Ilha de Santa Maria: O renascimento de uma paisagem vinhateira única

Ilha de Santa Maria

Não é difícil a alguém apaixonar-se pela paisagem de vinhas da Ilha de Santa Maria, nos Açores. Esta primeira visita, que decorreu num tempo especial para a ilha e as suas pessoas, quando foram apresentados publicamente os sua primeiros vinhos, lançados depois de muitos anos em que a sua produção chegou praticamente a zero, foi […]

Não é difícil a alguém apaixonar-se pela paisagem de vinhas da Ilha de Santa Maria, nos Açores. Esta primeira visita, que decorreu num tempo especial para a ilha e as suas pessoas, quando foram apresentados publicamente os sua primeiros vinhos, lançados depois de muitos anos em que a sua produção chegou praticamente a zero, foi surpreendentemente positiva.
A vitivinicultura faz parte da história da ilha desde o seu povoamento, há mais de 500 anos. Inicialmente o Verdelho era a casta mais abundante e a produção de uva e vinho destinava-se ao autoconsumo, para subsistência dos seus habitantes. “Foi, também, a forma de aproveitar os terrenos marginais de encosta da ilha”, conta Duarte Moreira, presidente da Agromariensecoop – Cooperativa de Produtos Agro-Pecuários da Ilha de Santa Maria.
Segundo Rui Andrade, 44 anos, vogal na direcção da Agromariensecoop, e um estudioso da história da viticultura da ilha, “os primeiros povoadores trouxeram com eles vinho, com certeza, porque é uma bebida enraizada na cultura e tradições portuguesas”. Conta, também, que está comprovado que a estrutura das vinhas actuais já existiam há mais de 400 anos e que a sua produção era já significativa, servindo provavelmente também para abastecer os barcos que aportavam na costa da Ilha de Santa Maria onde ficava a capital dos Açores nessa época, porque era nela onde estava o capitão donatário de todas elas. A actividade vitivinícola da época é atestada pelos diversos lagares rupestres da ilha, escavados na rocha.

Ilha de Santa Maria

 

Quem é Duarte Moreira?

Natural da Ilha de Santa Maria, Duarte Moreira, 58 anos, é o presidente da Agromariensecoop. Descendente de uma família de agricultores, cresceu no mundo rural até frequentar Universidade dos Açores na Ilha Terceira, onde se licenciou em Engenharia Zootécnica. Regressou depois à sua ilha natal para integrar o serviço de Desenvolvimento Agrário secretaria da Agricultura dos Açores. Em 1996 passou a chefe de Divisão do serviço, onde esteve até 2008, sempre ligado à parte técnica e bovinicultura de carne, em conjunto com a gestão do serviço. Entretanto geriu também a empresa de família, a Quinta das Quatro Canadas, com o irmão, que se dedica à bovinicultura de carne, que vendeu há cinco. Desde 2008 é o presidente da Agromariensecoop, cuja actividade inclui, entre outros, o abate de bovinos de carne, a transformação de produtos locais em doces e compotas, principalmente de meloa, que é certificada, mas também de mel e, agora, a produção de vinho.

 

 

Trabalho duro
A descoberta da história da produção vitivinícola da ilha até ao seu quase desaparecimento, cerca dos anos sessenta do século passado, devido sobretudo a condições sociais e económicas, é aliciante. O trabalho na vinha era e ainda é duro, hercúleo e certamente penoso devido às dificuldades de acesso aos currais de encosta onde se desenvolvem as vinhas, à baixa produtividade de cada pé, em cada curraleta, ao seu difícil maneio, vindima e transporte das uvas colhidas, ladeira abaixo, para serem transportadas depois, muitas vezes de barco até Vila do Porto, porque não até meados do século passado não havia outra forma de o fazer, devido à dificuldade de acesso por terra.
A produção de vinho chegou a ser enviada para outras ilhas do arquipélago, o continente e outros países há alguns séculos. Mas o aparecimento de pragas como a filoxera e doenças como o míldio e o oídio originaram o desaparecimento das variedades de videira europeia no final do século 19, princípio de 20, e a sua substituição por produtores directos vindos do continente americano, como o Isabella e o Jacquez, “que produziam tanto que as pessoas se esqueceram da videira europeia”, conta Duarte Moreira. Entretanto, como o vinho de cheiro de Santa Maria tinha qualidade e a produção era excedentária, era vendido também para S. Miguel para ser misturado com o desta ilha, “para lhe dar mais cor e grau”. Mas esse negócio foi decaindo no século passado até que, em meados dos anos 60, o vinho passou a ser feito apenas por algumas habitantes da ilha para autoconsumo e a ter má qualidade. “Era intragável”, afirma Duarte Moreira. Com o tempo, as pessoas desaprenderam de tratar das vinhas, de fazer o vinho e perdeu-se o conhecimento tradicional.

