O que (realmente) bebemos

Editorial da revista nº51, Julho 2021 Um jantar de amigos cujos vinhos me fazem reflectir, pela enésima vez, sobre a eterna questão do poder versus elegância. A sensação de dejá vu (ou melhor, “dejá escrito”) que me transporta a um editorial de há quase duas décadas. E a conclusão de que, por muito que as […]

Editorial da revista nº51, Julho 2021

Um jantar de amigos cujos vinhos me fazem reflectir, pela enésima vez, sobre a eterna questão do poder versus elegância. A sensação de dejá vu (ou melhor, “dejá escrito”) que me transporta a um editorial de há quase duas décadas. E a conclusão de que, por muito que as tendências vínicas vão mudando, na hora de “fazer figura”, o tipo de vinho que escolhemos não muda tanto assim.

 

Façamos o seguinte exercício. Perguntemos às amigas e amigos que entendem e apreciam vinhos de qualidade, qual a garrafa que levavam para a (inevitável) ilha deserta. Aposto que as respostas irão: primeiro, privilegiar os vinhos brancos; segundo, Borgonha e Champagne à cabeça, ou talvez (os mais patriotas) Dão Encruzado ou Monção e Melgaço Alvarinho ou Pico Verdelho. Muito poucos irão referir um tinto do Alentejo ou do Douro, um Bordéus ou Barolo clássicos, ou mesmo um Porto Vintage. Coloquemos então a questão de outra forma, mais directa: qual o perfil de vinho que mais apreciam? Garanto que 99% dos apreciadores inquiridos irão apontar para a santíssima trindade dos atributos vínicos: leveza, elegância, frescura.

Agora deixemo-nos de exercícios e passemos à realidade. Cenário: um lauto jantar entre cinco amigos, na casa de um deles, onde foi pedido a cada um que levasse uma garrafa. Atenção, não se escolhe uma garrafa qualquer para um jantar entre gente que sabe de vinho. É preciso algo que não se beba todos os dias, que impressione, que nos permita sair no final com a sensação, mesmo que enganadora, de que o “vinho da noite” foi o nosso. Então, dito isto, e depois dos espumantes/champagnes de entrada, que vinhos estiveram na mesa? Um branco “vin jaune” de Jura invulgarmente bom (pelo menos para mim, que não sou fã da região) e quatro tintos, todos eles de elevadíssimo nível: um Rioja “moderno”, um “super toscano”, um Toro “tradicional” e um Bairrada “clássico”. O que estes vinhos tinham em comum? Ainda que a nenhum faltasse frescura e alguns manifestassem mesmo uma certa elegância, nenhum deles encaixava propriamente no estereotipo de “leve, elegante e fresco”.

Onde é que eu quero chegar com tudo isto? Apenas salientar que, apesar de em nossas casas (e falo por mim), preferirmos beber vinhos mais leves no álcool e mais vivos na acidez, quando queremos mesmo impressionar, arrasar a “concorrência”, mandamos o vinicamente correcto às malvas e vamos buscar a artilharia pesada. E isto, note-se, entre pessoas que têm acesso a vinhos ultra premium. Se olharmos para o que bebe a esmagadora maioria dos consumidores do mundo, consumidores comuns que não têm de “esnobar” (deliciosa expressão brasileira!) ninguém, a cor, a concentração, a opulência e, em muitos casos, o álcool, são os maiores atributos.

Então, em que ficamos? Poder ou elegância? Respondo com um excerto de um editorial que escrevi no longínquo ano de 2002. “Quem possui algum interesse pelos grandes vinhos do mundo, já provavelmente ouviu falar na dicotomia ‘Bordéus-Borgonha’, como exemplo de dois estilos de vinho completamente opostos: de um lado o poder e a concentração, do outro lado a elegância e a finura. Normalmente, os apreciadores procuram colocar-se de um lado ou do outro, defendendo a sua ‘dama’ com diversos tipos de argumentos. É uma discussão fútil, quanto a mim, porque o poder e a elegância não são incompatíveis. Ou seja, o grande vinho é quase sempre, ao mesmo tempo, poderoso e elegante.“

Já agora, para aquele jantar, fui eu que levei o Bairrada clássico. O vinho, Baga de vinhas velhas, tem 14,5% de álcool, garra, tanino, acidez, muito sabor e frescura. A elegância também virá, com o tempo em cave. E, claro, em minha opinião, como não podia deixar de ser, foi o vinho da noite.

Tanto Douro

Editorial da revista nº50, Junho 2021 Provavelmente, muitos não terão ainda dado por isso, mas a verdade é que os vinhos do Douro mudaram, e bastante, ao longo, sobretudo, da última década. O território continua o mesmo, imponente, marcante. Mas as opções vínicas são, hoje, muito mais diferenciadas, deixando o tom monocromático de outrora para […]

Editorial da revista nº50, Junho 2021

Provavelmente, muitos não terão ainda dado por isso, mas a verdade é que os vinhos do Douro mudaram, e bastante, ao longo, sobretudo, da última década. O território continua o mesmo, imponente, marcante. Mas as opções vínicas são, hoje, muito mais diferenciadas, deixando o tom monocromático de outrora para exibirem toda a paleta do arco-íris.

 

Aviso à navegação: vou dizer algo que pode chocar as almas vínicas mais sensíveis. Se for o caso, por favor, parem de ler por aqui. Continuo? Então aí vai: durante muito, muito tempo, a prova dos melhores tintos do Douro, com trinta ou quarenta vinhos, era a avaliação mais aborrecida, monótona, física e mentalmente extenuante, do calendário anual de provas da nossa equipa. Pronto, está dito.

Agora, deixem que justifique tão singular afirmação. O desafio principal desse painel de prova assentava no facto de os vinhos serem cansativamente bons (sem os altos e baixos que facilitam avaliar grande número de amostras) e, ao mesmo tempo, insuportavelmente parecidos uns com os outros. E porquê? Porque a uniformidade de decisões de adega tomadas pelos produtores e enólogos para os tintos mais ambiciosos do seu portefólio, acabava por esbater consideravelmente a origem das uvas.

