James Martin’s: Um escocês só para nós

Martin’s é nome de whisky da Escócia. Até aqui não parece haver motivo de espanto, tal a proliferação de marcas de destilados que a região produz. Ao passear na zona velha de Edimburgo, deparamo-nos com imensas lojas não só dedicadas ao whisky, mas também aos tecidos de xadrez com que cada clã é identificado. Para […]
Martin’s é nome de whisky da Escócia. Até aqui não parece haver motivo de espanto, tal a proliferação de marcas de destilados que a região produz.
Ao passear na zona velha de Edimburgo, deparamo-nos com imensas lojas não só dedicadas ao whisky, mas também aos tecidos de xadrez com que cada clã é identificado. Para turistas, existe depois a parafernália de acessórios e bugigangas relacionadas com o whisky. E, ao olhar para uma montra carregada de garrafas, apercebemo-nos que mais de metade são marcas que desconhecemos. Nós, os simples apreciadores, sim, já para os coleccionadores o assunto é outro. E foi com coleccionadores que fomos a Edimburgo à apresentação da edição especial do whisky James Martin’s, apenas disponível em Portugal. A razão de ser desta exclusividade prende-se com o facto de a marca só ter sido mantida em virtude do apreço que tinha em Portugal.
Fundada em 1878, pertence hoje à Glenmorangie que, por sua vez, está integrada no universo LVMH. Desde 2013, a James Martin’s teve apenas duas edições – de 32 e 35 anos – exclusivas para Portugal. Sempre num registo de whisky de luxo, o James Martin’s, que actualmente ainda surge com frequência em leilões – conhecida pelo 20 anos e 30 anos mas também por algumas edições datadas -, apresentou agora uma edição exclusiva para Portugal de 498 garrafas com 44 anos. Estas edições limitadas prolongar-se-ão por quatro anos, saindo, em cada ano um deles, uma quantidade limitada e numerada.
Tal como acontece com muitas outras marcas escocesas, também a Martin’s estagia o seu whisky em barricas que anteriormente serviram a xerez oloroso e bourbon. Foi a partir das últimas reservas dos anos 80 que esta edição foi concebida. Trata-se de um single malt, ou seja, um whisky feito de cevada maltada, destilado numa única destilaria, distinguindo-se assim do pure malt, que resulta do lote de whiskies de várias destilarias.
O whisky, por ser uma bebida com longevidade assegurada em garrafa, deu origem ao nascimento de um alargado núcleo de coleccionadores, alguns deles integrados nesta comitiva que se deslocou a Edimburgo. Em todo o mundo estes clubes proliferam e as edições exclusivas são muito disputadas. Algumas garrafas atingem preços astronómicos, de dezenas de milhar de euros. Este 44 anos apenas estará disponível no Corte Inglés, em Lisboa.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Casa da Tapada: Novidades de um lugar com história

A apresentação dos novos vinhos da Quinta Casa da Tapada decorreu no restaurante Santa Joana, que ocupa o espaço de uma antiga igreja da rua de Santa Marta, em Lisboa. Para além dos quatro vinhos brancos, um deles um espumante da vindima de 2019 com 48 meses de estágio sobre borras, foi apresentada a nova […]
A apresentação dos novos vinhos da Quinta Casa da Tapada decorreu no restaurante Santa Joana, que ocupa o espaço de uma antiga igreja da rua de Santa Marta, em Lisboa. Para além dos quatro vinhos brancos, um deles um espumante da vindima de 2019 com 48 meses de estágio sobre borras, foi apresentada a nova imagem da marca, mais adaptada aos objectivos da empresa e ao mercado.
Propriedade de charme
Há muito que Luís Serrano Mira, proprietário da Serrano Mira, grupo que detém a Herdade das Servas, no Alentejo, e a Casa da Tapada, nos Vinhos Verdes, ambicionava fazer vinho fora do Alentejo. O objectivo concretizou-se em 2018, com a aquisição da última, uma propriedade de charme no concelho de Amares, Região dos Vinhos Verdes, compra feita em parte com base emocional, já que um dos grandes amigos do seu avô produzia lá vinhos. “Esta amizade especial da família com um produtor de Vinho Verde contribuía para que houvesse sempre vinho da região à mesa, que eu aprendi a gostar desde cedo”, explica Luís Mira.
Situada em Fiscal, Amares, a Casa da Tapada inclui um solar imponente, uma mata centenária com 10 hectares e um património botânico diversificado. A propriedade tem 24 hectares, dos quais 12 são de vinha.
O edifício foi mandado erguer pelo poeta e conhecido humanista Francisco de Sá de Miranda, responsável pela introdução do movimento literário renascentista no nosso país, que ali se instalou, com quase 50 anos, em 1530 e começou a produzir vinho depois de alguns anos de vida em Lisboa. Com onze quartos, o solar da Casa da Tapada foi erguido em 1540 e ampliado por duas vezes, a primeira no século 17 e a segunda no século 19.
Lugar com história
Luis Mira contou, durante a apresentação, que a maior parte da obra do poeta foi escrita na Casa da Tapada e que ainda hoje existem os lagares usados no século 16. Essa foi outra das razões que o levou a aproveitar a oportunidade de compra da quinta, “porque é ainda melhor produzir vinho num lugar com história”. O solar, classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977, tem um valor histórico-cultural que pesou no investimento feito pela família Serrano Mira. Ali existem, ainda, as Casas da Eira e da Confraria, a Capela de Nossa Senhora da Guia, para além da adega e da loja de vinhos.
Quando a propriedade foi adquirida, a vinha estava praticamente abandonada e as suas plantas estavam espalhadas em pequenos patamares, difíceis de reconverter e de trabalhar. Por isso foi feita a sua reconversão, e alargados os patamares para dimensões exequíveis para o maneio adequado da vinha, tendo em conta a sua rentabilidade. Também foi adicionada a casta Alvarinho, que na região de Amares se chama Pedernã, às que já existiam ali, o Alvarinho e o Loureiro. Dão origem a duas marcas de vinho: Capela da Tapada, produzida também com uvas de parceiros, e Quinta Casa da Tapada.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)
Ode Phosphorus: de Pessac-Leognan ao Vale de Franschhoek, a Hunter Valley e à região Tejo…

Acredito sinceramente que a casta Sémillon é merecedora de uma audiência maior no mundo vínico e enófilo, pois consegue originar vinhos deliciosos e extremamente acessíveis na sua juventude e desenvolve múltiplas nuances e grande complexidade ao longo da sua vida em garrafa. De origem francesa, é conhecida por estrelar os reverenciados vinhos brancos doces de […]
Acredito sinceramente que a casta Sémillon é merecedora de uma audiência maior no mundo vínico e enófilo, pois consegue originar vinhos deliciosos e extremamente acessíveis na sua juventude e desenvolve múltiplas nuances e grande complexidade ao longo da sua vida em garrafa. De origem francesa, é conhecida por estrelar os reverenciados vinhos brancos doces de Sauternes e os secos de Pessac-Leognan, da região de Bordeaux, de que é exemplo o icónico Chateau Haut-Brion, cujo lote é composto por Sémillon e Sauvignon Blanc, com ligeira predominância da primeira.
