Sogevinus passa a Kopke Group

No passado dia 27 de Maio, a Sogevinus, um dos maiores grupos empresariais de vinhos do Porto e do Douro, anunciou oficialmente uma nova identidade de marca, assente no nome da casa nascida em 1638: Kopke Group. Segundo o comunicado emitido pela empresa, “esta mudança de nome e de imagem não é apenas simbólica. É […]
No passado dia 27 de Maio, a Sogevinus, um dos maiores grupos empresariais de vinhos do Porto e do Douro, anunciou oficialmente uma nova identidade de marca, assente no nome da casa nascida em 1638: Kopke Group. Segundo o comunicado emitido pela empresa, “esta mudança de nome e de imagem não é apenas simbólica. É estratégica.”
A escolha do nome Kopke radica no facto de ser a marca de vinho do Porto mais antiga, um nome com história, prestígio e reconhecimento internacional. Como refere a empresa, esta identidade será agora transversal a todo o Grupo: “um irmão-mais-velho capaz de representar, com força e dignidade, a nossa família completa – vinhos, quintas, caves, enoturismo, hotéis, restaurantes e todos os projetos futuros que nos propomos lançar.”
No entanto, constituindo embora Kopke Group a marca corporativa que une todas as atividades, as marcas de vinhos que os consumidores conhecem – Barros, Burmester, Calém, Kopke, Quinta da Boavista, São Luiz, Velhotes– mantêm-se inalteradas. Segundo o comunicado, “este rebranding é também um reflexo da nossa cultura: uma organização em constante renovação, com orgulho nas suas origens, mas com os olhos postos no futuro.” A nova assinatura – Honrar e desafiar – expressa tudo isso: “honrar a herança, desafiar e liderar o futuro do vinho e da experiência vínica a nível global.”
Guelra: Um mergulho no mar!

Na verdade, quase podíamos dizer que o Guelra são dois restaurantes em um. No rés do chão, com um balcão em U e a esplanada confortável adjacente, a que puseram o nome de “ocean to table”, a aposta é mais informal com algumas sugestões de cozinha de conforto e a montra de peixe e marisco […]
Na verdade, quase podíamos dizer que o Guelra são dois restaurantes em um. No rés do chão, com um balcão em U e a esplanada confortável adjacente, a que puseram o nome de “ocean to table”, a aposta é mais informal com algumas sugestões de cozinha de conforto e a montra de peixe e marisco a piscar-nos o olho, para além de ostras, rissóis de camarão, croquetes de polvo e puntinilhas de choco e outros snacks e petiscos. No “first floor” – porquê a insistência destes nomes em inglês? – a aposta é mais ambiciosa e está a meio caminho do fine dinning e os eventos sopram de leste, desde o Japão.
No Guelra oficiam dois chefes, Manuel Barreto que supervisiona os dois espaços e Gonçalo Gonçalves responsável pela cozinha do 1º piso a quem ficámos a dever a experiência do almoço que nos foi dado degustar. O serviço de vinhos está a cargo do sommelier Ricardo Bento que revelou muito acerto nas propostas de harmonização, tirando o caso particular da sobremesa em que o match não funcionou. O conceito aqui, no dizer dos responsáveis, é uma viagem gastronómica que reflete as transações entre Portugal e o país do sol nascente. Começamos com uma ostra da Ria Formosa com um tempero especial que nos despertou os sentidos. Avançamos depois para um Sashimi de peixe, no caso lírio dos Açores, com miso e vinagre de arroz, muito delicado e contido. Vem depois o caldo Dashi retemperador e pleno de sabor. As propostas seguintes passaram pelo Tártaro de atum, precioso, e a boa surpresa do Ramen de lula, um prato muito bem conseguido cheio de umami. Terminámos o percurso pelo mar do Oriente com um peixe bem português, um Robalo de ponto apurado, com endívia roxa, puré de raiz de aipo mostrando uma habilidosa fusão de sabores e revelando uma boa técnica culinária. A refeição termina com a sobremesa à base de pera Nashi, batata doce e camomila que só pecou pelo facto do vinho Moscatel que foi servido ter resultado menos bem na harmonização. Este “First Floor” funciona tanto ao almoço com menu de 3 etapas a €30 e ao jantar com menu de 7 momentos a €60.
O conceito do Guelra pode parecer um pouco confuso ao princípio, mas para o cliente que entre na onda revela-se uma agradável surpresa.
