Moinante Experience: Mainova cria programa de vindima nocturna

Mainova vindima nocturna

Moinante Experience é o novo programa de enoturismo da Mainova, projecto de vinho situado no Vimieiro, em Arraiolos, que pretende proporcionar ao consumidor a experiência de uma vindima nocturna alentejana. Com duração de 5 horas e meia, das 22h30 às 03h00, o programa está marcado para os dia 25 de Agosto, 1 e 8 de […]

Moinante Experience é o novo programa de enoturismo da Mainova, projecto de vinho situado no Vimieiro, em Arraiolos, que pretende proporcionar ao consumidor a experiência de uma vindima nocturna alentejana. Com duração de 5 horas e meia, das 22h30 às 03h00, o programa está marcado para os dia 25 de Agosto, 1 e 8 de Setembro.

O rafeiro da Herdade da Fonte Santa, propriedade da Mainova com 200 hectares — 20 de vinha e 90 de olival — chama-se Moinante, nome que é atribuído “às propostas mais irreverentes de toda a gama da marca”, refere a empresa. “Moinante, que significa ‘um boémio’, é agora o mote para vivenciar uma vindima nocturna”.

A primeira etapa da Moinante Experience começa com um “welcome drink” e um kit de boas-vindas Mainova, seguindo-se uma visita à adega, antes da aguardada vindima nocturna, que será feita com a ajuda de pequenas lanternas frontais, tesouras de poda e coletes reflectores. No final da experiência, uma ceia com prova de vinhos e o momento de observar as uvas colhidas a serem processadas, com possibilidade de participação na fase da mesa de escolha, onde são seleccionadas as melhores uvas.

A inscrição na Moinante Experience tem um custo de €120 por pessoa, e pode ser feita através dos contactos enoturismo@mainova.pt e +351910732526.

Alentejo debate futuro do sector no 12º Simpósio de Vitivinicultura

Simpósio Vitivinicultura Alentejo

O 12º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo, que acontecerá nos próximos dias 22 e 23 de Junho, terá foco na sustentabilidade e nas tendências de futuro do vinho e das vinhas. Esta iniciativa, que decorre desde 1988, de três em três anos, terá lugar no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), na Herdade […]

O 12º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo, que acontecerá nos próximos dias 22 e 23 de Junho, terá foco na sustentabilidade e nas tendências de futuro do vinho e das vinhas. Esta iniciativa, que decorre desde 1988, de três em três anos, terá lugar no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), na Herdade da Barba Rala, em Évora.

Nos dois dias do evento, os participantes — que se podem inscrever AQUI — terão oportunidade de ouvir e partilhar conhecimentos com cerca de três dezenas de profissionais do sector do vinho, investigadores, enólogos e produtores provenientes de várias regiões vitivinícolas mundiais. Em debate, serão abordados temas como as castas do futuro da região alentejana, as alterações climáticas, o paradigma biológico das vinhas, a comunicação da sustentabilidade, o vinho na cadeia alimentar do futuro, a embalagem, a água ou os solos.

“Debater o futuro e a sustentabilidade tornou-se indissociável para o sector do vinho, pelo que este evento é de extrema importância para partilhar conhecimento, experiências e melhores práticas com especialistas nacionais e internacionais, olhando para o desenvolvimento e a inovação”, afirma Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, entidade que organiza o 12º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo, juntamente com a Associação Técnica de Viticultores do Alentejo (ATEVA), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA), a Direção Regional de Agricultura do Alentejo (DRAPAL) e a Universidade de Évora.

O 12º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo tem um custo diário de €85 (por pessoa) e de €170 para os dois dias. Já o jantar oficial do evento, custa €35.

Concurso Melhores Vinhos do Alentejo premiou 26 referências

Concurso Melhores Vinhos Alentejo

O Concurso “Melhores Vinhos do Alentejo”, promovido pela Confraria de Enófilos do Alentejo e apoiado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, anunciou os vencedores da sua última edição, que contou com a participação de 51 produtores de diversas zonas e sub-regiões, totalizando 136 vinhos alentejanos na competição de 2023. O painel de jurados, composto por 25 […]

O Concurso “Melhores Vinhos do Alentejo”, promovido pela Confraria de Enófilos do Alentejo e apoiado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, anunciou os vencedores da sua última edição, que contou com a participação de 51 produtores de diversas zonas e sub-regiões, totalizando 136 vinhos alentejanos na competição de 2023.

