Faleceu Fernando Guedes, figura histórica da Sogrape

Patriarca e um dos grandes arquitectos da Sogrape, Fernando Guedes faleceu hoje. Tinha 87 anos de idade. Fernando Guedes era o mais velho dos sete filhos e nasceu a 29 de Dezembro de 1930, na Quinta da Aveleda, uma propriedade da família. Estudou no Colégio Brotero, na Foz do Douro, e no Colégio das Caldinhas, […]

Patriarca e um dos grandes arquitectos da Sogrape, Fernando Guedes faleceu hoje. Tinha 87 anos de idade.

Fernando Guedes era o mais velho dos sete filhos e nasceu a 29 de Dezembro de 1930, na Quinta da Aveleda, uma propriedade da família. Estudou no Colégio Brotero, na Foz do Douro, e no Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, antes de uma breve passagem pela Faculdade de Economia de Lisboa.

Em 1952 pediu ao Pai para ingressar na Sogrape, onde começou a trabalhar como “aprendiz de tanoeiro”. Três anos depois está em França para frequentar a Faculdade de Ciências da Universidade de Dijon, onde é um dos três primeiros portugueses a diplomar-se em Enologia.
Regressado a Lisboa casa-se, em 1956, com Ana Mafalda Maria Antónia de Mello Falcão Trigoso da Cunha Mendonça e Menezes, de quem viria a ter três filhos: Salvador, Manuel Pedro e Fernando, actualmente a ocupar direcção do grupo Sogrape.
Em 1957 assume a Direcção Técnica de Produção da Sogrape, desenvolvendo um profundo trabalho de construção e modernização das infra-estruturas da empresa em todo o país, e em 1969 ascende à administração da empresa, a que passou a presidir em 1987, após o falecimento de seu pai. Fernando Guedes veio a revelar-se um agente decisivo na criação do grupo empresarial de sucesso em que a Sogrape se transformou.
Na viragem do século, então com 70 anos, entendeu ser o momento de se reformar e passar o testemunho aos mais novos. Com o sucesso que se conhece.

Nas palavras de João Paulo Martins, da equipa editorial da revista Grandes Escolhas, “Fernando Guedes estava retirado da gestão quotidiana da Sogrape (a maior empresa portuguesa de vinhos) mas a sua presença era diária, sempre com o seu sentido crítico, sempre com a boa disposição com que o conhecemos, há quase 30 anos. Foi com ele que a Sogrape deu os primeiros passos no Dão, inicialmente com a Vinícola do Vale do Dão e posteriormente, já nos finais da década de 80 com a construção da adega dos Carvalhais. Foi também ele que esteve a acompanhar a internacionalização da empresa, quer para a América do Sul, quer para a Nova Zelândia.

Fernando Guedes era um senhor, no que isso implica de boa disposição, de educação, de atenção aos pequenos pormenores, de disponibilidade para receber convidados, fossem jornalistas ou fossem homens de negócios. Sempre pronto para visitar as várias adegas da empresa, em todo o lado punha o seu cunho, quer na decoração, quer na exigência de perfeição de procedimentos que exigia a todos os seus funcionários e que todos acabaram por incorporar. Seria quase um “método Sogrape”, um manual de bem-estar, de bem-fazer e bem-receber. O país perde uma das suas grandes figuras do vinho, mas o seu legado é enorme. Na forma de estar, e no vinho Legado que criou há poucos anos e que ficará como memória de um grande Senhor do Vinho, prémio concedido por esta equipa editorial, corria o ano de 2001”.

Toda a equipa da Grandes Escolhas apresenta as condolências à família Guedes e à enorme equipa da Sogrape, empresa que tão bem Fernando Guedes soube gerir.

Enólogos do Forum provam em conjunto

A primeira das duas reuniões anuais do Forum de Enólogos, um dos eventos do clube de vinhos Enoteca (criado em 1984 e acessível em www.enoteca.pt) aconteceu a 16 de Junho no recém-inaugurado Hotel Vila Galé Sintra. A prova decorreu ao fim da tarde, com a presença de Nuno Cancela de Abreu, José Gaspar, Rui Reguinga, Francisco […]

A primeira das duas reuniões anuais do Forum de Enólogos, um dos eventos do clube de vinhos Enoteca (criado em 1984 e acessível em www.enoteca.pt) aconteceu a 16 de Junho no recém-inaugurado Hotel Vila Galé Sintra. A prova decorreu ao fim da tarde, com a presença de Nuno Cancela de Abreu, José Gaspar, Rui Reguinga, Francisco Antunes, João Silva e Sousa, Graça Gonçalves, Bernardo Cabral (na foto, de pé); Manuel Vieira, Miguel Pessanha, Jorge Alves, Tiago Alves de Sousa e Filipe Sevinate Pinto (sentados). David Baverstock também participou na prova mas não integrou a foto.

