Um brinde à elegância
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Todos sabemos que a Bairrada produz grandes vinhos, com muita personalidade e longevidade. Pela sua exclusividade e custos de produção elevados, não é uma região vocacionada para vinhos baratos. O caminho pode e deve ser outro. Mas […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Todos sabemos que a Bairrada produz grandes vinhos, com muita personalidade e longevidade. Pela sua exclusividade e custos de produção elevados, não é uma região vocacionada para vinhos baratos. O caminho pode e deve ser outro. Mas consegue ainda assim oferecer vinhos com qualidade e elegância a preços competitivos, sem sacrificar a identidade regional.
TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Para muitos a Bairrada continua sendo uma região misteriosa. É um desafio conseguir penetrar os seus segredos e desfrutar do encantamento de seus vinhos, cuja produção está documentada desde o período da civilização Romana.
Esta região rica em valores históricos e culturais situa-se entre dois importantes centros urbanos do país, Coimbra e Aveiro. É banhada ao norte pelo Rio Vouga e ao sul pelo Rio Mondego. No seu poente, encontram-se as areias das praias da Costa Nova, de Mira e da Figueira da Foz, e para a nascente as montanhas do Caramulo e do Buçaco. Grande parte de seus vinhedos estão localizados num verde planalto com leves ondulações entre o mar e a serra. A Bairrada tem um clima ameno com notável influência marítima. Chama a atenção devido à acentuada amplitude térmica que na época da colheita pode atingir 20ºC de diferença entre o dia e a noite. Essa forte influência marítima frequentemente impõe desafios devido ao excesso de chuva, entre 800mm e 1200mm, que em certos anos ameaçam a região durante a Primavera, mas principalmente na época do final do ciclo vegetativo, no início do Outono. Os solos mais adequados à vinha, principalmente de uvas tintas, são os solos argilosos com maior ou menor presença de calcário. Existem também solos de aluvião, xisto, quartzitos e solos arenosos propícios para uvas brancas e estilos de vinhos tintos mais leves.
A Bairrada possui longa tradição na produção de vinhos elaborados a partir de sua principal casta, a Baga. Outro diferencial pertinente é o facto de grande parte dos vinhedos de Baga na região possuírem 50 anos de idade ou mais. A Bairrada é certamente um dos locais mais desafiadores em Portugal para a produção de vinhos, especialmente tintos, por depender fortemente de uma variedade que possui um ciclo de crescimento longo, aliado a um clima imprevisível. A Baga na Bairrada é tão difícil de lidar quando o Pinot Noir na Borgonha. A verdade, porém, é que grandes riscos são frequentemente acompanhados de grandes recompensas, pois quando a natureza colabora e as uvas são vinificadas por mãos competentes, os resultados muitas vezes são fenomenais.
Existem, porém, métodos distintos e inúmeras alternativas incluindo a selecção de castas nos lotes, uso de engaço, técnicas de extração, e estágio em carvalho ou não. Estilos tradicionais, como o Quinta das Bágeiras Garrafeira, são vinificados em lagar aberto e sem desengace, envelhecidos em tonéis de madeira de grande porte e compostos unicamente pela casta Baga. São vinhos formidavelmente estruturados e exigem certo tempo de envelhecimento para revelar seu potencial. Por outro lado, uma abordagem moderna opta por eliminar ou utilizar apenas uma pequena percentagem dos engaços como é o caso da Niepoort na elaboração do seu rótulo Poeirinho, que tende a ser mais acessível e fácil de apreciar mais cedo, sem exigir um longo processo de envelhecimento em tonéis ou barris de madeira. A percepção de que a casta Baga é excessivamente adstringente e de que necessita de muito tempo para que seus taninos fiquem suaves é indevidamente generalizada e frequentemente mal compreendida.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Estilos muito diversos
Além de Baga, desde 2003, estão oficialmente permitidas uma multiplicidade de castas para elaboração de vinhos tintos incluindo Alfrocheiro, Aragonez, Bastardo, Camarate, Castelão, Jaen, Touriga Franca, Touriga Nacional e também Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, além de outras, que podem aparecer em lotes nas mais variadas proporções. Por esse motivo, os vinhos tintos da Bairrada, actualmente, denotam uma variação desconcertante de estilos. Se isso, por um lado, revela diversidade, por outro, gera muita confusão. E esta é uma das principais razões pela qual a compreensão dos vinhos da região escapa à maioria dos críticos internacionais, sem falar dos consumidores. Embora os estilos sejam diversos, o futuro que os vinhos tintos da Bairrada devem trilhar é bem mais claro: a região precisa focar-se na elaboração de vinhos de alta qualidade e onde a Baga desempenha papel dominante. Mário Sérgio, proprietário e enólogo da Quinta das Bágeiras, acredita que esse é o caminho para conseguir notoriedade nacional e internacional. Na opinião de João Póvoa, proprietário do projecto Kompassus, é preciso reunir condições para que seja possível efectuar uma rigorosa classificação e ordenação dos solos segundo a sua capacidade vitícola, para que no futuro os produtores possam ostentar no rótulo essa diferenciação.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34355″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Uma opinião válida desde que o produto tenha características organolépticas distintas. Esse pensamento segue a tendência de outras regiões como Marlborough, na Nova Zelândia e Mendoza na Argentina que, apesar de mais jovens, já estão se adiantando nesse aspecto. Com olhos no longo prazo, essa diferenciação certamente irá ocorrer em muitas regiões produtoras e a Bairrada não deveria ficar para trás.
Além disso, na opinião de Mário Sérgio, um dos principais perigos que a região enfrenta actualmente, é julgar que a visibilidade atingida pela casta Baga seja suficiente para pensar que já está quase tudo feito. Na verdade, ainda existe um trabalho muito importante a ser realizado. Um dos principais desafios, de acordo com João Póvoa, é a comunicação, que precisa ser feita de forma mais dinâmica, direcionada à um público mais jovem e com forte aposta no marketing digital. Em termos de comunicação, além de afirmar a qualidade dos vinhos brancos (de grande mineralidade, salinidade e longevidade) é preciso divulgar os atributos positivos dos espumantes, especialmente Blanc de Noirs e Rosé, e logicamente os tintos elaborados com a casta Baga que são únicos e raramente surgem em outras regiões. São vinhos elegantes e gastronómicos, mas sobretudo inimitáveis.
É geralmente aconselhável colocar as coisas em ordem antes de iniciar um programa de comunicação e marketing, mas no caso da Bairrada esse conceito deve ser ignorado, pois a região já conta com produtos de qualidade, enólogos respeitados e boa diversidade nos seus produtos. Porém, ao contrário do que muitos pensam, a Bairrada, com poucas excepções, não é propriamente uma região conhecida internacionalmente. Basta examinar a oferta de importadoras e cartas de restaurantes na Inglaterra, Alemanha, China ou Estados Unidos. Quando é possível encontrar um vinho da região, geralmente estão na carta devido à dedicação e ao trabalho de uma minoria de produtores que viajam incansavelmente para construir suas marcas. Encontram espaço devido à boa qualidade de seus produtos e permanecem na carta devido a uma forte relação forjada entre o produtor e os seus clientes ao longo do tempo. Nesses casos, a identidade da região não é o factor determinante para o comprador.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34354″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Pagar o preço justo
Agora é o momento para a região se unir, demonstrar confiança e agir, pois a tendência na busca por vinhos opacos, super encorpados e ultra concentrados já começou ceder espaço a vinhos com mais harmonia, pureza e que demonstram originalidade. Será a descoberta do potencial que a região possui que irá gerar maior procura, preços mais altos e consequentemente ajudará ao seu impulsionamento. Os produtores precisam e merecem obter um preço justo pelo seu trabalho.
A Bairrada é uma pequena região onde a economia de escalas é um desafio. A região precisa valorizar mais o trabalho dos seus pequenos viticultores. Não faz sentido apostar na qualidade dos vinhedos quando o preço da uva não atinge o valor pago por um quilo da casta Airén em La Mancha, um valor excessivamente inferior ao preço pago por um quilo de uva na região de Champagne que na última safra ultrapassou seis euros.
Preço justo é vital para que a mão de obra do sector vitivinícola seja protegida, bem como os vinhedos velhos de Baga que devem ser preservados para evitar que seja, substituídos por variedades internacionais como Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon. Não faz sentido vender matéria prima por um preço baixo a empresas que não tem intenção de ajudar reforçar a imagem da região.
O que actualmente auxilia países como o Chile e Austrália a melhorar sua imagem junto de profissionais e consumidores é o trabalho que está sendo feito por uma geração de enólogos jovens que buscam matéria prima de pequenas parcelas, vinhedos velhos, demonstram a sua criatividade elaborando vinhos com personalidade e excelente qualidade, e contam a sua história com convicção. Nesse caso, como o volume de produção é restrito, a distribuição é feita por empresas de menor porte que realmente se preocupam em vender produtos de qualidade e contar a história, ajudando assim o produtor e a região a construir uma boa imagem. Esse é o caminho que deve ser trilhado pelos produtores da Bairrada, que não anseiam vender grandes volumes, mas sim oferecer produtos autênticos, de qualidade, a preços justos. A região necessita imperativamente atrair jovens vitivinicultores, com boa formação e ambição para ajudar com esse trabalho.
A Bairrada é uma região produtora de vinhos rica de história. Conta com excelentes vinhos e precisa urgentemente comunicar isso sem timidez, com energia e fazer esse trabalho em conjunto. O que a maioria dos profissionais e consumidores estão buscando actualmente são vinhos mais autênticos, com harmonia, e a Bairrada oferece vinhos que esbanjam elegância e frescura que vão justamente ao encontro dessa tendência.
Não tenho dúvidas que, no futuro, a região deverá preocupar-se menos com a quantidade e valorizar a qualidade acima de tudo. A lista de vinhos que agora provei inclui vinhos de produtores respeitados, mas propositadamente não são os seus topo de gama, em muitos casos são os vinhos de entrada. Por esse motivo podem até não representar o que a região deve aspirar a ser no futuro. Mas são vinhos que oferecem excelente custo e benefício e servirão para atrair consumidores, ajudando-os entender que os vinhos da Bairrada são únicos: vibrantes, frescos, elegantes, e gastronómicos. A Bairrada continua sendo uma região misteriosa para muitos consumidores, mas chegou o momento de o mundo descobrir os seus segredos e brindar à elegância que os vinhos da região tem para oferecer.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]
Edição Nº22, Fevereiro 2019
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CONGRESSO BAGA: A CASTA, O VINHO, A REGIÃO
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Cantanhede foi anfitriã, no final de Novembro, de um congresso com uma protagonista muito especial: a Baga, rainha da Bairrada. TEXTO Mariana Lopes É a uva identitária da região, a estrela da longa-metragem que é a história […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Cantanhede foi anfitriã, no final de Novembro, de um congresso com uma protagonista muito especial: a Baga, rainha da Bairrada.
