Orlando Lourenço: “Na Murganheira somos tão exigentes quanto as melhores casas de Champagne”

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os espumantes portugueses devem-lhe bastante, para não dizer quase tudo. Foi muito por “culpa” de Orlando Lourenço e da Murganheira que as bolhas vínicas ganharam estatuto de coisa séria junto dos consumidores, criando-se o embrião de uma […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os espumantes portugueses devem-lhe bastante, para não dizer quase tudo. Foi muito por “culpa” de Orlando Lourenço e da Murganheira que as bolhas vínicas ganharam estatuto de coisa séria junto dos consumidores, criando-se o embrião de uma cultura de espumante capaz de apreciar este vinho fora dos momentos festivos. Foi com o seu talento e mestria que os espumantes foram pela primeira vez colocados num patamar de qualidade e preço ao nível dos melhores brancos e tintos nacionais. Aos 69 anos mantém-se absolutamente fiel à escola champanhesa, continuando a inovar e a produzir excelência.

TEXTO Luís Lopes
FOTOS Anabela Trindade

Nascido em 1950 numa quinta em Lamego, Orlando Lourenço cresceu rodeado de vinhas e cedo acompanhou o bulício das vindimas. O seu pai já produzia vinhos base para espumante sob supervisão da Raposeira, a quem eram vendidos a granel, numa relação semelhante à que as casas de vinho do Por¬to tinham com os “seus” lavradores. Sua mãe, operária na Raposeira, onde tinha vários familiares, deixou a empresa em 1949 para casar. O mundo do vinho e dos espumantes esteve assim, desde sempre, bem embrenhado na vida de Orlando Lourenço. Mas não pode dizer-se que estivesse destinado a fazer deste mundo o seu mundo.
Em 1972, a cumprir o serviço militar em Angola, veio de férias à sua terra, aproveitou para trabalhar nas vindimas e conheceu o empresário têxtil Acácio da Fonseca Laranjo, dono da Murganheira que havia fundado em 1947. Uma conversa casual levou o jovem furriel Orlando a oferecer-se para colocar em contacto Acácio Laranjo com a manutenção militar em Angola. A Murganheira começou a vender para lá e, reconhecido, o empresário prometeu-lhe emprego e uma pequena quota quando regressasse a casa. Entretanto veio a revolução de Abril de 1974, as empresas de Acácio Laranjo entraram em colapso e Orlando Lourenço decidiu fazer-se à estrada, cursar o magistério primá¬rio e tornar-se professor, actividade que exerceu durante 16 anos e que lhe valeu o carinhoso tratamento de “professor Orlando” para o resto da vida. Entretanto, nas propriedades familiares, continuou a fazer vinho do Porto para vender às casas exportadoras de Gaia.
Mas o destino voltou a bater-lhe à porta em 1985. A família de Acácio Laranjo, entretanto falecido, propôs-lhe a aquisição da Murganheira, então uma pequena empresa que atravessava vários problemas. Dois anos de avaliação e de angariação de recursos financeiros culminaram com a efectivação da compra em 1987. Seguiram-se três anos de estu¬do com o professor Georges Hardy, na Estação Enológica de Champagne, que chegou a vir fazer duas vindimas consecutivas na Murganheira. Em 2002, surgiu a oportunidade de comprar a Raposeira à Pernod Ricard, que queria desfazer-se das unidades de produção em Portugal. O resto é uma história feita de muito trabalho, viagens, estudo, talento e dedicação. E o menino que se fez homem a ver fazer espumante, acabou por se tornar no incontestado grande mestre dos espumantes de Portugal. Vamos ouvi-lo na primeira pessoa.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40472″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No processo de elaboração de um espumante, qual é no seu entender o aspecto mais determinante para a qualidade e perfil do produto final?
É a prensagem, claramente. Repare, das 6 ou 12 toneladas de uva que enchem as nossas prensas, fazemos cinco tipos de vinho. É essa a mais pura escola champanhesa, o fracionamento do mosto consoante a prensagem. A “premiere pièce”, resultante da lavagem das uvas, da retirada de poeiras e eventuais produtos fitossanitários, não é utilizada para espumante, são cerca de 400 ou 500 litros. Muitos pensam que o primeiro mosto que escorre da prensa é o chamado “tête de cuvée” mas isso é completamente errado. Esse primeiro mosto, analiticamente, é uma desgraça. Os “cuvées” só aparecem depois de descartar¬mos a “premiere pièce”. Temos primeiro o “tête de cuvée” e depois a segunda “cuvée”. Os “cuvées” representam um terço do mosto, o de melhor qualidade, utilizado para fazer os espumantes brutos. Depois, com o início da pressão na prensa, vem o “taille”, que é uma fração bastante grande do mosto (acima de um terço), com mais teor alcoólico, pH mais alto e menos acidez que os “cuvées”, e que é aproveitado para fazer os meio-secos. Finalmente, o “rebêche”, resultado da maior pressão da prensa. No final, juntamos a “premiere pièce” ao “rebêche” e vendemos esse vinho a granel, algumas centenas de milhares de litros por ano. Portanto, apenas uma parte do mosto de cada prensa é utilizado para os nossos espumantes e, no caso dos brutos, por vezes menos de um terço.

