Baga Friends: Amigos da baga trazem boas novas

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Reunir para agitar as águas, criar o movimento para reabilitar a Baga entre os viticultores e consumidores em Portugal e projectar a nossa casta autóctone lá fora é o objectivo dos Baga Friends, grupo de produtores que se uniram à volta desta variedade. A associação formou-se em 2012 e faz-se notar o renascimento contínuo da […]

Reunir para agitar as águas, criar o movimento para reabilitar a Baga entre os viticultores e consumidores em Portugal e projectar a nossa casta autóctone lá fora é o objectivo dos Baga Friends, grupo de produtores que se uniram à volta desta variedade. A associação formou-se em 2012 e faz-se notar o renascimento contínuo da Baga desde então.
“Quando comecei o projecto em 2001, não havia produtores novos a trabalhar com Baga. Merlot e a Cabernet Sauvignon tinham mais popularidade”, conta a produtora Filipa Pato. Os amigos da Baga são muito diferentes na sua visão. Trabalham cada um à sua maneira, mas todos adoram a Baga e a Bairrada. São um núcleo duro, e mesmo não fazendo muitos eventos, conseguiram fazer uma “pequena revolução” na região. “De norte (Fogueira) até ao sul (Souselas) voltou-se a aderir à Baga. Quem já a tinha retirado dos rótulos, voltou a colocá-la em letra grossa”, repara Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras, que, juntamente com Filipa Pato, foi impulsionador deste movimento.

Bairradino de gema
E quem são os Baga Friends? Desde logo, o bairradino de gema, Luís Pato, sempre foi o grande defensor e promotor da Baga, mesmo quando a maioria dos produtores dava preferências às castas estrangeiras. À Baga dedicou mais de 40 anos da sua carreira e o melhor argumento a favor da casta eram os seus vinhos que mostraram elegância e longevidade da casta, quando trabalhada com sabedoria. “Baga dura 25 anos certamente, 30 talvez, 40 – quem cá estiver que veja!” –, desafia o Senhor Baga. Mário Sérgio, um bairradino incontornável com ligação à viticultura de forma geracional, respira Baga desde 1989, quando começou o seu projecto familiar da Quinta das Bágeiras, produzindo vinhos de identidade inconfundível. Paulo Sousa, o engenheiro químico com 20 anos de experiência no departamento de qualidade de uma empresa produtora de vinhos na região, dedicou-se ao projecto familiar, iniciado pelo seu pai, Sidónio de Sousa, em 1990.
Uma história de pura paixão pela Baga e Bairrada começou quando o sommelier francês e proprietário de uma garrafeira em Paris, François Chasans, provou um vinho da Bairrada pela primeira vez. Instalou-se em terras bairradinas e na sua Quinta da Vacariça produz vinhos densos e longevos, cheios de carácter. Pratica uma viticultura biodinâmica, “não como argumento de marketing, mas para obter a precisão no resultado final”, diz. Filipa Pato é tão dedicada à Baga como o seu pai, Luís Pato, mas num projecto próprio juntamente com o seu marido, o conhecido sommelier belga William Wouters. Os seus Baga, puros e autênticos, nunca passam despercebidos e mostram o lado mais feminino e delicado da casta. O irreverente e carismático Dirk Niepoort, grande produtor de vinhos do Douro e do Porto, confessa que adora a Baga e a Bairrada. Seguindo esta paixão, há mais de uma década, adquiriu a Quinta de Baixo, com 25 ha de vinha, onde tem parcelas centenárias e de onde vem o Poeirinho, num estilo bem diferente do praticado antes – mais leve, com teor de álcool baixo e acidez vincada. Agora o seu filho Daniel continua a trabalhar com a mesma filosofia. O mais recente membro do grupo é o enólogo Luís Patrão, com o seu projecto Vadio, que teve o início em 2005 com 0,5 ha de vinha da família e cresceu até ao 10 ha actuais.

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Os sete ilustres amigos da Baga juntaram-se para apresentar a segunda edição do vinho feito em conjunto

Tinto para já, espumante para mais tarde
No final de abril, em antecipação ao Dia Internacional da Baga, celebrado a 4 de maio (graças ao esforço dos Baga Friends, que abrem sempre as suas adegas ao público com festa rija e eventos especiais), os sete ilustres amigos da Baga juntaram-se para apresentar a segunda edição do vinho feito em conjunto – Baga Friends 2015, de que se encheram 1135 garrafas. É um blend comunitário, que expressa o carácter de cada produtor, de cada propriedade, através de um bouquet de filosofias distintas com o denominador comum – a Baga. O carácter e a voz de cada vinho são bem fortes e ainda se sentem. Talvez seja preciso mais algum tempo para estas vozes se tornarem um coro, e para os feitios de cada vinho atingirem a integridade plena. Este pormenor também traz uma complexidade adicional. No nariz dominam os Baga mais aromáticos, enquanto na boca fica bem presente a estrutura dos contributos mais tânicos e texturados. A primeira edição do vinho Baga Friends foi da colheita de 2011, já que não têm a intenção de o fazer todos os anos, só nos de excelência. E, já agora, fica o teaser: a próxima edição dos Baga Friends será um espumante de 2023, que já está em estágio e será lançado em 2029 para brindarmos à Baga e à Bairrada. Afinal, somos todos amigos da Baga no sentido mais lato.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Casa de Saima: Um clássico inovador

