Entrevista com Chef Diogo Rocha: A estrela Michelin e o novo livro

A entrevista aconteceu no auge da felicidade, com o chef Diogo Rocha ainda mais sorridente do que é costume. Em finais de Novembro, quando ainda festejava a conquista da primeira estrela Michelin, apresentou o seu novo livro, Queijaria do Chef, feito em parceria com o fotógrafo Mário Ambrózio. Conversa sobre o que passado e o […]

A entrevista aconteceu no auge da felicidade, com o chef Diogo Rocha ainda mais sorridente do que é costume. Em finais de Novembro, quando ainda festejava a conquista da primeira estrela Michelin, apresentou o seu novo livro, Queijaria do Chef, feito em parceria com o fotógrafo Mário Ambrózio. Conversa sobre o que passado e o futuro do restaurante Mesa de Lemos, em Silgueiros, Viseu, com o aroma de queijos em fundo.

TEXTO Ricardo Dias Felner

RDF: Comecemos pelos queijos. Como é que nasceu este livro?
DR: Eu e o Mário somos amigos de infância, andámos na mesma escola em Canas de Senhorim.

E ele também gosta de comida?
Imenso. Ele chegou a estagiar com a Marlene Vieira. Era fotógrafo de dia e à noite ia para a Marlene, como estagiário. Ele cozinha muito bem e gosta de cozinhar.

Vem de uma zona de queijos. Que relação tem com os queijos?
Sim, sobretudo do Serra da Estrela. É uma coisa desde muito miúdo. O meu pai tinha uma mercearia, vendia imensos queijos. Ia com ele comprar directamente às queijarias, algumas hoje em dia estão fechadas. Tenho bem presente aquele aroma de queijaria, não é bem um cheiro a chulé, não é desagradável. Pelo menos para mim [risos].

Associa a esses momentos, portanto.
E também a festa. O queijo era uma coisa de festas. Tinha de estar na mesa nessas alturas. E então era sempre o Serra da Estrela. Para consumo diário havia o tipo Serra ou mesmo o flamengo, que vendíamos muito.

Gosta de flamengo?
Há alguns flamengos bem feitos, que não são insípidos, que são cremosos, saborosos.

Como é que surgiu o livro?
Já tinha este desejo e coincidiu com uma viagem a Viena. Fui jantar a um restaurante em Viena que tinha um carrinho de queijos delicioso, com exemplares do mundo inteiro. Ele vem com o carro e pergunto-lhe: e queijos portugueses? “Portugal não tem queijos”, disse-me o empregado. Cheguei a Portugal e despachei um Serra da Estrela para ele. Recebi uma carta depois em que o chef dizia que o queijo tinha sido seleccionado para entrar no carro e ia ser afinado. Eles têm um afinador de queijos lá no restaurante e o livro inicialmente até era para se chamar O Afinador de Queijos. O clique para o escrever deu-se aí.

Tem queijos no restaurante Mesa de Lemos?
Tenho sim, de forma ainda discreta. Mas projecto ter um carro de queijos portugueses.

Não é uma comida muito pesada para integrar numa degustação?
Tem de se pensar a degustação já a contar com esse momento mais robusto. E eu que a mais-valia é podermos afinar os nossos queijos. Temos de perceber que não devemos comer Serra todo o ano. Se calhar o melhor é no princípio do ano. Da mesma forma, as pessoas que procuram requeijão no Verão não sabem o que estão a fazer.

Falta-lhes gordura?
Sim, ou são pasteurizados sem aquelas características do requeijão feito quando o leite está melhor. Tem a ver com o pasto, tem a ver com os animais. Dão leite mas a qualidade não é a mesma.

Mas há Serra da Estrela todo o ano.
Mais do que Serra da Estrela até comemos Seia todo o ano. Gostava que as pessoas percebessem a diferença entre um queijo Serra, um Seia e um Serra da Estrela, que é uma coisa diferente.