Isso faz toda a diferença na qualidade do vinho base…
Sem dúvida. Quando visito algum produtor que faz ou pretende fazer espumante, a primeira coisa que vou ver são as prensas. Só depois vejo a cave. Eu explico sempre isto: a prensagem é essencial, as mesmas uvas fazem cinco vinhos diferentes. A qualidade média do Champagne seria muito melhor se a região tivesse um mercado forte de “meio-seco” e “doce” e pudesse encaminhar para esses vinhos uma grande parte do mosto menos nobre. Como o mercado de “não bruto” representa para Champagne menos de 2%, o resultado é que esses vinhos base menos interessantes entram todos nos espumantes não datados. Os “cuvées” são utilizados sobretudo para os “millesimé”, os vinhos datados.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40474″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]Que características deve ter um bom vinho base para espumante? E o que é para si um grande espumante?
Uma boa base, depois da primeira fermentação, deve ter todo carácter da casta no aroma e uma boca um pouco neutra, de forma a revelar todo o seu potencial com a segunda fermentação. O vinho base deve ter aromas expressivos, mas finos, sem exuberâncias, e uma maior neutralidade de sabor.
Já um grande espumante define-se pelo corpo e pela elegância. No meio disso está a acidez. Procuramos chegar a um corpo cheio, que possa casar com a acidez e a elegância.

Essa procura de um vinho mais estruturado, encorpado, não poderá conduzir por vezes a teores alcoólicos elevados e menor acidez e frescura?
Se nós queremos espumantes com muito estágio, como é o perfil dos Murganheira, temos de ter uma sólida estrutura no vinho. Em Champagne o teor alcoólico “oficial” anda pelos 12,5% mas há uma margem autorizada de mais 0,8%. O que significa que os grandes Champagne tem sempre mais de 13% de álcool mesmo que não o indiquem. Nós andamos por aí, 13% ou 13,5%, mas em alguns anos atingimos 14%, porque a acidez era de tal forma elevada que necessitávamos de mais maturação. Aqui conseguimos boas maturações e vinhos encorpados com 9 g/l de acidez total e pH abaixo de 3. Champagne bem gostaria de ter estas condições naquele terroir…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quais são as suas castas preferidas para espumantizar?
Começando pelas tintas, gosto muito da Touriga Nacional, espumantizada em branco, acho que resulta de forma fantástica. Aprecio bastante, também, o Pinot Noir e a Touriga Franca. A Tinta Roriz é mais caprichosa, mas em alguns anos comporta-se muito bem. Já vi bons resultados de Alvarelhão e gostei igualmente de alguns Baga, não todos, mas entre eles há vinhos excelentes.
Nas castas brancas destaco o Chardonnay. O problema é que temos vários Chardonnay em Portugal, e dependendo do viveirista que fornece as plantas, obtêm-se resultados bem distintos. Na obtenção de um grande vinho base de Chardonnay o terroir é absolutamente fundamental, não resulta bem em todo o lado. Temos em estágio algumas experiências interessantíssimas com Sauvignon Blanc, vinhos cheios de frescura e elegância. Das variedades tradicionais da região evidencia-se a Malvasia Fina e o Gouveio. Já experimentámos o Rabi-gato, que é uma casta ácida, o que em si mesmo é bom, mas depois falta-lhe a estrutura…

Há quem diga que, em Portugal, por muito bons espumantes que façamos com as castas nacionais, o Chardonnay e o Pinot Noir são sempre imbatíveis. O que pensa disso?
Globalmente, estou de acordo. São castas difíceis de trabalhar no clima português, de uvas pequenas, que amadurecem com muita rapidez e exigem muita atenção para não as deixar passar do ponto ideal. Mas depois oferecem uma finesse, uma elegância, classe e qualidade extrema ao vinho.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][image_with_animation image_url=”40477″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Existe um estilo Raposeira e um estilo Murganheira? Como é que os define?
Sem dúvida que existem dois estilos distintos nestas casas. A Murganheira assume um estilo 100% champanhês, em todo o processo de produção, desde a viticultura à espumantização, passando pela elaboração do vinho base. A grande diferença entre a Murganheira e as boas casas de Champagne está, obviamente, no terroir, que origina perfis de vinho diferentes. De resto, somos tão exigentes quanto as melhores casas de Champagne.
Quando cheguei à Raposeira foi preciso fazer uma revolução qualitativa. Decidi implementar as mesmas técnicas usadas na Murganheira, nomeadamente o fracionamento do mosto e a exclusão do “rebêche”. Mas enquanto na Murganheira vinificamos 42 castas separadas na Raposeira isso não é possível, separamos apenas o Pinot, o Chardonnay, as Tourigas Nacional e Franca, o resto é vinificado em conjunto. Também no que respeita ao estágio, na Raposeira os espumantes passam menos tempo sobre as leveduras da segunda fermentação. Isso induz um estilo que poderia classificar como mais “português”, recuperando aquilo que era tradição na Raposeira que eu conheci nos anos 60 e 70. O objectivo da Raposeira é oferecer ao apreciador uma excelente relação qualidade-preço, é assumir a marca como o grande espumante natural de Portugal.

Quais são as regiões que identifica como tendo especial potencial para produzir espumantes de qualidade?