Casa de Saima

A Casa de Saima começou a produzir vinhos engarrafados há 41 anos. Primeiro apenas com o perfil clássico da Bairrada, que obriga os tintos a estágio prolongado antes de atingirem todo o potencial de proporcionar prazer a quem os bebe, sobretudo porque são feitos com base na casta rainha da região, a Baga. Com o […]

A Casa de Saima começou a produzir vinhos engarrafados há 41 anos. Primeiro apenas com o perfil clássico da Bairrada, que obriga os tintos a estágio prolongado antes de atingirem todo o potencial de proporcionar prazer a quem os bebe, sobretudo porque são feitos com base na casta rainha da região, a Baga. Com o tempo e a chegada ao mercado de vinhos de outras regiões, a concorrência e a evolução dos gostos dos consumidores levaram a casa a inovar e a criar uma gama de vinhos tintos do ano, mais frescos e apetecíveis a algumas faixas de consumidores. Agora, a equipa da casa procura novos caminhos para os seus espumantes, com estágios mais longos em garrafa e já estão também na calha dois novos espumantes de Pinot Noir e Chardonnay. Mas foi sobretudo a teimosia e o bom senso de manter o encepamento tradicional e a produção dos vinhos clássicos que celebrizaram a casa nos anos 90, com base nas castas tradicionais da Bairrada, que contribuiu para que a Casa de Saima mantivesse o rumo e o seu sucesso sustentado.
A casa foi fundada por Carlos Almeida e Silva e Graça Maria da Silva Miranda, a sua mulher na altura, a partir de um negócio herdado pelos pais do primeiro, de produção de vinhos para venda a granel. A mudança resultou do incentivo do enólogo bairradino Rui Moura Alves, quando este lhes demonstrou as vantagens da venda com marca própria em garrafa.

 

A iniciativa, de Paulo Nunes e Paulo Cêpa, o enólogo e o gestor operacional da Casa de Saima, de produzir vinhos menos graduados, leves e elegantes permitiu, à empresa, alcançar mercados que os preferem no Brasil e Estados Unidos.

 

Vinhas herdadas
Carlos Almeida e Silva já tinha, na altura, algumas vinhas herdadas da família, que ainda hoje integram a área produtiva da Casa de Saima. Mas o negócio foi sendo alargado, a partir da década de 90, com novas plantações e vinhas, que foram compradas nos melhores terroirs da Bairrada. Um dos objectivos era “agrupá-las para ter propriedades um pouco maiores, mais fáceis de gerir”, conta Paulo Cepa, 44 anos, gestor operacional da empresa. Exemplo disso é a Vinha da Corga, que começou por ter dois hectares e actualmente tem seis, de um total de 20 que constitui o património vitícola da empresa. Inclui, entre as castas tintas, a rainha da região, a Baga, as variedades nacionais Touriga Nacional e Castelão, e internacionais Merlot e Pinot Noir, este inicialmente plantado para dar origem à produção de espumantes. Mas apenas foi usado no blend de tinto e, mais recentemente, dá origem à produção de um monocasta do ano. Nas brancas predominam as variedades tradicionais da região, Maria Gomes, Bical e Cercial, mas também há Chardonnay, casta que também foi plantada para dar origem a espumantes.
Num processo que decorreu ao longo de vários anos, sempre com o objectivo de fazer bem e com qualidade, “foi dada prioridade às castas regionais e tradicionais portuguesas”, conta Paulo Cepa. As internacionais foram escolhidas porque os seus proprietários queriam alargar o potencial comercial da empresa. “Permitiram-nos fazer outros blends e introduzir inovações que enriqueceram o nosso portefólio”, explica.
Após a Casa de Saima ter começado a produzir vinhos engarrafados, “feitos com muita paixão e qualidade”, nos anos 90 do século passado, numa altura em que a região da Bairrada estava na berra, os seus vinhos começaram a surgir nos restaurantes de Lisboa e a ficar na moda. De tal forma que o actual presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu os rótulos da marca, em visita à região num evento de vinhos recente. “Era uma época em que o Alentejo ainda não estava na moda e não tinham surgido os vinhos do Douro no mercado”, explica Paulo Cepa, defendendo que a marca ficou na memória dos portugueses, apesar de o início do segundo milénio ter corrido menos bem para o seu negócio, devido à separação do casal fundador.

