AETERNUS: Um vinho para a eternidade

TEXTO João Geirinhas Como celebrar a vida de um Homem que se confunde com a sua obra? Como homenagear o empresário que marcou uma época? Mais importante que tudo, como eternizar o nome de um Pai? Luísa Amorim, CEO da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, pensou que a melhor maneira de o conseguir […]

TEXTO João Geirinhas

Como celebrar a vida de um Homem que se confunde com a sua obra? Como homenagear o empresário que marcou uma época? Mais importante que tudo, como eternizar o nome de um Pai? Luísa Amorim, CEO da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, pensou que a melhor maneira de o conseguir seria fazer um vinho. Não mais um vinho, que desses e bons já os fazia com metódica regularidade. Desta vez teria de ser um vinho que marcasse a diferença, que fosse sublime, claro, mas que transportasse consigo toda a emoção que a saudade amplia e que o enlevo da filha exigia.

Como dizia o Poeta, o homem sonha e a obra nasce. O vinho é o Aeternus e Américo Amorim o homem que o inspira. Da colheita de 2017, data da sua morte, um vinho quer vencer a lei da vida e desafia assim a eternidade. Luísa explica que “Américo Amorim sabia que o futuro só tinha lugar se preservássemos a história de um lugar. Adorava o Douro, os socalcos centenários, e os quilómetros de muros de xisto”, amava o vinho de tal forma que quando vendeu a empresa produtora que detinha na altura, quis conservar esse pequeno pedaço de paraíso que era a Quinta Nova e o entregou à mão cuidadora da filha Luísa, intuindo que esta garantia a continuidade do legado. Luísa desafiou a equipa de viticultura liderada pela Ana Mota e entusiasmou o enólogo Jorge Alves na tarefa de conceber e produzir o vinho que cumprisse o desígnio.

Tinha de ser um vinho raro. De um ano quente e seco como o Douro nos presenteia. Feito a partir das vinhas centenárias das encostas xistosas da Quinta Nova. A produção, baixíssima, não chega a meio quilo por planta e a concentração era evidente. A vindima foi precoce, como se a natureza tivesse pressa em apresentar o seu fruto. Daí para a frente, os dados estavam lançados e o vinho cumpria o seu destino. Os 12 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês burilaram o perfil. E as provas sucessivas acabaram por afinar o conjunto. Pouco mais que 3500 garrafas que estarão no mercado a €140. Desvendado ali, na noite da sua apresentação perante dezenas de convidados, na casa que foi da família e que é hoje da Fundação Albertina Ferreira de Amorim, Aeternus é mais que um vinho, é sobretudo a sua circunstância e quando o comentamos não podemos esquecer isso. Evoca o Douro clássico, mas transcende a região porque projecta a emoção de uma memória que é viva e que se quer perene. Eterna, é claro.

Projecto CV3 analisa impacto dos millennials no sector do vinho

O “Projecto CV3 – Criação de Valor na Vinha e no Vinho”, que tem como objectivo mobilizar os agentes económicos através da apresentação pública de casos, da organização de eventos e de estudos em contexto académico, realizou, em parceria com a Adega de Ponte de Lima, o seu 6º evento. Nesta Adega, que completa agora […]

O “Projecto CV3 – Criação de Valor na Vinha e no Vinho”, que tem como objectivo mobilizar os agentes económicos através da apresentação pública de casos, da organização de eventos e de estudos em contexto académico, realizou, em parceria com a Adega de Ponte de Lima, o seu 6º evento. Nesta Adega, que completa agora 60 anos, propôs-se a análise um dos aspectos mais debatidos sobre o futuro do sector do vinho, do ponto de vista comercial: o impacto que a nova geração de consumidores vai provocar nos produtores e na distribuição.

Fátima Carioca, da AESE Business School, foi a principal oradora da iniciativa, explicando quem são os consumidores millennials, os seus hábitos de consumo, e apresentando estratégias de comunicação, promoção e venda, tendo como alvo esta geração.