Guelra
Rua de Belém, 35
Aberto todos os dias, das 12 às 22:00 horas
Email: reservas@guelraott.com
Tel: 939 002 081
Concurso Escolha do Mercado: Anúncio de Vencedores

A Grandes Escolhas organiza desde 2020 aquele que é o maior concurso de vinhos brancos portugueses no Mundo. A sua 5ª edição teve lugar no dia 12 de Maio de 2025 com 550 vinhos em prova, e 53 jurados. Estes últimos, respeitando integralmente o nome e o espírito do concurso, foram exclusivamente seleccionados entre os […]
A Grandes Escolhas organiza desde 2020 aquele que é o maior concurso de vinhos brancos portugueses no Mundo. A sua 5ª edição teve lugar no dia 12 de Maio de 2025 com 550 vinhos em prova, e 53 jurados. Estes últimos, respeitando integralmente o nome e o espírito do concurso, foram exclusivamente seleccionados entre os mais experientes profissionais do canal HoReCa e do retalho. Proprietários ou gestores de restaurantes, lojas de vinhos e wine bars, sommeliers e compradores ou consultores de cadeias de retalho.
Esta é, realmente, a Escolha do Mercado, dividida em três categorias: Categoria A – PVP até €7; Categoria B – PVP entre €7 e €15; e Categoria C – PVP superior a €15.
Em cada uma destas categorias foi atribuído o “Prémio Escolha do Mercado” aos vinhos mais bem classificados e, entre estes, os três brancos com classificação mais elevada receberam o “Grande Prémio Escolha do Mercado”.
Consulte AQUI os resultados do concurso.
Companhia Agrícola do Sanguinhal: Vinhos com história e terroir

A loja da Quinta das Cerejeiras, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fica nos antigos escritórios da empresa e proporciona, pela forma como está decorada, uma viagem para outro tempo, o da fundação da empresa, quando naquele local trabalhavam as suas primeiras pessoas. É o início de uma visita pela sua história, da família e de […]
A loja da Quinta das Cerejeiras, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fica nos antigos escritórios da empresa e proporciona, pela forma como está decorada, uma viagem para outro tempo, o da fundação da empresa, quando naquele local trabalhavam as suas primeiras pessoas. É o início de uma visita pela sua história, da família e de fazer o vinho, a um pequeno museu que nos leva a apetecer saber um pouco mais sobre esta casa.
Diogo Reis é o representante da 4ª geração da família à frente da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fundada pelo seu bisavô, Abel Pereira da Fonseca, em 1928, para gerir três quintas no Bombarral, Quinta das Cerejeiras, Quinta do Sanguinhal e Quinta de S. Francisco. Todas estão integradas na DOC Óbidos e ficam a apenas alguns quilómetros umas das outras no concelho do Cadaval.
Abel Pereira da Fonseca tinha montado um negócio de distribuição de vinho e outros produtos no início do século 20, que fundou em 1906 com sede na zona de Marvila, em Lisboa. Criou depois as lojas Vale do Rio, para venda de vinho e, mais tarde, começou a comprar as propriedades, para assegurar a produção para abastecimento da empresa em Lisboa. Foi assim criada a Companhia Agrícola do Sanguinhal, que explora hoje 200 hectares de terra, dos quais 100 hectares de vinha. O resto é floresta, árvores de fruto e instalações.
Influência atlântica
Segundo Diogo Reis, a vinha da casa privilegia as castas autóctones da Região de Lisboa. “Com base nelas, o que tentamos exprimir, nos nossos vinhos, é o terroir da DOC Óbidos, que fica num anfiteatro bem exposto à influência Atlântica”, salienta o responsável.
Miguel Móteo, 59 anos, enólogo da Companhia Agrícola do Sanguinhal com responsabilidade também na viticultura há mais de 30 anos, conta, por seu turno, que o primeiro desafio que teve, quando chegou à empresa, foi identificar as castas de menor valor enológico das suas vinhas, com o objectivo de as reestruturar e modernizar. Foi o início de um processo que levou à reconversão de mais de 70 hectares de vinha das três quintas nos últimos 30 anos. Para além da empresa ter apostado em castas regionais e nacionais, como as brancas Arinto, Vital e Fernão Pires, foram plantadas algumas internacionais “que poderiam contribuir para a valorização dos nossos vinhos não só no mercado nacional, mas também no internacional”, explica o enólogo. É o caso da casta Chardonnay “que se adaptou muito bem aos solos e clima da região e propriedade”, para além do Sauvignon Blanc e de uma pequena parcela de Viognier.