TEXTO Mariana Lopes
É a uva identitária da região, a estrela da longa-metragem que é a história da Bairrada. Não é, de todo, consensual, mas tem provado o que vale, sobretudo nas últimas duas décadas. Tintos e espumantes são as suas valências, mas agora é-lhe lançado um novo desafio: ser embaixadora, colonizar o mundo com Bairrada, o que já sabemos não ser tarefa fácil. Mas é possível, com uma boa estratégia, e a Baga não pode ficar fora dela.
Esta foi uma das situações abordadas no Congresso “Baga: a casta, o vinho, a região”, que começou na noite de 29 de Novembro com uma visita à Adega Cooperativa de Cantanhede. Fundada em 1954, e quase a completar 65 anos de existência, esta é uma das mais antigas do país, do seu género. Com 1200 associados, dos quais 550 estão activos, abastece-se de cerca de 1000 hectares de vinha, no total. Tendo em conta que se trata de uma região de minifúndio, estamos a falar de muitos pedaços de terra, pequenos jardins de videiras intervalados. Assim, é o maior produtor da região, representando 40% da produção da mesma. Este número de sócios activos também significa que há poucas famílias de Cantanhede que não estejam ligadas à Adega, o que reforça o facto de as adegas cooperativas, de todo o país, terem um papel social muito importante nas localidades onde se encontram.
A Adega Cooperativa começou a fazer espumante há 30 anos e hoje produz mais de um milhão de garrafas (apenas método clássico), de nove referências, com estágios dos nove aos 48 meses, o que perfaz 35% do seu volume de negócio. Os tintos e os brancos com preponderância de Baga e de Arinto, sob a marca Marquês de Marialva (também em espumante), a mais importante da casa, e outras como Foral de Cantanhede que completam a gama. O piso inferior da cave de estágio e armazenamento de espumantes foi, há 30 anos, um conjunto de cubas subterrâneas. O espaço onde estão agora as pupitres e as garrafas empilhadas esteve, outrora, submerso em vinho… poético, no mínimo.
O enólogo é Osvaldo Amado, que, incontestavelmente, domina a arte de, com uvas de 1000 hectares, fazer vinhos de franca qualidade em distintos segmentos de preço, numa gama transversal a todo o universo de consumidores, que não esquece a tipicidade do terroir. Para isso, inevitavelmente, a qualidade da matéria-prima tem de ser elevada e, de forma a que assim seja, a Adega de Cantanhede faz um trabalho específico junto dos associados e adequado a cada situação, oferecendo constantemente acções de formação para os seus viticultores.
Na manhã do dia das conferências, foi a vez da Quinta de Baixo, em Cordinhã, propriedade da Niepoort, mostrar o que faz e onde faz. Nos seus 20 hectares de vinha, 90% é Baga e o resto Bical, Cercial, Rabo de Ovelha e outras. Numa aproximação cada vez mais artesanal, produzem totalmente em biodinâmica e estão a diminuir gradualmente o uso da máquina, apesar de, segundo o enólogo Sérgio Silva, ser muito difícil arranjar mão-de-obra. “As vinhas é que fazem os nossos vinhos”, disse, explicando que só utilizam uma quantidade mínima de sulfuroso no engarrafamento e nenhum outro produto nem correcção. “Nesta zona, temos mais facilidade em amadurecer a Baga, mas também perdemos acidez com facilidade. Para contrariar isso, vindimamos mais cedo, o que resulta em vinhos mais leves, mais ácidos e com menos cor.” Entre as marcas Poeirinho, Lagar de Baixo, Gonçalves Faria, VV Vinhas Velhas, Drink Me Nat Cool, Niepoort e Água Viva, a Quinta de Baixo produz cerca de 100 mil garrafas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34167″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Baga, objecto de estudo
O congresso Baga teve lugar no BIOCANT, um moderno parque de investigação na área da biotecnologia, em Cantanhede, e o painel de oradores foi de luxo. Num auditório completamente esgotado, entre mesas redondas e comunicações individuais, ao longo de todo o dia 30, várias foram as ideias e conclusões que delas saíram, sempre com a mesma coisa em mente: Baga, Baga, Baga.
“Ainda por cima, fácil de pronunciar”, como disse o Master of Wine Dirceu Vianna Júnior. Esse é o primeiro “check” na lista de razões pelas quais esta casta deve ser a engrenagem que faz andar o comboio de diversidade que é a Bairrada. Cada carruagem, um terroir único para a uva rainha, numa composição feita de Cantanhede, Ancas, Óis do Bairro, Aguim, Vale de Cadoiços entre outros “spots” de excelência… se juntarmos isso à plasticidade da Baga, as possibilidades são imensas no que toca aos perfis que pode originar.
Na apresentação “Zonagem: os terroir da Bairrada”, os enólogos Francisco Antunes e João Soares relevaram a importância que a identificação de sub-regiões específicas tem ao nível da valorização do produto e da potenciação da melhor casta para cada local. As vinhas velhas, nomeadamente as plantadas antes de 1985, devem também ser identificadas e estudadas. Tendo em conta que os dois grandes tipos de solo da Bairrada são os argilo-calcários e os arenosos, os oradores esclareceram que argila e calcário é a base de solo indicada para a casta Baga, sendo a areia menos adequada e aconselhada para castas brancas ou outras variedades tintas. Apesar da importância da zonagem, “esta é difícil na Bairrada”, concluíram, precisamente por causa da plasticidade da casta e da heterogeneidade dos solos, muitas vezes no mesmo local.
Tudo isto foi ao encontro à tese de César Almeida, da Estação Vitivinícola da Bairrada, na comunicação “Viticultura: a Baga na Vinha”. César defendeu que, sendo a Baga apta para tintos e espumantes, o trabalho na vinha deve ter em conta o destino a dar às uvas. Reforçou, também, que é mais difícil obter boas uvas para tinto do que para espumante, sendo necessário possuir o terroir certo para originar a Baga de melhor qualidade, o que exige muito trabalho na vinha: a poda em verde, para limitar a produção, é essencial. Isto gera, naturalmente, custos de produção elevados, mas o potencial para gerar grandes vinhos é enorme, e isso tem de ser valorizado no mercado.
No momento “Investigação: o apuramento da casta”, por Antero Martins e Elsa Gonçalves, do Instituto Superior de Agronomia, o público ficou a saber que estão identificados cerca de 200 clones de Baga, com características muito distintas, sete deles já selecionados e homologados, que chegarão aos viveiristas no final do próximo ano. Posto isto, o par esclareceu que, qualquer que seja a opção do viticultor, é sempre desejável a variedade clonal na vinha, pelo que se deve plantar ou com material policlonal/seleção massal ou, quem plantar com os clones selecionados, deverá utilizar o máximo possível, idealmente os sete.
Ao ínicio da tarde, uma mesa redonda sobre “Enologia: interpretar a Baga na adega”, com Anselmo Mendes, Luís Pato, Mário Sérgio Nuno, Osvaldo Amado e Sérgio Silva. Aí ficou claro que o conceito, ou estilo de vinificação, é determinado pela dimensão do projecto vinícola e pela vontade do enólogo/produtor. Mas acima de tudo que a Baga pode ser elemento unificador entre os produtores da região, o que é essencial à boa promoção. No final, uma afirmação de peso: o bom vinho Baga, seja qual for o seu estilo ou perfil, não deverá ser barato.
Depois, Pedro Soares dissertou sobre o projecto Baga Bairrada. O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada esteve envolvido na criação deste cluster que consiste em espumantes feitos de Baga, com regras específicas de produção e de estágio. Começou com cinco referências, hoje são 23. O objectivo foi criar valor para a região e a casta, tendo em conta de que a sua aptidão para espumantes únicos é elevada, aproveitando o know-how ímpar que a Bairrada tem na sua produção. Sinal de sucesso, desde o começo deste trabalho, é o facto de o valor pago ao viticultor pelas uvas Baga ter aumentado. Pedro Soares descortinou, também, que o próximo passo será estender, progressivamente, o tempo de estágio, como forma de valorizar ainda mais o produto na qualidade e no preço.
Dirceu Vianna Júnior frisou a importância da comunicação em “A Baga como factor de identidade regional”. Sem reservas, afirmou que a Baga já mostrou ser casta certa para a Bairrada: tem autenticidade, identidade, expressa o terroir e é uma casta completa, originando grandes vinhos sem necessitar da ajuda de outras. Por isso, apelou: “É preciso valorizar o vinho e com isso valorizar a terra. O custo da vinha na Bairrada é demasiado baixo para os vinhos que é capaz de originar!” Numa análise da região, referiu que a Bairrada enfrenta desafios de imagem e sublinhou a necessidade de profissionalização e mais massa crítica. Lançou uma provocação: “É necessário valorizar a terra e a uva, à imagem de outras denominações de origem do mundo. Em 1990, até a terra em Champagne valia muito menos, mas fez o seu caminho.”
O congresso acabou com Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, que lembrou que durante décadas Portugal esteve focado no turismo de praia e de sol, mas que agora vende cultura, história e gastronomia. Neste modelo turístico, a Bairrada é, sem dúvida, um produto com imenso potencial. “O vinho, quando contado pelo produtor, deixa marca duradoura”, disse, e destacou que é imperativa uma aproximação às novas tendências, nomeadamente online.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34166″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Uma prova imperdível
No último dia de actividades, Luís Lopes, director da Grandes Escolhas, conduziu uma prova elucidativa, com treze tintos com Baga no lote ou a 100%, de toda a região. Foram nomes como Quinta do Encontro, Prior Lucas, Quinta de S. Lourenço, Foral de Cantanhede, Aliança, Messias, Kompassus, Quinta de Baixo, Aliás, Campolargo, Giz, Luís Pato e Quinta das Bágeiras. A ideia foi mostrar o terroir da região que, segundo Luís Lopes, pode ser algo abrangente ou mais específico, o de uma vinha, por exemplo. Falou sobre a origem da casta, contando ser uma uva pré-filoxérica que provavelmente nasceu no Dão mas que foi na Bairrada que assumiu a sua máxima qualidade. “A Baga produz muito, e é por isso que se torna uma casta difícil. É uma uva cara, porque requer muita atenção na vinha. Tem película tão fina que facilmente apodrece com a chuva. No entanto, é extremamente plástica e é, na minha opinião, a que mais contribui para a grandeza, identidade e longevidade dos vinhos da região”, explicou.
Para encerrar o evento, João Póvoa abriu a sua adega e contou sobre a Kompassus, o seu projecto actual. Para um cirurgião oftalmologista que cresceu com a agricultura, o vinho não é apenas um negócio, pois com ele mantém uma relação de extremo afecto. Além da inigualável jornada gastronómica bairradina, de sua autoria, que proporcionou aos jornalistas convidados, deu a provar os seus vinhos Baga de 1991, 1994, 1996 e 1997, entre outros mais jovens. “Isto é a Bairrada”, murmurei em silêncio, “só falta o mundo saber.”