O Douro moderno, no que aos vinhos “não Porto” diz respeito, nasceu no início dos anos 90. Ramos Pinto, Niepoort, Alves de Sousa, Quinta do Crasto foram alguns desses pioneiros, seguidos no final dessa década por nomes como Vallado, Vale Meão, Quinta da Leda, Chryseia, entre outros. Na década seguinte o Douro já fervilhava. E uma nova geração de produtores e enólogos partilhava entre si conhecimentos e experiências enriquecedoras, consolidando, colheita após colheita, a qualidade dos seus vinhos, empurrados por um mercado receptivo e entusiástico. Nunca tantos e tão bons vinhos se tinham feito no Douro. Apenas um senão, aquele que acima mencionei: ao contrário dos vinhos pioneiros, que assentavam num processo de aprendizagem, e também por isso bem diferentes entre si, estes vinhos partiam de técnicas e equipamentos comuns (quase toda a gente fazia as mesmas macerações e remontagens e comprava as barricas nas mesmas tanoarias…) e eram demasiado semelhantes no conceito e no estilo.

Nos últimos nove ou dez anos, o panorama tem vindo a mudar. Resolvido o conhecimento técnico, existe agora muito mais margem de manobra para experimentar com segurança. E os profissionais durienses estão a tirar o máximo partido disso. Todos os recipientes de fermentação e estágio são válidos (lagar, inox, cimento, barro, até plástico alimentar…), a madeira não tem a preponderância de outrora, a marcação da vindima já é feita em função do estilo de vinho pretendido (encontramos belos tintos, entre os 12,5% aos 15,5%…).

Mais importante do que tudo o resto: o respeito pela origem está na primeira linha das preocupações de produtores e enólogos. Baixo Corgo, Cima Corgo, Douro Superior, vale do Tua, do Torto, do Pinhão, do Távora, do Côa, exposição solar, altitude, castas, constituem um imenso puzzle que começa agora, verdadeiramente, a fazer sentido. Já não basta dizer que o vinho é do Douro. Cada vez mais, um local concreto se expressa nos aromas e sabores do vinho, tão ou mais importante do que as decisões de vinha e adega.

Duas reportagens publicadas nesta edição sobre novos vinhos durienses constituem os melhores exemplos do que acabo de referir. A Quinta de Ervamoira exalta o Douro moderno: a vinha ao alto, a Touriga Franca e a Touriga Nacional, o carácter do Côa na suprema qualidade da fruta e polimento de taninos.

A Quinta da Manoella é um monumento ao Douro antigo: a vinha velha com inúmeras castas, o field blend, a personalidade de Vale de Mendiz na notável complexidade silvestre, terrosa e fresca.

Hoje, podemos continuar a dizer que os vinhos do Douro nunca foram tão bons. Mas devemos acrescentar que nunca foram tão diferentes e respeitadores das suas muitas origens. A região chegou, finalmente, à sua idade do ouro.

 

Tempo

Editorial da revista nº49, Maio 2021 Regra geral, quando chamados a associar vinho e tempo, de imediato pensamos na forma como o primeiro se comporta na garrafa com o passar dos anos, na sua curva de crescimento, na fase de aquisição de complexidade, na fase de declínio, no ponto óptimo de consumo. Mas raramente, se […]

Editorial da revista nº49, Maio 2021

Regra geral, quando chamados a associar vinho e tempo, de imediato pensamos na forma como o primeiro se comporta na garrafa com o passar dos anos, na sua curva de crescimento, na fase de aquisição de complexidade, na fase de declínio, no ponto óptimo de consumo. Mas raramente, se é que alguma vez o fazemos, reflectimos sobre a nossa própria evolução enquanto criadores ou consumidores de vinho.

 

A chamada “prova horizontal”, consiste na avaliação de várias marcas ou referências, do mesmo produtor/região e do mesmo ano, e oferece-nos uma excelente oportunidade para perceber as características específicas daquela colheita num determinado local, buscando denominadores comuns do ano vitícola e efeitos distintos consoante a casta, solo, exposição solar ou altitude, por exemplo. Neste modelo, o foco está numa colheita concreta, e é ela que nos transmite a informação que pretendemos.

Por contraponto, a “prova vertical” permite-nos avaliar a mesma referência, do mesmo produtor, ao longo de várias colheitas. “Horizontais” e “verticais” são modelos de prova totalmente diferentes e que visam objectivos distintos. Embora aprecie imenso ir de cuba em cuba, numa adega, provando os vinhos do ano acabadinhos de fazer, confesso que prefiro as provas verticais, sobretudo quando estou perante uma marca com larga história e muitas colheitas para apresentar. E a principal razão desta preferência tem a ver com o factor tempo, que pode ser abordado de múltiplas formas.

Claro que, numa primeira linha de avaliação, está o comportamento do vinho na garrafa e a forma como superou (ou não) a prova do tempo. É interessantíssimo verificar como, na grande maioria dos casos (sobretudo se estivermos perante uma marca/referência de nível superior), os vinhos (brancos ou tintos) precisam de tempo para atingir o seu auge. Mas nem sempre essa ascensão qualitativa é uniforme, ou previsível. Acontece muitas vezes enfrentarmos uma colheita jovem precocemente envelhecida e outra bem antiga e surpreendentemente jovem. É a magia do vinho a funcionar.

