Rosés para as férias: As nossas melhores sugestões

rosés

Outrora considerados vinhos “menores”, os rosés têm conquistado os favores dos consumidores e revelam-se uma boa aposta para os tempos mais quentes e para acompanhar pratos mais leves. Aperitivos, saladas, pizzas, massas, cozinhas orientais dão-se muito bem com vinhos rosés. Há-os agora para todos os gostos e carteiras. Desde os mais simples que se bebem […]

Outrora considerados vinhos “menores”, os rosés têm conquistado os favores dos consumidores e revelam-se uma boa aposta para os tempos mais quentes e para acompanhar pratos mais leves. Aperitivos, saladas, pizzas, massas, cozinhas orientais dão-se muito bem com vinhos rosés.

Há-os agora para todos os gostos e carteiras. Desde os mais simples que se bebem descontraidamente na praia ou à borda da piscina, aos mais sérios que pedem mais atenção.

Entre estes 10 rosés que escolhemos para si, há-se haver um que lhe enche as medidas!

Quinta do Noval: Para além do Porto Vintage…

Quinta do Noval

A Quinta do Noval é uma das mais icónicas e respeitadas propriedades vitivinícolas da região do Douro, com uma história que remonta ao século XVIII. Localizada em Vale de Mendiz, no coração da região demarcada do Douro, beneficia de um terroir único, caracterizado por solos de xisto e uma exposição solar privilegiada, que conferem, aos […]

A Quinta do Noval é uma das mais icónicas e respeitadas propriedades vitivinícolas da região do Douro, com uma história que remonta ao século XVIII. Localizada em Vale de Mendiz, no coração da região demarcada do Douro, beneficia de um terroir único, caracterizado por solos de xisto e uma exposição solar privilegiada, que conferem, aos seus vinhos, uma identidade distinta. No ano de 1993 entrou numa nova fase da sua história, quando foi adquirida pelo grupo francês AXA Millésimes. Esta integração, liderada por Christian Seely, marcou o início de um período de forte investimento, renovação e reafirmação da identidade da Quinta do Noval como referência de qualidade e inovação no setor vitivinícola.

A casa tornou-se particularmente célebre pelo seu lendário Porto Vintage Nacional, um vinho raro produzido a partir de uma pequena parcela de vinhas velhas não enxertadas. “Desde 2011 que declaramos todos os anos um Porto Vintage Quinta de Noval, apenas e só porque tivemos a oportunidade de, em cada ano, fazer pelo menos uma pequena quantidade de vinho que teve a qualidade necessária para ser declarada como tal. Estamos perfeitamente sensíveis e muito conscientes do privilégio e responsabilidade de gestão da Quinta do Noval. Já no caso do Vintage Quinta do Noval Nacional só sai mesmo nos anos em que o consideramos monumental, como é o caso do 2023 que vamos provar hoje”, contou Christian Seely no dia do lançamento. Para além dos vinhos do Porto e da aposta crescente nos vinhos Douro, a Quinta do Noval também produz azeite de elevada qualidade, proveniente de seis hectares de olival cultivados com as variedades tradicionais portuguesas: Cordovil, Verdeal e Madural.

O azeite é produzido a partir de azeitonas colhidas manualmente e prensadas a frio, garantindo a preservação dos aromas e sabores naturais da fruta e um produto de excelência. Em 2019, a Quinta do Noval deu um passo estratégico importante ao adquirir a Quinta do Passadouro, propriedade vizinha situada também em Vale de Mendiz. A aquisição da Quinta do Passadouro permitiu à Quinta do Noval expandir a sua área de vinha de 145 para 181 hectares, consolidando-se como uma das maiores propriedades da região.

