Número de visitantes das caves de vinho do Porto cai 82% em 2020

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Depois de, em 2019, terem sido batidos todos os recordes neste campo — com o número de visitantes das caves de vinho do Porto certificadas a ser superior a um milhão e 300 mil, o que representou […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Depois de, em 2019, terem sido batidos todos os recordes neste campo — com o número de visitantes das caves de vinho do Porto certificadas a ser superior a um milhão e 300 mil, o que representou um aumento de 8,8% face a 2018 — a pandemia veio inverter drasticamente esta tendência. Em 2020, devido ao encerramento das caves durante alguns períodos, o número de visitantes esteve apenas pouco acima dos 250 mil, o que representou uma diminuição de 81,8% em relação ao ano anterior.

Estes dados, e o gráfico abaixo, foram fornecidos à imprensa pela Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP). “Note-se que o nível de qualidade e de profissionalismo das caves é certificado pela SGS, que o classifica como exemplar”, refere a AEVP.

Foto: Sandeman[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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UTAD cria teste rápido à covid-19 com tecnologia de identificação de castas

Segundo a agência Lusa, a UTAD — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real — está a desenvolver um teste rápido ao SARS-CoV-2, um biossensor criado com a mesma tecnologia utilizada para a identificação molecular das variedades de uva. A Universidade alega que este protótipo, em vias de conclusão, garante resultados em 20 […]

Segundo a agência Lusa, a UTAD — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real — está a desenvolver um teste rápido ao SARS-CoV-2, um biossensor criado com a mesma tecnologia utilizada para a identificação molecular das variedades de uva.

A Universidade alega que este protótipo, em vias de conclusão, garante resultados em 20 minutos “e não requer pessoal especializado para a realização do teste”. Além disso, a instituição acredita ser possível a utilização em massa deste teste ainda em 2021.

Paula Martins Lopes, do Departamento de Genética e Biotecnologia da UTAD, refere que “o trabalho de autenticidade dos vinhos, que a Universidade desenvolve há vários anos, constitui conhecimento valioso que pode agora ser transposto para a situação muito preocupante que vivemos”. 

Esta tecnologia está associada a uma patente internacional registada por esta Universidade, no âmbito do WineBioCode e da Plataforma INNOVINE & WINE. A partir do DNA das castas, alia a composição varietal à Denominação de Origem Douro.

ANCEVE contesta proibição de venda de bebidas alcóolicas após as 20h

Desde Setembro passado que o Governo português alargou, a todo o país, a proibição de venda de bebidas alcoólicas após as 20h, nos estabelecimentos de comércio a retalho, incluindo supermercados e hipermercados. Embora esta medida tenha o objectivo de impedir os ajuntamentos e o consumo de álcool na via pública (devido à pandemia da Covid-19), […]

Desde Setembro passado que o Governo português alargou, a todo o país, a proibição de venda de bebidas alcoólicas após as 20h, nos estabelecimentos de comércio a retalho, incluindo supermercados e hipermercados. Embora esta medida tenha o objectivo de impedir os ajuntamentos e o consumo de álcool na via pública (devido à pandemia da Covid-19), a ANCEVE — Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas — refere que “está a causar um enorme prejuízo ao sector vitivinícola, uma fileira que impulsiona a economia nacional e contribui para a manutenção das comunidades rurais e ordenamento do território (…)”. Apesar de continuarem a apostar na exportação, as empresas “dependem muito do mercado nacional e as quebras causadas pela proibição de venda de bebidas alcoólicas após as 20h vieram afectar dramaticamente as suas tesourarias e a capacidade de honrarem os seus compromissos com os trabalhadores, o Estado e os fornecedores”, é explicado em comunicado.

Também os consumidores que desejam, ou apenas podem, efectuar as suas compras no horário pós-laboral, são altamente afectados, segundo a ANCEVE. “É uma medida que afecta muito negativamente um produto nacional como o vinho, que é parte integrante da vida e cultura portuguesas”, afirma a associação.

