BARCOS WINES REFORÇA PORTEFÓLIO DA VINALDA NO VINHO VERDE

A Vinalda estabeleceu recentemente uma parceria com a Barcos Wines – Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, para a distribuição das suas marcas em Portugal. “Ao unirmos forças com a Vinalda, abrimos as portas a uma distribuição mais alargada e eficiente, para alcançarmos novos patamares de notoriedade em todo o País”, disse José […]

A Vinalda estabeleceu recentemente uma parceria com a Barcos Wines – Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, para a distribuição das suas marcas em Portugal.
“Ao unirmos forças com a Vinalda, abrimos as portas a uma distribuição mais alargada e eficiente, para alcançarmos novos patamares de notoriedade em todo o País”, disse José Oliveira, diretor geral e enólogo da Barcos Wines, após a conclusão do acordo entre as duas organizações. Já para Bruno Amaral, administrador da Vinalda, o estabelecimento da parceria é a resposta à necessidade da sua empresa ter, no seu portefólio, um produtor que completasse a sua oferta de vinhos da Região dos Vinhos Verdes. “Barcos Wines responde precisamente ao que pretendíamos, por ser uma empresa dinâmica, com vinhos de excelente relação qualidade-preço e uma imagem apelativa”. Assim, a partir de agora, as marcas Adega Ponte da Barca, Estreia e Vez passam a fazer parte da carteira da distribuidora na região do Vinho Verde.

Joana Santiago, proprietária e enóloga da Quinta de Santiago, é a nova presidente de Direcção da Associação de Produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço (APA).

Ao ser eleita, Joana Santiago assume a presidência da Associação de Produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço juntamente com os vice-presidentes Sara Covas e Paulo Cerdeira. Segundo a comunicação da associação, a produtora “partilha uma visão comum aos dois ex-presidentes Anselmo Mendes e Miguel Queimado, que se associam a esta nova direção, respectivamente, encabeçando a presidência do Conselho Fiscal e presidência da Assembleia Geral”.

Pelos dados da APA, em 2023 e até ao final do mês de Outubro, a sub-região de Monção e Melgaço produziu cerca de 6.430.000 litros de vinho certificado como “Monção e Melgaço”, representando mais de 70% do vinho certificado na Região dos Vinhos Verdes com Indicação de Sub-Região. Neste sentido, Joana Santiago comenta que, para si, é claro “o valor, reconhecimento e importância que o território reveste para os produtores de Monção e Melgaço, os quais privilegiam e fazem questão da aposição do nome do seu território nos vinhos produzidos e comercializados”.

A sub-região tem, desde 2017, um selo de certificação exclusivo “Monção e Melgaço”, que sublinha “a afirmação do território, da autenticidade, origem e qualidade dos seus vinhos”, lembra a Associação de Produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço. “Este selo afirma um segmento de maior valorização na Região Demarcada dos Vinhos Verdes e assegura um posicionamento Premium nos mercados externos”, adianta a APA.

Vinhos Verdes “de Portas Abertas” em Setembro

Vinhos Verdes portas abertas

No dia 2 de Setembro, 14 produtores da Rota dos Vinhos Verdes vão ser os protagonistas do “Dia de Portas Abertas”, uma iniciativa da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV). Neste sábado, os produtores, de vários pontos da região, vão proporcionar aos visitantes vários programas e actividades de enoturismo, como caminhadas na […]

No dia 2 de Setembro, 14 produtores da Rota dos Vinhos Verdes vão ser os protagonistas do “Dia de Portas Abertas”, uma iniciativa da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV).

Neste sábado, os produtores, de vários pontos da região, vão proporcionar aos visitantes vários programas e actividades de enoturismo, como caminhadas na vinha, provas de vinho, passeios de comboio turístico ou piqueniques na vinha, entre outras. Algumas das actividades são gratuitas, e por isso a CVRVV recomenda inscrição prévia no seu site.

Ao “Dia de Portas Abertas”, aderiram as seguintes empresas da região dos Vinhos Verdes: A&D Wines – Quinta de Santa Teresa (Baião), Adega Cooperativa de Monção (Monção), Casa da Tojeira (Cabeceiras de Basto), Quinta da Lixa/Monverde Wine Experience Hotel (Amarante), Palácio da Brejoeira (Monção), Quinta da Raza (Celorico de Basto), Quinta de Lourosa (Lousada), Quinta de Santa Cristina (Celorico de Basto), Quintas de Melgaço (Melgaço), Quinta de Soalheiro (Melgaço), Quinta de Tamariz (Barcelos), Quinta das Arcas (Valongo), Edmun do Val (Valença do Minho) e Quinta da Aveleda (Penafiel).