A aposta forte nos Douro

Num dia fresco de primavera fomos recebidos na lindíssima propriedade da Quinta do Noval pelo enólogo Carlos Agrellos, o CEO Christian Seeley e a Brand Embassador Ana Carvalho. A ocasião revelava-se de festa por dois momentos muito especiais. Por um lado, a apresentação dos novos Portos Vintage 2023, incluindo o lendário Noval Nacional. Por outro e não menos importante, o lançamento e prova de vários vinhos brancos e tintos, fruto de uma estratégia recente de forte aposta na produção de vinhos Douro, com a construção de uma adega com capacidade para umas impressionantes 1100 barricas que tivemos o privilégio de visitar. “Estávamos muito focados nos vinhos do Porto e o mercado, maioritariamente o premium onde nos posicionamos, pedia-nos vinhos de mesa, sobretudo brancos, dos quais tem aumentado significativamente a procura nos últimos anos. Com a construção deste armazém para armazenamento e envelhecimento de vinhos de mesa, contamos chegar às 400 mil garrafas produzidas”, refere Carlos Agrellos.

A diversidade e quantidade de barricas e a vinificação por castas, na sua maioria, permite criar o perfil desejado em cada vinho. Nota-se também, nos novos vinhos provados que daremos destaque nesta peça, uma menor extração, sem perder o caráter único do terroir e a capacidade inegável de evolução que os vinhos possuem em garrafa. Após a visita e antes de um almoço que foi acompanhado por diversas preciosidades da garrafeira particular de Christian Seely, as entradas foram servidas sob a sombra do majestoso Cedro da Quinta do Noval. Com sua imponente estatura, esta árvore centenária domina a paisagem da propriedade, guardião silencioso da história da quinta, testemunha de muitas gerações que trabalharam ali e cuidaram da terra com dedicação. E foi neste cenário que provámos alguns dos brancos de colheitas anteriores, para atestarmos a sua evolução positiva. E que bem que estavam!

Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

(Artigo publicado na edição de Julho de 2025)

Grande Prova: Monção e Melgaço – O expoente do Alvarinho

GRANDE PROVA MONÇÃO E MELGAÇO

Se fossem necessárias algumas razões, bastariam duas para justificar o presente trabalho: por um lado, a fama secular dos vinhos desta sub-região e, por outro, a sua originalidade centrada na casta Alvarinho que ganhou, e bem, um lugar especial nos consumidores nacionais e estrangeiros. Mas voltemos atrás para recordarmos o nosso colega João Paulo Martins […]

Se fossem necessárias algumas razões, bastariam duas para justificar o presente trabalho: por um lado, a fama secular dos vinhos desta sub-região e, por outro, a sua originalidade centrada na casta Alvarinho que ganhou, e bem, um lugar especial nos consumidores nacionais e estrangeiros. Mas voltemos atrás para recordarmos o nosso colega João Paulo Martins quando este referia, nas edições do seu Guia de Vinhos de Portugal nos finais dos anos 90, que existiam Vinhos Verdes e, depois, existiam os Alvarinhos, numa clara alusão ao elevado padrão qualitativo destes últimos, e sempre com destaque para os provenientes de Monção e Melgaço. Claro está que os Verdes de hoje nada têm a ver com os dos anos 90, numa evolução que acompanhou a da generalidade dos brancos nacionais. Mas os vinhos de Monção e Melgaço continuam a ser algo de muito especial, diferente em todos os sentidos, com uma notoriedade histórica onde, já naquela altura, pontificavam marcas como Cêpa Velha, Deu-la-Deu ou Palácio da Brejoeira, todas elas verdadeiros marcadores de um perfil de Alvarinho proveniente de um território de excelência.

Solos e altitudes

Mas afinal que território é este? Protegido por montanhas, com um microclima mais continental do que a média da restante região dos Vinhos Verdes (ou seja, com maior amplitude térmica), Monção e Melgaço caracteriza-se climatericamente por invernos frios e chuvosos e verões que se podem qualificar como quentes. Tanto assim é que, no verão, entre Caminha no litoral e Monção, separada do mar por uma cadeia montanhosa, a diferença de temperatura pode chegar aos 15ºC apesar da mera distância ser de 35 quilómetros. Tal como sucede um pouco pelo país, existem em Monção e Melgaço diferenças de solos e altitudes, sendo que tanto o Alvarinho como as suas declinações de perfil são mais moldadas pela importância dos primeiros. Com efeito, mais do que a altitude, é o tipo de solo de origem granítica (terraços fluviais, com ou sem calhau rolado, aluviões ou franco-arenosos) que melhor determina o resultado de cada néctar. Da mesma forma, é considerando cada tipo de solo que se deve privilegiar o uso de barrica, nova ou usada sendo que, por regra, é nos solos franco-arenosos aqueles em que as barricas de segundo ano dão melhores resultados, originando alguns dos melhores vinhos da sub-região e do país.