Edição Nº21, Janeiro 2019
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
Baga Friends: Unidos pela casta rainha da Bairrada
Os sete amigos da Baga foram, em Setembro passado, anfitriões de mais um evento dedicado à casta e à Bairrada, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Uma masterclass de luxo, dada pelo grupo, foi o momento alto. TEXTO Mariana Lopes FOTOS João Rico/Baga Friends Os Baga Friends são António Rocha (vinhos Alexandre de Almeida – […]
Os sete amigos da Baga foram, em Setembro passado, anfitriões de mais um evento dedicado à casta e à Bairrada, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Uma masterclass de luxo, dada pelo grupo, foi o momento alto.
TEXTO Mariana Lopes
FOTOS João Rico/Baga Friends
Os Baga Friends são António Rocha (vinhos Alexandre de Almeida – Hotel Palace do Bussaco), Dirk Niepoort, Filipa Pato, François Chasans (Quinta da Vacariça), Luís Pato, Mário Sérgio Nuno (Quinta das Bágeiras) e Paulo Sousa (Sidónio de Sousa). A missão do grupo é nobre: colocar a Baga nas bocas do mundo, mostrar a sua origem e todas as suas potencialidades, num regime de “juntos somos mais fortes”. E são. Cada um com personalidade muito própria, no vinho e na pessoa, perfazendo um bando cool mas bem organizado, levando a sério o intento.
Para o evento vieram jornalistas estrangeiros, nacionais, sommeliers portugueses e de outros países e vários líderes de opinião de diferentes ofícios. Um dos pontos altos foi a masterclass de abertura, sob o tema Sete Terroirs da Baga, na qual cada produtor apresentou um vinho, explicando os seus “comos” e “porquês”. Luís Pato introduziu: “Queremos mostrar o melhor da Baga e também passar uma imagem de qualidade, consolidada por este grupo. Estamos a trabalhar juntos para mostrar que a Baga é a melhor, de várias maneiras.
Dirk Niepoort começou por uma confissão: “O meu grande amor sempre foi a Bairrada, que é uma região complicada, mas interessante. Em cada pedaço de terra é possível ver variedade”; e deu o mote à apresentação do seu vinho, o Poeirinho 2015, de vinhas situadas em Cantanhede, explicando que “Poeirinho é um clone antigo da Baga, e eu gosto das coisas antigas”. Seguiu-se Filipa Pato, que, em dupla com William Wouters, trouxe o tinto Filipa Pato Território Vivo 2015. “Vindo do mundo dos sommeliers e da comida, tenho de dizer que a Baga vai muito bem com fine cuisine”, disse William. Óis do Bairro, sítio das vinhas de 60 anos de onde vem este vinho, é um dos lugares mais altos da Bairrada, onde o casal mantém uma grande biodiversidade e interacção. Filipa esclareceu: “Como jovem produtor, achamos que é importante manter as tradições e as vinhas velhas, recorrer às pessoas novas e às antigas.”
Depois, Luís Pato deu a provar o seu Vinha Pan 2015, da vinha da Panasqueira, que fica entre São Lourenço do Bairro e São Mateus. O Buçaco Vinha da Mata 2015 foi o que surgiu de seguida, um vinho com 75% de Baga de uma vinha situada em plena Mata do Buçaco e 15% de Touriga Nacional do Dão, uma curiosidade que se destina quase praticamente ao consumo no Hotel Palace do Bussaco. Mário Sérgio Nuno e o filho Frederico Nuno trouxeram o Quinta das Bágeiras Garrafeira 2015, de uma vinha plantada há mais de cem anos, em Ancas. “Fazemos duas colheitas nesta vinha, uma primeira que se destina a espumantes e a segunda para vinho tranquilo”, explicou Mário Sérgio.
O sexto vinho apresentado foi o Sidónio de Sousa Garrafeira 2015, por Paulo Sousa e pelo seu filho Afonso, que contou um pouco da história da empresa: “Começámos há mais de cem anos a produzir para outras casas. Em 1985, a produção passou a ser em nosso nome e com o nosso nome. Sidónio de Sousa, o meu avô, tem 88 anos e ocupa-se da vinha, enquanto que o meu pai está mais na adega.” François Chasans introduziu o Quinta da Vacariça Garrafeira 2015, um tinto pujante nos taninos que, à semelhança das edições anteriores, mostrou que se manterá novo por bastante tempo. Por último, o vinho do grupo, Baga Friends 2015, um lote para o qual todos os elementos contribuíram com 200 litros da sua melhor Baga, o que originou 1.400 garrafas, cem em formato magnum. Um vinho super-interessante e único, não fosse ele feito de sete Bagas de terroirs distintos.
Outro momento de destaque foi a prova livre, onde cada Baga Friend expôs os seus vinhos (da Bairrada), novos, velhos e dos mais variados estilos. Porque a Bairrada, apesar da sua média dimensão, é uma cartola mágica de diversidade vínica, desde as pessoas, aos recantos de terra e a todas as variedades neles plantadas. Mas quem fica é pela Baga, uma viagem sem retorno.
Edição Nº18, Outubro 2018
Brancos do Douro, carácter e sedução
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A produção de uvas brancas na região duriense é muito antiga, mas esteve durante mais de um século associada ao Vinho do Porto. Por essa razão, a localização das vinhas, a altitude ou as castas usadas não […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A produção de uvas brancas na região duriense é muito antiga, mas esteve durante mais de um século associada ao Vinho do Porto. Por essa razão, a localização das vinhas, a altitude ou as castas usadas não eram factores preponderantes. Mas tudo isso mudou e hoje a região pode, com orgulho, mostrar os seus grandes vinhos brancos.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Na tradição portuguesa mais antiga, o Douro, tal como as outras regiões, produzia uvas brancas e tintas, não raramente misturadas na mesma vinha e vindimadas em simultâneo. Esse lote feito na vinha marcou a forma de trabalhar e de pensar o vinho durante séculos; o método era válido para os tintos – com as castas misturadas – mas era também para os brancos. Ainda hoje se encontram no Douro vinhas centenárias onde apenas pontificam cepas de uvas brancas e nessa “misturada” encontramos um lote muito alargado de castas e por vezes até uvas de mesa, tradicionalmente mais vocacionadas para serem comidas do que usadas para fazer vinho.
A vinificação destas uvas para fazer um branco não generoso não foi, ao longo do séc. XX, prática que interessasse a muitos produtores e foram assim bastante escassas as marcas com alguma expressão comercial. Neste capítulo temos de recordar as etiquetas quer da Real Vinícola quer da Real Companhia Velha que, enquanto empresas fortemente concorrentes, iam criando marcas à medida da “resposta a dar” à empresa rival. Assim, rótulos como Grandjó, Evel, Grantom, Granléve, Marquis de Soveral eram conhecidos dos apreciadores, mas a palavra Douro nem andava associada a estes vinhos. Era a época em que a região não estava demarcada para vinhos DOC mas apenas para vinhos do Porto e onde proliferavam muitas adegas cooperativas que acabavam por abranger quase todas as escolhas de vinhos da região.
Alguns brancos eram também o resultado de lotes de vinhos de várias proveniências (algo não comunicado ao consumidor), mas a circulação pela restauração tinha algum significado; vinhos como Monopólio (Constantino) ou Lello (Borges) marcavam o terreno nos anos 60 e 70, tendo ainda nessa década surgido o Quinta do Côtto. Em verdade se diga que apresentar a alguém um branco de referência do Douro era tarefa ingrata; além de faltar massa crítica, havia pouco conhecimento sobre a potencialidade das castas brancas. Esse quadro manteve-se até aos anos 80 do século passado, quando se começou a estudar e a fazer microvinificações das castas mais conhecidas da região. A necessidade de fazer um estudo com validade estatística levou ao inevitável afunilamento do número de variedades, situação que se manteve até há poucos anos, quando alguns produtores começaram a vinificar castas tradicionais caídas em desuso. Estamos agora em período de intenso experimentalismo, sentindo-se um interesse cada vez maior pelas castas que estiveram fora de moda. E não são só os produtores de DOC Douro que lhes estão a dedicar mais atenção, são também empresas totalmente vocacionadas para o Vinho do Porto, como é o caso da Fladgate Partnership.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Altitude e exposição solar”][vc_column_text]Altitude e exposição solar
É comummente aceite que a altitude, sobretudo numa zona de clima quente como o Douro, pode jogar um papel determinante nos vinhos que origina. É assim normal que as melhores uvas para branco venham de vinhas da cota 500 metros ou acima disso, zonas já não utilizadas para a produção de Vinho do Porto. Aí se conseguem uvas com grande frescura e acidez elevada, condição indispensável para se conseguir um bom vinho branco.
Mas o Douro é muito extenso e muito diversificado e, em consequência, é possível encontrar boas parcelas que desafiem aquela lógica da altitude. Aqui então já não estamos a falar de altitude, mas sim de localização e de exposição solar. Nas duas margens do rio encontramos vinhas que, estando abaixo daquela cota dos 500m, podem também originar vinhos complexos e ricos. Estamos a pensar em encostas viradas a norte, menos castigadas pelo escaldão estival e que conseguem conservar uma boa acidez nas uvas.
Para Jorge Moreira, enólogo e produtor na região (Poeira, La Rosa e Real Companhia Velha), o mais importante é conseguir-se uma boa maturação, mas em que se conserve a acidez e, neste ponto, a localização da vinha é fundamental.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”28990″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em zonas mais extremadas de clima, quer para o lado seco quer para o lado mais pluvioso da região, é mais difícil. Mas Jorge é peremptório ao afirmar que existe “ainda pouca experiência de vinhos brancos no Douro, falta estudar as castas que estiveram esquecidas e que podem dar grandes resultados”. Samarrinho e Donzelinho são castas agora a serem trabalhadas na Real Companhia Velha e que podem “renascer das cinzas”, regressando ao lote das eleitas da região.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”As zonas de eleição”][vc_column_text]Já no que respeita às variedades mais plantadas, Jorge coloca um pé no “bloco central” – Viosinho e Gouveio –, enquanto pilares dos brancos durienses, mas é especialmente apreciador de outras, como a Arinto e Boal; em relação a outras variedades, tem menos apreço pela Malvasia Fina e pelo Moscatel, sobretudo usado em lote. “Mas”, diz, “há outras que conheço mal e que ainda tenho pouca experiência, como a Códega do Larinho.”
Fica a dúvida: há castas específicas de cada uma das três sub-regiões durienses (Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior)? Jorge Moreira tem uma resposta segura: “Rabigato é claramente do Douro Superior, enquanto Malvasia Fina e Códega são claramente do Baixo Corgo; no entanto quero deixar claro que temos muito a esperar das castas que estamos a redescobrir e que que nos irão ajudar à diversidade, algo que nas últimas décadas se perdeu no Douro. E isto é válido tanto para tintos como brancos.”
Já o também enólogo e produtor Jorge Borges (Guru, Manoella) acrescenta o Arinto às duas atrás citadas e foi esse trio que plantou numa pequena vinha de 2,5ha nas zonas altas. É de resto na faixa que vai de Murça até Carrazeda de Ansiães que Jorge Borges situa a melhor zona para a produção de grandes brancos, “porque tem uma mistura de zonas de xisto com granito e porque, do ponto de vista climático, oferece um clima mais abrigado onde se conseguem maturações de boa qualidade”.
