Adega do Monte Branco: São os LouCas de Estremoz…

monte branco estremoz

…Que não nos fazem duvidar, pelo contrário. Na Adega do Monte Branco fazem-se verdadeiros vinhos de Estremoz, e isso também pode significar vinhos como os LouCa: únicos, experimentais, com imensa personalidade e qualidade. Sai agora a terceira edição.  Texto: Mariana Lopes Fotos: Adega do Monte Branco e Luís Lopes Luís (Lou)ro e Inês (Ca)pão são […]

…Que não nos fazem duvidar, pelo contrário. Na Adega do Monte Branco fazem-se verdadeiros vinhos de Estremoz, e isso também pode significar vinhos como os LouCa: únicos, experimentais, com imensa personalidade e qualidade. Sai agora a terceira edição.

 Texto: Mariana Lopes

Fotos: Adega do Monte Branco e Luís Lopes

Luís (Lou)ro e Inês (Ca)pão são a dupla que faz nascer, na solarenga propriedade do Monte Branco, em Estremoz, os vinhos da marca que agrupa o sobrenome de ambos, os experimentais Lou e Ca, que são uma autêntica batalha amigável entre os dois enólogos: Louro faz o Lou e Capão faz o Ca, sempre na procura dos melhores vinhos possíveis de produzir com técnicas de vinificação “de boutique”, e com as castas que ambos consideram ter potencial nesse ano para originar um grande branco ou tinto.

Luís Louro, fundador (e proprietário) do projecto Adega do Monte Branco, desde 2004, quando tinha apenas 23 anos, escolheu a uva Arinto para criar o LOUca branco 2019, que originou 2200 garrafas, por acreditar que esta é a grande casta branca portuguesa. “Adapta-se com facilidade e produz grandes vinhos em todas as regiões de Portugal. O Alentejo não é excepção”, refere. Aqui, com “o objectivo de fazer um grande vinho branco, profundo, mineral e longevo”, Luís seleccionou as melhores uvas de duas parcelas distintas, uma em solo de xisto e outra em calcário. Metade do mosto, das primeiras prensas, fermentou em barricas novas de 500 litros sem clarificação, enquanto a outra parte fermentou, clarificado por sedimentação natural, em barricas usadas com a mesma dimensão. O estágio fez-se durante nove meses nas barricas.

Já o louCA branco 2019 (nesta edição os dois são brancos, mas não é obrigatório), surge quase como o conceito filosófico de Aristóteles da “tábua rasa”, teoria empirista segundo a qual o espírito, antes da experiência, não possui ideia alguma: “Com a plantação da nossa nova vinha de branco em 2017, cresceram as possibilidades para fazer várias experiências com castas sobre as quais não tinha conhecimento, e por isso quis fazer um novo vinho branco para o louCA 2019”, explica Inês Capão, que entrou na Adega do Monte Branco em 2008, depois de passar por outras empresas no Norte de Portugal. Assim, esta vinha plantada em 2017, em solo de transição com xisto e calcário, forneceu ao mais recente louCA as castas Rabigato (40%), Verdelho (30%) Arinto (15%) Galego Dourado e Esgana Cão. Com três experiências no mesmo vinho, parte dele foi feita com maceração pelicular, outra com prensa directa e clarificação, e o restante foi mosto de Arinto “mais verde e ácido”, segundo a enóloga, em curtimenta com massas maduras de Verdelho. Todas estas “experiências” fermentaram em barricas de carvalho francês usadas, com 600 litros de capacidade, e estagiaram durante nove meses. São 2500 garrafas.

A par do lançamento dos LouCa, estão agora no mercado o Alento Reserva branco 2020 e o Monte Branco tinto 2017. O primeiro é um lote de Arinto e Antão Vaz que fermenta e estagia em barricas usadas por seis meses, e o segundo, maioritariamente de Alicante Bouschet, com Aragonez, é vinificado em lagar e estagia entre 12 a 15 meses em barricas novas de 300 litros.