Reconhecido há quase um século, em 1929 (vinte anos depois da demarcação da Região dos Vinhos Verdes), este território já foi terra de tinto, com grande sucesso na exportação no final do século XIX, quer pela sua qualidade, quer pela crise na produção europeia que se seguiu à filoxera. Conhecida desde o século XVII como “a terra dos vinhos”, Monção tem fama desde a Idade Média e, como todas as vetustas regiões de vinho no mundo, foi-se adaptando. Mas foi preciso chegar a meados do século XX para o Alvarinho se começar, aos poucos, a impôr. Com referências desde o século XVIII, só a partir da segunda metade do século passado se começa a comprovar que o Alvarinho, em Monção e Melgaço, é especial. Nos anos 60 começam os relatos dos bons resultados da casta e, já nos anos 70 surgem, ainda que timidamente, marcas que engarrafam um branco com base em Alvarinho de perfil tendencialmente seco e delicado (em garrafa escura para não oxidar…), longe das versões mais ácidas e desequilibradas que se encontravam em restaurantes e pensões por todo o norte do país.

O Alvarinho e a barrica

Saltando vários anos em diante, encontramos dois outros marcadores essenciais do tempo para este sub-região. Um primeiro, em 1974 e 1982, respetivamente a data da plantação da primeira vinha contínua de Alvarinho e a data da criação da primeira marca de Alvarinho de Melgaço, ambas pela conhecida Quinta de Soalheiro. Depois, em 1987, quando Anselmo Mendes começa os seus ensaios de Alvarinho fermentado em barrica. A escolha do carvalho e da floresta, das tostas, a dimensão da barrica, o aperfeiçoamento da bâttonage (considerando que o bago do Alvarinho é pequeno, originando mostos intensos à partida) e o controlo da oxidação, tudo são técnicas que vários produtores da sub-região vão abraçar e que Anselmo Mendes preconizou com antecipação. De tal forma que, já no presente século, encontramos quase duas dezenas de Alvarinhos de Monção e Melgaço fermentados e/ou estagiados em barrica, muitos deles num patamar altíssimo de qualidade.

A par de Anselmo Mendes e da Quinta do Soalheiro (sobretudo na referência Reserva) já referidos, há vários anos que encontramos produtores a usar parcial, ou totalmente, barricas, casos da Quinta do Regueiro, Quinta de Santiago, Quintas de Melgaço, sem esquecer a Provam ou a Adega Cooperativa de Monção, João Portugal Ramos, entre outras referências. Na prova que relatamos abaixo, e a par dos nomes já referidos, também os produtores Márcio Lopes, Casa de Paços, Constantino Ramos e, bem assim, as marcas Milagres, Barão do Hospital e Nostalgia usam barrica parcial ou totalmente.

Não espanta, assim, que a área de vinha em Monção e Melgaço não tenha parado de crescer, sinal de vitalidade da área. O número de hectares aproxima-se dos 2000 (grandíssima parte plantados com Alvarinho), sendo a zona de Melgaço a que mais cresce. A notoriedade da casta e da sub-região está consolidada a nível nacional, os vinhos são procurados sobretudo nos restaurantes, e o preço médio é claramente mais alto comparado com o restante Vinho Verde e com muitos dos brancos do país. Para tudo isto também contribuiu o bom trabalho das respetivas cooperativas. Falta, talvez, uma maior projeção internacional, havendo caminho a percorrer na especificação e destaque de Monção e Melgaço relativamente à região dos Vinhos Verdes, já de si bastante internacionalizada e procurada, mas muito centrada em gamas de entrada. Nota final para uma nova vaga de produtores na região, alguns deles enólogos noutras parte do país, caso de Luís Seabra, Márcio Lopes, Constantino Ramos, David Baverstock e António Braga. Isto para não falar de players de mercado que não querem perder a oportunidade de ter uma operação em Monção e Melgaço, casos de João Portugal Ramos e, mais recentemente, da Symington Family Estates. Esta circunstância de atratividade de excelentes profissionais espelha bem o potencial da região e os vinhos em prova, cujas notas deixamos abaixo, confirmam plenamente.

