Dão escolhe em concurso os seus melhores vinhos e vinhas

Os Melhores Vinhos do Dão Engarrafados 2017

Somontes branco 2016 (Passarela – Sociedade de Vinhos) e Fonte do Ouro Reserva Especial Touriga-Nacional tinto 2015 (Sociedade Agrícola Boas Quintas) foram os grandes vencedores, ex-aequo, do VIII Concurso “Os Melhores Vinhos do Dão Engarrafados 2017”. Por isso ganharam o título de “O melhor dos melhores” e Medalha de Ouro. Os jurados do concurso deram […]

Somontes branco 2016 (Passarela – Sociedade de Vinhos) e Fonte do Ouro Reserva Especial Touriga-Nacional tinto 2015 (Sociedade Agrícola Boas Quintas) foram os grandes vencedores, ex-aequo, do VIII Concurso “Os Melhores Vinhos do Dão Engarrafados 2017”. Por isso ganharam o título de “O melhor dos melhores” e Medalha de Ouro. Os jurados do concurso deram ainda pontuação para mais duas Medalhas de Ouro e Prémio Prestígio: Cabriz Reserva tinto 2013 (da Global Wines) e Casa da Ínsua branco 2015 (Empreendimentos Turísticos Monte Belo).

Esta edição do concurso, que reuniu 138 vinhos, viu ainda serem outorgadas 28 Medalhas de Ouro e 4 Medalhas de Prata.

Quanto às vinhas, que também foram objecto de concurso, o Ouro foi para Joaquim António Santos Carvalho com a parcela Atalaia; a Prata para a parcela Quinta da Regada da empresa Madre de Água, e o Bronze para a Quinta da Fata com parcela homónima.
A lista completa dos premiados dos dois concursos pode ser consultada em cvrdao.pt.

A cerimónia decorreu mais uma vez na Pousada de Viseu e contou com um grande conjunto de produtores da região e várias autoridades locais. O apresentador, Luís Lopes, director da Grandes Escolhas, deu a palavra às várias entidades envolvidas, começando por Arlindo Cunha, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão: “É este Dão que se encontra com as suas tradições hereditárias que queremos hoje apresentar”, dando o mote para o Presidente do município de Viseu, que referiu que “A vinha tem um papel fundamental, não só na paisagem, mas também na defesa da própria região”. Por sua vez, o Vice-presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Francisco Rico, reforçou o papel importante dos produtores e da marca Vinhos de Portugal, confessando que “O sucesso do vinho do Dão não acontece por acaso, é um trabalho sistemático dos produtores tanto na adega, como na promoção. Hoje, Portugal faz uma das melhores campanhas de acção e de promoção do seu vinho no mercado internacional”. (texto de Mariana Lopes e António Falcão)

Próximo ‘Reserva Especial’ é de 2009

Luís Sottomayor, Reserva Especial 2009

É sempre um evento o lançamento do Casa Ferreirinha Reserva Especial. E desta vez não foi diferente… O Palácio da Ajuda, em Lisboa, serviu de cenário para o lançamento deste vinho ‘aristocrático’, da colheita de 2009. Reza a história que o Reserva Especial é um tinto que não chega ao supremo patamar de qualidade para […]

É sempre um evento o lançamento do Casa Ferreirinha Reserva Especial. E desta vez não foi diferente… O Palácio da Ajuda, em Lisboa, serviu de cenário para o lançamento deste vinho ‘aristocrático’, da colheita de 2009. Reza a história que o Reserva Especial é um tinto que não chega ao supremo patamar de qualidade para ser considerado Barca Velha, o seu irmão com maior notoriedade. Mas ambos partilham, pelo menos, a mesma característica: só são lançados quando o estágio em garrafa os ‘amacia’, um prazo que pode levar anos. Não espanta assim que esta colheita seja de 2009 e só agora chegue ao mercado, oito anos depois da vindima. Poderia ter sido Barca Velha? A questão não tem resposta, a não ser na mente da equipa de enologia, liderada por Luís Sottomayor. São eles que decidem quais as colheitas que vão para Barca Velha e os que vão para Reserva Especial. O resto são discussões…

Para os registos fica que é a 17ª edição deste vinho, que começou em 1960. As uvas vêm das cotas mais altas da Quinta da Leda, no Douro Superior, e são aí vinificadas na adega especial. A composição do lote inclui Touriga Franca (45%), Touriga Nacional (30%), Tinta Roriz (15%) e Tinto Cão (10%). Fizeram-se 18.000 garrafas, que deverão ser vendidas no retalho – a partir de Novembro – a um preço de 175 euros.