Nas tintas foi dada a primazia a castas específicas para a região, “que valorizam os nossos vinhos”, como o Castelão, a Tinta Roriz e a Touriga Nacional. Além delas foram plantadas variedades francesas, “como a Syrah, que se adaptou muito bem ao nosso terroir e, segundo a minha opinião, a toda a região dos vinhos de Lisboa”, salienta Miguel Móteo. Quando começou a trabalhar, as castas brancas já originavam vinhos com bastante acidez, ou seja, “com as características específicas para o que se pretende num vinho branco”. Mas percebeu, na altura, que nem todas as tintas seriam as melhores para as exigências do mercado e as consequências das alterações climáticas. “Por isso foi necessário fazer uma aposta forte na reconversão da vinha”, conta.
Os solos das três quintas são bastante diferentes e houve necessidade de se escolher correctamente os porta-enxertos e, a partir daí, fazer um trabalho quase de precisão ao nível da viticultura, “tendo em conta a condução da vinha, o controlo de vigor e as operações em verde e em seco”. Foi essencial, acima de tudo, escolher, no início das plantações, as castas e os porta-enxertos melhor adaptadas para os solos e sistemas de drenagem, tendo em conta as características desejadas para os vinhos produzidos. Com esse objectivo, as castas brancas estão plantadas nas zonas mais frescas, de várzea, e as tintas em encostas. “As nossas produções são relativamente baixas em relação à média da região, porque procuramos potenciar a valorização da matéria-prima”, explica Miguel Móteo.
Cinco semanas de vindima
A reconversão não teve apenas, como objectivo, a mudança de castas, mas também a modernização e mecanização de uma vinha com uma área já significativa, alteração essencial numa altura em que os custos de produção tem crescido cada vez mais e a mão-de-obra é cada vez mais escassa. São factores que têm levado “a constantes adaptações nas vinhas, quer ao nível dos sistemas de condução, que nas operações em verde e seco”, revela o enólogo. Diz, também, que a Região de Lisboa tem tudo para crescer e que tem sido surpreendente ver a evolução da qualidade da matéria-prima, essencialmente nos tintos.
Como as quintas da Companhia Agrícola do Sanguinhal distam a cerca de 10 km umas das outras, a produção foi centralizada na adega da Quinta de S. Francisco. As castas da empresa estão plantadas nas três, que têm características de solos diferentes, o que origina comportamentos diferentes das plantas, incluindo períodos de maturação diversos.
Segundo Miguel Móteo, as vindimas começam habitualmente na Quinta do Sanguinhal e na Quinta das Cerejeiras, e pelas castas mais precoces, como o Chardonnay, o Sauvignon Blanc e o Fernão Pires. “Nos primeiros anos vindimávamos a partir de meados de setembro e, agora, a partir de meio de agosto, também para conseguirmos apanhar as uvas com mais frescura e menor teor de açúcar”, conta, acrescentando que a principal dificuldade da vindima, que decorre durante cinco semanas, é conjugar os trabalhos em propriedades diferentes no mesmo dia, principalmente quando a colheita é feita à mão, o que acontece sobretudo para as castas brancas mais nobres.
Depois de os procedimentos feitos na adega para todas as uvas da empresa, que são colhidas casta a casta em cada quinta, é feita uma análise rigorosa a todas as 40 a 50 referências resultantes do processo para se poder definir, em função das suas características físico-químicas e organolépticas, “quais são os vinhos que vão para barrica, para as gamas quinta, Regional Lisboa no segmento médio e médio mais, num trabalho de precisão para cada perfil definido”, conta Miguel Móteo.
A Companhia Agrícola do Sanguinhal explora hoje 200 hectares de terra, dos quais 100 hectares de vinha
Referências centenárias
Mais de 30% do vinhos produzidos pela empresa são vendidos para exportação, tanto para o canal ontrade como no offtrade, tanto com marcas diferenciados como com coincidentes. “A nossa preocupação é mantermos uma presença nacional e regional forte, com as marcas que também exportamos”, explica Diogo Reis, acrescentando que “é esse equilíbrio que nos permite ter o reconhecimento do mercado, após muitos anos a trabalhar o sector, com marcas e rótulos históricos”, numa casa que tem algumas referências centenárias. “É algo que também nos diferencia, até porque há, no país, poucos casos em que isso acontece”.