Foram provados 28 vinhos, tendo todos obtido uma nota superior a 85 pontos (em 100). Do lote constavam espumantes, brancos, rosés, tintos e vinhos do Porto. Os vinhos provados e aprovados foram apresentados no jantar depois da prova, que contou com a presença, além dos enólogos, de sócios do Forum, do Enoclube e de alguns convidados.

“The White Experience” promove terroir de Monção e Melgaço

Dia Monção Melgaço

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) está a promover um evento de grande envergadura e inédito em Portugal, chamado “Monção & Melgaço – The White Experience”. Vai decorrer em Monção a 21 e 22 de Julho e destina-se a promover a sub-região de Monção e Melgaço como berço de brancos de […]

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) está a promover um evento de grande envergadura e inédito em Portugal, chamado “Monção & Melgaço – The White Experience”. Vai decorrer em Monção a 21 e 22 de Julho e destina-se a promover a sub-região de Monção e Melgaço como berço de brancos de excelência. Em Portugal, e em qualquer parte do mundo. E a palavra ‘mundo’ não é aqui usada de forma leviana.

Por Monção vão passar brancos de excelência de produtores tão conhecidos como os franceses Chanson Père et Fils  e Joseph Drouhin (Bourgogne), Domaine Henri Bourgeois (Sancerre) e Hugel (Alsácia). Da Alemanha virão os produtores S.A. Prum e Bender (Mosel) e da Áustria o reputado Sattlerhof (Styria). A Hungria será representada por Gelbmann Birtok. Todos de casas míticas, com brancos de fama mundial. Teremos igualmente nove produtores nacionais de fora de Monção e Melgaço (como Vértice/Quanta Terra, Quinta das Bágeiras, Adega Mãe, C2O/VPuro, Álvaro de Castro, Jorge Moreira, António Maçanita e Niepoort…) e oito internacionais, que se irão mostrar ao lado de mais de três dezenas de produtores da sub-região de Monção e Melgaço e confraternizar com os visitantes numa tenda climatizada junto ao rio Minho (no Parque das Caldas – junto às Muralhas). A entrada vai custar €10 mas inclui um copo de prova.

O evento irá ter a participação da Associação de Produtores de Monção e Melgaço e será produzido pela Grandes Escolhas. White Experience é uma acção que, segundo Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, “foi pensada com o objectivo de dar resposta a um público exigente e que aprecia vinhos brancos de Portugal e do mundo”: “Apostámos num evento vínico de âmbito internacional que destaca um terroir de excepção, a par do que de melhor se faz fora e dentro do país.”

A casta Alvarinho é aqui encarada como um denominador comum aos produtores de Monção e Melgaço, não como o cerne deste evento: de facto, o fundamental é a expressão de terroir desta região, que, pela conjugação de factores únicos – como clima, casta, solo e o factor humano –, produz vinhos singulares e inimitáveis.

Numa apresentação na sala Ogival, em Lisboa, Luís Lopes, director da Grandes Escolhas, mostrou de forma mais concreta alguns dos factores que fazem de Monção e Melgaço uma sub-região à parte das restantes dos Vinhos Verdes e do resto do país. A sessão terminou com uma prova comentada de vários vinhos da região, com diferentes estilos e perfis. Ficámos assim a saber que, apesar de estarem relativamente perto do Atlântico, Monção e Melgaço usufruem de um clima particular. É uma espécie de enclave continental, promovido por uma cintura de montanhas, que protege as vinhas dos ventos húmidos do Atlântico e permite maturações mais precoces do que em outras regiões dos Vinhos Verdes. Soubemos ainda que os vinhos da casta Alvarinho podem diferir consoante os solos de onde as uvas são oriundas (terras de aluvião mais próximas do rio, terraços fluviais, por vezes com pedra rolada, ou cotas mais altas, onde predomina o granito mais fino). E soubemos também que as decisões tomadas na adega, nomeadamente a temperatura de fermentação ou as leveduras utilizadas, condicionam o perfil dos vinhos, uns mais virados para a fruta tropical, outros para os citrinos.