Diz quem lá esteve e provou que o Reserva Especial 2009 já se bebe muito bem e é um grande vinho. Veja a nossa avaliação na edição de Dezembro da VINHO Grandes Escolhas… (texto de António Falcão)

Caves Cockburn’s com 9000 visitas em três meses

Os primeiros três meses de funcionamento das Caves da Cockburn’s, em Vila Nova de Gaia, ficam marcados pela boa afluência de público: desde a sua inauguração, em Julho, as instalações desta marca do universo Symington Family Estates já foram visitadas por 9000 pessoas. Os países mais representados são, por esta ordem, França, Espanha, Portugal e […]

Os primeiros três meses de funcionamento das Caves da Cockburn’s, em Vila Nova de Gaia, ficam marcados pela boa afluência de público: desde a sua inauguração, em Julho, as instalações desta marca do universo Symington Family Estates já foram visitadas por 9000 pessoas. Os países mais representados são, por esta ordem, França, Espanha, Portugal e Inglaterra.

Os vinhos de qualidade da Cockburn’s, assim como as provas especiais, são alguns dos principais atrativos deste novo centro de visitas, que foi alvo de uma profunda requalificação. Comportando 6.518 pipas de Vinho do Porto em estágio, assim como 10.056 pipas em balseiros, as Caves Cockburn’s, do século XIX, são as maiores na zona histórica da cidade. O centro de visitas integra ainda um novo museu onde os visitantes podem apreciar uma coleção de aguarelas, datadas do século XIX, da autoria do Barão de Forrester, assim como alguns dos registos da década de 1930 de John Henry Smithes.

Propriedade da Symington Family Estates, as Caves da Cockburn’s têm a última tanoaria em operação nas Caves de Vinho do Porto. Os visitantes têm a oportunidade de ver o trabalho desenvolvido pelos mestres tanoeiros da casa, que repararam os cascos utilizando as mesmas técnicas e ferramentas que os seus antepassados usaram ao longo dos séculos.

Produção mundial terá baixado em 2017

Lista de maiores produtores mundiais 2017

Apesar das condições climatéricas muito secas, Portugal deverá ter produzido mais 10% de vinho que no ano passado. Os números foram divulgados pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), em conferência de imprensa em Paris, onde a OIV tem a sede. Os valores portugueses, ainda provisórios, foram fornecidos pelo Instituto da Vinha e […]

Apesar das condições climatéricas muito secas, Portugal deverá ter produzido mais 10% de vinho que no ano passado. Os números foram divulgados pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), em conferência de imprensa em Paris, onde a OIV tem a sede. Os valores portugueses, ainda provisórios, foram fornecidos pelo Instituto da Vinha e do Vinho. Os valores mais seguros serão conhecidos a partir do dia 15 de Novembro, data para entrega das Declarações de Colheita e Produção. Nessa altura, os números poderão sofrer alguma alteração…

A verificar-se, o panorama português foi a excepção à regra: os quatro maiores produtores mundiais sofreram descidas em 2017. De tal maneira que afectaram o volume total de vinho produzido no mundo: face ao ano passado, a produção de vinho deverá ter descido mais de 8% (estes números ainda são provisórios). Este ano, o planeta terá produzido apenas 246,7 milhões de hectolitros, contra 268,8 em 2016. Esta será a segunda descida consecutiva, mas é confrontada com um consumo mundial a crescer. Lentamente, mas cresce. Ora, pela lei inexorável da oferta e procura, a descida na produção e o aumento do consumo poderá ter consequências a nível de preços do vinho. O “quanto” é a grande incógnita…

Frederico Falcão, presidente do IVV, disse-nos a propósito que “a produção mundial de vinho anda historicamente um pouco acima do consumo. Com uma tendência crescente, a nível mundial, do consumo de vinho e com este decréscimo de produção, estamos já a assistir a um aumento do preço das uvas e do vinho a granel”. No entanto, considera este executivo, “creio que na maioria das situações não irá haver aumento do preço dos vinhos ao consumidor, pelo menos num curto prazo. A maioria dos produtores irá sacrificar margens e manter preço de venda dos seus produtos”.
Mas voltemos aos números…