Dora Simões, presidente da CVRVV, explica que “o Dia de Portas Abertas é o momento em que, anualmente, a Rota dos Vinhos Verdes se mostra ao público com actividades de várias quintas em simultâneo, propondo experiências e actividades variadas que permitem descobrir mais sobre os produtores da Região. No primeiro sábado de Setembro, mesmo em vésperas da azáfama da vindima, há programas para famílias e para enófilos, mostrando o enoturismo como uma proposta de lazer para diferentes gostos”.

A Rota dos Vinhos Verdes abrange 48 concelhos, nos quais o Vinho Verde serve de mote para explorar quintas, adegas, restaurantes, alojamentos e outras empresas turísticas.

Quinta do Regueiro sobe valor mínimo a pagar pela uva Alvarinho

Quinta Regueiro Alvarinho

Depois de, em 2022, ter elevado o preço por quilo a pagar aos produtores de uva Alvarinho para €1,25, Paulo Cerdeira Rodrigues, proprietário da Quinta do Regueiro, estabelece agora um novo mínimo, a aplicar já na vindima de 2023. “Este ano estamos a pensar subir mais um pouco, para €1,50”, declara o produtor de Melgaço […]

Depois de, em 2022, ter elevado o preço por quilo a pagar aos produtores de uva Alvarinho para €1,25, Paulo Cerdeira Rodrigues, proprietário da Quinta do Regueiro, estabelece agora um novo mínimo, a aplicar já na vindima de 2023. “Este ano estamos a pensar subir mais um pouco, para €1,50”, declara o produtor de Melgaço — criador de vinhos como Quinta do Regueiro Primitivo, Jurássico ou Maturado — que garante estar já “em condições de assumir este valor, sem pôr em causa o negócio”.

Segundo noticiou a vozdemelgaco.pt, o objectivo de Paulo Cerdeira Rodrigues é gerar mais reconhecimento para os agricultores dentro da sub-região de Monção e Melgaço, e abrir a discussão dos preços por quilo de uva, dando o exemplo.

“Antes de ser produtor de vinho, vejo-me como produtor de uva. Trabalhamos muito esse sector primário, tentamos percebê-lo e ver como deve funcionar no futuro para que seja rentável, não só para nós, mas para a região em si”, refere.

Em contrapartida, Paulo Cerdeira Rodrigues reconhece que, com os preços actuais dos vinhos no mercado nacional (como indica a vozdemelgaço.pt, um Alvarinho clássico da Quinta do Regueiro pode custar entre 9 e 10 euros) o que equilibra as contas, e permite incorrer em despesas maiores, é a exportação. “O nosso país, por vezes, é pequeno para tanto vinho a esse patamar de preço. Acredito que um dos sucessos da região é que as empresas andem todas na ordem dos 30, 40% na exportação, onde se trabalha com mercados como os Estados Unidos, mercados nórdicos ou asiáticos, com valor acrescentado, e em países com poder de compra”, remata Paulo Cerdeira Rodrigues.

Soalheiro: Experimentar, aprender, evoluir

Soalheiro

Para uns, clássico, para outros, moderno. É assim o produtor Soalheiro, a causar, desde que os irmãos António Luís e Maria João Cerdeira pegaram no projecto familiar, fundado pelos pais em 1982, diferentes interpretações e emoções nos consumidores de Alvarinho de Monção e Melgaço (e não só). Tudo depende dos vinhos nos quais se coloca […]

Para uns, clássico, para outros, moderno. É assim o produtor Soalheiro, a causar, desde que os irmãos António Luís e Maria João Cerdeira pegaram no projecto familiar, fundado pelos pais em 1982, diferentes interpretações e emoções nos consumidores de Alvarinho de Monção e Melgaço (e não só). Tudo depende dos vinhos nos quais se coloca o foco: por um lado, os Soalheiro “Clássico”, Reserva, Allo, Primeiras Vinhas ou Germinar; por outro, referências como Terramatter ou Nature, e até mesmo o Granit que, segundo Luís Cerdeira foi, na verdade, um dos primeiros sintomas da veia experimental e curiosa da equipa técnica da casa. “Tanto podemos considerar que somos o novo do Velho Mundo, ou o velho do Novo Mundo”, afirma o produtor.