Adega de Palmela abre loja online

Considerando a conjuntura actual que se vive, em consequência da pandemia da covid-19, a Adega de Palmela renovou de forma segura e simples a compra online dos seus produtos através da consulta interativa do catálogo com serviço de entrega em Portugal Continental. No lançamento da loja online, o vinho Villa Palma Tinto, Tinto Castelão e […]

Considerando a conjuntura actual que se vive, em consequência da pandemia da covid-19, a Adega de Palmela renovou de forma segura e simples a compra online dos seus produtos através da consulta interativa do catálogo com serviço de entrega em Portugal Continental.

No lançamento da loja online, o vinho Villa Palma Tinto, Tinto Castelão e Tinto Syrah, Edição Limitada (75cl), encontra-se com uma campanha especial até 30 de junho, com um preço de €4,19.

Vinhos tranquilos, licorosos, aguardentes e também os Bombons de Aguardante de Villa Palma são alguns dos produtos disponíveis nesta nova loja online da Adega de Palmela.

OIV cancela congresso mundial deste ano

Congresso Internacional da Vinha e do Vinho 2019, na Suiça

A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) anunciou que foi cancelada a 43ª edição do Congresso Mundial da Vinha e do Vinho. Este ano, o evento deveria realizar-se em Santiago do Chile, de 23 a 27 de Novembro. O culpado, já se sabe, foi a pandemia de covid-19. A OIV anunciou também que […]

A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) anunciou que foi cancelada a 43ª edição do Congresso Mundial da Vinha e do Vinho. Este ano, o evento deveria realizar-se em Santiago do Chile, de 23 a 27 de Novembro. O culpado, já se sabe, foi a pandemia de covid-19.
A OIV anunciou também que recebeu informação do Uzbequistão, expressando o desejo deste país em adiar o congresso do próximo ano, agendado para a cidade de Samarkand.
O Congresso Mundial da Vinha e do Vinho é sempre um momento muito importante na vida da OIV. Celebra-se anualmente num dos 47 países que compõem esta organização de âmbito mundial e acaba por ser um local de partilha de opiniões e conhecimentos para cientistas de várias disciplinas ligadas ao mundo do vinho.
Este congresso serve ainda para mostrar o resultado de trabalhos nos campos da viticultura, enologia e economia. Finalmente, há sempre uma parte importante ligada a tudo o que está relacionado com leis e regulamentos do sector, assim como segurança alimentar e análise de impactos na saúde humana.

JMV vai implementar cartas de vinho com QR Code em restaurantes

Os restaurantes de Portugal estão destinados a abrir já no dia 18 de Maio, com novas normas de segurança e higiene a cumprir. No entanto, “todo o cuidado é pouco” e os tradicionais menus em suporte físico podem ser uma ameaça à saúde de cada cliente. No sentido de contornar esta questão da melhor maneira, […]

Os restaurantes de Portugal estão destinados a abrir já no dia 18 de Maio, com novas normas de segurança e higiene a cumprir. No entanto, “todo o cuidado é pouco” e os tradicionais menus em suporte físico podem ser uma ameaça à saúde de cada cliente. No sentido de contornar esta questão da melhor maneira, a distribuidora JMV – José Maria Vieira está a apoiar os seus parceiros da restauração na implementação de cartas de vinho digitais com leitura QR Code, de forma gratuita. Com este sistema, os clientes poderão ler um código QR no restaurante com o seu smartphone, que abrirá uma carta de vinhos digital no seu dispositivo pessoal.

Ana Montenegro, Gestora de Comunicação e Relações Públicas da JMV, explica: “Mais do que vender, queremos ajudar os nossos parceiros a reerguer os seus negócios. Para isso, disponibilizamos o nosso apoio ao nível da implementação das novas regras de higiene e segurança, nomeadamente com a introdução dos menus digitais, de forma totalmente gratuita. Numa altura de grande imprevisibilidade como esta, faremos todos os esforços para ajudar o setor da restauração a ajustar-se à vida pós Covid-19”.