Novos caminhos
A época que se seguiu, “foi uma altura em que se procurou encontrar caminhos”, explica Paulo Cepa, salientando que “o rumo acabou por surgir, como acontece com tudo o que se faz com empenho e paixão”.
Entretanto a responsabilidade pela enologia da casa transitou das mãos de Rui Moura Alves para as de Paulo Nunes, ou seja, “de uma filosofia mais tradicional para outra mais inovadora”, o que contribuiu para melhorar a visibilidade de uma empresa que passou a ter, para além da sua gama clássica, outros mais experimentais.
“Mesmo quando vivemos momentos menos bons, tal como aconteceu com o resto da Bairrada, nunca arrancámos a casta Baga, como o fizeram outros produtores da região e foi essa teimosia de manter tudo como está, mesmo com algum sacrifício, para produzir vinhos clássicos de qualidade, que levou o nosso barco a tomar de novo o rumo”, conta Paulo Cepa, salientando que a sua casa “é um pequeno produtor de vinhos de quinta, comercializados num número restrito de mercados”.
Para Paulo Nunes, o enólogo consultor da Casa de Saima, esse tem sido o seu principal desafio, de “uma jornada gratificante”, desde que começou a trabalhar nela em 2003, ou seja, há 20 anos: “manter o seu classicismo e ser mesmo o seu guardião e, ao mesmo tempo, criar um lado irreverente através da procura de novas abordagens e caminhos”. Para o enólogo, o percurso tem sido, ao mesmo tempo, de “uma aprendizagem fabulosa, porque não há duas vindimas iguais em lado nenhum, e muito menos na Bairrada, onde há uma condição edafoclimática e uma casta, a Baga, desafiantes”, o que tem contribuído para a empresa ser o que é hoje.
A marca é só uma, Casa de Saima, que inclui 13 referências. São quatro espumantes, um branco e um rosé, e um Chardonnay e um Pinot Noir monocastas que ainda estão em fase experimental, dentro do espírito de uma casa que vai procurando novos caminhos sem perder a sua identidade. Há, também, um branco Vinhas Velhas, o base de gama, e um Garrafeira, “com uma escolha mais apurada da matéria prima e fermentação em madeira avinhada”. O rosé, referência que existe na casa há muitos anos, é feito agora com uvas das castas Baga e Pinot Noir, “refresh dado porque este tipo de vinho está um pouco mais na moda”, o que se reflectiu também numa mudança do design do rótulo e da garrafa. Depois existem dois vinhos que surgiram de uma procura de colocar, no mercado, vinhos mais experimentais, inovadores, o Baga Tonel 10 e um Pinot Noir, ambos monocastas, ambos vinhos do ano, feitos com menos extracção e a gama mais clássica de tintos.

Lufada de ar fresco
A inovação, que já tem alguns anos, foi uma lufada de ar fresco na Casa de Saima, que lhe permitiu colocar vinhos da empresa em mercados que preferem aqueles que são menos graduados, leves e elegantes. “Começámos, primeiro com a venda do Pinot Noir e do Baga Tonel 10 para o Brasil, e depois para os Estados Unidos em 2018”, conta Paulo Cepa, realçando que este último foi destacado pelo crítico Eric Azimov, do New York Times”, aquele que é, afinal “um vinho despretensioso, um Baga do ano, em que muito gente não acreditou”, salienta o gestor.
A Casa de Saima exporta hoje cerca de 40% das suas vendas, principalmente para o Brasil, Estados Unidos e Canadá, e Macau mais recentemente. Na Europa está presente em Espanha, França, Suíça, Luxemburgo e Alemanha. Mas também no mercado da saudade, o dos portugueses que emigraram e estão um pouco por todo o mundo, através de vendas pontuais incentivadas sobretudo pela comunicação feita através da redes sociais. “Têm contribuído muito para isso, sobretudo pela proximidade e facilidade com que se pode comunicar através delas”, explica Paulo Cepa, acrescentando que, na maior parte das vezes, isso acontece “quando alguém vê um post numa plataforma como o Facebook ou Instagram, se interessa e contacta, perguntando como pode comprar os nossos vinhos, por vezes até para o resto da família e amigos”. E explica que foi este mercado que segurou as vendas da empresa quando o nacional estava parado devido à pandemia de Covid-19. Hoje, “ver os posts dos nossos consumidores lá fora, a fazerem coisas como churrascos na companhia do nosso Baga Tonel 10, dá-nos grande orgulho”, afirma o gestor.
A perseverança, desde os primeiros dias, na produção de vinhos clássicos da região da Bairrada, com base nas castas tradicionais e, um pouco mais tarde, a aposta em vinhos mais experimentais para alargar o mercado da empresa a outros consumidores, têm contribuído para diversificar mercados e sustentar melhor o negócio de uma casa que tem apostado sempre, e quase teimosamente, na manutenção da sua identidade. O mais fácil teria sido, há 15-20 anos, quando a Bairrada atravessou uma fase difícil e os seus produtores procuraram outros caminhos que não o da Baga, com a plantação de outras castas, a Casa de Saima ter optado por esse caminho. Mas felizmente manteve-se no certo, procurando, em simultâneo, espicaçar o mercado inovações como um Pinot Noir e um Baga do ano, no início da década passada, sem perder a matriz que identifica a casa. Segundo Paulo Nunes, “foram vinhos que nasceram de alguma inquietude e da necessidade de despertar a consciência do mercado para a nossa presença”. Mas, para Paulo Cepa, isto ainda não chega, porque é difícil, para um produtor como a Casa de Saima, ter um negócio estável e sustentado apenas com base na produção de 20 hectares de vinha, garantindo, em simultâneo, que os seus vinhos bairradinos mais clássicos só são colocados nos mercados após o período de estágio necessário, de cerca de oito anos. Nesta empresa é a venda de vinhos do ano, brancos e tintos, que gera a liquidez que garante o pagamento dos custos correntes e tem sustentado, até agora, o investimento em tempo a armazém para isso. Mas Paulo acredita que um pouco mais de área de vinha, até aos 25 hectares irá assegurar definitivamente uma gestão sem sobressaltos e a sustentabilidade definitiva do negócio da sua empresa. Para já estão 2,5 hectares em estudo, com plantação aprovada, onde irão ser plantadas castas tintas e brancas. “É uma parcela muito boa, onde já houve vinha”, diz ainda Paulo Cepa. Outras se seguirão.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Adega de Cantanhede: Os frutos das antigas vinhas