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Adega do Monte Branco

Um projecto em crescimento

Quando imaginou a Adega do Monte Branco, Luís Louro viu um projecto de “castas portuguesas, vinhos autênticos e respeito pela história e pela natureza”, como o próprio diz. Alentejano de nascença e criação, no mundo vínico desde os oito anos — quando o pai, Miguel Louro, se tornou produtor na Quinta do Mouro — escolheu Estremoz devido “ao seu microclima, aos solos de xisto e calcário e a uma certa altitude (cerca de 400m). É uma das regiões mais frescas do Alentejo, onde é possível fazer vinhos com grande equilíbrio, frescura, carácter e potencial de guarda”. Com esta premissa, Luís e Inês almejam mostrar que Estremoz tem uma enorme diversidade, onde é seguramente possível produzir excelentes vinhos tintos e brancos, assegurando uma produção sustentável. “No nosso perfil há cada vez mais uma influência do Alentejo dos anos 80/90, quando os vinhos eram frescos e longevos, mas sem a rusticidade que caracterizava a época”, desenvolve o proprietário.

Hoje a produzir entre 250 a 300 mil garrafas por ano, a Adega do Monte Branco foi crescendo gradualmente também em vinha própria, com um maior incremento nos últimos anos e uma clara aposta em sequeiro. Actualmente, a empresa de Luís Louro é proprietária de 30 hectares de vinha, e arrendatária de 18. Estes últimos, com o nome Vinha dos Cardeais, são ainda de onde provém a maior parte das uvas, uma plantação de 2001 em solo de xisto muito pobre e pedregoso, maioritariamente tinta, com Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Syrah; e também Arinto, Verdelho e Antão Vaz.

Mantendo-se mais duas vinhas plantadas também em 2001, com uma parte mais velha de 1996 com mistura de quatro castas (3,2 hectares), em 2017 iniciaram-se novas plantações. Neste ano, por exemplo, surgiu a vinha que deu origem ao louCA 2019, junto à adega, quatro hectares com as brancas Esgana Cão, Arinto, Rabigato e Galego Dourado, e as tintas Alicante Bouschet, Tinta Miúda e Sousão. É neste momento a principal parcela de brancos, e só não é maior porque culmina numa zona de mármore à superfície, onde não foi possível plantar mais. Daqui vem também uma novidade absoluta ainda não lançada, que ainda precisa de mais tempo em garrafa, um branco chamado “Monte Branco Vinhas Novas”, nome “em protesto contra a ‘aldrabice’ dos supostos Vinhas Velhas que se vêm à venda”, contesta Luís Louro.

É também relevante a nova Vinha da Freira, de 2020, 12 hectares em xisto e calcário que incluem um campo de ensaios, numa zona argilosa onde, devido à erosão de uma serra próxima, o solo chega a ter 30 metros de profundidade e elevada capacidade de retenção de água. É onde foram plantadas várias castas antigas típicas alentejanas e de outras regiões. Assim, na Vinha da Freira existe Trincadeira (na zona mais alta, pobre e rochosa de xisto), Alicante Bouschet, Tinta Miúda, Moreto, Castelão, Tinta Carvalha, Marufo, Tinto Cão, Arinto e Roupeiro. Ainda de 2020, em solo calcário, de terra fértil e profunda, há a vinha da Courela Estreita, apenas um hectare com 32 castas misturadas, brancas e tintas.

Por agora, ficamos com os LouCa, com o Alento Reserva branco e com o Monte Branco tinto. Mas haverá mais novidades daqui a uns meses, além do Vinhas Novas e do Monte Branco branco. Varietalmente falando, digamos. Mas não foi de mim que “ouviram”.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2022)

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Costa Boal expande património para Estremoz

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O produtor Costa Boal — com presença original em Trás-os-Montes e no Douro — entra agora no Alentejo, com a aquisição do Monte dos Cardeais, em Estremoz.

Há cerca de meia dúzia de anos que António Boal, proprietário e administrador da empresa, mostrava interesse em crescer para o Alentejo. Quando um amigo lhe falou do Monte dos Cardeais, reuniram-se as condições ideais para dar o salto: o negócio proposto incluía 10 hectares de vinha, adega e um stock de 140 mil litros de vinho, de colheitas de 2018, 2019 e 2020. Paulo Nunes, enólogo da Costa Boal, confirmou a qualidade do stock, o que foi, logo à partida, “uma segurança”. 

“Queremos manter no Alentejo a produção própria e de vinhos de nicho, pelo que a existência de 10 hectares de vinha, e adega montada, no Monte dos Cardeais, foram factores decisivos para o bom desfecho do negócio“, comenta António Boal.

