Sanguinhal abre enoturismo e museu
O dia 18 de Maio de 2020 marca o reinicio das actividades de enoturismo em muitas empresas. Uma delas é a Quinta do Sanguinhal, que já fez a reabertura dos seus circuitos de Enoturismo, ao pé do Bombarral, a cerca de 70 km a norte de Lisboa. A Companhia Agrícola do Sanguinhal abriu também o Museu […]
O dia 18 de Maio de 2020 marca o reinicio das actividades de enoturismo em muitas empresas. Uma delas é a Quinta do Sanguinhal, que já fez a reabertura dos seus circuitos de Enoturismo, ao pé do Bombarral, a cerca de 70 km a norte de Lisboa. A Companhia Agrícola do Sanguinhal abriu também o Museu Agrícola da Quinta das Cerejeiras, naquele que é, por coincidência, o Dia Internacional do Museu.
No primeiro dia, a iniciativa foi de “Open Day” mas irá continuar em regime de semana aberta, em que as visitas são gratuitas. No entanto, a empresa exige que as marcações sejam feitas previamente. Disse-nos ainda Carlos João Pereira da Fonseca que “de forma a garantir a segurança e bem-estar dos nossos visitantes, todas visitas serão efectuadas seguindo as recomendações da DGS”. Melhor ainda, o proprietário e gestor das quintas do Sanguinhal e Cerejeiras decidiu que “todos os visitantes terão descontos muito especiais na compra dos nossos vinhos, vinhos licorosos e aguardentes”.
Pode agendar a sua visita através de enoturismo@sanguinhal.pt ou através do site www.sanguinhal.pt. Se precisar de mais informações pode ainda usar os telefones 262 609 190 ou 919 594 741.
Rota da Bairrada lança Guia de Enoturismo 2020
A Rota da Bairrada reabre já este mês os seus dois espaços – Curia no dia 19 e Oliveira do Bairro no dia 26 – ambos já com selo Clean & Safe, atribuído pelo Turismo de Portugal. Numa primeira fase o horário manter-se-á reduzido, de terça-feira a sábado, das 14h30 às 19h00, e com algumas […]
A Rota da Bairrada reabre já este mês os seus dois espaços – Curia no dia 19 e Oliveira do Bairro no dia 26 – ambos já com selo Clean & Safe, atribuído pelo Turismo de Portugal. Numa primeira fase o horário manter-se-á reduzido, de terça-feira a sábado, das 14h30 às 19h00, e com algumas restrições em termos de atividades: não haverá provas de vinho nem jogos didáticos. No entanto, para já, é possível comprar vinho e demais produtos, assim como consultar a equipa da Rota para criação de roteiros, marcação de visitas e estadias, bem como outros pedidos.
Esta reabertura é também marcada pelo lançamento do novo Guia de Enoturismo Bairrada 2020, uma ferramenta de promoção deste território, que reúne a oferta turística de forma sucinta e muito prática, facilitando aos visitantes a consulta e o planeamento das suas descobertas. Em formato digital, o Guia está disponível para consulta e download no site da Rota da Bairrada.
Para Jorge Sampaio, presidente da Rota da Bairrada, esta era já uma aposta anterior à pandemia de Covid-19, na medida em que “o Enoturismo é um dos vetores estratégicos de desenvolvimento para o sector do turismo em Portugal. Contribui para o desenvolvimento sustentado de uma região, abrangendo interesses públicos e privados, e reduz a sazonalidade, criando mais oportunidades de emprego e fixação da população”.
COVID-19: “Sector do turismo vai estar na linha da frente na recuperação económica e social do país”, diz presidente da TPNP
A Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), reuniu na passada sexta-feira com associações representativas dos sectores do turismo, hotelaria e restauração, para avaliar o impacto do COVID-19 nestas actividades. No final do encontro, que decorreu no Porto, o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins, elucidou: “Quisemos ouvir as preocupações de […]
A Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), reuniu na passada sexta-feira com associações representativas dos sectores do turismo, hotelaria e restauração, para avaliar o impacto do COVID-19 nestas actividades. No final do encontro, que decorreu no Porto, o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins, elucidou: “Quisemos ouvir as preocupações de quem trabalha neste sector para, no âmbito daquilo que nos compete, levá-las à Secretaria de Estado do Turismo e ao senhor ministro da Economia”. E sublinhou, ainda, “a importância de uma actuação articulada, com partilha de informação relevante, envolvendo, nomeadamente, as entidades regionais, o Turismo de Portugal, as associações do sector e os municípios para, em conjunto, serem tomadas as melhores medidas de actuação em duas frentes”. “Por um lado, fazer o que Portugal já está a realizar, ou seja, tentar mitigar o impacto que o COVID-19 está a ter nas empresas do sector do turismo. Por outro, começar a preparar, desde já, o dia seguinte, porque ele vai acontecer”, advertiu.