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Projecto de recuperação
Em 2021, a Agromariensecoop foi desafiada a integrar o projecto de recuperação da paisagem vitivinícola da Ilha de Santa Maria, com o objectivo de criar condições para receber as uvas, transformá-las e produzir vinhos. Depois de algum tempo de estudo, o projecto de investigação e desenvolvimento em meio empresarial Santa Maria Wine Lab, que teve início em 2022, com cubas pequenas e material apenas para investigação e experimentação, deu origem aos vinhos apresentados publicamente agora, que foram produzidos sob a responsabilidade do enólogo residente da cooperativa, João Letras. “O projecto também serviu para transmitir conhecimento aos viticultores porque, sem eles, não podia ser desenvolvido”, explica Duarte Moreira, acrescentando que o pagamento das uvas é feito de forma a envolvê-los na produção de vinhos da ilha e incentivá-los a empenhar-se na recuperação da sua paisagem vitivinícola ancestral, que se estava a perder. “O objectivo, para a além de ter mais um produto que contribua para a economia da ilha, é tentar recuperar uma paisagem que inclui um património histórico edificado único, feito por gerações com um esforço heróico, que faz parte da cultura da ilha e poderá gerar também mais valias a nível do enoturismo, com visitas às vinhas e à adega, onde poderão provar o vinho produzir a partir das vinhas das encostas das ilha”, explica Duarte Moreira, acrescentando que o negócio do vinho também pode ser interessante para a cooperativa, por aportar mais um sector de produção ao seu negócio, diversificando fontes de receita essenciais à economia de num meio tão pequeno como o da ilha.
Actualmente estão envolvidos no projecto mais de 30 viticultores, mas o potencial é superior. Só nas baias da Maia e de S. Lourenço, as duas paisagens protegidas da vinha na ilha, há cerca de 80 hectares de vinha e, no total da ilha, falando apenas nas baías tradicionais, cerca de 120 hectares. A produção média por hectare actual anda no quilo de uva por pé, para as castas nobres. Mas poderá crescer com uma viticultura mais profissional. Hoje é o enólogo João Letras que faz o acompanhamento no campo, mas a cooperativa pretende contratar mais um engenheiro agrónomo ou agrícola para apoiar os viticultores. “É fundamental essa ajuda, porque as pessoas deixaram de fazer o maneio da vinha que esteve praticamente abandonada e precisam de reaprender”, defende Duarte Moreira, acrescentando que têm sido já desenvolvidas acções de formação com técnicos da ilha e de fora.
Uma das grandes dificuldades ao desenvolvimento deste projecto é a mão de obra, já que é extremamente difícil trabalhar nas vinhas das baías de Santa Maria, e a sua mecanização ainda está longe de ser alcançada, apesar de o desenvolvimento da tecnologia ser constante e já haver a hipótese de utilizar drones para tratamentos fitossanitários. Mas como as vinhas precisam de mão de obra e na ilha não há capacidade de resposta, “provavelmente terá de ser recrutada mão de obra noutras origens”, como já acontece em Portugal Continental.

