“O Mágico Número 5”

Os anos terminados em cinco têm revelado, ao longo da história, um papel muito especial no universo do Vinho do Porto. Como tal, realizou-se uma masterclasse de homenagem aos vinhos do Porto terminados em cinco, a qual percorreu colheitas de referência entre 2015 e 1935. A sessão decorreu no Salão Nobre do Instituto dos Vinhos […]
Os anos terminados em cinco têm revelado, ao longo da história, um papel muito especial no universo do Vinho do Porto. Como tal, realizou-se uma masterclasse de homenagem aos vinhos do Porto terminados em cinco, a qual percorreu colheitas de referência entre 2015 e 1935. A sessão decorreu no Salão Nobre do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), no âmbito das celebrações do Port Wine Day, e foi conduzida por especialistas do IVDP. “São anos que frequentemente deram origem a Vintages de eleição e a Colheitas raras, hoje considerados verdadeiros marcos para colecionadores e apreciadores”, esclarece Paulo Russell-Pinto, do IVDP, em comunicado.
As referências em prova foram as seguintes: Vallado Adelaide Vintage 2015, Taylor’s Vargellas Vintage 2005, Noval Colheita 1995, Quinta do Vesúvio Vintage 1995, Dalva Colheita 1985, Ramos Pinto Vintage 1985, Maynards Tawny 50 anos e Kopke Colheita Branco 1935. Foi uma espécie de viagem por diferentes estilos de casas da Região Demarcada do Douro, comprovando a diversidade e a versatilidade do Vinho do Porto, mas também o potencial de evolução através do tempo.
Em jeito de análise em contexto histórico, 1935 é a prova de resistência do Douro após a Grande Depressão e 1985 ficou na marcado como uma das grandes declarações colectivas de Vintage do século XX. Já 2015 surge como um ano em que a modernidade entra no mundo do Vinho do Porto.
Um Porto em copo de chocolate?

A Taylor’s e a Vinte Vinte, marca de chocolate criada pela World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia, juntaram-se, para criar uma embalagem especial constituída por um Porto Taylor’s LBV e oito copos de chocolate negro 58%. Este lançamento é desenvolvido com base no Port Wine and Chocolate Cup Experience, experiência disponível no […]
A Taylor’s e a Vinte Vinte, marca de chocolate criada pela World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia, juntaram-se, para criar uma embalagem especial constituída por um Porto Taylor’s LBV e oito copos de chocolate negro 58%. Este lançamento é desenvolvido com base no Port Wine and Chocolate Cup Experience, experiência disponível no Museu do Chocolate do WOW, onde o produto foi desenhado para manter o equilíbrio entre o amargor do chocolate e a doçura do Vinho do Porto. Está à venda online e nas lojas físicas da Vinte Vinte (no WOW e na Rua das Flores, no Porto) –, nas lojas da Taylor’s em Vila Nova de Gaia, no Porto e em Lisboa, e no El Corte Inglês.
Além de uma sugestão gulosa a chegar mesmo a tempo da época natalícia que se avizinha, com a garantia da qualidade do chocolate até 18 meses, esta dupla consiste num convite a redescobrir o Vinho do Porto e o chocolate, mas também a visitar o Museu do Chocolate do WOW.