Projecto solidário Eu Apoio a Produção Nacional está cada vez maior

A plataforma Eu Apoio a Produção Nacional – que doa 10% das suas vendas aos hospitais públicos Santa Maria (em Lisboa) e São João (no Porto) – conta já com perto de 50 marcas portuguesas. Desde a moda aos vinhos, passando pela decoração, cerveja artesanal, gin, utilitários e produtos regionais, são muitos os produtores que […]

A plataforma Eu Apoio a Produção Nacional – que doa 10% das suas vendas aos hospitais públicos Santa Maria (em Lisboa) e São João (no Porto) – conta já com perto de 50 marcas portuguesas.

Desde a moda aos vinhos, passando pela decoração, cerveja artesanal, gin, utilitários e produtos regionais, são muitos os produtores que se unem neste projecto que pretende, além da componente solidária, contribuir para manter activas as empresas nacionais.

Na vasta lista, figuram nomes como Sogrape, Oliveira da Serra, José Maria da Fonseca, Licor Beirão, Boas Quintas, Quinta do Paral ou A&D Wines.

Lista de produtores:

 

Enoteca Cartuxa tem nova Cozinha Social temporária

A Fundação Eugénio de Almeida, com sede em Évora, criou uma Cozinha Social na sua Enoteca Cartuxa, com o intuito de assegurar as necessidades básicas de alimentação dos mais vulneráveis desta cidade. Assim, a empresa pretende contribuir de forma assertiva para minimizar os impactos sociais e económicos negativos causados pela pandemia do novo coronavírus. A […]

A Fundação Eugénio de Almeida, com sede em Évora, criou uma Cozinha Social na sua Enoteca Cartuxa, com o intuito de assegurar as necessidades básicas de alimentação dos mais vulneráveis desta cidade. Assim, a empresa pretende contribuir de forma assertiva para minimizar os impactos sociais e económicos negativos causados pela pandemia do novo coronavírus. A nova Cozinha Social está a funcionar desde 27 de Abril, fornecendo, diariamente e gratuitamente, duas refeições – compostas por sopa, prato principal e sobremesa – a pessoas e famílias que se encontram em situação vulnerável. Tem capacidade para prestar 200 refeições por dia, o que equivale a mais de 6 mil por mês.

De carácter temporário, a Cozinha Social será mantida em funcionamento “enquanto for necessário”, diz a Fundação em comunicado de imprensa. Francisco Senra Coelho, presidente do Conselho de Administração da Fundação Eugénio de Almeida, acredita que as refeições que partilham solidariamente “podem ajudar cada pessoa a encontrar força e confiança no futuro”.

Esta iniciativa insere-se noutra já criada pela Fundação Eugénio de Almeida, a #FundaçãoConsigo, que abrange projectos sociais, educativos, culturais e solidários.

Opinião – Para que o vinho proteja 10 milhões de portugueses

Tal como acontece com outros setores, também a fileira do vinho atravessa momentos de grande dificuldade. A comercialização está quase estagnada, as fontes de receita escasseiam, mas a vinha não pára e exige atenção e despesas. Entretanto, faltam 121 dias para 30 de Agosto, a data média de vindima. O que é possível fazer por […]

Tal como acontece com outros setores, também a fileira do vinho atravessa momentos de grande dificuldade. A comercialização está quase estagnada, as fontes de receita escasseiam, mas a vinha não pára e exige atenção e despesas. Entretanto, faltam 121 dias para 30 de Agosto, a data média de vindima. O que é possível fazer por este setor do qual dependem dezenas de milhar de pessoas? E o que é que o vinho pode fazer pelo País?

TEXTO João Vila Maior
FOTOS Arquivo

João Vila Maior é enólogo e viticólogo.