A CVRVV avançou ainda com alguns números interessantes para Monção e Melgaço: a área de Vinha é de 1.730 hectares, a maioria de Alvarinho (1.340ha). E existem 2.085 viticultores e 253 marcas de vinho.

No âmbito do programa de promoção de Monção e Melgaço, está a decorrer desde Abril um conjunto de provas em 16 lojas de vinho a nível nacional, para apresentar aos respectivos clientes o terroir e os vinhos da região. As próximas provas decorrerão a 7 de Junho, no El Corte Inglès de Lisboa e na Garrafeira Tody (Setúbal). A Cave Lusa, em Viseu (hoje), e a garrafeira Estado Líquido, nas Caldas da Rainha (a 22 de Junho), são as últimas etapas desse périplo.

A.F.

Croft celebra 430 anos com edição limitada

Para comemorar a passagem do seu 430º aniversário, a Croft, a mais antiga casa de Vinho do Porto em actividade, decidiu produzir uma edição limitada, o Croft 430th Anniversary Celebration Edition. O vinho será comercializado em 35 países e, em Portugal, estará disponível em garrafeiras e lojas especializadas a partir de Julho, com o PVP recomendado […]

Para comemorar a passagem do seu 430º aniversário, a Croft, a mais antiga casa de Vinho do Porto em actividade, decidiu produzir uma edição limitada, o Croft 430th Anniversary Celebration Edition. O vinho será comercializado em 35 países e, em Portugal, estará disponível em garrafeiras e lojas especializadas a partir de Julho, com o PVP recomendado de €17,90.

O vinho, um lote criado em exclusivo para esta edição de celebração, é explicado pelo Director de Enologia, David Guimaraens: “A Croft é conhecida pelos seus vinhos do Porto Vintage com aromas de fruta pungente e taninos sedosos. Este é um Porto Reserva Ruby soberbo, exibindo todo o seu carácter frutado, característico do estilo distintivo da casa.” Os rótulos ostentam a recriação da obra “Naufrágio da Armada Espanhola em 1588”, do artista plástico Holandês Jan Luyken, que faz parte do acervo do Rijksmuseum de Amesterdão. 

A longa história da casa de Vinho do Porto Croft, não começa nem em Portugal nem com a família Croft. Começa na cidade Inglesa de York, pela mão de Henry Thompson, que, em 1588, fundou a empresa para se dedicar ao comércio de vinhos – no mesmo ano da frustrada tentativa de invasão de Inglaterra pela Armada Invencível do Rei Filipe II de Espanha.

Em 1739 John Croft torna-se o primeiro Croft sócio da empresa e o percussor de uma notável linhagem. Um antigo livro de registos da firma mostra que, em 1788, foi expedido para Inglaterra o Vintage 1781, configurando-se como o primeiro Vintage de que há registo. Em 1962 a Croft foi vendida à multinacional IDV, que anos mais tarde deu lugar à Diageo, onde permaneceu até 2001, ano em que foi adquirida pelo grupo The Fladgate Partnership.

 

17 ‘Grande Ouro’ para vinhos lusos no Concurso Mundial de Bruxelas

A 25ª edição do Concours Mondial de Bruxelles (CMB) celebrou-se este ano na China, de 10 a 14 de Maio, e contou, como sempre, com um bom naipe de vinhos e jurados portugueses. Os resultados de 2018 já foram divulgados e foram favoráveis aos vinhos portugueses. Este ano, Portugal trouxe 17 medalhas Grande Ouro, 115 […]

A 25ª edição do Concours Mondial de Bruxelles (CMB) celebrou-se este ano na China, de 10 a 14 de Maio, e contou, como sempre, com um bom naipe de vinhos e jurados portugueses. Os resultados de 2018 já foram divulgados e foram favoráveis aos vinhos portugueses. Este ano, Portugal trouxe 17 medalhas Grande Ouro, 115 de Ouro e 192 de Prata. Ou seja, um total de 324 medalhas, número apenas superado pela França, Espanha e Itália. Se apenas olharmos para as melhores medalhas, Portugal subiu ao terceiro lugar, atrás da França e Espanha.