Adega de Cantanhede

A imensidão de gigantescas cubas de inox, que se alinham mal entramos nas instalações da Adega de Cantanhede, que possui cerca de 500 associados produtores de uva em mais de 1000 hectares na região da Bairrada, transporta-nos para um ideário de enormes volumes, sem imaginar que, no meio daquela estrutura industrial, também nascem vinhos de […]

A imensidão de gigantescas cubas de inox, que se alinham mal entramos nas instalações da Adega de Cantanhede, que possui cerca de 500 associados produtores de uva em mais de 1000 hectares na região da Bairrada, transporta-nos para um ideário de enormes volumes, sem imaginar que, no meio daquela estrutura industrial, também nascem vinhos de fino rendilhado, produzidos a partir de pequenas parcelas de vinhas com mais de 50 anos e que asseguram o “Projecto Vinhas Velhas”.
A forma como este se materializa foi-nos dada a conhecer pelo enólogo residente Ivo Silva, ele que agora terá como consultor sénior António Ventura, o experiente enólogo que nos acompanhou nesta viagem pelo património vitícola do concelho de Cantanhede.
O projeto iniciou-se com uma criteriosa seleção dentro da imensidão de vinhas que produzem uva para a Adega. Foram selecionados, nesta fase inicial, 12 produtores possuidores de vinhas com mais de 50 anos, algumas delas centenárias, e, a partir daí, partiu-se para a diferenciação daquela uva e sua seleção extrema para a produção de vinhos com uma marca indelével deste terroir de Cantanhede.
Porque a média de vinha possuída por cada viticultor associado é de dois hectares, é natural que ali surjam pequenas parcelas de valor histórico incalculável, delas já se selecionando uva para produzir alguns dos vinhos mais especiais da Adega. É daquela selecção, de apenas 15 hectares dispersos pelas várias freguesias do concelho, que nascem o Baga Unoaked e o Baga Complexo, as mais recentes referências da cooperativa, que tem na Baga a expressão privilegiada para os seus vinhos autorais. Cantanhede possui, na região da Bairrada, a maior extensão de vinhas de Baga. É aqui que a casta caprichosa encontra a melhor maturação, factor imprescindível para que a escolha na criação dos topos de gama da Adega recaia nela, sendo a base do Marquês de Marialva Grande Reserva tinto e, naturalmente, do exclusivo Foral de Cantanhede.
A anuência de António Ventura a este projecto é total, assinando por baixo todo o trabalho até ora desenvolvido, reconhecendo que, não possuindo ainda um conhecimento exaustivo das vinhas velhas do concelho de Cantanhede, partilha da opinião que o seu estudo deve ainda ser mais minucioso, de modo a, num futuro não longínquo, conseguirem-se vinhos de alta costura, nascidos de cada uma daquelas pequenas parcelas de vinhas, muitas delas centenárias, enfatizando que a sua criação servirá também de homenagem aos viticultores resistentes que colocam tanta paixão no cuidado destes verdadeiros museus vivos.
Ivo Silva explica-nos também que, o rastreio destas vinhas passa por incluírem, no seu encepamento, pelo menos 80% de videiras da casta Baga, sendo que, no caso das vinhas misturadas mais antigas, onde figuram algumas uvas brancas, sobretudo Maria Gomes e Bical, estas são vindimadas para outros lotes. Contudo, há a possibilidade de também se avançar para vinhos mais exclusivos destas uvas brancas de vinhas muito velhas.

Foram selecionados, nesta fase inicial, 12 produtores possuidores de vinhas com mais de 50 anos, algumas delas centenárias, e, a partir daí, partiu-se para a diferenciação daquela uva…

Vinhos memoráveis
A vinificação segue a regra e critério do acompanhamento da uva na vinha. Controlo de temperatura na fermentação, maceração pós-fermentativa, rigor na escolha das barricas, selecção final dos melhores cascos, no sentido de trazer maior expressividade ao vinho, dotando-o do carácter e identidade que reflectem o território.
Albino Costa, membro da direcção da Adega e responsável pela viticultura, não esconde o brilho de orgulho no olhar quando se refere a este projecto que é, também, a sua jóia da coroa. Profundo conhecedor de todas as vinhas que servem a Adega, realça o trabalho de minúcia dos viticultores, verdadeiros guardiães diários das vinhas antigas, estas que produzem maior concentração, possuem maior resistência às doenças e revelam as mais equilibradas maturações. É sempre a última uva que chega à Adega, num estado sanitário imaculado, criando, nos anos excepcionais, vinhos memoráveis. Para obtenção destes resultados, não se fazem cálculos operacionais com o trabalho dos viticultores, muitos deles já em idade avançada. A forma de compensação é o benefício atribuído a estas uvas, que são pagas a um preço mais elevado por quilo. Há uma notória e dupla responsabilidade social da Adega, que passa pela preservação deste património único, motivando, ao mesmo tempo, os viticultores actuais e os futuros a olhar para a produção de uva como uma actividade digna, e a partir da qual é possível viver com conforto financeiro. A vertente sustentável também não é esquecida e, além de todo o apoio formativo dado durante o ano aos viticultores, há já uma séria preocupação em valorizar quem produz uva através de tratamentos menos nocivos para o ambiente. Associado a esta pedagogia, o departamento de viticultura ministra formação de tratamentos fitossanitários, tractorismo e toda a burocracia administrativa junto do IVV. A aposta na formação cumpre, desde sempre, aqueles que eram os principais desígnios das adegas cooperativas desde a sua criação em meados do século passado: produzir melhor vinho português.
Liderando desde o último acto eletivo a direção da Adega, Carlos Reis realça o papel firme no apoio aos associados mais antigos, procurando motivar os indecisos que tantas vezes cogitam abandonar as vinhas. É necessário manter expectativas elevadas, no sentido de também cativar novos viticultores que surjam para colmatar aqueles que, pela idade avançada, vão deixando as vinhas. A valorização da uva e o seu justo pagamento aos agricultores são o lema mais importante da actual direção. A responsabilidade é enorme porque, ainda na campanha de 2023, que redundou numa produção quase recorde de uva, houve um esforço financeiro gigantesco para não deixar nenhum agricultor para trás, absorvendo-se e vinificando-se toda a uva produzida. Os agricultores são uma comunidade de valor e é no sentido de pertença a algo, que é de todos, que se traduz a força motriz da Adega de Cantanhede.