As experiências de João Nicolau de Almeida nos anos 80 na empresa Ramos Pinto e os trabalhos sobre viticultura que partiram dos investigadores da Universidade de Trás-os-Montes ajudaram a que os brancos reconquistassem o gosto dos consumidores. A marca Duas Quintas surgiu nos inícios dos anos 90 e mostrou que, com tecnologia moderna, era possível fazer vinhos de grande longevidade, o que sucessivas provas verticais têm vindo a demonstrar. Até aparecer o Duas Quintas Reserva, já com fermentação em barrica, colocava-se a dúvida sobre a capacidade desses vinhos feitos em inox resistirem ao tempo. Há mesmo, segundo Jorge Moreira, algumas castas como o Arinto e Samarrinho que até ganham em serem vinificadas apenas em inox. Os anos 90 foram assim tempos de experimentação onde de tudo isso se falou e discutiu e onde os consumidores foram ouvindo falar de zonas de eleição para a produção de brancos: Murça, Alijó, S. João da Pesqueira, Favaios, entraram aos poucos no léxico dos apreciadores.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”O papel da barrica”][vc_column_text]No Douro, tal como noutras regiões, começou-se nos anos 90 a usar a barrica para fermentar brancos. Resta saber se, para se fazer um bom branco do Douro, é ou não preciso recorrer à fermentação em barrica e, na sequência, em que tipo de barrica. Nova é indispensável? De segunda e terceira utilização é mais útil? Velha é o caminho a seguir?
Foi seguindo os ditames das modas de então que surgiram os primeiros vinhos fermentados em barrica nova, algo totalmente inovador e surpreendente que animou debates e conversas. No entanto, de então para cá, muito se experimentou e muito a investigação sobre barricas avançou para se chegar à fórmula actual: pouca barrica nova, maior percentagem de barrica usada e, prática cada vez mais generalizada, uso de barricas velhas.
Mas a fórmula não é mágica. Jorge Borges confessa que gosta de usar barrica com 3 ou 4 anos, mas que depois dessa idade passa a usar essas barricas apenas para tintos. E, ao contrário do que aconteceu com os primeiros brancos da marca Guru, a versão mais recente tem pouco mais de 10% de barrica nova e o resto com a idade citada. É determinante usar barricas para fazer um grande branco porque “a barrica confere estabilidade e conservação ao vinho, dando-lhe mais resistência à oxidação; a madeira muito velha acaba inevitavelmente por conferir aromas do tipo ranço e favorece a acidez volátil e, por isso, há que ter o máximo cuidado”, explica Borges.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”40″][image_with_animation image_url=”28992″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] E reforça: “Não é por ser velha que a madeira é boa para brancos; pode ser mas também pode correr mal.” Luís Sottomayor, enólogo da Sogrape, confessa estar ainda numa fase de experimentação de barricas e tem utilizado a madeira sobretudo para o final da fermentação e estágio dos brancos, não tendo ainda ainda certezas quanto às castas, a não ser a Arinto, que, “como tem muito boa acidez, pode aguentar bem a fermentação em madeira”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”CASTAS BRANCAS DO DOURO” color=”black”][vc_column_text]O Douro tem um grande número de castas brancas e nas vinhas velhas encontram-se variedades bem antigas, de nomes exóticos como Praça, Malvasia Parda, Trincadeira Branca, Reconco, Chancelar, Rabigato Miranda, Samarrinho ou Donzelinho Branco. Arinto ou Fernão Pires, uvas transversais a todo o Portugal, têm também um papel importante no Douro, tal como a Códega (a Síria/Roupeiro). Mas as que se seguem serão talvez as que mais contribuem para a identidade dos modernos brancos durienses.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”VIOSINHO”][vc_column_text]Conhecida no Douro desde o séc. XVIII. Está presente em quase todas as novas plantações do Douro, produz vinhos bem estruturados, aromáticos e intensos, embora lhe falte por vezes alguma acidez, sobretudo nas cotas mais baixas. Aromas e sabores de marmelo, ananás, citrinos maduros.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”GOUVEIO”][vc_column_text]Referida desde o séc. XVI, é no Douro (e não só) chamada muitas vezes de Verdelho, o que origina confusão com o Verdelho madeirense. É a mesma uva que o Godello da Galiza. Bastante adaptável a diferentes solos e climas, consegue uma boa maturação sem perder acidez, originando vinhos de boa intensidade aromática (pêssego, maçã) e equilíbrio.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”MOSCATEL GALEGO”][vc_column_text]A família Moscatel (nas suas muitas variantes) é provavelmente a mais antiga família de uvas conhecida. O Moscatel Galego duriense (conhecido internacionalmente como Muscat à Petit Grain) está sobretudo plantado no planalto de Alijó e Favaios, acima dos 500 metros de altitude. Muito aromático, floral, exuberante, marca presença em lotes de brancos mais simples, mas começam a aparecer alguns varietais ambiciosos. Para além de fazer o licoroso Moscatel do Douro, claro.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”RABIGATO”][vc_column_text]Mencionada desde o séc. XVI, marcando outrora presença um pouco por todo o país, está hoje centrada sobretudo no Douro. De baixa produtividade, com muita acidez natural, boas notas citrinas, perfeita para lotes com outras castas mais ricas, mas menos frescas.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”CÔDEGA DO LARINHO”][vc_column_text]Casta típica do Douro e Trás-os-Montes. Bem produtiva, aromática (frutos tropicais, flores silvestres) mas muitas vezes com baixa acidez (sobretudo se plantada em cotas mais baixas), necessitando da companhia de castas mais ácidas, como Gouveio e Rabigato.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”MALVASIA FINA”][vc_column_text]A Malvasia Fina (o Boal da Madeira) está bem presente nas vinhas velhas e também em plantações mais recentes no Douro. De produtividade elevada, é muito aromática e perfumada (quase melosa, por vezes), ganhando boa maturação. Quando vindimada cedo, e em cotas altas, consegue conservar a frescura. [/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”O que faz falta”][vc_column_text]Tal como em muitos outros items que aqui poderíamos enumerar, falta informação ou, se se quiser, quem dê a informação técnica que o trabalho agrícola requer. Jorge Borges lembra-nos que não há um organismo técnico no âmbito do IVDP que seja conselheiro de um lavrador que queira plantar uma nova vinha, “não há quem venha ver as condições específicas do local para sugerir o que plantar, como plantar, se é zona de brancos ou se é de tintos, se é melhor plantar esta casta ou aquela; é verdade que existe a ADVID mas é uma associação, o que quer dizer que é preciso ser-se sócio para ter apoio técnico”. Sobre o tema, quisemos também ouvir a opinião de Rosário Janeiro, técnica da Sogrape, que lembrou que os pequenos lavradores, se quiserem reconverter uma vinha, podem apresentar candidaturas agrupadas, mas a candidatura isolada não tem apoio técnico; o próprio Centro de Estudos Vitivinícolas da Régua não tem equipas no terreno, confirmando-se assim os receios expressos por Jorge Borges.
Das opiniões que recolhemos, fica-nos a sensação de que o Douro branco é assunto ainda em progresso e falta mais tempo e experiência para se tirarem conclusões; as castas bancas já têm um “núcleo duro”, mas nos próximos anos poderá haver notícias interessantes nesta matéria; a vinha velha (mais de 40 anos, segundo Jorge Borges) é o local onde se podem produzir brancos de melhor qualidade e longevidade; as zonas altas da região tendem a gerar mostos mais equilibrados e as barricas, indispensáveis a um grande vinho, deverão ser maioritariamente usadas. Estas serão as ideias-chave, as excepções existem para confirmar a diversidade e grandiosidade da região duriense.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”28999″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]
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Santos da Casa
Branco - 2016 -
Quinta de Ventozelo
Branco - 2016 -
Casa Burmester
Branco - 2016 -
Busto
Branco - 2016 -
Secretum
Branco - 2016 -
Quinta da Romaneira
Branco - 2017 -
Crasto Superior
Branco - 2014 -
Altano
Branco - 2016 -
Vinha dos Pais
Branco - 2016 -
Vallegre
Branco - 2016 -
Titan of Douro Vale dos Mil
Branco - 2016 -
Quinta da Pedra Escrita
Branco - 2016 -
Poeira
Branco - 2016 -
Muxagat Os Xistos Altos
Branco - 2014 -
Maria de Lourdes
Branco - 2016 -
Dona Berta Vinha Centenária
Branco - 2017 -
Vallado
Branco - 2017 -
Meruge
Branco - 2016 -
Duas Quintas
Branco - 2017 -
Antónia Adelaide Ferreira
Branco - 2015 -
Redoma
Branco - 2017 -
Mirabilis
Branco - 2016 -
Maritávora
Branco - 2015 -
Maria Izabel Vinhas Velhas Vinhas da Princesa
Branco - 2015
Edição Nº16, Agosto 2018
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Bairrada de Excelência, em Lisboa
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Lisboa recebeu um evento da região da Bairrada que deu a mostrar um belo leque de vinhos desta região. Foi apenas para profissionais, mas correu muito bem. TEXTO António Falcão FOTOS Ricardo Palma Veiga Bairrada de Excelência […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Lisboa recebeu um evento da região da Bairrada que deu a mostrar um belo leque de vinhos desta região. Foi apenas para profissionais, mas correu muito bem.
TEXTO António Falcão FOTOS Ricardo Palma Veiga
Bairrada de Excelência foi o nome dado a este evento, que ocupou uma só tarde e decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A iniciativa foi da Comissão Vitivinícola da Bairrada, presidida por Pedro Soares, e teve a produção da Grandes Escolhas. O evento reuniu um invejável conjunto de produtores da região e teve a presença de algumas centenas de profissionais da restauração e do retalho de vinhos, incluindo muitas garrafeiras da capital (e não só).
Para além dos vinhos digamos, normais, este tipo de eventos, de âmbito mais limitado, dá a oportunidade aos produtores de trazerem vinhos ‘especiais’, sejam eles experiências ou colheitas de tiragem muito limitada. Um chefe de sala de um reputado restaurante lisboeta deliciava-se exactamente com estes vinhos, porque lhe dava a oportunidade de provar vinhos ‘fora da caixa’. Na mesa ao lado, um escanção de um restaurante nos arredores de Lisboa realçava a prova de vinhos já com uns bons anos em cima. E, como se sabe, os néctares da Bairrada costumam envelhecer muito bem… Parece que tanto um como outro estariam ali em horário de trabalho, pelo que pediram anonimato.