Este ano entraram mais de 9.180 vinhos de 48 países produtores. Cerca de 330 jurados de mais de 50 países avaliaram às cegas e pontuaram os vinhos. O CMB vangloria-se de ser “a única competição itinerante do mundo, com 25 anos de experiência, e é o único concurso de vinhos a realizar testes de controlo de qualidade nos vinhos premiados”. Este ano foi ainda criado o chamado prémio Revelação, atribuído a um vinho de cada categoria (independentemente do país) e a um vinho em cada país. A Revelação Internacional de Vinho Fortificado foi para o Madeira D’Oliveiras Matured over 15 years 2000 (do produtor Pereira d’Oliveira), que ganhou ainda uma Grande Medalha de Ouro. No caso português, ganhou o Quinta da Lapa Syrah Tejo Reserva tinto 2015 (da Agrovia). A próxima edição do CMB será realizada de 2 a 5 de maio de 2019 na cidade suíça de Aigle, no cantão de Vaud.

Para os resultados completos aponte para http://results.concoursmondial.com/index.php
De seguida pode ver as Grandes Medalhas de Ouro para vinhos portugueses, ordenadas por região (de norte para sul) e depois por ordem alfabética. (AF)

Grande Medalha de Ouro
Aneto Grande Reserva Douro tinto 2013 (Sobredos)
Azinhaga de Ouro Douro tinto 2016 (Caves do Monte)
Fonte do Ouro Dão tinto 2016 (Sociedade Agrícola Boas Quintas)
Giesta Dão tinto 2016 (Sociedade Agrícola Boas Quintas)
Bridão Colheita Seleccionada Alicante Bouschet Dotejo tinto 2015 (Adega do Cartaxo)
Cabeça Toiro Grande Reserva Dotejo tinto 2012 (Enoport United Wines)
Different Red Tejo tinto 2015 (Encosta do Sobral)
Quinta da Lapa Merlot Tejo Reserva tinto 2015 (Agrovia)
Quinta da Lapa Syrah Tejo Reserva tinto 2015 (Agrovia)
Casa Santos Lima Reserva Lisboa tinto 2014 (Casa Santos Lima)
Quinta de Pancas Lisboa Reserva tinto 2014 (Companhia das Quintas)
Athayde Grande Escolha Alentejo tinto 2014 (Monte da Raposinha)
Herdade da Farizoa Alicante Bouschet Alentejo tinto 2015 (Companhia das Quintas)
Monte da Ravasqueira Superior branco 2017 (Sociedade Agrícola D. Diniz)
Portalegre Alentejo tinto 2015 (Adega de Portalegre Winery)
Qp. Aragonez Alentejo tinto 2015 (Marcolino Sebo)
D’Oliveiras Wines Matured over 15 years Madeira 2000 (Pereira d’Oliveira)

Morreu Anthony Bourdain

A notícia chocou o mundo da gastronomia e um universo bem mais vasto, formado por todos os que se habituaram a seguir os seus bem-humorados e politicamente incorrectos programas de televisão. Anthony Bourdain, uma das caras mais conhecidas da cena gastro-audiovisual e autor de vários livros, foi esta sexta-feira, 8 de Junho, encontrado morto no […]

A notícia chocou o mundo da gastronomia e um universo bem mais vasto, formado por todos os que se habituaram a seguir os seus bem-humorados e politicamente incorrectos programas de televisão. Anthony Bourdain, uma das caras mais conhecidas da cena gastro-audiovisual e autor de vários livros, foi esta sexta-feira, 8 de Junho, encontrado morto no seu hotel, em Estrasburgo, França. Tinha 61 anos.

Foi um chef de mérito, premiado pelo seu trabalho na cozinha, e um autor desassombrado em livros que falavam tanto de gastronomia como da sua vida de excessos. Editou “Kitchen Confidential: Adventures in the Culinary Underbelly” (em Portugal, “Cozinha Confidencial Aventuras no Submundo da Restauração”) e “Medium Raw: A Bloody Valentine to the World of Food and the People Who Cook”, obras que lhe abriram as portas da televisão.