Mas diz-se ter sido na Austrália, no Hunter Valley, estado da Nova Gales do Sul, a norte de Sydney, que a Sémillon encontrou o seu terroir de eleição, onde, aliás, se encontra plantada desde o século XIX (1830) até aos dias de hoje. Na verdade, tal como a Chenin Blanc, no Vale do Loire, a Pinot Noir, na Borgonha ou a Nebbiolo, na região do Piedmonte, não existem muitos outros sítios no mundo onde a Sémillon produza resultados tão excepcionais como no Hunter Valley.
A versatilidade da casta manifesta-se na facilidade com que se adapta tanto a climas quentes como frios. No calor, ela apresenta aromas e sabores suculentos de frutas amarelas e tropicais como pêssego, manga e papaia, e produz vinhos com maior teor alcoólico e bom potencial de envelhecimento. No frio, os vinhos são mais frescos, com aromas e sabores de frutas cítricas, maçã, pêra e melão. São exemplares com mais acidez e menos álcool.
Em Portugal é uma das castas autóctones do Douro, por exemplo, tendo sido, inclusivamente, uma das mais utilizadas pelos viticultores da região, que a conheciam pelo nome de Boal. Só quando foi “importada” para o nosso País se descobriu que Sémillon e Boal são a mesma casta.
Produzido a partir de algumas das melhores uvas Sémillon, fermentadas e envelhecidas durante 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 l, apresentou-se-nos um vinho elegante, texturado e extremamente gastronómico
A casta Sémillon no Tejo
A ODE Winery, Farm & Living é uma adega com história, localizada em Vila Chã de Ourique, freguesia do Município do Cartaxo, distrito de Santarém, a apenas 50 minutos de Lisboa.
Totalizando 96 hectares, começa a operar em 2022 pelo grupo Immerso Collective, criado com foco no luxo e sustentabilidade por David Clarkin e Andrew Homan, que têm mais de trinta anos de experiência em investimento e desenvolvimento imobiliário de futuro nos mercados asiático e australiano, bem como em gestão de fundos de investimento imobiliário. O objectivo foi criar um projecto que trouxesse a merecida visibilidade à região Tejo e à sua extensa cultura do vinho.
A Ode Winery integra a adega e vinhos ODE, produzidos numa unidade de vinificação de última geração, que manteve a sua beleza e origem históricas, que remontam ao ano de 1902.
Jim Cawood, australiano de nascença e com uma vasta experiência em todas as vertentes do negócio do vinho, tendo sido sommelier, importador, distribuidor e retalhista, e também produtor em Espanha, é o “director of Wines and Good Times” da ODE. Anfitrião por excelência, apaixonado pelo projecto e pelo terroir ODE, desde logo identificou várias semelhanças entre o terroir calcário onde está inserida a empresa e o clima e ph dos solos de Hunter Valley. Mas foi um feliz acaso que levou a Sémillon até à ODE Winery. Ou talvez não tenha sido totalmente um acaso. Em conjunto com a enóloga Maria Vicente, com mais de 20 colheitas no seu percurso profissional quando assumiu o projecto ODE, nas inspecções iniciais às vinhas, Jim constatou algo de esquisito na parcela onde estava registada e plantada a casta Viognier.
De um lado era Viognier, sem qualquer dúvida, mas, do outro, de certeza absoluta que Viognier não era. Eram simplesmente duas plantas diferentes. A outra era Sémillon!
Os motivos que levaram os antigos proprietários (Vale d’Algares) a registar tudo como Viognier não sabemos. Podemos apenas especular que fosse por a Sémillon não ser uma casta autorizada na região Tejo, na altura em que foi plantada, ou simplesmente por engano do viveirista. A verdade é que não sabemos. O que sabemos é que Maria e Jim, perante a realidade das coisas, decidiram apostar na casta, e em boa hora o fizeram, já que os resultados se têm revelado excelentes.
Potencial para envelhecer
Para adicionar textura e definição, cerca de 15% desse vinho envelheceu em barricas novas de 500 l de carvalho francês durante cinco meses. Seco e cítrico, com notas de limão, lima, maçã verde, e um final de boca mineral, na sua juventude será um vinho que harmoniza com facilidade com marisco, por exemplo, mas tendo potencial para envelhecer em garrafa até 10 ou mais anos. Envelhecido, será um vinho perfeito para acompanhar um assado de porco ou aves, como o faisão por exemplo.
Produzido a partir de algumas das melhores uvas Sémillon, fermentadas e envelhecidas durante 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 l, apresentou-se-nos um vinho elegante, texturado e extremamente gastronómico. O Ode Phosphorus junta-se, assim, às 12 referências Ode já disponíveis no mercado. Pois seja bem vindo!
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Vinilourenço: Pai Horácio 1945, De filho para pai… a celebração do legado

Foi sem dúvida um dia de emoções fortes, uma cerimónia preparada pela família, com a presença dos amigos de sempre e todos os colaboradores da empresa que o “Pai Horácio” criou, impulsionou e que o filho Jorge fez crescer. E não faltaram à mesa os pratos preferidos do Sr. Horácio, seja a “torradinha com azeite”, […]
Foi sem dúvida um dia de emoções fortes, uma cerimónia preparada pela família, com a presença dos amigos de sempre e todos os colaboradores da empresa que o “Pai Horácio” criou, impulsionou e que o filho Jorge fez crescer. E não faltaram à mesa os pratos preferidos do Sr. Horácio, seja a “torradinha com azeite”, o bacalhau “que ele tanto apreciava de qualquer forma” ou o fabuloso “cabritinho assado no forno com um não menos delicioso arroz de miúdos”, “tudo pratos que o meu pai gostava” disse, com emoção, Jorge Lourenço. Almoço excecional, acompanhado por alguns dos grandes vinhos da casa e, claro está, pela estrela maior, o Pai Horácio 1945, lançado no dia em que faria 80 anos – um tinto de contemplação.
Regresso às origens
O lançamento ocorreu na sede da Vinilourenço, em Poço do Canto, Meda, onde se localiza também a adega, a loja e casa da família. Atualmente, a Vinilourenço possui uma área própria de 50 hectares de vinha, repartidos pelos concelhos da Meda e Vila Nova de Foz Côa, cujas altitudes variam entre os 130m e os 700m. Ficam sobre solos de xisto e granito, têm orientações solares e declives muito variáveis e uma diversidade de micro terroirs que permite explorar o melhor de cada casta e apresentar vinhos de perfis diversos. O portfolio é bastante extenso, onde talvez as marcas D. Graça e Fraga da Galhofa sejam as de maior notoriedade no mercado.
Destaque igualmente para a coleção castas, onde os monovarietais Samarrinho, Donzelinho, Casculho, Gouveio, diferentes abordagens ao Viosinho, entre outras, representam o regresso às origens, resultando em vinhos com perfil singular, evidenciando o carácter da casta versus terroir. Toda a produção é acompanhada e gerida pelo produtor, Jorge Lourenço, de 43 anos, que desempenha a função de enólogo principal. Embora o forte contributo do professor Virgílio Loureiro, sobretudo nos primeiros anos da Vinilourenço tenha sido evidente, hoje é Jorge que se encarrega da enologia.