O painel de jurados, composto por 25 especialistas do sector, destacou 26 referências, tendo sido concedidas três medalhas de ouro, três de prata e três de bronze, além de 17 menções honrosas em cada categoria de vinho: branco, tinto e rosé.

Na categoria de vinho branco, a medalha de ouro foi para o Herdade de São Miguel Esquecido 2021, produzido pela Casa Relvas. Já o Cartuxa Reserva 2017, da Fundação Eugénio de Almeida, recebeu a medalha de ouro na categoria de vinho tinto. Também o rosé Maré Viva 2022, da Adega Cooperativa de Redondo, conquistou a medalha de ouro na respectiva categoria.

No segundo lugar do “pódio”, os vinhos Paulo Laureano Private Selection branco 2019, da PL Wines; Herdade de São Miguel rosé 2022 da Casa Relvas; e Herdade das Servas Reserva tinto 2017, da Serrano Mira, conquistaram medalha de prata.

Com a medalha de bronze, foram premiados os vinhos Margaça Reserva branco 2021, da Sociedade Agrícola de Pias; Convés rosé 2022, da Enolea; e Monte Cascas Grande Reserva tinto 2015, da Casca Wines.

Dois Belos é a nova marca de gins e licores do Crato

Dois Belos

A Destilaria Dois Belos, projecto liderado pelo empresário Nuno Belo, foi criada em 2021 como resultado da procura de novos desafios profissionais e da inspiração na herança familiar e na natureza. Localizada em Vale do Peso, uma aldeia situada no concelho do Crato, distrito de Portalegre, esta destilaria assume-se como um projecto inovador e criativo. […]

A Destilaria Dois Belos, projecto liderado pelo empresário Nuno Belo, foi criada em 2021 como resultado da procura de novos desafios profissionais e da inspiração na herança familiar e na natureza.

Localizada em Vale do Peso, uma aldeia situada no concelho do Crato, distrito de Portalegre, esta destilaria assume-se como um projecto inovador e criativo. Exemplo disso é a imagem das garrafas, também ela diferenciadora e inspirada em antigos frascos de medicamentos, com rótulos e numeração colocados manualmente.

A Destilaria Dois Belos iniciou a produção com licor de ginja, seguido de mais quatro licores e uma aguardente, e, mais recentemente, criou dois tipos de gin: Dois Belos Gin do Vale e Dois Belos Gin Kratus. Todos os licores são produzidos com fruta fresca e processo tradicional, e os gins são destilados num alambique de cobre e enriquecidos com botânicos da propriedade da família Belo. O Dois Belos Gin do Vale é o primeiro gin totalmente produzido no concelho do Crato e é feito com 13 botânicos. Já o Dois Belos Gin Kratus é uma edição especial que replica a receita do Gin do Vale.

Mas a Destilaria Dois Belos também lança agora três tipos de licor: Licor de Ginja, Licor de Ginja Picante e Licor de Alfarroba. Já as aguardentes são duas, Dois Belos Aguardente de Medronho e Dois Belos Aguardente da Bica.

“Na Destilaria Dois Belos, mais do que produzir bebidas, recriamos sabores antigos e inventamos novos, enchemos garrafas que evocam memórias e transbordam sabores da natureza e cumprimos a tradição com os olhos postos no futuro”, afirma Nuno Belo.

Vinhos Adega de Borba com nova imagem

adega de borba imagem

A Adega Cooperativa de Borba aproveitou o lançamento das novas colheitas da gama Adega de Borba, de 2022, para apresentar ao mercado uma nova imagem destes vinhos. A marca, a mais importante do portfólio da Adega de Borba, mantém o distinto “B” na imagem dos rótulos, mas, segundo a empresa, “agora mais jovem e diferenciador […]

A Adega Cooperativa de Borba aproveitou o lançamento das novas colheitas da gama Adega de Borba, de 2022, para apresentar ao mercado uma nova imagem destes vinhos.

A marca, a mais importante do portfólio da Adega de Borba, mantém o distinto “B” na imagem dos rótulos, mas, segundo a empresa, “agora mais jovem e diferenciador e apelando aos valores de sustentabilidade que a empresa vem aprofundando ao longo dos últimos anos, e que foram recentemente reconhecidos com a certificação no Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo“.