Não há bons queijos sem serem certificados com D.O.P.?
Há sim, óptimos. Mas com os D.O.P. temos mais garantia de qualidade. E até na mesma queijaria podemos lá ir hoje e o queijo ser diferente do queijo de amanhã. Mas concordo que há grandes artesãos de queijos que não são D.O.P..

O Serra da Estrela é o seu preferido?
Não. Gosto de queijos mais curados. Como o de São Jorge. Ou o de São Miguel, com uma cura de nove meses, que não sendo muito já lhe dá um picante. Ou os queijos picantes de Castelo Branco, que normalmente quando estão no mercado já ultrapassaram o tempo certo. Ele tem um ponto em que é cremoso, pica, mas não é muito agressivo. É maravilhoso. Nos Serra vende-se todo o stock, que é pouco, antes de eles estarem curados, e é uma pena. O queijo com 40 dias para mim tem sempre um sabor ainda demasiado lácteo.

O restaurante Mesa de Lemos.

E o que acha do queijo comido à colher?
Não é uma guerra que eu queira travar. Mas nós explicamos que ele deve ser cortado à faca, por causa das diferenças de textura e sabor entre a pasta e a casca. Mas dito isto as pessoas devem comê-lo como lhes apetecer.

No livro também se fala da travia.
Sim, é o soro. As pessoas estão meio distraídas, mas todas as grandes superfícies têm.

O que se faz com a travia?
No livro fizemos uma proposta para um bolo. Mas ela é óptima para saladas, porque tem bastante acidez, ou mesmo numas pizzas e numas pastas.

Dos queijos do livro qual é o mais surpreendente?
O queijo chèvre do Adolfo Henriques, da Maçussa. Acho que é uma coisa do outro mundo, campeão mundial. Mas também não sabia que havia um queijo de cabra no Algarve. Ou queijos frescos na Madeira.

Há quem diga que Portugal tem poucos queijos bons, sobretudo olhando para países como Espanha ou França.
Nós temos 18 certificados. Mesmo que sejam todos muito bons, e eu acho que são, são poucos.

O que achas do Rabaçal que se encontra por aí?
O Rabaçal é melhor do que o que as pessoas julgam. Eu tenho ali um certificado que não tem nada a ver com o amanteigado do costume. Não é extraordinário, mas é bom.

Qual é a tua região preferida?
A Beira Baixa tem muitos e bons queijos artesanais. É a zona mais rica em queijos. De cabra, de ovelha, de mistura.

Numa semana, ganhou a primeira estrela Michelin, agora o lançamento do livro. Já sabia há mais tempo que ia ganhar a estrela?
Fui contactado pela Michelin para me convidarem para a cerimónia. Mas apercebi-me que houve um ou outro chef, no ano passado, que estava convidado para a gala e não recebeu a estrela. E isso deixou-me na dúvida.

Foi por email?
Inicialmente sim, mas eu não o vi, foi parar ao spam. Entretanto ligaram-me estava eu a almoçar no Cantinho do Tito, em Viseu, um arroz de vinha d’alhos com grelos, e pediram-me para responder ao email. Confesso que não parei o almoço para responder ao email.

A garrafeira do Mesa de Lemos.

Falou mais alto o arroz de vinha d’alhos.
Sim e, quando voltei de Espanha, o primeiro sítio onde fui comer também foi lá. Cheguei já muito tarde mas o sr. Tito reabriu de propósito para me dar de almoço.

Quando estava na cerimónia, em Sevilha, antes do anúncio ainda estava ansioso?
Estava, pois.

Era muito importante ter a estrela?
Era sim. Era um projecto de vida. Acreditava que podia acontecer. Trabalhava para isso e achava que os padrões do Mesa de Lemos encaixavam nisso. Aquilo foi um momento maravilhoso. Eu considero-me uma pessoa feliz, mas aquilo foi…

Olhando para trás, acha a estrela foi dada na altura certa, e não há três anos, quando se começou a falar nessa possibilidade?
Acho que este foi o melhor ano para ganhar a estrela. Fomos melhor equipa, mais consistentes. Acho que premiaram essa consistência.