Segundo Diogo Reis, essa manutenção, ao longo de tantos anos, tem sido um caminho desafiante, com alguns choques entre gerações, como acontece por vezes nas famílias e nas empresas, “mas, aquilo que sentimos, é que é pelo classicismo que temos tido os nossos resultados”, afirma. Defende, também, que a sua empresa não precisa de se empenhar agora no aumento das produções em volume, mas sim na valorização daquilo que já tem. “Essa é a estratégia que temos vindo a seguir, e com excelentes resultados, porque temos muitos vinhos com indicação de data de colheita recorrentemente em ruptura, o que acontece um bocado em contraciclo com o que se está a passar no sector a nível nacional e mundial.” Diz também que é uma aposta na fidelização, que já está a acontecer e tem proporcionado a conquista de mais clientes. “Se estivermos sempre a mudar a imagem, mais dificilmente as marcas serão reconhecidas. Não é isso que nos interessa”, explica.
A qualidade e o perfil dos vinhos são mantidos com o trabalho do Miguel Móteo. “É essencial, para nós, que o perfil de cada um dos nossos vinhos se mantenha, mesmo que as suas características variem com os anos de colheita, com excepção dos licorosos, dos quais fazemos blends de média de anos, como um 20 anos, por exemplo”, salienta Diogo Reis, acrescentando que de vez em quando surge uma inovação, como um novo colheita tardia, que deverá surgir para breve.
Para além dos vinhos da Quinta das Cerejeiras, do Sanguinhal e de S. Francisco, que são colocados todos com data de colheita, de licorosos e de aguardentes, a empresa produz e comercializa a marca Casa Abel, trabalhada sobretudo para o canal ontrade, a Sotal, um branco leve da Quinta do Sanguinhal, cujo Moscatel Graúdo é de vinhas com quatro décadas da Quinta do Sanguinhal, apesar de ter Arinto das outras quintas.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Já são conhecidos os Melhores Vinhos do Alentejo

A 12.ª edição do concurso Melhores Vinhos do Alentejo, promovido pela Confraria de Enófilos do Alentejo (CEA), distinguiu 25 vinhos da região, entre os quais cinco com grande Ouro, o mais alto galardão da competição. O PIRR 2023, da Herdade dos Toucinhos, e o monovarietal de Antão Vaz Monte das Bagas de Ouro 2023, da […]
A 12.ª edição do concurso Melhores Vinhos do Alentejo, promovido pela Confraria de Enófilos do Alentejo (CEA), distinguiu 25 vinhos da região, entre os quais cinco com grande Ouro, o mais alto galardão da competição.
O PIRR 2023, da Herdade dos Toucinhos, e o monovarietal de Antão Vaz Monte das Bagas de Ouro 2023, da Adega do Montado, conquistaram a preferência do júri entre os vinhos brancos. Entre os tintos, o Grande Ouro foi atribuído ao Quinta do Carmo Reserva 2017, da Bacalhôa, e ao Herdade de Ceuta Syrah 2021, produzido pela Elite Vinhos.
Na categoria de Vinhos de Talha Tintos, o grande destaque foi para o Talhas de Borba 2023, da Adega Cooperativa de Borba.
Os cinco vinhos distinguidos com Grande Ouro foram selecionados entre um total de 125 amostras, provenientes de 45 produtores, abrangendo todas as sub-regiões vitivinícolas do Alentejo.
As provas do concurso Melhores Vinhos do Alentejo estiveram a cargo de um painel de 15 jurados, sob supervisão do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), com o apoio da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).
KOPKE: A casa dos Porto Colheita

Falar da Kopke é falar da mais antiga empresa de vinho do Porto, remontando a 1638 o registo da marca. É também falar de um nome que os consumidores portugueses associam com vinhos do Porto velhos (tawny), e sempre numa garrafa personalizada, que se mantém até hoje. Nestes tawnies velhos destacam-se os que têm indicação […]
Falar da Kopke é falar da mais antiga empresa de vinho do Porto, remontando a 1638 o registo da marca. É também falar de um nome que os consumidores portugueses associam com vinhos do Porto velhos (tawny), e sempre numa garrafa personalizada, que se mantém até hoje. Nestes tawnies velhos destacam-se os que têm indicação de idade – 10, 20, 30, 40, 50 anos – e os Colheita, vinhos que obrigatoriamente têm de estagiar pelo menos sete anos em casco antes de serem engarrafados, ostentam data de colheita e indicam a data do engarrafamento. Mas antes de falarmos dos Colheita da Kopke, vamos dar uma espreitadela à história da empresa.