 

Vinhos com personalidade
Desde o início do processo de recuperação do património e da tradição vitivinícola de Santa Maria, todo o projecto de desenvolvimento do Santa Maria Wine Lab, para a transformação das primeiras uvas, estudo dos vinhos produzidos e lançamento dos primeiros três vinhos certificados, um branco de uvas tintas, um monocasta de Verdelho, desde sempre a casta mais tradicional da ilha, e um rosé feito com base em quatro castas tintas, todos frescos e elegantes, delicados, com o perfil mineral e alguma salinidade comum aos vinhos de outras ilhas açorianas, por vezes com alguma pederneira mas também com fruta delicada, mostram que o trabalho feito de recuperação dos vinhedos tradicionais da ilha, alcantilados em currais em algumas das suas encostas viradas para o Oceano Atlântico, até agora resultou e teve sucesso. Mas ainda há muito a fazer para recuperar as suas vinhas tradicionais, cerca de 120 hectares, plantando mais área, para produzir um maior volume de uvas e garantir o fornecimento anual de vinhos, para que a ilha consiga responder às solicitações futuras dos mercados, que irão surgir em relação aos vinhos de Santa Maria.
Para já, a Agromariensecoop, que tomou em mãos o projecto e o seu desenvolvimento, com o apoio do Governo Regional Açoriano, tem envolvido agricultores incentivando-os a produzir uvas, quando muitos tinham deixado de o fazer, para depois as transformar em vinho com o apoio de João Letras. Alentejano chegado há pouco mais de um ano à ilha, está muito empenhado no conhecimento das suas tradições vitivinícolas ancestrais e no desenvolvimento deste projecto. O seu principal desafio, desde que iniciou o projecto tem sido a viticultura, porque as vinhas ficam em declive e são de acesso difícil, é preciso ensinar e garantir que todas as operações de maneio da vinha são feitas, e ainda há problemas climáticos como a salga, que decorre quando os ventos que sopram do mar transportam e depositam água salgada sobre as plantas, o que pode originar a perda de produção se não chover nas 24 horas seguintes. Já “a produção de vinho é simples: é mostrar aquilo que a uva tem”, explica, de forma clara e simples, João Letras.

Ilha de Santa MariaQuem é João Letras?

Com 31 anos, o enólogo da Agromariensecoop licenciado em Bioquímica e mestre em Viticultura e Enologia pela Universidade de Évora, fez também uma pós-graduação em Segurança Alimentar na sua Faculdade de Medicina Veterinária para complementar as áreas de viticultura e enologia. Fez vários estágios de vindima, onde passou pela Herdade das Mouras, Casa Relvas, Dona Maria e Fundação Abreu Calado, onde se iniciou como enólogo residente antes de se mudar para a Herdade da Comporta, onde trabalhou três anos antes de surgir o desafio do projecto das vinhas e vinhos de Santa Maria, que quis abraçar. Diz que decidiu mudar, porque achou que estava com a idade certa para abraçar o desafio de produzir vinhos atlânticos, que sempre tinha tido vontade de fazer e porque a vitivinicultura da Ilha de Santa Maria era um “diamante em bruto” que podia moldar à sua maneira.

 

Novo roteiro de enoturismo
Para já, o enólogo, tem usado os seus conhecimentos de viticultura e enologia para produzir vinhos com qualidade, distintos, a expressar não só as características das ilhas, mas também um terroir que é realmente único, por incluir uma paisagem moldada por mãos humanas ao longo de séculos, nas encostas da ilha de Santa Maria. Pelo menos pela mostra dos vinhos lançados quando lá estive, durante uma festa que decorreu na presença do secretário Regional da Agricultura dos Açores, António Ventura e de algumas dezenas de pessoas mais, envolvidos no projeto, ou não, no Ponta Negra, o único restaurante da Baía de S. Lourenço, uma daquelas onde o património vitícola já se encontra em franca recuperação, em conjunto com a da Maia.
A Ilha de Santa Maria produz sobretudo bovinos de carne para venda em vivo ou em carcaça, tem a sua produção de mel certificada, tal como a sua meloa e um queijo de ovelha de pasta semimole que vale mesmo a pena experimentar. Bom peixe, restaurantes que sabem preparar comida bem cozinhada, e para todas as carteiras, diversos caminhos pedestres marcados para quem gosta de caminhar são algumas das ofertas de uma ilha que prepara agora a sua oferta de enoturismo, já que o futuro está já ali, a acrescentar às rotas de natureza de terra e mar já existentes, que incluem a observação de cetáceos e jamantas, entre outros.
“Estamos a desenvolver, já para este verão, um projecto de roteiro turístico que irá envolver as empresas locais que desenvolvem este tipo de ofertas, com visita à adega e prova de vinhos e uma pequena prova complementar de enchidos e queijos da ilha de Santa Maria”, conta Duarte Moreira. Uma primeira rota, ainda em projecto para ser concretizado, deverá contribuir para aumentar o afluxo de turistas a Santa Maria e juntar o útil, a produção de vinhos de qualidade, para assegurar o pagamento das uvas aos agricultores e remunerá-los da forma adequada, ao agradável que é o aumento de receitas da ilha, com a futura venda dos seus vinhos, também nos mercados externos, e do aumento das receitas com os turistas que irão, a partir de agora, visitar também a ilha motivados pelo seu património vitícola e pela qualidade dos seus vinhos.

