Garrafeira Nacional chega à cidade invicta

Garrafeira Nacional

Situada numa das artérias mais emblemáticas da cidade do Porto, a Rua das Flores, a Garrafeira Nacional instala-se num edifício histórico, respeitando a arquitectura tradicional e contribuindo para a dinamização da zona. O projecto da nova loja contou com um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros tornando possível trazer a beleza vinhateira ao […]

Situada numa das artérias mais emblemáticas da cidade do Porto, a Rua das Flores, a Garrafeira Nacional instala-se num edifício histórico, respeitando a arquitectura tradicional e contribuindo para a dinamização da zona. O projecto da nova loja contou com um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros tornando possível trazer a beleza vinhateira ao seu interior.

Para Jaime Vaz, CEO da Garrafeira Nacional, a decisão de rumar o negócio a norte, há muito ambicionada, mas condicionada pela pandemia, justifica-se devido à crescente exigência do público, que espera encontrar uma oferta diversificada de vinhos e destilados de qualidade superior. “Queremos preservar a tradição ainda que adaptada aos tempos modernos e proporcionar experiências personalizadas, garantindo um serviço de excelência desde o primeiro momento a todos aqueles que nos procuram”, realça o responsável, deixando o convite à visita do espaço.

Para complementar a experiência de compra, a Garrafeira Nacional – Flores dispõe de uma área dedicada ao serviço de vinho a copo, com uma selecção de 32 referências distintas, dos fortificados aos tranquilos, incluindo vinhos do Porto com mais de 100 anos. Além disso, a loja vai promover sessões de prova e masterclasses, em sala exclusiva para o efeito.

Justino’s: Madeirenses 2.0

Justino’s

A Justino´s Madeira Wines, estabelecida na ilha em 1870, como produtora e exportadora dos vinhos da Madeira, dedica-se, desde 2003, também à produção de vinhos tranquilos sob a marca Colombo. O acompanhamento dos viticultores com determinadas parcelas é um dos pressupostos essenciais deste projecto. Cada lote tem vinhas associadas e um trabalho no campo diferenciado […]

A Justino´s Madeira Wines, estabelecida na ilha em 1870, como produtora e exportadora dos vinhos da Madeira, dedica-se, desde 2003, também à produção de vinhos tranquilos sob a marca Colombo. O acompanhamento dos viticultores com determinadas parcelas é um dos pressupostos essenciais deste projecto. Cada lote tem vinhas associadas e um trabalho no campo diferenciado em função das condições do local e das castas. Umas são variedades internacionais, como é o caso de Sauvignon Blanc, único na Madeira, introduzido pela Justino’s há oito anos, outras portuguesas – Aragonez e Touriga Nacional – vindas do continente, e finalmente castas tipicamente madeirenses, algumas quase desconhecidas, que, no sítio certo, dão resultados bem interessantes.

Imagem renovada
Os cinco vinhos apresentados são certificados como DO Madeirense. Revelam uma imagem renovada e uma filosofia enológica focada nos vinhos nítidos e expressivos, à responsabilidade de Juan Teixeira e Nuno Duarte, que se juntou à equipa em 2021.
O primeiro vinho representa o terroir do Norte da ilha. As uvas vêm das vinhas com 20 anos, conduzidas em espaldeira a uma altitude entre 400 e 500 metros. É um lote de Arnsburger (60%), Boaventura e Verdelho (40%) de São Vicente. Arnsburger é uma variedade de origem alemã, obtida por cruzamento de Muller-Thurgau e Weisser Gutedel (também conhecido como Chasselas Blanc) nos meados do século passado. Foi introduzida na Madeira em meados dos anos 80, numa leva de castas oriundas de Portugal Continental, França, Itália e Alemanha. Hoje Arnsburger é mais popular no norte da ilha do que no seu país de origem.
O segundo branco é composto por 70% de Verdelho do Estreito de Câmara de Lobos (Sul da ilha) e 30% de Sauvignon Blanc de São Jorge (Norte da Ilha). A altitude das vinhas, também conduzidas em espaldeira, varia entre 200 e 300 metros.
Ambos os vinhos partilham a mesma abordagem na adega. Fermentam em inox com temperatura controlada. 50% estagia em barricas de 500 litros, novas e semi-novas, 50% em inox com levantamento regular de borras finas. Como são bem providos de acidez, optou-se por permitir parcialmente a fermentação maloláctica, para “domar” a acidez e enriquecer a sensação de boca.