No painel de debate que aconteceu após a apresentação de Fátima Carioca, entraram em cena o enólogo Anselmo Mendes, Manuel Carvalho (director do jornal Público), Ricardo Silva (da Adega de Ponte de Lima), Beatriz Casais (professora de Comércio Digital da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho) e Lúcia Palma, responsável de vinho da Auchan Cascais. Este grupo de luxo discutiu se o sector do vinho está preparado para receber a nova geração de consumidores e referiu que, como indicado em comunicado de imprensa, “Tal como noutros negócios, no mercado do vinho não são apenas os produtos que estão em causa, mas também a história por trás de cada um e as relações, a experiência de compra e tudo o que a envolve são tão importantes como o próprio produto”, e concluiu que “A experiência exigida pelo consumidor está a mudar o paradigma da relação com o cliente, pelo que a organização se deve adaptar, olhando para o futuro”.

Foto de Anabela Trindade

Vinicom “agarra” vinhos Montez Champalimaud

A distribuidora Vinicom passa agora a distribuir, em exclusivo, os vinhos Quinta do Côtto, do Douro, e Paço de Teixeiró, dos Vinhos Verdes, referências da casa Montez Champalimaud. Miguel Montez Champalimaud, actual administrador da empresa, revela que, com esta parceria, pretendem “reforçar o projecto de reposicionamento dos vinhos da Quinta do Côtto e Paço de […]

A distribuidora Vinicom passa agora a distribuir, em exclusivo, os vinhos Quinta do Côtto, do Douro, e Paço de Teixeiró, dos Vinhos Verdes, referências da casa Montez Champalimaud.

Miguel Montez Champalimaud, actual administrador da empresa, revela que, com esta parceria, pretendem “reforçar o projecto de reposicionamento dos vinhos da Quinta do Côtto e Paço de Teixeiró”, e acrescenta: “Estas são duas marcas que beneficiam de uma enorme reputação junto do consumidor, pelo que procurámos um parceiro dinâmico e dedicado que partilhasse não apenas a nossa ambição, mas sobretudo os nossos valores e filosofia”.

Já Duarte Sousa Coutinho, director comercial da Vinicom, assume ser “um enorme privilégio poder integrar os vinhos da casa Montez Champalimaud no nosso portefólio, que se vê agora reforçado. Ambas as marcas são detentoras de uma longa história e de muito prestígio no mercado nacional, pelo que é a nossa responsabilidade garantir que serão trabalhadas com rigor e um profundo respeito. Esta é, aliás, a nossa filosofia há mais de 15 anos”.

Malhadinha Nova celebrou 18ª vindima com pompa e circunstância

No passado dia 27 de Setembro, a família Soares e toda a equipa da Malhadinha partilharam, com os seus convidados, mais um de final de época da vindima na Herdade da Malhadinha Nova. Este ano, celebrou-se não só a décima oitava vindima como também mais um “ano de sucesso”, como refere em comunicado de imprensa. […]

No passado dia 27 de Setembro, a família Soares e toda a equipa da Malhadinha partilharam, com os seus convidados, mais um de final de época da vindima na Herdade da Malhadinha Nova. Este ano, celebrou-se não só a décima oitava vindima como também mais um “ano de sucesso”, como refere em comunicado de imprensa. Na festa “Natural Wine Party”, que se realizou numa das novas unidades hoteleiras da Herdade, a Casa do Ancoradouro, foi feito um tributo à terracota, produzida com o barro da região.

A Malhadinha brindou os convidados com vinhos lançados já este ano, o Monte de Peceguina rosé e o branco de 2018, bem como monocastas brancos e tintos, entre eles o Antão Vaz, Verdelho e Arinto de 2018, assim como o Aragonez 2016 e o Touriga Nacional 2015. No decorrer do evento, os enólogos Luís Duarte e Nuno Gonzalez apresentaram colheitas antigas como Monte da Peceguina tinto 2013, e gamas superiores, como Pequeno João 2015 e MM da Malhadinha 2013.

Mas há novidades: em 2017 a Malhadinha Nova iniciou um projecto de ampliação da oferta turística com a recuperação de várias ruínas existentes na propriedade. Para além dos 10 quartos que já existiam no Monte da Peceguina (actual Malhadinha Nova Country House & Spa), este ano surgirão mais 20 quartos distribuídos por várias unidades.

Krohn e Quinta da Gaivosa lançam Vintage 2017

Depois de se juntarem à declaração da colheita de 2017 como ano Vintage, as casas Quinta da Gaivosa e Krohn fazem chegar os vinhos ao mercado português, pelas mãos da OnWine Distribuição Nacional, em exclusivo. O feito é inédito para a Quinta da Gaivosa, propriedade da família Alves de Sousa, e Wiese & Krohn, detida […]

Depois de se juntarem à declaração da colheita de 2017 como ano Vintage, as casas Quinta da Gaivosa e Krohn fazem chegar os vinhos ao mercado português, pelas mãos da OnWine Distribuição Nacional, em exclusivo.

O feito é inédito para a Quinta da Gaivosa, propriedade da família Alves de Sousa, e Wiese & Krohn, detida pelo grupo The Fladgate Partnership desde 2013. Pelo segundo ano consecutivo, ambas as casas declaram o ano de 2017 como Porto Vintage. Após um período de pré-reservas, os vinhos chegam agora ao mercado nacional, com quantidades muito limitadas.

O Quinta da Gaivosa Vintage 2017 tem um preço de €54 e o Krohn Vintage 2017 custa €68.

Encostas d’Alqueva revoluciona-se com nova marca Abegoaria

A fazer vinte anos de existência, o projecto multi-regional Encostas d’Alqueva assume um novo rosto perante o consumidor e todo o sector do vinho, com a sua nova marca Abegoaria. Com ela, a empresa quer ser reconhecida e fortalecer a sua imagem a nível nacional e internacional. Abegoaria, e todo o conceito que a envolve, […]

A fazer vinte anos de existência, o projecto multi-regional Encostas d’Alqueva assume um novo rosto perante o consumidor e todo o sector do vinho, com a sua nova marca Abegoaria. Com ela, a empresa quer ser reconhecida e fortalecer a sua imagem a nível nacional e internacional. Abegoaria, e todo o conceito que a envolve, é inspirada na Herdade da Abegoaria dos Frades, que a família Bio, criadora do projecto, detém no Alentejo. A sua história começa na margem esquerda do Guadiana, naquela região, e hoje expande-se para seis regiões do país.
Em simultâneo, são lançados os novos site, e filme institucional. Confira em baixo:

Grupo Nabeiro conquista Innovation Leader Impact Award

NA FOTO: Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro, por Gonçalo Villaverde. Como partilhado no site tribunaalentejo.pt, o MIND, modelo de inovação do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, também detentor da Adega Mayor, acaba de receber o prémio Innovation Leader Impact 2019, atribuído pela Innovation Leader, uma empresa americana que apoia organizações inovadoras por todo o […]

NA FOTO: Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro, por Gonçalo Villaverde.

Como partilhado no site tribunaalentejo.pt, o MIND, modelo de inovação do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, também detentor da Adega Mayor, acaba de receber o prémio Innovation Leader Impact 2019, atribuído pela Innovation Leader, uma empresa americana que apoia organizações inovadoras por todo o Mundo. É a primeira vez que esta entidade premeia um modelo de inovação português. Apenas são reconhecidas com esta categoria empresas cujas iniciativas se destacam pelo impacto e criação de valor para a organização e mercado.

Esta distinção é a categoria principal destes prémios, que incluiu, este ano, outras grandes empresas internacionais, como Bosh, Citigroup, Johns Hopkins University Applied Physics Lab, Duke Energy, Houston Methodist, Merchants Fleet, Adtalem Global Education, ou Vertex Pharmaceuticals.

“A Delta Cafés construiu uma plataforma de inovação multidimensional com elevada participação, que se foca tanto na importância do envolvimento e cultura dos seus colaboradores como na necessidade de gerar resultados inovadores” explicou Robert Urban, jurado do Impact Award 2019 e ex-Director Global de Inovação da Johnson&Johnson.

Já Rui Miguel Nabeiro, administrador do grupo, confessou: “Esta distinção é um reconhecimento da nossa forte aposta em inovação e na criação de ideias de negócio competitivas, que se traduzem na melhor experiência de consumo e de partilha proporcionados pelo café. Projectando o futuro, acreditamos que a inovação é e será sempre a maior vantagem competitiva das organizações”.

Santa Vitória – Belos Vinhos da Planície

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

No Baixo Alentejo, entre Beja e o mar, situa-se a Herdade de Santa Vitória, que se assume como unidade agrícola de várias valências. Da fruta ao azeite e ao vinho, e da terra para o consumidor final. As 32 unidades hoteleiras consomem 30 por cento da produção. E entre Portugal e Brasil escoa-se o milhão de garrafas que ali se produzem anualmente.

Texto João Paulo Martins
Fotos Ricardo Gomez

Estamos em terras alentejanas, lá bem para o sul, mas, ao contrário do que se poderia pensar, aqui não se caça; sorte para lebres e perdizes que por lá existem. Estamos em terras quentes onde se faz sentir o calor forte de Verão, onde o vento do sul, geralmente conhecido por “vento suão”, pode queimar a vinha de uma dia para o outro. Estas agruras do clima obrigam a uma adaptação às condições específicas da região para se poder pensar em produzir vinho. Na verdade, o vinho não tem por aqui história que mereça ser contada e pode mesmo dizer-se que até ao séc. XXI, estas terras alentejanas não estariam vocacionadas para a vinha.

Foi mesmo nestas terras de pequenas elevações e muita planície que nasceu a herdade da Casa de Santa Vitória, projecto agrícola do grupo Vila Galé, que inclui várias valências, desde a vinha, o olival e a produção frutícola – pêra rocha, as nectarinas, damascos e pêssegos – além de montado. A crescer de importância nesta zona, o amendoal vai ser uma aposta de futuro. O azeite ganha cada vez mais preponderância e ainda este ano será inaugurado um lagar que permitirá assim controlar todo o processo. Intensivo, super-intensivo, variedades locais, variedades espanholas e gregas, de tudo se pode encontrar aqui.

O grupo Vila Galé está especialmente vocacionado para a hotelaria e tem presença forte em Portugal e Brasil. São neste momento 32 as unidades hoteleiras e, tal como estava previsto desde o início, também aqui na herdade há um hotel e restaurante com aposta forte na gastronomia regional, como pudemos testemunhar. Com uma área muito grande de terra – 1.620 hectares – dos quais a vinha ocupa 127, a produção vinícola teve sempre a condicionante da água porque cedo se percebeu que dificilmente haveria uma viabilidade do projecto sem a rega da vinha. Esse problema resolveu-se com a água que chega do Alqueva. É assim há já 15 anos, tantos quanto o projecto tem de vida. A rega continua a ser tema de debate entre produtores e enólogos e esse debate estende-se a várias regiões do país. Os adeptos da não-rega sustentam que se a videira não é resistente à seca e à falta de água, então é porque a escolha da casta e do porta-enxerto terá sido mal feita; já os adeptos da rega opinam que sem água (e com as consequentes baixas produções) a actividade vitivinícola não seria viável. Aqui esse debate não chegou sequer a ter lugar, já que a opção pela rega foi clara.
Pelo clima quente que a região tem, a opção mais evidente seria naturalmente a produção de uvas tintas, mas até respondendo às solicitações do mercado, o branco teve aqui um comportamento que justificou a forte aposta, nomeadamente na casta Arinto. A surpresa, a bem dizer, só o será para quem não acredita que esta é a mais original e importante casta branca portuguesa.

Mudanças na viticultura

O técnico Nuno Cancela de Abreu esteve no arranque da aventura vínica do grupo Vila Galé. Mas hoje a orientação técnica está a cargo de Bernardo Cabral e Patrícia Peixoto, que são o rosto enológico da casa. Foi com eles que fizemos uma visita às vinhas, agora em período de crescimento acelerado da vegetação.

A aposta inicial nas castas – à época com a consultoria de Martim Avillez – apontou para as mais tradicionais do Alentejo, aquelas que no início deste século eram apontadas como as mais indicadas para a região – Aragonez, Trincadeira, Alfrocheiro nos tintos e Arinto e Antão Vaz nos brancos. Na verdade, sentiu-se aqui o mesmo problema, ou se se quiser, o mesmo dilema de todas as novas zonas alentejanas até então “virgens de vinha”: o que plantar e como plantar – densidade, compasso, produção por hectare – quando não havia histórico anterior que pudesse ser bom conselheiro. Entende-se assim melhor que algumas das opções dos primeiros plantios tivessem de ser emendadas. Levou-se então a cabo um trabalho de reenxertia de algumas castas – caso do Antão Vaz que se dá mal com estes solos pobres, tal como o Alfrocheiro; no caso do Aragonez foi preciso deslocar de local, em função da maior ou menor produtividade do solo. Esta casta tende a ser excessivamente produtiva e por isso precisa de solos realmente pobres e bem arejados.

Com novas plantações chegaram também novas castas, umas nacionais e outras vindas de fora, num movimento que tem sido muito comum em todas as novas vinhas alentejanas. Nos tintos chegaram Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Syrah; nos brancos, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viosinho e Verdelho.