Ilha de Santa Maria

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

Aveleda conquista reconhecimento internacional de sustentabilidade B Corp

reconhecimento internacional concedido a empresas que respeitam padrões elevados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade

A Aveleda acaba de conquistar a certificação B Corp, reconhecimento internacional concedido a empresas que respeitam padrões elevados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade. Para isso acontecer, passou por um rigoroso processo de avaliação, que decorreu durante cerca de um ano e abrangeu cinco áreas: governance, colaboradores, comunidade, ambiente e clientes. Ao longo […]

A Aveleda acaba de conquistar a certificação B Corp, reconhecimento internacional concedido a empresas que respeitam padrões elevados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade. Para isso acontecer, passou por um rigoroso processo de avaliação, que decorreu durante cerca de um ano e abrangeu cinco áreas: governance, colaboradores, comunidade, ambiente e clientes.

Ao longo dos anos, a Aveleda tem implementado diversas iniciativas voltadas para a sustentabilidade que, para a empresa, está assente em dois grandes pilares: a biodiversidade e as pessoas. Exemplos de acções já postas em prática são o aumento da produção própria de energia, a aquisição de viaturas elétricas, a plantação de centenas de árvores por ano ou a utilização de garrafas mais leves. São medidas que contribuem para a diminuição da sua pegada e aumento do sequestro de carbono da sua actividade. Integrada nas comunidades onde se insere, a Aveleda dispõe também de 60 casas que são disponibilizadas a colaboradores ou antigos colaboradores, hoje na reforma, para sua habitação.

Ética, excelência e paixão

“A conquista da certificação B Corp é um marco significativo para a Aveleda. Reflecte o nosso compromisso contínuo com a natureza e a comunidade e foi o culminar de um processo rigoroso e exigente, que valida as nossas práticas responsáveis para uma economia mais inclusiva e sustentável”, disse, a propósito da certificação alcançada, Martim Guedes, co-CEO da Aveleda, acrescentando que a sua empresa “cultiva o futuro desde 1870” e, ao longo de cinco gerações, tudo tem sido feito para preservar o legado familiar herdado, “que assenta nos nossos valores de ética, excelência e paixão”.

Com esta certificação, a Aveleda passa a integrar o movimento B Corp, juntando-se a um grupo exclusivo de empresas cuja visão assenta no princípio “Make Business a Force For Good” (Faça dos negócios uma força para o bem). Através da redefinição do conceito de sucesso nos negócios, procuram a sustentabilidade dos seus integrando as variáveis de impacto social e ambiental, numa ótica de melhoria contínua e de partilha das melhores práticas. Esta certificação é reavaliada a cada três anos, devendo a Aveleda demonstrar que as suas políticas e práticas de sustentabilidade permanecem alinhadas com os princípios do movimento e estão a evoluir no sentido de melhorar a performance da empresa neste domínio.

Favaios é a primeira cooperativa com certificação de sustentabilidade em Portugal

É a primeira cooperativa do país a obter este reconhecimento, segundo informação divulgada por esta organização.