 

Do Caracol ao rosé
O terceiro vinho é uma curiosidade tipicamente madeirense. É praticamente um monovarietal de Caracol, que entra no lote com 97% (mais 3% de Listrão na qualidade de sal e pimenta). A casta foi introduzida na ilha de Porto Santo no início do século passado, onde também é conhecida como Olho de Pargo ou Uva das Eiras, pelo sítio onde foi plantada. A sua origem ainda é desconhecida, mas existe uma relação genética com a variedade Cédres, das ilhas Canárias, e o Listrão (Palomino Fino em Jerez ou Malvasia Rei no Douro). As vinhas bem velhas, com idade de 80 anos, rastejam no chão de areia com compostos calcários ao nível do mar, protegidas por muros de pedra, denominados “crochê”.
Como as duas castas são neutras aromaticamente, optou-se por uma ligeira maceração de cinco horas, antes da prensagem para extrair alguns compostos aromáticos das películas, com fermentação a temperatura ambiente. O estágio decorreu da mesma forma como os outros dois vinhos.
O rosé é originado por um feliz dueto de 57% de Tinta Negra com 43% de Complexa. A primeira é a casta mais plantada na ilha e assegura a maior parte de produção de vinhos da Madeira. As uvas vêm do Estreito da Câmara de Lobos, plantadas a 700 m de altitude e conduzidas em latada, com declives de 45%. A Complexa quase nunca é falada, mas é a segunda casta mais plantada na Madeira. Foi obtida, em 1959, no centro de investigação de Dois Portos, através de uma série de cruzamentos que envolveram Castelão, Alicante Bouschet e Moscatel de Hamburgo e foi introduzida na Madeira nos anos 70. Produz vinhos com nível de álcool moderado, e mais acidez e menos cor do que a Tinta Negra. Não obstante ter a polpa corada, tem poucas antocianas na película, o que faz dela uma óptima escolha para rosés. As uvas vêm de Santana, na parte norte da ilha.
Apenas a primeira lágrima dá origem ao rosé. Fermenta a temperatura controlada e não faz a fermentação maloláctica para preservar a frescura. Trabalham borra fina para dar mais textura e o estágio decorre em barrica usada (com 10 anos) de 500 litros.
A composição do tinto deste ano é diferente: 50% de Aragonês e 30% de Touriga Nacional do Porto Moniz, mais 20% de Merlot da Rocha, vinhas localizadas no Norte da ilha, 400 m acima do mar. Depois de sete dias de curtimenta, só molhando a manta, das fermentações alcoólica e maloláctica, seguiu-se um estágio de 12 meses em barricas de 500 litros, novas e seminovas.

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

35 sommeliers internacionais de visita ao Dão

sommeliers dão

Os especialistas trabalham como Chefe Sommelier ou Sommelier em restaurantes com estrelas Michelin e restaurantes de topo um pouco toda a Europa, tendo assim a oportunidade de conhecerem melhor a região e, sobretudo, os vinhos produzidos no Dão. Os produtores presentes foram os seguintes: Adega de Penalva do Castelo, Adega de Silgueiros, ALLGO, Boas Quintas, […]

Os especialistas trabalham como Chefe Sommelier ou Sommelier em restaurantes com estrelas Michelin e restaurantes de topo um pouco toda a Europa, tendo assim a oportunidade de conhecerem melhor a região e, sobretudo, os vinhos produzidos no Dão.