No entanto, numa prova vertical, gosto igualmente de imaginar o que ia na cabeça do produtor/enólogo durante vindima, qual era a sua abordagem, que vinho pretendia fazer há cinco, dez, quinze, vinte anos. Se pensarmos nas avassaladoras mudanças que o mundo do vinho tem atravessado em espaços temporais relativamente curtos, mudanças ao nível da produção (viticultura, enologia, tecnologia, conceitos) e ao nível do mercado (gosto do consumidor, comercialização, modas e tendências) facilmente chegamos à conclusão, tantas vezes evidenciada pela sequência de vinhos que temos nos copos, de que a abordagem do criador ao vinho foi mudando ao longo do tempo. O que nos leva a uma constatação ainda mais complexa: no caso de vinhos que levam vários anos em cave até chegarem ao mercado, como acontece com alguns tintos e espumantes mais ambiciosos, o perfil do vinho que acabámos de comprar na loja pode já nem sequer corresponder inteiramente àquilo que o seu produtor/enólogo entende hoje como o perfil ideal para o seu produto.

O mesmo se passa, claro, com o nosso comportamento enquanto consumidores. O tempo muda a forma como olhamos para um vinho. E fá-lo de forma tão gradual e subtil que, frequentemente, nem damos por isso.  Falo por mim: vinhos que adorei há duas décadas continuam a extasiar-me hoje, sempre que vou à cave e abro uma garrafa; e outros que avaliei bem alto há apenas 7 ou 8 anos, já pouco me dizem. Dou por mim a abrir a garrafa, provar, e despejar na pia. Não porque o vinho tenha perdido qualidades, longe disso. Embora mais velho, continua muito bom, exactamente como eu o descrevi na altura. Mas, vá lá saber-se porquê, já não me apetece, não me entusiasma, não mexe comigo, não me dá prazer. As coisas que o tempo faz…

Onde tudo começa

Editorial da revista nº48, Abril 2021 Terra, pedra, textura. Vale, encosta, planalto. Vento, chuva, escaldão, geada. Podar, empar, vigiar, tratar. Enfrentar o frio e o calor, provar os bagos para avaliar sabor, açúcar, acidez, taninos. Regressar triste ou contente, desalentado ou entusiasmado. Será que o tempo aguenta até à vindima? É ali, na vinha, que […]

Editorial da revista nº48, Abril 2021

Terra, pedra, textura. Vale, encosta, planalto. Vento, chuva, escaldão, geada. Podar, empar, vigiar, tratar. Enfrentar o frio e o calor, provar os bagos para avaliar sabor, açúcar, acidez, taninos. Regressar triste ou contente, desalentado ou entusiasmado. Será que o tempo aguenta até à vindima? É ali, na vinha, que tudo tem início. Quem não sente a videira, não pode verdadeiramente sentir o vinho.

Em mais de três décadas a escrever sobre vinhas e vinhos já assisti a muitos ciclos de produção e comercialização. Quando comecei, em 1989, a esmagadora maioria das marcas existentes no mercado correspondiam a vinhos que não tinham sido feitos pela empresa que os engarrafou. Em muitos casos, o proprietário da marca, sobretudo as de maior volume, não tinha sequer ideia da origem do vinho que comprou e que depois vendeu com o seu rótulo. Salvo honrosas excepções, vinha, vinho e marca eram três mundos separados que só se relacionavam através de transações comerciais. Algumas casas entre as grandes possuíam adegas e vinhas próprias, é certo. Mas estas representavam uma parte irrisória das suas necessidades de uvas e vinho. E, mesmo dentro de casa, a vinha era algo longínquo para quem estava na adega e na sala de provas. Em muitas empresas, o enólogo chefe raramente sujava as botas na vinha e, quando o fazia, não era com prazer.

Entretanto, o consumidor foi-se tornando mais conhecedor e exigente. E, a dada altura, deu-se um momento de viragem, quando encontrou valor acrescentado nos chamados “vinhos de quinta”. As empresas maiores sentiram então a necessidade de ter mais controlo sobre a matéria-prima que recebiam. Começaram a aumentar a sua área de vinha, a profissionalizar a vertente agrícola, a valorizar os conhecimentos dos técnicos de viticultura.

No início no século XXI, cresceu entre o apreciador a vontade de saber mais, de chegar até à origem do vinho, de visitar a vinha onde este nasceu. Ao mesmo tempo, já não lhe bastava aceder a um bom produto, o vinho tinha também de ser diferenciador, de ter uma história para contar. Aliada esta vontade do mercado à necessidade de manter a consistência das marcas, as grandes casas reforçaram o seu investimento em terra, em vinha e nos recursos humanos que lhe estão associados. Hoje em dia, é quase impensável para as empresas de maior dimensão, e com marcas em diversos segmentos de preço, não controlar a maioria das uvas, seja nas vinhas próprias, seja nas dos fornecedores.

Curiosamente, porém, nos últimos dois ou três anos, tenho vindo a assistir a algo que, até há pouco, julgaria impensável: o nascimento de marcas de nicho alicerçadas num nome “cool” e num rótulo atractivo, e potenciadas pelas redes sociais. Marcas sem vinha, sem adega, sem vinho (!), protagonizadas por pessoas oriundas de outras áreas de actividade que se insinuam junto de um produtor e que, perante dez ou doze amostras que lhe colocam à frente, escolhem uma para vender com o seu nome. E depois, apesar de nunca terem pegado numa tesoura de poda, enchido uma cuba, colocado uma rolha, contam no Facebook uma história sobre uma vinha que não conhecem e sobre um vinho que “ajudaram a fazer”. Alguns, não têm vergonha de acentuar que até “ensinaram” o enólogo a melhorar o lote. E vendem essas garrafas como vinho “de autor”, cinco vezes mais caro. Só cai quem quer, é verdade, e gente com talento para tomar como seu o trabalho dos outros sempre houve em todas as áreas de negócio. O que me espanta, no entanto, é que são precisamente os apreciadores que valorizam a genuinidade e a diferença que vão no logro, e compram esta falsa exclusividade a um preço muito acima do seu valor qualitativo.