Estou na minha região, e acredito que Távora-Varosa, atendendo às castas, à altitude média da vinha, exposição solar, solo, é uma região de excelência para espumantes. Mas não tenho dúvidas que na Beira Interior, Douro e Trás-os-Montes, desde que as vinhas estejam acima dos 450 metros, se podem fazer muito bons espumantes. A Bairrada não está a essa altitude, mas tem castas perfeitamente adequadas ao clima mais atlântico que ali se sente, sendo por isso obviamente uma região predestinada para espumantes de qualidade.
No Alentejo é bem mais difícil. Fiz espumantes na Tapada do Chaves e ali era preciso vindimar no início de Agosto para conseguir álcool e acidez adequados. Mas as uvas precisam que o Verão passe por elas, e naquela região, colhidas com 11% ou 11,5% graus, não mostram o que é preciso para fazer um grande espumante. No equilíbrio entre álcool, corpo, fruta, acidez, há alguma coisa que falta, sobretudo ao nível do pH.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40479″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]Como avalia a cultura de espumante em Portugal? Acredita que a maioria dos consumidores de espumante sabem a diferença, por exemplo, entre o método clássico e a cuba fechada?
Grande parte não sabe, efectivamente. Mas também lhe digo que uma casa como a Murganheira tem muitos milhares de clientes fiéis, que sabem e valorizam o que fazemos. Há muito mais gente a saber de espumante do que possamos pensar. A construção de uma cultura de espumante em Portugal deve-se, quanto a mim, a dois factores. Um, sem falsas modéstias, acredito que esteja no trabalho que tem sido feito pela Murganheira. E o outro, no trabalho feito por si (e pelos seus colaboradores) enquanto jornalista e formador desde há três décadas.

Obrigado, pela parte que me cabe, mas não sei se será bem assim…
Não tenha dúvidas disso. Em 1989/1990 ninguém sabia o que era espumante, acredite. Só se bebia meio-seco e doce e apenas nas festas e aniversários. Poucos apreciavam um espumante como aperitivo ou acompanhando uma refeição, era um produto sazonal, vendia-se na Páscoa e no Natal. Não há qualquer comparação com o merca¬do e a cultura de espumante que temos hoje.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40486″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]Mas o crescimento do mercado de espumante também tem efeitos perversos. Como vê o facto de encontrarmos no mercado espumantes método clássico vendidos a 3 euros?
Vejo isso com grande apreensão, quer enquanto produtor quer enquanto presidente da Comissão Vitivinícola de Távora-Varosa. A nossa região não está a praticar esses preços. E não percebo como é que alguém pode praticá-los e ganhar dinheiro. Provavelmente, paga-se um preço miserável aos fornecedores de uva; provavelmente, são excedentes de vinhos brancos comuns que funcionam como vinho base; provavelmente, 70% do que é vendido como método clássico (entendido como segunda fermentação na garrafa, com leveduras livres) na verdade, não o é, são vinhos feitos com leveduras imobilizadas.
As leveduras imobilizadas são uma grande descoberta, facilitam muito os processos e permitem fazer espumante por todo o lado, mas por alguma razão estão proibidas em Champagne. O espumante que resulta deste método nada tem a ver com o espumante originado pelo contacto e estágio prolongado com as leveduras livres. E eu conheço bem os resultados das leveduras imobilizadas porque a empresa que as desenvolveu e comercializou pediu-nos, logo no início, colaboração para as testar e fizemo-lo ao longo de vários anos. Os resultados dos testes nunca nos convenceram, o espumante feito com leveduras imobilizadas ficava muito longe do nível de qualidade do verdadeiro método clássico, sobretudo para espumantes com estágio prolongado. E para fazer um espumante de meia dúzia de meses, então mais vale fazer em cuba fechada, é mais barato, mais eficiente e o resultado qualitativo é idêntico ao obtido com as leveduras imobilizadas. A cuba fechada, ao menos, não engana ninguém e até tem um nome bonito, Charmat…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Acha que a distinção, na rotulagem/embalagem, entre método clássico com leveduras livres e espumante com leveduras imobilizadas deveria ser evidente?
Claro que sim! E posso desde já anunciar-lhe, em primeira mão, que esta casa vai promover, em conjunto com outras que queiram aderir, a criação de uma entidade privada que possa certificar o método clássico em toda a sua pureza. Não quer dizer que os espumantes baratos que por aí andam sejam maus produtos, nada disso. Mas são gato por lebre. Vamos fazer tudo para criar um nome e uma entidade certificadora que ofereça uma garantia de genuinidade, uma garantia de que o vinho é feito pelo método clássico verdadeiro.
Leveduras livres e remuagem constituem o método de Champagne, o genuíno método clássico. Se a legislação é omissa neste aspecto, se o Instituto da Vinha e do Vinho não se quer meter no assunto, então teremos que ser nós, os produtores, a defender, promover e certificar o método clássico em toda a sua pureza. E a garantir que o consumidor sabe o que está a comprar e a beber.