Mas é agora que esta componente vem ao de cima com mais força, com o Soalheiro a apresentar ao público e à imprensa uma gama de vinhos feitos, na sua adega, com processos de vinificação que não ‘«são tão familiares, alguns deles produzidos, inclusive, em parceria com outros enólogos. Uma parte destes vinhos está já no mercado, e a outra vai (pelo menos por agora) ficar retida como instrumento de estudo e consumo não comercial.

“O Clássico Aguça o Engenho” foi o nome dado a esta viagem e aprendizagem, descrita assim pela equipa do Soalheiro: “A busca constante de conhecimento, e de vinhos que exprimam a riqueza que o território nos oferece, permanecerá, e é com esse conhecimento e engenho que os clássicos se fortalecem e se tornam intemporais”. Luís Cerdeira, que além de proprietário é responsável de enologia (apoiado pela enóloga residente Asun Carballo), explica a máxima, e recorda que “muitas coisas mudaram ao longo destes 40 anos, mas o nosso espírito criativo, curioso e exigente continuará sempre alimentar a nossa atitude, a sustentar a qualidade e consistência do que aqui criamos e a inspirar o projecto Soalheiro a valorizar o território”. Segundo Maria João Cerdeira, isto passa por dar ainda mais importância aos solos. “Este trabalho de valorização dos solos é recente e ainda há muito a fazer, mas foi também para isso que fundámos o Clube de Viticultores do Soalheiro, em 2004, para que houvesse maior partilha de conhecimento e recursos, porque só assim é que evoluímos”, desenvolve a responsável de viticultura. Actualmente, o Clube de Viticultores integra cerca de 150 famílias.

Além da colheita mais recente do Soalheiro que a casa apelida de “Clássico”, o Alvarinho de entrada de gama e um dos rótulos mais importantes (talvez o mais importante) para o negócio do produtor, na prova foram apresentados outros 10 vinhos. Dos que estão disponíveis no mercado, provou-se o Mosto Flor 2021 — “um Alvarinho feito a partir das gotas que escorrem das uvas antes da primeira prensagem”, ou seja, cujo mosto é obtido apenas a partir da pressão originada nas uvas quando estas são introduzidas na prensa, fermentando depois em inox — o Ag.hora Alvarinho 2021 — produzido em parceria com o enólogo georgiano Gio, inspirado no estilo de vinificação tradicional da Geórgia, fermentando em Terracota com leveduras espontâneas, onde faz maceração pelicular e volta para estagiar após prensa — o Pet Nat Alvarinho 2022 — excelente exemplar da categoria com rótulo igualmente bem-conseguido, uma nuvem branca em céu azul celeste, que transmite tranquilidade, leveza e expressividade — o Alvorone 2020 — Alvarinho criado em parceria com a Vinhos APRT3 “ao estilo Amarone, com as uvas desidratadas para concentrarem os açúcares e os ácidos, prensadas cerca de um mês depois”, antes de fermentarem e estagiarem um ano em barricas novas e mais 6 meses em inox — o Revirado 2020, já provado na edição de Abril — Alvarinho de solo granítico de encostas montanhosas a 400m de altitude, fermentado e muitas vezes “revirado” em barricas rotativas — e o Pé Franco 2020 — um Alvarinho que provém de vinhas não-enxertadas, plantadas há 10 anos em solo arenoso, fermentado com as películas e estagiado em barrica.

No que toca às experiências que por agora ficam apenas na “Cave de Inovação” do Soalheiro, falamos do Solo Limoso — um Alvarinho que nasce numa vinha “junto às margens graníticas e escavadas do rio Minho, em solo com grande percentagem de limo”, que fermentou em foudre e cuba de inox, e estagiou em barrica e ovo de inox — o Pet Nat Loureiro e o Pet Nat Alvarelhão — o primeiro com uvas de Valença e o segundo de uma vinha velha — e o De[Feito] — “blend feito das tinajas e terracotas de Loureiro e Alvarinho, estagiado mais de um ano em inox com as borras”, um vinho assumidamente “marado”, mas mostrado na mesma pois, segundo Luís Cerdeira, “inovar significa fazer novo, arriscar, e nem sempre corre bem!”…

(Artigo publicado na edição de Maio de 2023)

 

A marca Lagosta, da Enoport Wines, nasceu há 120 anos (1902) na região dos Vinhos Verdes, ainda antes da demarcação da mesma, que viria a acontecer em 1908.