Com origem em vinhas cultivadas em modo de Produção Integrada, os vinhos Adega de Borba de 2022 agora apresentados são três — branco, rosé e tinto — e têm um p.v.p. recomendado de €3,99. O branco é um lote de Roupeiro, Arinto e Antão Vaz; o rosé é feito de Aragonez e Syrah; e o tinto junta as castas Aragonez, Syrah e Alicante Bouschet.

Ainda de acordo com o produtor, “este novo ‘B’ remete-nos para a natureza onde as uvas são produzidas, e para o compromisso da Adega de Borba em trabalhar o vinho de uma forma sustentável. Sabemos que a nossa longa história no sector nos responsabiliza ainda mais perante a conservação dos recursos naturais que utilizamos nesta actividade, e queremos sublinhar a vontade de assegurar a perenidade dos mesmos para as gerações futuras. Fazer o melhor vinho só vale a pena se for compatível com melhor ambiente”.

Lobo de Vasconcellos: Alentejo e Douro, de frescura e carácter

lobo de vasconcellos

Foi há pouco mais de um ano que provámos os primeiros vinhos do projecto Lobo de Vasconcellos Wines, criado por Manuel Lobo de Vasconcellos, reconhecido enólogo da Quinta do Crasto, no Douro, e da Quinta do Casal Branco, propriedade ribatejana da sua família. Também da sua família é a Herdade da Perescuma (adquirida pelo avô […]

Foi há pouco mais de um ano que provámos os primeiros vinhos do projecto Lobo de Vasconcellos Wines, criado por Manuel Lobo de Vasconcellos, reconhecido enólogo da Quinta do Crasto, no Douro, e da Quinta do Casal Branco, propriedade ribatejana da sua família. Também da sua família é a Herdade da Perescuma (adquirida pelo avô de Manuel em 1968), na Vendinha, e foi nesse sítio alentejano que Manuel Lobo passou muitos momentos da sua infância, uma das razões que o levou a começar aí o seu projecto pessoal, juntando à vinha de Perescuma uma outra mais próxima de Évora, a Herdade do Zambujal do Conde, comprada pelo seu pai no início dos anos 80. Situadas a 27km uma da outra, ambas pertencem à sub-região de Évora e cada uma comporta mais de 500 hectares de terreno, no entanto, no Zambujal do Conde a vinha actual é de 2006 — 8,1 hectares com Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Touriga Nacional, Syrah e Verdelho — e na Perescuma, os 39 hectares de videiras dividem-se em parcelas de várias idades, com plantações desde 1955 até 2021 — com Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Syrah, Sousão, Verdelho, Sauvignon Blanc, Viosinho e várias outras na vinha de 1955, que é uma das mais velhas do Alentejo. Aqui, o solo é bastante fértil e tem boa capacidade de retenção de água, segundo Manuel Lobo.
É das uvas destes dois locais que são feitos os vinhos LV branco e tinto, Reserva branco e tinto, e agora também um Licoroso, da colheita de 2020 e apenas 1500 garrafas, um lote de Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão e Vinha Velha, vinificado em lagar com pisa a pé. Na apresentação das novas colheitas dos brancos e tintos, Manuel Lobo e a enóloga assistente Joana Silva Lopes surpreenderam a imprensa não só com este licoroso, mas também com o primeiro vinho do Douro da Lobo Vasconcellos Wines: o Vinha do Norte tinto 2019. Com origem na vinha mais a Norte do projecto, e com exposição Norte, plantada em 1985 em Nagoselo do Douro (perto de São João da Pesqueira), este tinto com o mesmo nome da vinha originou 5800 garrafas de 0,75cl, mais 203 magnum e 36 double magnum. Feito de Touriga Nacional, Touriga Francesa e Tinta Roriz, fermentou sete dias em cubas de inox, com posterior contacto pelicular de 10 dias, antes de ser suavemente prensado. Estagiou 20 meses em barricas de 225 litros de carvalho francês e o lote final resultou, de acordo com Manuel Lobo, da selecção das melhores barricas. Uma coisa é certa: logo na estreia, é um tinto que se vem juntar ao patamar dos topos do Douro.