GRANDE PROVA: BRANCOS DE LISBOA

Conta-se uma adivinha nas aulas de marketing, sobre qual o som que o hipopótamo faz. Alegadamente “dodot-dodot…” e toda a gente se ri. É um exemplo de má passagem de comunicação, já que o hipopótamo estava nas fraldas Ausónia (os mais velhos lembrar-se-ão da canção: “Ausónia elásticos lá lá, sempre seco lá lá lá.”). Também […]
Conta-se uma adivinha nas aulas de marketing, sobre qual o som que o hipopótamo faz. Alegadamente “dodot-dodot…” e toda a gente se ri. É um exemplo de má passagem de comunicação, já que o hipopótamo estava nas fraldas Ausónia (os mais velhos lembrar-se-ão da canção: “Ausónia elásticos lá lá, sempre seco lá lá lá.”). Também Lisboa a cidade branca aporta uma série de referências, que é preciso ir ao google confirmar. “A Cidade Branca” não é um filme de Wim Wenders, esse é o “Lisbon Story”. A Cidade Branca é um filme anterior, um clássico de Alain Tanner, com um jovem Bruno Ganz como estrela. A cidade branca é também uma expressão intrigante para qualquer pessoa que veja Lisboa de longe, por exemplo da Ponte 25 de Abril ao entardecer. As casas esparramam-se sobre as colinas, numa visão realmente deslumbrante. Mas nada parece branco. Procura-se, por entre as clássicas cores rosa e amarelo-ocre, onde estará o branco de cal que terá trazido essa fama à cidade. Mas apenas se encontra a ocasional fachada de pedra calcária. Branco? Nem por isso. Então de onde vem essa ideia? Da luz. A luz da lisboa é branca, entra pelos olhos dentro e faz o habitante local procurar a sombra e cobrir os olhos com a mão. O turista prefere ficar ao sol, é a forma de nos distinguirmos deles. Vê-se logo a separação dos dois grupos.
Mas falemos de vinho: há também uma óbvia separação entre grupos. A velha Lisboa, herdeira da Estremadura, era uma região de tintos. Aliás, dizia-se que Portugal era um país de tintos. “Era” fica bem dito, porque os anos passam, todo o sector trabalhou duro para encaixar a ideia de que temos uma gastronomia e um clima que convidam aos vinhos brancos. Viticultura e enologia juntaram-se, a crítica apoiou, os consumidores ficaram contentes e todos evoluíram. Neste momento, nas minhas notas de prova faço muitas recomendações de pratos de carne com vinho branco, o que me indica que também o velho estilo de branco jovem, fácil, frutado e directo também é só mais uma das opções. Há outros estilos que se vão impondo, e a gama de vinhos brancos que se encontra neste momento país-fora é variada e impressionante.
Esta prova de brancos topos de gama da região de Lisboa foi prova disso. Os produtores enviaram as suas armas pesadas e há uma gama extraordinária de vinhos de grande qualidade, com incrível variedade de castas, seja a solo, seja em lotes, diversas técnicas de vinificação e tipos de estágio, e de certa forma. para minha surpresa, muitas idades: entre 2019 e 2024. So much para outro mito que se vai esboroando, o de que os brancos se têm de beber jovens e que o branco do ano anterior ao último já só serve para temperar as iscas. Not true, e de uma forma bastante definitiva (entra meta-filosofia, para reflexão estival): é já tão evidente que os clientes não pensam assim, que os produtores têm confiança em guardar os seus melhores vinhos, para lançar os topos de gama com vários anos em cima.
Castas várias, lotes diversificados, diferentes idades e evoluções, produtores pequenos e grandes, novos e clássicos, os brancos de Lisboa chegaram à idade adulta e valem a pena
UMA REGIÃO DIVERSA
A região de Lisboa é muito variada e, segundo Carlos João Pereira da Fonseca (Companhia Agrícola do Sanguinhal e Vogal da Direcção da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa) tem uma diversidade única no país. Carlos João explicou-me que a região tem Bucelas, onde se fazem grandes Arintos. Talvez tenha sido Nuno Cancela de Abreu, com o Morgado de Santa Catherina, a fazer o primeiro grande branco com madeira em Portugal. Tem Carcavelos, uma região única com um grande trabalho nos licorosos. Tem Colares, com chão rijo e chão de areia, ambos com características completamente diferenciadoras. Vamos subindo e há a zona de Arruda dos Vinhos até Sobral de Monte Agraço e Alenquer, com muito menos influência atlântica, regiões tradicionalmente de tintos. Lisboa tem as zonas marítimas de Óbidos e Torres Vedras, que sempre foram zonas de brancos. Há ainda as Encostas de Aire e os medievais de Ourém, mais focadas nos tintos. E depois há a Lourinhã, com mais influência marítima, e que faz vinhos mais leves, para a tão conhecida aguardente.