De acordo com a Enoport Wines, são consumidos cerca de 1 milhão de litros por ano, deste que é um Vinho Verde branco de perfil jovem e versátil.

Para assinalar os 120 anos do Lagosta, a empresa lança para o mercado, este mês, 120 mil garrafas de uma edição especial comemorativa, “que se materializa numa homenagem a Portugal e às suas diferentes regiões” através de uma trilogia de rótulos inspirada em símbolos nacionais, para o Norte, o Centro e o Sul.

“A Norte, desde o Alto Minho até ao Porto, com referências ao coração de Viana, ao Galo de Barcelos e à Torre dos Clérigos. Ao Centro, desde Aveiro até Lisboa, com convite a surfar uma onda na Nazaré ou a um passeio junto à Torre de Belém. A Sul, desde o Alentejo até às ilhas da Madeira e dos Açores, onde não são esquecidos os fins de tarde Algarvios, uma visita às Casas de Santana ou ao Moinho do Frade”, explica a Enoport Wines.

Grande Prova: O expoente do Alvarinho

PROVA ALVARINHO

Alvarinho é uma variedade ibérica. 70% das plantações mundiais da casta encontram-se em Espanha, predominantemente na Galiza, onde responde pelo nome Albariño, e mais de 20% ficam em Portugal. Tem alguma presença nos Estados Unidos (California, Oregon e Washington), Uruguai, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Desde 2019 é uma das variedades autorizadas na […]

Alvarinho é uma variedade ibérica. 70% das plantações mundiais da casta encontram-se em Espanha, predominantemente na Galiza, onde responde pelo nome Albariño, e mais de 20% ficam em Portugal. Tem alguma presença nos Estados Unidos (California, Oregon e Washington), Uruguai, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Desde 2019 é uma das variedades autorizadas na região de Bordeaux graças à sua capacidade de adaptação às diferentes condições climáticas, boa capacidade de retenção de acidez e perfil aromático de qualidade.
Em Portugal, é a 5ª casta branca mais plantada, correspondendo a 2% da área de vinha nacional (IVV). Embora comece a ganhar popularidade noutras regiões, desde o Douro ao Algarve, a sua maior expressão continua a ser na região do Minho, onde é a 3ª casta branca, representando mais de 15% da área plantada da região, a esmagadora maioria em Monção e Melgaço. O fim do uso exclusivo do Alvarinho no rótulo pela sub-região de Monção e Melgaço levou à criação de um selo próprio de certificação dentro da denominação de origem Vinho Verde. É caso único em Portugal.

Prova Alvarinho

Casta e região

As primeiras referências de Alvarinho relacionadas com a zona de Monção e Melgaço surgem em 1790, mas até à fama de hoje ainda havia muito caminho a percorrer. A investigação do engenheiro agrónomo Amândio Galhano nos anos 40 do século XX foi o primeiro passo à descoberta das qualidades da casta.
O primeiro rótulo de vinho Alvarinho foi da Casa de Rodas nos anos 20 do século passado. Esta propriedade histórica no concelho de Monção foi recentemente adquirida pela Symington Family Estates com o intuito de produzir vinhos da quinta.

Nos anos 40, já com expressão comercial, surgiu a marca Cepa Velha e no final dos anos 50 a marca Deu-la-Deu. Em 1976 chegou uma especialidade ao mercado – Alvarinho do Palácio da Brejoeira, também em Monção. Em 1982 Luís Cerdeira inicia a sua actividade em Melgaço com a marca Soalheiro e Anselmo Mendes em 1997, hoje duas referências incontornáveis na sub-região.

A sub-região de Monção e Melgaço representa um vale rodeado por montanhas, quer do lado de Espanha pela serra da Galiza, quer de Portugal pela serra de Gerês e Cabreira. Estas barreiras montanhosas oferecem a protecção dos ventos atlânticos e do Norte. É precisamente o que o Alvarinho gosta – estar perto do mar, mas não demasiado exposto. A amplitude térmica existente durante a maturação, caracterizada por dias quentes e noites frias contribui para a melhor síntese dos aromas e retenção da frescura.