Portanto não foi por ter posto foie gras ou carabineiro no menu este ano?
[Risos] É curioso que este ano não tive carabineiro. E nunca tive foie gras. Até por uma gestão do food cost. E da mesma maneira a carta de vinhos continua a ser só com vinhos de produção própria.

Alguma vez questionou a Michelin se o facto de só ter vinhos da Quinta de Lemos seria um impedimento para ter a estrela?
Sim, a dada altura fizemos abertamente essa pergunta. Disseram que não.

Eles quando cá vieram apresentaram-se?
Numa das vezes, sim. Este ano tivemos três visitas de três pessoas diferentes. Um deles era o novo inspector português.

Já sabe quem é, então?
Já sei. Mas na altura não desconfiei.

O que é que acontece quando a cozinha se apercebe de que há um inspector na sala?
O Gonçalo, que está comigo no fogão, uma vez perguntou: “E agora?” E eu disse-lhe: “E agora vamos fazer aquilo que fazemos todos os dias.” E ele foi corar o peixe como faz todos os dias. Nós acreditamos que temos bom produto e boa técnica. Obviamente que há dias maus…

Começou logo a haver mais reservas?
Logo nessa semana, é incrível. A dimensão passa a ser internacional. As pessoas dizem que o Guia está desactualizado. É mentira. Tive reservas logo dos EUA, Bélgica, França e Espanha. Pessoas que te dão os parabéns e querem fazer a reserva daqui a um mês, dois. E só tens noção disso quando recebes a estrela. A pessoa que trata das reservas já não se conseguia orientar com tanto pedido.

E agora, vai querer a segunda estrela?
Não, este projecto foi pensado para uma estrela. A segunda implica mais recursos humanos, porventura a garrafeira teria também de mudar.

Está feliz assim?
Muito. É uma sensação do caraças.

Edição nº 33, Janeiro 2020

Vai haver um Mercado de Vinhos Digital este fim-de-semana

A equipa do TintoCao.com – Tomás Caldeira Cabral, Rodrigo Quina e Francisco Alvim – vai dinamizar, juntamente produtores, sommeliers, chefs e enófilos, o Mercado de Vinhos Digital, nos dias 28 e 29 de Março. Pela impossibilidade actual de se partilhar momentos vínicos presencialmente, a TintoCao.com decidiu substituí-los “por um Mercado de Vinhos Digital, onde haverá […]

A equipa do TintoCao.com – Tomás Caldeira Cabral, Rodrigo Quina e Francisco Alvim – vai dinamizar, juntamente produtores, sommeliers, chefs e enófilos, o Mercado de Vinhos Digital, nos dias 28 e 29 de Março.

Pela impossibilidade actual de se partilhar momentos vínicos presencialmente, a TintoCao.com decidiu substituí-los “por um Mercado de Vinhos Digital, onde haverá dezenas de produtores a falar dos seus projectos e vinhos e a responder a questões, sommeliers com provas comentadas e muito mais”. Também será possível adquirir os vinhos dos produtores predilectos e depois receber em casa, com segurança.

O evento irá decorrer na respectiva página de Facebook e na página de Instagram.

Algumas das presenças confirmadas:

 

Sommeliers

Gabriela Marques – Sommelier do Varanda – Ritz

André Figuinha – Head Sommelier do Restaurante Feitoria

Pedro Nogueira – Sommelier do Restaurante Feitoria

Pedro Ramos – Head Sommelier do Restaurante Alma – Henrique Sá Pessoa

João Pichetti – Sommelier do Restaurante Marlene Vieira

Ricardo Morais – Sommelier do Restaurante JNCQUOI Ásia

Diogo Yebra – Sommelier do Restaurante JNCQUOI

Diego Apolinario – Sommelier do Restaurante ENEKO LISBOA – Penha Longa

Pedro Martin – Sommelier e Produtor

Diogo Frade – Sommelier Freelancer

João Chambel – Sommelier Mr. Santos

Os Sommeliers entrarão em directo ao longos dos 2 dias, várias vezes, interagindo com o público e com os produtores.

