Herdade das Servas: A herança dos Serrano Mira

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A família Serrano Mira tem feito, com a Herdade das Servas, um percurso exemplar ao fundir tradição com modernidade de forma harmoniosa. Tudo começou com a herança de duas talhas de 1667, mas os genes e a inspiração fizeram o resto.

TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Herdade das Servas

Estamos entre Vimieiro e Estremoz, mais perto desta última. Está bastante frio, mas o sol de Inverno, no Alentejo, aquece por dentro e por fora. Sair da estrada N4 e entrar pelo portão da Herdade das Servas dá-nos aquela sensação familiar de acolhimento alentejano, um abraço de uma natureza cujo cunho agreste nos dá, paradoxalmente, muita tranquilidade. É aí que avistamos três perdizes, mesmo junto à estrada de terra batida onde as vinhas começam, saltitantes pelo meio das estacas e das videiras nuas. Estamos muito perto, mas não levantam voo, apenas se afastam a correr como quem não tem medo, mas ficou incomodado com a intrusão do carro postiço. Naturalmente, pensamos no quão é bom voltar à região. E é mesmo. Eventualmente, culminamos na casa, branca com os frisos de rodapé e esquadrias das janelas em tom tinto. São vários edifícios, tão bem integrados entre si que não nos deixam perceber a dimensão dos pavilhões adjacentes. Junto à recepção e ao restaurante, já no interior, estão duas talhas com o número 1667 gravado no barro e uma estrela de oito pontas. Dois pedaços de história que passaram de geração em geração até hoje, na família Serrano Mira (original de Estremoz, Borba e Vila Viçosa), que já produzia vinho desde então.

Actualmente, são os irmãos Carlos (responsável pelas vinhas, à esquerda na foto principal) e Luís Mira (vinhos e administração, ao centro na foto principal) que tomam conta da Herdade das Servas, comprada nos anos 60 pelo avô paterno Manuel Joaquim Mira. Ainda nessa década, em 1964, o bisavô materno Henrique dos Anjos Serrano falece e deixa aos seus filhos duas adegas, uma delas a Justino dos Anjos Serrano, avô materno de Carlos e Luís. Em 1968, o pai destes dois irmãos, Francisco José Mira (à direita na foto principal), juntamente com o seu irmão, associa-se a outra família alentejana de produtores e funda a Sociedade dos Vinhos de Borba, mostrando capacidade para assumir o negócio. Nesse mesmo ano, o avô paterno Manuel Joaquim retira-se, deixando a actividade a cargo de Francisco José e do irmão. Apesar da antiguidade na produção, é em 1998 que Carlos e Luís Mira fundam a empresa Herdade das Servas e começam a engarrafar sob essa marca, com a ajuda do pai Francisco José Mira. A dupla pega, assim, nas práticas e ensinamentos que crescera a ver e a ouvir, e inspira-se na tradição e conexão ao meio rural que a família sempre teve.

Vinhas velhas impressionantes

Ao longo do tempo, Carlos e Luís foram plantando vinha e também comprando parcelas a familiares e outros, de forma a produzir somente dos seus próprios vinhedos. Hoje, a Herdade das Servas tem oito vinhas em locais diferentes, incluindo a propriedade-mãe, entre a Serra de São Mamede e a Serra d’Ossa, estando a mais longe na localidade da Orada. São elas a Vinha das Servas, do Clérigo, de Pero Lobo, do Azinhal, da Cardeira Velha, da Cardeira Nova, da Judia e da Louseira. A empresa tem um total de 1000 hectares, dos quais 350 produzem uva, ficando o resto para outras culturas e actividades, como é normal nas grandes herdades da região. A maior de todas é a do Azinhal e tem 90 hectares, e a mais pequena estende-se por 13. Também a Vinha da Judia é das maiores, com 40 hectares, onde se encontra o Afrocheiro. A uma altitude que ronda os 300 metros acima do nível do mar, todos os 350 hectares estão em regime de sequeiro (sem rega), fazendo da Herdade das Servas o produtor com o maior número de vinhas nesta condição.