Com o passar dos anos, uma casta mostrou aqui especiais virtudes, o Arinto, “uma casta excepcional, para não dizer mesmo incrível, tal a capacidade que tem de produzir bem e sempre com qualidade”, diz Bernardo. A vindima desta casta, salienta Patrícia Peixoto, “pode estender-se por três semanas, o que nos permite planear a vindima conforme o tipo de vinho que queremos produzir”. Grande parte da apanha da uva é feita à máquina que, em 8 horas de trabalho, faz o equivalente a 80 vindimadores. Quando se tem 127 ha de vinha, a apanha mecânica é uma enorme ajuda. E, reconhecemos que longe vão os tempos em que as máquinas de vindimar eram olhadas de soslaio por muitos produtores que lhe notavam defeitos vários na qualidade do que colhiam. Actualmente a melhoria técnica já convenceu os mais cépticos.

A agricultura que por aqui se pratica é de protecção integrada, fazem-se entre 7 e 9 tratamentos por ano e a produtividade é média, de cerca de 8 toneladas/ha. Se as geadas e o granizo não são assunto e de míldio pouco se fala, já outras doenças são mais preocupantes, como a Esca (doença de lenho) e a Cicadela (ou Cigarrinha verde, insecto que ataca as folhas da videira). O clima quente é favorável para a não ocorrência de várias moléstias da vinha, mas não todas e por isso aqui não se arrisca e fazem-se os tratamentos necessários.

Uma adega com muitas valências

A adega da Casa Santa Vitória é um puzzle. Uma misturada enorme de barricas de todas as dimensões e de múltiplas origens. Porquê? A resposta veio rápida: “fazemos prestação de serviços para três produtores, desde a Herdade da Bombeira, em Mértola, até à marca Vicentino, cuja herdade fica perto do mar (além de um produtor novo). Isso obriga a equacionar imensas variáveis conforme os requisitos de cada produtor e os que temos são extremamente exigentes”, lembra Bernardo. E acrescenta: “mas isso também tem algo de muito curioso porque passamos da prova de uma barrica do Alentejo mais interior para outra onde temos um vinho atlântico completamente diferente; isso é muito desafiante”. No conjunto, os três produtores a quem a equipa presta assistência, representam meio milhão de garrafas.

Na adega inoculam-se todos os brancos com leveduras. Bernardo diz que “é muito mais seguro”; mas muitos dos tintos não são inoculados, fermentam com as leveduras indígenas. Este continua a ser hoje um tema de debate entre produtores, enólogos e winewriters de todo o mundo, mas por aqui sabe-se que o risco é grande se toda a fermentação não decorrer de forma controlada.

Para Santa Vitória adquirem-se 30 barricas novas/ano, uma quantidade objectivamente pequena, mas agora, que as novas tendências do gosto mudaram, é sobretudo a barrica usada que tem mais uso, em detrimento da barrica nova. Por isso é hoje bem menor o “peso” da barrica nos vinhos, quer nos brancos quer nos tintos.

Novos projectos em carteira

E, quanto a projectos, há novidades. Para já no Douro onde foi adquirida uma quinta (com estadia de alguns quartos), perto da foz do rio Torto e ao lado da Quinta de Nápoles. A quinta dispõe de 22 ha de vinha e onde já se fez a vindima de 2018. Bernardo não se poupa em elogios ao que lá se colheu, “uvas fabulosas, estou convencido que vamos conseguir fazer ali grandes vinhos”. Há vontade de avançar na região dos Vinhos Verdes, mas para já não há decisões. E quanto ao Alentejo, é possível que se avance para um vinho de talha. “Já plantámos Moreto” e, apesar de todos dizerem que é cada vez mais difícil comprar talhas, “esse assunto está controlado”, como nos lembrou Bernardo Cabral. No capítulo dos espumantes é provável que se dê o salto do exclusivo consumo interno do que se produz para uma produção que vise a ida para o mercado. Os vinhos têm mudado de estilo, acompanhando as modas, neste caso as boas modas: tintos com menos grau e menos extracção e brancos com mais frescura e menos barrica nova. O consumidor avisado só pode mesmo aplaudir.

NA FOTO: Bernardo Cabral e Patrícia Peixoto.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Edição Nº26, Junho 2019