Carlos João Pereira da Fonseca acrescentou ainda que só com grande trabalho na vinha é que se começaram a fazer vinhos tintos do lado do mar. Quando começou a plantar vinhas, nos anos 1980, ampliou a área de tintos, era então apenas 20%. Plantou castas de ciclo mais curto e conseguiu melhorar muito a qualidade dos vinhos sem perder o seu carácter. A região produz muito, é a segunda maior a seguir ao Douro, e a terceira em termos de vendas de vinhos certificados. Recentemente, voltaram a apostar nas brancas, e o encepamento de castas brancas aumentou para os actuais 40%.
A lista de castas autorizadas para vinhos brancos pela CVR é muito extensa e abrange muitas castas autóctones, nacionais e internacionais. Entretive-me a contar as castas mencionadas nas fichas técnicas dos 33 vinhos provados nesta prova. Em 44 castas mencionadas (entre varietais e lotes, apenas num vinho não sei as castas), 17 são Arinto, cinco são Viosinho, quatro são Vital, quatro são Malvasia ou Malvasia de Colares, duas são Viognier, duas são Fernão Pires/Maria Gomes, e as restantes aparecem apenas uma vez: Cercial, Riesling, Jampal, Sercial, Sémillon, Alvarinho e Roussanne. Para mim, a grande surpresa foi o aparecimento repetido da casta Viosinho, uma importação recente, que mostrou grande adaptação ao terroir, e cuja adopção tem crescido. Não é surpresa o Arinto, já que é originário de Bucelas, como não é surpresa que ainda apareça a Vital, uma casta histórica, de grande longevidade e que já há anos atrai atenção, embora tenha escapado por pouco à extinção. Mesmo a Malvasia de Colares está em perigo, mas a determinação das gentes de Colares vai salvá-la. A Chardonnay e o Viognier já têm histórico de algumas décadas na região, e as restantes parecem responder ao objectivo de ter, no mercado, vinhos diferenciados, uma característica que a região abraça com gosto, aproveitando o facto de ter também muitos micro-terroirs valorizados por um público atento.
Tudo o que vejo acontecer na região de Lisboa me entusiasma em crescendo. A quantidade e variedade de vinhos brancos topos de gama e os resultados empolgantes desta prova, tudo me diz que a variedade e a experimentação nos tintos também vai chegar em breve ao topo. Cada vez mais vai valer a pena escolher vinhos de Lisboa e desfrutar desta antiga, mas moderna, região de vinhos. Inshallah.
(Artigo publicado na edição de Setembro de 2025)
-
Quinta de S. Sebastião
Branco - 2020 -
Quinta de Pancas
Branco - 2024 -
Quinta da Folgorosa
Branco - 2020 -
Morgado de Sta. Catherina
Branco - 2023 -
Monte Bluna
Branco - 2022 -
CH by Chocapalha
Branco - 2022 -
Casal Sta. Maria Pêndulo
Branco - 2022 -
Casa das Gaeiras
Branco - 2020 -
Quinta do Monte d’Oiro
Branco - 2022 -
Colares Chitas
Branco - 2020
-
Quinta da Murta
Branco - 2022 -
Morgado de Bucelas Cuvée
Branco - 2023 -
Monstros de Lisboa
Branco - 2024 -
Maria do Carmo
Branco - 2019 -
Madame Pió
Branco - 2023 -
Félix Rocha
Branco - 2021 -
Dona Fátima
Branco - 2022 -
Alma Vitis
Branco - 2021 -
Quinta Vale da Roca
Branco - 2022 -
Quinta do Rol Atlântico
Branco - 2021
-
Quinta do Pinto
Branco - 2021 -
Quinta do Lagar Novo
Branco - 2021 -
Peripécia
Branco - 2022 -
Mosquel
Branco - 2023 -
Mare et Corvus
Branco - 2023 -
Corrieira Juntos
Branco - 2023 -
Adega d’Arrocha
Branco - 2023 -
Vale da Mata
Branco - 2024 -
Quinta do Boição Vinhas Velhas
Branco - 2021 -
Quinta de San Michel
Branco - 2022
Editorial: Atreva-se a descobrir

Editorial da edição nrº 102 (Outubro de 2025) No meu círculo de amigos serei, certamente, um dos que menos recorre às chamadas redes sociais. Utilizo apenas Instagram, onde publico uma foto por mês, se tanto, e nunca sobre vinhos. Os temas que me apetece fotografar/comentar têm quase sempre a ver com carros, cães, pesca, caça […]
Editorial da edição nrº 102 (Outubro de 2025)
No meu círculo de amigos serei, certamente, um dos que menos recorre às chamadas redes sociais. Utilizo apenas Instagram, onde publico uma foto por mês, se tanto, e nunca sobre vinhos. Os temas que me apetece fotografar/comentar têm quase sempre a ver com carros, cães, pesca, caça e, tirando raríssimas excepções (e sempre com autorização prévia) família e amigos nunca são envolvidos nos conteúdos. Serve isto unicamente para dizer que estou muito longe de poder ser considerado um especialista em redes sociais, e bem assim da linguagem, regras, códigos, que lhes são inerentes.
