A Escolha do Mestre: Syrah, uma casta em ascensão
É, muito provavelmente, a casta estrangeira mais bem sucedida em Portugal, mostrando-se como aquela que reúne amplo consenso entre viticultores, enólogos e consumidores. Muito adaptável a diversos tipos de solo e clima, bastante consistente na qualidade colheita após colheita, a Syrah tem tudo para dar certo. TEXTO Dirceu Vianna Junior MW A Syrah destaca-se com […]
É, muito provavelmente, a casta estrangeira mais bem sucedida em Portugal, mostrando-se como aquela que reúne amplo consenso entre viticultores, enólogos e consumidores. Muito adaptável a diversos tipos de solo e clima, bastante consistente na qualidade colheita após colheita, a Syrah tem tudo para dar certo.
TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
A Syrah destaca-se com sucesso em diversas regiões produtoras do mundo. É uma casta fácil de cultivar e possui capacidade de se adaptar a condições distintas. Retém o carácter da varietal e ao mesmo tempo é capaz de expressar as diferenças do terroir. Além de oferecer flexibilidade com relação ao estilo é capaz de atingir alto padrão. Vinhos clássicos como Hermitage fortalecem a associação com vinhos de alta qualidade e servem como fonte de inspiração e referência. O facto de ser uma casta produtiva atende o interesse financeiro do produtor e por originar vinhos frutados, harmoniosos e fáceis de apreciar contribui com o apelo que possui perante ao consumidor. O nome da casta aparece no rótulo como Syrah ou Shiraz, mas também é conhecida como Antourenein noir, Balsamina, Candive, Biône, Entourneréin, Hermitage, Hignin noir, Marsanne Noir, Serine, Sérine, Serinne Sereine, Sérène, Sira, Sirac, Sirah, Syra, Syrac e Schiras.
Lendas românticas e evidências científicas
Existem várias teorias sobre a origem da casta. Uma versão diz que Syrah é proveniente da antiga cidade persa de Shiraz, actual Irão. Outra indica que a civilização Grega poderia ter trazido a uva para a colónia fundada ao redor de Marselha, enquanto alguns acreditam que ela poderia ter sido trazida para a França do Chipre por guerreiros retornando do Oriente Médio após as cruzadas no século XIII. Há especulações de que a variedade foi trazida de Siracusa pelas legiões do imperador romano Probus após o ano 280. Todas essas teorias foram descartadas após o estudo realizado por Carole Meredith, pesquisadora do Departamento de Viticultura e Enologia da Universidade da Califórnia, que através de estudos de DNA concluiu-se que Syrah é descendente de uma varietal tinta chamada Dureza, originária de Ardèche, e uma branca nativa da região de Savoie chamada Mondeuse Blanche. Não há registos de que essas varietais tenham sido cultivadas juntas em outros locais, o que fortalece a hipótese de que o cruzamento tenha de facto ocorrido na região dos Alpes do Ródano. Além disso, o cientista suíço José Vouillamoz descobriu uma relação genética de segundo grau entre Syrah e Pinot Noir. A descoberta dos pais e a ligação com Pinot Noir fortalecem a crença de que a origem da casta seja mesmo francesa.
Fácil de cuidar na vinha
Syrah adapta-se muito bem às encostas ensolaradas e quentes, mas não suporta calor em demasia. Prefere solos não excessivamente férteis e bem drenados, especialmente granito e solos pedregosos. A vinha é vigorosa, mas o porte erecto facilita a condução da parede vegetativa diz Amílcar Salgado, proprietário da Quinta de Arcossó em Trás-os-Montes. A forma de condução varia dependendo das condições edafo-climáticas, mas é recomendável assegurar que a planta esteja bem arejada para evitar doenças de fungos. Na Quinta do Monte d’Oiro, em Alenquer, região de Lisboa, Francisco Bento dos Santos, director geral, explica que Syrah é pouco vulnerável a doenças. Amílcar Salgado concorda e diz que a planta raramente é afectada pelo míldio ou oídio, pelo que dois tratamentos anuais geralmente são suficientes. Em condições mais frias é aconselhável retirar as folhas do lado nascente e expor os cachos para optimizar a acção do sol da manhã, mas deixar as folhas do lado poente para evitar que a fruta sofra escaldão com os raios mais intensos da tarde. Em climas quentes, especialmente em solos que emitem calor durante a noite, é recomendável afastar a fruta da superfície do solo em busca de condições mais frescas. É necessário ter cuidado especial na seleção de porta-enxertos pois Syrah é sensível à clorose. Em solos ricos em cálcio, são preferíveis R110 e SO4. Além disso a Syrah é sensível ao ataque de ácaros e pode sofrer morte prematura devido uma infecção que ocorre na junção entre a planta e o porta enxerto. O facto de Syrah abrolhar tarde diminui o perigo de perdas com geadas, explica Amílcar Salgado. O amadurecimento ocorre no meio período que na Quinta de Arcossó coincide com a maturação da Touriga Nacional, mas a janela de oportunidade para efectuar a colheita é reduzida e os bagos logo tendem a murchar. Por isso, é importante não colher a fruta demasiadamente tarde para evitar sobrematuração e consequentemente vinhos pesados, alcoólicos e sem frescura alerta Manuel Lobo, enólogo chefe da Quinta do Crasto, no Douro. Na Quinta do Monte d’Oiro, Francisco Bento dos Santos diz que estudos feitos inicialmente revelaram semelhanças com as condições com o vale do Ródano. A quinta localizada na freguesia da Ventosa faz lembrar as condições impostas pelo afamado vento Mistral, um dos motivos pelo qual não hesitaram em plantar Syrah e Viognier. O excesso de produção pode resultar em mostos com pouca expressão. Produtores que visam qualidade frequentemente optam em fazer a monda em verde para diminuir o rendimento. Amílcar Salgado explica que o volume de produção ideal para fazer um vinho varietal de Syrah de excelente qualidade na Quinta de Arcossó gira em torno de 1,5 a 2 kg por planta, cerca de 50 hl/ha. Na Quinta do Monte d’Oiro, Francisco Bento dos Santos trabalha com produções baixas, na casa dos 40 hl/ha, para os vinhos de entrada e para os vinhos de topo procura não exceder 20 hl/ha. Manuel Lobo acredita que Syrah não é uma casta difícil de lidar. O segredo para atingir excelência, na Quinta do Crasto, é praticar viticultura de precisão prestando atenção aos pequenos detalhes, principalmente na hora da colheita.