Adega de Cantanhede
É na inovação que vê a cooperativa, prestigiando a manufactura de vinhos minuciosos, nascidos de parcelas históricas, aptas a criar vinhos distintos.

António Ventura e a Bairrada que lhe faltava
Enólogo com mais de 40 anos de experiência, marcando com a sua acuidade técnica e humana várias casas de renome, António Ventura chega hoje a uma das mais emblemáticas e robustas adegas cooperativas nacionais.
Curiosamente, a Bairrada chega-lhe muito cedo à carreira profissional, pela mão de um dos grandes mestres da enologia nacional, Octávio Pato, dos quais guarda muitos dos ensinamentos técnicos sobre vinhos, espumantes e aguardentes, mas igualmente valores humanos e de partilha, que aplica nas suas relações profissionais e pessoais com as gentes da vinha e do vinho.
A Adega de Cantanhede é-lhe um caso muito especial, porque, sendo o maior produtor da região, tem associadas 500 famílias, as quais, na sua maioria, depende do sucesso da Adega, tendo na produção de uva uma importante, quando não única, fonte de rendimento.
O desafio é emocionante e o facto de a Adega ser, hoje, uma referência nacional, nela tendo sido realizado um trabalho notável pelos colegas que o antecederam, e ao qual pretende dar continuidade, são forte motivação. É na inovação que vê a cooperativa, prestigiando a manufactura de vinhos minuciosos, nascidos de parcelas históricas, aptas a criar vinhos distintos. Pequenos projectos que surgem dentro do grande volume, tão necessário para acertar as contas de tesouraria, criando identidade. Um fato que encaixa na perfeição na sua vocação de alfaiate, criando vinhos por medida.
Cantanhede apaixonou-o à primeira vista pelas suas particularidades, estando longe de imaginar um tão vasto património de vinhas velhas. Na área dos espumantes, onde a presença da Adega nos mercados nacional e internacional é muito forte, o enólogo valoriza o conhecimento já ali residente, tendo uma vontade imensa de ampliar e potenciar esse valor nas diversas vertentes de efervescentes, valorizando-os e tornando-os ainda mais competitivos, sem nunca descurar a sua qualidade. Consciente de que os preços médios dos espumantes estão demasiado baixos, entende que será na qualidade que se diferenciarão para incrementar valor
António Ventura é um profundo conhecedor do histórico das adegas cooperativas e da sua fulcral importância nos anos 60 e 70 na preservação da nossa viticultura, exortando os agricultores a produzir melhor. Nessa época, o incremento qualitativo dos vinhos portugueses muito ficou a dever ao papel das cooperativas. A partir de determinada altura, o modelo tornou-se desajustado, sobretudo por força de gestão não profissional. Actualmente há necessidade de as adegas cooperativas se assumirem como estruturas empresariais, com departamentos competentes, especializados e de gestão moderna e assertiva. Cantanhede é, felizmente, um exemplo de profissionalismo, não sendo de estranhar o sucesso com que se afirma ao longo dos anos.

…O rastreio destas vinhas passa por incluírem no seu encepamento, pelo menos 80% de videiras da casta Baga…

As castas de eleição
Enólogo responsável por vinhos exportados para mais de 40 países, António Ventura tem aqui um trabalho que se firma, em certa medida, na continuidade dos seus antecessores, mas procurando desenvolver novas estratégias para fortalecimento da presença dos vinhos e espumantes da Adega nos mercados externos. Se há uma cada vez maior exigência, mostra-se essencial apostar na diversidade de perfis, necessidade essa que tem de ser preenchida, se necessário, com opções diferentes de vinificação.
Tem na Castelão uma das suas uvas tintas de eleição, também pelo facto de ser umas das castas mais antigas do território e por ainda existir uma elevada expressão de vinhas velhas, sobretudo em Palmela. Olha para a Bairrada e para a Baga do mesmo modo apaixonado, reconhecendo-lhe a extrema versatilidade. A Adega é um bom exemplo do que se pode fazer com a casta Baga, produzindo grandes tintos e espumantes, pelo que tem a certeza que muito rapidamente se converterá às virtudes desta casta rainha da Bairrada.
António Ventura, também trata a Arinto por tu, conhecendo todos os seus segredos, sendo da sua responsabilidade a vinificação de cinco milhões de litros por ano desta variedade em diversas regiões do país vitícola. Possui uma enorme admiração pela casta, que traz não apenas segurança ao enólogo, mas fiabilidade. Estrutura, acidez, melhoradora de outras castas, podendo ser trabalhada a solo ou em lote, com madeira e sem madeira. A Adega sempre teve na Arinto um dos seus esteios para os vinhos brancos e António Ventura deseja poder potenciá-la ainda mais. Para o final, o enólogo consultor frisou a enorme importância da certificação DOC Bairrada para os vinhos e espumantes produzidos localmente, estando firmemente convicto que é um factor de valorização da região e, com isso, de cada um dos agentes económicos e dos seus vinhos.