Começou com “A Cook’s Tour”, no canal Food Network, e disparou a sua carreira com “Anthony Bourdain: No Reservations”, no Travel Chanel. Em 2013, já com mais de uma dezena de nomeações e dois Emmy conquistados, passou para a CNN, onde liderava o programa “Parts Unknown”, neste momento na sua 11ª edição (em Portugal, passa no canal 24 Kitchen). Esteve em Portugal por três vezes para gravar programas, procurando pratos típicos e histórias marcantes nos Açores, em Lisboa e no Porto.

Era precisamente para filmar mais um episódio de “Parts Unknown” que Bourdain se encontrava em Estrasburgo, onde foi encontrado sem vida no seu quarto de hotel pelo amigo, e chef, Eric Ripert. Apesar de terem surgido rumores de suicídio, esta versão não foi confirmada nas horas que se seguiram à divulgação da morte do homem a quem o Instituto Smithsonian chamou “o Elvis dos chefs mauzões”.

Produtores de vinho mergulham garrafas na água do mar

Quatro produtores da Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana decidiram mergulhar cerca de 450 garrafas no Porto de Sines. Foram eles a Companhia Agrícola da Barrosinha, A Serenada, Herdade do Portocarro e Pêgo da Moura. As garrafas foram colocadas por um barco de pesca junto a um dos molhes (da parte interior, claro) […]

Quatro produtores da Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana decidiram mergulhar cerca de 450 garrafas no Porto de Sines. Foram eles a Companhia Agrícola da Barrosinha, A Serenada, Herdade do Portocarro e Pêgo da Moura. As garrafas foram colocadas por um barco de pesca junto a um dos molhes (da parte interior, claro) do Porto de Sines e vão aí ficar até, previsivelmente, até ao dia de São Martinho, dia 11 de Novembro. Estão instaladas em grades metálicas que comportam 50 garrafas cada, construídas para o efeito por um serralheiro local. Não lhes falta sequer um cadeado para prevenir alguma incursão dos ‘amigos do alheio’. Que, aliás, talvez não seja fosse necessária porque estava ali perto um enorme polvo a inspeccionar toda a operação. O avistamento foi reportado pelo mergulhador que orientou a descidas das grades, assegurando que ficavam bem assentes no fundo, a cerca de 12 metros, e próximas uma das outras.

vinhos no mar em Sines
O capitão do barco desce uma das grades até à agua. O mergulhador está à espera para colocar a grade no fundo.

A maioria é de vinho branco: Jacinta Sobral, proprietária e enóloga dos vinhos Serras de Grândola (Serenada), afundou versões de Verdelho, Arinto e Gouveio da sua marca. A Herdade da Barrosinha, através do seu administrador, Carlos Trindade, escolheu a colheita 2017 do Verdelho, um tinto de 2016 e outro de 2014. José Mota Capitão, da Herdade do Portocarro, optou pelos brancos Autocarro Nº 38 e Gerónimo, de 2017, este último uma nova marca. Finalmente, a marca Pêgo da Moura apenas mergulhou algumas garrafas do Alfaiate branco.

Vinhos do mar em Sines
Três dos vinhos mergulhados em 2017 foram provados agora contra as testemunhas que ficaram em terra.

Esta é a segunda experiência destes produtores com vinhos estagiados em águas marítimas. As garrafas do ano passado foram provadas no restaurante Cais da Estação, junto com as respectivas testemunhas, que ficaram em terra. A Grandes Escolhas esteve lá e teve oportunidade de fazer a comparação, de forma informal, entre as garrafas do ‘mar’ e da ‘terra’. De uma forma geral, os vinhos do mar pareciam mais complexos, mais casados, como se tivessem evoluído, mas sem envelhecerem. A nível de fruta, tanto tintos como brancos mostravam aromas e sabores mais puros, mais definidos. Nuns casos, as diferenças eram mais pronunciadas que outras. Um dos casos foi o do Serras de Grândola Verdelho 2015, mais complexa e harmoniosa a versão marítima; o outro foi o Autocarro Nº 27, tinto, com taninos mais suaves para a versão do mar. Jacinta Sobral disse-nos que, pela experiência até agora, os brancos beneficiam mais do estágio marítimo que os tintos.
A experiência, diga-se de passagem, foi acompanhada e registada por um técnico da CVR da Península de Setúbal.
Esta não é a primeira experiência que se faz em Portugal com o estágio de vinhos mergulhados em água. A mais recente que conhecemos foi protagonizada por Duarte Leal da Costa, da Ervideira, que fez (e está a fazer) uma operação em muito maior escala, mas em água doce, na albufeira da barragem do Alqueva. Mas, ao que sabemos, esta é a primeira operação efectuada em mar. Muito se tem escrito sobre a influência da água no estágio do vinho, incluindo parâmetros como a maior estabilidade térmica e a eventual influência da pressão. Conclusões ainda não existem, mas não deverão tardar, porque os intervenientes nesta operação de Sines esperam continuar com a saga e mesmo ampliá-la. O tempo dirá da sua justiça… (AF)