Os solos são maioritariamente de origem granítica, mas variam ao longo do vale desde os solos de aluvião, mais profundos e mais pesados em Monção até os mais arenosos na encosta, havendo também zonas de calhau rolado, zonas com mais argila e uma faixa de xisto entre Monção e Melgaço. Anselmo Mendes considera a diversidade de solos um dos factores mais importantes no carácter do vinho.

Com cachos e bagos pequenos e uma película espessa, o Alvarinho produz pouco, na ordem dos 65 hl/ha. Muita película e pouca polpa resultam em rendimento mais baixo na prensagem em comparação com outras castas. Isto reflecte na regulamentação própria para o Alvarinho: de 100 kg de uvas só pode ser obtido 65 litros de mosto. Isto é menos 10 litros do que para outras castas na região pelo mesmo peso de uvas, o que encarece a produção. Já 1 kg de uva de Alvarinho também é mais caro, a oscilar à volta de 1 euro por quilo (sem contar com Colares e as ilhas, é a uva mais cara do país), enquanto as outras castas brancas regionais custam cerca de 35-45 cêntimos por quilo.

A película grossa do Alvarinho contém muitos precursores aromáticos e polifenóis (o índice de polifenóis totais é mais alto do que em muitas castas tintas), daí a estrutura e algum final amargo no vinho. “É por isto que a casta é boa para curtimenta e ganha mais cor com o estágio” – explica Anselmo Mendes.
Os aromas do Alvarinho podem variar desde marmelo e pêssego, notas de fruta citrina doce, fruta tropical (maracujá e por vezes, líchia). Notas florais de laranjeira e violeta e de frutos secos (avelã, noz) também são comuns, podendo desenvolver nuances de mel com evolução. Mas o seu perfil e composição aromática variam muito em função da zona de plantação e da abordagem enológica.
É comum associar a casta aos aromas tropicais, mas isto tem mais a ver com a tecnologia de produção. “O ADN da casta não é este”, – defende Anselmo Mendes que praticamente “respira Alvarinho” desde 1987, quando começou a trabalhar a casta em casa dos seus pais.

É preciso perceber de onde vêm os aromas. Se fermentar em inox a temperaturas muito baixas, o vinho é mais propenso a ganhar a tal tropicalidade exuberante. Se fermentar com temperaturas mais altas, revelam-se mais os aromas varietais e citrinos e o estágio em madeira confere outra dimensão e complexidade.

Uva multifacetada

Nem todas as castas conseguem brilhar no palco sozinhas. Os vinhos monovarietais por vezes são limitativos, mas claramente, não é o caso do Alvarinho. É como um actor com grande capacidade de representação, capaz de interpretar papeis mais diversos e corresponder a abordagens enológicas por vezes contraditórias.
Alvarinho e barrica é uma parceria relativamente recente. Anselmo Mendes começou a fazer ensaios de fermentação em madeira com as uvas da família nos finais do século passado. O primeiro Alvarinho “comercial” em barrica nasceu na Provam, sob marca Vinhas Antigas de 1995.

Márcio Lopes, que em 2010 começou o seu projecto Pequenos Rebentos, prefere barricas usadas de 225 e 500 litros, com mais de 8 anos e também usa balseiros de castanho porque “tiram o que está a mais, o carácter mais directo da casta”. E experimenta abordagens, como a curtimenta e estágio com flor. Luís Seabra no seu projecto Granito Cru prefere madeiras de maior capacidade, usa toneis de 3.000, 2.000 e 1.000 litros.

Entretanto, o estágio em barricas novas não parece que seja uma boa solução para o Alvarinho. “Uma casta de perfil aromático intenso com madeira nova fica desorganizada” – resume Miguel Queimado, enólogo e produtor da Vale dos Ares. Relativamente à fermentação também há abordagens diferentes, mas normalmente para obter vinhos mais complexos e sérios, a temperatura de fermentação anda pelos 20˚C.

Anselmo Mendes e Márcio Lopes fazem bâtonnage com borras totais, obtendo assim mais complexidade e estrutura a longo prazo. No início o vinho até pode parecer mais reduzido e vegetal, mas passado um ano em barrica, ganha complexidade, fica limpo e fino de aromas.