Consistente na adega
O método de vinificação varia de acordo com o estilo desejável, da filosofia do enólogo e condições climáticas. Amílcar Salgado, da Quinta de Arcossó, explica que Syrah oferece muita riqueza fenólica e é de fácil extração. Métodos de vinificação variam entre tradicional e moderno com alguns produtores optando por fazer maceração carbónica parcial buscando vinhos leves e frutados. O uso de engaços está se tornando mais amplamente utilizado pois adiciona estrutura e uma impressão de frescor ao vinho. Temperaturas elevadas, além de acelerar o processo, resultam em maior extracção, mas exageros na hora da vinificação tornam os vinhos duros e agressivos. Por outro lado, temperaturas inferiores e extrações delicadas podem comprometer a cor, plenitude aromática e a estrutura dos vinhos. Na Quinta de Arcossó, Amílcar Salgado prefere vinificar em lagar e a extração é feita à moda antiga, com o pé. Para Francisco Bento dos Santos o segredo, além de controlar o rendimento, é preservar aromas durante a vinificação, vigiar a nutrição das leveduras, controlar a temperatura e prolongar as fermentações. Syrah, é uma casta redutiva e a falta de oxigênio pode comprometer a limpidez e resultar em aromas como borracha queimada ou, em casos extremos, ovo podre. Syrah responde muito bem ao envelhecimento em barricas de carvalho, tanto francês como americano, revelando notas de cravo, baunilha, coco, café e especiarias. Além de responsável por excelentes vinhos varietais a casta é utilizada em lotes. Ajuda a acrescentar cor e corpo a Grenache nos vinhos do sul do Ródano. Pode aparecer também ao lado de Mourvèdre e Cinsault. Na Austrália frequentemente aparece ao lado da Cabernet Sauvignon. A casta responde muito bem quando acompanhada com uma proporção minoritária de Viognier, a qual contribui com notas florais e ajuda melhorar a textura. Além disso a natureza fenólica da Viognier ajuda o Syrah, que é rico em antocianinas, a estabilizar a sua cor. A grande maioria dos vinhos monocastas estão prontos para beber assim que lançados, embora os melhores exemplos envelheçam por décadas desenvolvendo notas de ervas secas, tabaco, fumaça, carne curada, bacon, terra molhada, couro, alcatrão e trufas.
Syrah ou Shiraz?
A casta dá origem a vinhos expressivos e oferece ampla diversidade de perfis, dependendo do clima e do solo onde está cultivada, bem como das decisões tomadas pelo enólogo. Produtores de regiões de clima mais frio, tanto no Velho Mundo quanto no Novo Mundo, tendem a identificar seus vinhos como Syrah. Os vinhos rotulados como tal possuem um perfil semelhante aos estilos clássicos do norte do Ródano. Em geral, esses vinhos possuem cor profunda. No palato tendem a ser esbeltos, exibem acidez viva, níveis moderados de álcool, entre 13 e 14% e estrutura firme. Os aromas elegantes mostram complexidade através de notas de frutas vermelhas e frutas negras, pimenta preta, ervas, fumaça, bacon, notas florais e podem revelar um toque de salinidade.
A casta é capaz de interpretar o terroir revelando características precisas e distintas. Um vinho de Hermitage, por exemplo, é firmemente estruturado, tânico, com caráter mineral, frutas negras e toques animais, de especiarias e torrefação. Côte-Rôtie é um vinho mais esbelto, refinado com notas de pimenta e violetas. Saint Joseph revela um estilo mais leve. Os vinhos de Cornas são mais rústicos enquanto os vinhedos de Crozes-Hermitage, ao redor da denominação de Hermitage, fazem vinhos mais acessíveis e oferecem excelente relação entre custo e benefício.
No sul do Ródano, Syrah é mais frequentemente usada como uma uva de lote para adicionar cor e estrutura aos vinhos de Châteauneuf-du-Pape, Gigondas e Côtes du Rhône. Na França, Syrah também aparece nas denominações de Costières de Nîmes, Corbières, Fitou, Faugères, St-Chinian, Languedoc (Pic St-Loup) e Minervois (La Livinière). Entre os melhores exemplos estão J. Chave, Paul Jaboulet Aîné La Chapelle ou Chapoutier Le Pavillon. No Novo Mundo, esse estilo pode ser encontrado no AVA de Walla Walla nos Estados Unidos, Hawkes Bay na Nova Zelândia e San Antonio, no Chile, para citar apenas alguns.
Quando cultivada em clima quente, a terminologia usada nos rótulos é Shiraz, uma prática que se tornou popular na Austrália. Shiraz tende a descrever um vinho frutado, encorpado e expressa um estilo mais exuberante refletindo um clima mais ensolarado. A cor é tipicamente profunda ou opaca. A expressão aromática inclui amoras, mirtilos, cerejas escuras, ameixas, alcaçuz, hortelã, eucalipto, chocolate amargo e uvas passas.
Na boca oferece boa concentração, textura aveludada e taninos redondos. A acidez é equilibrada e os níveis de álcool facilmente excedem 14% podendo ultrapassar 15%. Algumas das melhores referências desse estilo são encontrados no vale de Barossa, na Austrália. Os vinhos são positivamente untuosos, encorpados, densos, alcoólicos e exibem frutas negras, chocolate e menta. O vale possui alguns dos vinhedos comerciais mais antigos do mundo, como o Langmeil Freedom plantado em 1843 e Turkey Flat plantado em 1847, o que ajuda explicar a excepcional concentração. O clima marítimo de McLaren Vale origina vinhos encorpados, com estrutura mais ampla, frutas negras, chocolate, textura sedosa, mas não deixam de ser potentes. Em Clare Valley, os vinhos combinam intensos sabores de frutas negras e alcaçuz com excelente acidez devido às noites frias que ajudam dar estrutura e assegurar que os vinhos envelheçam bem. Os vinhos de Padthaway e Coonawarra são esbeltos e exibem acidez elevada. Também nas partes mais frias do estado de Victoria, como Mount Langi Ghiran, os vinhos produzidos apresentam excelente frescor e frequentemente é possivel detectar toques de pimenta preta e menta. O clima de Hunter Valley, em New South Wales, é quente mas sem excessos. Os vinhos exibem corpo médio, acidez viva, frutas escuras e tons terrosos. Na parte oeste da Austrália os vinhos mostram boa definição, firmeza e acidez crocante, frutas escuras maduras e sumarentas. Além das diferenças no perfil a casta Syrah demonstra versatilidade devido sua capacidade de originar vinhos rosé, espumantes e fortificados de boa qualidade.
Da ascensão à fama
Syrah ganhou notoriedade através dos vinhos de Côte-Rotie e Hermitage, no norte do Ródano. Como prova uma pequena capela no topo de uma colina, nas margens do rio Rhone, com vista para a cidade de Tain-l’Hermitage, vem atraindo o interesse de enófilos por décadas, mas nem sempre foi assim. Antes das regras das denominações de origem entrarem em vigor, na primeira metade do século XIX, os vinhos de Hermitage eram frequentemente usados em lotes com o objetivo de adicionar cor e estrutura aos vinhos de Bordéus. Durante a primeira metade do século XX, devido a falta de interesse, a varietal perdeu espaço na vinha. Foi apenas nos anos 80 que artigos e avaliações de críticos ajudaram reascender o interesse e a superfície plantada ao redor do mundo aumentou para mais de 140.000 hectares (ha) nas três décadas seguintes. Estima-se que as plantações da Syrah actuais estão na casa dos 186.000 ha. França e Austrália dominam as plantações com 68.600 ha e 42.492 ha, respectivamente. Na Europa os principais plantadores de Syrah são Espanha (19.830 ha) e Itália (6.880 ha). No Novo Mundo os principais produtores são Argentina (12.245 ha), África do Sul (10.117 ha), Estados Unidos (9.308 ha) e Chile (7.994 ha).