Outra voz confirma-nos isto e mais: pela experiência deste gestor de garrafeira (de várias décadas no ramo), “os vinhos da Bairrada estão cada vez melhores”. Nada de novo, diremos nós a concordar: das conversas que fomos tendo, é mais do que consensual que a região tem feito um enorme progresso na qualidade média dos vinhos nos últimos anos. É verdade que a Bairrada sempre teve grandes vinhos, mas o que se destaca hoje já não é só o produtor x ou y, com décadas de histórico e de grandes vinhos, a puxar a região para cima. Hoje, todos se podem orgulhar dos vinhos que apresentam, em todos os estilos e feitios, do mais consensual e moderno ao mais, digamos, ‘radical’[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”28041,28043,28042″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Conhecer a região
Do evento constaram ainda duas master classes, orientadas por Luís Lopes, director desta revista e conhecedor profundo da região. Numa delas, Luís Lopes falou de vinhos da Bairrada, orientando a prelecção sobre vinhos com boa relação qualidade/preço. De facto, a Bairrada tem de tudo um pouco, desde o vinho não-generoso mais caro de Portugal (sabia?) a um bom conjunto de néctares que oferece muito pelo preço. Tanto nos tintos como nos brancos, e ainda, porque não, nos rosés. A outra masterclass foi dirigida aos espumantes, a grande especialidade da região, campeã nacional na categoria em termos de vendas. E não deverá andar também longe na relação qualidade/preço. Luís Lopes não esqueceu a nova categoria Baga Bairrada, criada há poucos anos para englobar os espumantes feitos predominantemente com a casta Baga, e que tão boa conta tem dado de si.
No final, a opinião geral era de que o evento foi curto na duração, mas intenso na divulgação. E permitiu a muitos profissionais da capital terem acesso a vinhos que, de outra forma, poderiam ter escapado à prova. Para a Bairrada, esta foi sem dúvida uma mais-valia. Afastada da ribalta das grandes quotas de mercado (até pela sua dimensão, mas excluindo os espumantes), a Bairrada sempre tem a ganhar quando se provam os seus vinhos. E se esquecem assim quaisquer preconceitos que possam existir…
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição Nº15, Julho 2018
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Vinho Verde Branco, frescura garantida
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Vinho Verde branco de hoje pouco tem a ver com o que tínhamos à nossa disposição há uma década. Não apenas o estilo mais “tradicional”, com gás e leve doçura, cresceu muito na qualidade, como nos […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Vinho Verde branco de hoje pouco tem a ver com o que tínhamos à nossa disposição há uma década. Não apenas o estilo mais “tradicional”, com gás e leve doçura, cresceu muito na qualidade, como nos últimos anos vem ganhando peso junto dos apreciadores um perfil bem diferente de Verde, que se afirma pela secura, elegância e superior ambição. Em comum, apenas a vibrante frescura tão característica dos brancos desta região.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga
A extensa região dos Vinhos Verdes começa no rio Minho, na ponta mais ao norte do país, e termina já a sul do rio Douro. Faz fronteira com a região do Douro, mas não perde a sua individualidade. Estamos na terra do Vinho Verde, onde nascem vinhos muito apreciados pelos consumidores. Uma zona marcada pelo clima, pelo solo e pela presença de alguns importantes cursos de água. A água é, de resto, elemento que não falta nestas terras.
São três os principais rios que marcam a paisagem minhota e determinam estilos e castas. A norte temos o rio Minho, que percorre a sub-região de Monção e Melgaço; no centro da região, o rio Lima, e a sul o rio Douro. Curiosamente (ou não) cada uma destas zonas corresponde à preponderância de uma casta sobre as outras, marcando assim os vinhos com um “selo” que os faz distinguir dos restantes. Temos então, e de norte para sul, a Alvarinho, a Loureiro e a Avesso, três das principais castas brancas da Denominação de Origem (ver texto anexo). A região é bastante rica de variedades de uva e algumas delas continuam ainda numa certa penumbra, como que à espera da redescoberta por parte dos produtores e, por via deles, dos consumidores. Estamos em terras onde a tradição impôs os vinhos de lote, mas onde cada vez mais descobrimos o interesse pelos vinhos varietais, e não só pelas três castas que acima referi.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27918″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região dos Vinhos Verdes tem imensos pontos de contacto com a sua vizinha galega das Rias Baixas, partilhando com ela o clima – não esqueçamos que estamos na zona mais pluviosa do país –, as castas e as formas de plantio. No entanto, com uma tão grande extensão territorial, é compreensível que os estilos de vinhos sejam bem diferentes, sobretudo à medida que caminhamos para sul. Foi também essa diferenciação que levou à criação de sub-regiões, mas, diga-se, a única que ganhou estatuto de “autonomia” junto do consumidor foi a de Monção e Melgaço, muito por “culpa” da uva Alvarinho. As restantes sub-regiões, apesar de possuírem razões para se distinguirem, nunca se conseguiram afirmar enquanto tal junto do consumidor. Serão poucos os que conseguem associar as suas marcas preferidas a sub-regiões Cávado, Paiva, Sousa ou do Ave, só para citar algumas. As informações dos rótulos e contra-rótulos também nunca privilegiaram esta indicação e, desta forma, com a já referida excepção de Monção e Melgaço, a região é, aos olhos do consumidor, um todo. São Vinhos Verdes e são assim há muito tempo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Do tinto para o branco”][vc_column_text]O plantio da vinha na região hoje conhecida como dos Vinhos Verdes é tão antigo quanto a nacionalidade. Ali, como noutras zonas, foram as ordens religiosas que incentivaram e desenvolveram quer as técnicas de viticultura quer as da produção do próprio vinho. Com frequência, o que chegava às abadias era mosto, resultado de uvas pisadas perto da própria vinha, em lagaretas dispersas que ainda hoje se encontram em algumas zonas da Beira Alta e Minho. Esse mosto era depois fermentado nas abadias e muito provavelmente não haveria uma distinção clara entre o vinho branco e vinho tinto, dicotomia que apenas terá entrado no léxico da região dos Verdes já bem dentro do séc. XIX.
Assim, é muito difícil afirmar que a tradição minhota é de branco ou é de tinto. Já foi de tinto – provavelmente desde a filoxera (segunda metade do séc. XIX) até aos anos 90 do século passado – e só de então para cá o branco suplantou o tinto. As estatísticas disponibilizadas no site da CVR dos Vinhos Verdes mostram claramente que só a partir da campanha de 1992/93 é que a quantidade de vinho branco produzido ultrapassou o tinto. Até então estávamos em reino de tintos. Em relação a tempos mais antigos, não é só a distinção entre branco e tinto que poderá não ter cabimento, é também o tipo de vinho, seguramente muito menos alcoólico (tal como acontecia, de resto, em todo o Portugal e Europa vinícola).
Como atrás se disse, foi então a partir dos anos 90 que os brancos suplantaram os tintos, com um crescimento que não tem parado desde então. A região está hoje a produzir menos do que outrora e, mesmo que apenas analisadas a produções deste século, vemos que têm variado na última década entre um mínimo de 61,6 milhões de litros na campanha de 2012/13 e um máximo de 93,2 milhões de litros na campanha em curso, com máximos históricos de mais de 194 milhões na campanha de 91/92. Os concelhos onde a produção atinge por norma os valores mais altos são Felgueiras e Penafiel, mas a sub-região que abrange os concelhos de Monção e Melgaço tem tido um enorme crescimento, aproximando-se dos 9 milhões de litros.
Os vinhos tintos conhecem também alguma modificação na forma como chegam ao consumidor: à prevalência quase total da casta Vinhão, muito querida de lavradores e de muitos consumidores por ser casta tintureira, taninosa e muito estruturada, assistimos hoje ao ressurgimento de outras castas, como a Alvarelhão, Folgosão e Borraçal, e à modificação do próprio Vinhão, que perdeu o seu lado mais agreste, sendo hoje possível encontrar vinhos bem mais macios e afinados, sem que o seu traço mais forte – a cor – se tenha perdido.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27921″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Novas tendências”][vc_column_text]A região é das que mais vinha tem renovado, logo a seguir ao Douro. Renovar aqui, significa muitas vezes mudar práticas culturais antigas, seleccionar castas e procurar melhores rendimentos. As uvas do Vinho Verde, face à procura que tem havido, estão a ser pagas, segundo Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, acima da média nacional e a casta Alvarinho é mesmo das mais bem pagas do país, com um preço sempre na casa de €1/quilo, o que a aproxima do valor das uvas autorizadas para Vinho do Porto. A procura absorve toda a produção e as próprias adegas cooperativas da zona mostram uma vitalidade que não se compara com as de outras regiões demarcadas.
O melhor exemplo da renovação vitícola é dado pelos elevados investimentos que empresas como a Avelada estão a fazer na região, apostando em 200 novos hectares de vinha, criados de raiz na zona de Ponte de Lima. Em Monção e Melgaço sucedem-se os novos projectos e a região como um todo só pode beneficiar com isso, nomeadamente na projecção e imagem do Verde noutras terras. As novas plantações têm abrangido entre 600 e 700 hectares por ano, sobretudo em reconversão de vinhas já existentes, e o que mais se tem plantado é Loureiro, Alvarinho, Arinto e Avesso. No fundo as três castas emblemáticas da região, aqui acrescentadas da Arinto, a ubíqua uva branca que todos os produtores nacionais querem na sua região.
Em termos de adega e de perfil de vinhos, os Verdes continuam a apostar cada vez mais nos vinhos brancos, mas com o segmento dos rosés a avolumar-se. Também há a salientar o crescente interesse pelos vinhos espumantes, que, embora em muitos casos produzidos em pequenas quantidades, não deixam de ser uma nova área de negócio que interessa a cada vez mais produtores. Globalmente, a qualidade dos Vinhos Verdes tem crescido imenso na última década, seja do estilo “tradicional” (com gás e leve doçura), seja no estilo moderno, seco e com mais álcool, corpo, e ambição na qualidade e no preço.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mas existem também tendências menos interessantes, sobretudo aquilo a que poderia chamar de “Sauvignonização”. De facto, surgem com alguma frequência no mercado vinhos excessivamente aromáticos, exuberantes de frutas tropicais (maracujá, manga), características pouco comuns nas castas locais. Acredito que este caminho nada acrescenta à região, tornando os vinhos iguais ao que se pode fazer em qualquer parte do mundo. Mais sentido fará continuar a melhorar um estilo que ganhou raízes e tradição nos Vinhos Verdes, com sejam os vinhos com gás adicionado e com açúcar residual.
É isso o que defende, por exemplo, o enólogo Manuel Vieira: “Um vinho branco com álcool moderado, acidez evidente, presença de gás e de açúcar residual, é, na minha opinião, uma interpretação, em termos técnicos exequíveis, do vinho branco tradicional da região, que fazia a fermentação maloláctica na garrafa.” E acrescenta: “A viticultura da região sofreu entretanto enorme evolução e outros tipos de Vinho Verde surgiram. Hoje em dia, e devido a essas alterações, o nível de álcool subiu, a acidez reduziu-se e o leque de vinhos expandiu-se, tornando a região um viveiro de excelentes vinhos. Penso que só aceitando esta realidade é que poderemos ir mais além, no intuito de valorizar cada vez mais os vinhos produzidos, sejam eles com gás ou sem gás!”[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27920″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”As uvas brancas do Vinho Verde” color=”black”][vc_column_text]Ainda que em crescimento no resto da região dos Vinhos Verdes, a uva Alvarinho está sobretudo ligada à sub-região de Monção e Melgaço, onde nasceu. Pela sua especificidade, optámos por deixar os Alvarinho de Monção e Melgaço fora desta prova, e focámo-nos nos outros Vinhos Verdes, elaborados, na sua maioria, a partir destas cinco castas.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Arinto”][vc_column_text]A casta é originária de Bucelas, mas sempre esteve bem presente nos Vinhos Verdes, com o nome de Pedernã. É uma variedade usada para dar alegria ao lote, uma vez que mantém a elevada a acidez do mosto mesmo em clima (ou ano) mais quente.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Avesso”][vc_column_text]Casta do interior da região, está sobretudo presente nas zonas que fazem a transição entre os Verdes e Douro; encontramo-la assim em Baião, mas também em Amarante, por exemplo. Foi durante muito tempo subestimada, mas conhece agora uma maior atenção pelos produtores. É uma casta com perfil muito próprio, mais contida na sua exuberância, mas que origina vinhos muito equilibrados.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Azal”][vc_column_text]Presente sobretudo nas zonas de Amarante, Basto e Baião, é também uma variedade que, tal como a Avesso, prefere as terras de interior, longe da influência atlântica. Foi durante muito tempo (até ao final do século XX) uma casta que, em virtude da viticultura tradicional, originava vinhos difíceis, de acidez elevadíssima. Citrino na cor e aroma, o vinho resultante, hoje bem mais atractivo, é sobretudo usado em lotes e para apreciar enquanto jovem.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Loureiro “][vc_column_text]É a rainha do vale do Lima, também muito presente em terras galegas. Prefere zonas mais próximas do mar, húmidas e frescas. Muito completa em todos os itens, produz bem e tem boa capacidade de viver em garrafa. Origina muito bons vinhos varietais, mas é também importante em lotes, sobretudo com Arinto e Trajadura e, mais recentemente, com Alvarinho[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Trajadura”][vc_column_text]Com aromas e sabores de fruta madura, tende a evidenciar baixa acidez. Boa para lote e muito usada em ligação com Alvarinho, originando então vinhos muito atractivos. Muito divulgada também na Galiza.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Valorizar o Vinho Verde”][vc_column_text]Os números do Vinho Verde são bastante positivos, mas o desafio passa agora por aumentar o preço médio de venda. As exportações não têm parado de crescer e se, em 2000, apenas 15% do negócio resultava das vendas ao exterior, já em 2017 essa percentagem subiu para os 50%. Passou-se também dos 9 milhões de litros exportados em 2005 para 25,5 milhões em 2016. Esse crescimento é tanto mais significativo quanto foi feito sem sacrificar o preço: €2,30 por litro hoje em dia, contra €2 em 2004. No entanto, longe ainda do que a região pode e deve ambicionar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A esse respeito, Manuel Pinheiro afirmou à Grandes Escolhas que “o exemplo da sub-região de Monção e Melgaço tem de ser seguido nas outras, mas por enquanto não há massa crítica, faltam produtores em número suficiente a promover a imagem de cada sub-região; mas estou convencido que Baião (onde domina a casta Avesso) começa a reunir condições para ser a próxima sub-região a dar o salto, em termos de notoriedade”.
Muito do futuro passa por aí: sub-regiões personalizadas e afirmativas, criação de cada vez mais segmentos de valor acima do patamar “gás e doçura”, um número maior de vinhos ambiciosos que apaguem do Verde a associação ao vinho barato, que ainda permanece sobretudo no mercado externo e apesar de os preços reais continuarem a subir.
Vinhos de casta e valorização das sub-regiões parece ser o caminho a traçar por agora. Já foi o tempo (anos 80 e 90) em que o Vinho Verde chegava aos consumidores com a “marca de solar”, casas bonitas, de traça antiga, onde se produzia vinho em pequenas quantidades, mas muitas vezes sem estratégia e visão de mercado, assente em muito amadorismo. Hoje, a região conhece um movimento muito grande de investimentos, alguns bastante importantes e assentes em estruturas altamente profissionais. Um bom sinal, certamente.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27919″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]
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Terras de Felgueiras
Branco - 2017 -
Pluma
Branco - 2017 -
BH Escolha
Branco - 2017 -
Arca Nova
Branco - 2017 -
Vila Nova
Branco - 2017 -
Via Latina
Branco - 2017 -
Tojeira
Branco - 2017 -
Quinta de Linhares
Branco - 2017 -
Chapeleiro
Branco - 2017 -
Casa da Senra
Branco - 2017 -
Quinta de Santa Cristina
Branco - 2017 -
Quinta de Naíde
Branco - 2017 -
Quinta de Gomariz
Branco - 2017 -
Opção
Branco - 2017 -
Muralhas de Monção
Branco - 2017 -
Dona Paterna
Branco - 2017 -
Adega Coop. Ponte da Barca
Branco - 2017 -
Varanda do Conde
Branco - 2017 -
Quinta do Minho
Branco - 2017 -
Quinta da Calçada Exuberant
Branco - 2017 -
Quinta de Azevedo
Branco - 2017 -
Quinta d’Amares Superior
Branco - 2017 -
Quinta da Raza
Branco - 2017 -
Pequenos Rebentos
Branco - 2017 -
Monólogo P24
Branco - 2017 -
João Portugal Ramos
Branco - 2017 -
Castrus
Branco - 2017 -
Aveleda
Branco - 2017 -
Quinta de San Joanne Terroir Mineral
Branco - 2017 -
Quinta de Golães
Branco - 2017 -
Quinta de Carapeços
Branco - 2017 -
Muros Antigos
Branco - 2017 -
Casa de Vilacetinho
Branco - 2017 -
Camaleão
Branco - 2017
Edição Nº14, Junho 2018
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
BAIRRADA: 25 tintos com alma
O que poderia parecer à partida uma desvantagem comercial para a Bairrada – ter produtores com diferentes filosofias e estilos, e várias castas tintas por utilizar – é, afinal, mais uma razão para seguir de perto a região. Dos vários perfis a partir da emblemática uva Baga aos blends com Touriga Nacional e castas francesas […]
O que poderia parecer à partida uma desvantagem comercial para a Bairrada – ter produtores com diferentes filosofias e estilos, e várias castas tintas por utilizar – é, afinal, mais uma razão para seguir de perto a região. Dos vários perfis a partir da emblemática uva Baga aos blends com Touriga Nacional e castas francesas – difícil é escolher.
TEXTO Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS Ricardo Palma Veiga
A ideia tradicional que alguns dos consumidores ainda poderão ter da Bairrada – que se trata de uma região pouco dinâmica e com vinhos uni-direcionados – não poderia estar mais longe do momento em que a mesma atravessa do ponto de vista vitivinícola. É certo que existem outras regiões com um maior número de vinhos lançados por ano, e outras que assentam num protótipo regional mais característico ou identificativo. Mas dificilmente encontramos tanta diversidade, com qualidade e bom preço, como nesta região do centro-norte do país que se espraia entre Coimbra e Aveiro.
Até na excelência dos vários tipos de vinho que produz – espumantes, tintos (maioritários) e brancos (para não falar das aguardentes e dos abafados) – se comprova que, na Bairrada, como acima começamos o texto, o mais difícil é escolher… É certo também que a região ainda não se libertou totalmente do estereótipo de fazer tintos “pouco amigos” do consumidor, difíceis, ácidos, adstringentes. Mas também é verdade que, atualmente, não existe enófilo exigente que não reconheça as qualidades e o forte carácter dos fantásticos vinhos da região. E os números do crescimento entre os consumidores estão aí para o provar.Podemos, pois, afirmar que tem existido mudança e inovação na Bairrada, e não começou nos dias de hoje. Produtores como Luís Pato e Carlos Campolargo, entre outros, tudo fizeram para que a região, ainda antes dos anos 90 do século passado, mantivesse uma aura de qualidade e modernidade e cativasse consumidores. Do primeiro, surgiram os mais relevantes ensaios com o estágio da Baga em barricas de carvalho francês, e do segundo provieram vinhos apelativos e modernos com base, em muitos casos, em castas menos comuns, algumas estrangeiras.
A par destes produtores, outros como Mário Sérgio Nuno (Quinta das Bágeiras), Sidónio de Sousa e João Póvoa (Quinta de Baixo e, atualmente, Kompassus), iam produzindo alguns dos vinhos mais míticos da região do início dos anos 90 também. Mais recentemente, produtores de uma geração mais nova alcançam sucessos dificilmente imaginados há algum tempo junto da crítica especializada, como sucede com os vinhos Vadio, de Luís Patrão, ou os Outrora, de João Soares e Nuno do Ó, verdadeiros blockbusters internacionais, com destaque para Filipa Pato, que viu o Nossa Calcário Baga 2015 obter a melhor classificação de sempre para um vinho da região na “Wine Advocate”.
De resto, vários dos produtores emblemáticos da região também parecem não querer perder o foco recente que o público está a dar à Bairrada, curiosamente com lançamentos num estilo que procura recuperar tradições mais antigas, como sucede com os vinhos centrados na designação Garrafeira ou na categoria Clássico (neste caso, sendo indispensável que, nos tintos, a Baga entre em, pelo menos, 50% no lote e o vinho estagie 3 anos, um dos quais em garrafa), como acontece com as propostas mais recentes das Caves São João, Aliança, Caves São Domingos e Messias.
Ainda no passado mês de maio, a Adega de Cantanhede – um dos projetos com maior dinamismo e modernidade – divulgou que, desde o início do ano, os seus vinhos foram galardoados com 74 medalhas em concursos internacionais; isto depois do anúncio de que 2017 terminou com um novo recorde de vendas. E se ainda houvesse dúvidas do que se vem escrevendo sobre o crescimento da atenção para com a região, há cerca de meia dúzia de anos (no final de 2012), a Bairrada viu uma das suas mais conhecidas propriedades ser adquirida pela Niepoort Vinhos, o que, só por si, revela bem o potencial da região aos olhos de uma das mais empreendedoras empresas durienses.Toda esta vitalidade foi-nos ainda confirmada pela Comissão Vitivinícola da Bairrada, que nos avançou dois dados muito interessantes; a saber: em primeiro lugar, refere-nos José Pedro Soares, presidente da Comissão, que as vendas dos vinhos Bairrada têm crescido, nos últimos dois anos e de forma continuada, na restauração e hotelaria (vulgo canal Horeca); em segundo lugar, e talvez ainda mais relevante, revelou que a Bairrada foi a região no país cujos vinhos sentiram, nos últimos anos, um maior crescimento de valor no preço médio.
Fomos confrontar Miguel Pereira (Messias) com esses dados e este corroborou-nos que na restauração, sobretudo em Lisboa, o crescimento das vendas dos vinhos Bairrada nas gamas premium e ultra-premium é surpreendente. Para este responsável comercial, têm sido os vinhos da Bairrada a estrela dos últimos anos no que respeita ao portefólio da Messias, que inclui também vinhos do Douro e Dão. Quanto ao aumento da certificação dos vinhos, esse é igualmente notável, com um crescimento constante de 10% por ano. As mesmas boas notícias surgem do lado da exportação, que regista um aumento de 17%.