No entanto, e por dever de ofício, ao longo dos últimos anos tenho acompanhado bastante mais de perto as plataformas digitais e redes sociais das empresas ligadas ao mundo do vinho. Estou atento ao desempenho, à forma, ao conteúdo, e reconheço a crescente importância que as redes sociais têm na estratégia de comunicação de uma marca, operando como complemento dos outros formatos e modelos.
Ao visualizar as publicações de dezenas de empresas, distintas nos seus perfis, conceitos e cliente alvo, é impossível não reparar em, pelo menos, dois denominadores comuns: primeiro, o desconhecimento generalizado do tema (vinha, vinho, mercado) e também da cultura e especificidades do proprietário da conta, originando arrepiantes “gaffes”, sobretudo quando se fala de castas, vindima, vinificação ou consumo (a excepção está, naturalmente, nas raras ocasiões em que é o produtor a encarregar-se do conteúdo); segundo, a absurda quantidade de lugares comuns, clichés, verbos, advérbios e adjectivos repetidos até à exaustão, amontoados de palavras sem significado algum, formando frases surreais.
Assim, pelo que leio nas redes sociais, não posso, simplesmente, querer beber um vinho. Tenho de me “atrever” a isso. E, de preferência, ficar “surpreendido” com o resultado. E como não, se todos os vinhos são “únicos” e “prometem” coisas? Além de que estão cheios de “segredos desafiantes” para “descobrir”. De tal forma “fascinantes” e “inesquecíveis” que deixam de ser uma bebida e se transformam numa “experiência”, feita de “aromas de partilha” e “sabores de tradição”. Apetece “brindar” pois então, “à vida, aos amigos, ao verão”.
Sei perfeitamente que uma publicação deste tipo se quer curta e apelativa, numa linguagem simples, acessível, sem complicações, de apreensão imediata. Mas tantas e tantas vezes, o que leio é algo como isto: “Atreva-se a experienciar o nosso terroir único. Convidamo-lo a mergulhar num momento fascinante e inesquecível, juntando paixão e tradição. Descubra os segredos de vinhos que prometem surpreender pela sua frescura e brinde à amizade num ambiente repleto de natureza”.
Não pretendo, de modo algum, ver numa conta empresarial do Facebook ou Instagram a linguagem de um jornalista ou romancista. Mas gostaria de deparar-me com uma escrita um pouco mais criativa, inteligente e conhecedora. A verdade é que, após ler as mesmas frases replicadas de marca para marca, fico com a sensação de que a esmagadora maioria das pessoas que escreve estes conteúdos nem sequer bebe ou gosta de vinho. O que, convenhamos, não será o melhor cartão de visita, se o propósito da publicação for levar um potencial consumidor a “atrever-se” a abrir uma garrafa… L.L.