A Adega de Favaios acaba de alcançar a certificação pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola (RNCSSV), que foi desenvolvido pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e é gerido pela ViniPortugal. É a primeira cooperativa do país a obter este reconhecimento, segundo informação divulgada por esta organização. Este referencial aplica-se […]

A Adega de Favaios acaba de alcançar a certificação pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola (RNCSSV), que foi desenvolvido pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e é gerido pela ViniPortugal. É a primeira cooperativa do país a obter este reconhecimento, segundo informação divulgada por esta organização.

Este referencial aplica-se a todas as organizações do sector vitivinícola nacional responsáveis e orientadas para a sustentabilidade, aquelas que estão focadas na criação de valor económico, cultural, social e ambiental, cujas práticas e resultados são partilhados com os seus intervenientes, tendo em consideração preocupações ambientais e sociais. É aplicável a diversas categorias de operadores, incluindo destiladores, engarrafadores, fabricantes de vinagre de vinho, preparadores, viticultores e vitivinicultores-engarrafadores.

Este reconhecimento mostra “a importância do sector cooperativo no setor vitivinícola português” e evidencia “a capacidade da Adega de Favaios para implementar medidas para a melhoria da competitividade, entre outros, em mercados exigentes quanto à sustentabilidade dos produtos”, salienta Mário Monteiro, o presidente da direção da cooperativa, a propósito da certificação obtida.

Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro é já em 23 de agosto

O Palácio de Mateus, em Vila Real, vai receber o IX Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro (TCDB) no dia 23 de Agosto. A par da prova, que vai ser decidida por um júri constituído por cozinheiros, enólogos, jornalistas e outros atores na área da gastronomia, realiza-se, a partir das 18h30, um jantar […]

O Palácio de Mateus, em Vila Real, vai receber o IX Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro (TCDB) no dia 23 de Agosto. A par da prova, que vai ser decidida por um júri constituído por cozinheiros, enólogos, jornalistas e outros atores na área da gastronomia, realiza-se, a partir das 18h30, um jantar volante, que será um ponto de encontro entre produtores de vinhos do Douro, visitantes e turistas.

 

Evento itinerante
Muita luz e as grandes amplitudes térmicas típicas da região contribuem para reforçar as qualidades de textura, sabor e suculência deste fruto carnudo e com poucas sementes. São estas virtudes naturais do Tomate Coração de Boi que motivaram a criação de um concurso  que começou por ser uma iniciativa de três amigos, Celeste Pereira, proprietária da empresa de comunicação e eventos Greengrape, Edgardo Pacheco, jornalista e atual curador do evento, e Abílio Tavares da Silva, produtor da Quinta de Foz Torto. Informal, festivo e envolvente, este evento é itinerante e conta com a participação de alguns dos principais produtores de vinhos do Douro, realizando-se todos os anos numa quinta diferente.

No dia 24 de Agosto, em parceria com o Projecto Capella, a Festa do Tomate decorre na aldeia de Arroios, nos arredores de Vila Real, onde o tomate está à prova na sua capela barroca, seguindo-se o mercadinho de produtos locais no largo da aldeia, incluindo Tomate Coração de Boi das hortas locais.

 

Tomate à mesa
A Festa do Tomate Coração de Boi do Douro integra, também, a Festa do Tomate à Mesa dos restaurantes, durante todo o mês de Agosto, com a inclusão, nas ementas, de pratos inspirados no tomate.

A festa do tomate no Douro ganhou este ano um novo impulso, com o lançamento do livro Tomate Coração do Douro – A outra riqueza do vale mágico. No âmbito deste projecto foi publicado o Guia de Boas Práticas para a produção de TCBD e o Mapa das quintas do Douro produtoras deste fruto, que são actualmente 38.

A edição deste ano do TCBD contará ainda com uma novidade italiana, já que estará presente, na festa de 2024, Erika Zandonai, especialista na defesa e promoção de produtos tradicionais como o tomate. Em workshop a realizar no âmbito da IX edição do TCBD, dia 22 de Agosto, na Casa de Mateus, esta especialista irá partilhar a sua experiência no tratamento e transformação do tomate.