Os produtores presentes foram os seguintes: Adega de Penalva do Castelo, Adega de Silgueiros, ALLGO, Boas Quintas, Caminhos Cruzados, Carvalhão Torto, Casa Américo, Casa de Mouraz, Casa dos Amados, Chão de São Francisco, Global Wines, Ladeira da Santa, Lusus, Pedra Cancela, Quinta da Alameda, Quinta da Bica, Quinta da Bordaleira, Quinta da Cerca, Quinta dos Carvalhais, Quinta da Espinhosa, Quinta do Escudial, Quinta da Fata, Quinta da Gandara, Quinta da Ramalhosa, Quinta da Vegia, Quinta das Marias, Quinta das Mestras, Quinta das Queimas, Quinta do Covão, Quinta do Mondego, Quinta do Perdigão, Quinta do Sobral, Quinta dos Penassais, Quinta dos Roques, Soito Wines, Taboadella, Textura Wines, UDACA e Vinha Paz.

Esta viagem a Portugal, entre 19 e 26 de Maio, teve como objectivo dar a conhecer as diferentes regiões de vinho e proporcionar experiências marcantes, não só com a qualidade superior do vinho português, mas também com as várias paisagens e locais vínicos do nosso país.

 

Os vencedores do Concurso de vinhos do Douro Superior 2024

douro superior

Foram ontem revelados os resultados do Concurso de Vinhos do Douro Superior, uma iniciativa integrada no Festival do Vinho do Douro Superior sempre aguardada com grande expectativa e que culmina três dias intensos num evento marcante para esta região vinícola. Neste concurso em que participaram mais de 180 vinhos nas categorias de vinhos brancos, tintos […]

Foram ontem revelados os resultados do Concurso de Vinhos do Douro Superior, uma iniciativa integrada no Festival do Vinho do Douro Superior sempre aguardada com grande expectativa e que culmina três dias intensos num evento marcante para esta região vinícola.
Neste concurso em que participaram mais de 180 vinhos nas categorias de vinhos brancos, tintos e vinhos do Porto, o júri internacional de 30 profissionais, entre importadores, garrafeiras, restaurantes, wine bares, e jornalistas teve a difícil tarefa de escolher os melhores entre os melhores. Esta foi uma competição de grande nível que demonstrou a excepcional qualidade dos vinhos do Douro Superior.

Luís Lopes, director da Grandes Escolha e presidente do concurso sublinhou não só a grande qualidade dos vinhos provados, mas sobretudo a revelação de novos projectos que surpreendem em cada nova edição do Festival, alguns dos quais alcançam prémios logo no primeiro ano em que participam.

Festival do Vinho do Douro Superior é um evento organizado pelo Município de Vila Nova de Foz Côa e produzido pela Grandes Escolhas.

Aqui fica a lista dos premiados:

BRANCOS

Melhor Vinho:

Duorum Vinha dos Muros 2023 Duorum Vinhos

Medalha de Ouro:

Conceito 2021 Conceito Vinhos
Cortes do Reguengo 2020 Vinaze – Quinta do Reguengo
Cortes do Tua 2021 Cortes do Tua Wines
Crasto Superior Branco 2022 Quinta do Crasto
EspadaCinta Reserva 2022 EspadaCinta Vinhos
Kaputt Orange 2019 Van Zeller Wine Collection S.A.

Medalha de Prata:

Bardo Reserva 2022 Setebagos Vinhos
Cadão Douro PM Vinhas Velhas 2021 Mateus & Sequeira Vinhos
Ensaios Extremes Rabigato 2020 Colinas do Douro
Fonte Cerdeira 2022 Fonte Cerdeira – João Manuel Damas
Golpe Reserva 2023 Família Carvalho Martins
Pai Horácio Branco Grande Reserva 2021 Vinilourenço
Quinta da Pedra Escrita 2022 Rui Roboredo Madeira Vinhos
Quinta da Terrincha 2023 Quinta da Terrincha
Quinta Vale d’Aldeia Grande Reserva 2020 Quinta Vale d’Aldeia
Souza Dias Moscatel 2006 Caves da Quinta do Pocinho
Terras do Grifo Reserva 2022 Rozès, SA

TINTOS

Melhor Vinho:

Quinta do Vesúvio 2021 Symington Family Estates

Medalha de Ouro:

Alto do Pocinho Reserva 2020 Quinta dos Termos
Bardo Real Grande Reserva 2020 Setebagos Vinhos
Cadão Grande Reserva 2018 Mateus & Sequeira Vinhos
Casa Ferreirinha Quinta da Leda 2020 Sogrape Vinhos
Conceito 2020 Conceito Vinhos
Cortes do Reguengo 2019 Vinaze – Quinta do Reguengo
Ensaios Extremes Touriga Francesa 2020 Colinas do Douro
Perdigota Reserva 2022 Caves da Quinta do Pocinho
Quinta Vale d’Aldeia Grande Reserva 2020 Quinta Vale d’Aldeia
Roquette & Cazes 2020 Roquette & Cazes
Terras do Grifo Grande Reserva 2017 Rozès
Villarôco Reserva 2019 Villarôco

Medalha de Prata:

Casa d’Arrochella Reserva Especial 2020 Sociedade Agrícola Casa d’Arrochella
Crasto Superior 2020 Quinta do Crasto
Duorum Reserva 2020 Duorum Vinhos
Ensaios Extremes Sousão 2019 Colinas do Douro
Fonte Cerdeira Reserva 2019 Fonte Cerdeira – João Manuel Damas
Palato do Côa Reserva 2020 5 Bagos – Sociedade Agrícola
Quinta da Pedra Escrita 2020 Rui Roboredo Madeira Vinhos
Quinta da Terrincha Touriga Nacional 3 Altitudes 2021 Quinta da Terrincha
Quinta das Mós Sousão Grande Reserva 2020 Mikael Monteiro Cabral – Quinta das Mós
Quinta de Canivães 2020 Casa Ermelinda Freitas – Vinhos
Quinta do Arnozelo Grande Reserva 2019 Sogevinus Fine Wines
Quinta dos Quatro Ventos Reserva 2020 Bacalhôa Vinhos de Portugal
Rasga Grande Reserva 2019 Artur Rodrigues
Remisi’us Grande Reserva 2020 Edição Limitada Valley & Co.
Selores Premium 2020 Viniselores
Terras do Malhô Reserva 2022 NR de Oliveira
Vale de Pios 2019 Quinta de Vale de Pios
Vinha dos Gatos 2020 Zero Defeitos – Casa Agr. Pinto Barbosa
ZOM Touriga Nacional Grande Reserva 2020 Van Zeller Wine Collection S.A.

VINHO DO PORTO

Melhor Vinho:

Maynard’s Vintage 2021 Van Zeller Wine Collection S.A

Medalha de Ouro:

Burmester Porto Vintage 2022 Sogevinus Fine Wines
Quinta de Ervamoira Vintage 1994 Adriano Ramos Pinto Vinhos

Medalha de Prata:

Ameztoy & Almeida – Ruby Seco Mateus Nicolau de Almeida
Burmester Tawny 10 Anos Sogevinus Fine Wines
Quinta do Grifo Vintage 2019 Rozès

Arranca hoje o 11º Festival do Vinho do Douro Superior

O Festival do Vinho do Douro Superior regressa ao EXPOCÔA – Centro de Exposições de Vila Nova de Foz Côa, nos dias 24, 25 e 26 de Maio e conta, este ano, com cerca de 100 expositores. O programa da 11ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, […]

O Festival do Vinho do Douro Superior regressa ao EXPOCÔA – Centro de Exposições de Vila Nova de Foz Côa, nos dias 24, 25 e 26 de Maio e conta, este ano, com cerca de 100 expositores. O programa da 11ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior.

A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 18h00 de dia 24 de Maio, sexta-feira, com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, João Paulo Sousa. Neste primeiro dia, os visitantes poderão assistir à prova comentada dos “Grandes brancos do Douro Superior”, por Luís Lopes, crítico e editor da revista Grandes Escolhas, e ainda ao espetáculo da fadista Sara Correia (22h00).

No sábado, dia 25, o destaque vai para o Concurso de Vinhos do Douro Superior, que reúne, durante a manhã, alguns dos críticos e outros profissionais mundo vínico mais importantes do país e, este ano, pela primeira vez, importadores de Itália, Reino Unido, Dinamarca e Suécia. Todos os anos participam, nesta competição, vinhos de grande qualidade, de grandes, médios e, sobretudo, pequenos produtores, que, de outra forma, poderiam passar despercebidos.

