Alentejo e Ribatejo juntam-se para dinamizar enoturismo
A região de Turismo do Alentejo e Ribatejo decidiu investir 350 mil euros na dinamização do enoturismo das duas regiões geográficas. O projecto chamou-se “Organização, Estruturação e Promoção Empresarial do Enoturismo no Alentejo e Ribatejo” e contou com o apoio financeiro da União Europeia. O objectivo foi o de “definir uma estratégia integrada da actividade […]
A região de Turismo do Alentejo e Ribatejo decidiu investir 350 mil euros na dinamização do enoturismo das duas regiões geográficas. O projecto chamou-se “Organização, Estruturação e Promoção Empresarial do Enoturismo no Alentejo e Ribatejo” e contou com o apoio financeiro da União Europeia. O objectivo foi o de “definir uma estratégia integrada da actividade na região, bem como de implementar ações de capacitação empresarial junto dos gestores de enoturismo”. Foram visitados largas dezenas de projectos nas duas regiões e os ‘inspectores’ acharam que seria necessário efectuar alguns workshops de formação e criar uma espécie de manual de boas práticas. “Precisamos de mais e melhor qualificação”, disse António Ceia da Silva, Presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, durante a apresentação dos resultados do projecto, na sala Ogival da ViniPortugal, em Lisboa.
Refira-se que, em termos geográficos, o projecto tem duas nuances: no Tejo, apenas abarcou produtores nas vizinhanças a sul do rio Tejo, conhecida como sub-região da Lezíria do Tejo. No caso do Alentejo, o programa inclui ainda a costa norte-alentejana, que em termos vitícolas está dentro da região da Península de Setúbal.
Não espanta por isso que tenha estado presente Carlos Trindade, porta-voz da Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana. Ao seu lado pontuaram ainda Francisco Mateus e Luis de Castro, presidentes, respectivamente, das Comissões Vitivinícolas Regionais do Alentejo e do Tejo.
Um dos grandes resultados do projecto foi a criação de um cluster do sector, com base numa avaliação do tecido empresarial e análise das potencialidades existentes. Outro resultado ficou em papel… e ecrã.
Dois guias de enoturismo e alguns vídeos
Outra vertente foi o desenvolvimento de materiais promocionais, editados pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e desenvolvidos em parceria com as respectivas CVR’s e associações. Os vídeos estão desde já disponíveis nos canais normais (como Youtube), mas o que mais realça deste lançamento são os dois guias de enoturismo, um para o Tejo, outro para o Alentejo. “As pessoas sempre gostam de folhear um guia em papel”, disse António Ceia da Silva. Cada um deles inclui uma introdução sobre o produtor e as facilidades que tem disponíveis. E, claro, os contactos. Os guias foram coordenados por Maria João de Almeida, especialista na matéria e vão estar disponíveis em 3 rotas de voos da TAP, incluindo Estados Unidos e Brasil.
Diga-se de passagem que, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, no ano de 2018 o Alentejo foi a região do país que mais cresceu nos mercados internacionais – mais de 7% face a 2017 –, tendo ultrapassado, pela primeira vez, a barreira do milhão de hóspedes. Resultados mais recentes indicam quem em Janeiro de 2019, este destino foi também o que mais cresceu em termos de dormidas globais (19%).
Para António Ceia da Silva, “este projecto tem uma enorme relevância para a região. Acreditamos que a qualificação na prestação de serviços e a capacitação empresarial dos produtores, terão um importante efeito económico multiplicador no Alentejo e Ribatejo durante vários anos”.
(texto de António Falcão)
Produtores de vinho mergulham garrafas na água do mar
Quatro produtores da Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana decidiram mergulhar cerca de 450 garrafas no Porto de Sines. Foram eles a Companhia Agrícola da Barrosinha, A Serenada, Herdade do Portocarro e Pêgo da Moura. As garrafas foram colocadas por um barco de pesca junto a um dos molhes (da parte interior, claro) […]
Quatro produtores da Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana decidiram mergulhar cerca de 450 garrafas no Porto de Sines. Foram eles a Companhia Agrícola da Barrosinha, A Serenada, Herdade do Portocarro e Pêgo da Moura. As garrafas foram colocadas por um barco de pesca junto a um dos molhes (da parte interior, claro) do Porto de Sines e vão aí ficar até, previsivelmente, até ao dia de São Martinho, dia 11 de Novembro. Estão instaladas em grades metálicas que comportam 50 garrafas cada, construídas para o efeito por um serralheiro local. Não lhes falta sequer um cadeado para prevenir alguma incursão dos ‘amigos do alheio’. Que, aliás, talvez não seja fosse necessária porque estava ali perto um enorme polvo a inspeccionar toda a operação. O avistamento foi reportado pelo mergulhador que orientou a descidas das grades, assegurando que ficavam bem assentes no fundo, a cerca de 12 metros, e próximas uma das outras.
A maioria é de vinho branco: Jacinta Sobral, proprietária e enóloga dos vinhos Serras de Grândola (Serenada), afundou versões de Verdelho, Arinto e Gouveio da sua marca. A Herdade da Barrosinha, através do seu administrador, Carlos Trindade, escolheu a colheita 2017 do Verdelho, um tinto de 2016 e outro de 2014. José Mota Capitão, da Herdade do Portocarro, optou pelos brancos Autocarro Nº 38 e Gerónimo, de 2017, este último uma nova marca. Finalmente, a marca Pêgo da Moura apenas mergulhou algumas garrafas do Alfaiate branco.
Esta é a segunda experiência destes produtores com vinhos estagiados em águas marítimas. As garrafas do ano passado foram provadas no restaurante Cais da Estação, junto com as respectivas testemunhas, que ficaram em terra. A Grandes Escolhas esteve lá e teve oportunidade de fazer a comparação, de forma informal, entre as garrafas do ‘mar’ e da ‘terra’. De uma forma geral, os vinhos do mar pareciam mais complexos, mais casados, como se tivessem evoluído, mas sem envelhecerem. A nível de fruta, tanto tintos como brancos mostravam aromas e sabores mais puros, mais definidos. Nuns casos, as diferenças eram mais pronunciadas que outras. Um dos casos foi o do Serras de Grândola Verdelho 2015, mais complexa e harmoniosa a versão marítima; o outro foi o Autocarro Nº 27, tinto, com taninos mais suaves para a versão do mar. Jacinta Sobral disse-nos que, pela experiência até agora, os brancos beneficiam mais do estágio marítimo que os tintos.
A experiência, diga-se de passagem, foi acompanhada e registada por um técnico da CVR da Península de Setúbal.
Esta não é a primeira experiência que se faz em Portugal com o estágio de vinhos mergulhados em água. A mais recente que conhecemos foi protagonizada por Duarte Leal da Costa, da Ervideira, que fez (e está a fazer) uma operação em muito maior escala, mas em água doce, na albufeira da barragem do Alqueva. Mas, ao que sabemos, esta é a primeira operação efectuada em mar. Muito se tem escrito sobre a influência da água no estágio do vinho, incluindo parâmetros como a maior estabilidade térmica e a eventual influência da pressão. Conclusões ainda não existem, mas não deverão tardar, porque os intervenientes nesta operação de Sines esperam continuar com a saga e mesmo ampliá-la. O tempo dirá da sua justiça… (AF)