Tenho para mim que, quanto mais ambicioso e oneroso for um vinho, mais fácil deverá ser para o consumidor seguir as suas pegadas até à origem. E a origem de um grande vinho é terra, é vinha, é gente. É verdadeiramente ali que tudo começa. Sem essa rastreabilidade, o vinho é apenas uma marca, mais uma.

Online

soluções online encurtam distâncias

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Editorial da revista Nº43, Novembro de 2020

A internet aumentou desmesuradamente o seu peso nas nossas vidas profissionais (e pessoais!) desde março de 2020. No sector do vinho, a verdade é que o online, não resolvendo nada e, muito menos (longe disso), substituindo a interação pessoal, atenua os efeitos que o distanciamento social nos impõe. E em algumas áreas, quando bem usadas, as soluções online são de tal forma eficazes que, acredito, nunca mais voltaremos a trabalhar como antes da pandemia.

Luis Lopes

Reuniões, apresentações, vendas, muito do que fazemos hoje deixou de ser presencial e passou a virtual. No meu caso, nunca acreditei naqueles que, quando o covid-19 dinamitou os negócios, apontaram o e-commerce como solução milagrosa. Hoje, a grande maioria dos produtores de vinho portugueses possui uma loja online ou trabalha com um parceiro nessa área, mas quase todos confessam que as vendas são residuais.

No que respeita à comunicação produtor/líderes de opinião ou produtor/consumidor, também, confesso, desconfiei da eficácia do online. As muitas apresentações de vinhos a que assisti através das habituais plataformas (Zoom, Teams…) reforçaram essa desconfiança. Algumas foram absolutamente patéticas, com produtores calados e estáticos enquanto meia dúzia de jornalistas e sommeliers provavam, igualmente sisudos, o vinho que fora enviado para casa, interrompendo o desconfortável silêncio com uma ou outra pergunta do tipo “que grau tem este vinho?” mostrando que nem a ficha técnica do produto se tinham dado ao trabalho de consultar.

No entanto, no meio de tudo isso, uma ou outra apresentação dinâmica, bem conseguida, interventiva, sugeriu-me que o online poderia funcionar como ponte de comunicação, desde que bem utilizado. Recentemente, dois eventos completamente distintos, derrubaram as minhas dúvidas e revelaram-me o enorme potencial da ferramenta que temos em mãos.

Num deles, participei como convidado na adega de um produtor, enquanto através do Zoom era feita a apresentação de um vinho para um grupo de 20 jornalistas e sommeliers de topo no Brasil. Não foi uma apresentação vulgar. Espalhados pela gigantesca metrópole de São Paulo, esses 20 profissionais receberam, ao mesmo tempo, um kit composto por um prato de bacalhau elaborado por um famoso restaurante de cozinha portuguesa e um frappé selado com garrafa e gelo.

Na adega, um ecrã de grande formato revelava as caras dos participantes, incluindo o importador local. O almoço decorreu como se estivéssemos todos na mesma sala. O produtor, e eu próprio, fomos bombardeados com perguntas interessantes e interessadas, ouvidas e respondidas mais facilmente do que se nos encontrássemos numa comprida mesa. Saí dali a pensar que: primeiro, a acção deve ter saído muito mais barata ao produtor do que se tivesse voado para São Paulo e pago a refeição num restaurante; segundo, muitas daquelas pessoas nem sequer iriam comparecer no restaurante e ali estavam todas, confortavelmente, em suas casas; terceiro, nenhum deles se vai esquecer nem do momento nem do vinho.

O outro evento foi muitíssimo mais ambicioso, na escala e nos meios envolvidos. Nunca, no mundo, se fez algo como o Vinhos de Portugal, realizado nos dias 23, 24 e 25 de outubro e transmitido online para os domicílios de quase 1100 pessoas, que compraram os bilhetes (com a opção de packs de vinhos) no Brasil e em Portugal. O evento dos jornais Público, O Globo e Valor Económico, em parceria com a Viniportugal, e em que tive o privilégio de participar como um dos orientadores das sessões, realizou 62 lives/entrevistas de 25 minutos com produtores e 16 provas temáticas de 60 minutos. A milhares de quilómetros do local da acção, grupos de amigos e famílias abriam as garrafas recebidas, assistiam às provas, questionavam oradores e produtores.

O enorme sucesso desta iniciativa substitui o contacto pessoal e a interacção numa sala de provas? Não, definitivamente. Mas evidenciou-se como um modelo alternativo, agora, e complementar, no futuro. O online é uma ferramenta, como um martelo ou um automóvel. Posso estragar uma parede quando queria pregar um prego ou atropelar alguém quando apenas pretendia levar-me a um local. No fundo, o online não é mais do que o reflexo das pessoas que o usam.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Gaivosa multiplex

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.

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Marca clássica do Douro, nascida na colheita de 1992, a Quinta da Gaivosa desdobra-se hoje num vasto conjunto de referências, entre brancos e tintos, oriundos de vinhas mais jovens e mais antigas, com parcelas muito distintas umas das outras. Mas independentemente da origem e das opções de adega, a verdade é que o carácter Gaivosa está sempre presente, como se comprova nas novas colheitas agora colocadas no mercado.

TEXTO Luís Lopes

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.
Domingos Alves de Sousa e Tiago Alves de Sousa

Multiplex, definição: conjunto muito variado de elementos que se cruzam numa relação complexa.

A encosta da Gaivosa é conhecida desde os primórdios da nacionalidade, sendo o monte referido na “Carta de doação e couto da ermida de Santa Comba” assinada por D. Afonso Henriques em 1139. Será de supor que então existisse vinha naquele local, que hoje se situa junto à antiga Estrada Nacional 2, na freguesia da Cumieira, a 4 km de Santa Marta de Penaguião. Garantidamente, a vinha já era ali a cultura dominante à época da demarcação da região do Douro, com as célebres Memórias Paroquiais de 1758 (questionário que o Marquês de Pombal mandou fazer em todas as paróquias do reino) a referirem expressamente o “sítio da Gaivoza, bem conhecido pelos exquesitos vinhos”.