São 7 os melhores no Enoturismo a norte do país

Na 24ª edição do Best Of Wine Tourism 2026, foram apurados sete vencedores regionais e atribuídas nove menções honrosas a projectos de enoturismo da região do Porto, Douro e Vinhos Verdes. Esta iniciativa promovida pela Câmara Municipal do Porto, no âmbito da rede internacional Great Wine Capitals, engloba as seguintes categorias: alojamento, arquitectura e paisagem, […]
Na 24ª edição do Best Of Wine Tourism 2026, foram apurados sete vencedores regionais e atribuídas nove menções honrosas a projectos de enoturismo da região do Porto, Douro e Vinhos Verdes. Esta iniciativa promovida pela Câmara Municipal do Porto, no âmbito da rede internacional Great Wine Capitals, engloba as seguintes categorias: alojamento, arquitectura e paisagem, arte e cultura, experiências inovadoras, serviços, experiências gastronómicas e práticas sustentáveis. Na próxima fase de índole global, um júri internacional irá eleger, de 2 a 6 de Novembro, um vencedor entre os premiados de cada cidade e região do mundo.
Com esta acção, o Município do Porto criou o Best Of Club – Porto, para envolver a comunidade de vencedores e fomentar a colaboração entre os promotores de enoturismo, de modo a projectar a região a nível nacional e internacional.
Os prémios Best Of Wine Tourism têm vindo a reforçar uma rota desenhada no contexto do enoturismo, por forma a contemplar diversas experiências. Já a Great Wine Capitals, fundada em 1999, é constituída por 11 cidades e regiões com forte ligação a territórios vitivinícolas, cujo objectivo é impulsionar o enoturismo e o crescimento económico desta vertente do turismo. Além do Porto (Portugal), também fazem parte desta rede Adelaide (Austrália), Bilbao-Rioja (Espanha), Bordeaux (França), Hawke’s Bay (Nova Zelândia), Lausanne (Suíça), Mainz-Rheinhessen (Alemanha), Mendoza (Argentina), São Francisco-Napa Valley (EUA), Valparaiso-Casablanca Valley que (Chile), Verona (Itália).
Vencedores Regionais Best Of Wine Tourism 2026
- Alojamento – Quinta do Ameal
- Arquitetura e Paisagem – Casa do Santo Wine & Tourism
- Arte & Cultura – Quanta Terra Douro
- Experiências Gastronómicas – Pedro Lemos
- Experiências Inovadoras em Enoturismo – Vesúvio & Bomfim Experience
- Práticas Sustentáveis em Enoturismo – Ventozelo Hotel & Quinta
- Serviços de Enoturismo – Quinta da Torre, Anselmo Mendes
Menções Honrosas
- Alojamento – Quinta da Vacaria e Quinta de São Luiz
- Arquitetura e Paisagem – Adega HO
- Arte & Cultura – Quinta da Aveleda
- Experiências Gastronómicas – Quinta do Crasto
- Experiências Inovadoras em Enoturismo – Quinta da Casa Amarela e Marma Slow
- Práticas Sustentáveis em Enoturismo – Quinta do Seixo
- Serviços de Enoturismo – Quinta de Santa Cristina
175 anos de história

O Periquita foi celebrado na centenária Casa-Museu da José Maria da Fonseca, em Azeitão, ou não fosse aquela referência considerada o vinho tranquilo mais antigo do país. Nas palavras de António Maria Soares Franco, co-CEO da empresa e um dos representantes da sétima geração da família, “é o vinho mais importante da casa, a primeira […]
O Periquita foi celebrado na centenária Casa-Museu da José Maria da Fonseca, em Azeitão, ou não fosse aquela referência considerada o vinho tranquilo mais antigo do país. Nas palavras de António Maria Soares Franco, co-CEO da empresa e um dos representantes da sétima geração da família, “é o vinho mais importante da casa, a primeira marca de vinho tinto em Portugal e o primeiro vinho a ser engarrafado. É, sem dúvida, um símbolo do vinho em Portugal e o embaixador dos vinhos portugueses.”