A Dona Graça e o apego à Terra
Horácio Lourenço, desde muito jovem mudou-se para Cascais, em busca de melhores condições e, com apenas 15 anos, já trabalhava na Câmara Municipal. Outros tempos, é claro… Aos 18 anos e finda a recruta militar foi para Angola, onde conheceu a algarvia Dona Graça, que viria a ser sua esposa e empresta o nome à talvez mais emblemática marca do extenso portfolio da Vinilourenço. Com a vida totalmente estabelecida em África, tal como muitos outros portugueses, foi forçado a regressar a Poço de Canto com muito pouco na bagagem, mas o suficiente para se iniciar na construção civil. Contudo, a sua grande paixão sempre foi a terra e, não tardou muito, começou a plantar vinhas.
Foi no final dos anos 70, princípio dos anos 80. “Estou aqui hoje para homenagear o grande patrono deste projeto, um homem fascinante, com uma enorme paixão pela terra. Eu também tinha essa paixão, mas a começar na adega. Com o Sr. Horácio era o contrário, ele queria estar nas vinhas e a adega era para os outros. Aprendi muito com ele”, refere o professor Virgílio Loureiro. No início as uvas eram vendidas para a adega cooperativa. Mas na viragem para o século XXI, Jorge Lourenço, que herdou a paixão pelas terras e pelas vinhas do seu Pai, tornou-se num trabalhador ávido por aprender e começou a demonstrar um grande espírito de liderança. Não surpreende, pois, que após concluir o ensino secundário tenha pretendido aperfeiçoar as suas características, fazendo um curso de jovem agricultor e, mais tarde, uma pós-graduação em Enoturismo.
Foi assim que Jorge Lourenço deu continuidade ao sonho do pai, criando a empresa ViniLourenço, à qual se dedica integralmente há mais de duas décadas. “Felizmente, hoje temos já uma equipa de 18 pessoas, a quem eu também muito agradeço, e o lançamento deste vinho muito especial é também para dignificar aquilo que é o nosso trabalho conjunto, honrando a memória e o legado do meu pai”, remata Jorge. O legado está assim perpetuado no vinho de homenagem Pai Horácio 2021 tinto Grande Reserva Edição Especial. Trata-se de uma produção limitada de 1945 (ano de nascimento de Horácio Lourenço) garrafas, em caixa individual. Resultou de um blend da seleção de parcelas, plantadas pelo próprio Horácio Lourenço, com base no estudo dos terroirs, ao longo das últimas décadas e da interpretação dos mesmos por Jorge Lourenço.
Cada detalhe foi pensado meticulosamente, com destaque para o rótulo duplo com dedicatória do filho para o pai, ou a tira de couro que envolve a garrafa, simbolizando o compromisso entre pai e filho, a família e a amizade. Um package realmente bonito e singular! Como Jorge Lourenço referiu, um vinho à imagem de seu pai, “forte, com muita estrutura e muita alma”.
Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
Quinta da Boavista: Expressões de um terroir duriense

O local onde decorreu o evento não poderia ser mais aprazível, o 1638 Restaurant & Wine Bar By Nacho Manzano, o bar de vinhos e restaurante de cozinha de autor do novo hotel Tivoli Kopke, em Gaia, que abre oficialmente em Maio. A vista sobre o rio Douro e a zona velha do Porto, enquadrada […]
O local onde decorreu o evento não poderia ser mais aprazível, o 1638 Restaurant & Wine Bar By Nacho Manzano, o bar de vinhos e restaurante de cozinha de autor do novo hotel Tivoli Kopke, em Gaia, que abre oficialmente em Maio. A vista sobre o rio Douro e a zona velha do Porto, enquadrada pelas paredes dos antigos armazéns de vinhos do Porto agora transformados para albergar os quartos deste cinco estrelas, é imperdível, e acrescentou um pouco de sedução ao evento de apresentação das novas colheitas da Quinta da Boavista, da Sogevinus. Decorreu na companhia de uma refeição criada por Nacho Manzano, consultor gastronómico do hotel e chefe de cozinha asturiano que recebeu, no ano passado, a sua terceira estrela Michelin na Casa Marcial, o restaurante que fundou na casa da sua família em 1993.
Texturas, aromas e sabores
Durante o repasto, feito de pratos compostos por dois a quatro elementos cozinhados na perfeição, sentiu-se que tudo o que o que criou, e apresentou na mesa, foi certamente desenhado para a companhia dos vinhos da Quinta da Boavista servidos, pela forma como as suas texturas, aromas e sabores se foram equilibrando ao longo do repasto, o que nem sempre tem acontecido em apresentações similares onde vou.
Gostei sobretudo da aparente simplicidade e da qualidade dos ingredientes e temperos dos pratos, tudo muito bem conjugado para potenciar os seus aromas e sabores e a ligação aos vinhos. Evidência, em particular, para o Lagostim com beurre blanc e pinhões, a que o suco das cabeças acrescentou uma ligação praticamente perfeita com o Quinta da Boavista Vinho do Levante 2022, o branco lançado nesse dia. Também para o Polvo braseado com puré de abóbora e molho de amêijoas, na só pela textura e sabor do polvo, que estava inexcedível, mas também pela forma como o conjunto de um prato aparentemente simples, se harmonizou com o vinho selecionado, o Boavista Reserva 2021, um tinto com estrutura, fruta e um toque de madeira. A estes juntaram-se um monovarietal de Alicante Bouschet, um vinho cheio de personalidade acrescentado à linha de monovarietais desta casa, para além dos dois ícones, o Vinha do Oratório e o Vinha do Ujo, todos da colheita de 2021, ou seja, de um ano de verão seco. Segundo Ricardo Macedo, o enólogo dos vinhos Douro da casa, a vindima da primeira, uma vinha velha cujas castas principais, entre 56 variedades, são a Touriga Franca, a Tinta Pinheira e o Rufete, é feita patamar a patamar, o que implica que sejam “feitas 14 fermentações desta vinha, para se identificar os melhores vinhos que ela produz” em cada ano.
Plantada em patamares horizontais pré-filoxéricos, suportados por pequenos muros de xisto, a Vinha do Ujo fica entre os 180-210 metros de altitude, um pouco mais longe do rio que a do Oratório, e inclui 26 castas. A sua vindima é manual, e a fermentação das uvas decorre em barricas de madeira francesa de 500 e 600 litros. Após um período de maceração, o vinho resultante continua o seu estágio durante pelo menos 16 meses em barricas de 225 litros de carvalho francês antes de ser engarrafado.
Vinha muito velha
Jean-Claude Berrouet, um grande defensor da expressão dos terroirs e enólogo do Château Pétrus durante mais de 40 anos, é o consultor da Quinta da Boavista desde 2013, e está sempre presente nas principais decisões enológicas. A propriedade tem actualmente 80 hectares, dos quais 36 ha de vinha, uma parte significativa da qual de vinha velha dos períodos de antes e do pós-filoxera. Reconhecida desde a primeira demarcação da região vinícola do Douro, datada de 1756, a propriedade está também assinalada nas plantas de Joseph James Forrester, o Barão de Forrester, do século XIX. Depois da sua morte foi comprada pelo Barão de Viamonte, seu herdeiro. No século seguinte, esteve nas mãos de vários proprietários, até ser adquirida, em 2020, pelo Grupo Sogevinus.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Companhia Agrícola do Sanguinhal: Vinhos com história e terroir

A loja da Quinta das Cerejeiras, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fica nos antigos escritórios da empresa e proporciona, pela forma como está decorada, uma viagem para outro tempo, o da fundação da empresa, quando naquele local trabalhavam as suas primeiras pessoas. É o início de uma visita pela sua história, da família e de […]
A loja da Quinta das Cerejeiras, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fica nos antigos escritórios da empresa e proporciona, pela forma como está decorada, uma viagem para outro tempo, o da fundação da empresa, quando naquele local trabalhavam as suas primeiras pessoas. É o início de uma visita pela sua história, da família e de fazer o vinho, a um pequeno museu que nos leva a apetecer saber um pouco mais sobre esta casa.
Diogo Reis é o representante da 4ª geração da família à frente da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fundada pelo seu bisavô, Abel Pereira da Fonseca, em 1928, para gerir três quintas no Bombarral, Quinta das Cerejeiras, Quinta do Sanguinhal e Quinta de S. Francisco. Todas estão integradas na DOC Óbidos e ficam a apenas alguns quilómetros umas das outras no concelho do Cadaval.
Abel Pereira da Fonseca tinha montado um negócio de distribuição de vinho e outros produtos no início do século 20, que fundou em 1906 com sede na zona de Marvila, em Lisboa. Criou depois as lojas Vale do Rio, para venda de vinho e, mais tarde, começou a comprar as propriedades, para assegurar a produção para abastecimento da empresa em Lisboa. Foi assim criada a Companhia Agrícola do Sanguinhal, que explora hoje 200 hectares de terra, dos quais 100 hectares de vinha. O resto é floresta, árvores de fruto e instalações.
Influência atlântica
Segundo Diogo Reis, a vinha da casa privilegia as castas autóctones da Região de Lisboa. “Com base nelas, o que tentamos exprimir, nos nossos vinhos, é o terroir da DOC Óbidos, que fica num anfiteatro bem exposto à influência Atlântica”, salienta o responsável.
Miguel Móteo, 59 anos, enólogo da Companhia Agrícola do Sanguinhal com responsabilidade também na viticultura há mais de 30 anos, conta, por seu turno, que o primeiro desafio que teve, quando chegou à empresa, foi identificar as castas de menor valor enológico das suas vinhas, com o objectivo de as reestruturar e modernizar. Foi o início de um processo que levou à reconversão de mais de 70 hectares de vinha das três quintas nos últimos 30 anos. Para além da empresa ter apostado em castas regionais e nacionais, como as brancas Arinto, Vital e Fernão Pires, foram plantadas algumas internacionais “que poderiam contribuir para a valorização dos nossos vinhos não só no mercado nacional, mas também no internacional”, explica o enólogo. É o caso da casta Chardonnay “que se adaptou muito bem aos solos e clima da região e propriedade”, para além do Sauvignon Blanc e de uma pequena parcela de Viognier.
Nas tintas foi dada a primazia a castas específicas para a região, “que valorizam os nossos vinhos”, como o Castelão, a Tinta Roriz e a Touriga Nacional. Além delas foram plantadas variedades francesas, “como a Syrah, que se adaptou muito bem ao nosso terroir e, segundo a minha opinião, a toda a região dos vinhos de Lisboa”, salienta Miguel Móteo. Quando começou a trabalhar, as castas brancas já originavam vinhos com bastante acidez, ou seja, “com as características específicas para o que se pretende num vinho branco”. Mas percebeu, na altura, que nem todas as tintas seriam as melhores para as exigências do mercado e as consequências das alterações climáticas. “Por isso foi necessário fazer uma aposta forte na reconversão da vinha”, conta.
Os solos das três quintas são bastante diferentes e houve necessidade de se escolher correctamente os porta-enxertos e, a partir daí, fazer um trabalho quase de precisão ao nível da viticultura, “tendo em conta a condução da vinha, o controlo de vigor e as operações em verde e em seco”. Foi essencial, acima de tudo, escolher, no início das plantações, as castas e os porta-enxertos melhor adaptadas para os solos e sistemas de drenagem, tendo em conta as características desejadas para os vinhos produzidos. Com esse objectivo, as castas brancas estão plantadas nas zonas mais frescas, de várzea, e as tintas em encostas. “As nossas produções são relativamente baixas em relação à média da região, porque procuramos potenciar a valorização da matéria-prima”, explica Miguel Móteo.
Cinco semanas de vindima
A reconversão não teve apenas, como objectivo, a mudança de castas, mas também a modernização e mecanização de uma vinha com uma área já significativa, alteração essencial numa altura em que os custos de produção tem crescido cada vez mais e a mão-de-obra é cada vez mais escassa. São factores que têm levado “a constantes adaptações nas vinhas, quer ao nível dos sistemas de condução, que nas operações em verde e seco”, revela o enólogo. Diz, também, que a Região de Lisboa tem tudo para crescer e que tem sido surpreendente ver a evolução da qualidade da matéria-prima, essencialmente nos tintos.
Como as quintas da Companhia Agrícola do Sanguinhal distam a cerca de 10 km umas das outras, a produção foi centralizada na adega da Quinta de S. Francisco. As castas da empresa estão plantadas nas três, que têm características de solos diferentes, o que origina comportamentos diferentes das plantas, incluindo períodos de maturação diversos.
Segundo Miguel Móteo, as vindimas começam habitualmente na Quinta do Sanguinhal e na Quinta das Cerejeiras, e pelas castas mais precoces, como o Chardonnay, o Sauvignon Blanc e o Fernão Pires. “Nos primeiros anos vindimávamos a partir de meados de setembro e, agora, a partir de meio de agosto, também para conseguirmos apanhar as uvas com mais frescura e menor teor de açúcar”, conta, acrescentando que a principal dificuldade da vindima, que decorre durante cinco semanas, é conjugar os trabalhos em propriedades diferentes no mesmo dia, principalmente quando a colheita é feita à mão, o que acontece sobretudo para as castas brancas mais nobres.
Depois de os procedimentos feitos na adega para todas as uvas da empresa, que são colhidas casta a casta em cada quinta, é feita uma análise rigorosa a todas as 40 a 50 referências resultantes do processo para se poder definir, em função das suas características físico-químicas e organolépticas, “quais são os vinhos que vão para barrica, para as gamas quinta, Regional Lisboa no segmento médio e médio mais, num trabalho de precisão para cada perfil definido”, conta Miguel Móteo.
A Companhia Agrícola do Sanguinhal explora hoje 200 hectares de terra, dos quais 100 hectares de vinha
Referências centenárias
Mais de 30% do vinhos produzidos pela empresa são vendidos para exportação, tanto para o canal ontrade como no offtrade, tanto com marcas diferenciados como com coincidentes. “A nossa preocupação é mantermos uma presença nacional e regional forte, com as marcas que também exportamos”, explica Diogo Reis, acrescentando que “é esse equilíbrio que nos permite ter o reconhecimento do mercado, após muitos anos a trabalhar o sector, com marcas e rótulos históricos”, numa casa que tem algumas referências centenárias. “É algo que também nos diferencia, até porque há, no país, poucos casos em que isso acontece”.
Segundo Diogo Reis, essa manutenção, ao longo de tantos anos, tem sido um caminho desafiante, com alguns choques entre gerações, como acontece por vezes nas famílias e nas empresas, “mas, aquilo que sentimos, é que é pelo classicismo que temos tido os nossos resultados”, afirma. Defende, também, que a sua empresa não precisa de se empenhar agora no aumento das produções em volume, mas sim na valorização daquilo que já tem. “Essa é a estratégia que temos vindo a seguir, e com excelentes resultados, porque temos muitos vinhos com indicação de data de colheita recorrentemente em ruptura, o que acontece um bocado em contraciclo com o que se está a passar no sector a nível nacional e mundial.” Diz também que é uma aposta na fidelização, que já está a acontecer e tem proporcionado a conquista de mais clientes. “Se estivermos sempre a mudar a imagem, mais dificilmente as marcas serão reconhecidas. Não é isso que nos interessa”, explica.
A qualidade e o perfil dos vinhos são mantidos com o trabalho do Miguel Móteo. “É essencial, para nós, que o perfil de cada um dos nossos vinhos se mantenha, mesmo que as suas características variem com os anos de colheita, com excepção dos licorosos, dos quais fazemos blends de média de anos, como um 20 anos, por exemplo”, salienta Diogo Reis, acrescentando que de vez em quando surge uma inovação, como um novo colheita tardia, que deverá surgir para breve.
Para além dos vinhos da Quinta das Cerejeiras, do Sanguinhal e de S. Francisco, que são colocados todos com data de colheita, de licorosos e de aguardentes, a empresa produz e comercializa a marca Casa Abel, trabalhada sobretudo para o canal ontrade, a Sotal, um branco leve da Quinta do Sanguinhal, cujo Moscatel Graúdo é de vinhas com quatro décadas da Quinta do Sanguinhal, apesar de ter Arinto das outras quintas.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
KOPKE: A casa dos Porto Colheita

Falar da Kopke é falar da mais antiga empresa de vinho do Porto, remontando a 1638 o registo da marca. É também falar de um nome que os consumidores portugueses associam com vinhos do Porto velhos (tawny), e sempre numa garrafa personalizada, que se mantém até hoje. Nestes tawnies velhos destacam-se os que têm indicação […]
Falar da Kopke é falar da mais antiga empresa de vinho do Porto, remontando a 1638 o registo da marca. É também falar de um nome que os consumidores portugueses associam com vinhos do Porto velhos (tawny), e sempre numa garrafa personalizada, que se mantém até hoje. Nestes tawnies velhos destacam-se os que têm indicação de idade – 10, 20, 30, 40, 50 anos – e os Colheita, vinhos que obrigatoriamente têm de estagiar pelo menos sete anos em casco antes de serem engarrafados, ostentam data de colheita e indicam a data do engarrafamento. Mas antes de falarmos dos Colheita da Kopke, vamos dar uma espreitadela à história da empresa.
As antigas e velhas empresas do vinho do Porto começaram por estar normalmente associadas a famílias, ora nacionais ora estrangeiras, que se estabeleceram como negociantes e exportadores de vinho. O caso da Kopke não é diferente. O fundador foi Nicolau Kopke, que chegou a ser cônsul das cidades hanseáticas em Lisboa e se estabeleceu, mais tarde, no Porto como negociante de vinho. Os Kopke continuaram a dirigir a firma e adquiriram a quinta de Roriz em 1781. Em 1836, um dos descendentes, Cristiano Nicolau Kopke, foi agraciado com o título de Barão de Vilar. A gestão familiar manteve-se até 1870, quando foi vendida. Os novos proprietários adquiriram a quinta de S. Luiz em 1922 e, em 1953, a Kopke é adquirida pela Barros Almeida. Ambas passam a integrar a Sogevinus a partir de 2006.
Hoje a Kopke é a empresa premium, emblemática do grupo, muito forte nos tawnies e Colheita datados mas, segundo Carlos Alves, enólogo da casa, está em crescendo de importância também no estilo ruby. Como nos disse, as marcas Kopke e Burmester colocam-se em 3º lugar em Porto LBV’s. Com este nome – Kopke – a Sogevinus procura apenas a excelência. Num segundo plano, porque menos famosa, vem a Burmester e depois a Cálem, Barros e Velhotes. Esta última, ainda que muitas vezes associada à Cálem, é uma marca própria.
Integrante do grupo há ainda as quintas da Boavista, situada na margem direita do rio (e que hoje origina excelentes DOC Douro), no Cima Corgo, a quinta do Bairro, na margem direita, no Baixo Corgo (só para vinhos brancos), Arnozelo, no Douro Superior, e S. Luiz, no Cima Corgo (margem esquerda), exclusivamente focada na marca Kopke, em DOC Douro e Porto.
No entanto, tal como acontece com as outras grandes casas, a Sogevinus ainda mantém uma relação com lavradores a quem adquire uvas. São cerca de 450, número a crescer, com quem mantém uma relação estreita. É também por isto que existe na empresa um técnico que, desde 2015, tem a única função de acompanhar, ao longo do ano, todos estes lavradores que fornecem uvas à empresa. Por isso, acrescenta o enólogo, “conhecemos as vinhas e há um historial com tudo documentado e quando a uva entra na adega, sabemos a casta, a parcela, a quantidade, já sabemos o potencial e temos logo a noção para que fim se destinará.” Falamos então, no total, de 450 ha de terra e 220 ha de vinhas próprias. É área para alargar? Pedro Braga, director-geral e há 25 anos na empresa, comenta: “não estamos compradores, mas estamos atentos, sobretudo a parcelas que possam estar ao lado das nossas quintas e que tenham interesse para nós”.
Tal como acontece com as outras grandes casas, a Sogevinus ainda mantém a sua relação com os lavradores a quem adquire uvas
O Colheita sem mistérios, sigamos-lhe o rasto
Há por vezes algumas ideias feitas sobre o funcionamento desta categoria. Antigamente o Colheita obrigava a uma conta-corrente própria por cada ano. Veja-se o exemplo: na vindima de 2000 uma qualquer empresa destina 50 000 litros para Porto Colheita. Ao fim do prazo de lei (7 anos) engarrafa 5 000 litros e, nos anos seguintes, outras quantidades. Isto faria que, na conta-corrente controlada pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), a quantidade fosse diminuindo até zero, sempre com provas de três em três anos para confirmar os parâmetros. Foi assim até 2004 e mantém-se assim para os Colheita anteriores a essa data. Para anos posteriores, a situação é menos restritiva. Desde que a empresa tenha registo de vinhos de um ano, pode sempre fazer Colheita e, por isso, de cada vez que engarrafa, os parâmetros podem ser diferentes da edição anterior. Na Sogevinus determina-se, na vindima, a quantidade de vinho que se vai destinar a Colheita desta e daquela marca, conforme o perfil que se pretende. Depois disso é sempre desse stock que se usam vinhos para as diferentes marcas. No caso da Kopke, estamos a falar de 150.000 litros por ano e faz-se todos os anos. Como nos referiu o enólogo, “pode faltar para outras marcas, mas tem sempre de haver para a Kopke”, o que mostra a importância e peso da marca no grupo. Como insistentemente salientou na conversa que tivemos, só se engarrafam os Colheita à medida das encomendas, que podem ser de uma ou 1000 garrafas. Nunca se engarrafam quantidades grandes exactamente, para evitar que haja depois Colheita no mercado de engarrafamentos antigos.
Vamos seguir o rasto ao Porto Colheita, da vindima até à garrafa. O mais provável é que seja vinificado nas instalações de Sabrosa (São Martinho de Anta), onde a Sogevinus tem um grande espaço de vinificação e armazenamento exclusivamente dedicado a vinho do Porto. Alguma parte pode ser vinificada em S. Luiz; de seguida o vinho vai para balseiros ficando normalmente no Douro nos primeiros cinco a seis anos. Depois vem para Gaia e vai para cascos. Como a Sogevinus só comercializa Colheita com pelo menos 10 anos, os vinhos ainda passam uns bons anos nas caves de Gaia. Ali são sujeitos a trasfegas anuais: passagens a limpo, voltam para uma cuba de inox, se necessário são feitos os ajustes (refrescos) de aguardente e regressam aos cascos. Todos os anos a mesma música, uma música muito custosa em termos financeiros, exigente em termos de mão-de-obra, com perdas por evaporação e perspectiva de se ir vender apenas 5 ou 10% do que se tem em cave.
Carlos Alves tem a noção clara de que se perde um pouco a identidade do ano com o Colheita, uma vez que o vinho é muito trabalhado e acompanhado ao longo da vida. Mas é uma categoria emblemática de que não abdicam. Finalmente, a pedido do mercado, engarrafam-se os Colheita da edição mais recente ou das anteriores, dependendo das encomendas. A data do engarrafamento, indicada na garrafa, é a segurança do consumidor. E, quanto mais recente, melhor!
Na vindima determina-se a quantidade de vinho que se vai destinar a Colheita desta e daquela marca, conforme o perfil que se pretende; depois disso é sempre desse stock que se usam vinhos para as diferentes marcas.
Projectos e novidades
O enoturismo ganha cada vez mais força. Por um lado, as visitas às caves de Gaia – sobretudo Cálem e Burmester – representam 550.000 visitantes/ano, com gastos por pessoa na ordem dos €20/25, gerando mais de um milhão de euros de lucro/ano. O mini hotel da quinta de S. Luiz já está em pleno e a quinta recebeu, em 2024, cerca de 120.000 visitantes. Ali, no restaurante, há três pairings de pratos com vinho do Porto e são os mais pedidos. O novo Tivoli/Kopke hotel será oficialmente inaugurado em Maio (investimento de 50 milhões de euros, com 150 quartos) e dá a possibilidade de visita às caves com prova de Vintage – alguns deles velhos – que não estarão disponíveis em mais lado nenhum. Segundo Pedro Braga, as obras na quinta da Boavista arrancarão em 2026/27, para transformar algumas das casas existentes na quinta em apartamentos com fim de enoturismo. Enoturismo em Arnozelo, no Douro Superior, não está nos planos a curto prazo. Ainda em Gaia, as caves da Burmester, que ficam ao lado da ponte D. Luis, serão objecto de renovação para poderem receber visitas.
Mas os projectos também se relacionam com as vinhas. Enquanto em S. Luiz tudo está já “fechado” em termos de reconversão, está ainda por fazer a geolocalização das vinhas velhas. Na Boavista foi feito o estudo de geolocalização e identificação de todas as castas das vinhas do Ujo (26 castas) e Oratório (56 variedades). Concluiu-se que a casta mais plantada ali é a Touriga Francesa mas, talvez inesperadamente, identificaram-se muitas cepas de Alicante Bouschet, ali presente, segundo Carlos Alves “provavelmente para dar mais cor aos vinhos, porque nestas vinhas velhas também havia muitas castas brancas”. Na Boavista, no tempo em que pertencia à Sogrape, apenas se fazia Porto, hoje só se faz DOC Douro e nada de Porto, mas a explicação é clara. “Quando adquirimos a quinta, era o DOC Douro que estava a ser a imagem da quinta e não quisemos alterar isso”, diz Pedro Braga. No entanto, o gestor não descarta a possibilidade de vir a fazer Porto na Boavista. Nela está ainda a proceder-se ao rearranjo das parcelas, para rentabilizar e tirar mais partido do uso de maquinaria. Vindimas à máquina? Onde for possível, no futuro não haverá alternativa, como concluiu Carlos.

Tawny sim, mas Vintage também
Num universo de 8.500.000 garrafas de Porto da Sogevinus cabem muitas categorias, marcas e estilos diversos. Numa época em que há uma espécie de “nuvem negra” sobre o generoso – o facto de ser doce e ter uma graduação elevada – associada a quebras no consumo e quebras nas categorias standard, as empresas tentam reinventar-se para fazer face às novas tendências: descobrir novas formas de consumo e novos mercados. Carlos confirma que “a aposta na China foi um fracasso, mas a Coreia do Sul está a revelar-se muito interessante, tal como a Nigéria e a Índia”. Quanto às novas formas de consumo, por exemplo a categoria rosé, que nunca “descolou”, tem-se revelado muito adaptada a consumo em cocktails e long drinks nas instalações das caves de Gaia, sobretudo da Cálem (as mais visitadas).
O universo Kopke contempla (sempre aqui falando só em tawnies), além das categorias standard e dos ruby (onde estão as categorias especiais de Vintage e LBV), os vinhos com indicação de idade, quer em tintos quer em brancos. Estes últimos, recorde-se, não se podem chamar Tawny, que é uma categoria reservada a tintos envelhecidos em casco e, por isso, têm de se chamar, por exemplo, 40 Years Old White. Mais recentemente foram lançadas novas categorias – 50 anos – em Old White e Tawny.
Na categoria Ruby, a Kopke tem alguma tradição e fama. Recordo, por exemplo, que o vintage 1985 se revelou, com o passar do tempo, como um dos melhores dessa declaração, inicialmente tida como estrondosa, mas em que muitos vinhos acabaram por evoluir muito mal. Não foi o caso do Kopke, e ainda hoje é possível adquiri-lo na loja. Outro vintage famoso, mas com história desconhecida da maioria dos consumidores, foi o 1945. Diz-nos Carlos que esse vintage foi adquirido à Niepoort, que precisava de liquidez e vendeu parte do seu 45. Não há muitos anos, Carlos e Dirk Niepoort provaram os dois, copo com copo, e foi óbvio, diz-me, que seriam o mesmo vinho. Na garrafeira histórica da Kopke repousa também o vintage mais antigo – 1922 – mas também há 1927, o celebérrimo ano que conjugou duas características anormais: grande qualidade e muita produção. Começar a vendê-lo em 1929 – ano da Grande Depressão – foi o que se imagina: não se vendeu, foi-se acumulando nas caves e, por isso, chegou até hoje!
À produção de Porto, a Sogevinus junta 1.100.000 garrafas de DOC Douro, distribuídas pelas várias marcas: residual na Cálem (marca Curva, muito usada no enoturismo das caves), ausente na Barros (só Porto) e forte na Kopke e Burmester.
Ancorada no grupo bancário Abanca (que entre outros negócios é dona da Pescanova), a Sogevinus traça planos quinquenais sempre com a aprovação de Juan Carlos Escotet, CEO do banco e muito interessado em vinhos. “Todos os meses está cá presente nas reuniões do Conselho de Administração; é muito exigente, mas dá-nos outra segurança”, como nos lembrou Pedro Braga.
O enólogo recomenda
Carlos Alves está na Sogevinus desde 2006, tendo feito a primeira vindima em 2004. A sua função é, sobretudo na época da vindima, de verdadeiro bombeiro, a correr de um lado para o outro, “dezasseis a dezassete horas por dia, sete dias por semana, porque a janela da vindima é muito curta e tudo tem de ser feito sem falhas porque os erros aqui comprometerão todo o negócio”. Uma vez acabada a vindima começa todo o trabalho, quer em Gaia quer nas quintas, acompanhando os vinhos.
Destinam-se para Colheita, no caso da Kopke, muito mais do que para outras marcas. Por exemplo na Cálem, o Colheita poderá representar apenas 10% dos 150.000 litros da Kopke. A Barros é a segunda marca mais forte em Colheitas, sobretudo no mercado interno. Desde 2002 que se faz Colheita na Kopke todos os anos.
Como lidar com um Porto Colheita? Carlos explica: “Aos nossos consumidores aconselhamos a que seja comprado o engarrafamento mais recente, bastando, para isso, ver a data que vem na garrafa (é obrigatório), porque são vinhos mais frescos e límpidos.” Para muitos consumidores persiste a ideia do quanto mais velho melhor e mais caro, mas no caso dos Colheita isso não é verdade. Pode ser válido para os vinhos que estão em casco, mas não para os que estão na garrafa e usam rolha bartop (cortiça com tampa de plástico). Mas Carlos não tem dúvidas: “a rolha bartop não veda como a rolha natural e também por isso dizemos que a garrafa tem de ser conservada em pé. E se o vinho estiver engarrafado há muitos anos, é importante decantar antes de servir. Logo ao fim de dois ou três anos poderá haver alguma turvação”. O manuseamento cuidadoso é, por isso, recomendável.
Nos Colheita mais velhos é inevitável a concentração de açúcar: o 1937 pode ter 150 gr/açúcar/litro enquanto o 2015 poderá ter 85 gr (tendência actual). O açúcar ajuda a envelhecer, mas com pouco açúcar também se sente muito o álcool. Há, por isso, que jogar num compromisso.
Lidar com 22 milhões de litros de stock exige dedicação. Disso não temos dúvida. E quando o stock de um ano ou marca chega aos mínimos, “deixamos de comercializar e fica ali a ver o que acontece, quem sabe para uma comemoração”. Quanto ao consumo, Carlos recomenda: garrafa no frio antes de servir, na própria garrafa ou em decanter.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
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Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1934 -
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Fortificado/ Licoroso - 1937 -
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Fortificado/ Licoroso - 1941 -
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Fortificado/ Licoroso - 1957 -
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Fortificado/ Licoroso - 1966 -
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Fortificado/ Licoroso - 1975 -
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Fortificado/ Licoroso - 1985 -
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Fortificado/ Licoroso - 1998 -
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Fortificado/ Licoroso - 2005 -
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Fortificado/ Licoroso - 2010 -
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Fortificado/ Licoroso - 2015
Adega de Penalva: Um exemplo diferenciador

Olhando para um passado com quase 65 anos cumpridos, a Adega de Penalva podia ser apenas mais uma das cooperativas surgidas com o eclodir do fenómeno, no final dos anos 50 do século passado. Fundada em 1960 por 43 associados, conta atualmente com mais de 950 sócios e uma capacidade de vinificar mais de 12 […]
Olhando para um passado com quase 65 anos cumpridos, a Adega de Penalva podia ser apenas mais uma das cooperativas surgidas com o eclodir do fenómeno, no final dos anos 50 do século passado. Fundada em 1960 por 43 associados, conta atualmente com mais de 950 sócios e uma capacidade de vinificar mais de 12 milhões de litros, processando, por ora e em média, sete milhões de quilos de uva por ano. O crescimento nos vinhos engarrafados ganha cada vez maior preponderância na economia desta Adega, correspondendo hoje a mais de dois milhões de garrafas/ano, com um crescimento anual de cerca de 10%, algo notável e em contraciclo com a realidade atual do setor. A única quebra sentida pela cooperativa nos anos mais recentes é no bag-in-box, crendo-se que por influência malévola da entrada em Portugal de vinhos oriundos da UE, especialmente de Espanha, a preços absolutamente incomportáveis para uma cooperativa que privilegia a qualidade no mercado.
Perante a dimensão destes números, podíamos ser tentados a imaginar que nesta Adega vale sobretudo o grande volume. Contudo, tal como nos produtores médios ou de menor dimensão, todo o processo inicia-se com um cuidado muito especial na vinha, sendo a sua permanente vigilância e peregrinação quase diária, prática perfeitamente enraizada no diretor de enologia da Adega, António Pina.
A dimensão média das propriedades por associado rondará os cinco e sete hectares, havendo, entre destes, alguns com mais de 15 ou 20 hectares. Não descurando ninguém, a Adega também recebe uva daqueles que não possuem mais de três ou quatro mil metros quadrados. Na campanha de 2024 foram cerca de 650 os associados que entregaram uva, estando muitos em processo de renovação das vinhas.
No total, a Adega recebe uva de uma área correspondente a 1100 hectares de vinha, estendidas entre os municípios de Penalva do Castelo, Satão e Mangualde.
De todo o modo, mais de 80% das vinhas situam-se no concelho de Penalva do Castelo. Em Satão, em parcelas de maior altitude e, consequentemente, mais frescas, predominam as castas brancas, com principal destaque para o Encruzado, que beneficia da composição dos solos mais graníticos, alcançando ali uma maior acidez e frescura. No concelho de Mangualde já não predomina tanto o granito. Os solos caracterizam-se por serem mais vermelhos, maioritariamente argilosos, ideais para tintos robustos e concentrados, nomeadamente de Touriga Nacional, que ali encontra condições para uma maior maturação.
QUINTA DA VINHA VELHA
Com cerca de 12 hectares, a Quinta da Vinha Velha bem pode ser apresentada como o “andar modelo” das propriedades com que trabalha a Adega. É nela que existe uma das mais significativas áreas de vinhas velhas, muitas delas com mais de 50 anos, tendo as parcelas mais recentes já cerca de 40 anos. O notável, nesta belíssima propriedade, foi mesmo o modo como se segmentaram, há mais de cinco décadas, as parcelas por castas, plantando-se cada uma delas tendo em conta a composição do solo, a maior ou menor exposição e, naturalmente, a sua aptidão para mais precoces ou tardias maturações. A exposição é encantadora, com toda a vinha a beneficiar dos dias soalheiros do nascer ao pôr do sol.
É aqui e nas áreas limítrofes, numa zona que forma um anfiteatro voltado a Sul, para a serra da Estrela, que se encontra o coração das vinhas que abastecem a Adega de Penalva, numa manta de retalhos e parcelas monovarietais rodeadas de florestas e mato, elemento da paisagem que confere, aos vinhos, uma marca de identidade muito própria, muito Dão no seu estado mais puro.