A fermentação com leveduras livres e o estágio prolongado estão interligados. A Murganheira tem-se salientado pelo estágio singularmente prolongado que faz aos seus espumantes. O tempo que o vinho leva sobre as leveduras que importância assume no resultado final?[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”40481″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O estágio prolongado permite-nos fazer uma coisa fantástica: selecionar para os espumantes brutos o melhor vinho base possível. Os vinhos base para um espumante jovem são distintos daqueles que escolhemos para um espumante que vai ficar guardado em cave ao longo de muitos anos. Depois, o repouso sobre as leveduras livres afina o vinho de uma forma absolutamente única, a todos os níveis, bolha, aroma, sabor, equilíbrio. E o estágio prolongado faz, efectivamente, parte intrínseca do estilo Murganheira, da nossa identidade enquanto casa produtora.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De entre os grandes espumantes que já fez ao longo da sua vida, qual foi aquele que mais o surpreendeu pela positiva, aquele que mais excedeu as suas expectativas?
O Murganheira L’Esprit de la Maison, que agora colocámos no mercado, em garrafa magnum, e que resulta de um lote de Pinot Noir, Pinot Meunier e Pinot Blanc. Este é o de 2011, mas fizemos também nas vindimas seguintes e o resultado é fantástico. E temos aí outras coisas muito interessantes, com três ou quatro anos de estágio, mas que só vão ver a luz do dia daqui a sete ou oito anos.
Mas gosto especialmente do nosso Assemblage, integralmente feito com castas portuguesas, brancas e tintas, vendido com 10 ou 12 anos de idade e que evidencia toda a nobreza do nosso terroir e do estilo Murganheira.

Como é que se sente ao introduzir uma determinada inovação numa vindima (em termos de castas, lotes, vinificação, etc.) e saber que os resultados desse esforço criativo só vão ser colocados à apreciação do mercado daí a 10 ou 12 anos?
Eu não sou precipitado. Como sabe eu cheguei de muito baixo ao espumante e tive algum sucesso muito novo. E nunca me envaideci com isso. Tenho sido muito pressionado por compradores no sentido de vender espumantes mais jovens. Está fora de questão. Se eu já não estiver cá para recolher os louros, estarão os meus filhos e a minha nora (a enóloga Marta Lourenço) e estarão apreciadores que irão beber esses espumantes e críticos e jornalistas que irão escrever sobre eles. Os meus netos ainda são muito pequeninos. Têm tempo de amanhã usufruir de tudo isso. Eu não fiz mais do que a minha obrigação.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Dirk Niepoort: “Gosto de vinhos que mostrem de onde vieram”

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Dirk Niepoort é uma das mais mediáticas personalidades do vinho português e a sua figura, com os desgrenhados caracóis, o colete sem mangas, os “crocs”, é conhecida de quase todos os enófilos. No entanto, Dirk é muito […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Dirk Niepoort é uma das mais mediáticas personalidades do vinho português e a sua figura, com os desgrenhados caracóis, o colete sem mangas, os “crocs”, é conhecida de quase todos os enófilos. No entanto, Dirk é muito mais do que a sua imagem de marca. É alguém que revolucionou uma empresa familiar, antecipou modas e tendências, acolheu e impulsionou dezenas de pequenos produtores, ajudou a transformar uma região. Mas o que pensa realmente Dirk Niepoort, sobre a vinha, o vinho, o Douro, Portugal? Fomos perguntar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]TEXTO: Luís Lopes
FOTOS: Anabela Trindade[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_column_text]Aos 54 anos, Dirk Niepoort já fez muita coisa, mas continua um espírito inquieto. Numa entrevista em que passa em revista o passado, analisa o presente e perspectiva o futuro, deixemos que seja ele a definir o seu estilo, a confrontar as suas opções e a explicar as suas ambições: “A minha forma de aprender é fazer. Quanto mais vinhos fizer mais aprendo.”[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Foi recentemente notícia, junto dos profissionais e dos enófilos mais atentos, a tua aquisição de todas as participações familiares da Niepoort. O que significou para ti este passo?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]A Niepoort vivia uma situação complicada, mas semelhante à que ocorre em muitas empresas familiares: duas pessoas (no caso eu e a minha irmã Verena) com igual peso e responsabilidade ao nível da gestão, mas formas muito diferentes de ver o negócio e as estratégias e caminhos a seguir. Até podemos ambos ter razão, mas não eramos compatíveis e a situação não era saudável para a empresa. Um de nós teria de sair para deixar o outro seguir o seu caminho. Assim, negociámos, chegámos a um entendimento e acabei por seu eu a comprar a empresa. [/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29357″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Foram momentos difíceis…” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]É verdade. Ao longo da minha vida, a minha prioridade sempre foi a Niepoort. Trabalhar na e para a Niepoort era tudo, esquecendo muitas vezes a minha família, apenas pela satisfação pessoal de estar aqui. A dada altura, porém, fiz um reset, e comecei a dar a prioridade à família, à minha mulher e aos meus filhos, e ao futuro deles e com eles. E percebi que a empresa não era tudo e que, se não me entendia (em termos de gestão empresarial) com a minha irmã, seria pouco provável que os meus filhos e os seus primos se entendessem. Não podia deixar aos meus filhos um foco de problemas. Podia ter sido a minha irmã a comprar e eu iria fazer outras coisas, mas a separação era inevitável. Afinal fui eu que comprei as participações dos meus pais e da minha irmã e agora estou livre para fazer o que quero, quando quero e como quero. E com o apoio da óptima equipa que temos na Niepoort, posso consolidar a empresa para a entregar saudável às próximas gerações.