No mesmo sentido, releva destacar que, até ao início anos 90, a Bairrada (a par do Dão) era a grande região de vinho de mesa, sendo que os principais players se abasteciam de uvas e vinhos um pouco por todo o país. A este respeito importa não esquecer que a Bairrada nunca foi uma região de pouca produção, bem pelo contrário. Prova disso mesmo é que teve um dos mais pujantes sectores cooperativos do país, com 6 cooperativas a funcionar em simultâneo (atualmente apenas duas se encontram em funções, Cantanhede e Souselas).
Talvez por isso, o primeiro sintoma da modernização da região tenha sido, precisamente, o abandonar da produção de grandes lotes de vinho de origem dispersa, para o controlo de áreas de vinha dentro da própria região, algo que sucedeu com as empresas Aliança, Messias, Caves São João (um desses primeiros passos foi, sem dúvida, a aquisição da Quinta do Poço do Lobo pelas Caves São João, ainda nos anos 70 do século passado) e Caves São Domingos, que passaram a olhar para a vinha e não apenas para a comercialização.
E dúvidas não nos restam de que é esse o futuro da região, no sentido em que produzir um grande vinho na Bairrada pode ser mais dispendioso do que noutras regiões. Afinal, o clima da região, e as próprias características da casta-rainha Baga, obrigam a um redobrar de atenções na vinha e na adega. Algo que nos é confirmado por Francisco Antunes, enólogo da Aliança, que menciona as chuvas de setembro, no equinócio de Outono, como um dos maiores riscos no que respeita ao ano agrícola, sobretudo por na região reinarem castas tardias como a Baga, a Touriga Nacional e o Cabernet Sauvignon (ver caixa). No caso da Baga, salienta o enólogo, são mesmo precisos muitos tratamentos, e no seu devido tempo, uma vez que o cacho apertado dificulta a condição fitossanitária no mesmo. Por tudo isto, as últimas colheitas, desde 2011 (ano perfeito em todo o país), têm sido muito desafiantes para a Bairrada, apesar de se poder concluir que a qualidade geral dos tintos não se ressentiu, em especial em 2017, ano do qual se prevêem vinhos de grande qualidade.
Por isso, o posicionamento da região não deve ser procurar competir no melhor preço ou na maior produção por hectare (nesses parâmetros outras regiões são mais eficientes). Luís Patrão, do projeto Vadio, confirma as dificuldades com a casta Baga, tardia e vigorosa, e realça que vinicultura da região é ainda pouco organizada, com uma média de área por produtor muito inferior a um hectare. Luís Patrão, que tem ao seu dispor apenas 4,5 hectares, lembra que foi sempre esse o paradigma da região, onde em cada casa havia uma adega e, assim sendo, nos dias que correm, é difícil produzir grandes vinhos em quantidade e a baixo preço. Para produzir mais, e ter melhores preços, diz-nos que é preciso ser muito profissional na vinha, em especial ter cuidado nos tratamentos, e podar convenientemente privilegiando arejamento do cacho da Baga.
Com tantos desafios, não admira que a quota de mercado na moderna distribuição – na qual o preço é o fator principal de compra – tenha vindo a diminuir para a região, algo compensado, como acima se referiu, pelo aumento significativo nas vendas noutros canais. Dúvidas não restam de que a Bairrada tem condições para produzir vinhos únicos, de perfis diferentes e tendencialmente mais frescos do que o resto do país. Essa unicidade é sobretudo valorizada junto da restauração e da distribuição mais clássica (como garrafeiras ou charcutarias finas). E, note-se, esse posicionamento não implica a venda de vinhos caros, nem a criação apenas de produtos para elites. Pelo contrário, e como resulta do presente painel, são vários os topos de gama bairradinos que não ultrapassam os 15€. Boas notícias, portanto!
Por isso, o posicionamento da região não deve ser procurar competir no melhor preço ou na maior produção por hectare (nesses parâmetros outras regiões são mais eficientes). Luís Patrão, do projeto Vadio, confirma as dificuldades com a casta Baga, tardia e vigorosa, e realça que vinicultura da região é ainda pouco organizada, com uma média de área por produtor muito inferior a um hectare. Luís Patrão, que tem ao seu dispor apenas 4,5 hectares, lembra que foi sempre esse o paradigma da região, onde em cada casa havia uma adega e, assim sendo, nos dias que correm, é difícil produzir grandes vinhos em quantidade e a baixo preço. Para produzir mais, e ter melhores preços, diz-nos que é preciso ser muito profissional na vinha, em especial ter cuidado nos tratamentos, e podar convenientemente privilegiando arejamento do cacho da Baga.
Com tantos desafios, não admira que a quota de mercado na moderna distribuição – na qual o preço é o fator principal de compra – tenha vindo a diminuir para a região, algo compensado, como acima se referiu, pelo aumento significativo nas vendas noutros canais. Dúvidas não restam de que a Bairrada tem condições para produzir vinhos únicos, de perfis diferentes e tendencialmente mais frescos do que o resto do país. Essa unicidade é sobretudo valorizada junto da restauração e da distribuição mais clássica (como garrafeiras ou charcutarias finas). E, note-se, esse posicionamento não implica a venda de vinhos caros, nem a criação apenas de produtos para elites. Pelo contrário, e como resulta do presente painel, são vários os topos de gama bairradinos que não ultrapassam os 15€. Boas notícias, portanto!
Os produtores da região, beneficiando de uma legislação mais “aberta” do que o habitual nos DOC portugueses, utilizam uma grande variedade de castas, desde variedades antigas na região a outras vindas de outras zonas do país ou ainda as chamadas castas internacionais. Estas são algumas das mais utilizadas nos vinhos tintos bairradinos.
É a principal casta tinta da região, apesar de já ter sido mais maioritária. Terá sido introduzida na região em consequência do oídio, sendo esta casta resistente ao fungo. Tem uma maturação tardia, o que na Bairrada pode ser problemático em anos de chuvas no início de setembro, tanto mais que é sensível à podridão. Vigorosa, quando lhe é permitida produção abundante dá origem a vinhos pouco alcoólicos e com muita acidez. Com o vigor controlado e, sobretudo, em terrenos argilo-calcários com boa exposição solar, produz os melhores vinhos da região, ricos em taninos e suportando muito bem o envelhecimento.
À semelhança da Baga, é de maturação tardia e pode ser muito produtiva, apesar de pouco sensível à podridão. Permite a produção de vinhos com muita cor e taninos, com boa longevidade, as características varietais – notas apimentadas – bastante pronunciadas, adapta-se bem a lotes com castas mais suaves, como a Jaen ou o Castelão.Omnipresente no país, terá viajado do Dão para a Bairrada, entrando em muitos lotes onde a Baga também está presente. Permite mostos com teores de álcool provável e acidez médios, ricos em substâncias fenólicas e carregados de cor (com tonalidades violáceas), e muito aromáticos, com frutado intenso a frutos pretos maduros e silvestres. É essa expressão aromática, bem como permitir vinhos encorpados e o facto de ser uma casta consistente em termos da qualidade dos vinhos que origina, que a tornam um trunfo na região.Casta bordalesa de elevado rendimento e de maturação precoce, o que é uma vantagem para a Bairrada. Tem semelhanças com o Cabernet Sauvignon, mas com taninos mais suaves, permitindo elaborar vinhos encorpados, ricos em álcool e em cor, relativamente pouco ácidos, pelo que é por vezes utilizada na região para atenuar mostos mais ácidos e com taninos mais vivos provenientes de Baga.
Outra estrela um pouco por todo o país, é uma casta produtiva, mas muito apta a produzir vinhos de grande qualidade. De maturação tardia, permite mostos muito corados, de um vermelho intenso com nuances violetas durante a juventude, e sempre com grande potencial aromático. Tem-se adaptado bem à Bairrada, sobretudo nos anos mais quentes, originando vinhos pujantes e especiados.
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Mata Fidalga Estágio Longo
Tinto - 2013 -
Vigesimum
Tinto - 2014 -
Samião
Tinto - 2015 -
RS
Tinto - 2013 -
Laboeira
Tinto - 2016 -
Castelar
Tinto - 2011 -
Quinta do Poço do Lobo
Tinto - 2015 -
Quinta do Ortigão 4 dezasseis
Tinto - 2015 -
Nelson Neves
Tinto - 2013 -
Messias
Tinto - 2013 -
Grande Vadio
Tinto - 2013 -
Foral de Cantanhede Gold Edition
Tinto - 2009 -
Ataíde Semedo
Tinto - 2015 -
Aliança by Quinta da Dôna
Tinto - 2011 -
São Domingos
Tinto - 2010 -
Poeirinho
Tinto - 2012 -
Milheiro Selas
Tinto - 2012 -
MagnaBaga ( Magnum)
Tinto - 2015 -
Luís Pato Vinha Pan
Tinto - 2013 -
Casa de Saima
Tinto - 2008 -
Quinta das Bágeiras
Tinto - 2011 -
Outrora
Tinto - 2013
Edição Nº14, Junho 2018
As muitas faces da Bairrada
A região da Bairrada caracteriza-se pela sua paisagem diversificada, vinhos especiais e gastronomia vibrante. Neste cantinho do país que se estende pelos distritos de Aveiro e Coimbra, há muito para descobrir e saborear – razão mais do que suficiente para nos fazermos à estrada. No roteiro, um museu, uma cave tradicional e uma adega moderna. […]
A região da Bairrada caracteriza-se pela sua paisagem diversificada, vinhos especiais e gastronomia vibrante. Neste cantinho do país que se estende pelos distritos de Aveiro e Coimbra, há muito para descobrir e saborear – razão mais do que suficiente para nos fazermos à estrada. No roteiro, um museu, uma cave tradicional e uma adega moderna. E alguns bons restaurantes, claro.
TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Há muito tempo que o Museu do Vinho Bairrada, na Anadia, se tornou um destino central para quem visita a região. O edifício de arquitectura moderna inaugurado em 2003 e as suas colecções (as temporárias, abertas a uma variedade de temáticas e autores; e a permanente, à volta do vinho) atraem uma média de 2.000 visitantes por mês e servem, muitas vezes, de porta de entrada para o universo vitivinícola da região. Foi também esse o caminho que escolhemos: chegámos à Bairrada e dirigimo-nos ao museu do seu vinho. E fizemo-lo antes do almoço, saliente-se, porque o leitão é muito bom, mas a Bairrada tem muito mais para oferecer…Situado bem no centro da cidade de Anadia, junto à Estação Vitivinícola e à vinha que une os dois edifícios, fazendo a ponte entre o passado e o futuro, o Museu do Vinho Bairrada alinha-se num volume esguio e elegante. No primeiro piso, o espaço do lobby de entrada cola-se ao espaço do auditório e a áreas de exposição, povoadas agora por obras de Júlio Resende (até ao final de Maio), que nos transportam aos lugares que influenciaram os seus traços. Chama-se “A Experiência do Lugar” e é um excelente exemplo de como o museu trabalha outras áreas que não apenas a que lhe está no nome – uma iniciativa recente são as “Quintas no Museu”, série de tertúlias à quinta-feira à noite com gente com história e histórias para contar. Em Junho, será a vez de Júlio Pereira. A entrada é livre.