Nos últimos dois meses várias empresas vitivinícolas produziram e ofereceram alguns milhares de litros de álcool gel a Hospitais, Centros de Saúde, Bombeiros e Lares. Muitas empresas da indústria têxtil produziram máscaras e ofereceram-nas ao mesmo tipo de instituições. E tantas e diferentes indústrias desdobraram-se em iniciativas de Solidariedade sem nada pedirem em troca. Por muitos defeitos que tenhamos, Nós, os Portugueses, Portugal, somos um Nobre Povo. Somos Enormes.

Vivemos momentos difíceis e de incerteza, que nunca pensávamos poder viver. Ao que tudo indica, iremos, em breve e, pouco a pouco, ter um cheirinho “da normalidade” que conhecíamos antes de março. Março, mostrou-nos o que é um “mês horribilis” e o que poderá vir a ser um ano ou vários anos “horribilis”. Isto porque, se a tragédia humanitária foi limitada, para já, a abrupta queda da atividade económica faz adivinhar um cenário não menos trágico. Se as piores, mas talvez realistas perspetivas, de ocorrência de surtos de infeção periódicos virem a confirmar-se, teremos um cocktail assustador que nos fará cair numa depressão económica e humanitária sem paralelo. Temos de nos precaver, aprender com este primeiro episódio e repensar o futuro.

Centrando-nos na fileira vitivinícola o cenário não é menos animador. O vinho não é um bem de primeira necessidade. Se é verdade que se bebe em família, potencialmente em confinamento, o vinho é, essencialmente, um bem para usufruir com companhia. Acresce o facto de, mesmo ainda para quem não esteja a sentir na carteira o que aí vem, em função do medo que se faz sentir, instintivamente e mesmo que de uma forma não consciente, consome-se menos de uns artigos e mais de outros. Como é sabido, o papel higiénico é recordista do lado do “mais”. Seguem-se os artigos de desinfeção, as conservas, tintas para o cabelo e não muitos mais. Mas, no lado oposto, estão os protetores solares, as flores, tanta e tanta coisa mais e, claro está, vinho. O Vinho!

Já li várias previsões. Quebras de 20, de 35%. Que valem o que valem, até porque não sabemos como vai evoluir a pandemia. Mas, garantidamente, que a quebra será da ordem das duas casas decimais, e que nunca será inferior a 20%. Se atingirá os 35% ou se será superior, não sabemos. Mas o cenário é muito pessimista.

Os produtores desdobram-se em tentativas de mitigação, especialmente, no ciberespaço, em webinares, em provas online, com o objetivo de conseguir vender algum vinho. Uma míngua que seja para tentar compensar a queda abrupta resultante do encerramento dos restaurantes e do comportamento mais defensivo, mesmo que inconsciente, do mercado.

A vinha não tem teletrabalho

Entretanto, estamos a 30 de abril. E amanhã será dia 1 de maio. O dia do Trabalhador. De todos os trabalhadores. Dos que trabalham no setor da vinha e do vinho. E, na vinha o layoff não é fácil de praticar. As vinhas vão crescendo a olhos vistos, necessitando de mão de obra, de serem erguidas, de serem despampadas e, qualquer dia, vindimadas. O míldio, o oídio e os ácaros não se confinam. Estão aí para fazer das suas. Ou seja, a torneira das despesas não se fecha. Não é possível fechar. A vinha não dá tréguas ao viticultor. Não reconhece a figura do teletrabalho. E faltam 121 dias para o dia 30 de agosto, uma hipotética data, média, para a vindima. E amanhã faltarão somente 120 dias. O relógio não para. Nem a ampulheta, seja movida a grãos de areia da península de setúbal, ou a partículas mais grosseiras dos solos graníticos dos alvarinhos. Nem mesmo uma laje de xisto do Douro seria capaz de parar uma ampulheta. Se tal fosse possível, estou certo, que o Douro o faria a bem de toda a nação do vinho.

E se, entretanto, o vinho não se escoar, não for bebido a nosso bel-prazer, temos a cuba entornada. O setor viverá uma forte crise. Muito forte.

E faltam 121 dias. Temos 33% de um ano para reagir. O que poderemos fazer por este setor?