 

Produtores

Diana Silva Wines – ILHA – Madeira

Herdade de Pegos Claros – Palmela

Caves São João – Bairrada

Casa de Paços – Vinho Verde

Herdade do Cebolal – Península de Setúbal

Quinta da Côrte – Douro

Quinta dos Três Maninhos – Dão

Adega Camolas – Setúbal

Quinta do Cume – Douro

Quinta do Olival da Murta – Lisboa

Martin Boutique Wines – Dão e Bairrada

Os produtores irão receber os visualizadores em directo e estarão a apresentar os seus vinhos e a responder às questões do público e dos sommeliers.

 

Mais informação aqui.

Pedro Braga ensina a acreditar nos mitos

No mês em que lança nova carta, o restaurante Mito, no Porto, do chef Pedro Braga, continua só a querer dar prazer às pessoas. TEXTO Ricardo Dias Felner FOTOS Anabela Trindade Nos dias de hoje, abrir um restaurante sem um conceito, sem uma narrativa, é uma coisa rara. Mas foi isso que Pedro Braga, um […]

No mês em que lança nova carta, o restaurante Mito, no Porto, do chef Pedro Braga, continua só a querer dar prazer às pessoas.

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTOS Anabela Trindade

Nos dias de hoje, abrir um restaurante sem um conceito, sem uma narrativa, é uma coisa rara. Mas foi isso que Pedro Braga, um chef de apenas 35 anos mas já experiente, ousou fazer. “O Mito pretende ser um restaurante cujo conceito é não ter conceito. Eu sei que isto do ponto de vista do marketing é irracional. Mas acho que também foi por isso que a palavra ‘Mito’ encaixou tão bem no restaurante”, diz, sentado na sala do seu restaurante da Rua José Falcão, na Baixa do Porto.
O que é, então, o Mito? “A preocupação principal é que a pessoa coma e beba bem. E que o serviço tenha formação e experiência, mas seja sobretudo atencioso e relaxado. Um serviço sem luva branca”, explica Pedro Braga. Na mesa, isso significa que um dia pode encontrar um frango frito (hidratado em salmoura com ervas), noutro um arroz de tamboril com Sriracha, ou se preferir comer à mão tem um bao (pão chinês, feito na casa) com caranguejo de casca mole ou os croquetes de boi velho.
Daqui já se percebe que, apesar da introdução, estamos num sítio distinto. A própria sala do Mito é sofisticada e o mesmo acontece com a comida, sobretudo ao jantar, quando impera a carta. Ao almoço, as opções recaem quase sempre sobre o menu, com três opções e três preços muito competitivos, uma das melhores relações preço/qualidade do Porto, com as contas a começarem nos 9,50€.
“Não nos esquecemos de que somos cozinheiros e temos conhecimento: é tudo feito cá, desde o caldo de carne aos pães dos bao. Mas não há cá há micro-ervas: há ervas grandes, boas, frescas. Não há nada no prato que seja só decorativo”, concretiza o chef, que já passou por cozinhas de muitos floreados e estrelas Michelin.
Na altura do fecho desta edição, o restaurante estava a preparar a nova carta, a ser lançada em Novembro, onde constam coisas como cavala marinada, ovos rotos de beringela e miso e gelado de pêssego assado.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32762″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Apesar de jovem, Pedro Braga tem tido uma vida intensa na cozinha. Tirou a licenciatura na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo de Faro, mas rapidamente percebeu “que era mais um operacional do que um administrativo”. Começou a entrar na cozinha por via de um familiar, que tinha o restaurante Arte & Sal, em Sines, e a partir daí o bichinho ficou. Aos 26 anos, decidiu que teria de ir aprender cozinha numa escola a sério e inscreveu-se no Le Cordon Bleu, de Londres. Esse passo haveria de lhe abrir a porta da alta cozinha.
De seguida passou pelo restaurante Koffmann’s, de Pierre Koffmann, um chef francês à antiga, com muitas estrelas Michelin na lapela, que um dia lhe deu “um estalo” por não lhe responder, mas com quem aprendeu as maravilhas que a manteiga pode fazer por um prato. Voltou então para o Porto, mas manteve-se na alta cozinha. O restaurante de Pedro Lemos, na Foz, marcou-lhe o regresso a Portugal.
A maioridade aconteceu com o convite para o Reitoria, onde se torna chef responsável. O restaurante marcou a oferta de carnes de qualidade na grelha do Porto, duas paixões (a carne e a grelha) que Pedro Braga não mais largou. Seguiu-se o Tenra, uma steakhouse pura e dura, também no Porto, e por fim este Mito, onde brinca com tudo o que lhe apetece.
Se é o fim da viagem? Nada disso. Pedro Braga olha já para a frente, admitindo que faria sentido “ter um segundo restaurante”. Se é mito ou não, o tempo o dirá.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32763″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#dda1a5″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