Syrah em Portugal
Em Portugal, Syrah aparece principalmente no Alentejo, Lisboa, Tejo e Península de Setúbal. Antes do ano de 1980 apenas 10,82 ha existiam no país. Entre 1981 e 1990 foram adicionados 35,49 ha e mais 309 na década seguinte. O grande impulso veio entre 2001 e 2010 quando foram plantados 2.592 ha. Após 2011 foram somados 2.777 ha levando a área total para 5.725 ha, de acordo com António Lopes, Técnico Superior do Instituto da Vinha e do Vinho. Syrah representa 3% das plantações ocupando a décima colocação no ranking das castas mais plantadas no país. Quinta da Lagoalva de Cima foi uma das primeiras propriedades a apostar na casta, possivelmente por influência de um enólogo francês que por lá passou. A decisão foi propícia pois os solos arenosos, bem drenados e pouco férteis ajudam a controlar a produção. Os dias quentes ajudam as uvas atingir maturação fenólica necessária e ao mesmo tempo as noites frescas protegem estrutura ácida garantindo frescura ao vinho. Tal como o Tejo, a região da Vidigueira no Alentejo, com os seus dias quentes e ensolarados e noites refrescadas pela brisa, criam condições favoráveis para a maturação da casta. O produtor Cortes de Cima foi um dos pioneiros em 1991 quando Syrah ainda não era autorizada na região lançando seu varietal com a marca “Incógnito” em 1998. Apesar de ser pouco difundida no norte do país já existem produtores conceituados como Quinta do Crasto e Quinta do Noval fazendo bom trabalho no Douro. O clima quente e seco assegura maturação mais cedo praticamente no mesmo período que algumas castas brancas.
Análise de prova
Os vinhos degustados aqui representam boa expressão da casta e, de uma forma geral, mostram consistência em relação à qualidade e estilo. Comparando com vinhos de clima frio que originam vinhos mais magros, frescos com toques de pimenta e tons salgados e vinhos mais expressivos, opulentos e frutados provenientes de clima quente, o estilo do Syrah português encaixa-se entre os dois com tendência de apontar marginalmente para o estilo compatível com vinhos de clima mais quente. Ao mesmo tempo, é possível perceber diferenças regionais, através da exuberância dos vinhos do Alentejo, a frescura da Bairrada e um estilo frutado e sumarento aliando com boa acidez encontrado no Tejo. O Syrah português é acessível, fácil de entender e os vinhos estão prontos para beber assim que lançados no mercado, embora os melhores exemplos demonstrem capacidade de envelhecimento. Os produtores revelam habilidade e cuidado para não extrair excessivamente e usar o carvalho judiciosamente. Entretanto, apesar da qualidade, de forma geral, atingir alto padrão, e de haver grande consistência, ainda não chega a atingir o patamar dos grandes clássicos franceses ou melhores exemplos australianos. A prova serviu para demonstrar que potencial existe. Além disso, vinhos como Incógnito de Cortes de Cima e Tributo de Rui Reguinga, excluídos da lista de prova não por falta de mérito, mas para ceder espaço a outros produtores, fortalecem a percepção da afinidade da casta com o terroir português. Syrah adapta-se muito bem e dá bons resultados em solos pobres e terroir hostil com vento, altitude e situações adversas e mais frias. É possível que o melhor terroir essa casta em Portugal ainda não tenha sido descoberto. De qualquer forma é evidente que o Syrah português tem potencial para ir mais longe. É preciso mais ambição.
O futuro da Syrah
A Syrah vem demonstrando a capacidade de atender às necessidades dos consumidores portugueses que procuram vinhos frutados, redondos e exuberantes. Na exportação, a casta poderá cumprir o importante papel de convidar consumidores internacionais, que ainda não descobriram os vinhos portugueses, talvez pela falta de familiaridade com as castas indígenas, a se aventurar. Em termos de custo, a maioria destes vinhos oferecem boa relação entre a qualidade e preço. Além da vantagem económica que a casta oferece ao produtor pelo facto de ser produtiva, a Syrah comprovou ao longo dos últimos anos afinidade com o terroir português. Por isso é muito provável que as plantações continuem a crescer. O facto de boa parte dos vinhedos estarem ultrapassando dez anos de idade ajudará a aprimorar a qualidade, que também será impulsionada a medida que os enólogos acumularem mais experiência e confiança em lidar com a casta. Até onde poderá chegar a qualidade desses vinhos no futuro dependerá da ambição dos produtores e da habilidade de saber equilibrar auto-confiança com humildade de continuar aprimorando-se através de troca de conhecimentos e provas comparativas com Syrah de outras partes do mundo. É indispensável abrir-se mais ao mundo, inovar e não ter medo de arriscar na hora da vinificação. Seria um triunfo conseguir surpreender consumidores e profissionais com a qualidade dos Syrah portugueses em uma prova as cegas em companhia de grandes clássicos mundiais dentro da próxima década. Julgando pela actual qualidade dos vinhos, esse é um objetivo perfeitamente atingível.
Edição nº 35, Março de 2020
Afinal, afinal… vamos ter um ano de vinhos fantásticos?!
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Diz o povo vitícola que em anos de míldio o vinho é muito bom. Porque esta doença acaba por fazer uma espécie de monda natural e deixar menos cachos/uvas na videira. Ou seja, como a planta alimenta […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Diz o povo vitícola que em anos de míldio o vinho é muito bom. Porque esta doença acaba por fazer uma espécie de monda natural e deixar menos cachos/uvas na videira. Ou seja, como a planta alimenta menos ‘filhos’, os restantes têm tendência a crescer mais saudáveis, proporcionando vinhos mais concentrados nos seus aromas e sabores, assim como no corpo. Ou seja, música para os ouvidos dos enófilos.
TEXTO António Falcão e Luis Lopes
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Vamos resumir em poucas palavras o ano meteorológico. Inverno muito seco, Primavera e início de Verão muito húmidos, a encher os solos com água para os próximos meses, mas a provocar fortes ataques de doenças fúngicas, um pouco por todo o país. Ciclo da videira muito atrasado, em alguns sítios quase um mês em relação à média. Por aqui e por ali, como no Douro, algumas granizadas fizeram uma vindima precoce (e outros estragos nas videiras). Acontecimentos muito graves, sem dúvida, mas felizmente muito localizados.
Subitamente, no início de Agosto, as temperaturas amenas dão lugar a calores violentos, que apanharam de surpresa as videiras durante alguns dias. Resultam escaldões em cachos, um pouco por todo o país. Por diversas razões, em alguns sítios e/ou vinhas, este fenómeno foi importante, arruinando uma sensível percentagem de cachos. Felizmente as temperaturas voltam rapidamente ao normal do Verão, e permitem um final de maturação lento e seguro, até à vindima, que decorreu sem pressas. Junte-lhe a isso a disponibilidade de água no solo, graças às chuvas de Primavera, e as maturações ficaram com maior harmonia entre os fenóis e o álcool. Isto faz-nos pensar, de repente, na vindima de 2011…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32685″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Um outro 2011?