Em simultâneo será discutido o impacto do enoturismo na região, com o colóquio “Enoturismo – uma aposta para o desenvolvimento sustentado do Douro Superior”, que inclui a participação de António Pé-Curto, doutorado pelo ISCTE, Rui Dias, Catedrático da Universidade de Évora e José Reverendo da Conceição, enólogo e diretor geral da Quinta Vale de Aldeia e Hotel Rural de Longroiva.

A feira abre portas para a população em geral pelas 15h00, estando reservadas, para este dia, duas provas comentadas, uma de “Azeites do Douro Superior e Trás-os-Montes”, por Francisco Pavão, Presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), e outra dedicada aos “Grandes tintos do Douro Superior”, pelo crítico Fernando Melo. António Zambujo fecha a noite, com um concerto às 22h00.

No último dia do evento será possível assistir ao anúncio dos resultados do 11º Concurso de Vinhos do Douro Superior e à última prova comentada, desta vez sobre “Vinho do Porto”, por Valéria Zeferino. A complementar o programa de atividades, os visitantes do festival poderão provar e comprar os diversos vinhos e produtos locais na zona dos expositores, onde também se encontram tasquinhas com diferentes opções gastronómicas.
O Festival do Vinho do Douro Superior é organizado pela Câmara Municipal de Foz Côa e pela revista Grandes Escolhas, com o objectivo apoiar os produtores e mostrar o trabalho desenvolvido na região.

Roquette & Cazes: Xisto, Douro de traço bordalês

Roquette & Cazes

O evento teve lugar no Porto e destinou-se a mostrar a nova edição do tinto Xisto, um vinho com origem na quinta do Meco (Douro Superior), uma propriedade que pertence à família Cazes e que se situa ao lado da quinta da Cabreira, que pertence à Quinta do Crasto. A ideia desta colaboração é muito […]

O evento teve lugar no Porto e destinou-se a mostrar a nova edição do tinto Xisto, um vinho com origem na quinta do Meco (Douro Superior), uma propriedade que pertence à família Cazes e que se situa ao lado da quinta da Cabreira, que pertence à Quinta do Crasto. A ideia desta colaboração é muito antiga. A família Cazes tem uma relação familiar com Portugal, uma vez que o patriarca Jean-Michel, recentemente falecido, casou com uma portuguesa de Moçambique. Embora sempre a viver em Bordéus, a verdade é que, em casa dos Cazes, a conversa entre os filhos e os visitantes se desenrola em português.

A ideia do projecto nasceu em 2002, mas o primeiro tinto Xisto a entrar no mercado foi da colheita de 2003, quando se entendeu que o vinho tinha o perfil e qualidade desejada. Uma segunda marca – Roquette & Cazes – surgiu em 2006. Mais do que ser um rótulo que surge em anos que não há Xisto, esta marca, com um PVP bem convidativo, poderá ter sempre edição, beneficiando da boa produção da quinta do Douro Superior. Neste momento atinge as 85 000 garrafas, mas Tomás Roquette, que conduziu esta apresentação, não deixou de salientar que em breve poderá chegar às 100 000 garrafas. A empresa, para além da quinta, não tem, como lembrou Tomás, “nada de nada. Nem adega nem equipa própria, nem armazém de barricas, nem estrutura comercial: tudo é alugado ou sub-contratado à quinta do Crasto”. No final, metade do stock é comercializado cá e o resto pela família Cazes.

Selecção exigente

A frequência de saída do tinto Xisto não acompanha a outra marca. “Ainda não conseguimos fazer todos os anos” e desde 2003 não teve edição em 2006, 06, 08, 10, 14, 16 e 17. A seguir a este, agora apresentado (2019), é certo que vai haver um hiato. Temos então dois tintos feitos com castas portuguesas, de vinhas do Douro mas com a expertise da enologia de Bordéus. Daniel Llose, consultor de enologia da família Cazes, e que está neste projecto desde o início, não deixou margem para dúvidas: “é preciso ser capaz de dizer não, quando não estamos 100% seguros da excelência. Por isso, creio que a seguir a este 2019, o que se vislumbra como próxima edição, poderá ser o 2023”. Seguro mesmo é que, nos anos em que não há Xisto, é o Roquette & Cazes que vê a sua quantidade aumentar. Mas Daniel ainda não tem todas as certezas, quando lembra que “após 48 vindimas, a única coisa que sei é que não sei tudo e há que continuar a estar atento. Não se pode fazer copy paste de Bordéus para o Douro”. Também não deixou de ser curiosa a sua tese de que, nos anos abundantes, a vinha está mais equilibrada e, por isso, não é dado adquirido que pouca produção seja sinónimo de qualidade.