(Artigo publicado na edição de Julho 2025)

 

Costa Boal: Apostar na diferença

Costa Boal

A Costa Boal Family Estates é uma empresa produtora de vinhos nas regiões do Douro, Trás-os-Montes e, desde 2020, em Estremoz, no Alentejo. A tradição da vinha e do vinho na família de António Boal, 45 anos, o seu fundador, remonta a 1857 e tem origem numa das aldeias da região duriense, Cabêda, no planalto […]

A Costa Boal Family Estates é uma empresa produtora de vinhos nas regiões do Douro, Trás-os-Montes e, desde 2020, em Estremoz, no Alentejo. A tradição da vinha e do vinho na família de António Boal, 45 anos, o seu fundador, remonta a 1857 e tem origem numa das aldeias da região duriense, Cabêda, no planalto de Alijó. Com foco nas vinhas e apoiada numa equipa coesa, a Costa Boal tem apostado na valorização do seu património vitivinícola para construir um projeto de vinhos consistente e de qualidade. Os seus autores são o próprio António Boal, e Paulo Nunes, enólogo há muito tempo ligado a este projecto.
O património vitícola e de terroirs da Costa Boal permite-lhe produzir uma diversidade de estilos de vinhos cuja qualidade e distinção lhe tem permitido crescer e solidificar o seu posicionamento nos mercados onde está presente. E não vai parar por aqui, já que António Boal está sempre a pensar em novos investimentos, feito com base numa procura de novos terroirs, onde existam, de preferência, vinhas velhas, a partir dos quais possa produzir, e oferecer ao mercado, vinhos distintos.

Costa Boal

 

A Herdade dos Cardeais fica numa zona mais fresca do Alentejo e os seus solos têm origem numa faixa de transição entre xistos e os mármores de Estremoz

 

Oportunidade no Alentejo

António Boal, 45 anos, é também natural de Cabêda. Desde muito novo, acompanhou o pai nos trabalhos agrícolas da família, ajudando a fazer a vindima, as podas, os tratamentos e até a plantação de vinha. Com o falecimento do progenitor, tinha então 19 anos, tomou nos braços o negócio herdado, depois de já ter adquirido algum conhecimento no curso técnico de Gestão Agrícola da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Rodo, na Régua. Mais tarde fez também o curso de Engenharia Alimentar no Instituto Piaget, em Mirandela.
Aos 24 anos começou a desenhar os primeiros vinhos para o mercado regional. Mais tarde, aventurou-se no mercado nacional e depois na exportação, sempre com muita atenção a cada passo dado, e vontade de adquirir conhecimento que lhe permitisse ir mais longe. Foi esse que o fez decidir crescer investindo noutras regiões para além da sua de origem, o Douro.
Já foi com o actual sistema de distribuição, baseado em distribuidores regionais em Portugal e distribuidores locais nos mercados externos onde está presente, já montado, que avançou, primeiro para Trás-os-Montes e, mais recentemente, para o Alentejo.

Comprou a Herdade dos Cardeais após alguns anos à procura de oportunidade de investimento na região. “Mas tudo o que me aparecia eram sempre projectos demasiado grandes, com mais de 70 hectares de vinha, o que exigiria uma estrutura enorme e a construção de uma força de vendas muito grande, o que não era o meu objectivo”, conta António Boal. Até que surgiu a oportunidade de comprar a Herdade dos Cardeais, que foi adquirida em 2020.
Nessa altura tinha 10 hectares de vinha, uma adega e um stock de vinhos de 140 mil litros. Para além disso, o encepamento era composto por vinhas com cerca de 20 anos das castas tintas Aragonez, Syrah, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Alicante Bouschet e brancas Antão Vaz, Roupeiro e Arinto, este plantado em 2014, o que agradou ao enólogo da empresa, Paulo Nunes, já que havia o potencial para produzir os vinhos mais frescos que pretendia fazer no Alentejo.
“O objectivo da nossa empresa, desde o início, é fazer pequenos volumes com valor acrescentado, e foi por isso que comprámos a Herdade dos Cardeais, pois fica numa zona mais fresca do Alentejo e os seus solos têm origem numa faixa de transição entre xistos e os mármores de Estremoz”, explicou o proprietário da Costa Boal Family Estates durante o evento de lançamento.