Quebra nos quatro maiores
A maior quebra de produção terá ocorrido na Itália, com 23% abaixo de 2016. Só não foi desalojada do primeiro lugar mundial porque os dois países seguintes, França e Espanha, também terão descido significativamente face a 2016: menos 19 e 15 por cento, respectivamente.
Os maiores crescimentos nos grandes produtores surgiram no hemisfério sul (Argentina e Austrália cresceram 25 e 6%, respectivamente). Note-se, contudo, que 2016 foi um ano muito fraco de produção na Argentina.
Mas os mais espectaculares crescimentos deverão ter surgido em países com níveis um pouco mais modestos de produção: no Brasil e na Roménia, com valores de 169% e 64%, respectivamente. A Áustria (23%) e a Moldávia (20%) também cresceram.
Portugal mantém o 11º lugar no ranking mundial de países produtores, situação que se deverá manter nos próximos anos. O nosso ‘concorrente’ mais próximo, a Alemanha, está o suficiente acima para não ‘temer’ uma ultrapassagem. Na parte de baixo, a Rússia, acontece o mesmo, embora os russos não tenham ainda dado estimativas de produção para 2017…
(texto de António Falcão)

Mapa Enogastronómico do Porto e Norte já está disponível

Que ninguém se perca quando a fome e a sede apertam! Já está disponível o Mapa Enogastronómico do Porto e Norte de Portugal, que enumera de forma simples e intuitiva todos os espaços enoturísticos da região. O mapa, lançado pelo Turismo da região, acaba de lançar o contém informações sobre locais a visitar, aconselha provas […]

Que ninguém se perca quando a fome e a sede apertam! Já está disponível o Mapa Enogastronómico do Porto e Norte de Portugal, que enumera de forma simples e intuitiva todos os espaços enoturísticos da região. O mapa, lançado pelo Turismo da região, acaba de lançar o contém informações sobre locais a visitar, aconselha provas gastronómicas e dá orientações sobre regiões demarcadas de vinhos.

O documento possui 23 produtos com Denominação de Origem Protegida (DOP), tem 11 pontos de visitação e 255 quintas de enoturismo. Esta ferramenta turística está disponível em duas línguas – português e espanhol. O mapa, em formato de bolso, está disponível nas lojas de turismo em toda a região Porto e Norte.

“Em 2016 a gastronomia representou 23% do fator de motivação para quem nos visita, logo a seguir ao City Breaks e Touring Cultural, o que nos mostra que é realmente um produto estratégico de extrema importância para a promoção da vinda ao território e por isso mesmo a exigir que haja respostas para quem nos procura”, adianta Melchior Moreira, presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal.

Os mercados com mais apetência para este produto são os espanhóis e franceses, os mesmos que mais procuram a região. Em 2017, no acumulado entre Janeiro e Setembro e em comparação com 2016, regista-se um aumento de 11,2% nos visitantes cuja motivação é a gastronomia e vinhos. Os mercados mantêm-se os mesmos, ou seja, Espanha e França registam o maior número de turistas, sendo de salientar o aumento de cerca de 17% da procura por parte dos espanhóis.

 

Exportações para fora UE sobem um milhão de litros em Setúbal

Os produtores da Península de Setúbal exportaram nos primeiros nove meses deste ano um total de 3,729 milhões de litros de vinho para países terceiros, ou seja, fora da União Europeia (UE). Este total representa um crescimento de 45 por cento (mais de um milhão de litros) face ao mesmo período de 2016. A recuperação […]

Os produtores da Península de Setúbal exportaram nos primeiros nove meses deste ano um total de 3,729 milhões de litros de vinho para países terceiros, ou seja, fora da União Europeia (UE). Este total representa um crescimento de 45 por cento (mais de um milhão de litros) face ao mesmo período de 2016.

A recuperação do mercado angolano (uma subida explosiva de 371,5%, depois da grande quebra em anos anteriores) e a manutenção da tendência de crescimento de destinos como Brasil (+20,5%), China (+25,2%) e Canadá sustentam as boas notícias. Na lista de principais mercados não-UE dos vinhos da Península de Setúbal aparecem ainda os EUA, a Noruega, o México e o Japão. Em função deste crescimento, a Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS) pretende seguir com o investimento nos mercados brasileiro e chinês.