O setor do vinho, direta e indiretamente, emprega algumas dezenas de milhar de pessoas. Quando falamos deste setor não nos podemos esquecer da sua íntima ligação com uma variedade de setores como o da cortiça, da proteção das plantas, dos produtos enológicos, das garrafas, entre outros. Estamos a falar de muita gente. De muitas empresas, também elas, vítimas indiretas, deste problema que se adensa. O setor do vinho, para além da importância como empregador, gera um notável volume de negócios, cria um valor acrescentado na nossa economia e contribui de forma significativa nas nossas exportações e na promoção da imagem de Portugal.

Neste momento os telejornais oscilam entre notícias que fazem o ponto da situação da pandemia, o precipício da economia e os pedidos desesperados dos agentes económicos por uma boia de salvação. E, de momento, as ajudas que vão surgindo não auguram nada de suficiente. Viramo-nos para a Europa. Como sempre. É verdade que fazemos parte dela, que temos os nossos direitos e que ela tem deveres para connosco. Mas, se pusermos a mão na consciência, também teremos de reconhecer que, nem sempre, sabemos fazer o melhor com o que de lá vem.

O diagnóstico da situação está feito. É grave. Está doente. Precisa de Cuidados. E se o tempo passar e nada for feito, terão de ser Cuidados Intensivos. E muitas empresas serão desligadas da máquina. Algumas empresas mais velhas, mas também empresas jovens.  Impõe-se pensar no que fazer, como reagir, como tentar mitigar as dificuldades. Na última crise, enorme também, o setor soube reagir, nomeadamente, conseguindo aumentar as exportações. Na crise atual não me parece que o setor consiga ir por aí ou, pelo menos, não será suficiente pois, na realidade, a crise está por toda a parte. É global.

Afinal, o que poderemos fazer?

A resposta, certamente, não será uma. Terão de ser várias e complementares, mas todas a apontar no mesmo sentido. Passará por estratégias traçadas por todas e por cada uma das empresas, das organizações de produtores e das Distribuidoras.

Destilar para produzir álcool

Da parte que a cada um toca, sem dúvida que solidariedade individual, daqueles que estiverem numa situação de alguma estabilidade e que tenham a possibilidade de manter o consumo, de continuar a usufruir do prazer que um copo de vinho lhe pode dar, ao manterem o consumo já estão a ser solidários. O prazer que tínhamos quando usufruíamos de um vinho até há dois meses, agora, ávidos que estamos de coisas boas, acredito que ainda possa ser maior. E tenha em conta que, com esse gesto, para além de tudo, está ainda a ser Solidário!

Por parte do Estado Português, todas as medidas lançadas para o tecido empresarial, em geral, terão de ser mais significativas e céleres. Mas sabemos que, histórica e cronicamente, as medidas ficam sempre aquém das necessidades.

Como já referi, estou certo de que a solução não será única e terá de passar por um conjunto vasto de soluções. Neste sentido faço, humildemente, duas propostas. A primeira, já abordada, de caráter individual, que poderei de chamar de “altruísmo ou filantropia” enófilo, que não é mais que consumir, manter o padrão de consumo ou mesmo aumentá-lo, de forma moderada claro está. Se é verdade que o vinho tem muito de bebida social, confesso que, às vezes gosto de estar a sós com o vinho e bebê-lo na companhia do silêncio, duma paisagem. Este exercício de prazer, acredito, poderá ajudar a aquietar a alma nestes tempos de incerteza.

A segunda proposta que faço está em linha com uma necessidade destes tempos de pandemia. Como, infelizmente, o Covid-19 parece estar para durar e o álcool gel, a lixivia, as máscaras e outros produtos de desinfeção e proteção vão continuar a assumir-se como bens de primeira necessidade e de consumo massivo. Várias empresas vitivinícolas, a título voluntário, já contribuíram para repor os níveis de álcool que, subitamente, deixou de existir no mercado. A minha proposta vai no sentido de serem criados mecanismos, com caráter de urgência, no sentido que o álcool para produção de álcool gel venha ser, no futuro próximo, maioritária e prioritariamente, de origem vínica.