Vinhos com assinatura

Foi a partir do que havia em stock que foram lançadas as primeiras referências da Quinta dos Cardeais, da colheita de 2019, em 2023. Mas os dois tintos de 2020, um Reserva e um Grande Reserva, e os dois brancos apresentados à imprensa, e ao mercado, foram totalmente produzidos pela equipa da casa.
“A grande diferença entre os vinhos da colheita de 2019 e os que estamos a lançar agora é que foram pensados na vinha”, o que implicou que “o maneio e a condução das plantas foram readaptados para produzir os vinhos que pretendemos”, explicou Paulo Nunes no almoço de lançamento das novas colheitas, que decorreu no restaurante Plano, em Lisboa. Ou seja, houve redução da carga de cachos por planta, e diminuição do volume de rega, o que deu origem a uma produção significativamente menor e contribuiu, com a “enologia minimalista” usada na adega, para que os vinhos “expressem toda a identidade da região”.

Um vinho é sempre melhor com uma boa história por detrás. E se esta não existir, “nós acabamos por ser mais um dos muitos que estão no mercado”, o que tornaria o negócio da sua empresa mais difícil de gerir e António Boal não quer. Foi, por isso, que só avançou para o Alentejo nesta década. “Se fosse apenas uma marca, engarrafava e até podia fazer o melhor vinho do mundo, mas não tinha a história, a adega, a terra, as castas, o perfil que idealizamos”, defende. Em 2025 lançou os primeiros vinhos das colheitas de 2021 em diante da Quinta dos Cardeais, “produzidos com a nossa viticultura e enologia”, salienta.
A filosofia do projecto da Costa Boal Family Estates é fazer vinhos a partir de pequenas quintas, com 10 a 12 hectares de vinha até agora, com controlo total da produção nas regiões onde está activa, “para não depender de terceiros”, onde tem, em cada uma delas, uma adega. “Esta forma de estar e agir no negócio é mais dispendiosa, mas permite-nos adquirir um conhecimento essencial para fazer vinhos diferenciados, cujas características variam com as condições de cada ano”, explica. Mas é preciso vendê-los e António Boal já sabe, hoje, a melhor forma de o fazer.

Um negócio de amizades

“O negócio do vinho passa pela proximidade”, pelo estabelecimento de amizades, explica, salientando que foi isso que lhe aconteceu muitas vezes ao longo do tempo. “Hoje tenho clientes que foram, primeiro, amigos”, revela dizendo que não basta chegar a um restaurante, apresentar um vinho e deixar a garrafa.
“Sem um relacionamento estabelecido não se vende vinho, porque é um negócio que tem, como base, relacionamentos e amizades que o tornam sustentável”, pelo menos nas empresas de pequena e média dimensão, que não têm grandes equipas de vendas com acesso a toda a rede de clientes. “É, por isso, que quando vou a qualquer parte do país, faço questão de visitar sempre vários clientes, os restaurantes que conheço, para cumprimentar as pessoas, saber como está a correr a venda de vinhos e o que precisam de nós. É parte essencial dos projectos”, defende.