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”A empresa e o sector mudaram muito desde 1990. Na altura, a Niepoort era Vinho do Porto e alguma aguardente. Desde então, o Douro DOC entrou em quase todas as empresas de Porto, mas na Niepoort de forma particularmente radical. Hoje em dia o Porto representa apenas 30% do negócio da firma. O que te levou a trilhar esse caminho? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Eu gosto de sonhar e pensar não a dois meses ou dois anos, mas a vinte anos. Mas não sou um visionário, isto foi algo que aconteceu naturalmente. E há uma estória curiosa por trás disso. Em 1987, quando estava a completar a aprendizagem na Califórnia e a voltar para Portugal, uma pessoa amiga perguntou-me se eu ia fazer vinho no Douro. E eu disse que não, o meu objectivo era fazer Vinho do Porto. “Mas vais fazer vinho tinto?”, insistiu. Não sei se dá, posso experimentar, respondi. “E que estilo de vinho vais fazer?” Bom, o meu primeiro vinho vai ser um monstro. Mas, se calhar, daqui a vinte anos farei vinhos elegantes. “E porque não fazes desde logo vinhos elegantes?” Porque a minha escola é a californiana e eu gosto de vinhos pesados, poderosos, com extração e barrica evidente. Mas ouço dizer que há vinhos franceses muito bonitos e elegantes, tenho de conhecê-los, ver se gosto e, se for o caso, aprender a fazer vinhos assim. E foi isto que aconteceu. Quando cheguei a Portugal era uma folha em branco, não sabia de vinho de mesa nem de Vinho do Porto. Precisei de aprender.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Mas já tinhas bem enraizada uma cultura de Vinho do Porto…” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]É verdade, mas nós eramos negociantes, não produtores. Eu não tinha acesso directo à vinha, somente à sala de provas, onde aprendi muito com o Zezé Nogueira, nosso grande provador. No entanto, sempre tive um grande fascínio pelo Douro região, pelo Douro vinha, e quando voltei, em 1987, o meu pai, Rolf, comprou a Quinta de Nápoles. Um ano depois, comprámos a Quinta do Carril. O foco continuava a ser o Vinho do Porto, claro. Curiosamente, não fiquei nada contente, no início, com a compra da Quinta de Nápoles, porque achava que não era o ideal para Porto. Contrariado, fiz lá duas vezes Vinho do Porto, com maus resultados, até nos convencermos todos que a quinta não dava para o pretendido. E, desta forma, fui quase “obrigado” a fazer vinho Douro das uvas de Nápoles. E ainda bem! Foi assim que tudo começou, como que por acaso. Não sei se isto é uma “aldrabice mental” que conto para mim próprio…[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Acho que é…” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text](risos) A verdade é que a partir daí comecei a inventar com o que tinha à mão. Na altura, a Niepoort era uma pequena empresa que não tinha dívidas, mas também não tinha dinheiro, não havia grandes lucros. Eu entrei numa empresa que tinha um bom nome na praça junto dos especialistas, mas eramos uns ilustres desconhecidos para o consumidor. A pouco e pouco fui fazendo experiências com o vinho não fortificado e as coisas começaram naturalmente a crescer e a ganhar peso.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29373″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”O que é que na altura te atraía para o vinho do Douro?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]No Vinho do Porto não é preciso fazer revoluções, é mais uma questão de evolução. No Porto, a gente “sabe” quais são as vinhas ideais, a gente “sabe” como se faz o vinho, existe um conhecimento transmitido de geração para geração, as mudanças que podemos fazer são detalhes, nada mais. O vinho de mesa do Douro implicava começar do zero, uma revolução total, e esse desafio fascinava-me. Por exemplo, procurava as vinhas altas, mas não sabia porquê. Apenas em 2004, quando fiz o meu primeiro vinho na Áustria, percebi que as vinhas altas faziam sentido. Depois fui descobrindo as vinhas viradas a norte e muitas outras coisas que eram determinantes naquilo que eu queria fazer.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”E, a pouco e pouco, foram nascendo muitas marcas…” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]As pessoas dizem que eu faço vinhos a mais, e não tenho dúvida de que é verdade. Mas há que perceber que na Niepoort existem alguns vinhos (Redoma, Batuta, Charme, e o Porto, claro) que são a base de tudo, o coração da empresa. Os outros vejo-os como satélites, que são fundamentais para experimentar, para aprender, para melhorar, para acertar detalhes. O Diálogo, por exemplo, foi um vinho que começou como um “satélite” e depois se tornou algo de muito importante.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em resumo, e para responder à tua questão inicial, a Niepoort de hoje nada tem a ver com a Niepoort de há 30 anos, mas isso não se ficou a dever a uma estratégia pensada e executada. Foi a paixão pelo vinho e pelo Douro que fez com que eu seguisse esse rumo.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Douro e Porto são dois produtos com origem da mesma região, diferentes, mas complementares. Como achas que deveria ser o caminho de um e de outro?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Um dos problemas do sector do Vinho do Porto são as casas quererem “democratizar” este vinho como forma de desenvolver o negócio. Democratizar é importante em tudo, mas aqui a democratização transforma-se em banalização. Eu gostava mais de ver o Porto como um produto “snob” e antiquado, elitista se quisermos, mas não banalizado, do que aquilo em que se está a tornar, quando se inventam formas para tentar levar as pessoas a beber um Porto barato em qualquer momento.