Para começar esta história é necessário fazer uma viagem até à década de 1480, quando José Maria da Fonseca comprou a Cova da Periquita, em Azeitão, onde plantou varas de Castelão. “A vinha já não existe e a localização está bem perto de Azeitão, a caminho da Arrábida. Primeiro, plantou as vinhas alinhadas, o que não era comum naquela época, também para poder animais no trabalho da vinha e não ser apenas trabalho braçal. Por outro lado, como era matemática, calculou a distância entre as cepas, para maximizar a exposição solar e a produtividade por hectare”, conta o nosso anfitrião. As uvas daqui deram origem à primeira colheita do Periquita, um tinto cujo começo é marcado pela carta enviada por José Maria da Fonseca a um cliente, com a sugestão de provar esta boa nova de então. Depois, importa referir o primeiro registo do nome Periquita, uma carta do ano 1850, na qual José Maria da Fonseca sugere, a um cliente, a prova do vinho.
O reconhecimento do produto valeu-lhe a fama entre os produtores da actual região dos Vinhos de Setúbal, que lhe pediram varas da referida casta tinta, a qual passaram a designar Periquita, devido ao nome da referida propriedade. E foi mais além, com distinções dentro de portas e além mar. Em 1941, foi registada a marca Periquita.
Com a evolução do mercado, no ano seguinte, surgiu o Periquita Reserva tinto e, em 1997, é apresentado o Periquita Clássico, de 1992. A estreia do branco aconteceu em 2004, o do rosé em 2007. O Periquita Reserva branco passou a ser produzido em 2023. Segundo o nosso anfitrião, “faltava um complemento para o Reserva tinto. O perfil é muito elogiado pelos nossos clientes e é feito a partir de um lote constituído por duas castas: a Arinto, para lhe dar frescura e acidez, e a Viognier, para lhe dar mais complexidade e estrutura.” Entretanto, em 2012, chegou a vez do Periquita Superyor, com a colheita de 2008. O nome deste último é explicado por António Maria Soares Franco: “como temos essa tradição de os melhores moscatéis se chamarem Superior, decidimos usar a mesma palavra para designar o topo de gama da família Periquita.”
Parabéns, José Maria da Fonseca!
Lisboa com Sabor a España

Depois da cidade de Évora, no Alentejo, a marca espanhola abre uma enorme loja no nº 259, da Rua do Ouro, na capital portuguesa. São 180 m² repletos de Sabor a España, como manda a tradição gastronómica do país vizinho, desde os célebres torrões aos doces artesanais, passando pelos frutos secos caramelizados e pelas compotas, […]
Depois da cidade de Évora, no Alentejo, a marca espanhola abre uma enorme loja no nº 259, da Rua do Ouro, na capital portuguesa. São 180 m² repletos de Sabor a España, como manda a tradição gastronómica do país vizinho, desde os célebres torrões aos doces artesanais, passando pelos frutos secos caramelizados e pelas compotas, com um desvio, não menos guloso, pelos chocolates.
Fundada em 1948 em Espanha, a Sabor a España preserva a génese da empresa, de carácter familiar, e a produção artesanal. Privilegiar o contacto com o consumidor também faz parte da filosofia da Sabor a España, daí a aposta em lojas de rua situadas em pontos estratégicos. Portanto, “abrir uma loja em Lisboa é um passo muito importante na nossa expansão. Acreditamos firmemente no mercado português e na sua capital como uma zona estratégica, e, por isso, optámos por um local único, numa localização privilegiada, que reflete a essência e a qualidade do Sabor a España”, declara, em comunicado, Fran Ramírez, Gerente Geral e proprietário da Sabor a España.
A operação contou com a assessoria da CBRE, representante da Sabor a España, e da Cushman & Wakefield, que atuou em nome do anterior inquilino. Mas a ideia não é ficar por aqui, é abrir novos espaços em Lisboa, Porto, Cascais e Sintra.
Mestre queijeira

Aida Augusto nasceu em Trás-os-Montes, em 1972. O panorama sociopolítico de então pesou na decisão dos pais rumarem para Paris, em França, com quem foi viver ainda na infância, já depois de ter partilhado uma parte desta fase com os avós, ainda em Portugal. Mais tarde cursou e concluiu o curso de Ciências Humanas, mas […]
Aida Augusto nasceu em Trás-os-Montes, em 1972. O panorama sociopolítico de então pesou na decisão dos pais rumarem para Paris, em França, com quem foi viver ainda na infância, já depois de ter partilhado uma parte desta fase com os avós, ainda em Portugal. Mais tarde cursou e concluiu o curso de Ciências Humanas, mas quis o destino que entrasse na famosa queijaria Quatrehommes, localizada na capital francesa, para se candidatar ao lugar de funcionária, papel desempenhado por cerca de sete anos.