António começou por ser agricultor e, depois, produtor de vinho. Mas isto não basta para gerir um negócio onde é essencial saber comunicar, vender e cobrar e garantir a sustentabilidade económica de forma duradoura. As bases para isso foram-lhe comunicadas pelo pai através de uma frase que este lhe dizia muitas vezes: juntar dinheiro custa, mas gastar é rápido. “No fundo, o que tenho feito é usar essa frase sábia colocando-a em prática, mantendo uma racionalização de custos que nos tem permitido aumentar o nosso património cada vez mais, e acrescentar valor nos produtos que colocamos no mercado”, explica o proprietário da Costa Boal Family Estates. “E não vamos ficar por aqui, já que projectamos avançar para mais regiões”.
Hoje a Costa Boal está presente em três regiões, Douro, Trás-os-Montes e Alentejo, a partir das quais engarrafa cerca de 400 mil garrafas de vinho. Neste momento é uma empresa estável, que já está a apostar no enoturismo, projecto que deverá arrancar com base numa quinta de 1932, que fica em Favaios. Nela vai ser desenvolvido um hotel e um restaurante. Mas não vai ficar por aqui, porque prepara-se para entrar noutras sub-regiões em breve. No ano passado adquiriu mais 10 hectares de vinha velha em Trás-os-Montes, o que faz, da Costa Boal Family Estates, um dos principais produtores com vinhas velhas nesta região. “Tanto eu, como o enólogo e o responsável de viticultura gostamos de desafios e o nosso limite é o céu”, diz ainda António Boal.

Costa Boal

 

As regiões e quintas da Costa Boal

 Douro

No berço duriense da Costa Boal, na aldeia de Cabêda, está instalada a antiga adega da família, datada de 1857. Mantém os lagares tradicionais de granito, nos quais se faz ainda a pisa a pé as uvas. É a casa onde repousam, entre outros, os Vinhos do Porto velhos e muitos velhos da Costa Boal, que aqui produz as referências Costa Boal e Flor do Côa.

Nesta região, a Costa Boal possui a Quinta dos Tojais (Cabêda, Alijó), Quinta do Sobredo (Vilar de Maçada, Alijó), Quinta Vale de Mouro (Vila Nova de Foz Côa), Quinta da Pia (Porrais, Murça) e a recém adquirida Quinta de Arufe, em Favaios, onde se vai desenvolver o primeiro projecto da marca na área do enoturismo.  A empresa produz também azeite a partir de oliveiras centenárias das variedades Madural, Verdeal e Cobrançosa nesta região.

 Trás-os-Montes

É das vinhas velhas da Quinta dos Távoras, em Mirandela, uma das propriedades da Costa Boal na região transmontana, que são colhidas as uvas para os vinhos Flor do Tua, Quinta dos Távoras e Palácio dos Távoras. A Costa Boal detém nesta região uma vinha histórica centenária, em Miranda do Douro, nas arribas do rio, mesmo junto à fonteira com Espanha.

A aquisição de mais 10 hectares de uma vinha velha, com mais de 67 anos, fez crescer a área explorada pela empresa para os 22 hectares, reforçando o seu posicionamento como produtor de vinhos de vinhas velhas.

Alentejo

A Costa Boal Family Estates chegou em 2020 ao concelho de Estremoz, sub-região do Alentejo, uma propriedade com 10 hectares de vinha, com a compra da Quinta dos Cardeais. É a partir dela que são produzidas as gamas Quinta dos Cardeais e Monte dos Cardeais. Em 2025 foram lançados os primeiros vinhos.

 

(Artigo publicado na edição de Julho de 2025)

Editorial: Nº 100

Editorial

Editorial da edição nrº 100 (Agosto de 2025)   100 meses, 100 edições. Um número bem redondinho que assinala um percurso bonito, iniciado em maio de 2017, recheado de desafios (um covid 19 pelo meio, parece que foi há um século…) e superações. Foram também 100 editoriais, publicados nesta página. Revisito aqui alguns deles, abrindo […]

Editorial da edição nrº 100 (Agosto de 2025)

 

100 meses, 100 edições. Um número bem redondinho que assinala um percurso bonito, iniciado em maio de 2017, recheado de desafios (um covid 19 pelo meio, parece que foi há um século…) e superações. Foram também 100 editoriais, publicados nesta página. Revisito aqui alguns deles, abrindo uma cápsula do tempo de memórias vínicas destes quase oito anos e meio.