Se olharmos para trás, para 2011, dois factores importantes aconteceram de forma muito semelhante a 2018: a enorme pressão de míldio e o escaldão nas uvas. Podemos juntar ainda um terceiro: a vindima sossegada, sem chuva, que deu tempo para tudo.
Ora, 2011 é unanimemente considerado um ano de grande qualidade, porventura o melhor deste século. Pois bem, 2018 poderá seguir um caminho semelhante, faltando confirmar a real qualidade dos vinhos. Apesar de a maior parte dos mostos já ter fermentado, é ainda cedo para avaliar a real qualidade dos vinhos resultantes.
Em termos de quantidades, este não foi um grande ano, pelas razões atrás explicadas. Se o enófilo jubila com uvas de melhor qualidade, a maioria dos viticultores quer sempre mais uva na sua vinha. Em termos globais, temos que compreender que existem muito mais viticultores a vender uva do que a produzir o seu próprio vinho. E com menos quilos a sair das vinhas, são menos euros a entrar no bolso. Mas parece inegável, considerando as muitas pessoas com quem falamos, que os viticultores com menos atenção, menos conhecimentos e menos capacidade económica foram os que mais sofreram. Alguns perderam tudo este ano, é verdade. E a esmagadora maioria é constituída por gente com pouca área de vinha e que vende as uvas a baixo preço. Em relação aos pequenos produtores, o gestor Paul Symington, do produtor com o mesmo nome e que é o maior proprietário de vinhas no Douro, diz que “é impossível ignorar a realidade da região: o Douro tem 16.890 lavradores com menos de 2ha de vinha, mas que ainda representam 23% das vinhas da região”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32687″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A importância do conhecimento
Nos maiores produtores e com maiores conhecimentos e capacidade económica, os desafios da Natureza foram atacados de forma mais rápida e eficaz, minimizando os prejuízos. Vários técnicos de viticultura e/ou produtores nos confirmaram isto. Luís Duarte, produtor no Alentejo mas ainda consultor enológico em outros projectos, dizia-nos: “Não percebo como é que tanta gente foi afectada pelo míldio: basta tratar a tempo e horas.”
José Canhoto, director de viticultura da Bacalhôa, com mais de mil hectares de vinhas em cinco regiões diferentes, confirmou-nos que os prejuízos com míldio e o escaldão foram diminutos. A Bacalhôa tem um formidável parque de máquinas pulverizadoras, tem stock próprio de produtos e as doenças eram detectadas e atacadas logo à nascença. E se houve poucos problemas com escaldão (salvo o Moscatel na Península de Setúbal), isso deveu-se ao facto de a equipa da Bacalhôa ter desfolhado pouco as videiras e regado na altura certa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Minho com sorrisos
Entre técnicos de viticultura e enólogos (com alguns produtores à mistura), a sensação era de alívio. Muito alívio. Toda a gente sofreu mais ou menos com o final de Primavera e o tórrido início do Verão, durante três ou quatro dias infernais. Mas as videiras, na sua maioria, recuperaram e acabaram por ir amadurecendo as uvas de forma muito lenta. O que é fantástico, desde que não venha de lá a temida chuva do equinócio. Afinal não veio.
Anselmo Mendes trabalha um pouco por toda a região dos Vinhos Verdes e começou por nos dizer que, “ao contrário do que se poderia supor, foi um muito bom ano para a região dos Vinhos Verdes”. Não existiram grandes problemas com as doenças fúngicas, até porque os viticultores da região “estão mais bem preparados do que quaisquer outros para lidar com este problema; por outro lado, os efeitos do escaldão foram ligeiros”.
Anselmo continua: “Dividiria a região em três grandes zonas: Monção e Melgaço, Lima e outras. Em Monção e Melgaço a pequena perda devida a míldio e escaldão até foi benéfica pois funcionou como uma ligeira monda. Foi essencial a vindima ter decorrido sem chuva.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32686″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O equilíbrio de ácidos e açúcares esteve perfeito e havia reservas de água no solo, algo que não aconteceu em 2017. Estão a nascer grandes vinhos nesta sub-região.”
Na zona do Lima, pode dizer-se que correu tudo ao jeito do Loureiro, com a casta a amadurecer sem pressas, “resultando em vinhos aromáticos, elegantes e cheios de frescura, melhores que os de 2017; não podia ter sido melhor”. Globalmente, este técnico disse-nos que no resto da região terá havido quebras de produção na ordem dos 20% (a zona de Baião, junto ao Douro, foi a mais afectada pelo míldio), mas o bom tempo durante a vindima proporcionou uva em muito bom estado sanitário. Em resumo, diz Anselmo, “a região dos Vinhos Verdes vai ficar com boas memórias de 2018”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Rumo ao interior
Domingos Alves de Sousa, produtor com várias quintas no Douro, não esconde que estava bastante apreensivo antes de começar a vindima. Porque, na verdade, só depois de as uvas chegarem à adega é que se pode ver na realidade o que o ano deu. Com a vindima quase terminada e mostos em fermentação, disse-nos que, afinal, “tudo correu muito melhor do que esperava”. Conseguiu colher uvas sãs e equilibradas. Jorge Alves, enólogo em vários produtores, como a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, traçou um cenário semelhante.
Domingos não falou da quantidade, mas adivinha-se que o Douro foi das regiões que mais sofreu: Anselmo Mendes, que conhece bem a região, disse-nos que “o Douro não sabe lidar com o míldio e o escaldão também fez muitos estragos”. Felizmente que o bom tempo e a disponibilidade de água no solo permitiram “fazer vinhos de muito boa qualidade”.
Pode ser um grande ano para o Vinho do Porto. Factor curioso no meio disto tudo: com a falta de uva, os preços do quilo para vinhos DOC Douro subiram imenso, dos 40/50 cêntimos o quilo para 80/90 cêntimos. Ou seja, este ano tinha compensado, e bem, vender uva.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32688″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mas, na realidade, e como dissemos atrás, muitos pequenos produtores ficaram com a vindima feita no final da Primavera. E Anselmo aproveita a deixa: “O Douro deveria aproveitar esta colheita para aumentar o preço médio dos seus vinhos no mercado, inaceitavelmente baixos.”
As histórias no Dão, Bairrada e Beira Interior sofreram destinos semelhantes. Os produtores de referência só se poderão queixar de alguma quebra na produção. No geral, havia uma sensação de euforia quanto à qualidade das uvas e aos mostos já fermentados.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#efefef” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”O grave problema da falta de mão-de-obra” color=”black”][vc_column_text]Os sintomas já andavam por aí há algum tempo. Mas nunca assistimos a um tal desespero como em 2018: começa a existir uma trágica falta de mão-de-obra para as vindimas. Ouvimos queixas em todas as regiões, mas o maior prejudicado é, sem dúvida, o Douro. Mesmo com jornas de 60 euros, é quase impossível arranjar pessoal para vindimar e não é possível mecanizar, como se tem feito em vinhas mais planas, mais a sul. Paul Symington, com o espírito sempre arguto, tocou na ferida: “O Douro, a mais desafiante vinha de montanha do mundo, é a última grande região vitícola do mundo a ser vindimada inteiramente à mão, em virtude da orografia incrivelmente escarpada. Esta situação (falta de mão-de-obra) não é claramente sustentável e, se uma alternativa não for encontrada, as uvas serão deixadas nas vinhas.”[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mais para sul
Lisboa, Tejo, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve não têm grandes razões de queixa. Do que ouvimos, apenas terá havido um caso mais grave, o do Moscatel, casta muito afectada pelo escaldão, especialmente os cachos da parte de cima da videira. De facto, em algumas zonas, os calores do início de Agosto chegaram a um ponto em que houve plantas a morrer. O motivo: altas temperaturas diurnas e nocturnas, com vento quente à mistura. Um cocktail explosivo. Outra casta que também sofreu bastante, em mais do que uma região, foi a tinta Alicante Bouschet. Curiosamente, não suportou nada bem o escaldão.