As antigas e velhas empresas do vinho do Porto começaram por estar normalmente associadas a famílias, ora nacionais ora estrangeiras, que se estabeleceram como negociantes e exportadores de vinho. O caso da Kopke não é diferente. O fundador foi Nicolau Kopke, que chegou a ser cônsul das cidades hanseáticas em Lisboa e se estabeleceu, mais tarde, no Porto como negociante de vinho. Os Kopke continuaram a dirigir a firma e adquiriram a quinta de Roriz em 1781. Em 1836, um dos descendentes, Cristiano Nicolau Kopke, foi agraciado com o título de Barão de Vilar. A gestão familiar manteve-se até 1870, quando foi vendida. Os novos proprietários adquiriram a quinta de S. Luiz em 1922 e, em 1953, a Kopke é adquirida pela Barros Almeida. Ambas passam a integrar a Sogevinus a partir de 2006.
Hoje a Kopke é a empresa premium, emblemática do grupo, muito forte nos tawnies e Colheita datados mas, segundo Carlos Alves, enólogo da casa, está em crescendo de importância também no estilo ruby. Como nos disse, as marcas Kopke e Burmester colocam-se em 3º lugar em Porto LBV’s. Com este nome – Kopke – a Sogevinus procura apenas a excelência. Num segundo plano, porque menos famosa, vem a Burmester e depois a Cálem, Barros e Velhotes. Esta última, ainda que muitas vezes associada à Cálem, é uma marca própria.
Integrante do grupo há ainda as quintas da Boavista, situada na margem direita do rio (e que hoje origina excelentes DOC Douro), no Cima Corgo, a quinta do Bairro, na margem direita, no Baixo Corgo (só para vinhos brancos), Arnozelo, no Douro Superior, e S. Luiz, no Cima Corgo (margem esquerda), exclusivamente focada na marca Kopke, em DOC Douro e Porto.
No entanto, tal como acontece com as outras grandes casas, a Sogevinus ainda mantém uma relação com lavradores a quem adquire uvas. São cerca de 450, número a crescer, com quem mantém uma relação estreita. É também por isto que existe na empresa um técnico que, desde 2015, tem a única função de acompanhar, ao longo do ano, todos estes lavradores que fornecem uvas à empresa. Por isso, acrescenta o enólogo, “conhecemos as vinhas e há um historial com tudo documentado e quando a uva entra na adega, sabemos a casta, a parcela, a quantidade, já sabemos o potencial e temos logo a noção para que fim se destinará.” Falamos então, no total, de 450 ha de terra e 220 ha de vinhas próprias. É área para alargar? Pedro Braga, director-geral e há 25 anos na empresa, comenta: “não estamos compradores, mas estamos atentos, sobretudo a parcelas que possam estar ao lado das nossas quintas e que tenham interesse para nós”.
Tal como acontece com as outras grandes casas, a Sogevinus ainda mantém a sua relação com os lavradores a quem adquire uvas
O Colheita sem mistérios, sigamos-lhe o rasto
Há por vezes algumas ideias feitas sobre o funcionamento desta categoria. Antigamente o Colheita obrigava a uma conta-corrente própria por cada ano. Veja-se o exemplo: na vindima de 2000 uma qualquer empresa destina 50 000 litros para Porto Colheita. Ao fim do prazo de lei (7 anos) engarrafa 5 000 litros e, nos anos seguintes, outras quantidades. Isto faria que, na conta-corrente controlada pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), a quantidade fosse diminuindo até zero, sempre com provas de três em três anos para confirmar os parâmetros. Foi assim até 2004 e mantém-se assim para os Colheita anteriores a essa data. Para anos posteriores, a situação é menos restritiva. Desde que a empresa tenha registo de vinhos de um ano, pode sempre fazer Colheita e, por isso, de cada vez que engarrafa, os parâmetros podem ser diferentes da edição anterior. Na Sogevinus determina-se, na vindima, a quantidade de vinho que se vai destinar a Colheita desta e daquela marca, conforme o perfil que se pretende. Depois disso é sempre desse stock que se usam vinhos para as diferentes marcas. No caso da Kopke, estamos a falar de 150.000 litros por ano e faz-se todos os anos. Como nos referiu o enólogo, “pode faltar para outras marcas, mas tem sempre de haver para a Kopke”, o que mostra a importância e peso da marca no grupo. Como insistentemente salientou na conversa que tivemos, só se engarrafam os Colheita à medida das encomendas, que podem ser de uma ou 1000 garrafas. Nunca se engarrafam quantidades grandes exactamente, para evitar que haja depois Colheita no mercado de engarrafamentos antigos.