AS CASTAS DE PENALVA
Neste lado do Dão, Jaen e Tinta Roriz levam a dianteira na área de vinha, logo seguidas da Touriga Nacional, Tinta Pinheira e Alfrocheiro, esta com tendência a diminuir.
A Touriga Nacional é a casta que mais cresce no plantio na região do Dão. Nas vinhas da região e nas propriedades dos associados da Adega, as tintas ainda são quem mais ordena, superando com larga vantagem as uvas brancas, cabendo, às primeiras, 80% do encepamento e apenas 20% às brancas. Nas preferências de vinificação, pela sua enorme identidade varietal e expressão da região, surgem a Tinta Pinheira e o Alfrocheiro, curiosamente as mais sensíveis à podridão e, por isso, nem todos os anos possuem a qualidade que se exige à coleção dos monovarietais da Adega. As brancas são escassas. O mercado pede-as cada vez mais, e há necessidade de incentivar a produção, aumentando-a, pelo menos, em 10%, como refere José Clemente, presidente da Adega e ele próprio viticultor, cuja experiência e conhecimento muito têm beneficiado a cooperativa.
O classicismo, e até algum conservadorismo da região, provoca o receio nos produtores de plantar mais uva branca, presumindo que a tendência que hoje se verifica possa ser tão-somente uma moda e, como todas as modas, meramente passageira. Como o Encruzado não é uma casta muito produtiva e, por isso, não muito apetecível para o agricultor, a Adega bonifica a uva, pagando um valor mais elevado ao quilo. Nas tintas há também uma maior bonificação da Tinta Pinheira, Alfrocheiro e Touriga Nacional, desde que atinjam os níveis de cor desejados e grau alcoólico. A Adega regozija-se de pagar a uva a preços acima da média, como refere José Clemente com justificado orgulho e, em contrapartida, os associados tratam a vinha com denodo, entregando a matéria-prima de qualidade que permite criar os vinhos mais diferenciados da Adega, como são os monovarietais brancos e tintos.
A Baga é um curioso caso no universo da Adega de Penalva. De casta mais plantada no Dão no século XIX, tornou-se cada vez mais rara na região, sendo hoje residual e surgindo somente nas vinhas muito velhas, algumas centenárias. O cadastro das vinhas inicia-se a partir de 1930. E é a partir desses registos que se constata que, à data, a Baga compunha cerca de 20% de todo o encepamento do Dão. O seu arranque foi uma inevitabilidade provocada pela alteração do critério de pagamento ao viticultor. Se antes era pela quantidade e, aí, a Baga mostrava-se apetecível porque era muito produtiva, aquando da alteração para o pagamento por teor alcoólico, deixou de ser tão atrativa porque apresentava sérios problemas de maturação quando era deixada uma carga muito elevada na videira. É nessa altura que se dá o despontar da Touriga Nacional, antes conhecida como Tourigo ou Touriga Antiga, muito mais atraente às boas maturações e produções substanciais, sobretudo a partir da sua seleção clonal, ocorrida nos anos 80. A partir daí a Baga começa a ser arrancada e substituída por castas tintas de maturação equilibrada para vindima mais precoce. Não está fora das cogitações da Adega fomentar o plantio da Baga, não obstante a sua fragilidade à podridão, equacionando-a na elaboração de espumantes, uma vez que a Malvasia Fina, com que são elaborados os topos de gama em Método Clássico da Adega, começa a sofrer de uma constante e gradual perda significativa de acidez, razão pela qual os mais recentes espumantes já beneficiam da introdução do Encruzado e Uva-Cão.
Outra casta que está a merecer especial atenção da enologia é o Cerceal-Branco, que traz uma frescura muito surpreendente, revelando um comportamento que, quase sempre, se superlativiza em relação ao Encruzado. Do mesmo modo, assiste-se a um renascimento do Bical, no Dão conhecida como Borrado das Moscas, cuja potenciação é realizada através de novos conceitos de vindima e vinificação. Esta é, já hoje, vindimada em duas fases: uma mais precoce, com cerca de 11% de teor alcoólico provável e, mais tarde, uma segunda vindima com índices de maturação mais elevados, criando-se, a partir daí, um blend que beneficia da frescura incisiva do mosto da primeira vindima e da exuberância aromática e doçura da segunda, encontrando o vinho o melhor de dois mundos.
ESTUDAR CASTAS AUTÓCTONES
A vertente do estudo profundo das castas é uma prática deixada pelo antecessor de António Pina, o Prof. Virgílio Loureiro, que criou, no seu pupilo, essa vontade de elevar o conhecimento. Pina é natural de Penalva do Castelo, tendo realizado o seu primeiro estágio na Adega em 2008. Seguiu-se depois a passagem por projetos de menor dimensão e, já em 2017, é convidado a regressar à Adega. A par dos vinhos de maior envergadura que constituem o grosso da produção da Adega, é seduzido pelo exaustivo estudo dos solos, parcelas e castas, numa constante busca pela afirmação de cada uma delas, gostando de as trabalhar isolada e parcelarmente, de modo a descobrir o local mais perfeito para a maturação qualitativa de cada uma. A mesma casta tem, em solos distintos e altitudes diferentes, um comportamento diferente. Encontrar o local ideal para cada uma demorou vários anos e há sempre novas descobertas e conclusões vindima após vindima.
O projeto dos monovarietais Adega de Penalva nasce em 2016. E, desde aí, tem-se desenvolvido e ampliado, com diferentes castas a surgirem em novas referências.
Essencial para a produção de uva de qualidade e elaborar os vinhos monovarietais que tanta notoriedade têm trazido à Adega, é a equipa de monitorização. É aqui que também surgem reticências de alguns viticultores, avessos a novas tendências e ao controlo, por parte de terceiros, do modo como promovem os cuidados e tratamentos das suas vinhas. Mas a maioria dos viticultores já está recetiva a seguir as demandas da Adega, consciente que o resultado de um maior acompanhamento técnico, e de base mais científica, é benéfico para alcançar a produção de uva mais sã. Tem sido fundamental a colaboração de proximidade, até a nível da própria sustentabilidade, eliminando-se tudo o que é nocivo para os solos. Naturalmente, isso tem custos acrescidos e a Adega cumpre essa responsabilidade ambiental com a valorização dessa uva. Dentro dos associados já há cerca de 60 hectares em produção biológica, outra das bandeiras hasteadas por José Clemente e António Pina.
O dia-a-dia da Adega de Penalva também é feito de novidades! Tinta Amarela e Tinta Carvalha são as mais recentes descobertas no encepamento da Quinta da Vinha Velha e já estão em curso experiências de vinificação, podendo sair delas novas e boas surpresas. Provado foi ainda um rosado de Malvasia Roxa, casta existente em ínfimas quantidades nas vinhas velhas que possui, como característica, uma uva de cor roxa esbatida. Dá origem a mostos naturalmente rosados, mesmo após prensagem e maceração. Um aturado e exaustivo processo de pesquisa deu também origem a uma curiosidade traduzida em 1000 litros de vinho, vinificado ao longo de quatro anos. É isto que, hoje, melhor caracteriza uma Adega que se desprendeu de um passado monolítico para se afirmar numa contemporaneidade que deve ser um exemplo nacional.
Nota: o autor escreve segundo o novo acordo ortográfico.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
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