A propriedade situa-se na margem direita do rio Corgo e as vinhas estão plantadas entre os 240 e os 450 metros de altitude em solos de xisto bastante pedregosos. Neste extremo noroeste do Baixo Corgo o clima é mais ameno do que na maior parte da região do Douro, para o que contribui também a proximidade do Marão e a floresta da quinta.

A família Alves de Sousa produz ali uvas e vinhos desde há muitos, muitos anos. Domingos Alves de Sousa representa a quarta geração de viticultores e foi ele que protagonizou a grande mudança na vocação familiar, passando de fornecedor de vinho do Porto a granel às principais casas de Gaia, para produtor de vinho do Douro engarrafado.

A estreia, na vindima de 1992, do Quinta da Gaivosa tinto, faz parte da história do Douro moderno e foi o primeiro passo para a consagração da marca. O Quinta da Gaivosa, resultado da fermentação conjunta das uvas das melhores parcelas da propriedade, com a consultoria enológica de Anselmo Mendes, apareceria apenas nos melhores anos, surgindo depois em 1994, 1995, 1997, 1999 e 2000. Na vindima de 2003 optou-se por uma outra abordagem, com a vinificação separada por parcela, fazendo-se o lote no final. Os Gaivosa que se seguiram (2005, 2008, 2009, 2011, 2013, 2015 e 2017) mantiveram o conceito.

A separação das parcelas possibilitou igualmente o nascer de novas referências, como o Vinha de Lordelo e o Abandonado.  Entretanto, a enologia da casa foi assumida por Tiago Alves de Sousa, com a quinta geração a dar continuidade à saga familiar.

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.

Vinhas diferenciadoras

A propriedade onde nascem as várias declinações do Quinta da Gaivosa tem 25 hectares de vinha, com diversas orientações solares (predominando poente nas castas tintas e nascente na brancas), declives (entre os 30 e 45%), sistemas de plantação e condução, e idades. As castas tintas representam 75% e as brancas 25%. Quase metade dos vinhedos é constituído por videiras muito velhas, algumas centenárias, com as castas tradicionais misturadas.

É nestas vinhas mais antigas que têm origem o Quinta da Gaivosa, o Vinha de Lordelo e o Abandonado. Estão ali representadas mais de 50 variedades de uva, 30 tintas e 20 brancas, incluindo nomes que raramente aparecem nos contra-rótulos durienses: Donzelinho Tinto, Tinta Bairrada, Malvasia Preta, Tinta da Barca, Touriga Brasileira, Alicante Bouschet, Ratinho, Chasselas, Avesso, Tamarez, Cerceal, Moscatel de Alexandria…

Mas a quinta tem igualmente uma área de vinha ao alto, uma outra de patamares e ainda, desde 2014, uma parte constituída por “vinhas tradicionais novas”. Esta última é a “menina dos olhos” de Tiago Alves de Sousa. “Temos hoje a possibilidade de comparar os vários modelos adoptados ao longo da história do Douro – vinhas tradicionais, patamares, vinha ao alto”, refere. “Quais as mais bem adaptadas às condições naturais, mais preparadas para os desafios climáticos, mais amigas do ambiente, mais longevas, as que dão vinhos de maior qualidade e maior identidade?”, é a pergunta que deixa, adivinhando-se a resposta.

O futuro, assegura, está nas “novas vinhas velhas”. No fundo, trata-se de recriar a vinha tradicional do Douro, aproveitando as suas melhores características e combinando-as com uma viticultura moderna e de precisão. O que significa a preservação da topografia natural da encosta, mantendo os antigos muros de xisto, com as videiras plantadas segundo as curvas de nível; a opção pelo sistema clássico de condução em Guyot duplo; a alta densidade de plantação (8.000 videiras/hectare); a mistura de castas, mas não de forma aleatória, antes organizadas em linhas ou micro-blocos; e a preservação nestas vinhas do património genético das castas oriundas das vinhas mais velhas da Gaivosa.

A partir de 2014, todas as novas vinhas da Gaivosa foram feitas desta forma e o tinto Gaivosa Primeiros Anos de 2017 que aqui provámos foi o primeiro fruto do actual modelo de plantação.

É, pois, desta amálgama de tradição e modernidade que são feitos os vinhos hoje produzidos na Gaivosa. “Estamos a preparar o futuro, preservando as vinhas do passado, por um lado e, por outro, plantando as vinhas do amanhã para as novas gerações”, diz Tiago. “E essas vinhas assentam na sustentabilidade e na identidade”, conclui.

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.[/vc_column_text][vc_column_text]

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Aveleda: O futuro constrói-se na vinha

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No ano em que comemora o seu 150º aniversário, a histórica Aveleda reafirma-se como uma das mais dinâmicas e visionárias casas vinícolas de Portugal. Os novos vinhos agora apresentados mostram ao mundo uma outra face da Aveleda e são o fruto mais visível do monumental investimento estratégico que a empresa tem vindo a fazer lá onde tudo começa, na vinha.

 Texto: Luís Lopes                   

Fotos: Aveleda

Aveleda comemora 150 anos e afirma-se como uma das casas mais dinâmicas de Portugal
Martim e António Guedes

Nas últimas duas décadas, a região dos Vinhos Verdes foi certamente uma das que mais desenvolveu qualitativamente os seus vinhos. Globalmente, os Verdes de hoje nada têm a ver com os que chegavam à nossa mesa há apenas alguns anos. Mas apesar do enorme trabalho realizado na vinha, na adega e nas mentalidades, a realidade agrícola regional continua a ser um forte entrave a uma mais rápida evolução.