Susana Esteban, enóloga conhecedora do Alentejo e da sua periferia, disse-nos que este foi um bom ano, mas aconteceu um fenómeno que considera quase inédito: a maturação fenólica, responsável por aromas e sabores, esteve avançada face à maturação alcoólica. É sempre ao contrário, como diz Susana quase de forma irónica: “O normal é que, quando a maturação fenólica fica pronta, já as uvas têm 17 graus!” Ela observou este fenómeno desde a zona mais a norte do Alentejo, em Portalegre (onde faz vinhos), até à zona de Reguengos. Outros técnicos referiram este fenómeno estranho (mas bem-vindo, diga-se). Susana deixa, contudo, um aviso: “Estes extremos climáticos estão a provocar reacções pouco conhecidas ou mesmo inéditas nas videiras. Por isso penso que ainda vamos ter muitas surpresas no futuro….”
Luís Duarte vinifica muitas uvas de Estremoz e sobretudo da zona de Reguengos. E começa logo por dizer, meio a rir, que teve um ano de muita qualidade. “Vão julgar que eu estou a mentir, mas de facto não posso dizer outra coisa. Não me lembro de um ano assim. Porque, na verdade, calor a sério só houve uns três dias. A vinha sofreu algum escaldão, é verdade, mas apenas afectou algumas pontas e cabeceiras.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Do outro lado do Atlântico
Se houve região onde tudo correu bem foi nos Açores e em especial na ilha mais vitícola, o Pico. Bernardo Cabral, enólogo da Adega Cooperativa do Pico, confirmou-nos que foi um ano em grande. A vindima mais precoce e mais seca de que há memória trouxe excelentes uvas, em quantidade e qualidade. Belas notícias para o maior produtor dos Açores, em fase de renovação de toda a sua gama e a avançar para produtos que quer colocar em segmentos de preço mais altos. António Maçanita e outros produtores da ilha disseram o mesmo: este deverá ser o melhor ano de sempre nos Açores.[/vc_column_text][vc_column_text]Conclusão
É ainda prematuro falar de valores da mais que provável quebra de produção. Teremos de deixar essa análise para o próximo mês (ou mesmo para 2019), à medida que as declarações de produção comecem a ser registadas pelos serviços oficiais. Quanto à qualidade, não temos grandes dúvidas: os vinhos de 2018 serão certamente bons, provavelmente muito bons, e, claro, existirão alguns excepcionais. Falta apenas saber as proporções de cada um deles…[/vc_column_text][vc_column_text]
Edição Nº19, Novembro 2018
[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32689″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row]
A enigmática casta Verdelho
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A origem da Verdelho continua a ser um enigma, apesar de estudos recentes terem contribuído imensamente para o nosso conhecimento dessa abstrusa casta. Estudos genéticos já nos possibilitam rejeitar comparações entre Verdelho e Chenin Blanc, Godello, Verdicchio […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A origem da Verdelho continua a ser um enigma, apesar de estudos recentes terem contribuído imensamente para o nosso conhecimento dessa abstrusa casta. Estudos genéticos já nos possibilitam rejeitar comparações entre Verdelho e Chenin Blanc, Godello, Verdicchio Bianco e Verdello que é plantado na região de Umbria, na Itália. Entretanto, devido à existência de múltiplos sinónimos e homónimos, dentro e fora de Portugal, e a um passado inadequadamente catalogado, a origem da variedade permanece um mistério. Por esse motivo, profissionais e publicações continuam a fazer confusão entre castas, principalmente Verdelho, Verdejo e Gouveio.
TEXTO Dirceu Viana Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No passado acreditava-se que o Verdelho havia sido levado do continente para as ilhas de Portugal. Vinhedos velhos foram encontrados nos arquipélagos da Madeira, dos Açores, das Ilhas Canárias e no Vale do Loire, mas, entretanto, não foram identificadas vinhas antigas do continente português contradizendo essa hipótese.
Segundo Jorge Böhm, viveirista e autor, existem registos sugerindo que no início do século XV, quando os portugueses descobriram as ilhas atlânticas, o rei Afonso V solicitou ao seu tio Henrique, o Navegador, que trouxesse as melhores castas das ilhas gregas (Creta). Essas castas foram plantadas na ilha da Madeira. Com o passar do tempo essas castas migraram para as ilhas dos Açores. Autores açorianos, entretanto, escrevem que o Verdelho poderia ter sido importado para os Açores a partir do século XV do Chipre, da Sicília ou possivelmente da ilha da Madeira pelo Frei Pedro Gigante. De facto, um dos registos mais antigos referente à casta Verdelho cultivada nos Açores menciona plantações na lha Terceira e foi escrito por Gaspar Frutuoso em algum momento entre os anos de 1522 e 1591.
Entretanto, através de análise de DNA até agora não foi possível estabelecer ligação genética entre o Verdelho e qualquer casta proveniente da ilha de Creta, Chipre ou Sicília, embora exista a possibilidade da proximidade com alguma variedade das ilhas Canárias, tese defendida por muitos espanhóis.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32036″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Documentos encontrados na ilha da Madeira, mostram que mudas de Verdelho foram enviadas da ilha no ano de 1768. Alberto Vieira, académico e pesquisador da história da Madeira, afirma que em 1783 o Verdelho foi autorizado como uma das castas a serem plantadas na região de Porto Santo. Dados históricos explicam que a casta era amplamente cultivada na Madeira antes de a filoxera atacar a ilha em 1872 e na época constituía cerca de dois terços das plantações. Da mesma forma, o autor Girão estabelece que por volta de 1820 o Verdelho também era a casta mais utilizada nos Açores.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32045″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A ausência de qualquer referência à casta Verdelho antes do século XVIII na Madeira demonstra um intervalo de aproximadamente 200 anos entre a primeira citação do Verdelho nos Açores e os registos da Madeira. Tal referência convida a especulações que a casta poderia ter existido nas ilhas dos Açores antes de ter sido cultivada na ilha da Madeira.
Microssatélites de DNA de cloroplasto são utilizados para definir a direcção dos cruzamentos parentais e através dessa técnica foi possível identificar a casta Savagnin como um dos progenitores da casta Verdelho. Utilizando a mesma técnica, ficou estabelecido que Verdelho é possivelmente um dos progenitores da casta Arinto dos Açores e que, juntamente com a casta Bastardo, sejam os progenitores da Terrantez do Pico. Esse facto reforça o conceito de que o Verdelho poderia ter existido nos Açores há muito tempo para ter gerado descendentes. Além disso, os perfis dos microssatélites provam cientificamente que Verdelho é uma casta diferente da espanhola Verdejo e da portuguesa Gouveio, que, no continente, em muitos casos ainda continua sendo confundida com o Verdelho.
De acordo com dados mais recentes do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV) existem 624 hectares de Verdelho plantados no território nacional, incluindo Madeira, Açores (Biscoitos, Pico e Graciosa), Douro, Dão, Beira Interior, Bairrada, Alentejo, Tejo e Setúbal.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo chefe do grupo José Maria da Fonseca, acredita que também haja plantações no Minho. Frederico Falcão, CEO do grupo Bacalhoa, supõe que as plantações de Verdelho no continente sejam escassas e sugere que grande parte da área é constituída por Gouveio, possivelmente devido a confusão que ocorria na hora da encomenda do material genético aos viveiristas. Domingos Soares Franco concorda e acredita que na Península de Setúbal, por exemplo, além dos dois hectares que possui a sua empresa, existe apenas um hectare de Verdelho autêntico cultivado por um produtor vizinho. David Baverstock, que já havia observado o comportamento da casta Verdelho na Austrália, confirma que essa confusão realmente ocorreu na década de 90 quando buscava plantas para estabelecer vinhedos no Alentejo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32035″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Verdelho ou Gouveio?
Jorge Böhm indica que Verdelho de Portugal continental era a variedade Gouveio (ou o Godello espanhol). Diz ele que há cerca de 20 anos, quando houve um projecto governamental de eliminação da expressão homónima, o Verdelho continental passou a ser chamado Gouveio, que era o antigo sinónimo regional do Verdelho. De acordo com dados mais recentes do Instituto da Vinha e do Vinho, existem 1.067 hectares de Gouveio plantados no país.
Gouveio é uma excelente variedade, confirma David Baverstock, enólogo chefe da Herdade do Esporão, capaz de revelar aromas tropicais exuberantes e por isso é apreciada por consumidores. Apesar de haver ligações genéticas com Verdejo, as duas castas são completamente distintas. O francês Pierre Odart, experiente ampelógrafo e responsável por introduzir Verdelho ao Vale do Loire, já havia escrito um artigo em meados do século XIX esclarecendo as diferenças entre Verdelho e Gouveio.
Essa casta, proveniente de um cruzamento entre Castellana Blanca e Savagnin, continua a ser utilizada na região de Trás-os-Montes e Douro, apesar de sua importância parecer ter diminuído ao longo dos anos. Frederico Falcão, CEO da empresa Bacalhoa, que possui a Quinta D’Aguiar em Figueira de Castelo Rodrigo, Beira Interior, onde existem plantações de Gouveio, explica que a casta é resistente a doenças, sendo capaz de atingir produções a rondar entre 10 a 12 toneladas por hectare. O Gouveio é conhecido por apresentar aromas de frutas cítricas, maçã fresca e frutas de caroço. Confere acidez nítida, refrescante, e o nível de açúcar no mosto é equilibrado. Frequentemente aparece na composição dos vinhos do Porto brancos. Numa pequena zona do Douro e na sub-região de Távora-Varosa aparece como base para espumantes. Um excelente exemplo de Gouveio como varietal aparece num vinho espumante feito pela Caves Transmontanas chamado Vértice Gouveio 2007.
Do outro lado da fronteira, Rafael Palacios, renomado enólogo espanhol, trabalha com Godello em Valdeorras desde 2004. O que o atraiu foi a excepcional intensidade da fruta, combinada com sabores elegantes e profundos, textura sedosa juntamente com frescura e salinidade. Palacios acredita que essa casta pode ser vista como uma alternativa para a Chardonnay, capaz de fazer vinhos frescos e refrescantes ou optar por estagiar em madeira, o que confere ao vinho mais corpo, densidade e complexidade. Os vinhos são versáteis e capazes de envelhecer na garrafa por mais de duas décadas, segundo ele. Um dos lançamentos actuais que merecem atenção é Bodegas Rafael Palacios “As Sortes” 2016.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Verdelho ou Verdejo?
Verdejo é uma casta bem-conceituada e praticamente sinónimo da DO Rueda, para a qual é especialmente adequada graças à sua alta altitude, geologia e clima continental, com diferenças marcantes de temperatura entre a noite e o dia. Verdejo é uma das castas brancas mais plantada na Espanha, representando uma parte significativa dos vinhedos de Castilla y León, Castilla La Mancha e Extremadura. Certos livros apontam Castilla y León, no centro-norte da Espanha, como a região nativa dessa casta, no entanto outros livros sugerem que a uva teve origem no norte de África e foi trazida por cristãos que viviam sob o domínio hispano-muçulmano em torno do século XI. Domingos Soares Franco refere que até há pouco mais de uma década Verdelho e Verdejo eram consideradas a mesma casta no território português. Somente através de análise genética foi possível provar que essa presunção estava incorrecta. De acordo com dados recentes do Instituto da Vinha e do Vinho, existem apenas 33,55 hectares de Verdejo plantados no país.
O Verdejo é uma casta que na primeira fase do ciclo vegetativo tem características ampelográficas similares ao Verdelho, sendo difícil encontrar diferenças até à altura da floração.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32039″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Após esse estágio, a casta Verdejo, que demonstra vigor entre médio e alto, distingue-se através de bagos ovóides e cachos maiores do que o Verdelho resultando num nível de produção superior. Verdejo apresenta sensibilidade ao desavinho, principalmente quando as condições na altura da maturação não forem muito favoráveis. Em termos de sensibilidade a doenças, é muito susceptível ao míldio, que tem tendência para atacar o cacho após o vingamento, e é sensível ao oídio. De acordo com Domingos Soares Franco, nas condições da Península de Setúbal é uma casta precoce com maturação semelhante à do Fernão Pires, ainda que Frederico Falcão adiante que nos vinhedos da Bacalhoa a colheita acontece tarde. O mosto tem acidez consideravelmente inferior ao Verdelho, na ordem dos 4,5 a 5 g/l, a casta é mais sensível à oxidação e lenta para clarificar durante a decantação estática.
Por outro lado, o Verdelho brota a médio prazo e por isso é susceptível à geada da Primavera. Amadurece cedo. Exibe bagos ovais de tamanho médio, pele grossa e cachos relativamente pequenos com peso médio e moderadamente compactos. O rendimento é regular e não excessivo. Verdelho prefere um solo mais profundo com certo grau de humidade. Por esta razão, adapta-se bem ao clima marítimo e é mais resistente a doenças, embora seja susceptível ao oídio. Outro grande problema, de acordo com Jorge Böhm, como viveirista, é conseguir encontrar material genético sem vírus. Na adega, o mosto exibe uma acidez elevada na ordem dos 6,5 a 7 g/l. A casta é resistente à oxidação e clarifica durante a decantação estática com mais facilidade do que o Verdejo.