O futuro do Vinho do Porto é indissociável do futuro do Douro vinho e do Douro região. A meu ver, deveríamos reduzir a quantidade de Vinho do Porto, deixar a excessiva dependência que temos de Porto barato para supermercados, apostar mais nas categorias superiores (como é o caso dos Colheita), aumentar a qualidade geral e, consequentemente, o preço dos vinhos. O Porto deveria ser encarado como algo de especial, raro, desejável, que não é para todos nem para todos os dias.
[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”E que papel estaria reservado para os vinhos Douro?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Um papel essencial. Porto e Douro são duas faces da mesma região. Se produzirmos menos Porto, mas melhor e mais caro, podemos focar-nos em criar marcas fortes de brancos e tintos durienses. O Douro região precisa de diversas marcas de 300 ou 400 mil garrafas, de vinhos com personalidade e carácter regional, que possam ser vendidos em qualquer parte do mundo. Até em supermercados, claro, mas sem ser baratinhos, até porque os custos de produção na região não o permitem! Vendendo melhor estes vinhos, pode-se pagar melhor ao lavrador e compensá-lo do que irá perder ao vender menos uvas para Porto.
Paralelamente, a região deveria apostar em “vinhos de garagem” para mostrar ao mundo que conseguimos fazer no Douro vinhos tão bons como em Bordéus, Borgonha ou qualquer outra região de topo.
Se fizermos tudo isto e, ao mesmo tempo, implementarmos e generalizarmos no Douro um turismo de qualidade, o futuro da região, das empresas e dos lavradores está garantido. Agora, se continuarmos a baixar preço no Vinho do Porto, o negócio deixará de ser sustentável e toda a região fica a perder. É por isso que acho um disparate dizer-se que o Porto está a subsidiar o vinho do Douro. Se o sector não arrepiar caminho na forma como encara o Vinho do Porto, vai ser o vinho do Douro a ter de subsidiar o Porto para assegurar a sua sobrevivência.
[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”O Douro Superior tem vindo a assumir uma importância crescente, tanto para os vinhos Douro como para os vinhos do Porto. Mas há 30 anos, falava-se com algum desdém do Baixo Corgo e do Douro Superior, apontando-se o centro do vale, o Cima Corgo, como a zona de eleição. Como encaras as três sub-regiões e o seu potencial para Porto e Douro?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]O Cima Corgo, para mim, continua a ser a zona de eleição. Quanto ao Douro Superior… Sei que alguns produtores vão ficar chateados com o que eu vou dizer mas, a meu ver, se o objectivo for fazer vinhos excepcionais (fortificados ou não) o Douro Superior não faz sentido. Haverá uma ou outra excepção, uma ou outra vinha velha nas zonas altas da Mêda, ou o Vale da Teja, por exemplo. Mas, globalmente, o Douro Superior poderá ser bom para fazer grandes volumes, com vinhas modernas de produções acima da média, mas não grandes vinhos.
Já o Baixo Corgo tem um potencial enormíssimo para vinhos Douro, potencial que não está ser devidamente aproveitado pelos produtores. Devia haver muito mais grandes vinhos oriundos do Baixo Corgo, porque o terroir para isso está todo lá. No entanto, não acredito no Baixo Corgo para vinhos do Porto de excelência. Não quer dizer que não exista uma vinha ou outra capaz de originar um grande Porto, mas, regra geral, a sub-região não atinge a complexidade e o equilíbrio que encontramos no Cima Corgo.
No entanto, nós não temos um Douro, temos 40 Douros, com diferenças de altitude e exposição solar, enorme riqueza de castas, é a região mais complexa do mundo. As generalizações podem ser injustas. O Douro tem o melhor fortificado do mundo, já faz grandes tintos e hoje estou convencido que tem um potencial enorme para vinhos brancos. Não há muitas regiões no mundo com três tipos de vinho fantásticos.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Começaste no Vinho do Porto, depois vieram os vinhos do Douro, mais recentemente os investimentos na Bairrada e no Dão. O que procuras fora do universo duriense?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Eu gosto muito do nosso país. Portugal, por diversas razões, políticas e geográficas, ficou parado no tempo em determinada altura. O que é uma desvantagem em muitos aspectos mas pode significar também que preservámos coisas que outros mudaram ou perderam. É um país pequeno, mas com uma diversidade louca. Só no norte do país temos quatro ou cinco importantes regiões de vinho que são vizinhas mas nada têm a ver umas com as outras.
Sempre que fiz qualquer coisa fora do Douro aprendi a conhecer melhor o Douro. A Bairrada aconteceu porque tinha mesmo de acontecer. Sempre gostei muito da Bairrada. Enquanto distribuidor de vinhos vendi vinhos da Bairrada, enquanto produtor fiz diversas experiências na região a partir de vinhas e adegas de produtores amigos. Um dia, a Filipa Pato pediu-me conselho na produção de um vinho fortificado dela e quando a visitei e vi a vinha fiquei maravilhado e pedi-lhe que me deixasse fazer um vinho tinto. As coisas começaram assim e depois apareceu a oportunidade de comprar a Quinta de Baixo, onde eu posso realizar os meus sonhos de fazer vinhos diferentes num terroir diferente.