Vamos seguir o rasto ao Porto Colheita, da vindima até à garrafa. O mais provável é que seja vinificado nas instalações de Sabrosa (São Martinho de Anta), onde a Sogevinus tem um grande espaço de vinificação e armazenamento exclusivamente dedicado a vinho do Porto. Alguma parte pode ser vinificada em S. Luiz; de seguida o vinho vai para balseiros ficando normalmente no Douro nos primeiros cinco a seis anos. Depois vem para Gaia e vai para cascos. Como a Sogevinus só comercializa Colheita com pelo menos 10 anos, os vinhos ainda passam uns bons anos nas caves de Gaia. Ali são sujeitos a trasfegas anuais: passagens a limpo, voltam para uma cuba de inox, se necessário são feitos os ajustes (refrescos) de aguardente e regressam aos cascos. Todos os anos a mesma música, uma música muito custosa em termos financeiros, exigente em termos de mão-de-obra, com perdas por evaporação e perspectiva de se ir vender apenas 5 ou 10% do que se tem em cave.
Carlos Alves tem a noção clara de que se perde um pouco a identidade do ano com o Colheita, uma vez que o vinho é muito trabalhado e acompanhado ao longo da vida. Mas é uma categoria emblemática de que não abdicam. Finalmente, a pedido do mercado, engarrafam-se os Colheita da edição mais recente ou das anteriores, dependendo das encomendas. A data do engarrafamento, indicada na garrafa, é a segurança do consumidor. E, quanto mais recente, melhor!
Na vindima determina-se a quantidade de vinho que se vai destinar a Colheita desta e daquela marca, conforme o perfil que se pretende; depois disso é sempre desse stock que se usam vinhos para as diferentes marcas.
Projectos e novidades
O enoturismo ganha cada vez mais força. Por um lado, as visitas às caves de Gaia – sobretudo Cálem e Burmester – representam 550.000 visitantes/ano, com gastos por pessoa na ordem dos €20/25, gerando mais de um milhão de euros de lucro/ano. O mini hotel da quinta de S. Luiz já está em pleno e a quinta recebeu, em 2024, cerca de 120.000 visitantes. Ali, no restaurante, há três pairings de pratos com vinho do Porto e são os mais pedidos. O novo Tivoli/Kopke hotel será oficialmente inaugurado em Maio (investimento de 50 milhões de euros, com 150 quartos) e dá a possibilidade de visita às caves com prova de Vintage – alguns deles velhos – que não estarão disponíveis em mais lado nenhum. Segundo Pedro Braga, as obras na quinta da Boavista arrancarão em 2026/27, para transformar algumas das casas existentes na quinta em apartamentos com fim de enoturismo. Enoturismo em Arnozelo, no Douro Superior, não está nos planos a curto prazo. Ainda em Gaia, as caves da Burmester, que ficam ao lado da ponte D. Luis, serão objecto de renovação para poderem receber visitas.
Mas os projectos também se relacionam com as vinhas. Enquanto em S. Luiz tudo está já “fechado” em termos de reconversão, está ainda por fazer a geolocalização das vinhas velhas. Na Boavista foi feito o estudo de geolocalização e identificação de todas as castas das vinhas do Ujo (26 castas) e Oratório (56 variedades). Concluiu-se que a casta mais plantada ali é a Touriga Francesa mas, talvez inesperadamente, identificaram-se muitas cepas de Alicante Bouschet, ali presente, segundo Carlos Alves “provavelmente para dar mais cor aos vinhos, porque nestas vinhas velhas também havia muitas castas brancas”. Na Boavista, no tempo em que pertencia à Sogrape, apenas se fazia Porto, hoje só se faz DOC Douro e nada de Porto, mas a explicação é clara. “Quando adquirimos a quinta, era o DOC Douro que estava a ser a imagem da quinta e não quisemos alterar isso”, diz Pedro Braga. No entanto, o gestor não descarta a possibilidade de vir a fazer Porto na Boavista. Nela está ainda a proceder-se ao rearranjo das parcelas, para rentabilizar e tirar mais partido do uso de maquinaria. Vindimas à máquina? Onde for possível, no futuro não haverá alternativa, como concluiu Carlos.

Tawny sim, mas Vintage também
Num universo de 8.500.000 garrafas de Porto da Sogevinus cabem muitas categorias, marcas e estilos diversos. Numa época em que há uma espécie de “nuvem negra” sobre o generoso – o facto de ser doce e ter uma graduação elevada – associada a quebras no consumo e quebras nas categorias standard, as empresas tentam reinventar-se para fazer face às novas tendências: descobrir novas formas de consumo e novos mercados. Carlos confirma que “a aposta na China foi um fracasso, mas a Coreia do Sul está a revelar-se muito interessante, tal como a Nigéria e a Índia”. Quanto às novas formas de consumo, por exemplo a categoria rosé, que nunca “descolou”, tem-se revelado muito adaptada a consumo em cocktails e long drinks nas instalações das caves de Gaia, sobretudo da Cálem (as mais visitadas).