(Artigo publicado na edição de Maio de 2024)

O TGV e as vinhas da Bairrada

TGV Bairrada

É um dos grandes projectos estruturantes dos próximos anos em Portugal, para além do futuro aeroporto de Lisboa. A construção da linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Porto, onde irão circular comboios de alta velocidade (Comummente chamados TGV, sigla da designação francesa Train à Grande Vitesse) e de mercadorias, já começou. Muito […]

É um dos grandes projectos estruturantes dos próximos anos em Portugal, para além do futuro aeroporto de Lisboa. A construção da linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Porto, onde irão circular comboios de alta velocidade (Comummente chamados TGV, sigla da designação francesa Train à Grande Vitesse) e de mercadorias, já começou.
Muito se tem especulado sobre este tema, a nível político e não só. Devido ao seu custo, que deverá ascender aos seis mil, ou oito mil milhões de euros se a linha se prolongar até Valença para ligar depois a Vigo, em Espanha. Mas também por haver outras opções mais lógicas, como a ligação da capital a Madrid. E há quem não concorde com o traçado escolhido ou forma como foi estabelecido. Tem sido assim quase sempre em Portugal, seja por razões que vão das tricas políticas às mais terrenas, aquelas que afectam as pessoas e os seus bens, como a destruição de casas, terrenos agrícolas ou edifícios empresariais. É isso que irá acontecer na Bairrada durante a fase de construção, e depois da implantação da obra.

TGV Bairrada

12 milhões de passageiros
Os custos da obra foram anunciados por Frederico Francisco, secretário de Estado das Infraestruturas, à agência Lusa, no dia do lançamento do concurso para a sua primeira fase. O governante também disse que as previsões do governo apontam para o transporte de 12 milhões de passageiros entre Lisboa e Porto anualmente por esta via, que serão retirados aos transportes aéreo e terrestre, contribuindo para a diminuição de emissões e para a sustentabilidade ambiental do país. E, por consequência, para se atingirem as metas estabelecidas de emissões da União Europeia neste campo. É, por isso, que “é difícil de estar contra esta obra do ponto de vista institucional”, diz Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVBairrada). Mas o número de passageiros “é muito semelhante aquele com que os políticos justificaram a construção da A8, que não se sabe onde estão”, salienta Mário Sérgio Nuno, proprietário da Quinta das Bágeiras, defendendo que em Portugal se aposta sobretudo em grandes obras mediáticas, e pouco nas pequenas, como a ligação ferroviária entre Sangalhos e Aveiro, onde se demora o mesmo tempo que há 40 anos, ou seja, muito. Ou seja, e como todos sabemos ou podemos constatar, há coisas feitas, mas ainda há muito para fazer entre aquilo que é necessário para o nosso país e as suas pessoas.

 

TGV Bairrada

“Substituir a vista de mar de vinhas verdes pela de um viaduto ferroviário é devastador, com a agravante de a linha não passar abaixo da cota das vinhas. Será uma ferida na paisagem” – Manuel Pinheiro, CEO da Global Wines

 

 

Um pedacinho de ferrovia
E fazer um investimento deste tipo, sem prever ligações a Vigo, a norte, que ainda está apenas esboçada, e Madrid, a capital do país vizinho, “significa que teremos apenas um pedacinho de ferrovia e que Portugal não poderá tirar todo o potencial de um investimento deste tipo, que é muito significativo para os cofres do país”, realça o presidente da CVBairrada.
Mas são sobretudo as opções para a implementação da linha ferroviária tomadas, certamente, com base no seu custo/benefício, mas sem consulta de quem está, vive e desenvolve os seus negócios no terreno, que estão em causa para Pedro Soares. Pelo menos “não foi isso que aconteceu com produtores da Bairrada que vão ser afectados de forma directa, ou indirecta, como a Adega Campolargo, a Quinta do Encontro, do Grupo Global Wines, ou as Colinas de São Lourenço, do Grupo Fladgate Partnership”. Apesar de ir ocupar apenas o equivalente a 250 hectares de vinha, é preciso não esquecer que a obra irá acrescentar, a uma paisagem que é um dos postais da região, uma linha de comboio.