Luís Seabra fermenta com leveduras indígenas, mas sem bâtonnage. Acha que os seus vinhos já têm muito volume. Depois da fermentação não adiciona sulfuroso propositadamente para permitir a fermentação maloláctica (é assim que se fazia Alvarinhos na Galiza antigamente). Não se preocupa com eventual descida de acidez, em contrapartida o vinho fica mais estável e, se vindimar na altura certa, tem acidez suficiente, diz. Engarrafa sempre passado dois Invernos para estabilizar naturalmente. Desta forma “o vinho nasce já mais velho, mas isto também o protege futuramente”. Miguel Queimado também engarrafa com um ano em barrica e mais dois em garrafa.

É pena que a pressão comercial force alguns produtores, por vezes conta vontade, a lançarem Alvarinho ambiciosos na Primavera seguinte à vindima. Os vinhos chegam ao mercado ainda com algum sulfuroso sensível, a cobrir a expressão de fruta e levam mais alguns meses até equilibrar tudo. Porque numa coisa produtores e consumidores estão de acordo: é com o tempo em garrafa que o Alvarinho de Monção e Melgaço melhor se diferencia da “concorrência” e mostra tudo o que vale.

 

(Artigo publicado na edição de Maio de 2023)

Dia de Monção e Melgaço celebra a origem do Alvarinho

Com o intuito de afirmar um segmento de maior valorização da região dos Vinhos Verdes, o “Dia de Monção e Melgaço – A origem do Alvarinho” é, desde 2017, assinalado a 7 de Junho. Este dia especial vem celebrar a criação do selo de certificação exclusivo da sub-região, que atesta a autenticidade, a origem e […]

Com o intuito de afirmar um segmento de maior valorização da região dos Vinhos Verdes, o “Dia de Monção e Melgaço – A origem do Alvarinho” é, desde 2017, assinalado a 7 de Junho. Este dia especial vem celebrar a criação do selo de certificação exclusivo da sub-região, que atesta a autenticidade, a origem e a qualidade dos vinhos Alvarinho de Monção e Melgaço.

Com uma área total de 45 mil hectares, que abrange 2085 viticultores, a sub-região de Monção e Melgaço é uma referência de classe mundial na produção de vinhos brancos de excelência, com a casta Alvarinho a representar uma produção na ordem dos 13 milhões de litros, e a área de vinha a aumentar cerca de 50% na última década.

©CVRVV

A expressão e qualidade desta casta em Monção e Melgaço tem vindo, ainda, a atrair players de referência do sector do vinho, também pelo território e a certificação de autenticidade, que assegura um posicionamento Premium nos mercados externos e interno.

“Expressão de um terroir muito particular, o Alvarinho dá origem a vários estilos de vinhos e aguardentes que incorporam características mais vincadas e fiéis ao território que lhe dá origem, assim como à experiência, sabedoria e dedicação dos produtores que dão expressão a mais de 250 marcas presentes no mercado como afirmação da Origem do Alvarinho”, atesta a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

Alvarinho: Symington e Anselmo Mendes criam empresa conjunta

Symington Anselmo Mendes

“É com enorme gosto e entusiasmo que as famílias Mendes e Symington anunciam a decisão de aprofundarem a cooperação que têm mantido ao longo dos anos e de trabalharem ainda mais estreitamente em conjunto na construção de marcas de Vinho Verde premium com prestígio e qualidade que possam afirmar, ainda mais, o enorme potencial que […]

“É com enorme gosto e entusiasmo que as famílias Mendes e Symington anunciam a decisão de aprofundarem a cooperação que têm mantido ao longo dos anos e de trabalharem ainda mais estreitamente em conjunto na construção de marcas de Vinho Verde premium com prestígio e qualidade que possam afirmar, ainda mais, o enorme potencial que ambas as famílias reconhecem nesta incontornável região vitivinícola de Portugal.

Assim, na sequência da aquisição por parte da Symington Family Estates da histórica propriedade da Casa de Rodas, na prestigiada sub-região de Vinho Verde DOC de Monção e Melgaço, no final do passado ano, as famílias Mendes e Symington decidiram criar uma nova empresa, em partes iguais, com o objetivo de comercializar os vinhos que serão produzidos nesta propriedade. O projeto conjunto incluirá também a aquisição, por parte desta nova empresa, da marca Contacto que tem conhecido um assinalável sucesso tanto em Portugal como no estrangeiro e cujo desenvolvimento ambas as partes acreditam ser possível, em conjunto, potenciar.