Mas o presidente da TPNP salientou, a propósito, a convicção de que “vamos vencer esta batalha e, mais uma vez, o sector do turismo vai dar uma resposta em força e vai estar na linha da frente na recuperação económica e social do País”.
Na reunião de sexta-feira passada, além da TPNP, participaram as associações Federação Portuguesa de Turismo Rural; Associação de Hotéis Rurais de Portugal; ALEP – Associação do Alojamento Local em Portugal; Associação Fórum Turismo; Associação de Bares da Zona Histórica do Porto; APECATE – Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos; PRO.VAR – Promover e Inovar a Restauração Nacional e AETUR – Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes. A TPNP afirma, também, manter um acompanhamento próximo e diário com a AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e com a AHPORT – Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo.
Quinta do Noval abre loja no cais do Pinhão
A Quinta do Noval anunciou a abertura da sua nova loja no cais do Pinhão, no coração do Douro. A Noval abriu a sua primeira loja em 1995 na margem sul do Douro em Vila Nova de Gaia, no centro histórico do comércio do vinho do Porto. Desde então, tem recebido clientes de todo o […]
A Quinta do Noval anunciou a abertura da sua nova loja no cais do Pinhão, no coração do Douro.
A Noval abriu a sua primeira loja em 1995 na margem sul do Douro em Vila Nova de Gaia, no centro histórico do comércio do vinho do Porto. Desde então, tem recebido clientes de todo o mundo, partilhando com eles a história da Quinta do Noval e dos seus vinhos do Porto. Com a abertura desta nova loja no cais do Pinhão, num antigo armazém de vinho do Porto, a Noval espera adicionar uma nova dimensão à experiência dos que a visitam, desta vez no Douro, mais perto das vinhas que originam a grande qualidade dos seus vinhos, chamando à descoberta do terroir e do carácter único dessas parcelas. Esta nova loja é, assim, um lugar de descoberta, de partilha de informação e, acima de tudo, de prova de vinhos. Uma gama completa de vinhos da Quinta do Noval e de artigos relacionados com o vinho vão estar também à venda na loja.
Christian Seely, Diretor Geral, comentou em comunicado de imprensa: “Um dos muitos desenvolvimentos interessantes nos últimos anos, no Porto e no Douro, foi o aumento importante de visitantes de todo o mundo. Vêm descobrir esta região mágica e provar os seus vinhos. Estamos muito satisfeitos com a expansão da nossa capacidade para os receber nesta nova loja no Douro, e ansiosos por partilhar os nossos vinhos e a nossa paixão pelas vinhas e pela região com todos os que nos visitam”.
A Quinta do Noval Wine Shop situa-se no número 15 da Rua da Praia.
Contacto: Cindy Esteves – +351 933770285 – cindy@quintadonoval.pt
Horário: De Novembro até à Páscoa: 10h30 – 13h00 e 14h00 – 19h30 / Fecha ao domingo e segunda-feira
Da Páscoa até Outubro: 10h30 – 19h30 / Abre todos os dias
Cockburn’s oferece chocolate (e não só) no dia de São Valentim
O chocolate e o Vinho do Porto voltam a fazer o par perfeito no Dia dos Namorados, recebendo da melhor forma os visitantes das Caves da Cockburn’s, no dia 14 de Fevereiro. Localizadas na zona histórica de Vila Nova de Gaia propõem um programa especial para o Dia de São Valentim, complementando todas as provas […]
O chocolate e o Vinho do Porto voltam a fazer o par perfeito no Dia dos Namorados, recebendo da melhor forma os visitantes das Caves da Cockburn’s, no dia 14 de Fevereiro. Localizadas na zona histórica de Vila Nova de Gaia propõem um programa especial para o Dia de São Valentim, complementando todas as provas com a oferta de bombons. Os casais vão também receber um presente especial: dois copos para Vinho do Porto, para que possam continuar a celebrar e a brindar esta data em casa.