 

UPS alarga oferta de entrega de bebidas alcoólicas

A UPS expandiu a sua capacidade para expedir álcool, vinho e cerveja para consumidores de todo o mundo. É uma reacção às tendências do mercado: os maiores produtores mundiais estão no continente europeu, mas o consumo interno está a estagnar ou mesmo a baixar, enquanto alguns grandes mercados fora da Europa se mostram em franco […]

A UPS expandiu a sua capacidade para expedir álcool, vinho e cerveja para consumidores de todo o mundo. É uma reacção às tendências do mercado: os maiores produtores mundiais estão no continente europeu, mas o consumo interno está a estagnar ou mesmo a baixar, enquanto alguns grandes mercados fora da Europa se mostram em franco crescimento.

A empresa disponibiliza um serviço de exportação directa de vinho para consumidores de um conjunto de países da União Europeia para a China, Coreia do Sul e Japão, e agora também para o Canadá, República Dominicana, Hong Kong, Índia, Macau, África do Sul, Suíça, Nova Zelândia, Filipinas, Singapura, Taiwan e Tailândia.

A UPS fornece embalagens certificadas e seguras, especificamente concebidas para o transporte de garrafas de vinho (até 12 garrafas por caixa para vinhos tranquilos e até seis garrafas para vinhos espumantes), para todos os destinos – podem ser encomendadas através de call-centers da UPS. Os consumidores da União Europeia podem também beneficiar dos serviços de transporte de vinho da UPS e enviar para casa o seu novo vinho favorito descoberto nas férias.

Alicante Bouschet, um herói improvável

A natureza acolhedora dos Portugueses é uma das razões pelas quais têm tanto sucesso na indústria turística por todo o mundo. Talvez o facto de Portugal ter recebido a Alicante Bouschet de braços abertos logo no século XIX se deva a esse espírito hospitaleiro.   TEXTO Dirceu Vianna Junior MW A casta é de origem […]

A natureza acolhedora dos Portugueses é uma das razões pelas quais têm tanto sucesso na indústria turística por todo o mundo. Talvez o facto de Portugal ter recebido a Alicante Bouschet de braços abertos logo no século XIX se deva a esse espírito hospitaleiro.

 

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW

A casta é de origem francesa mas foi adoptada e terá adquirido uma alma bem Portuguesa. Pessoas adoptadas podem ter grandes vidas, alcançando os objectivos mais extraordinários, assim retribuindo a confiança neles depositada. Em caso de dúvida basta consultar as autobiografias de celebridades como Marilyn Monroe, John Lennon, Bill Clinton, Steve Jobs ou Nelson Mandela – todos eles foram adoptados.

Livros portugueses do século passado – disponíveis na biblioteca do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) – evidenciam como a Alicante Bouschet, juntamente com outras castas menos conhecidas tais como Aspirant–Bouschet, Carignan Bouschet, Morrastel– Bouschet, já estavam plantadas em Portugal em 1902. A introdução poderá ser atribuída à família Le Cocq de Castelo de Vide. Para além de serem visionários, a família tinha ligações directas com França visto que um dos seus descendentes, João José viveu e estudou em Paris nessa época. Contudo, um dos mais prolíficos enólogos consultores do Alentejo, Paulo Laureano, assim como Júlio Bastos, proprietário da Quinta Dona Maria, acreditam que as primeiras vinhas de Alicante Bouschet terão sido plantadas em Mouchão no final do século XIX pela família Reynolds. Este período coincide com a replantação que teve lugar após a crise da filoxera.

Independentemente da data em que foi introduzida, apenas nos anos 90 do século XX a Alicante Bouschet alcançou o reconhecimento generalizado entre os produtores portugueses, não havendo dúvida que a casta está a compensar quem acreditou no seu potencial. Os resultados de um dos mais conceituados concursos de vinho internacionais, Decanter Wine Awards 2017, revelam que 34 dos 40 vinhos Alicante Bouschet que receberam um prémio foram produzidos em Portugal. A área plantada desta casta tem vindo a aumentar exponencialmente desde os anos 90 e actualmente é de 4,128.39 hectares, de acordo com o presidente do IVV, Frederico Falcão. Alicante Bouschet é a 23ª casta mais plantada no mundo com 38,985 hectares. No seu país de origem tem-se verificado um declínio constante. Em 1958, a Alicante Bouschet cobria 24,168 hectares, sobretudo no Sul de França, mas por volta de 2011 a área de vinha tinha decaído para menos de 4,000 hectares. A casta parece não ter obtido o respeito que merece. Contudo, é interessante ver que o preço de mercado, supostamente, aumenta nas colheitas em que as regiões do Norte produzem uvas com falta de cor. Tal foi confirmado por uma fonte anónima do Sul de França.