Sustentabilidade da Quinta de Chocapalha certificada

A Quinta de Chocapalha obteve o nível A, a certificação mais elevada, obtida apenas pelas empresas que cumprem mais de 85% dos indicadores

A Quinta de Chocapalha, produtor familiar de vinhos de Alenquer, acaba de ver as suas práticas de sustentabilidade reconhecidas, ao ser certificada pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola (RNCSSV), criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho e gerido pela ViniPortugal. O RNCSSV atribui três níveis de certificação, que incluem todas […]

A Quinta de Chocapalha, produtor familiar de vinhos de Alenquer, acaba de ver as suas práticas de sustentabilidade reconhecidas, ao ser certificada pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola (RNCSSV), criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho e gerido pela ViniPortugal.

O RNCSSV atribui três níveis de certificação, que incluem todas as áreas da sustentabilidade. Têm, por base, 86 indicadores distintos de quatro domínios chave: ambiental, social, económico e gestão, e melhoria contínua.
A Quinta de Chocapalha obteve o nível A, a certificação mais elevada, obtida apenas pelas empresas que cumprem mais de 85% dos indicadores. A classificação foi atribuída tanto à vinha como à adega, o que permite, à empresa, utilizar o respetivo selo na sua comunicação e na sua rotulagem, em todos os produtos que tenham origem na sua vinha.

Para Sandra Tavares da Silva, enóloga e uma das proprietárias da Quinta de Chocapalha, esta distinção “é o reconhecimento de todo o trabalho que temos desenvolvido nos últimos anos, tanto na vinha como na adega, e o resultado do nosso compromisso para com a terra e as pessoas”. Sendo a Quinta de Chocapalha um projeto familiar, “só faz sentido continuar a apostar numa empresa e agricultura sustentáveis, de modo a garantir a preservação deste património para as gerações futuras, zelando pela saúde e longevidade das vinhas”, acrescenta.

Atualmente, a Quinta de Chocapalha dispõe de um total de 45 hectares de vinha e uma adega moderna com 10 anos de história. A protecção integrada da vinha mostra o grande respeito que a família tem pela natureza. Para além disso, foi construída uma barragem e plantada vegetação indígena, o que tem permitido o regresso de dezenas de espécies animais, desde répteis, peixes e aves. Há, também, uma estação de tratamento de águas residuais e os efluentes da adega são tratados antes de serem libertados na natureza.

Alentejo reforça controlo na vindima

A entrada ilegítima de vinhos e mostos de outras paragens no seio das Denominações de Origem Controlada nacionais, tem originado a preocupação generalizada de viticultores e produtores.

A entrada ilegítima de vinhos e mostos de outras paragens no seio das Denominações de Origem Controlada nacionais, tem originado a preocupação generalizada de viticultores e produtores. Alguns organismos certificadores regionais já anunciaram medidas adicionais de controlo para minimizar este risco. Foi o caso, anunciado em Maio passado, do IVDP (Porto e Douro) e, mais […]

A entrada ilegítima de vinhos e mostos de outras paragens no seio das Denominações de Origem Controlada nacionais, tem originado a preocupação generalizada de viticultores e produtores. Alguns organismos certificadores regionais já anunciaram medidas adicionais de controlo para minimizar este risco. Foi o caso, anunciado em Maio passado, do IVDP (Porto e Douro) e, mais recentemente, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). Segundo comunicado desta entidade reguladora, “são reforçadas regras e procedimentos a seguir pelos produtores durante a vindima de 2024”. Esse controlo é “focado nos agentes económicos que, durante a vindima, recebem uvas, mostos ou vinhos de diferentes origens nas instalações de vinificação localizadas no Alentejo”.

Entre outras medidas, os produtores e engarrafadores da região passam a ter “o dever de comunicar, à CVRA, com 48 horas de antecedência, a entrada daqueles produtos nas instalações de vinificação, a cumprir o horário definido para a entrada nas instalações e a seguir regras de identificação do local onde os produtos são armazenados, que pode levar à afixação de um dístico nos depósitos”.