Susana Esteban Tira o Véu do Vinyle Sem Vergonha… e Procura a vinha Centenária

Susana Esteban

Na procura por vinhas alentejanas que mostrassem potencial para reflectir os vinhos que pretendia fazer, Susana Esteban encontrou em Portalegre, concretamente na Serra de São Mamede, o “match” perfeito. Foi em 2011 — depois de já ter passado, enquanto enóloga, por vários produtores do Douro e do Alentejo — que assim iniciou o projecto em […]

Na procura por vinhas alentejanas que mostrassem potencial para reflectir os vinhos que pretendia fazer, Susana Esteban encontrou em Portalegre, concretamente na Serra de São Mamede, o “match” perfeito. Foi em 2011 — depois de já ter passado, enquanto enóloga, por vários produtores do Douro e do Alentejo — que assim iniciou o projecto em nome próprio, com base em duas vinhas: uma velha, em Salão Frio, com muitas castas misturadas e baixa produção, e outra com 25 anos (na altura), de Alicante Bouschet. Ao primeiro vinho, e em homenagem a este caminho, Susana Esteban chamou-lhe Procura.

Depois, veio o Aventura e, entretanto, surgiram também os Sem Vergonha, Cabriolet, Sidecar (vinho que a produtora faz sempre em parceria com um amigo convidado, na sua adega) e Tira o Véu. Hoje, Susana é reconhecida como uma das impulsionadoras desta “nova” Portalegre vínica, sub-região alentejana hoje muito valorizada, pela qualidade dos vinhos que lá nascem e carácter único dos terroirs nela inseridos, que se reflectem no líquido engarrafado.

Susana Esteban lançamento

Em Janeiro deste ano, Susana apresentou ao mercado novas colheitas dos já conhecidos Tira o Véu branco, Procura branco e tinto e Sem Vergonha tinto e, adicionalmente, as referências inéditas Vinyle, em branco, e os tintos A Centenária e Special Edition, todos sob a marca “umbrella” Susana Esteban. Quanto a estreias absolutas, o Susana Esteban Vinyle branco 2021 (1800 garrafas) vem de uma vinha centenária na serra e com mistura de castas tradicionais. Um terço dele fermentou e estagiou em duas barricas de 500 litros, onde já tinha vinificado o Sidecar 2020, que Susana fez com Emmanuel Lassaigne, produtor de Champagne. Emmanuel, “apaixonado por música e discos vinil” (inspiração para o nome do vinho) utilizava estas mesmas barricas para vinificar bases para os seus Champagne. O Susana Esteban A Centenária 2021, por sua vez, é o primeiro tinto da produtora feito exclusivamente de vinha velha, sem o “extra” de Alicante Bouschet. Tendo originado 2500 garrafas, estagiou em barricas de carvalho francês e resultou num vinho completamente luxuoso.

Já o Special Edition 2018 — com 60% de Alicante Bouschet, 20% de Touriga Nacional e o resto de “field blend” — é considerado por Susana como o “tinto mais especial” que produziu até hoje, com as suas “melhores uvas de Alicante Bouschet, de sempre”. Para o conseguir, seleccionou as 5 barricas que mais se destacaram, “pela enorme complexidade e capacidade de guarda”, diz. Antes do estágio de 3 anos em barricas usadas, o mosto vinificou em lagares. Depois, estagiou mais um ano em garrafa. Segundo Susana, não se sabe se o Special Edition voltará a existir. É, por isso, um vinho muito exclusivo. Além disso, originalmente existiam 1470 garrafas, e sobraram apenas 1300 de um “desgraçado acidente”, revela a produtora nascida em Tui.

Entre as referências já conhecidas de Susana Esteban, merece também destaque o branco Tira o Véu 2021 (2615 garrafas), aqui na sua segunda edição, feito com 30% de contacto com as películas (mantidas no vinho apenas até Dezembro), em ânforas revestidas a epoxy “com o objectivo de preservar a identidade da vinha”, diz Susana, que adianta ainda que “o contacto pelicular faz polimento do tanino”. O primeiro Tira o Véu foi de 2019, e chamou-se assim porque o vinho criou, acidentalmente, véu de flor na Primavera, daí o nome. O fenómeno passou a acontecer propositadamente, para se manter o conceito, e o branco estagia em ânfora até Julho. A vinha onde tem origem, por sua vez, tem cerca de 85 anos e várias castas misturadas, e está a 700 metros de altitude.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2023)