O universo Kopke contempla (sempre aqui falando só em tawnies), além das categorias standard e dos ruby (onde estão as categorias especiais de Vintage e LBV), os vinhos com indicação de idade, quer em tintos quer em brancos. Estes últimos, recorde-se, não se podem chamar Tawny, que é uma categoria reservada a tintos envelhecidos em casco e, por isso, têm de se chamar, por exemplo, 40 Years Old White. Mais recentemente foram lançadas novas categorias – 50 anos – em Old White e Tawny.
Na categoria Ruby, a Kopke tem alguma tradição e fama. Recordo, por exemplo, que o vintage 1985 se revelou, com o passar do tempo, como um dos melhores dessa declaração, inicialmente tida como estrondosa, mas em que muitos vinhos acabaram por evoluir muito mal. Não foi o caso do Kopke, e ainda hoje é possível adquiri-lo na loja. Outro vintage famoso, mas com história desconhecida da maioria dos consumidores, foi o 1945. Diz-nos Carlos que esse vintage foi adquirido à Niepoort, que precisava de liquidez e vendeu parte do seu 45. Não há muitos anos, Carlos e Dirk Niepoort provaram os dois, copo com copo, e foi óbvio, diz-me, que seriam o mesmo vinho. Na garrafeira histórica da Kopke repousa também o vintage mais antigo – 1922 – mas também há 1927, o celebérrimo ano que conjugou duas características anormais: grande qualidade e muita produção. Começar a vendê-lo em 1929 – ano da Grande Depressão – foi o que se imagina: não se vendeu, foi-se acumulando nas caves e, por isso, chegou até hoje!
À produção de Porto, a Sogevinus junta 1.100.000 garrafas de DOC Douro, distribuídas pelas várias marcas: residual na Cálem (marca Curva, muito usada no enoturismo das caves), ausente na Barros (só Porto) e forte na Kopke e Burmester.
Ancorada no grupo bancário Abanca (que entre outros negócios é dona da Pescanova), a Sogevinus traça planos quinquenais sempre com a aprovação de Juan Carlos Escotet, CEO do banco e muito interessado em vinhos. “Todos os meses está cá presente nas reuniões do Conselho de Administração; é muito exigente, mas dá-nos outra segurança”, como nos lembrou Pedro Braga.
O enólogo recomenda
Carlos Alves está na Sogevinus desde 2006, tendo feito a primeira vindima em 2004. A sua função é, sobretudo na época da vindima, de verdadeiro bombeiro, a correr de um lado para o outro, “dezasseis a dezassete horas por dia, sete dias por semana, porque a janela da vindima é muito curta e tudo tem de ser feito sem falhas porque os erros aqui comprometerão todo o negócio”. Uma vez acabada a vindima começa todo o trabalho, quer em Gaia quer nas quintas, acompanhando os vinhos.
Destinam-se para Colheita, no caso da Kopke, muito mais do que para outras marcas. Por exemplo na Cálem, o Colheita poderá representar apenas 10% dos 150.000 litros da Kopke. A Barros é a segunda marca mais forte em Colheitas, sobretudo no mercado interno. Desde 2002 que se faz Colheita na Kopke todos os anos.
Como lidar com um Porto Colheita? Carlos explica: “Aos nossos consumidores aconselhamos a que seja comprado o engarrafamento mais recente, bastando, para isso, ver a data que vem na garrafa (é obrigatório), porque são vinhos mais frescos e límpidos.” Para muitos consumidores persiste a ideia do quanto mais velho melhor e mais caro, mas no caso dos Colheita isso não é verdade. Pode ser válido para os vinhos que estão em casco, mas não para os que estão na garrafa e usam rolha bartop (cortiça com tampa de plástico). Mas Carlos não tem dúvidas: “a rolha bartop não veda como a rolha natural e também por isso dizemos que a garrafa tem de ser conservada em pé. E se o vinho estiver engarrafado há muitos anos, é importante decantar antes de servir. Logo ao fim de dois ou três anos poderá haver alguma turvação”. O manuseamento cuidadoso é, por isso, recomendável.