Todas as condições estão descritas no Comunicado de Vindima 2024, divulgado aos produtores, onde é também indicado que os produtos passarão à classificação de “sem aptidão para DO/IG” nos casos de irregularidade, com “participação às autoridades competentes para efeitos do regime geral das infrações aplicáveis ao sector vitivinícola”.
Francisco Mateus, presidente da CVRA, explica que “este reforço de controlo tem, como objectivo principal, a proteção da origem e integridade dos vinhos DOC Alentejo e Regional Alentejano, através de procedimentos nas adegas e regras muito claras, que contribuem para um controlo mais ágil e eficaz por parte das equipas da CVRA”, destacando ainda que “o período de vindima é a altura mais crítica para fazer este controlo, porque há movimentações frequentes de uvas, mostos e vinhos, logo possibilidade de entrada nas adegas de produtos que não são originários da região, o que justifica intervenção rigorosa na defesa da origem Alentejo”.

Editorial Agosto: A crise, outra vez

Editorial

Editorial da edição nrº 88 (Agosto 2024) “Isto está mal”, dizem produtores de vinho, distribuidores, donos de restaurantes e garrafeiras. A culpa é da crise, da perda de poder de compra, da falta de confiança, do receio de gastar em produtos supérfluos. Mas será “A Crise” (com maiúsculas…) a única culpada das dificuldades que o […]

Editorial da edição nrº 88 (Agosto 2024)

“Isto está mal”, dizem produtores de vinho, distribuidores, donos de restaurantes e garrafeiras. A culpa é da crise, da perda de poder de compra, da falta de confiança, do receio de gastar em produtos supérfluos. Mas será “A Crise” (com maiúsculas…) a única culpada das dificuldades que o sector do vinho atravessa?

Estou convencido que a crise veio apenas avolumar os efeitos de um vasto conjunto de deficiências crónicas que o sector possui. O sector do vinho em Portugal é pesado, pouco criativo, pouco atento ao mercado e ao consumidor e (ainda) pouco profissional.

Apesar de não existirem estatísticas sobre essa matéria, certamente não irei errar se disser que bem mais de metade dos agentes económicos ligados à produção de vinho não são profissionais. Ou seja, não fazem do vinho a sua actividade principal e não possuem escala para criar e manter uma estrutura profissional. Uma situação confrangedora quando se compara com a realidade espanhola ou francesa, para já não dizer americana ou australiana, onde o vinho é encarado como uma indústria, um negócio, e não como a “concretização de um sonho”.

Na verdade, uma parte considerável dos novos produtores surgidos em Portugal na última década é constituída por profissionais liberais, industriais, comerciantes, que herdaram ou compraram vinhas, que durante algum tempo venderam uvas e que a dada altura quiseram ver o seu nome ou da sua quinta numa garrafa. A sobrinha que tem jeito para o desenho deu uma ajuda no rótulo, o restaurante onde come todos os dias prometeu vender umas caixas, os amigos que dizem que o vinho é uma maravilha vão ficar com algum e, portanto, não haverá dificuldade alguma em vendê-lo, até porque são só 50 mil garrafas. Pois é… O mercado nacional acabou inundado de produtores que têm 50 mil garrafas para vender. Mas o mercado não é infinito e, naturalmente, quando há menos dinheiro disponível, retrai-se. Resultado: está (quase) toda a gente a vender menos do que esperava.

A solução, dirá qualquer profissional, está em procurar novos mercados. Mas quantos destes produtores “amadores” têm disponibilidade para passar meses viajando pelo mundo, fazendo contactos, procurando distribuidores, promovendo o seu vinho? Se nem em Portugal têm tempo ou vontade para abordar pessoalmente ou acompanhar vendedores a garrafeiras e restaurantes, preferindo esperar que o vinho se venda por si! Está difícil vender? Mas porque é que havia de ser fácil? Se até para os que vivem disto dá muito trabalho…

Não há mal nenhum em satisfazer uma paixão, mesmo uma paixão cara como é a produção de vinho. Aliás, alguns dos grandes vinhos do mundo são propriedade de pessoas que ganharam dinheiro noutras áreas e chegaram ao vinho movidos pela simples paixão. Mas que só foram bem-sucedidos porque tiveram dimensão ou meios para criar uma estrutura profissional capaz de levar o negócio avante. Os outros ficaram pelo caminho, fartos de perder dinheiro todos os anos num negócio que tem exigências a que não conseguiam corresponder. Algo que, inevitavelmente, virá a acontecer a muitos produtores portugueses.