Os vinhos portugueses degustados aqui apresentaram dois perfis distintos e essas diferenças parecem não ser apenas frutos da diversidade edafoclimática, mas aparentam ser vinhos de castas completamente diferentes, como se estivéssemos comparando um Chardonnay com Aligoté. Um grupo apresentou vinhos com estrutura linear, acidez acentuada e um perfil mineral com distinta salinidade. No geral apresentaram um estilo de vinho mais discreto e distintamente gastronómico. Outros vinhos, porém, demonstraram aromas mais exuberantes com abundância de frutas tropicais e florais. São vinhos agradáveis, fáceis de entender e podem ser facilmente apreciados por quem deseja beber um bom copo de vinho sem acompanhar um prato, pois a acidez é notavelmente mais baixa. Essa análise impõe serias dúvidas de que os vinhos cujas notas de degustação transmitem exuberância e aparentam menor acidez sejam realmente Verdelho.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32043″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O futuro
Está claro que a confusão que historicamente existiu entre estas castas ainda persiste e que os dados oficiais possivelmente são bastante imprecisos. É possível que alguns produtores não estejam atentos e que outros prefiram ignorar o tópico por conveniência. Com o aumento do interesse do público em relação a temas ligados à rastreabilidade, responsabilidade social e autenticidade, agora seria um bom momento para esclarecer essa dúvida de uma vez por todas. O tema pode não ser grave o suficiente para gerar manchetes negativas no cenário mundial, como escândalos recentes envolvendo vinhos de Brunello di Montalcino ou a fraude na região do Vale do Rhône e Chateauneuf du Pape. Mas penso ser consensual que tal coisa não deveria continuar, especialmente em Portugal, uma nação séria e íntegra que se orgulha da qualidade, diversidade e autenticidade de seus vinhos.
Não é sequer uma questão de que uma destas castas seja melhor que a outra. São simplesmente diferentes. Em vez de ignorar esse tema enigmático e nebuloso, seria uma oportunidade para clarificar e demonstrar ainda mais a diversidade que Portugal tem para oferecer. Por esse motivo, as informações devem ser mais pronta e rigorosamente compartilhadas pelos viveiristas, os responsáveis do governo e das Comissões Vitivinícolas Regionais precisam de agir e os produtores aceitar responsabilidade, para que os consumidores possam ter confiança no produto que estão comprando.
Tenho a certeza de que muitos profissionais da indústria, Masters of Wine, jornalistas internacionais e sommeliers apreciariam a oportunidade de provar um genuíno Gouveio, comparar com um Verdejo e contrastar com um autêntico Verdelho. Não há dúvida de que todas essas castas são capazes de fazer grandes vinhos. Assim sendo, iriam adicionar ainda mais à história que Portugal tem para contar sobre a multiplicidade e abundância das suas valiosas castas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
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Colinas do Douro
Branco - 2015 -
Verdelho da Peceguina
Branco - 2017 -
DSF Limited Edition
Branco - 2017 -
Quinta da Pedra Escrita
Branco - 2014 -
Paulo Laureano ‘Genus Generationes Maria Teresa Laureano’
Branco - 2017 -
Esporão
Branco - 2017 -
Casal da Coelheira Private Collection
Branco - 2017 -
Muros de Magma
Branco - 2015
Edição Nº 18, Outubro 2018
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Aragonez, a casta-rainha da Península Ibérica
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Aragonez, Tinta Roriz e Tempranillo são alguns dos muitos nomes por que é conhecida, a mais importante casta tinta ibérica. Em Espanha é responsável pelas prestigiadas marcas de Rioja, Ribera del Duero ou Toro. Em Portugal é […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Aragonez, Tinta Roriz e Tempranillo são alguns dos muitos nomes por que é conhecida, a mais importante casta tinta ibérica. Em Espanha é responsável pelas prestigiadas marcas de Rioja, Ribera del Duero ou Toro. Em Portugal é a uva tinta mais plantada, mas é utilizada sobretudo em lotes com outras variedades.
TEXTO João Afonso
FOTOS Ricardo Palma Veiga
A Aragonez, que tomou já depois do Barão de Forrester o nome de Tinta Roriz na metade norte do país, é a versão portuguesa da Tempranillo espanhola. Uma casta muito especial, muito produtiva, mas, se não se cometerem excessos de produção, capaz de originar excelentes vinhos.
O “muito” é normalmente inimigo do “bom”, mas o viticultor, ao fazer as suas contas, opta habitualmente por tentar produzir o máximo de quantidade com o máximo de qualidade. E esta casta consegue um índice muito alto nesta relação, além de ter grandes vantagens na lavoura pelo seu porte erecto, fácil de conduzir e cuidar (que compensa a sua forte sensibilidade aos fungos do míldio e oídio e ao inseto da cicadela).
Talvez por tudo isto ela seja no momento a primeira casta tinta ibérica. A que se planta mais, tanto em Portugal (cerca de 20.000 hectares/10% da área) como principalmente em Espanha (cerca de 215.000 hectares/20% da área, quando em 2000 a área de plantação andava nos 80.000 hectares). No mundo ocupa a 6ª posição.
A sua importância no país vizinho é, poderemos escrever, “demolidora”, já que o seu crescimento e alastramento para mais de metade das DO espanholas, é um dos principais factores de perda da diversidade varietal naquele país (e os poucos clones utilizados nas novas plantações adicionam à erosão varietal a erosão genética).
O êxito da Tempranillo em Espanha levou a que daqui fosse exportada para vários países, onde se destacam os EUA, com uma área interessante de 250 hectares, repartida por pouco mais de três dezenas de adegas que se autodenominam com o acrónimo TAPAS (Tempranillo Advocates Producers and Amigos Society) e que cultivam nos seus vinhedos castas espanholas a que se juntaram mais recentemente castas portuguesas. Na Austrália atinge ainda maior expressão, com 312 hectares.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27225″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Origem Antiga
Não existem dúvidas de que a sua origem é espanhola. Terá nascido há alguns séculos após o cruzamento das castas indígenas Albillo Mayor e Benedicto. Provavelmente na DO de Valdepeñas, onde possui hoje a maior diversidade genética. Em Espanha a casta possui vasta sinonímia (diferentes nomes) consoante a região onde é plantada: Tinta del País, Tinto Fino, Tinta de Toro, Cencibel, Ull de Liebre, etc…
A Aragonez/Tinta Roriz entrou em Portugal entre o final do século XVIII e início de XIX, pois não possui referências anteriores a 1822 (A. Girão, citado por Jorge Bohm). O Visconde de Vila Maior escreve que ela terá sido importada pela Quinta da Romaneira, no Douro, e refere também que em 1875 ela se podia encontrar na região de Portalegre. É um facto que as vinhas de provecta idade ainda existentes nas imediações desta cidade têm uma grande percentagem de Aragonez.
O crescimento da casta nos vinhedos nacionais terá ocorrido com a chegada do cooperativismo, nos anos 50 do século XX (as uvas foram durante décadas pagas não pela qualidade mas pelo grau/quilo), e mais tarde, a partir dos anos 80, com o crescimento generalizado da qualidade dos vinhos e com o desenvolvimento e valorização de muitas das suas marcas.
Hoje em dia, a Aragonez/Tinta Roriz é uma casta que reúne consenso devido às suas enormes qualidades na vinha e na adega. Mas é também aquela que recolhe da produção descuidada ou excessiva, as maiores criticas. Culpam-se os clones, mas muitos dos clones que hoje são comercializados vêm da vizinha Espanha e muitos deles são produzidos por Itália… em meandros confusos estabelecidos pelo uniformizador programa VITIS. A este respeito, as ajudas financeiras à compra de bacelos já enxertados e certificados, ainda que importantes do ponto de vista económico, conduzem ao afunilamento e perda da diversidade da casta, “apagando-lhe” os fenótipos de cada uma das regiões ibéricas onde ela se adaptou e modificou ao longo de séculos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27230″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27234″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Casta multifacetada
Se a selecção clonal da Touriga Nacional correu bem, o mesmo não se pode dizer da Aragonez/Tinta Roriz. Os dois critérios de selecção – maior rendimento em quilos e grau alcoólico – numa casta já de si muito produtiva e precoce na maturação, forçaram uma redundância que hoje obriga os viticultores a defenderem-se da sua excessiva generosidade. João Paulo Gouveia, enólogo no Dão, refere que a principal acção no controlo da variedade é uma monda de cachos severa da ordem dos 50% – “E sem medo”, sublinha. Hamilton Reis (Cortes de Cima) confessa o segredo da vinha que produz um dos melhores Aragonez nacionais: “Aquilo é só calhau rolado em cima de rocha mãe.” A extrema pobreza do solo da vinha situada no sopé da serra do Mendro faz o controlo natural da casta e os vinhos de topo surgem naturalmente. António Magalhães, da Fladgate Partnership (Taylor’s, Fonseca…), escolhe sempre os solos mais pobres e arejados para a casta. Por seu lado, Francisco Ferreira, responsável pela gestão agrícola da Quinta do Vallado, confessa também que o Field Blend da vinha velha é pelo menos 20% Tinta Roriz, casta que não dispensa nos vinhos de lote, mas concorda que é no Douro Superior, com maiores limitações à fertilidade, que a casta dá melhores resultados.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27232″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De um modo genérico todos lamentam as fortes produções da casta, que tantas vezes originam vinhos vegetais, com taninos excessivamente secos e difíceis de engolir. Mas, quando controlados os excessos de produção, a Aragonez/Tinta Roriz é uma casta muito plástica, eclética, trabalha bem em topo o tipo de solo e produz todo o tipo de vinho. Vinificada em branco para espumante (sem o tanino agressivo que por vezes dá aos tintos) origina vinhos finos e complexos, como refere Marta Lourenço, enóloga da Murganheira; se vinificada em monovarietal dá vinhos extremamente especiados e gastronómicos, como lembra Francisco Bentos dos Santos (Quinta do Monte d’Oiro). Mas é em Espanha que a casta ganha todo o protagonismo varietal, dominando a grande maioria dos principais e icónicos tintos deste país, e na Rioja Alavesa consegue também excelentes tintos de maceração carbónica. A solo ou acompanhada, a Aragonez/Tempranillo é responsável por muitos dos melhores tintos Ibéricos (com grande vantagem neste caso para Espanha).
Mas vai ainda mais longe, sendo parte importante dos principais Porto Vintage do último século. David Guimaraens (enólogo do grupo Fladgate) elege duas castas principais para o fabrico dos grandes Porto: Tinta Roriz e Touriga Franca. A Roriz pelo seu aroma fino e intenso, de fruto vermelho fresco e elegante; e também pelos seus taninos muito firmes e ricos, que ajudam outras castas menos fortes nesta matéria, sendo, acima de tudo, a uva que mais contribui para longevidade e melhoramento do vinho em garrafa.
Numa produção orientada para a qualidade, a Aragonez/Tinta Roriz é hoje uma casta essencial, capaz de originar vinhos de excelência, a solo ou em lote, em ambos os lados da fronteira. Uma verdadeira rainha da Ibéria.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid” animation_in_type=”transition.fadeIn” animation_in_offset=”100″ animation_in_duration=”300″ animation_in_delay=”0″][vc_text_separator title=”Mestres do Aragonez”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”rgba(237,237,237,0.01)” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”27239,27240,27241,27242,27243″ display_title_caption=”true” layout=”fullwidth” item_spacing=”default” gallery_style=”1″ load_in_animation=”fade_in” css=”.vc_custom_1543315822198{background-color: rgba(237,237,237,0.01) !important;*background-color: rgb(237,237,237) !important;}”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default” animate=”yes”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”rgba(232,232,232,0.01)” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição nº13, Maio 2018
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“Plantem novas castas… ou morram!”
O título parece sinistro, mas traduzido livremente é isso mesmo: segundo um artigo publicado pelo jornalista Jeff Glorfeld na revista Cosmos, “as mudanças climáticas estão a criar uma multiplicidade de desafios aos agricultores mundiais, incluindo os viticultores”. Pior ainda: Jeff falou com Elizabeth Wolkovich, bióloga especializada em mudanças climáticas na Universidade de Harvard (EUA). Esta […]
O título parece sinistro, mas traduzido livremente é isso mesmo: segundo um artigo publicado pelo jornalista Jeff Glorfeld na revista Cosmos, “as mudanças climáticas estão a criar uma multiplicidade de desafios aos agricultores mundiais, incluindo os viticultores”. Pior ainda: Jeff falou com Elizabeth Wolkovich, bióloga especializada em mudanças climáticas na Universidade de Harvard (EUA). Esta investigadora afirma que “no final do século não nos parece que seja possível cultivar uvas em grande parte da Itália, na maior parte de Espanha e em algumas das mais importantes regiões de França, como Bordéus, Cotes du Rhone e Borgonha”. Portugal não foi referido, mas os efeitos aqui serão similares aos de Espanha. Ou seja, nada bons…
Resumindo aquele que é um artigo grande, a estratégia mais indicada para mitigar estas alterações climáticas é plantar novas castas, mais adaptadas a diferentes condições das actuais. Ora, é exactamente aqui que vamos ao âmago do que nos interessa focar: existem dois grandes obstáculos a esta adaptação.
Um deles é, ainda segundo Wolkovich, “o acarinhado conceito de terroir. (…) O Terroir reside na crença de que o carácter de um vinho é um reflexo do local e das castas aí plantadas. Como tal, só certas castas fazem parte desse terroir, deixando pouca margem de manobra para mudanças”. O clima faz também parte do terroir, mas as mudanças que aí vêm vão necessariamente alterar o terroir. Considerando que o terroir é ainda um forte argumento de marketing & vendas, muitos viticultores não querem sequer ouvir falar de mudanças…
O outro obstáculo vem a seguir. Mesmo que os ‘vignerons’ aceitem fazer alterações nos encepamentos, os investigadores ainda não têm informação suficiente para afirmar que outras castas (quaisquer que sejam) se irão adaptar melhor às alterações climáticas.
Nos seus relatórios, especialmente os mais recentes, Elizabeth Wolkovich exorta os viticultores do mundo a abrirem os olhos, porque “ou começam a experimentar novas castas ou arriscam-se a sofrer as consequências negativas das alterações climáticas”. Com o passar do tempo, indica a investigadora, “algumas castas, em algumas regiões, vão começar a falhar”. (AF)