Ainda antes do momento de degustação, os visitantes têm a oportunidade de conhecer melhor a história da marca, os vinhos ali envelhecidos e armazenados, com a visita guiada. Além do museu do logde integrar uma colecção de aguarelas, datadas do século XIX, da autoria do Barão de Forrester, assim como alguns dos registos da década de 1930 de John Henry Smithes – duas personalidades marcantes na história do Vinho do Porto –, o centro de visitas é o único a integrar uma tanoaria em plena actividade, local onde se realiza a reparação dos cascos que são tão importantes para o envelhecimento dos vinhos generosos.
Os visitantes podem escolher entre sete tipologias de provas – que vão dos 15 aos 50 euros –, como por exemplo a Prova Clássica que integra três produtos clássicos da marca: Cockburn’s Special Reserve, Cockburn’s Late Bottled Vintage e ainda o Cockburn’s 10 Anos. As Caves da Cockburn’s estão abertas das 9h30 às 17h30, sendo que a última visita tem início às 17h00.
Por serem sempre acompanhados por um guia, todas as visitas devem ter reserva prévia, através dos contactos 913 007 950 ou cockburnslodge@cockburns.com, ou ainda através do site www.cockburns.com.
Foto: João Margalha
Visitantes das Caves de Vinho do Porto atingem número recorde em 2019
A AEVP – Associação das Empresas de Vinho do Porto, acaba de divulgar que, em 2019, o número de visitantes das Caves de Vinho do Porto certificadas (mais info aqui) bateu um novo recorde, atingindo 1 376 243, número notável que traduz um aumento de 8.8% face ao ano anterior, e de 6.1% em relação […]
A AEVP – Associação das Empresas de Vinho do Porto, acaba de divulgar que, em 2019, o número de visitantes das Caves de Vinho do Porto certificadas (mais info aqui) bateu um novo recorde, atingindo 1 376 243, número notável que traduz um aumento de 8.8% face ao ano anterior, e de 6.1% em relação a 2017 que, até à data, tinha sido o melhor ano de sempre.
De notar que o nível de qualidade e de profissionalismo das Caves é certificado pela SGS, que o classifica como “Exemplar”.
O quadro com todos os números, disponibilizado pela AEVP:
Foto: Real Companhia Velha
Dia dos Namorados: “Experiência na Adega” da Casa Relvas
Com mais um Dia dos Namorados a chegar, a Casa Relvas tem uma sugestão de enoturismo para passar este dia da melhor maneira. Para os maiores apreciadores ou para os mais curiosos do mundo vitivinícola, o produtor de vinhos alentejano apresenta uma proposta original e sugere a “Experiência na Adega”, um voucher disponível em duas […]
Com mais um Dia dos Namorados a chegar, a Casa Relvas tem uma sugestão de enoturismo para passar este dia da melhor maneira.
Para os maiores apreciadores ou para os mais curiosos do mundo vitivinícola, o produtor de vinhos alentejano apresenta uma proposta original e sugere a “Experiência na Adega”, um voucher disponível em duas opções:
• Prova de Castas Portuguesas & Tapas, que inclui visita à adega, prova de castas portuguesas e tapas para duas pessoas – €50
• Almoço na Adega, que inclui visita à adega, prova de vinhos Herdade de São Miguel e almoço, para duas pessoas – €80
Estes vouchers estão disponíveis para compra através do email enoturismo@casarelvas.pt, ou do telefone +351 917 295 358, até dia 14 de Fevereiro de 2020, e com validade até 1 de Dezembro de 2020.
Dois vizinhos que se miram nas águas do Douro
Na terra onde os homens esculpiram montanhas em nome do vinho, o que não falta são belos locais para estar e apreciar um bom copo. Escolhemos dois, um do lado da estrada mais movimentada, o outro na margem oposta do rio Douro. Cada um deles é um miradouro privilegiado dos encantos do vizinho da frente. […]
Na terra onde os homens esculpiram montanhas em nome do vinho, o que não falta são belos locais para estar e apreciar um bom copo. Escolhemos dois, um do lado da estrada mais movimentada, o outro na margem oposta do rio Douro. Cada um deles é um miradouro privilegiado dos encantos do vizinho da frente.
TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Gomez
Entre a Régua e o Pinhão corre uma das estradas mais cénicas do mundo, a EN222, uns 25 quilómetros de curvas suaves à beira do rio Douro que são, para muitos viajantes, a primeira, e inesquecível, visão que têm da anacrónica paisagem duriense. O rio, antes selvagem, agora domado pelas barragens, flui suavemente mesmo ao lado do asfalto, mas a placidez do espelho de água serve apenas para enfatizar o dramatismo da moldura de encostas talhadas à mão, com as vinhas penduradas sobre o abismo. O vale do Douro é um local mágico e arrebatador.
O mundo há muito que ouvia falar dessas terras longínquas e misteriosas, de onde saíam barcos carregados de pipas, desafiando rápidos e curvas traiçoeiras, rio abaixo, até aos armazéns de Gaia e do Porto onde a alquimia do tempo e a sabedoria dos homens produziam um dos mais espantosos néctares do planeta. O Vinho do Porto era conhecido, mas tudo o resto era apenas um mapa, desenhado ainda nos tempos do Marquês de Pombal, uma mancha de desconhecido num país rústico e periférico.
Mas os tempos mudaram. Hoje o Douro é muito mais do que a história e a sedução do Vinho do Porto. Para começar, porque uma parte significativa da sua produção nos surge agora sob a forma de vinhos tranquilos. Depois, porque os encantos dessas paragens começaram a ser descobertos. Quando, a 14 de Dezembro de 2001, a UNESCO classificou a paisagem natural do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, foi dado o passo decisivo para a afirmação da região como destino turístico.
Hoje, as águas do rio são sulcadas por navios de cruzeiro, as vetustas linhas de comboio ganharam nova clientela, pelas estradas circulam milhares de visitantes. Há até quem chegue de helicóptero às quintas mais selectas, onde superlativas unidades hoteleiras ou alojamentos mais típicos abrem as suas portas, com o copo e o prato sempre sobre a mesa. O vinho moldou esta paisagem arrebatadora e continua a ser o seu grande embaixador, é certo. Mas o Douro do século XXI é uma experiência global dos sentidos.
É uma região enorme, esta que se aninha em torno do terceiro maior rio da Península Ibérica (897km, desde a nascente, a 2160 metros de altitude, na serra de Urbión, Espanha, até à foz, entre o Porto e Gaia) e dos seus afluentes. A Região Demarcada do Douro, criada em 1756 e que reclama o estatuto de mais antiga do mundo, estende-se por cerca de 250.000 hectares, e foi dividida em três sub-regiões: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior, progredindo de Oeste para Leste. Começa em Barqueiros, concelho de Mesão Frio, onde a temperatura média anual ronda os 13,8ºC, com uma precipitação média de 1244mm; e vai até Barca d’Alva, já na fronteira com Espanha, onde os extremos de temperatura são mais vincados (a média anual é de 15,5ºC) e chove muito menos (652mm).
Os números e a poesia
A mera observação empírica permite concluir, sem margem para dúvidas, que o movimento turístico é cada vez mais intenso no vale do Douro. Mas há números para sustentar esta percepção. Apesar de as estatísticas oficiais não individualizarem a zona, o relatório anual do Instituto Nacional de Estatística relativo a 2018 destaca o Norte como a região onde se registou um maior aumento de dormidas (8,5%) face ao ano anterior. Sintomaticamente, outra região em que o vinho é cada vez mais um argumento de sedução, o Alentejo, aparece a seguir, com um crescimento de 7,6 por cento. O Norte liderou também no número de novas unidades hoteleiras (mais 10,5%).
No que se refere ao turismo rural e de habitação, outra vez a zona mais setentrional de Portugal a assumir a liderança: o Norte tem mais de um terço (37,8%) da oferta nacional no sector e é também a que regista maior procura no panorama nacional, com 30,1 por cento das dormidas. Mais uma vez, o Alentejo aparece no segundo lugar, com 24,3%. No conjunto do país, os estabelecimentos de turismo no espaço rural e de habitação registaram quase 850 mil hóspedes em 2018, 6,8 por cento mais do que em 2017.
Há procura e a oferta está cada vez mais diversificada. No Douro, os encantos da paisagem e a magia dos vinhos atraem cada vez mais gente e o sector do enoturismo profissionalizou-se a uma velocidade estonteante. Há pouco mais de uma década, contavam-se pelos dedos das mãos as unidades hoteleiras bem estruturadas e quem se “atrevia” a viajar pela região por conta própria facilmente bateria com o nariz na porta de muitas quintas. Hoje, o panorama é completamente diferente. Produtores unem-se para criar rotas comuns, outros colaboram de forma mais ou menos informal; restaurantes, museus e sítios históricos entram nos roteiros; a região abriu as suas portas e por elas passa gente de todo o mundo.
E, no entanto, o Douro continua a ser um espaço de mistérios, de encantamento. Em cada recanto encontramos a paixão dos homens e o rigor austero da Natureza abraçando-se em paisagens inesquecíveis. O Douro Vinhateiro é uma gloriosa insanidade e, à falta de talento próprio, apropriemo-nos da escrita de Miguel Torga: “O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.”
Vamos até lá.
A Quinta dos Frades é enorme, mas já foi muito maior. Os 200 hectares actuais (75 dos quais de vinha) já foram quase o dobro, até que a barragem de Bagaúste, inaugurada em 1973, fez subir as margens do rio, engolindo de caminho vinhas centenárias. Estamos na margem direita do Douro, a poucos quilómetros da Régua pela EN222, e o portão da propriedade surge-nos um pouco antes da povoação de Folgosa e do seu cais. Entramos e a paisagem parece engolir-nos.
Para quem já esteve no relvado de um grande estádio de futebol, a sensação imediata é que estamos rodeados de anéis de bancadas, mas aqui, junto à adega onde já começaram a chegar as uvas desta vindima, em vez de adeptos ruidosos, o que vemos são plácidas vinhas velhas (cerca de 100 anos) ordenadamente dispostas em linhas sem muros que se alongam até quase fecharem o horizonte. Não há mecanização possível: todo o trabalho tem de ser feito à mão ou com a ajuda de machos.
A quinta está nas mãos da família Ferreira há quatro gerações, mas a sua origem remonta ao século XIII (1256), então propriedade da Ordem de Cister, estabelecida no Mosteiro de Salzedas – os frades, que lhe estão no nome, tinham neste local a possibilidade de produzir vinho, pão e azeite, a que juntavam frutos como as laranjas, os figos ou as amêndoas. Durante décadas, a quinta vendeu a sua produção para grandes casas de Vinho do Porto, mas desde 2008 começou a reservar parte das uvas para as suas marcas próprias, de que faz actualmente cerca de 100.000 garrafas anuais.
Passeamos pela adega, com os seus lagares de granito, o tecto em madeira moderno mas respeitando o visual antigo, uma salinha panorâmica para provas lá ao fundo, os móveis feitos com partes de barricas. É uma adega típica do Douro, desenhada para tirar partido da gravidade, pelo que o patamar inferior é destinado ao armazenamento e lá encontramos 17 balseiros a roçar o século de existência – os maiores têm capacidade para 30.000 litros.
Está na hora de subirmos para conhecer as vinhas, mirar o marco pombalino de 1756 (um dos primeiros a serem colocados na região), provar as uvas e deslumbramo-nos, uma e outra vez, com a grandiosidade da paisagem em volta. Havemos ainda de passar pelo exterior do solar, com o seu jardim romântico, torres com ameias e canhões à porta; e depois vamos saborear os vinhos da quinta numa casa de chá com azulejos mouriscos e um sedutor pátio circular sobre o Douro. Mas é sempre aqui que fica a nossa memória, nesta panorâmica sobre o rio e as encostas que os homens esculpiram.
Do outro lado do rio, mesmo em frente, curioso, as vinhas são diferentes.
QUINTA DOS FRADES
Quinta dos Frades, Folgosa, Armamar
Tel: 254 858 241 | 910 129 112
Mail: enoturismo@predialferreira.pt
Web: www.quintadosfrades.pt
GPS: 41.149134, -7.684180
As visitas carecem de marcação antecipada e a política da quinta é fazer sessões privadas, ou seja, não juntar pessoas que não se conheçam. Mínimo dois participantes, máximo oito, embora já tenham aceite até 12. A quinta está aberta de segunda a sábado e tem dois horários diários para visita, de manhã e à tarde. A prova simples de vinhos custa 15 euros por pessoa; com passeios pela adega e vinhas/marco pombalino passa a 20 euros por pessoa (ou 90 se a opção for provar os vinhos-ícone da quinta). Flexibilidade para acomodar outras pequenas actividades, como passeios pela floresta junto à casa de chá.
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5
Serão uns 200 metros, em linha recta, mas é preciso recuar um pouco na direcção da Régua, transpor o paredão da barragem e enfrentar as curvas da estrada do outro lado do rio para chegarmos à Quinta dos Murças. Não é nada que assuste, mas fica desde já a informação de que nas Murças existe um barco movido a energia solar que pode ir buscar-nos à outra margem… Isto se não optarmos por chegar de comboio e sair mesmo à porta – a quinta tem acesso directo ao apeadeiro de Covelinhas.
Quando lá chegamos, as silhuetas românticas da Quinta dos Frades estendem-se ao longo do horizonte. Atrás de nós, encosta acima, a paisagem tão diferente que apercebemos quando estávamos do outro lado do rio: a Quinta dos Murças tem as mais antigas vinhas verticais do Douro (a primeira data de 1947). Sim, também há algumas que progridem horizontalmente ao longo da vertente, suportadas pelos característicos muros de pedra, mas a imagem de marca deste local são mesmo as vinhas dispostas perpendicularmente à margem.
A quinta tem 155 hectares (48 de vinha), estende-se ao longo de 3,2km de linha de rio e abarca uma diversidade enorme de parcelas, que sobem até cotas bem altas na montanha. Vir para aqui significou o primeiro grande investimento do Esporão fora do Alentejo e a aposta enoturística foi reforçada com a abertura recente de cinco quartos para alojamento. Junto à casa, uma piscina abrigada do vento pisca-nos o olho, mas também se está muito bem na varanda sobre o Douro, ou nos restantes espaços comuns. Os quartos são visualmente simples, condizendo com a atmosfera da casa, mas estão muito bem equipados. A recepção funciona na loja.
Descemos para a adega, com os seus sete lagares em granito, os balseiros e as barricas, enquanto falamos dos vinhos da casa. Fazem-se 700.000 garrafas, contando com a marca Assobio, feita com uvas compradas. Mas se falar é bom, provar é muito melhor. Juntemo-nos a um grupo de representantes de importadores dos EUA para conhecermos melhor o que por aqui se engarrafa. A sala de provas divide o seu espaço em duas áreas: uma de estar, com sofás; a outra de provas, onde encontramos uma grande mesa em madeira (que emula a peça icónica criada para as caves da Herdade do Esporão), estantes com garrafas e um ecrã onde vamos acompanhando o vídeo que nos ajuda a perceber o que temos no copo.
Lá fora, um terreiro com árvores e um repuxo aproxima-nos das águas do Douro. Estamos no final da tarde, o sol está mais suave, os pássaros fazem-se ouvir, as vinhas repousam na sombra das curvas da encosta. Tudo está em descanso nesta paisagem serena, nascida selvagem e amansada pelo suor dos homens.
QUINTA DOS MURÇAS
Covelinhas, Peso da Régua
Tel: 213 031 540 (Esporão)
Mail: reservas.murcas@esporao.com
Web: www.esporao.com/pt-pt/sobre/quinta-dos-murcas/
GPS: 41.153314, -7.688143
O programa de visitas e provas começa na caminhada com prova de vinhos Douro (10 euros por pessoa) e pode ir até aos 50 euros (passeio de barco com prova de vinhos). A visita à adega e vinhas, mais prova de vinhos Douro, custa 20 euros e as refeições saem a 30 euros por pessoa (25 para os hóspedes; crianças: 10 euros). Os quartos single custam 120 ou 140 euros (época baixa/alta), a área familiar (4 pessoas) fica por 230/250 euros, o aluguer da casa completa (10 pessoas) pode ser feito por 600/750 euros.Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 18
ESTAÇÃO DE SERVIÇO
No Douro come-se bem e durante algum tempo a oferta de boa mesa não conseguiu acompanhar a explosão de popularidade da região. Isso, no entanto, está a mudar, com novas propostas a aparecerem e casas mais tradicionais a renovarem-se. Na Régua, a porta de entrada do Douro Vinhateiro, não é difícil encontrar boas estações de serviço para reabastecimento sólido. Deixamos-lhe três opções, uma mais económica e tradicional (Cacho D’Oiro), outra multifunções (Castas & Pratos, que é restaurante, wine bar, loja e lounge) e uma terceira que dispensa apresentações (DOC, do chef Rui Paula). Bom apetite! Acompanhe com vinhos da região e, se lhe apetecer respirar fundo para ajudar a digestão, não se esqueça que o sublime miradouro de S. Leonardo da Galafura é mesmo ali ao lado.
DOC – EN 222, Folgosa, Armamar | Tel: 254 858 123 / 910 014 040 | Mail: doc@ruipaula.com
CACHO D’OIRO – Travessa dos Aflitos 120, Peso da Régua | Tel: 254 321 455
CASTAS & PRATOS– Av. José Vasques Osório, Peso da Régua | Tel: 254 323 290 / 927 200 010 | Mail: info@castasepratos.com
Edição nº30, Outubro 2019