Existe uma medida no setor, designada por “Prestação Vínica” que consiste na obrigatoriedade de proceder à eliminação controlada dos subprodutos da vinificação, nomeadamente bagaços de uva, borras de vinho e, muitas vezes, vinhos de menor qualidade. Esta prestação é de percentagem variada, de acordo com o ano, mas sempre inferior aos 10%. Na prática, esta figura obriga a eliminar uma pequena parte da produção, conduzindo-a para destilação ou para a indústria do vinagre. Desta forma, consegue-se elevar a qualidade média do vinho produzido e, poder-se-á conseguir regular o mercado. Neste sentido, o que proponho, com base na figura da “Prestação Vínica”, se o enquadramento legal (e Comunitário) o permitir, ou na figura duma medida extraordinária, “Prestação Corona” à maneira das “Corona Bonds”. Na prática, consistiria no Estado Português se propor a comprar e pagar, com celeridade, um volume de vinho para destilação, numa quantidade calculada com base na quebra de vendas para que aponta o mercado (20-30%), pagando um preço justo pelo vinho. Justo!

Desta forma, o Estado supriria as necessidades de álcool, com base num produto nacional, daria um balão de oxigénio ao setor do vinho, evitaria alguns milhares de desempregados, o pagamento de subsídios de desemprego, de prestações de layoff, e manteria vivo um setor que acrescenta muito à identidade e economia do país.

A incrível realidade que vive o setor do petróleo, com o crude a assumir valores negativos, ou seja, a pagar para que se esvaziem os depósitos, fez-me recordar uma história ou mito que há uns anos se ouvia. Que, num certo ano, um conhecido negociante de vinho a granel, enviou a seu mando um falso comprador de vinho a algumas Adegas Cooperativas, em meados de janeiro. Este, abordava a Adega como comprador e acabava por assumir o compromisso de comprar a totalidade da produção armazenada nas cubas. Para o efeito dava um chorudo sinal, em dinheiro. Boa notícia, julgavam eles. Com o passar dos meses, a ausência do comprador fantasma, as cubas cheias, e uma vindima quase à porta, o chorudo sinal tornava-se numa mão quase cheia de nada. Era então a altura para o dito e conhecido negociador de vinho a granel, aparecer e varrer milhões e milhões de litros a um preço miserável e, pasme-se, assumir-se como o salvador da pátria.

Pois o que me preocupa é que faltam 121 dias e, se nada se fizer, muitos petroleiros poderão ir ao fundo.

Autores do blog Viva o Vinho criam marketplace de vinho online

Renata e Emanuel Tavares são o casal por trás do blog Viva o Vinho. Movidos pela crescente procura de vinho online, por conta da actual situação de distanciamento social, os dois brasileiros – agora residentes em Portugal – resolveram reactivar um projecto que tiveram no Brasil, em 2016 e 2017: o marketplace VivaoVinho.Shop. “Com a situação actual, […]

Renata e Emanuel Tavares são o casal por trás do blog Viva o Vinho.

Movidos pela crescente procura de vinho online, por conta da actual situação de distanciamento social, os dois brasileiros – agora residentes em Portugal – resolveram reactivar um projecto que tiveram no Brasil, em 2016 e 2017: o marketplace VivaoVinho.Shop.

“Com a situação actual, resolvemos resgatar o projecto para ajudar os produtores com um canal de vendas online, para comercializarem os seus vinhos. O nosso intuito é mesmo de colaboração, por isso não estamos a cobrar nenhuma taxa de inscrição, e a nossa comissão de vendas é a menor do mercado: apenas 10%, para ajudar nos custos da plataforma e de divulgação”, declara o casal.

Até ao momento, o VivaoVinho.Shop já conta com 19 lojas e cerca de 223 produtos à venda.