É no andar inferior que o enoturista vai encontrar a temática do vinho e da vinha. Descemos ao longo de um átrio onde, em lugar de destaque, repousa um lagar com tanque de madeira e prensa de vara. E então encaramos um comprido corredor, com salas laterais que nos levam pelo “Percurso do Vinho”. Primeiro a sala “Vinha”, depois a “Vindima” e por aí fora… Em todos estes espaços, o testemunho físico dos objectos do passado é complementado com imagens do presente projectadas na parede. Nalgumas salas, painéis com linguagem pictográfica ajudam a passar a mensagem a quem tenha limitações cognitivas.
Lá mais para a frente entraremos no espaço dedicado ao espumante – que tem, como é natural, papel de protagonista no museu. Encontramos máquinas de meados do século XIX e outras da viragem para o século XX, testemunhando o carácter pioneiro dos primeiros produtores da Bairrada. Fora dos olhos do grande público, o centro de documentação do museu disponibiliza a consulta de documentos dessa era. Os primeiros rótulos da época anunciavam então o “Champagne Portuguez”.
Três colecções, já no final do percurso, chamam imediatamente a atenção. Uma, a Colecção Comandante José Rafeiro, é constituída por cerca de 250 tambuladeiras (recipiente para provar o vinho, agora em desuso) de prata. A segunda, a colecção de saca-rolhas da família Adolfo Roque, exibe centenas destes instrumentos, dos mais elaborados aos mais simples, em metal, plástico, madeira, marfim. Já foi considerada uma das melhores 50 do mundo. A terceira colecção ocupa duas salas e mostra-nos garrafas, rótulos e publicidade do passado da região. Ficamos a saber que o licor Junípera é “o melhor produto estomacal”. E que houve em tempos um vinho chamado Matateu.
MUSEU DO VINHO BAIRRADA
Av. Engenheiro Tavares da Silva, 3780-203 Anadia
Tel: 231 519 780
Mail: museuvinhobairrada.m.anadia@gmail.com; m.anadia.p.dias@gmail.com
Web: cm-anadia.pt/2014-04-02-16-11-20/museu-do-vinho-bairrada
O museu está aberto todos os dias excepto à segunda-feira (10h/13h e 14h/18h aos dias de semana; 11h/19h aos fins-de-semana e feriados). A entrada custa um euro. Para além da exposição permanente sobre o mundo do vinho, há mostras temporárias de artes e autores diversos, bem como um auditório para 80 pessoas, biblioteca, mediateca e um espaço para eventos, com capacidade para 100 pessoas no interior e mais 50 num pátio interior (aluguer: 300 euros/dia).
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): *
Venda directa (máx. 3): *
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 3
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5*
* Nota ponderada. A filosofia do espaço não contempla estas actividades.A devoção especial ao espumante criou na Bairrada um tipo muito especial de instalações vinícolas, as caves. A sua história já teve altos e baixos – muitas destas casas não resistiram ao desaparecimento dos mercados das ex-colónias e desapareceram no último quartel do século XX, mas outras deram a volta e souberam renascer, adaptando-se às novas realidades. Um destes casos está ali bem perto da Anadia, na localidade de Ferreiros. Um longo edifício cor-de-rosa sinaliza que chegámos às Caves do Solar de São Domingos.
A entrada, discreta, faz-se por uma escadaria que leva a um pequeno pátio interior e, daí, à loja. A seguir, descemos para um salão onde se alinham uma centena de grandes barricas de 650 litros (há mais 500 na cave), guardiãs das aguardentes que envelhecem. Ao meio, uma mesa, num dos topos, duas salas com garrafas – são memórias da casa (uma delas, a Garrafeira Abílio Santos, homenageia um antigo colaborador com mais de 50 anos de empresa, que ainda visita as instalações de quando em vez). Uma escadaria abre caminho para as caves e é por aí que seguimos.
Os visitantes são recebidos na sala de cima e ficam a conhecer a história da casa (as instalações foram remodeladas em 1986, após um severo incêndio), mas é nas caves que encontramos a essência da Bairrada. Longas galerias “decoradas” com fungos pendurados do tecto e das paredes, o esqueleto de um antigo elevador de garrafas de corrente metálica, salas pequenas, um túnel amplo que em breve será preenchido com as garrafas que tilintam noutra zona, na linha de enchimento. E, claro, vinho, muito vinho – nestas caves repousam cerca de dois milhões de garrafas.
Num dos extremos, um túnel muito baixinho foi escavado à mão, para dar acesso a outra galeria, 12 metros abaixo do solo. Ainda são visíveis nas paredes as marcas da picareta, agora ornadas de gotículas de água que cristalizam em formas suaves. É preciso baixarmo-nos bastante para passar por aqui – muitos visitantes são mesmo desaconselhados de o fazer – e a explicação é simultaneamente pragmática e anedótica: quando o construtor perguntou de que altura deveria fazer o túnel, disseram-lhe para o fazer da altura de um homem. E ele fez, da sua altura…
Da atmosfera mágica e temperatura constante das caves para o espaço dos andares superiores. Passámos, entretanto, pelo armazém e entramos no edifício principal, onde encontramos os salões de eventos. Mesas enormes, peças de alambique, máquinas antigas, pés de vide – estamos na sala Bairrada. No andar de cima está outra sala, ainda maior, com janelas amplas e espaço para mais de uma centena de convivas. É aqui que abrimos uma garrafa de espumante e provamos uma das aguardentes da casa. Ao olhar para o tecto, percebemos que estamos na sala Baga. Bairrada de cima a baixo.
CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS
R. Elpídio Martins Semedo, 42, 3780-473 Anadia
Tel: 231 519 680
Mail: info@cavesaodomingos.com
Web: www.cavesaodomingos.com
De segunda a sexta-feira, há dois horários fixos de visita (11h e 15h – encerra para almoço entre as 12 e as 14h); outros horários e sábado, solicita-se marcação antecipada. Há quatro programas de visita e prova (Momentos Moderados, Tranquilos, raros e Deliciosos), com preços que variam entre os 7,5 e os 27,5 euros, conforme os vinhos e os petiscos de acompanhamento. O programa Momentos Intensos inclui refeição quente e fica por 45 euros por pessoa – os jantares não podem prolongar-se para lá das 24h. O programa Roteiro Vitivinícola da Bairrada, com actividades em várias quintas, visita às caves e almoço custa 75 euros por pessoa.
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5
De dia, a adega da Quinta do Encontro é bonita e, situada num ponto alto sobre uma confluência de estradas, constitui um verdadeiro marco na paisagem. Mas à noite fica ainda melhor. Mesmo que a meteorologia obrigue a esperar pacientemente por uma aberta sem chuva até se poder enquadrar este conjunto de linhas suavizadas e matizadas pelas luzes interiores e exteriores. Havemos de voltar na manhã do dia seguinte, para a conhecer mais em pormenor.
A quinta foi comprada em 2000 pela então Dão Sul, agora Global Wines e, embora a sua reduzida dimensão (apenas 4 hectares) não lhe permita assumir grande protagonismo num grupo que produz vinho em seis regiões portuguesas e no Brasil, a verdade é que a construção da adega (iniciada em 2005 e com inauguração em 2007) trouxe a esta propriedade da Bairrada uma relevância muito especial. O projecto, do arquitecto Pedro Mateus, emula o movimento circular do vinho num copo, com rampas circulares ascendentes e descendentes em redor de uma adega central.
Em 2017, passaram por aqui umas dez mil pessoas, metade das quais cumpriram a visita à adega (que é gratuita) – as outras são visitantes que apenas passam pela loja ou se dirigem ao restaurante para refeições que podem ser de degustação ou de filosofia mais executiva (aos almoços, de semana). De uma forma ou de outra, todas são atraídas pela silhueta circular do edifício e pela forma simultaneamente harmoniosa e imponente como domina a paisagem em redor.
Uma paisagem que, diga-se, fica muito enriquecida pelas vinhas de dois outros produtores, Campolargo e Colinas de S. Lourenço, cujas instalações se situam nas proximidades. São estas vinhas que compõem o cenário quando subimos à galeria exterior e estendemos o olhar em volta. E há muito para ver: nos dias sem nuvens, a silhueta da serra da Estrela mostra-se ao longe, mais perto temos o Caramulo, ondulações suaves nas proximidades, bosques, matas e vinhas.
Lá em cima, uma sala multifunções está disponível para eventos. Cá em baixo, na cave, as barricas e as garrafas de espumante alinham-se numa galeria circular em volta da adega, com dois conjuntos semi-circulares de cubas de alumínio. O andar do meio, térreo, é composto pela recepção e loja – onde uma bela lareira central fornece um toque de conforto familiar a um ambiente moderno e luminoso – e ainda pelo restaurante, muito popular entre as gentes locais e chamariz para os turistas nas épocas altas.
Na Quinta do Encontro, como se o nome tivesse sido escolhido por isso mesmo, deparamo-nos com uma amostra bem alargada do portefólio da Global Wines, cujo epicentro se situa no Dão. Mas manda a tradição da casa que o vinho servido a quem bate à porta, mesmo que não seja possível efectuar a visita, seja um espumante local. Ou não estivéssemos na Bairrada…
QUINTA DO ENCONTRO
São Lourenço do Bairro, 3780-907 Anadia
Tel: 231 527 155
Mail: enoturismo@quintadoencontro.pt
Web: www.globalwines.pt/enoturismo
A adega está aberta a visitas, mas apenas mediante marcação – a boa notícia é que a entrada não é paga e quem entra pode sempre saborear uma flute de espumante. O restaurante está aberto de terça a sábado para almoço e jantar (12h/15h, 19h/22h) e aos domingos para almoço (12h/16h); encerra à segunda-feira. Organizam-se eventos com preços sob consulta.
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17
Para qualquer português que goste de sentar à mesa, Bairrada é sinónimo de leitão assado. Mas há muito mais na gastronomia bairradina para nos proporcionar o devido reabastecimento nas estações de serviço para humanos. Aqui ficam três sugestões: um restaurante centrado no leitão (Mugasa), outro que partiu do pequeno reco para criar uma oferta ampla e requintada (Rei dos Leitões), e um terceiro que assenta os seus trunfos nos produtos do mar (Magnun’s & Co). Em qualquer deles, é pecado não pedir um espumante da região para acompanhar a comida.
MUGASA – Largo da Feira, Fogueira, Sangalhos; 234 741 061
REI DOS LEITÕES – EN1 Av. Restauração, Nº 17, Mealhada; 231 202 093
MAGNUN’S & CO – Av. Floresta 120, Mealhada; 960 024 268
Edição nº13, Maio 2018