Obter conhecimento aprofundado sobre esta matéria foi imperativo. A inesgotável curiosidade levou Aida Augusto a iniciar a formação nesta área numa escola especializada, que dista 400 quilómetros de Paris, onde ia todas as semanas. Foram quatro anos focados nos estudos intensivos sobre as diferentes regiões relacionadas com a produção de queijo, trabalho esse inteiramente ligado à geografia e à orografia de um país. “O território é que define o produto final”, daí que o queijo tenha “a mesma evidência do vinho”, compara. Os restantes quatro anos basearam-se na passagem à prática.
“É uma área apaixonante”, confessa Aida Augusto, mestre queijeira, profissão centrada no domínio do percurso entre a selecção do leite utilizado na transformação em queijo, processo de produção seguido pela cura, “indispensável para desenvolver todo o potencial do queijo, ou seja, para despertar aromas e sabores do produto”, explica. Afinal, trata-se de um “produto vivo” quando produzido a partir de leite cru. Portanto, os procedimentos que permitem a passagem do líquido para o sólido são cruciais, bem como o tempo que necessita de ser investido na cura. “Até à degustação, o queijo é um produto vivo”, sublinha. Nesta fase, “é importante dar a conhecer a diversidade de queijos”, ou seja, a relação com o consumidor torna-se fundamental, o que só se torna possível lojas especializadas.
A falta de sensibilização a respeito da produção de queijos e a quase inexistente especialização nesta área são dois factores apontados por Aida Augusto, os quais urge suprimir, no sentido de se fazer um produto diferente e de qualidade. Com o propósito de fazer o levantamento da pastorícia e dos queijos produzidos no território, a mestre queijeira deu início, há mais de uma década, ao projecto “Segredos do Território”, o qual quer estender por Portugal, de lés a lés, país a que regressou em fevereiro deste ano de 2025. “Temos de criar uma rede de curadores e apostar na formação, porque o corte, o serviço, precisa de pessoas especializadas”, argumenta.
Com o intuito de desvendar os “Segredos do Território”, no dia 20 de Setembro, ao Nobre Gosto, evento organizado pela revista Grandes Escolhas e que teve lugar no Palácio e Jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras, Aida Augusto apresentou duas tábuas de queijos. A primeira era constituída por dois requeijões distintos – um fresco e um outro entre três a quatro semanas de cura – feitos a partir de leite de cabra, da Ortodoxo, queijaria localizada em Azeitão, e um queijo de cabra com quatro semanas de cura, “com um formato diferentes dos anteriores, mas a mesma receita”, da Casa Pratas, no Cartaxo. Para este trio, foi eleito um Adega Casal da Manteiga branco, produzido na vizinha Adega Casal da Manteiga, situada na Quinta de Cima, em Oeiras.
Já a segunda tábua continha um quarteto de queijos, cuja harmonização coube ao Villa Oeiras 15 Anos Superior, o Vinho de Carcavelos produzido na mesma adega e o anfitrião deste evento. “Trouxe um queijo curado amanteigado Monte da Vinha, do Vimieiro, Arraiolos, com seis semanas de cura, que vendi muito na queijaria de Paris”, revela Aida Augusto, um queijo de vaca alemão, com três, quatro quilos, curado e com pétalas de flores selvagens, de nome Tomme, “que nós, em França, chamamos de ‘Tomme aux fleurs’”. Dos Países Baixo, a mestre queijeira trouxe um Gouda, “com 30 meses de cura e uma massa super cristalizada” e, da Galiza, apresentou um queijo azul de leite de vaca do Casal Airas Moniz, “com uma intensidade extraordinária”, avança.
Partilhar conhecimento e dar azo a acções de sensibilização são, para já, um trabalho a continuar, mas “a ideia é abrir uma loja”.