[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29375″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Quando te ouço caracterizar um vinho de que gostas quase sempre usas a palavra “finura”. O que é para ti um bom vinho?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Finura, é verdade. E o Nick Delaforce usa uma palavra também muito expressiva que é “drinkability”, vinhos que apetece beber. Outras palavras importantes para mim são “equilíbrio” ou “harmonia”. Eu gosto de vinhos que tenham um perfil que revele a sua origem. Não gosto de vinhos frutados mas gosto de frescura (são duas coisas diferentes), o que implica uma boa acidez natural. Para mim, é também muito importante que sejam vinhos que envelheçam bem, que mostrem a sua idade.
No fundo, gosto de vinhos que respeitem o terroir. Acho que o ser humano, o enólogo, é muito importante, mas acho que deve intervir menos, deve aceitar mais a Natureza e o que a uva lhe dá.
[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Os vinhos que concebes apontam para um perfil definido. Existe um estilo Dirk Niepoort, independentemente da região, da casta, do terroir?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Sinceramente, acho que sim. Muitas pessoas me têm confirmado isso, frequentemente, sem saberem que vinhos estão a provar. Mas percebem o fio condutor, percebem o perfil na ligação que existe entre vinhos diferentes de regiões ou países diferentes. [/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Como definirias esse estilo?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Uma vez alguém me disse que eu marcava muito os vinhos com meu estilo. Fiquei um bocado irritado, confesso, e respondi aquilo que acredito: que na Niepoort o que fazemos, acima de tudo, é respeitar o sítio. E dentro do sítio, temos a nossa interpretação. Não acho que o Douro tenha de ser muito encorpado e alcoólico, nem que o Bairrada tenha de ter muita cor, muito tanino e muita acidez. A minha interpretação do Douro ou da Bairrada não é essa. Por isso, e respondendo à questão, o estilo Niepoort tem três requisitos: vinhos que respeitam o sítio; vinhos com pouca maquilhagem, que apetece beber; e vinhos equilibrados e frescos, com boa acidez. [/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Sempre tiveste um apreço muito especial pelas vinhas velhas e pelos vinhos daí resultantes. Onde é que a vinha velha faz mais diferença?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Sempre gostei de vinhas velhas, quase de forma obsessiva, ao ponto de rejeitar as vinhas mais novas apenas por serem novas. É claro que uma vinha nova num sítio bom, é melhor que uma vinha velha num sítio mau. Mas as vinhas velhas, ou vinhas tradicionais com as castas misturadas, se quisermos, fazem, na verdade, uma diferença enorme. Até no perfil da maturação.
Olhemos para uma vinha moderna, ou seja, feita por engenheiros, segundo os livros, com canópia grande, produzindo muito e uvas com álcool elevado. Se a compararmos com uma vinha tradicional, vemos que a moderna produz primeiro o álcool e depois a maturação fenólica, enquanto nas vinhas velhas acontece o contrário. Ou seja, com vinhas velhas eu consigo vinhos equilibrados com muito menos álcool. Por isso, não tenho problemas em vindimar com 11 graus, porque as uvas estão maduras. Enquanto outros têm de esperar muito tempo pela maturação das uvas e quando vindimam já estão com 16 graus.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29376″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”O teu interesse pela biodinâmica está intimamente ligado à vinha tradicional?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Sem dúvida. Os lavadores durienses de mais idade, que nos vendem as suas uvas das vinhas tradicionais, já faziam biodinâmica sem o saberem, regulavam todos os seus trabalhos pela lua, só que não o diziam, tinham vergonha disso. Se lhes perguntarmos quando vão engarrafar o vinho que fazem para consumo em casa, eles indicam o dia concreto. E se não engarrafam antes não é por falta de tempo, é por não ser um dia adequado. O que fazem com o vinho, fazem com a vinha. Por isso, na verdade, mais importante do que a idade da vinha é a forma como ela foi plantada e como é tratada. Os antigos não tiravam tudo da terra; eles devolviam à terra. Hoje, tira-se tudo da terra e depois colocamos químicos para compensar.
Se conseguirmos juntar os modernos equipamentos vitícolas e o conhecimento científico de que dispomos, ao conhecimento empírico que as pessoas mais antigas conservam, faremos vinhas e vinhos muito melhores. Não podemos é continuar a plantar as novas vinhas seguindo regras cegas que não têm em conta as alterações climáticas, a qualidade e o respeito pelo terroir.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Achas que essa tendência se vem agravando? É que, cada vez são mais as empresas portuguesas, grandes e pequenas, que assumem estar a recuperar práticas vitícolas tradicionais e sustentáveis…” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Infelizmente, é mais conversa do que outra coisa. Há mais preocupação em falar disso do que em fazer. Mas reconheço que começa a haver algumas pessoas que estão a fazer viticultura orgânica e biodinâmica por paixão, por preocupação ambiental e por acreditarem que a química não é tudo.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Falas de respeito pelo terroir. O que é para ti o terroir, para além da clássica definição francesa? Por exemplo, existe um terroir Douro, ou a palavra só pode ser aplicada a determinadas vinhas ou parcelas?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]A meu ver, o terroir começa por ser o sítio. E esse sítio pode ser uma região inteira, como Chablis, por exemplo, que apesar de ter vários terroirs tem um reconhecível traço comum. Mas é muito mais do que isso.