Boas novidades na Herdade do Sobroso

Sofia Ginestal Machado, gestora, e Filipe Teixeira Pinto, enólogo, foram os anfitriões do evento que mostrou as mais recentes novidades desta casa alentejana, localizada na zona lesta da sub-região da Vidigueira, ali a dois passos do Guadiana e da albufeira do Alqueva. O Herdade do Sobroso Cellar Selection rosé de 2017, o Arché tinto 2015 […]

Sofia Ginestal Machado, gestora, e Filipe Teixeira Pinto, enólogo, foram os anfitriões do evento que mostrou as mais recentes novidades desta casa alentejana, localizada na zona lesta da sub-região da Vidigueira, ali a dois passos do Guadiana e da albufeira do Alqueva. O Herdade do Sobroso Cellar Selection rosé de 2017, o Arché tinto 2015 e uma aguardente vínica velha constituíram o essencial da mostra.

Três boas novidades, diga-se de passagem. O rosé, feito de Syrah, com bonita cor salmonada, foi concebido desde raiz na vinha, com a escolha das parcelas e cuidada data de vindima, para evitar perder a frescura. Com apenas 12,5 de teor alcoólico, mostrou-se seco e muito gastronómico, sem perder um bom leque de nuances aromáticas e gustativas. É o primeiro Cellar Selection rosé da marca e custa cerca de €14 no mercado. São poucas garrafas para a procura no mercado e por isso o stock começa a ficar esgotado.

Outra estreia absoluta foi para o Arché tinto 2015, o novo topo de gama da casa. O estranho nome tem a ver com a primeira parte da etimologia da palavra Arquitecto, do grego. Porquê arquitecto? O vinho é uma homenagem de Sofia ao pai, António Ginestal Machado, arquitecto de profissão e o primeiro mentor da Herdade do Sobroso, adquirida no início deste século. Quando Sofia pensou neste vinho, o marido, Filipe, tinha acabado de provar na adega um vinho que se destacou de todos os outros. E a decisão foi logo ali tomada: este seria o Arché. Feito de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Syrah de parcelas seleccionadas, este tinto de excepção apenas viu serem cheias 2.495 garrafas, ao custo unitário de €55.
Finalmente, a aguardente. Não é da produção da casa, sendo antes adquirida a um destilador, já lá vão uns bons anos. O que o Sobroso fez foi estagiá-la em cascos de 225 litros, até ficar pronta para ir para o mercado, o que aconteceu agora. (AF)

Cinco décadas num Tawny especial da Barros

A Barros está a lançar no mercado a edição limitada, numerada e exclusiva de um Vinho do Porto Tawny muito especial, que resulta de um lote de vinhos antigos das décadas de 1950, ’60, ’70, ’80 e ’90. O vinho chama-se Barros Edição Especial 102 – Very Old Tawny” e completa a trilogia de vinhos […]

A Barros está a lançar no mercado a edição limitada, numerada e exclusiva de um Vinho do Porto Tawny muito especial, que resulta de um lote de vinhos antigos das décadas de 1950, ’60, ’70, ’80 e ’90. O vinho chama-se Barros Edição Especial 102 – Very Old Tawny” e completa a trilogia de vinhos da coleção “Um Século de Talento Português”, que pretende celebrar o primeiro centenário da Casa Barros, fundada em 1913.

E são exactamente 1.913 as garrafas disponíveis deste vinho. Carlos Alves, enólogo para Vinhos do Porto da Sogevinus Fine Wines, responsável pelo lote final, caracteriza-o como “sedoso, elegante e sofisticado, com final profundo que alia frutos secos, caril e uma excelente frescura”.