MITO
Rua José Falcão, 183, Porto. 22 208 1059.
Seg 12.30-15.00, 19.30-23.00, Ter 12.30-15.00, Qua-Sex 12.30-15.00, 19.00-23.00, Sáb 19.30-01.00.

 

Edição Nº19, Novembro 2018

É um dos chefs que mais contribuiu para definir a restauração moderna no Porto e prepara-se agora para enfrentar (ou será mais correcto dizer: “ter ao seu lado”?) José Avillez, que comprou os restaurantes do Grupo Cafeína. O criador da Cantina 32 e do Puro 4050 está tranquilo e não tenciona mudar a sua filosofia.

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTOS Anabela Trindade

Numa altura em que acaba de inaugurar o Boteco Mexicano, Luís Américo diz que nada é tão importante num restaurante como o serviço. Porque o serviço é também factor determinante na alma de uma casa e é muito por aí que se aposta neste novo e inovador restaurante do Porto. Em entrevista, o chef-empresário explica como chegou aqui.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Muita gente não sabe, mas a sua primeira experiência como chef foi na Quinta do Pendão, perto de São Pedro do Sul, uma coisa muito ambiciosa, de alta cozinha? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Sim. Foi fora de tempo. No ano anterior tinha ganho o Chefe Cozinheiro do Ano, estava cheio de sonhos. Só deu para perder dinheiro. Mas aprendi outras coisas. Ao fim-de-semana ainda havia clientes, mas aos dias de semana era zero. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Mas isso foi importante para o seu futuro?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]De certa maneira. Eu sempre quis fazer cozinha, mas tinha optado pelo curso de gestão hoteleira. E por isso era fácil para mim optar por uma das duas vertentes. Ali eu estava com o Vítor Matos, que tinha sido o Chefe Cozinheiro do Ano, na edição anterior à minha, e que hoje tem uma estrela Michelin. E ele também me ajudou muito e ensinou muito. Ele é que era o chef no meu próprio restaurante, eu era apenas o subchef. O problema é que aquilo era muito longe de tudo. Para se criar um destino demora muito tempo e é preciso ter um aport financeiro muito grande. Mas foi uma aprendizagem, sim.[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Preocupava-se em aproveitar os produtos daquela região? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Muito. Essa era a lógica. Tínhamos mesmo uma horta na quinta do restaurante onde íamos buscar muita coisa.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29285″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”A região de Lafões não é uma região mal-amada, do ponto de vista culinário?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Há algum trabalho feito pelas confrarias e pela Isabel Silvestre, dos Cantares de Manhouce. As pessoas é que se calhar não conhecem bem a região e não há assim tantos espaços onde possam ir comer. Mas há lá coisas muito boas. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Como por exemplo? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]A sopa seca de Alcofra. Foi das melhores coisas que comi na minha vida. É espectacular. É feita com pão, água do cozido de legumes e carnes, e no fim leva o molho de assar o cabrito. Esse molho, por causa da gordura, acaba por criar uma crosta crocante. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”E come-se onde?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Em Alcofra, para aí num restaurante ou dois. É uma coisa quase a desaparecer. Depois há a vitela de Lafões. Há uma no forno a lenha, outra no espeto, quase grelhada, com brasas de vide. O espeto tem de estar em brasa. Ninguém faz neste momento esta última versão. São pratos já só cozinhados nas casas. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Como é que muda de vida, depois de sair da Quinta do Pendão? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Nunca saí. O que acontece é que, hoje em dia, não posso estar preso na cozinha de um só restaurante, pela dinâmica que eu tenho e pela dimensão que tenho. Faço a parte toda criativa, contrato um chef que vai ficar a representar a minha cozinha e dou-lhe formação.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29290″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Aí estava sempre na cozinha. Quando decide sair da cozinha?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]O Chefe Cozinheiro do Ano tinha-me dado visibilidade. E comecei a ter convites para ir ali e aqui. Depois houve um grupo que estava ligado ao vinho, o Vinho e Coisas, que me contratou. Eles tinham um restaurante em Matosinhos chamado Degusto, muito bom, mas que já tinha tido a sua fase áurea. Fiquei à frente do restaurante e correu muito bem. Aquilo acabou por fechar quando entrou a crise, não por causa do restaurante, mas por outros negócios do grupo. Mas foi uma experiência óptima. Foi lá que criei alguns pratos icónicos, como a vitela de comer à colher.[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Quantos restaurantes tem?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Estou associado a quatro. O Cantina 32, o Puro 4050, Tyipographia Progresso e aqui o Boteco Mexicano. E depois tenho mais alguns em consultadoria: o Cruel, o Vingança e o Praia da Luz. Há ainda, em Macau, o Fado, com consultadoria exclusiva já há seis anos, e corre muito bem, vou lá duas vezes por ano. E tenho a parte dos eventos. E chega. Já é muita coisa.[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”O que gosta mais de fazer é lançar os restaurantes?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]É, é. Pensar os conceitos, a cozinha, o espaço, as receitas, testar as receitas. E depois pôr a máquina a funcionar. [vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e8e8e8″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Boteco Mexicano: Primeiras Impressões” color=”custom” accent_color=”#a81010″][vc_column_text]

O mais recente restaurante de Luís Américo é uma parceria de cozinhas da América. E é uma festa.

A ideia de juntar dois tipos de comida não costuma ser feliz. Basta lembrar as pizzarias/sushi, os sushi/chineses, os italianos/portugueses. Mas Luís Américo tem este condão de pôr ideias estranhas a fazer sentido. Quem podia também pensar que um mozzarella-bar, como o seu extraordinário Puro 4050, era aquilo que o Porto estava a precisar, há dois anos?
Acontece, novamente, que o Boteco Mexicano, em que Luís Américo aparece outra vez ligado a Marta Freitas — encenadora, actriz, professora e presença diária no serviço de sala deste Boteco —, volta a funcionar. É mais um restaurante com aquilo a que o próprio Luís Américo chama de feeling cool, mas com pormenores que fazem a diferença.