Espalhada pelo mundo
Xavier Roger, um dos raros produtores franceses que vinificam Alicante Bouschet como uma monocasta, acredita que é possível atingir bons resultados uma vez que as vinhas actuais são muito velhas. Simplesmente, a grande maioria de produtores não lhe prestam a atenção suficiente, pelo que o vinho acaba quase sempre por ser desperdiçado em lotes sem interesse. Como, devido à idade das vinhas, a produção decresce ao ponto de atingir níveis não rentáveis, os produtores franceses insistem em arrancar as videiras e não as substituir. Este facto não impediu a vinha de se espalhar por outros países como Itália (nomeadamente Sardenha, Córsega, Toscânia, e Calábria), Espanha (Castilla–La Mancha, Galiza e Valencia), Turquia, Hungria, Croácia, Bósnia Herzegovina, Chipre, Israel e Suíça. Também marcou a sua presença no Norte de África assim como em destinos do Novo Mundo como a Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Uruguai e Estados Unidos da América.

Nos Estados Unidos foi intensamente plantada na Califórnia durante a Proibição. A cor intensa foi muito conveniente durante este período, já que permitia a diluição do vinho com água sem quebra da cor original. Nessa altura, as uvas eram transportadas da Califórnia para cidades ao longo da costa Leste, nomeadamente Nova Iorque, onde as casas de leilões funcionavam como centros de distribuição. Consequentemente, aumentou a procura de uvas que conseguiam suportar a viagem, para além das películas espessas e cheias de cor da Alicante Bouschet serem outra vantagem a considerar.

Nos anos 30, Alicante Bouschet era a segunda uva mais plantada na Califórnia chegando a ocupar mais de 15000 hectares, mas tem-se verificado uma forte queda desde então. Hoje ocupa uma área de 382 hectares e o seu legado mais duradouro é o papel secundário que desempenha nos Zinfandel de Vinhas Velhas, em famosos produtores como Ravenswood e Ridge.

Na vinha, as videiras mostram-se vigorosas e tendem a florescer cedo, o que por vezes causa a perda de produção durante as geadas da Primavera. Os viticultores mais preocupados com a qualidade preferem fazer uma poda curta e restringir a produção, que pode atingir os 200 hectolitros por hectare em solos férteis. Quando Henri Bouschet obteve a Alicante Bouschet ao cruzar Grenache com Petit Bouschet vários clones foram desenvolvidos, nomeadamente Clone 1, 2, 5, 6, 7, 12 e 13. Hoje em dia só através de perfis de ADN é que é possível distinguir cada clone e a maioria dos produtores não consegue discernir que clone plantou.

Adaptada a Portugal
O Instituto da Vinha e do Vinho tem feito um trabalho extraordinário na simplificação da nomenclatura das castas em Portugal. A casta é oficialmente conhecida como Alicante Bouschet, embora na Beira ainda haja quem lhe chame, não oficialmente, Sumo Tinto. Fora de Portugal a casta é conhecida por outros nomes, incluindo Garnacha Tintorera ou Tintoreta em Alicante, Dalmantinka na Croácia e Kambusa na Bósnia e Herzegovina.

A Alicante Bouschet dá-se bem em climas quentes, gosta de extensas horas ao sol e amadurece relativamente tarde, de acordo com Júlio Bastos. É capaz de suportar condições de seca bem severas fazendo do Alentejo a região mais privilegiada para produzir esta casta. As folhas suportam o calor mas a fruta tem de ser protegida de forma a evitar danos causados pelo sol, o que tem sido um problema crescente. Paulo Laureano acredita que impor um limite máximo à produção, mantendo-a por volta de 5.5 toneladas por hectare, é crucial para a qualidade global. De acordo com Júlio Bastos, um dos segredos por detrás da Alicante Bouschet é a escolha do local, particularmente no que diz respeito a condições mais frescas encontradas em altitudes mais elevadas. O momento da vindima é crucial para Júlio Bastos que procura atingir o completo amadurecimento fenólico do bago, evitando assim as notas vegetais e taninos amargos.

Nas adegas, a higiene tem que ser a principal preocupação, especialmente se for usada madeira velha como é o caso de Mouchão. Miguel Ângelo Vicente Almeida, um enólogo português a viver no Sul do Brasil, tem experiência com a Alicante Bouschet plantada há 16 anos perto da fronteira com o Uruguai. Segundo ele, é necessário muito cuidado para controlar os taninos; para além disso a casta é altamente redutora precisando de arejamento intenso durante a vinificação. Júlio Bastos prefere a tradicional vinificação em lagares onde os cachos são sujeitos a pisa a pé, dando dessa forma ao vinho uma maior complexidade geral e mais longevidade. Paulo Laureano avisa que é necessária grande cautela no estágio de forma a monitorizar a acidez volátil e os níveis de sulfuroso livre.