As muito diferentes idades das parcelas complementam-se entre si, tendo a mais velha 75 anos. É a Vinha do Clérigo, oito hectares em solo xistoso, adquiridos a um tio-avô, que impressionam até os menos susceptíveis. A suas videiras, de tronco largo e filamentos ondulantes, lutam para sobreviver e, em simultâneo, produzem uvas que se destinam aos melhores vinhos da casa. Este cenário repete-se pelo terreno, como testemunha de um grande investimento e perícia, não só dos irmãos Serrano Mira, mas também do enólogo Ricardo Constantino, que entrou na empresa desde 2015, mas que caminha no meio dos carreiros de cepas com a calma de quem já as conhece como a palma da mão. A sorrir, conta que faz a ponte entre os dois irmãos. As 22 castas desses 350 hectares plantadas por talhões, entre brancas (só uma das vinhas tem exclusivamente variedades brancas) e tintas, crescem em solos avermelhados, derivados de calcários pardos e cristalinos, com manchas de xisto, que estão expostos a um clima mediterrânico, de elevadas amplitudes térmicas e Verões quentes e secos. Nas brancas, há Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Encruzado, Roupeiro, Sauvignon Blanc, Sémillon, Verdelho e Viognier. Já as tintas são Alfrocheiro, Alicante Bouschet (omnipresente nos tintos da casa), Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Merlot, Petit Verdot, Syrah, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Luís Mira desvenda que estão a ensaiar 60 hectares em produção biológica e Ricardo Constantino explica que o objectivo é conhecer e perceber o que se pode fazer dessa maneira.

Modernidade e tradição, da vinha à adega

Regressamos à casa-mãe e o sol está a desaparecer no horizonte. É tempo de visitar a adega, dividida em vários pavilhões perfeitamente camuflados. O que encontramos espanta-nos mas não deveria espantar: uma unidade de vinificação completamente modernizada, com lagares de mármore equipados tecnologicamente e dezenas de cubas imensas de inox, onde se vinifica casta a casta. Afinal, são 1 milhão e 200 mil garrafas produzidas anualmente, e uma equipa permanente de 40 pessoas. Luís Mira revela o que já estamos à espera de ouvir: são 100% auto-suficientes, da produção ao engarrafamento, sem qualquer prestação de serviços externa. Depois, a cave de envelhecimento mostra que nem tudo é aço: debaixo de arcos e entre colunas que contrastam com o carácter industrial do pavilhão anterior, estão 350 barricas de carvalho francês e americano, com 15 vinhos diferentes no seu interior. Este último tipo de carvalho representa apenas 10%, e Luís Mira diz que a tendência é diminuir.

Daqui surgem os vinhos, que se dividem por duas gamas, uma de entrada, Monte das Servas, e a mais ambiciosa, Herdade das Servas. Desta última, provámos dez vinhos, desde o Colheita Seleccionada branco ao Vinhas Velhas tinto, passando também por um rosé de Touriga Nacional e um tinto de perfil bem diferente, o Sem Barrica, cujas castas variam consoante a edição e que, após fermentação maloláctica, permanece durante sete meses em inox e 6 meses em garrafa. É interessante perceber que em todos esses dez vinhos há uma identidade única e um grande sentido de lugar, e mesmo assim são todos diferentes no perfil e muito bem definidos. É mais um dos sinais de que a Herdade das Servas sabe muito bem o que está a fazer, tanto na produção como a nível de negócio, e isso talvez se deva aos genes… mas não só. A verdade é que, nos últimos 50 anos, a família Serrano Mira acompanhou a grande evolução e as mudanças na região, bem como os avanços da enologia e da viticultura em todo o país e, concretamente, no Alentejo. Sempre inspirados e nunca largando a tradição e a herança vitivinícola familiar, souberam modernizar-se e adaptar a actividade à mutação da realidade ao longo das décadas.

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Edição nº 34, Fevereiro de 2020

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