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A decoração é arejada, bonita, mas sempre a lembrar-nos que a sofisticação excessiva pode constranger as pessoas. Daí a televisão ligada na telenovela, como acontece nos verdadeiros botecos, daí as paredes de ardósia para cada um escrever o que entender, daí as folhas-menus descartáveis para se pôr a cruzinha nos pratos pedidos; daí a selecção musical, que aqui não é um pormenor mas o combustível da refeição, minuciosamente escolhido para cada momento da noite, num crescendo funk feito para dançar e para acabar o jantar com muitos mojitos, caipirinhas e margaritas.
Serviço juvenil, sorridente, sem impingir nada, deixando aquela sensação de que podemos estar ali só a beber uma Corona e a picar uns nachos sem problemas.
A comida tem clássicos de ambos os países, sem invenções, quase todos feitos de forma correcta. Do lado do Brasil há caldo de feijão espesso para beber do copo, linguiça acebolada, farofa de ovo, pastel de carne e queijo, coxinha de frango, entre outros. Do México vieram huevos divorciados, quesadillas de camarão e de chouriço, tacos com fajitas de picanha ou a clássica guacamole com totopos e pico de gallo.
Em síntese, a avaliar por um jantar recente, poucos dias após a abertura, o Boteco Mexicano é a festa que Luís Américo pensou e que Marta Freitas ilumina diariamente. Que não lhe fraqueje a cozinha.

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”O aumento do turismo não permitiu aos restaurantes portugueses pagar mais aos empregados?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Não sei… Mesmo com o aumento do turismo não queremos passar a imagem de que o Porto é caro. As pessoas vêm cá porque reconhecem uma relação qualidade-preço boa. E o problema é que as rendas começaram a subir para níveis de rendas de Londres e não sei quê. Depois temos de fazer aqui uma série de ginásticas e ver onde vamos poupar. A carga fiscal é grande… não é fácil. O negócio dos restaurantes às vezes parece uma mina, mas não é nada. É preciso fazer muitas contas e ter os restaurantes cheios todos os dias. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Eu sei que é difícil responder a esta pergunta, mas tem preferência por algum dos seus quatro restaurantes?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]São todos diferentes. O Cantina 32 apareceu há quatro anos, na recuperação da Rua das Flores, na altura em que o turismo começou. Era um espaço cosmopolita, com um feeling cool, divertido, com comida de conforto portuguesa, foi óptimo. De repente tínhamos a casa cheia todos os dias. Depois o Puro 4050 talvez seja o conceito mais conseguido. Queríamos fazer algo de diferente e fomos para um mozzarella bar, com legumes, muito mediterrânico, sem fritos, com aposta em produto, inspiração italiana.[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”A comida é o mais importante num restaurante?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Não. A comida é um complemento. Há coisas mais importantes num restaurante do que a comida. O mais importante é o serviço.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29304″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Como deve ser o serviço?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Nós damos muito valor à parte pessoal dos nossos empregados, mais do que à parte das competências profissionais. O importante é que eles façam as pessoas que estão a servir sentirem-se bem. Isso é o mais importante. Mais do que se ele serve pela esquerda ou pela direita.[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Como é que se define a alma do restaurante?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Não há fórmulas para isso. Temos um conceito e depois escolhemos o espaço, a decoração, as pessoas, de acordo com isso. Por exemplo, neste restaurante, queremos muita descontração. As mesas estão juntas, fala-se alto, os empregados são muito divertidos. A sensação com que eu quero que as pessoas saiam é: “Diverti-me imenso, não estava a contar. Vou voltar.”[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”O serviço está a passar uma crise. Como se vence isso?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Está, sim, e não sei como se vai resolver. Talvez se nós adoptássemos uma taxa de serviço, como há noutros países, que reverte a favor dos empregados de mesa, talvez assim tivéssemos pessoas melhores no serviço. Acho que se nota perfeitamente nesses países que a qualidade e a atenção ao cliente é maior. As pessoas, aqui, deixam gorjeta mas não é a mesma coisa. Nos EUA sabemos que 15 por cento vai ser adicionado à conta e que reverte para o serviço. Isso representa muito dinheiro. [vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”40″][image_with_animation image_url=”29302″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Mas o Puro tem cozinha, tem produto. ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Tem produto. O Puro é produto. Eu não disse que a comida não era importante. A comida é importante. Disse que não é o mais importante. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Em algum momento lamentou não se ter dedicado à alta cozinha com mais afinco? Ou ainda tem isso como ambição?