Falta estratégia no ordenamento territorial, há um êxodo demográfico com progressivo abandono das terras, o minifúndio predomina, subsistem largas franjas de uma cultura vitícola tradicional e pouco aberta à inovação. Vários produtores têm lutado contra estas amarras, mas ninguém o consegue fazer com tanto impacto quanto a maior e mais antiga empresa da região, a Aveleda.

A pouco e pouco, desde 2005, com a plantação de 40 hectares em Celorico de Basto, a Aveleda tem vindo a sair da sua “zona de conforto vitícola” de Penafiel, investindo no estudo aprofundado de solos, climas e castas noutras zonas da vasta região dos Vinhos Verdes, com o objectivo de alargar o seu património vitícola e garantir o máximo de controlo sobre a matéria prima de que necessita. Nos tempos mais recentes, e sobretudo após 2018, com a plantação dos primeiros 70 hectares da vinha de Cabração (Ponte de Lima), ficou claro que a viticultura se assume como um pilar absolutamente fundamental da estratégia da Aveleda.

Os números são bons indicadores do caminho percorrido e da sua progressão: em 1995, a Aveleda controlava pouco mais de 20 hectares de vinhedos; em 2015, eram já 150 hectares; em 2020, na celebração dos seus 150 anos de vida, a empresa pode orgulhar-se de possuir 450 hectares nos Vinhos Verdes, o que corresponde a 45% das suas necessidades de uva na região.

Mas os números não contam tudo. Não basta plantar muito, é preciso plantar com critério, de forma estudada e fundamentada. Numa região como a dos Vinhos Verdes (e em quase todas, na verdade), é essencial produzir qualidade associada a produtividade, de outra forma o negócio não é sustentável. Assim, a empresa evoluiu de uma viticultura tradicional, com cerca de 1.330 plantas/hectare e uma produtividade média de 10.000 Kgs/hectare, para um modelo com maior densidade de plantação, com 5.300 plantas/hectare e produtividades médias de 13.000 kgs/hectare. Ou seja, cada hectare produz mais, mas cada planta produz muito menos (passou-se de 7.5 kg por planta para 2.5 kg por planta). Ganha-se na qualidade sem perder, pelo contrário, produtividade.

Consciência social e ambiental

Aveleda comemora 150 anos e afirma-se como uma das casas mais dinâmicas de Portugal.
Plantação da vinha de Cabração, em Ponte de Lima.

Não é apenas na densidade de plantação que a Aveleda tem promovido inovação: cordões mais baixos e postes mais altos, com maior desenvolvimento da superfície foliar das plantas (mais folhas a trabalhar para menos cachos), zonagem e micro-zonagem de solos (para intervir com nutrientes ou rega apenas onde é necessário), utilização de plástico negro nas plantações (aumentando a temperatura do solo e promovendo maior e mais profundo enraizamento) são apenas alguns dos modelos e práticas seguidos.

À frente da empresa fundada por Manuel Pedro Guedes em 1870, a quinta geração representada pelos primos António e Martim Guedes tem liderado a revolução vitícola sem descurar a consciência social e ambiental. Assim, privilegia a contratação de mão-de-obra local nos diferentes polos onde possuem vinhedos e assegura o equilíbrio do ecossistema vitícola, fomentando a biodiversidade com a instalação de corredores verdes com outras espécies que servem de abrigo e alimento à fauna local.

Além disso o uso de herbicidas tem vindo a ser reduzido, tendo a Aveleda deixado de utilizar químicos residuais há já largos anos, promovendo um coberto vegetal do solo permanente com espécies nativas ou semeadas.

Em resumo, uma viticultura de precisão, sustentável e rentável, que é transmitida igualmente aos viticultores com quem a Aveleda estabelece parcerias, geralmente lavradores com áreas superiores a 5 hectares e a quem é prestado todo o apoio técnico.

Consciência social e ambiental
Pedro Barbosa responsável pela viticultura na Aveleda.
Consciência social e ambiental
Manuel Soares, responsável pela enologia da Aveleda.

 

 

 

Solos, castas, vinhos

As vinhas da Aveleda assentam numa enorme diversidade de terroirs, uma saudável dor de cabeça para Pedro Barbosa, o director de viticultura da casa. Algumas, como a grande vinha de Cabração, que quando totalmente plantada poderá atingir 200 hectares, estão em terra outrora bravia e inculta, coberta de matos.

Os solos são pobres, de xisto com alguma argila, e manchas graníticas nas zonas mais altas. Por contraste, as parcelas da Quinta da Aveleda propriamente dita, em Penafiel, assentam em solos graníticos, profundos e de boa fertilidade. O clima também muda muito, de Celorico de Basto, mais quente, a Santo Tirso, bem mais fresco.

No total, os vinhedos Aveleda espalham-se por sete polos distintos, distribuídos por cinco concelhos: Lousada, Penafiel, Santo Tirso, Ponte de Lima e Celorico de Basto. Se juntarmos aqui as uvas de alguns viticultores com quem são estabelecidas parcerias e que entram na linha “Castas”, a heterogeneidade de matéria prima é enorme.

Por exemplo, o Aveleda Alvarinho resulta habitualmente de um lote de quatro vinhos/origens: uma vinha em Melgaço em parceria com um viticultor local, uma parcela em Celorico de Basto e duas parcelas distintas em Penafiel, uma delas na própria Quinta da Aveleda. Não há muito tempo, tive oportunidade de provar estes quatro vinhos base e não podiam ser mais diversos: mais mineral um, encorpado e tropical outro, fechado e austero outro ainda, muito puro e expressivo o último. A linha “Castas“, formada por três referências, um Loureiro, um Loureiro/Alvarinho e um Alvarinho, assenta assim em bases vínicas de várias proveniências, e o lote final tem como objectivo aproveitar o melhor de cada uma, de forma a que se complementem entre si.

Como sabemos, as castas têm comportamentos diferentes em condições distintas. E, diz Manuel Soares, director de enologia da Aveleda, foi precisamente a diversidade existente nas vinhas da empresa que conduziu às duas novas linhas de vinhos: “Solos” e “Parcelas”. “Temos micro terroirs marcados por solos distintos que nos permitem ter vinhos diferenciados”, refere. “Com estas novas referências, mantêm-se o estilo Aveleda, mas criam-se vinhos produzidos em menor quantidade, com identidade marcada, com personalidade, facilmente identificáveis com a empresa e com o sítio.”

No sete polos vitícolas da Aveleda, três assentam em xisto e quatro em granito. Granito sempre foi o solo tradicional para vinha na região dos Vinhos Verdes, estando as áreas de xisto, mais difíceis de trabalhar, reservadas para matos e floresta. Mas o “crescimento” para o xisto por parte da Aveleda possibilitou novas experiências vitícolas (ali, a vindima ocorre mais tarde do que no granito) e o acesso a vinhos com outro perfil. Os dois Alvarinho da linha “Solos” resultam assim de lotes de vinhos de diferentes origens, mas com o denominador comum “xisto” ou “granito”.

Com os vinhos de “parcela” atinge-se um outro patamar de especificidade. Aqui falamos de terroir no seu sentido mais rigoroso, sem lotes de vinhos, sem mistura de origens. Não é obrigatoriamente melhor, mas é aquela parcela, naquele solo e clima, com aquela casta (Loureiro, num caso, Alvarinho, noutro). Com o vinho de parcela no copo, estamos o mais próximo que podemos estar de uma videira concreta. Bebemos não apenas um vinho, mas também o sol, a chuva, a terra, a uva.

Entre o clássico e omnipresente Casal Garcia e o recente e exclusivo Parcela do Roseiral há todo um percurso e um ciclo que agora se fecha e se completa. E haverá prenda melhor para a Aveleda se oferecer a si própria, no 150º aniversário, do que atingir essa plenitude?

Consciência social e ambiental
A vinha de Celorico de Basto, plantada em 2005 contribui para a grande diversidade de solos e climas presente nas vinhas Aveleda.

 

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Taboadella: O Dão ao jeito Amorim

Taboadella. O Dão com nova adega Amorim.

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Se há quem saiba criar novos projectos, perto ou longe de casa, é a família Amorim. E no que toca aos vínicos, o mérito é, sem dúvida, de Luísa. Taboadella é o novo lugar no Dão, que encanta na arquitectura, na vinha e no vinho.

TEXTO: Mariana Lopes   

 Fotos: Taboadella

Taboadella. O Dão com nova adega Amorim

Luísa Amorim descobriu o Dão durante uma das suas viagens vínicas, há cerca de dez anos. Desde logo, apaixonou-se pela Alfrocheiro, pela Jaen e pela expressão da Touriga Nacional na região. “O Dão é uma região de passado e de futuro, uma região que acreditamos precisar de ser reavivada. Fomos muito bem recebidos aqui.”, afirmou Luísa, com a sua típica voz calma e maternal, quando nos recebeu em Silvã de Cima, na loja da Taboadella, um edifício de inspiração mediterrânica, de exterior branco e contornado nas janelas e portas por uma cor que lembra sangue escuro e denso.

Talvez seja no sangue de Luísa que está esta arte de criar e de bem receber, à qual a benjamim da sua geração de irmãos acrescenta um toque muito pessoal, que torna tudo em que toca em algo único, como o “ver” em cores e texturas: “Para mim, o Dão sempre foi vermelho e branco, e também maciço”, confidenciou.

A história do lugar é muito antiga e remonta ao século I, quando foi ocupado por romanos para construção uma “villae” romana (nome dado às vilas de campo, sistemas agrícolas organizados, dos romanos mais ricos e influentes), cujos vestígios sobreviveram à prova do tempo, estando bem visíveis na propriedade ainda hoje.

Além das sepulturas do século primeiro, um dos melhores exemplos é o lagar junto à vinha, sobre um penedo monólito de origem rupestre, a prova viva da importância do vinho na época como bem de consumo e enquanto parte do salário militar. Bem mais tarde, e na época medieval, segundo registos históricos de 1255, a Taboadella foi uma propriedade de classe rural alta, com as casas e os edifícios agrícolas rodeados por uma floresta de pinheiro, carvalho e castanheiro, floresta que hoje abraça o lugar e que nos dá a sensação de estarmos num conclave mágico.

Tendo recebido foral do rei D. Manuel em 1504, por Silvã de Cima passaram várias famílias fidalgas, facto plasmado na pedra de armas presente na casa principal, epicentro de um jardim secular. Tudo isto pode ter pesado bastante na decisão da família Amorim em adquirir a propriedade, compra que se formalizou em Junho de 2018. Ainda nesse ano, foi montada uma adega “de campanha” e a quinta toda vindimada, para que se pudesse começar imediatamente a estudar o seu potencial. “Queremos fazer um projecto muito diferente do da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo [no Douro], mais ao estilo ‘chateâu’. Acima de tudo, um projecto do século XXI, adaptado aos tempos actuais, que inclui lidar com as alterações climáticas”, explicou Luísa Amorim.

 

Vinha tradicional, adega moderna

 A Taboadella estende-se por 48 hectares, quarenta dos quais de vinha com idade média de 30 anos, entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, desenvolvendo-se dos 400 aos 530 metros de altitude. São 25 parcelas em modo de produção integrada e não regadas. Ali, o clima é de transição entre atlântico e continental, com o maciço montanhoso a proteger a vinha dos ventos marítimos e dos ventos de Espanha (“nem bom vento…”, já diz o provérbio): a sudoeste, a Serra da Estrela e a Serra do Açor; a noroeste, a Serra do Caramulo; a nordeste a Serra da Nave; a sul a Serra da Lousã e a sudoeste a Serra do Bussaco.

Ana Mota, directora de produção e de viticultura, cedo esclareceu que oito dos hectares foram desde logo reabilitados, pois continham uvas como Cabernet Sauvignon, Syrah ou Touriga Franca. “Não queríamos essas castas no projecto, queríamos fazer aqui Dão”, explicou a viticóloga. Plantaram também mais Encruzado e Cerceal, que já existiam desde uma replantação parcial que teve lugar em 1980. Assim, os actuais 29 hectares de variedades tintas incluem (por ordem decrescente de quantidade) Tinta Roriz, Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro, Tinta Pinheira e Baga; e os onze de brancas têm Encruzado, Bical e Cerceal.

São vinhas com arrelvamento total pois, segundo Ana Mota, “além da biodiversidade, ajuda com o arrastamento de solo, porque aqui chove muito”. A vindima é totalmente manual. Os solos, por sua vez, são de granito, arenosos (com uma camada de areia à superfície) e siltosos (espécie de argila menos aglomerante) que, quando cruzados, conferem à Taboadella sete microterroirs.

O caminho entre o centro de recepção e a adega faz-se com a companhia das vinhas, num declive que nos leva a um projecto de arquitectura impactante por dentro e por fora, com assinatura de Carlos Castanheira. Grande, de desenho complexo, mas moderna e altamente funcional, a adega da Taboadella tem muita madeira e muita, muita cortiça, como não poderia deixar de ser. Jorge Alves, director de enologia, mostrou as instalações onde é ele o “rei”, rodeado da mais nova e boa tecnologia, assistido pelo enólogo residente Rodrigo Costa: “Os equipamentos são todos móveis, que era o que queríamos ter aqui”.

Sempre bem dispostos, o enólogo e Ana Mota não conseguem esconder a cumplicidade que têm um com o outro, nem no olhar nem no sorriso, e juntos formam uma máquina perfeitamente oleada, da vinha ao vinho. Jorge Alves e Luísa Amorim apontaram, orgulhosamente, para o desengaçador/esmagador Pellenc, um equipamento completamente inédito em Portugal que, por vibração mecânica, permite retirar a quantidade de grainha desejada. “São ‘pormenores’, mas que acreditamos que nos ajudam a dar sofisticação aos vinhos”, referiu Luísa, porque “se evita caninos mais angulares”. É uma adega com capacidade actual de vinificação para 290 mil litros por vindima, “sem frigoríficos, pois nenhuma uva fica para o dia seguinte”.

As maciças e enormes portas de correr em madeira, separam as várias zonas do edifício. Quando se abrem, desvendam lentamente o que está do outro lado, causando um efeito “wow”, e até isso parece pensado. O pavilhão de cubas revela uma fila de dez troncocónicas de inox para tintos (15 mil litros, cada), de um lado, e onze cubas Nico Velo de betão (10 mil litros), do outro; e também mais oito de inox para brancos (8 mil litros). Depois, a nave de barricas, aquilo a que Luísa apelidou de Barrel Top Walk, onde no fundo temos as barricas e, suspenso por cima destas, uma espécie de passadiço em madeira que permite aos visitantes contemplar este local de trabalho sem incomodar ou interromper os funcionários. Neste momento, esta sala tem 76 barricas de 500 litros, de seis tanoarias francesas, madeira de Borgonha e de Bordéus, de vários tipos de tostas e origens florestais. Mas a sala permite crescer este número de barricas até 500.

Um dos sítios mais especiais da adega é a ampla varanda da sala de provas, um autêntico “camarote VIP” para contemplar o mar de vinhas com a floresta ao fundo, de copo de vinho na mão.

 

Vinhos com estamina

Três gamas e oito vinhos foi o que saiu das últimas safras do Lugar da Taboadella, e o que já está disponível para o consumidor. “Depois de muito estudarmos que, em regiões clássicas como o Dão, a casta tem uma importância fundamental, e apesar sentirmos que gostaríamos de evidenciar o nosso património genético, também teria de haver espaço para os vinhos de elevada ancestralidade, vinhos de lote que nascem não só na vinha mas também na paisagem, com o cuidado particular e paciente que nos permite resgatar do passado a essência da natureza e projetar para o futuro oito vinhos com uma tipicidade notável mantendo o carácter clássico do Dão”.

É esta a visão de Luísa Amorim para os vinhos deste projecto. A gama de entrada, de nome Taboadella Villae, comporta um branco e um tinto de lote — sem madeira — o primeiro de Encruzado, Bical e Cerceal; o segundo de Tinta Roriz, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Pinheira. A colecção Taboadella Reserva, é a gama dos monovarietais, dos vinhos que pretendem ser a expressão máxima de cada casta clássica naquele terroir, “o resultado de uma selecção limitada de casa parcela” onde se fala de “afinidade com a madeira”. São eles um Encruzado, um Alfrocheiro, um Jaen e um Touriga Nacional.

Já os Taboadella Grande Villae, jogam no campeonato mundial dos melhores, são os clássicos, os super-premium, em branco e tinto que, mesmo mostrando ainda a sua tenra idade se revelam autênticos diamantes em bruto, com capacidade de resistência ao tempo. O branco, vinificado com uva inteira, tem 40% de Encruzado, Bical e vinha velha, e o tinto é um lote de Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Ambos estagiaram doze meses em barrica nova de carvalho francês e originaram cerca de 3500 garrafas.

Actualmente, a produção total anual é de 100 mil garrafas, prevendo-se passar as 200 mil em cinco anos. Também está em marcha um ambicioso projecto de enoturismo — desenhado pela arquitecta Ana Vale — que, além de contemplar a loja com vinho e outros produtos artesanais, provas e experiências vínicas, inclui oito quartos.

“Não sou vaidosa comigo mesma”, confessou Luísa Amorim, com verdade nos olhos. Se tem vaidade, deposita-a toda nos seus projectos e desafios. A Taboadella é só mais um exemplo disso, um novo player no Dão que só trará coisas boas a esta região.

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