Anselmo Mendes (ao centro na foto) afirmou que ‘Monção e Melgaço tornou-se nos últimos anos numa singular região produtora de vinhos brancos de classe mundial. Como oriundo de Monção tenho imenso orgulho em fazer parte daquele sucesso. Esta parceria da minha família com a família Symington deixa-me duplamente satisfeito, pois juntos iremos criar valor acrescentado nas nossas marcas e ainda contribuir para o maior reconhecimento dos vinhos Monção-Melgaço. Ambos partilhamos o gosto pelas vinhas próprias e escolhemos com sabedoria os melhores terroirs. A minha família possui três quintas em Monção-Melgaço num total de 60 hectares, plantadas com a casta Alvarinho, sendo a Quinta da Torre o maior espaço vinhateiro da Região.’.

Rupert Symington afirmou sentir-se muito entusiasmado com este novo projeto nos Vinhos Verdes e que ‘a formalização desta cooperação entre as famílias Mendes e Symington é motivo de enorme orgulho para a nossa família e demonstra bem a importância que a Symington Family Estates dá ao estabelecimento de relações estáveis com famílias que partilham os mesmos valores que nós. Acreditamos muito no futuro dos Vinhos Verdes e iremos dedicar muito do nosso trabalho na sua promoção e valorização”.

Sobre a marca Contacto, Rupert acrescentou que ‘é um excelente exemplo de uma marca de excelência do Vinho Verde produzida inteiramente com a casta Alvarinho. Tem uma boa distribuição em Portugal, bem como noutros mercados internacionais. Acreditamos no enorme potencial do Vinho Verde premium em alguns mercados de exportação, e planeamos utilizar a nossa rede de distribuição internacional para expandir as vendas daquele que consideramos ser o mais famoso vinho branco de qualidade de Portugal.'”.

Quinta d’Amares Alvarinho é o grande vencedor dos “Melhores Verdes 2023”

Melhores Verdes

O concurso “Os Melhores Verdes 2023”, organizado pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), voltou à Alfândega do Porto para entregar os seus prémios, desta vez a 88 vinhos, em 14 categorias diferentes. O Quinta d’Amares Alvarinho branco 2022 foi o grande vencedor desta edição, com Grande Medalha de Ouro. Segundo a […]

O concurso “Os Melhores Verdes 2023”, organizado pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), voltou à Alfândega do Porto para entregar os seus prémios, desta vez a 88 vinhos, em 14 categorias diferentes. O Quinta d’Amares Alvarinho branco 2022 foi o grande vencedor desta edição, com Grande Medalha de Ouro.

Segundo a CVRVV, houve um aumento de 35% nas inscrições face ao ano anterior, totalizando 294 amostras provadas por um júri especializado, composto por profissionais de vária áreas do sector. Destaca-se, ainda, “a tendência crescente de inscrições de colheitas antigas e um acréscimo na categoria Alvarinho”, revela a CVRVV.

“Os vinhos com estágio têm cada vez mais expressão, em resultado da valorização crescente em que trabalhamos, confirmando perfis de vinhos que evoluem com o tempo e que se revelam com um enorme potencial de oferta e de procura. Ao mesmo tempo, é muito gratificante registarmos um recorde de participações que legitima, ano após ano, a importância deste concurso para a região dos Vinhos Verdes, que trabalha conjuntamente para afirmar a qualidade”, destaca Dora Simões, Presidente da CVRVV.

O júri destacou 15 vinhos com medalha de Ouro e 17 de Prata, com 55 referências a receber medalha de Honra. Os premiados foram agrupados nas categorias Vinhos Verdes Brancos, Rosados, Tintos, de Casta, Vinho Verde Branco com estágio, Vinho Verde Alvarinho com estágio, Vinho Verde de Varietal com estágio, Vinho Regional Minho com estágio, Vinhos Verdes Alvarinho, Vinhos Verdes Avesso, Vinhos Vedes Arinto, Vinhos Verdes Loureiro, Espumantes de Vinho Verde e Aguardentes de Vinho Verde.

“Os Melhores Verdes 2023” | Grande Medalha de Ouro:

“Os Melhores Verdes 2023” | Categoria Ouro:

“Os Melhores Verdes 2023” | Categoria Prata: