a porta à prestação de serviços externos a outros produ-tores da região.
(Artigo publicado na edição de Março de 2024)
“Vigneron” é em Junho, nas Bágeiras

Os franceses chamam vigneron àquele que faz o vinho exclusivamente com as uvas que cria na sua propriedade. No país onde o conceito nasceu, o chamado “vigneron independant” recolhe, junto do mercado e do consumidor, um estatuto de singularidade e exclusividade muito especiais. Em Portugal, essa qualificação existe igualmente na lei, embora com um nome […]
Os franceses chamam vigneron àquele que faz o vinho exclusivamente com as uvas que cria na sua propriedade. No país onde o conceito nasceu, o chamado “vigneron independant” recolhe, junto do mercado e do consumidor, um estatuto de singularidade e exclusividade muito especiais. Em Portugal, essa qualificação existe igualmente na lei, embora com um nome bastante mais rebuscado e pouco “sexy”: vitivinicultor-engarrafador. O problema é que ninguém sabe o que isso é. Pior: nos últimos anos, por desconhecimento ou aproveitamento, vários agentes do sector têm usado o designativo de vigneron para assim qualificar os produtores de pequena dimensão, muitos deles não possuindo sequer vinha ou adega. Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras, há muito que se revolta contra aquilo que considera, nas suas palavras, “abuso e publicidade enganosa”. E manifesta frequentemente essa atitude na comunicação institucional das Bágeiras, onde faz questão de explicar o que é, efectivamente, um vigneron. O produtor bairradino não está sozinho nessa luta e, ciente disso, resolveu organizar um evento que congrega “verdadeiros vigneron” em torno de uma causa comum: “valorizar o que há de mais pessoal e genuíno no mundo do vinho – fazê-lo somente com uvas próprias.”
O evento “Vigneron, As Nossas Uvas, Os Nossos Vinhos”, está assim agendado para o próximo dia 22 de Junho, na Quinta das Bágeiras, Fogueira, Sangalhos. O propósito de Mário Sérgio é acolher, na sua adega, cerca de duas dezenas de produtores que partilham a mesma filosofia – inscritos na categoria vitivinicultor-engarrafador do Instituto da Vinha e do Vinho – que irão apresentar os vinhos aos visitantes (consumidores, imprensa, profissionais de restaurantes e lojas especializadas) num evento onde as provas comentadas e a gastronomia também marcam presença. “Ser vigneron”, diz, “significa conhecer cada parcela, cada casta, cada videira, acompanhar o ciclo da vinha, faça sol, chuva, frio ou calor.” Além disso, acrescenta, “um vigneron trabalha sem rede: fazemos mais vinho quando temos mais uva, ou ficamos sem vinho se nos acontecer uma desgraça na vinha. Ao contrário de outros que compram a uva e o vinho que quiserem e onde quiserem, nós, por vontade própria, não o podemos fazer. Isso tem de valer alguma coisa. Um vinho de vigneron é, verdadeiramente, a cara de quem o fez, de quem tomou todas as decisões, da cepa até à garrafa.”
Mas, no copo, o que distingue estes vinhos dos outros? Mário Sérgio tem também resposta para isso: “Não são melhores nem piores, são diferentes. Criamos vinhos genuínos, vinhos de que sabemos exactamente a origem, vinhos que espelham a forma como trabalhámos a vinha e os efeitos que o ano climático teve naquelas uvas. São vinhos sem compromissos, vinhos que são tão nossos quanto as nossas uvas. Acreditamos que isso faz a diferença”, remata.
Os nomes já confirmados metem respeito, e abarcam casas de diferentes dimensões – “vigneron não tem a ver com tamanho, tem a ver com princípios, com uma forma de estar no mundo do vinho”, acentua o organizador – e distintas origens, de norte a sul do país. Por ordem alfabética, vão marcar presença os produtores António Selas, Casa de Cello, Casa da Passarella, José Madeira Afonso, Júlio Bastos, Quinta da Alameda, Quinta da Atela, Quinta das Bágeiras, Quinta da Boa Esperança, Quinta de Chocapalha, Quinta da Falorca, Quinta da Pedreira, Quinta do Perdigão, Rui Reguinga, Tapada de Coelheiros e Vale dos Ares. A coisa promete… L.L.
Tintos de 2014: A perfeição num ano imperfeito

O ano em si até nem correu mal. De vários relatórios do ano vitícola concluímos que as temperaturas se mantiveram relativamente amenas, com alguma oscilação, mas sem ondas de calor no verão. A Sogrape, que tem produção no Douro, Alentejo, Dão e Vinhos Verdes refere que “a chuva foi uma constante ao longo do ano, […]
O ano em si até nem correu mal. De vários relatórios do ano vitícola concluímos que as temperaturas se mantiveram relativamente amenas, com alguma oscilação, mas sem ondas de calor no verão.
A Sogrape, que tem produção no Douro, Alentejo, Dão e Vinhos Verdes refere que “a chuva foi uma constante ao longo do ano, marcando também presença na época de vindima na maior parte das regiões vitivinícolas”.
A humidade elevada originou uma maior pressão de doenças criptogâmicas (míldio, oídio e podridão), obrigando à realização de um maior número de intervenções na vinha (desfollha, desponta) e tratamentos fitossanitários.
O mês de Agosto foi particularmente seco, mas boas reservas de água no solo permitiram que as videiras não entrassem em stress hídrico, ao mesmo tempo que as temperaturas amenas e noites frescas contribuiram para uma boa e equilibrada maturação das uvas e até faziam esperar uma vindima fantástica. A chuva de Setembro é que estragou as expectativas de muitos viticultores.
Em alguns locais choveu o dobro da média ou mais. Aqui, factores como a proximidade do litoral e orografia podem complicar ainda mais. Na Bairrada, por exemplo, não foi um ano feliz. Alguns dos produtores habituais nesta prova não mandaram vinhos. A Baga não teve hipótese de amadurecer antes das chuvas.
Antes ou depois da chuva
Tive a sorte de acompanhar a vindima de 2014 com as mãos na massa, na Quinta do Vallado. Durante duas semanas fiz controlo de maturação, selecção de uvas no tapete de escolha, remontagens manuais, pisa a pé, controlo de fermentações, análises de mostos e tudo que se faz numa adega. Lembro-me que cheguei à quinta no dia 8 de Setembro e já tinha chovido dois dias antes. A apanha de uva foi intermitente em função das chuvas. No tapete de escolha a selecção foi exigente, mas dependia muito dos locais e das parcelas de onde vinha a uva. E isto claramente constitui o factor diferenciador, sobretudo no Douro, onde as diferentes altitudes e exposições modificam significativamente as condições da região.
De um modo geral, a vindima 2014 ficou dividida em antes e depois da chuva. E aqui o terroir e a casta tiveram um papel preponderante.
O produtor e enólogo Rui Reguinga, que tem as vinhas no calhau rolado em Almeirim, não teve qualquer problema na vindima. Explica que aquela zona “é muito quente, ainda por cima o calhau rolado acaba por acelerar a maturação, o que permitiu colher as uvas maduras e em óptimas condições antes das chuvas”.
Na Herdade do Mouchão, no Alentejo, começou a chover a partir da segunda semana de Setembro, mas o melhor Alicante Bouschet da vinha dos Carapetos, implantada em solos de aluvião bem drenados, foi vindimado antes das primeiras chuvas. Estas uvas são a espinha dorsal do Mouchão 2014, que mostrou uma qualidade estrondosa nesta prova.
Francisco Olazabal conta que na Quinta do Vale Meão, Douro Superior, começou a chover no dia 7 de Setembro, mas eles conseguiram apanhar a maior parte das parcelas que entram no lote entre o 29 de Agosto e 6 de Setembro. As uvas apanhadas mais tarde estavam maduras e não foram muito afectadas pelas chuvas. O resultado está na prova.
2014 foi o ano em que vingou o terroir e as decisões acertadas.
Decisões acertadas
Mas nem todos tiveram a sorte de apanhar as uvas antes das chuvas e tiveram que gerir a vindima em função do estado da maturação das uvas e do seu sexto sentido, tomando decisões rápidas e, por vezes, arriscadas.
Sandra Tavares (Wine & Soul) relata que o ano estava a correr muito bem. As uvas para o Pintas foram apanhadas antes da chuva, mas as vinhas da Quinta da Manoella ficam numa zona mais fresca e ainda não tinham sido colhidas. Quando souberam da previsão das chuvas, fizeram mais desfolha para os cachos ficarem mais expostos e secarem mais rápido. Optaram por vindimar à chuva e nunca pararam a vindima. O objectivo era colher tudo o mais depressa possível, porque as uvas demoram a absorver a água. Os solos drenam bem e as uvas não ficaram muito diluídas. O facto de serem vinhas velhas também ajudou. “Acabam por ser mais calibradas, mais resistentes às adversidades do tempo”. Tiveram atenção redobrada na selecção de uvas, naturalmente.
Segundo o enólogo da Quinta do Noval, Carlos Agrellos, no caso deles as uvas provêm das vinhas expostas a sul e a poente e, com esta localização, estavam quase maduras. A primeira parcela de Touriga Nacional foi colhida a 14 de Setembro e outra parcela no dia seguinte – as duas juntas fazem 80% do lote. A chuva não as afectou muito. Pela Touriga Franca tiveram que esperar até dia 5 de Outubro. Foi colhida já depois das chuvas. Conseguiu recuperar. “Era o risco total, mas valeu a pena”. Diria que estamos perante “um ano mais sóbrio, do que full-bodied” – conclui Carlos. Na adega fizeram delestage mais vezes para extrair mais estrutura (as uvas que entraram no lote estavam em óptimas condições sanitárias).
Jorge Moreira (Poeira) partilha a sua experiência da vindima 2014. “Quando os bagos começaram a rachar com as chuvas, primeiro pensei vindimar, mas depois resolvi esperar porque as uvas ainda não estavam maduras”. Com as vinhas viradas a norte, confessa que nunca consegue vindimar antes de 20 de Setembro. “Os vinhos acabaram por ter um pouco de diluição” – continua – “mas no Douro, com a tradição do Porto Vintage, medimos a qualidade pela concentração, estrutura e um pouco de sobrematuração. Nos anos 90 era o que procurávamos, mas o tempo ensinou-nos que os anos mais frescos, com pH mais baixo, evoluem melhor, pois temos estrutura na mesma. Por isto, no Douro é preferível ter maturação a menos do que a mais. Nos anos menos maduros tem de se ter mais cuidado com as extracções para não extrair taninos verdes.”
Manuel Vieira, enólogo consultor na Caminhos Cruzados, conta que também tiveram que esperar que a chuva passasse. A Touriga Nacional (maior parte das vinhas velhas do Teixuga) é uma casta importante no Dão, porque tem elasticidade suficiente na película para aguentar as chuvas sem rebentar (ao contrário da Alfrocheiro, por exemplo). Com vindima adiada para os finais de Setembro, obtiveram mostos com pH baixo, acidez alta e grau alcoólico mais baixo o que é normal.
Uma década depois
Há duas conclusões fundamentais que podemos retirar desta prova. Primeiro, as generalizações são sempre uma abordagem redutora no que toca à produção de vinho, porque muitas vezes o terroir sobrepõe-se às condições climatéricas, e ainda mais nos anos difíceis. Agora, passada uma década e com os vinhos provados, podemos constatar que mesmo num ano imperfeito como o 2014, existem muitos vinhos próximos da perfeição, cheios de vida e força. Depois, concluímos que com pH mais baixo e acidez mais alta estes vinhos acabam por ter uma evolução mais lenta (alguns parecem bem mais novos do que uma década de vida sugeriria), não pecam por falta de estrutura, e mesmo, perdendo algum corpo, vencem pela elegância.