Manuel Lobo, enólogo da quinta do Crasto e da Roquette & Cazes, salientou que as vinificações se fazem por casta (nos lotes entram Touriga Nacional, Franca e Tinta Roriz) e por parcela, o que permite uma maior atenção a todos os detalhes, acrescentando que não pára de se “surpreender com a qualidade que se obtém naquela vinha, bem diferente da Cabreira que fica mesmo ao lado.” Coisas do terroir, diríamos nós… O estágio do Xisto em barrica requer um acompanhamento permanente, porque quer a casta quer a barrica podem ter comportamentos imprevisíveis e as provas periódicas destinam-se a despistar desvios.
O momento foi também aproveitado para provar o Xisto 2012, que revelou estar em muito boa forma. Os vinhos são agora distribuídos pela Heritage Wines. Desta edição de Xisto fizeram-se 7412 garrafas e 203 magnuns. O tinto Roquette & Cazes está agora a entrar no mercado.

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

Chegou o Barca Velha 2015

Barca Velha

O tão aguardado “novo” Barca Velha já aí está, um ícone do Douro curiosamente apresentado no Alentejo. Foi no cenário clássico do Paço Ducal, em Vila Viçosa, que a Sogrape apresentou ontem o Barca Velha 2015, um vinho que, nas palavras do seu enólogo, Luís Sottomayor, conseguiu unir as características dos seus “irmãos mais velhos”: o volume […]

O tão aguardado “novo” Barca Velha já aí está, um ícone do Douro curiosamente apresentado no Alentejo. Foi no cenário clássico do Paço Ducal, em Vila Viçosa, que a Sogrape apresentou ontem o Barca Velha 2015, um vinho que, nas palavras do seu enólogo, Luís Sottomayor, conseguiu unir as características dos seus “irmãos mais velhos”: o volume e a estrutura do 2011 e a harmonia e a frescura do 2008. É, sem sombra de dúvida, um grandíssimo vinho (outra coisa não seria de esperar de uma marca com este histórico e pergaminhos), com muita classe e sofisticação, colocado no mercado em perfeito momento de prova, mas ainda com muito para crescer na garrafa. Como qualquer Barca Velha, o preço acompanha a qualidade e a notoriedade do nome, e até cresceu face a colheitas anteriores, devendo estar no retalho, nesta primeira fase, entre os €800 e €900.

Sogevinus: As novas pepitas da Boavista

sogevinus

A Quinta da Boavista, com uma área de 80 ha, dos quais 36 ha de vinha, está localizada estrategicamente na margem direita do Douro, entre a Régua e o Pinhão. Orgulha-se do seu passado e tem presenteado os enófilos com vinhos DOC Douro de enorme classe. A existência de vinhas velhas na quinta, em particular […]

A Quinta da Boavista, com uma área de 80 ha, dos quais 36 ha de vinha, está localizada estrategicamente na margem direita do Douro, entre a Régua e o Pinhão. Orgulha-se do seu passado e tem presenteado os enófilos com vinhos DOC Douro de enorme classe.
A existência de vinhas velhas na quinta, em particular nas vinhas do Oratório e do Ujo e a intenção de as preservar, levou a Sogevinus a optar pela geolocalização das suas videiras, trabalho que tem tanto de tecnologia avançada (localização por satélite) como de saber empírico acumulado, que hoje só alguns classificadores, já de idade avançada e com trabalho feito na Casa do Douro, são capazes de levar a cabo. Ao que nos disseram, os classificadores não tiveram dúvida alguma na identificação das castas das duas vinhas emblemáticas. Essa tarefa está concluída. Todas as cepas foram identificadas e o resultado é espantoso: 56 castas diferentes na vinha do Oratório e 28 na vinha do Ujo. Este trabalho de minúcia só é possível numa época especial do ano porque, para a identificação das castas, é preciso que as videiras tenham folhas e cachos, os dois elementos que formam o cartão de identidade da casta. A conservação deste património e respectiva variabilidade genética estão assim asseguradas.