Os vinhos que estão na origem do Barros Edição Especial 102 permaneceram em pequenos cascos de carvalho, de 300 litros, nos armazéns da Barros, em Vila Nova de Gaia. O lote foi realizado com os cascos 11.080, 11.083, 11.086, 11.133 e 11.134 e apresenta-se numa garrafa de vidro especial, que desde logo permite captar a cor do vinho. O rótulo está serigrafado a branco e a ouro, a gargantilha surge estampada a ouro e possui o número da garrafa. Surge envolto numa caixa de madeira maciça (mogno), com berço amovível para poder ser usado como mostrador. A caixa está serigrafada a prata, tem baixo relevo e estampagem a preto do número “102”, tendo marcação a fogo da edição na lateral. O preço no retalho rondará os €350.

Adega de Vidigueira lança 1498, o seu topo de gama

Foi com grande pompa e circunstância que a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACVCA) lançou aquele que será o seu vinho mais especial até à data. O vinho chama-se 1498 e é um tinto alentejano Grande Reserva, da colheita de 2014. O nome do vinho está ligado ao ano da chegada de Vasco […]

Foi com grande pompa e circunstância que a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACVCA) lançou aquele que será o seu vinho mais especial até à data. O vinho chama-se 1498 e é um tinto alentejano Grande Reserva, da colheita de 2014. O nome do vinho está ligado ao ano da chegada de Vasco da Gama à India, à 520 anos atrás. A sessão de lançamento decorreu no Convento das Relíquias, edifício inserido no perímetro da Quinta do Carmo em Vidigueira. Era exactamente aqui que em tempos (1593) ficaram os restos mortais do navegador português, antes de serem transladados para Lisboa. José Miguel d’Almeida, o presidente da ACVCA, referiu por isso que o vinho “deseja comemorar esse encontro de culturas, entre o Ocidente e o Oriente”.

A sessão contou com a apresentação de Jorge Gabriel e com testemunhos de duas historiadoras, Susana Maia e Silva e Alexandra Pelúcia, que falaram brevemente de Vasco da Gama e da sua ligação à Vidigueira. Natural de Sines, Vasco da Gama recebeu o Condado da Vidigueira pelo rei Dom Manuel I, em agradecimento pelos feitos à Coroa Portuguesa. O evento contou ainda com intervenções de autoridades locais e do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural.

Luís Morgado Leão, enólogo da ACVCA
Luís Leão, enólogo da ACVCA

Mas voltemos ao 1498, que foi apresentado pelo enólogo Luis Leão. Resulta de um lote de uvas de Alicante Bouschet e Syrah, que foram colhidas a 10 e 2 de Setembro, respectivamente. Os talhões foram previamente seleccionados, com a ajuda de técnicos da ATEVA, a associação de viticultores do Alentejo. As duas castas foram a vinificar em lagar, com pisa diária. O resultado foi para barricas de carvalho francês, onde fez a fermentação maloláctica. Aí esteve durante 26 meses, uma enorme quantidade de tempo para os padrões modernos. Diremos desde já que o vinho não tem excesso de madeira, provavelmente porque a sua forte estrutura, ajudada pelos mais de 15 graus de álcool, ‘aguentaram’ bem o impacto da madeira. Das 48 barricas, apenas 7 (4 de Alicante, 3 de Syrah) foram seleccionadas para o 1498. Finalmente, o vinho esteve 14 meses em garrafa. Luis Leão confessou-nos que, desde que entrou para a ACVCA que tinha o sonho de “fazer um vinho mítico, que mostrasse bem o terroir da Vidigueira”. Pois bem, ele aqui está, numa edição limitada de apenas, curiosamente, 1498 garrafas, todas elas numeradas, com certificado de posse e disponibilizadas dentro de uma mini arca de madeira de nogueira polida. A adega abre a possibilidade de coleccionadores ou simples interessados poderem desde já fazer a reserva de certas garrafas numeradas, ficando assim com a possibilidade de escolher certos números, que signifiquem datas, referências ou momentos especiais para si, ou até ofertas. Os interessados deverão formalizar os pedidos através do email info@adegavidigueira.pt , fornecendo também a indicação do nome que deverá ser gravado no certificado de posse. O preço também tem a ver com o nome: 98 euros, um valor que o coloca como um dos mais caros vinhos tintos de Portugal. (AF)