Rui Nabeiro: um ser humano fora do comum

Rui Nabeiro

TEXTO: Luís Lopes FOTO: Gonçalo Villaverde/Adega Mayor Aos 91 anos de idade, deixou-nos uma das pessoas mais extraordinárias que conheci ao longo das minhas quase quatro décadas de jornalismo. Das diversas vezes (ainda assim, não tantas quanto desejaria) que com Rui Nabeiro tive ocasião de privar e prolongar a conversa, deixou-me sempre profunda impressão, uma […]

TEXTO: Luís Lopes
FOTO: Gonçalo Villaverde/Adega Mayor

Aos 91 anos de idade, deixou-nos uma das pessoas mais extraordinárias que conheci ao longo das minhas quase quatro décadas de jornalismo. Das diversas vezes (ainda assim, não tantas quanto desejaria) que com Rui Nabeiro tive ocasião de privar e prolongar a conversa, deixou-me sempre profunda impressão, uma impressão nascida da certeza de estar a falar com alguém absolutamente em paz consigo e com o Mundo.

Conhecido, sobretudo, pelo “império de café” que construiu em torno da Delta (marca que tem para mim o apelo emocional de ter sido criada no ano que nasci, 1961), os apreciadores tiveram oportunidade de experienciar os vinhos da família Nabeiro a partir de 2007, com a fundação da Adega Mayor. Em Campo Maior, claro, como não podia deixar de ser.

De origens humildes, aquele que se tornou um dos mais notáveis empresários que Portugal viu nascer, nunca deixou de ser um filho de Campo Maior. E contribuir para a prosperidade desta vila raiana foi certamente um dos seus desígnios de vida. A forte consciência social que sempre o envolveu, a noção de que as pessoas e o seu bem-estar são fundamentais para o sucesso do negócio, caracterizam-no enquanto gestor e empresário. E essa “cultura Nabeiro” passou intocada da Delta para a Adega Mayor e de Rui Nabeiro para sua neta Rita, administradora da vertente vitivinícola do grupo.

O vinho era paixão antiga de Rui Nabeiro. Numa entrevista que me concedeu em 2012 explicou-me o porquê de ter avançado para este sector. “Gostei sempre do campo, da terra. E em Campo Maior existia tradição de os terrenos baldios serem divididos e entregues às pessoas, uma parte para a produção de trigo e cevada, outra para olival e vinha. Quando era miúdo, toda a gente ia para a adega fazer vinho. Havia também a produção de talhas de barro. Mas, gradualmente, foram-se perdendo essas tradições, até desaparecerem, nos anos 60. E eu sempre sonhei, um dia, poder imitar um dos meus avós e fazer um vinho meu”.

 

Rui Nabeiro fundou a Delta em 1961 e inaugurou a Adega Mayor em 2007

 

Na verdade, quando Rui Nabeiro decidiu fazer vinho, podia ter escolhido qualquer local do Alentejo para plantar vinha e fazer uma adega. Mas, para ele, só faria sentido se fosse em Campo Maior. Na sua visão, acredito, quase tudo só fazia sentido se fosse em Campo Maior. Perguntei-lhe um dia, não há muitos anos, o que teria acontecido se gostasse de desportos náuticos? Procurava trazer o mar para Campo Maior? Ele sorriu, com aquele sorriso aberto, inconfundível e contagiante, e meneou a cabeça, como que admitindo a possibilidade…

A entrevista de 2012 terminou assim: “Como acha que será recordado daqui a 50 anos?” A resposta diz tudo: “Se eu acabar bem, até ao final da minha vida, talvez venha a ser recordado todos os dias. Pelo menos em Campo Maior. Pois não há ninguém na vila que não tenha um familiar a trabalhar aqui…”.

Senhor Rui Nabeiro, permita-me hoje assegurar o que a modéstia lhe não permitiu na altura. Não apenas em Campo Maior e não apenas junto das muitas famílias que trabalham para as empresas do grupo. Acredito que o seu exemplo de vida vai perdurar no tempo. E que será sempre recordado como um empresário de referência e, sobretudo, um ser humano fora do comum.