Alicante Bouschet é uma excelente casta para lotear. Para além da cor, ela contribui com volume, estrutura e concentração. Contudo, quando colhida prematuramente, pode ser neutra, com taninos agressivos e pouco apelativa. Quando completamente madura, origina vinhos com uma bela cor, notas de fruta preta, compota, licor, ervas silvestres assim como cacau, chocolate negro e especiarias exóticas, quando estagiada em madeira. Ao envelhecer, pode desenvolver aromas de couro, caça e notas balsâmicas.

A Alicante Bouschet aumenta indubitavelmente a longevidade de um lote. Miguel Ângelo Vicente acredita que como monocasta tem tudo o que um vinho precisa para envelhecer bem: aromas intensos quando atinge a maturação completa, cor profunda, acidez crocante e taninos robustos. Paulo Laureano concorda que a Alicante Bouschet envelhece bem durante décadas, como é confirmado pelo primeiro engarrafamento do Mouchão nos anos 50, que se mantém em boa forma após mais de meio século.

Não resta dúvida que a Alicante Bouschet está bem adaptada a Portugal, onde dá origem a vinhos excepcionais. Ao contrário de Donald Trump, todos estamos conscientes das alterações climáticas. A Alicante Bouschet consegue resistir melhor que muitas outras variedades a condições quentes e áridas. Por estas razões, acredito que a Alicante Bouschet tem futuro não só em Portugal, como no resto do mundo. Os produtores de outros países deveriam estar atentos às potencialidades desta casta, seguindo o exemplo de Portugal. E os produtores portugueses, em geral, deveriam manter a liderança do jogo, aprendendo com os melhores criadores de Alicante Bouschet, que apresento a seguir. Se tal se verificar, tenho a certeza que a Alicante Bouschet terá um futuro auspicioso.

Cacao di Vine com novidades

Os famosos chocolates de vinho deixaram de ser só de vinho. O gin, moda que veio para ficar, marca agora presença no portefólio da Cacao di Vine na forma de Gin Bites. De sabor mais intenso e com um toque de zimbro, os Gin Bites (com P.V.P. médio de 9 euros, por embalagem) são perfeitos […]

Os famosos chocolates de vinho deixaram de ser só de vinho. O gin, moda que veio para ficar, marca agora presença no portefólio da Cacao di Vine na forma de Gin Bites. De sabor mais intenso e com um toque de zimbro, os Gin Bites (com P.V.P. médio de 9 euros, por embalagem) são perfeitos para acompanhar com a própria bebida, ou mesmo a solo.

E para responder às necessidades do canal HORECA, surge o Wine Bar. Imagine entrar num bar de vinhos e poder escolher o chocolate que vai acompanhar a degustação, num escaparate Cacao di Vine. Com preços mais acessíveis e uma nova embalagem, o Wine Bar inclui um sabor inédito no mercado nacional: Jerez. 

PrimeDrinks assume distribuição dos vinhos Vale Dona Maria

Os vinhos da Quinta Vale dona Maria passam a ser distribuídos pela PrimeDrinks, empresa que reforça assim a sua oferta de vinhos do Douro e vinhos do Porto na categoria super premium. “É com grande satisfação que passamos a representar uma das marcas mais antigas e de prestígio da região Douro – a Quinta Vale […]

Os vinhos da Quinta Vale dona Maria passam a ser distribuídos pela PrimeDrinks, empresa que reforça assim a sua oferta de vinhos do Douro e vinhos do Porto na categoria super premium.

“É com grande satisfação que passamos a representar uma das marcas mais antigas e de prestígio da região Douro – a Quinta Vale Dona Maria – com um portefólio de vinhos com um perfil único e diferenciador”, comenta Cláudia Portugal, diretora geral da PrimeDrinks.

A Quinta Vale dona Maria, localizada no vale do rio Torto, na região do Douro, tem os seus primeiros registos em 1868. Desde a colheita de 1996 que se dedica à produção de vinhos DOC Douro e Vinhos do Porto, sob a visão de Cristiano van Zeller, representante da 14.ª geração de produtores ligados aos vinhos desta região.