 

A Quinta da Boavista irá editar sempre alguns varietais, dependendo do comportamento das castas da propriedade, susceptíveis de serem vinificadas e comercializadas separadamente.

 

Anos quentes e secos

Os vinhos apresentados foram das colheitas de 2020 e 2021, dois anos diferentes, mas com um denominador comum: anos secos e quentes. No caso de 2020, o tempo seco manteve-se durante todo o ciclo e também durante a vindima, com uma (repentina e inexplicável, ao que nos dizem…) desidratação da Touriga Franca, o que ocorreu em Setembro. Já o ano de 2021, ainda que seco, teve chuva na Primavera e permitiu uma maturação lenta. O Verão foi ameno, algo sempre de grande valia, sobretudo para os vinhos brancos. Como resultado das mais recentes alterações climáticas e o gosto do consumidor por brancos com mais frescura e acidez, tudo isso justifica a precocidade das vindimas dos brancos que, aqui, aconteceram ainda em Agosto. Os temores do futuro próximo são óbvios: a precocidade da época da vindima “choca” com hábitos e tradições das pessoas da terra, interfere com as festas das aldeias e pode mesmo levar a que falte mão de obra para tarefas tão indispensáveis como pulverizações de “socorro” a pragas como a cicadela, algo que se verificou na passada vindima.

Para além dos vinhos que já fazem o corpo principal das propostas anuais, a Boavista irá editar sempre alguns varietais, dependendo do comportamento das castas da quinta, susceptíveis de serem vinificadas e comercializadas separadamente. Este ano foi a casta Donzelinho tinto, mas outras estarão na calha.
O branco da Vinha do Levante conheceu agora a segunda edição. As uvas foram vindimadas a meio de Agosto, de vinhas situadas nas cotas altas e viradas a nascente, localização favorável para vinhos brancos. Primeiro a Viosinho, que corresponde a 30% do lote, casta com uma janela de vindima muito apertada e, mais tarde, a Arinto. A fermentação da Viosinho decorreu em barrica nova e usada, a Arinto fez maceração pelicular e fermentou em inox.

Castas antigas

A Donzelinho, que teve a primeira edição em 2017, foi feita exclusivamente em inox, o que acontece com outras castas antigas. É depois da fermentação e estágio que se decide se vai sair como varietal ou se irá integrar lotes com outras castas. O enólogo Ricardo Macedo refere que a casta “tem tudo menos cor”, característica que hoje é aplaudida, mas há 20 anos era altamente penalizadora. A casta fermentou durante duas semanas com as películas mas, mesmo assim, não se consegue outro resultado. “Ela deu tudo o que tinha para dar”. Mas tem a vantagem de ser resistente ao calor, conservando aromas e acidez, factores muito positivos.

No caso do Reserva tinto, a fermentação decorreu em inox e parte em barrica de 500 litros. O estágio em madeira (40% nova) prolongou-se por 18 meses. Ficou dois anos na garrafa antes da comercialização.

Falando dos ícones da empresa, a vindima na Vinha do Oratório foi feita terraço a terraço. Apesar de ter 56 castas diferentes, é de notar que tem sempre cerca de 30% de Touriga Francesa. Fermentado em lagar, teve 18 meses de barrica, 40% nova. A vinha do Ujo tem uma exposição norte e nascente e estende-se por altitude variada, com a vindima a começar de cima para baixo. Fermenta em barrica de 500 litros e estagia na madeira durante dois anos e outros dois em garrafa. Jean-Claude Berrouet, ex-enólogo do Château Pétrus, continua a ser o consultor da Boavista e está sempre presente nas principais decisões enológicas.

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)