 

“Número 1. Gosto deste algarismo e dos seus múltiplos significados. Pode querer dizer o primeiro, no sentido qualitativo do termo, mas também início e único. Acredito que todos eles se aplicam à revista que agora apresentamos. V Grandes Escolhas, é o seu nome.” (Maio 2017)

“A viticultura sustentável não é uma moda ou uma tendência, antes uma necessidade. E uma necessidade de que muitos produtores estão conscientes, sobretudo aqueles que querem deixar algo para as gerações vindouras (as suas e as dos outros).” (Dezembro 2017)

“Fico zangado com a rolha quando esta me deixa ficar mal, quando frustra as minhas expectativas, quando mata um vinho que acarinhei durante anos para um momento de glória que afinal não foi. Mais do que arruinar o vinho, o TCA destrói o momento.” (Dezembro 2018)

“A Touriga Nacional é a minha casta favorita? Não, de todo. Mas é a melhor que temos e a mais bem colocada para representar a grandeza vinícola de Portugal. É exuberante, vaidosa, impositiva, egocêntrica? Sim, claro. O Cristiano Ronaldo também.” (Maio 2019)

“Existem muitas definições para o chamado factor X. Aquela de que mais gosto explica-o desta forma: “Uma variável, numa dada situação, que pode vir a ter o impacto mais significativo no resultado”. No caso do vinho, não tenho qualquer dúvida: a variável principal, o factor X, é o factor humano.” (Setembro 2019)

“O salto digital foi gigantesco para todos. Veio para ficar? Vai ser assim de agora em diante? Vai substituir a conversa cara a cara, o aperto de mão, o abraço, o tocar dos copos? O take-away e a venda online não salva restaurantes, lojistas e produtores, tal como o WhatsApp não resolve as saudades da família e dos amigos. É um compromisso pífio e frustrante. Mas ajuda.” (Maio 2020)

“Só quem sabe muito de viticultura e enologia se pode dar ao luxo de abdicar da segurança e correr riscos. Mas só correndo riscos se criam vinhos que nos seduzem e impressionam pela sua qualidade, originalidade, personalidade. E mesmo com todo o conhecimento, talento e atenção, quem caminha na linha vermelha, sabe que, por vezes, as coisas correm mal.” (Fevereiro 2021)

“Gosto discute-se, qualidade não. A qualidade é imediatamente reconhecível, mesmo por quem não é especialista ou conhecedor. Se um vinho cheira mal, não há quem me convença de que cheira bem. Uma couve podre é uma couve podre, um guisado queimado é um guisado queimado. Não há volta a dar.” (Janeiro 2022)

“Agora que toda a gente sabe o que é Vinho de Talha Alentejo, seria bom não esquecermos os amadores (no verdadeiro sentido da palavra, ‘aqueles que amam’) que, teimosamente, ao longo das últimas décadas, mantiveram vivos não apenas a tradição como o conhecimento, o saber fazer.” (Julho 2023)

“Aqueles que se intitulam ‘fora da caixa’ (sem perceberem que assim se inserem, desde logo, numa caixa e num rótulo) são, frequentemente, os que mais se esforçam por colocar todos os outros vinhos e produtores em caixinhas muito bem fechadas, catalogadas e arrumadas num canto, de preferência escuro e longínquo. Como se o mundo do vinho se resumisse a ‘nós’ e ‘outros’.” (Dezembro 2023)

“Quantas vezes assisti, em sessões de prova, ao arrasar de um vinho com o singular argumento de que se ‘sente a madeira’. (…) Curiosamente, quem diaboliza a mais leve sugestão de fumado ou especiaria da barrica, é capaz de acolher embevecido e lacrimejante de prazer o aroma a pez da talha ou o sabor taninoso do engaço verde no lagar.” (Junho 2024)

“Melhores vinhos. De todos os ‘prognósticos’ para 2025, este é o que podemos tomar como garantido. A cada ano que passa, nascem em Portugal melhores vinhos, brancos, rosados e tintos. Não sei quando o mundo vai verdadeiramente reconhecer (e pagar) a grandeza destes vinhos. Mas pouco importa, eu sei onde os encontrar.” (Janeiro 2025) L.L.

14 Brancos a não perder neste Verão

brancos

Combata o calor do Verão bebendo vinhos brancos frescos e vibrantes. Seleccionámos para si 14 brancos que obtiveram selo de “Boa Escolha”, o que é uma garantia de qualidade a um preço em conta. Nunca foi tão fácil beber bom e barato! Atreva-se!

Combata o calor do Verão bebendo vinhos brancos frescos e vibrantes.

Seleccionámos para si 14 brancos que obtiveram selo de “Boa Escolha”, o que é uma garantia de qualidade a um preço em conta. Nunca foi tão fácil beber bom e barato!

Atreva-se!

Verão com boas novas no Bar 360 do The Yeatman

The Yeatman

Porque a época de estio rima com barbecue, nada melhor que optar por uma refeição leve e fresca, inspirada na culinária mediterrânica, para saborear a céu aberto. Eis a estreia no Bar 360 do The Yeatman, o icónico rooftop desta unidade localizada em Vila Nova de Gaia, com a curadoria de Ricardo Costa, o chef […]

Porque a época de estio rima com barbecue, nada melhor que optar por uma refeição leve e fresca, inspirada na culinária mediterrânica, para saborear a céu aberto. Eis a estreia no Bar 360 do The Yeatman, o icónico rooftop desta unidade localizada em Vila Nova de Gaia, com a curadoria de Ricardo Costa, o chef executivo deste hotel de cinco estrelas virado para a cidade do Porto.

A oferta gastronómica continua em Setembro e tem como base uma seleção de ingredientes frescos e sazonais. À grelha, onde cabem as carnes, os peixes e os legumes grelhados, acrescenta-se o forno a lenha, destinado às focaccias, ao pão de alho ou ao leitão assado, prato simbólico para o chef Ricardo Costa. Na estação de saladas, o destaque vai para as combinações nutritivas e equilibradas. O momento mais guloso, criativo e original fica reservado para o final da refeição.

The Yeatman

Quanto ao serviço, os produtos são confeccionados ou finalizados à vista do cliente num ambiente informal e descontraído. O menu varia a cada dia de evento e, na carta de bebidas, não faltam cocktails clássicos, espumantes, champagnes, Vinho do Porto, entre outros.

Esta experiência gastronómica acontece todas as sextas-feiras, das 18h30 às 21h00, aos sábados ao almoço e ao jantar, das 13h00 às 15h00 e das 18h30 às 21h00, e aos domingos, das 13h00 às 15h00. O valor é de 65€ por pessoa, sem bebidas incluídas. Impera a reserva.

 

Vinalda entra no mundo do bourbon

Vinalda

A distribuidora nacional de vinhos e de bebidas espirituosas passou a distribuir duas referências da icónica Buffalo Trace Distillery, do grupo Sazerac, localizada em Frankfort, Kentucky, nos Estados Unidos: a Buffalo Trace Kentucky Straight Bourbon Whiskey e a Eagle Rare Kentucky Straight Bourbon Whiskey. O primeiro é produzido em homenagem aos poderosos búfalos e ao […]

A distribuidora nacional de vinhos e de bebidas espirituosas passou a distribuir duas referências da icónica Buffalo Trace Distillery, do grupo Sazerac, localizada em Frankfort, Kentucky, nos Estados Unidos: a Buffalo Trace Kentucky Straight Bourbon Whiskey e a Eagle Rare Kentucky Straight Bourbon Whiskey.

O primeiro é produzido em homenagem aos poderosos búfalos e ao espírito robusto e independente dos pioneiros que os seguiram, e submetido a um envelhecimento em barricas de carvalho novas, durante vários anos, em armazéns centenários, até atingir o pico da maturidade. O segundo, considerado uma preciosidade na categoria premium, é envelhecido durante, no mínimo, dez anos. Ambos são peças preponderantes da produção da bicentenária Buffalo Trace Destillery, classificada como Património Histórico Nacional.

Com este reforço, a Vinalda torna-se um player de relevo na categoria do bourbon em Portugal e reforça o portefólio com a distribuição do Paddy Irish Whiskey, com raízes em 1779 e tido, por muitos, como a verdadeira essência do whisky irlandês.