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Não, não lamento. Lamento ter-me dedicado tanto numa fase em que não fazia sentido. Todos gostamos de viver no último piso do prédio, com vista para o mar. Mas temos de construir primeiro os alicerces. Não devemos construir casas pelo telhado. Podemos, mas temos de ter um background financeiro tal que possamos fazer isso um bocado por prazer. Porque em termos de negócio não são restaurantes que dêem dinheiro. Nesta fase, a alta cozinha é uma coisa que não me atrai de maneira nenhuma. E nitidamente não é o meu target. Até porque tenho cinco filhos e aquilo é uma prisão. Obriga-nos a estar presentes. A expectativa de quem lá vai é ver-nos. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Já deixámos de ter de imitar o que se faz lá fora?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]No final dos anos 80 foi notório o reconhecimento da cozinha espanhola, com o Ferran Adrià. Depois começou o aparecimento da cozinha nórdica, com o natural e o raw, o cru. E agora voltámos um bocadinho ao tradicional. Mas a geração de chefs que temos em Portugal é espectacular, pessoas com cultura, bom gosto.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”E temos já uma identidade?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Temos alguma porque bebemos das bases da cozinha tradicional. Valorizamos cada vez mais o património, os nossos produtos. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Alguma vez se sentiu tentado a ir para Lisboa? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Não. Nada, nada. Nasci aqui, gosto de estar aqui, tenho a minha família aqui. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Mas agora vai ter mais concorrência de Lisboa, com a compra do grupo Cafeína pelo grupo Avillez. ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]De todo, não são meus concorrentes. São um complemento espectacular. O que ele vai trazer é bom para todos, nomeadamente porque pode ajudar a subir um bocadinho o nível de preços, pôr as coisas um bocadinho mais para cima. Acho que vai ser bom. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”Como é que apareceu a ideia de um restaurante de comida brasileira-mexicana? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Isso foi muito engraçado. Em 2005, a seguir a ser Chefe Cozinheiro do Ano, tive um convite da “Gula”, a revista brasileira. Não fazia ideia do que era o Brasil e cheguei a São Paulo e vi aquela loucura. Fui recebido pelo Grupo Fasano, que é um dos grupos com melhores hotéis e restaurantes da cidade. E um dos restaurantes chamava-se Parigi. Ou seja, Paris escrito como se fosse em italiano. E o que é que tinha? Tinha os clássicos da cozinha francesa e os clássicos da cozinha italiana. Achei aquilo fabuloso, tudo muito bem feito. Pensei, um dia quero ter algo nesta lógica, duas cozinhas no mesmo registo. [vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Mas ainda demorou a concretizar. ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]À medida que o Porto foi crescendo pensei que não havia um mexicano na cidade minimamente na lógica do que vemos no resto mundo. Havia o Frida, uma coisa um bocado gourmet, e depois nada de jeito. Porque não apostar nisso, pensei? E depois: porque não fazer também uma cozinha brasileira de boteco? Coxinha de frango, pastel de carne, farofa, feijoada; quesadillas, pico de gallo, guacamole, ceviche. [/vc_column_text][vc_custom_heading text=”É importante ter pessoas desses países na cozinha de um restaurante destes? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Dá alguma alma. Nós aqui temos mexicanos e brasileiros. Mas a verdade é que uns e outros não percebiam grande coisa de cozinha, antes de virem para aqui. Eu a cozinha brasileira já dominava, mas a mexicana tive que estudar um bocadinho.[/vc_column_text][vc_custom_heading text=”E os produtos são autóctones?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Temos produtos mesmo autóctones, sim. Habanero é habanero, jalapeño é jalapeño. Não dá para aldrabar. [/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”80″][vc_column_text]

Edição Nº16, Agosto 2018

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29303″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][