Neste sentido, a Costa Boal está já a trabalhar no registo de marcas e na criação dos lotes, de modo a colocar no mercado, nos próximos meses, duas novas referências para o Alentejo, criadas a partir das uvas colhidas no Monte dos Cardeais. Maioritariamente de castas tintas, plantadas há 20 anos (Aragonez, Syrah, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Alicante Bouschet), a vinha de Estremoz inclui igualmente talhões de castas brancas (Antão Vaz, Roupeiro e Arinto), plantados em 2016.[/vc_column_text][vc_column_text]

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Sabores do Campo comemora 20 anos e lança novos vinhos

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Fundada no ano 2000, na freguesia de Arcos, em Estremoz, a empresa Sabores do Campo deu continuidade à actividade agrícola de uma família de viticultores alentejanos que tem Hugo Cortes como principal responsável. Para além dos vinhos, onde se destacam as marcas Monte da Glória (nome da propriedade, na fotografia principal) e Vinhas da Glória, também produzem e comercializam mel e azeite.

Depois da inauguração em 2019 da nova adega Rainha Santa, a empresa assinalou o seu vigésimo aniversário com o lançamento de duas novas referências ali vinificadas: Monte da Glória Colheita Seleccionada 2019 branco e tinto. O primeiro é feito a partir de um lote de uvas provenientes de vinhas velhas em que as castas predominantes são Arinto e Verdelho. Já o Colheita Seleccionada tinto, também do ano 2019, é um lote de Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira de uma vinha com cerca de 30 anos, e foi vinificado em lagares tradicionais com pisa a pé, de acordo com a tradição ancestral. A comercialização destes vinhos visa sobretudo o canal HoReCa. No futuro próximo, a empresa pretende também apostar no enoturismo, aproveitando desta forma as valências que a nova adega proporcionou. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Herdade das Servas lança Reserva tinto e branco

Chegaram agora ao mercado os Herdade das Servas branco 2018 e tinto 2016, dois vinhos que o produtor de Estremoz diz serem “de vida e de futuro”, por terem estagiado durante um período generoso de tempo em barricas e em garrafa. O Reserva branco 2018 conjuga três castas — todas com origem na Vinha das […]

Chegaram agora ao mercado os Herdade das Servas branco 2018 e tinto 2016, dois vinhos que o produtor de Estremoz diz serem “de vida e de futuro”, por terem estagiado durante um período generoso de tempo em barricas e em garrafa.

O Reserva branco 2018 conjuga três castas — todas com origem na Vinha das Servas e vindimadas em separado —, Arinto, Alvarinho e Verdelho. A fermentação dá-se em inox e, mais tarde, em brarricas de carvalho francês novas e usadas, onde o branco estagia durante nove meses com bâtonnage.

Já o reserva tinto 2016 é de Alicante Bouschet (50%) e Cabernet Sauvignon (35%) da Vinha do Azinhal, e também Alfrocheiro e Aragonez da Vinha da Judia. Vindimadas e vinificadas em separado, começam a fermentação em lagares de mármore, com pisa durante dois dias, e seguem para cubas de inox onde finalizam a fermentação e fazem maloláctica. O estágio em barricas – de carvalho francês, em que 30% são novas, e americano – é de um ano.

Estojo Herdade das Servas Reserva Branco e Tinto + Copo.

O Herdade das Servas Reserva branco tem um p.v.p de €17 e o Reserva tinto de €19,50. Com embalagens especiais a pensar no Natal, estão disponíveis também dois estojos e quatro caixas:

Estojo ‘Herdade das Servas Reserva’ Branco e Tinto + Copo: €40

Estojo ‘Herdade das Servas Reserva’ Tinto + Decanter: €35

Caixa de Madeira 3 Garrafas ‘Herdade das Servas Reserva branco’: €48,50

Caixa de Madeira 3 Garrafas ‘Herdade das Servas Reserva tinto’: €58

Herdade das Servas: A herança dos Serrano Mira

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] A família Serrano Mira tem feito, com a Herdade das Servas, um percurso exemplar ao fundir tradição com modernidade de forma harmoniosa. Tudo começou com a herança de duas talhas de 1667, mas os genes e […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

A família Serrano Mira tem feito, com a Herdade das Servas, um percurso exemplar ao fundir tradição com modernidade de forma harmoniosa. Tudo começou com a herança de duas talhas de 1667, mas os genes e a inspiração fizeram o resto.

TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Herdade das Servas

Estamos entre Vimieiro e Estremoz, mais perto desta última. Está bastante frio, mas o sol de Inverno, no Alentejo, aquece por dentro e por fora. Sair da estrada N4 e entrar pelo portão da Herdade das Servas dá-nos aquela sensação familiar de acolhimento alentejano, um abraço de uma natureza cujo cunho agreste nos dá, paradoxalmente, muita tranquilidade. É aí que avistamos três perdizes, mesmo junto à estrada de terra batida onde as vinhas começam, saltitantes pelo meio das estacas e das videiras nuas. Estamos muito perto, mas não levantam voo, apenas se afastam a correr como quem não tem medo, mas ficou incomodado com a intrusão do carro postiço. Naturalmente, pensamos no quão é bom voltar à região. E é mesmo. Eventualmente, culminamos na casa, branca com os frisos de rodapé e esquadrias das janelas em tom tinto. São vários edifícios, tão bem integrados entre si que não nos deixam perceber a dimensão dos pavilhões adjacentes. Junto à recepção e ao restaurante, já no interior, estão duas talhas com o número 1667 gravado no barro e uma estrela de oito pontas. Dois pedaços de história que passaram de geração em geração até hoje, na família Serrano Mira (original de Estremoz, Borba e Vila Viçosa), que já produzia vinho desde então.

Actualmente, são os irmãos Carlos (responsável pelas vinhas, à esquerda na foto principal) e Luís Mira (vinhos e administração, ao centro na foto principal) que tomam conta da Herdade das Servas, comprada nos anos 60 pelo avô paterno Manuel Joaquim Mira. Ainda nessa década, em 1964, o bisavô materno Henrique dos Anjos Serrano falece e deixa aos seus filhos duas adegas, uma delas a Justino dos Anjos Serrano, avô materno de Carlos e Luís. Em 1968, o pai destes dois irmãos, Francisco José Mira (à direita na foto principal), juntamente com o seu irmão, associa-se a outra família alentejana de produtores e funda a Sociedade dos Vinhos de Borba, mostrando capacidade para assumir o negócio. Nesse mesmo ano, o avô paterno Manuel Joaquim retira-se, deixando a actividade a cargo de Francisco José e do irmão. Apesar da antiguidade na produção, é em 1998 que Carlos e Luís Mira fundam a empresa Herdade das Servas e começam a engarrafar sob essa marca, com a ajuda do pai Francisco José Mira. A dupla pega, assim, nas práticas e ensinamentos que crescera a ver e a ouvir, e inspira-se na tradição e conexão ao meio rural que a família sempre teve.

Vinhas velhas impressionantes

Ao longo do tempo, Carlos e Luís foram plantando vinha e também comprando parcelas a familiares e outros, de forma a produzir somente dos seus próprios vinhedos. Hoje, a Herdade das Servas tem oito vinhas em locais diferentes, incluindo a propriedade-mãe, entre a Serra de São Mamede e a Serra d’Ossa, estando a mais longe na localidade da Orada. São elas a Vinha das Servas, do Clérigo, de Pero Lobo, do Azinhal, da Cardeira Velha, da Cardeira Nova, da Judia e da Louseira. A empresa tem um total de 1000 hectares, dos quais 350 produzem uva, ficando o resto para outras culturas e actividades, como é normal nas grandes herdades da região. A maior de todas é a do Azinhal e tem 90 hectares, e a mais pequena estende-se por 13. Também a Vinha da Judia é das maiores, com 40 hectares, onde se encontra o Afrocheiro. A uma altitude que ronda os 300 metros acima do nível do mar, todos os 350 hectares estão em regime de sequeiro (sem rega), fazendo da Herdade das Servas o produtor com o maior número de vinhas nesta condição.

As muito diferentes idades das parcelas complementam-se entre si, tendo a mais velha 75 anos. É a Vinha do Clérigo, oito hectares em solo xistoso, adquiridos a um tio-avô, que impressionam até os menos susceptíveis. A suas videiras, de tronco largo e filamentos ondulantes, lutam para sobreviver e, em simultâneo, produzem uvas que se destinam aos melhores vinhos da casa. Este cenário repete-se pelo terreno, como testemunha de um grande investimento e perícia, não só dos irmãos Serrano Mira, mas também do enólogo Ricardo Constantino, que entrou na empresa desde 2015, mas que caminha no meio dos carreiros de cepas com a calma de quem já as conhece como a palma da mão. A sorrir, conta que faz a ponte entre os dois irmãos. As 22 castas desses 350 hectares plantadas por talhões, entre brancas (só uma das vinhas tem exclusivamente variedades brancas) e tintas, crescem em solos avermelhados, derivados de calcários pardos e cristalinos, com manchas de xisto, que estão expostos a um clima mediterrânico, de elevadas amplitudes térmicas e Verões quentes e secos. Nas brancas, há Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Encruzado, Roupeiro, Sauvignon Blanc, Sémillon, Verdelho e Viognier. Já as tintas são Alfrocheiro, Alicante Bouschet (omnipresente nos tintos da casa), Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Merlot, Petit Verdot, Syrah, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Luís Mira desvenda que estão a ensaiar 60 hectares em produção biológica e Ricardo Constantino explica que o objectivo é conhecer e perceber o que se pode fazer dessa maneira.

Modernidade e tradição, da vinha à adega

Regressamos à casa-mãe e o sol está a desaparecer no horizonte. É tempo de visitar a adega, dividida em vários pavilhões perfeitamente camuflados. O que encontramos espanta-nos mas não deveria espantar: uma unidade de vinificação completamente modernizada, com lagares de mármore equipados tecnologicamente e dezenas de cubas imensas de inox, onde se vinifica casta a casta. Afinal, são 1 milhão e 200 mil garrafas produzidas anualmente, e uma equipa permanente de 40 pessoas. Luís Mira revela o que já estamos à espera de ouvir: são 100% auto-suficientes, da produção ao engarrafamento, sem qualquer prestação de serviços externa. Depois, a cave de envelhecimento mostra que nem tudo é aço: debaixo de arcos e entre colunas que contrastam com o carácter industrial do pavilhão anterior, estão 350 barricas de carvalho francês e americano, com 15 vinhos diferentes no seu interior. Este último tipo de carvalho representa apenas 10%, e Luís Mira diz que a tendência é diminuir.

Daqui surgem os vinhos, que se dividem por duas gamas, uma de entrada, Monte das Servas, e a mais ambiciosa, Herdade das Servas. Desta última, provámos dez vinhos, desde o Colheita Seleccionada branco ao Vinhas Velhas tinto, passando também por um rosé de Touriga Nacional e um tinto de perfil bem diferente, o Sem Barrica, cujas castas variam consoante a edição e que, após fermentação maloláctica, permanece durante sete meses em inox e 6 meses em garrafa. É interessante perceber que em todos esses dez vinhos há uma identidade única e um grande sentido de lugar, e mesmo assim são todos diferentes no perfil e muito bem definidos. É mais um dos sinais de que a Herdade das Servas sabe muito bem o que está a fazer, tanto na produção como a nível de negócio, e isso talvez se deva aos genes… mas não só. A verdade é que, nos últimos 50 anos, a família Serrano Mira acompanhou a grande evolução e as mudanças na região, bem como os avanços da enologia e da viticultura em todo o país e, concretamente, no Alentejo. Sempre inspirados e nunca largando a tradição e a herança vitivinícola familiar, souberam modernizar-se e adaptar a actividade à mutação da realidade ao longo das décadas.

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Edição nº 34, Fevereiro de 2020

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Vinhos e gentes da terra do mármore

Quando pensamos em Estremoz e Borba, há duas coisas que nos vêm imediatamente à cabeça: mármore e vinho. Ambas as “indústrias” marcam a paisagem deste recanto do Alentejo, mas enquanto a primeira enfrenta uma fase difícil, a outra está em franca expansão. Num breve roteiro enoturístico pela região, fica a sensação de que só falta […]

Quando pensamos em Estremoz e Borba, há duas coisas que nos vêm imediatamente à cabeça: mármore e vinho. Ambas as “indústrias” marcam a paisagem deste recanto do Alentejo, mas enquanto a primeira enfrenta uma fase difícil, a outra está em franca expansão. Num breve roteiro enoturístico pela região, fica a sensação de que só falta criar uma dinâmica de conjunto para afirmar este verdadeiro “cluster” vitivinícola.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga

No seu conjunto, a população dos municípios de Estremoz e Borba ronda os 22 mil habitantes. Contas feitas com base nos dados da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana dizem-nos que há, nestas duas terras, pelo menos 27 produtores de vinho – e muitos deles são nomes de peso no panorama nacional do sector. Não é difícil perceber a sua presença: hectares e hectares de vinha são uma das imagens de marca da região, a par das pedreiras (e respectivas escombreiras) de mármore. Apesar disso, e ao contrário do que sucede por outras paragens, parece não haver por aqui ainda uma lógica de afirmação colectiva do sector, pelo menos em termos turísticos.
A intenção, assuma-se desde já, era limitar a visita à zona de Estremoz, mas depressa se tornou evidente que a oferta de dormidas não correspondia à riqueza do panorama em termos de visitas. E, assim, depois de passarmos pela Herdade das Servas, rumámos ao concelho vizinho de Borba para conhecer a Herdade do Penedo Gordo, encerrando o périplo no dia seguinte com uma passagem pela Tiago Cabaço Wines. Há por aqui muito para conhecer e argumentos não faltam para nos cativar, desde as paisagens pinceladas pelas cores do Outono ao riquíssimo património histórico, não esquecendo, como convém, a excelência da mesa alentejana, que tem por aqui alguns dos seus templos.
O traçado da A6, a ligação mais directa entre o centro de Espanha e Lisboa, coloca Estremoz e Borba praticamente em linha de vista de quem circula pela auto-estrada. Os desvios são curtos, os marcos da paisagem apelativos (talvez o exemplo mais impressionante seja a silhueta maciça do castelo de Évora Monte, empoleirado num dos pontos mais altos da serra de Ossa) e, apesar de estarmos no Alentejo profundo, a cidade espanhola de Badajoz está a escassas dezenas de quilómetros, Évora fica a meia hora de distância e Lisboa a menos de duas horas…
O turismo, por aqui, é um desígnio inevitável. Com um apelo tanto maior quanto houver capacidade para criar uma identidade forte, uma mensagem directa, para cativar visitantes. E o vinho está na primeira linha para se afirmar como elemento definidor desta região. Assim haja vontade e surjam ideias. Nem é preciso sair do Alentejo para encontrar um bom exemplo desta dinâmica: nos últimos anos, as empresas vitivinícolas e as entidades oficiais têm unido esforços para afirmar a Vidigueira como destino enoturístico.
Mas façamo-nos à estrada, que há muito para ver. E provar.

O vinho já por ali “mora” há muito tempo, como o comprovam duas talhas existentes na propriedade e datadas de 1667. Mas o projecto Herdade das Servas tem apenas 20 anos. Em duas décadas a família Serrano Mira pegou na herança de 350 anos de tradição e assumiu um compromisso ético que já obrigou a casa a uma reformulação radical da sua gama, acabando com a marca de entrada por não ter uvas suficientes para responder às solicitações. Aqui não se facilita: são 350 hectares de vinha, toda não regada, e não se compram uvas nem vinho por fora. Apesar de não aparecer nas grandes superfícies, a verdade é que a marca Servas é praticamente omnipresente na restauração.
A propriedade recebe-nos com uma alameda onde crescem árvores, que nos leva a um terreiro decorado com um bonito miradouro, esplanada e uma vinha pedagógica, onde crescem todas as variedades trabalhadas na adega. Entramos para a loja/recepção e daí passamos imediatamente à adega, que conhecemos do alto de um passadiço superior. No final, uma grande janela em vidro permite uma visão geral sobre a área de armazém e linha de engarrafamento.
Fazem-se aqui mais de um milhão de garrafas por ano, de vinhos que podem fermentar em barricas, em lagares de mármore (com programas de pisa a pé na altura das vindimas), lagares de inox e depósitos de inox. Em muitos casos, os vinhos seguem depois para envelhecimento em madeira, juntando-se na sala de barricas, onde se juntam umas quatro centenas delas numa atmosfera de frescura e recato. Ali ao lado, a garrafeira particular, onde se conserva memória física de todos os vinhos da casa.
De volta ao andar superior, um olhar curioso às estantes com memórias destas duas décadas e saúda-se um grupo de espanholas que se instalou na sala de provas para conhecer os vinhos. Cá fora, uma vista praticamente a 360 graus recorda-nos que o mais importante de tudo isto é a terra, agora pintada em tons pastel pelo envelhecimento das folhas das videiras. Será do ar do campo, mas a fome aperta. E estamos no sítio certo: no restaurante das Servas a mesa está posta para um desfile de pitéus da cozinha tradicional alentejana que conduz a conversa pela tarde fora.
Um dia, prometem, será possível pernoitar por ali. Por enquanto, há que ganhar coragem e rumar a outras paragens. Com muita pena, porque, mesmo já não sendo Verão, aquele miradouro, com a silhueta de Estremoz de um lado e a de Évora Monte do outro, parece feito à medida para um pôr-do-sol épico. Um copo de vinho na mão e o Alentejo todo ali.