É que, no vinho, a paixão e o negócio são coisas diferentes, ainda que complementares. E se é verdade que o negócio do vinho precisa de paixão para se desenvolver, a paixão, só por si, não garante nada. Na maior parte dos casos, aliás, só garante dissabores…

 

Nota: Fiz uma pesquisa nos mais de 400 editoriais mensais que escrevi desde 1989 e a “Crise” foi tema 7 vezes, com vários anos de intervalo. O texto que em cima reproduzo foi publicado em Agosto de 2003, faz precisamente agora 21 anos. É assustador perceber que continua actual e que em mais de duas décadas não aprendemos nada.

Adega José de Sousa cria programa de vindimas tipicamente alentejano

Adega José de Sousa

O programa pode ter início na vinha, onde os visitantes têm a oportunidade de cortar os cachos ou, se a vindima estiver numa fase avançada, na adega com a prova de mosto ou com a pisa a pé. Adicionalmente, os participantes podem participar nas atividades a decorrer. Este programa inclui, ainda, uma visita às duas […]

O programa pode ter início na vinha, onde os visitantes têm a oportunidade de cortar os cachos ou, se a vindima estiver numa fase avançada, na adega com a prova de mosto ou com a pisa a pé. Adicionalmente, os participantes podem participar nas atividades a decorrer. Este programa inclui, ainda, uma visita às duas adegas – a Adega Nova e a Adega dos Potes – com uma prova de vinhos e degustação de produtos regionais. E para aqueles que desejam encerrar o dia com uma experiência completa, há a opção de desfrutar de um almoço exclusivo, com os sabores típicos do Alentejo: gaspacho, empadas de galinha, queijos e enchidos, acompanhados de vinhos José de Sousa.

O programa está disponível mediante disponibilidade e marcação prévia. Pode fazer a sua reserva antecipada pelo e-mail josedesousa@jmfonseca.pt ou pelo contacto telefónico através do número 918 269 569.

Programa de vindimas Adega José de Sousa

Datas: 15 de Agosto a 15 de Setembro

OPÇÃO SEM ALMOÇO:

11h00 – Welcome drink

11h15 – Visita guiada à Adega Nova e Adega dos Potes, com participação nas atividades a decorrer*

12h15 – Prova de 3 vinhos e degustação de produtos regionais (enchidos, queijo, pão e azeite)

13h00 – Final do programa

Oferta de t-shirt e chapéu da vindima

Programa disponível de 2 a 16 pessoas

Preço por pessoa: 28 euros (IVA incluído)

Crianças até 10 anos: grátis (sem oferta de t-shirt e chapéu)

Jovens dos 11 aos 17 anos: 13,00 euros

Preço família (2 adultos + 2 jovens): 74,00 euros

 

OPÇÃO COM ALMOÇO:

11h00 – Welcome drink

11h15 – Visita guiada à Adega Nova e Adega dos Potes, com participação nas atividades a decorrer*

12h15 – Almoço de petiscos regionais: gaspacho, empadas de galinha, folhados de carne, queijos, enchidos variados, azeite, pão regional, azeitonas, compota, biscoitos tradicionais e fruta da época, acompanhado por vinhos José de Sousa.

14h30 – final do programa

Oferta de t-shirt e chapéu da vindima

Programa disponível de 2 a 16 pessoas.

Preço por pessoa: 62 euros (IVA incluído)

Preço crianças (4-8anos): 16,00 €

Jovens dos 9 aos 17 anos: 30,00 euros

Preço família (2 adultos + 2 jovens): 166,00 euros

 

* A atividade a desenvolver depende da data e da fase em que a vindima se encontrar.