 

Uma paisagem alterada
“O traçado escolhido não só prejudica e coloca em causa empresas e postos de trabalho, como inviabiliza qualquer estratégia enoturística da Bairrada, enquanto região demarcada”, defende Manuel Pinheiro, CEO da Global Wines. “Há vinhas que irão ser cortadas e algumas vinhas velhas passarão a ter aterros ou viadutos com uma linha por cima, o que irá transformar a capacidade de sedução da região”, salienta Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras. Pedro Soares acrescenta que “muitos dos cartões postais, que são hoje o seu valor imaterial, vão desparecer, e muitas fotografias que usamos na comunicação para a sua promoção já não a vão representar, porque o horizonte vai estar parcialmente preenchido por uma linha em aterro ou em viaduto”. Para além disso, a obra será também prejudicial para a Bairrada por afectar vários enoturismos, “que são veículos de divulgação e valorização dos territórios, das empresas e das suas marcas, e também constituem, em alguns casos, importantes fontes de receita através das vendas à porta”, salienta o responsável da CVBairrada. E não é só a faixa de terreno dedicada à alta velocidade que será afectada diretamente, porque haverá também vinhas, caminhos à volta e cursos de água que serão alterados durante a construção da obra.

 

“Os governos poderiam, talvez, usar as linhas de caminho de ferro já implantadas ou as estradas e autoestradas já construídas para implantar a linha do TGV. Mas não, tem de ser feita uma obra nova” – Mário Sérgio Nuno, proprietário da Quinta das Bágeiras    TGV Bairrada

 

As melhores soluções
É verdade que não é possível falar com todas as pessoas e empresas individualmente quando se projecta uma obra desta dimensão. Mas se tem de ser construída, e a Bairrada tem de ser atravessada, isso deveria ser feito após as entidades promotoras, e quem faz o projecto, falarem directamente com quem vai ser prejudicado para procurar, e encontrar, as melhores soluções em conjunto. “É isso que tem faltado”, conta Pedro Soares, referindo que esteve apenas “em duas ou três reuniões a reboque da Câmara da Anadia, e numa sessão pública de esclarecimento” com esse tema. “O processo de consulta podia e deveria ter sido mais relevante”, defende Manuel Pinheiro.
Sabe-se, hoje, que serão afectados cerca de 250 hectares de vinha na Bairrada. Mas, segundo Pedro Soares, ninguém procurou saber se havia, no seio dela, por exemplo um terroir específico, uma parcela especial que dê origem, hoje, a uma marca de um vinho de qualidade que é único por ter essa origem, que existe após ter dado muito trabalho na vinha e na adega para o encontrar, e muito esforço para comunicar a sua diferença ao mercado até se tornar um símbolo daquilo que a empresa que o produz faz bem, e pode agora desaparecer. “Será que não se deve pagar ao produtor, não apenas pelo terreno, mas também pela marca que desapareceu?”, questiona o responsável. São estas e outras perguntas que ainda estão por responder, numa altura em que as obras do futuro TGV entre Lisboa e o Porto estão a arrancar. Estamos a falar de algo que tem uma componente imaterial muito significativa, como algumas vinhas velhas, cujo valor tem a ver com a qualidade do vinho e a história e imagem da marca que tem no mercado.
“Sabemos quais são os valores pensados para indemnizações e a forma como foram calculados, mas não se pode pensar, aqui, da mesma forma como se faz para valorizar cada metro quadrado urbano”, defende Pedro Soares, acrescentando ainda que, para fazer as avaliações, deveria ser criada uma equipa multidisciplinar para avaliar os terrenos integrando todas as condições, “para fornecer as recomendações necessárias para mitigar o impacto brutal que vamos ter na nossa região”.

 

TGV Bairrada

 

“Muitas fotografias que usamos na comunicação para a sua promoção já não a vão representar, porque o horizonte vai estar parcialmente preenchido por uma linha em aterro ou em viaduto” – Pedro Soares, presidente da CVBairrada

 

 

 

(Artigo publicado na edição de Março de 2024)

Millèsime: A festa do espumante na Bairrada

Millèsime

(veja todas as imagens do evento AQUI) Durante dois dias, muitas centenas de pessoas rumaram de todo o país até à Curia, para viver de perto o Millèsime, festa que celebra o espumante e toda a sua essência. A festa decorreu, pelo segundo ano consecutivo, no Curia Palace Hotel, um pedaço de charme da arquitectura […]

(veja todas as imagens do evento AQUI)

Durante dois dias, muitas centenas de pessoas rumaram de todo o país até à Curia, para viver de perto o Millèsime, festa que celebra o espumante e toda a sua essência.

A festa decorreu, pelo segundo ano consecutivo, no Curia Palace Hotel, um pedaço de charme da arquitectura imaginado, no início do século 20, por Manuel Joaquim Norte Júnior, e inaugurado e conservado, até agora, pela família Alexandre Almeida como ícone de uma vida de outros tempos, mesmo após a renovações mais recentes.

Era difícil de encontrar um sítio melhor para um evento de encanto como aquele que reuniu 45 produtores de espumantes portugueses e internacionais.

Nos dois dias, quem comprou o bilhete foi trazido em carros dos anos 20 do século passado, motorizados e puxados a cavalo, passando pelos jardins fronteiriços ao Palace Hotel, para entrar no seu foyer de época, marcado pela grandiosa escadaria em caracol, pelo elevador e pela elegante varanda do andar superior. Lá dentro, um músico tocava piano de cauda e algumas personagens, que retratavam as pessoas dos dourados (ou loucos, segundo se diz também) anos 20, passeavam e conversavam com os visitantes sem sair dos seus papéis.

No interior dos grandes salões estavam os produtores, principalmente os da Bairrada, a apresentar os seus espumantes, mas também havia representações das regiões dos Vinhos Verdes, Douro, Távora Varosa, Dão, Beira, Tejo, Lisboa, Alentejo e Cava, em Espanha e decorria a festa, com muita gente interessada em provar os seus vinhos e conhecer melhor quem os fez. Para além da degustação de espumantes, havia também, nas amplas varandas viradas para os jardins da propriedade, uma mostra e venda de produtos gourmet. Em paralelo ao evento, decorreram visitas para jornalistas, escanções, profissionais de turismo e proprietários de garrafeiras, convidados pela organização para visitar os produtores Luís Pato, Quinta dos Abibes, Idálio Estanislau Wines e Caves da Montanha. J.M.D.

Enólogo Osvaldo Amado regressa às Caves Primavera

Osvaldo Amado

Osvaldo Amado está de regresso às Caves Primavera, como consultor, 20 anos depois da sua última vindima pela empresa em 2004. “É com grande satisfação que volto às Caves Primavera, por regressar à casa que me viu nascer no mundo do vinho, que me volta a receber com o mesmo entusiasmo do início do meu […]

Osvaldo Amado está de regresso às Caves Primavera, como consultor, 20 anos depois da sua última vindima pela empresa em 2004.

“É com grande satisfação que volto às Caves Primavera, por regressar à casa que me viu nascer no mundo do vinho, que me volta a receber com o mesmo entusiasmo do início do meu percurso profissional”, comenta o enólogo a propósito da nova parceria com a empresa, salientando que “trabalhar com a terceira geração da família Almeida é muito estimulante”.

O regresso de Osvaldo Amado a uma casa que bem conhece, e onde ajudou a criar vinhos reconhecidos pelo mercado como o espumante Primavera Baga Bairrada, é um marco importante para as Caves Primavera, no ano em que é celebrado o 80º aniversário da empresa.

Segundo Lucénio Saraiva, diretor de Business e Comunicação das Caves Primavera, e membro da terceira geração da empresa, “o regresso do Enólogo Osvaldo Amado é uma oportunidade que não poderíamos deixar escapar, por respeito ao trabalho que desenvolveu nas Caves Primavera entre 1989 e 2004. O seu currículo no mundo dos vinhos fala por si só”.

Parceria entre as Caves Primavera e Antero Silvano chega ao fim

As Caves Primavera e Antero Silvano anunciaram recentemente o fim da parceria que ligava uma das casas mais tradicionais da Bairrada ao enólogo, que se iniciou em 2005 e tinha passado a ser, nos últimos dois anos, feita numa base de consultoria. Segundo Lucénio Saraiva, diretor de Business e Comunicação da empresa, “no trajeto de […]

As Caves Primavera e Antero Silvano anunciaram recentemente o fim da parceria que ligava uma das casas mais tradicionais da Bairrada ao enólogo, que se iniciou em 2005 e tinha passado a ser, nos últimos dois anos, feita numa base de consultoria.

Segundo Lucénio Saraiva, diretor de Business e Comunicação da empresa, “no trajeto de Antero Silvano nas Caves Primavera, onde demonstrou toda a sua qualidade e competência, salienta-se o trabalho realizado com a casta Baga, que originou grandes proveitos para a Região da Bairrada”. Por isso, “merece, sem dúvida, o reconhecimento que tem por parte dos seus pares e do mundo do vinho em geral”.

Durante os 20 anos da parceria, as Caves Primavera lançaram, no mercado, muitos produtos com o selo de qualidade único de Antero Silvano, que contribuíram para fortalecer a marca e para o seu reconhecimento no mercado. O exemplo mais recente disso é o Espumante Baga Bairrada Primavera Grande Reserva da colheita de 2017, que foi considerado o melhor espumante Baga@Bairrada na edição de 2022 do Concurso de Melhores Vinhos e Espumantes da Bairrada.

A Região da Bairrada recebe VinoEuro 2024

Os Municípios da Anadia, Mealhada e Oliveira do Bairro vão ser palco da competição VinoEuro 2024 Portugal, que irá decorrer entre 22 e 25 de maio de 2024, numa organização da União das Seleções Nacionais Europeias de Futebol de Enólogos e da Associação de Futebol dos Vitivinicultores de Portugal. A competição conta com a participação […]

Os Municípios da Anadia, Mealhada e Oliveira do Bairro vão ser palco da competição VinoEuro 2024 Portugal, que irá decorrer entre 22 e 25 de maio de 2024, numa organização da União das Seleções Nacionais Europeias de Futebol de Enólogos e da Associação de Futebol dos Vitivinicultores de Portugal.

A competição conta com a participação de oito países: Portugal, Itália, Suíça, Hungria, Eslovénia, República Checa, Áustria e Alemanha. Trata-se de um evento em que as equipas de futebol são maioritariamente constituídas por vitivinicultores, que procura mostrar como o vinho e o futebol podem ultrapassar todas as barreiras linguísticas, sociais e culturais. Os encontros de futebol vão decorrer nos três concelhos, com os jogos das meias-finais a decorrer na Mealhada e em Oliveira do Bairro. A final do VinoEuro 2024 irá realizar-se no Estádio Municipal de Anadia.

Todas as seleções que competem na terceira edição do evento irão também participar num programa que contempla visitas a produtores da região, museus e outros locais de interesse turístico e cultural.