A vinha alimenta-se da água e dos minerais que estão na terra. Isso transfere-se para a uva. Dessa uva fazemos vinhos. Se não colocarmos mais nada no vinho, nem sequer leveduras, o que vai espelhar o terroir são os desvios causados pela falta ou excesso de elementos no mosto, desvios que vão criar erros de percurso (coisa que irrita os enólogos, que logo pensam em corrigir) na fermentação. Eu quero esses erros, quero que as coisas aconteçam. E são esses erros e desvios que vão evidenciar o carácter desse vinho particular nesse ano particular. Há coisas que são super específicas de uma vinha, mas também outras que são de uma região. O importante é os vinhos dizerem claramente de onde vêm. A enologia moderna acaba por apagar essa impressão digital ao querer corrigir tudo.
[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”És geralmente considerado um dos grandes embaixadores do Douro e dos vinhos de Portugal no mundo. Que hipóteses temos nos mercados de exportação?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Está a acontecer aquilo que eu pensava que ia acontecer, só que levou mais tempo do que previa. Acho que, finalmente, o mundo começa a fartar-se de Cabernet e Chardonnay. O consumidor está a tornar-se um bocadinho mais sofisticado e a aborrecer-se com a simplicidade. E aí é que entra Portugal. O país passou uma fase de modernização cega, copiando aquilo que os outros faziam, estragando a sua identidade. Mas, felizmente, isso está a passar. Portugal é pequeno e não vai ganhar pela quantidade, mas sim pela qualidade e, principalmente, pela individualidade. Não copiar os outros, fazer diferente e correr o mundo a convencer os importadores da mais-valia dessa diferença, dá muito trabalho, mas é o único caminho viável. O consumidor fartou-se da banalização e nós temos as vinhas velhas, temos as castas, temos muita individualidade. Só temos que fazer bem, aproveitar a onda, e vincar a nossa diferença.
É por isso que precisamos de mais vinhos com volume, bem feitos e com alguma personalidade. Também não é preciso exagerar, não é preciso fazer vinho com 1 grama de acidez volátil só porque é diferente. Não é isso que eu defendo. Defendo os vinhos bem feitos e que mostrem o sítio de onde vieram.
[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Aos 54 anos já fizeste muita coisa no mundo do vinho. Olhando para trás, o que é que farias diferente? ” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Haverá muitas coisas que poderia ter feito diferente, mas estou feliz com o que foi feito. Por vezes, pequenos erros colocam-nos num caminho muito melhor do que o inicial. Gosto da grande maioria das coisas que fiz e sou um optimista por natureza. Acho que, se soubermos o que queremos, faremos sempre mais e melhor.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”E o que é que te falta fazer?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Eu disse há algum tempo que daqui a duas décadas, 50% da facturação da Niepoort seria chá. Quase toda a gente achou que eu não estava bom da cabeça. Talvez tenha exagerado com os 50%, mas continuo a acreditar que, um dia, o chá vai ser muito importante para esta empresa. Penso que o sector do vinho, a nível mundial, vai passar por muitas dificuldades, vamos ter restrições políticas cada vez maiores, em alguns países o vinho vai começar a ser tratado como uma droga ou, no mínimo, como algo negativo para a saúde e para a sociedade. Talvez não aconteça na minha geração, mas acredito que a próxima geração de produtores de vinho terá dificuldades acrescidas. [/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”Procuras, portanto, produtos alternativos…” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Por um lado, sim, mas, mais uma vez, tal como quando apostei no vinho do Douro numa época em que a Niepoort era Porto, não estou agora a apostar no chá por ter uma orientação estratégica estudada e planeada. Tem a ver com paixão e paixão antiga, pois sempre me interessei por chá. Há 30 anos tinha o sonho de importar chá verde para a Europa. Nessa altura ninguém sabia o que era isso. Fui à China, procurei fazer negócio, mas fui cedo demais, era um país muito fechado, difícil, estive em locais onde ninguém tinha visto um europeu. Não consegui fazer negócio e desisti.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29374″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Felizmente, a minha mulher, Nina, também gosta muito de chá e, em conjunto, resolvemos reactivar esse sonho. Trouxemos algumas plantas, que colocámos no jardim em Fornelo, Vila do Conde, onde já temos 1 hectare plantado. Em biodinâmica, claro. Fizemos já algumas experiências e vamos aprendendo, tal como aconteceu com o vinho. Neste ano de 2018 vamos fazer a nossa primeira colheita, e esperamos obter perto de 50kg. Entretanto fizemos já um chá, a partir de folhas trazidas da China, chá esse que envelhecemos em quatro barricas de vinho do Porto. Estamos muito entusiasmados e acreditamos muito neste projecto.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_custom_heading text=”A família é muito importante para ti, a Niepoort é uma empresa familiar, os teus três filhos contactam com o mundo do vinho desde que nasceram. O que esperas deles?” font_container=”tag:h6|text_align:left”][vc_column_text]Não espero nada, quero que eles façam o que lhes apetecer, não pretendo influenciar. Sempre lhes disse para não pensarem que ambiciono vê-los a trabalhar na Niepoort. Eles que decidam o que querem fazer na vida e quando estiverem seguros do que querem, eu cá estarei para tentar ajudá-los a atingir esse objectivo, seja ele qual for.
Ficarei obviamente muito contente se um ou mais de entre eles decidir seguir este caminho, mas acima de tudo quero que eles sejam felizes naquilo que escolherem.

 

Edição Nº17, Setembro 2018

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]