Nos Colheita mais velhos é inevitável a concentração de açúcar: o 1937 pode ter 150 gr/açúcar/litro enquanto o 2015 poderá ter 85 gr (tendência actual). O açúcar ajuda a envelhecer, mas com pouco açúcar também se sente muito o álcool. Há, por isso, que jogar num compromisso.
Lidar com 22 milhões de litros de stock exige dedicação. Disso não temos dúvida. E quando o stock de um ano ou marca chega aos mínimos, “deixamos de comercializar e fica ali a ver o que acontece, quem sabe para uma comemoração”. Quanto ao consumo, Carlos recomenda: garrafa no frio antes de servir, na própria garrafa ou em decanter.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
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Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1934 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1937 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1941 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1957 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1966 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1975 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1985 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1998 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 2005 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 2010 -

Kopke
Fortificado/ Licoroso - 2015
Pastel de Feijão de Torres Vedras certificado pela Comissão Europeia

O Pastel de Feijão de Torres Vedras foi oficialmente incluído no registo europeu de Indicações Geográficas pela Comissão Europeia, passo que conclui um processo de certificação iniciado em 2013 pela Associação Comercial e Industrial da Região Oeste (ACIRO) em parceria com a Câmara Municipal de Torres Vedras. Desde a publicação da atribuição do selo no […]
O Pastel de Feijão de Torres Vedras foi oficialmente incluído no registo europeu de Indicações Geográficas pela Comissão Europeia, passo que conclui um processo de certificação iniciado em 2013 pela Associação Comercial e Industrial da Região Oeste (ACIRO) em parceria com a Câmara Municipal de Torres Vedras.
Desde a publicação da atribuição do selo no Jornal Oficial da União Europeia, em 16 de janeiro, que se aguardava a conclusão da fase de consulta pública, que agora terminou, conta o município em comunicado divulgado junto da Comunicação Social.
O Pastel de Feijão de Torres Vedras junta-se, assim, aos mais de 3.655 nomes protegidos que constam da base de dados eAmbrosia e beneficiam de maior projecção nacional e internacional.
A origem conventual do Pastel de Feijão de Torres Vedras remonta ao século XIX. Hoje, a produção anual deste doce típico de Torres Vedras é estimada em 1,5 milhões de unidades, o que representa um retorno de cerca meio milhão de euros para a economia local.
Como Indicação Geográfica Protegida (IGP) da União Europeia, o Pastel de Feijão de Torres Vedras passa agora a beneficiar agora do reconhecimento da autenticidade e qualidade, que apenas os produtores certificados garantem.
Segunda colheita do Taylor’s Sentinels Vintage 2023 no mercado

A Taylor’s Port anunciou recentemente o lançamento do Taylor’s Sentinels Vintage 2023, o segundo engarrafamento desta marca, produzida pela primeira vez a partir da vindima de 2022. O nome Sentinels presta homenagem aos icónicos marcos de granito que delimitavam a zona que produzia os melhores vinhos do Porto na altura da demarcação, em 1756. Conhecida […]
A Taylor’s Port anunciou recentemente o lançamento do Taylor’s Sentinels Vintage 2023, o segundo engarrafamento desta marca, produzida pela primeira vez a partir da vindima de 2022.
O nome Sentinels presta homenagem aos icónicos marcos de granito que delimitavam a zona que produzia os melhores vinhos do Porto na altura da demarcação, em 1756. Conhecida por “Feitoria”, era autorizada para exportação na altura em que o Douro. É nesta área que se encontram encontram as quatro propriedades da Taylor onde são produzidas as uvas que deram origem a este vinho: Terra Feita, Junco, Casa Nova e Eira Velha. Cada uma delas contribui com a sua altitude, exposição solar e castas para produzir as uvas que dão origem ao Taylor’s Sentinels Vintage.
Os vinhos foram selecionados para a colheita de 2023 de forma a garantir a garantir que o lote final integra, de forma harmoniosa, as características distintas de cada propriedade, num conjunto equilibrado.
“O Sentinel’s Vintage 2023 é muito agradável na sua juventude, mas tem potencial para envelhecer de forma graciosa em garrafa, pois tem uma longa vida pela frente”, diz David Guimarães, o enólogo principal da Taylor’s a propósito desta nova colheita.
“Estamos orgulhosos de apresentar o Taylor’s Sentinels Vintage 2023, que dá continuidade à nossa tradição de produzir vinhos que celebram a herança do Vale do Douro e das propriedades da Taylor’s”, disse, por seu turno, Adrian Bridge, diretor-geral e chairman da Taylor’s.

