HERDADE DAS SERVAS
Herdade das Servas, Estremoz
Tel: 268 322 949 / 268 098 080 (restaurante)
Mail: enoturismo@herdadedasservas.com / restaurante@herdadedasservas.com
Web: www.herdadedasservas.com
GPS: 38.836542, -7.678185
A herdade recebe visitas todos os dias, entre as 10h e as 12h30 e das 14h às 17h30. A visita à adega e cave sem prova de vinhos custa 5,50 euros por pessoa, o preço sobe para 7,50 com prova de dois vinhos. Há uma lista alargada de vinhos a copo e duas provas especiais: a Prova Cega, com três vinhos (9,80 euros; mínimo cinco pessoas); e a Prova Excelência, com vinhos topo de gama e conversa com o produtor/enólogo na garrafeira particular (55 euros; grupos entre seis e oito pessoas). O restaurante funciona entre as 12h30 e as 15h30 (almoços) e das 19h30 às 22h30 (jantares). Encerra à terça-feira.

Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5

Alguns quilómetros depois, o sol já vai baixo quando chegamos à Herdade do Pinheiro Gordo e nos encantamos com o suave ondular das vinhas até onde a vista alcança. Falar desta propriedade, que expande para o Alentejo a actividade da Quinta das Arcas (da região dos Vinhos Verdes), é um constante saltitar entre o passado, o presente e o futuro. Porque a dimensão do investimento e a magnitude das tarefas exigem que se trate o tempo com o respeito que merece.
Comecemos pelo que foi. Em 1999, António Esteves Monteiro encontrou no Alentejo o sítio que desejava para fazer grandes vinhos (os “vizinhos” são vinhas da Bacalhôa, de um lado; e da Herdade das Servas, do outro). Mas, lembra o filho, Mário, que nos recebe nesta visita, Esteves Monteiro encontrou mesmo só o sítio; não havia nem um pé de vinha. Nem um?! Nem um. Os mais de 400 mil que agora compõem uma herdade com 140 hectares de vinha têm sido plantados em campanhas sucessivas, compondo um mosaico de dez castas, cinco brancas e outras tantas tintas. O solo, de argila e pedra, é enriquecido com estrume de vaca e 12 furos alimentam um grande depósito de água para que toda a vinha seja regada. A adega, ao fundo do caminho que vem da entrada (decorada com muros de xisto – sim, é dominante nestes terrenos), vai este ano ser aumentada, remodelada e modernizada, abrindo também novos horizontes para o enoturismo (incluindo uma loja aberta ao público).
E lá estamos nós a saltitar na linha do tempo. A própria casa principal, umas duas centenas de metros mais abaixo, vive o presente já a pensar no futuro. Com construção de 2010, quatro quartos, três suítes, uma sala comum, piscina, zona de recreio para crianças e alpendre para churrascos constituem o núcleo de alojamento. Mas há planos para avançar com uma proposta ainda mais exclusiva e apelativa: casas individuais na encosta adjacente, com piscina própria e privacidade garantida.
O quarto é simples, mas prático, uma cama gigante, claraboia na casa de banho e uma pequena varanda de onde podemos contemplar o casario da aldeia de Orada. De manhã, ouve-se a passarada e o eco longínquo de um tractor. O resto é vastidão e silêncio. Os mais corajosos poderão sentir-se tentados a pegar numa das bicicletas eléctricas à disposição e pedalar até à aldeia para ir buscar pão fresco. Mas também podemos sentar-nos à beira da piscina para deixar a vista deslizar pelo olival e pelas vinhas, pelas linhas curvas das colinas e pelo traçado angular das parcelas que o Outono tinge de cores contrastantes. Seja como for, o pequeno-almoço está garantido.

HERDADE DO PENEDO GORDO
Herdade Penedo Gordo, Orada, Borba
Tel: 224 157 810
Mail: enoturimo@penedogordo.com
Web: www.penedogordo.com
GPS: 38º 52’45,2N / 7º26’47.5’’W
Com a adega a entrar em obras, a oferta enoturística concentra-se actualmente no alojamento, embora seja possível marcar provas de vinhos. Há quatro quartos e três suítes, com preços que vão dos 60 aos 76 euros por noite entre Outubro e Maio e dos 75 aos 95 euros de Junho a Setembro. O pequeno-almoço é pago à parte e custa 10 euros (quartos) ou 12,5 euros (suítes). As suítes estão equipadas com kitchenette e preparadas para “self-catering”.

Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2
Venda directa (máx. 3): –
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17*
*Valor ponderado; a loja só ficará disponível após as obras na adega.

Não era um objectivo à partida, mas agora que nos dirigimos para a última etapa do nosso périplo por terras do mármore fica bem claro que o panorama vitivinícola desta região mudou drasticamente nas últimas duas décadas. Porque a nossa próxima etapa tem uma história ainda mais recente do que as duas anteriores: foi em 2004 que Tiago Cabaço, nado, criado e “vindimado” em Estremoz, lançou o seu projecto pessoal. Hoje, é um dos nomes-ícone da região e a sua adega, mesmo às portas de Estremoz, produz quase um milhão de garrafas/ano.
A estrada nacional que rodeia Estremoz passa mesmo junto às vinhas e o movimento de camiões é intenso. Espanha aqui tão perto. Com acessos tão directos, não espanta que o enoturismo seja aqui levado muito a sério – a estimativa aponta para 8 a 10 mil visitantes por ano. Os três hectares de Alicante Bouschet plantados junto à adega fornecem um enquadramento espantoso para o casario da cidade, o castelo lá no alto, a célebre torre de mármore branco reluzindo ao sol. Tiago Cabaço tem mais 135 hectares de vinha, ali a 10km, em Santa Vitória do Ameixial, e só trabalha com uvas próprias.
Nesta propriedade junto à estrada não havia nada a não ser a placa “Vende-se”, que Tiago ia tirando sempre que passava, para ganhar tempo enquanto preparava a aquisição. Hoje, para além da vinha, há um edifício mais pequeno onde se destilam os “espíritos” da casa e uma adega moderna, de linhas arredondadas, inaugurada em 2012. Lá dentro, iniciando o percurso visitável, encontramos a loja e recepção, com vista para adega através de um janelão de vidro.
Passamos depois pela adega, espreitamos o laboratório e a linha de engarrafamento, entramos na sala de barricas. Em breve, este percurso será diferente, porque está planeada uma remodelação interna dos espaços, melhorando a capacidade de resposta à procura turística, ao mesmo tempo que se optimizam os circuitos de produção. É que o espaço já não abunda, ao ponto de a antiga zona reservada a eventos estar agora ocupada pelo armazém. O que não mudará é a sala de provas, colocada em plano superior à adega, inox de um lado, barricas do outro e uma parede de vidro com vista para Estremoz.
É aqui que nos sentamos, em ambiente descontraído, para provar alguns vinhos, com nomes modernos e internacionais como Blog ou .Com mas que indiscutivelmente nos falam de Alentejo. Um Alentejo rico de tradições e saberes ancestrais, sábio na sua relação com o tempo e, no entanto, capaz de apontar ao futuro. Na Tiago Cabaço Winery, a média de idades ronda os 30 anos.

IAGO CABAÇO WINERY
Quinta da Berlica – Mártires, Estremoz
Tel: 268 323 233
Mail: geral@tiagocabacowinery.com / enoturismo@tiagocabacowinery.com
Web: www.tiagocabacowinery.com
A adega está aberta para visitas e provas (mínimo: duas pessoas) todos os dias, entre as 10h e as 13h e das 14h às 18h. As opções começam na visita e prova de um vinho durante o percurso (5 euros) e vão até à Prova Excelência, que permite provar cinco vinhos (24 euros). Pelo meio temos a Prova Premium (três vinhos; 10 euros) e a Prova Selection (quatro vinhos; 14 euros).

Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17

ESTAÇÃO DE SERVIÇO
Apesar da proximidade de Évora, epicentro da cozinha alentejana, os restaurantes de Estremoz sempre conseguiram manter uma fama muito própria. Por todo o Alentejo, não é difícil encontrar onde bem comer, mas ao registo tradicional aliam-se agora propostas que conciliam a tradição e um certo cosmopolitismo. Aqui ficam três sugestões, duas em Estremoz e uma por terras de Borba.
MERCEARIA GADANHA – Largo Dragões de Olivença, 84 A, Estremoz; 268 333 262 / mercearia@merceariagadanha.pt
ALECRIM – Rossio Marquês de Pombal, 31-32, Estremoz; 268 324 189 / 925 352 995 / www.alecrimestremoz.pt
ESPALHA BRASAS – Monte das Naves de Cima, Alcaraviça, Borba; 963 555 191

Edição nº20, Dezembro 2018