Herdade da Rocha, uma adega que não deixa ninguém indiferente

A cave de barricas da Herdade da Rocha

Foi inaugurada com pompa e circunstância uma nova unidade vinícola no concelho do Crato que promete deixar os visitantes surpreendidos. Falamos da Herdade da Rocha, um empreendimento pessoal do empresário do ramo mobiliário Mário Rocha que assim cumpriu um desejo acalentado desde o momento em que visitou pela primeira vez a propriedade e se apaixonou […]

Foi inaugurada com pompa e circunstância uma nova unidade vinícola no concelho do Crato que promete deixar os visitantes surpreendidos. Falamos da Herdade da Rocha, um empreendimento pessoal do empresário do ramo mobiliário Mário Rocha que assim cumpriu um desejo acalentado desde o momento em que visitou pela primeira vez a propriedade e se apaixonou pelo local. As primeiras vinhas foram lançadas logo em 2019 e ocupam hoje cerca de 10 hectares dos 60 que compreendem a herdade. As variedades tintas compreendem o Alicante Bouschet, Syrah, Touriga Nacional e Touriga Franca. As brancas assentam no Alvarinho, Arinto e Viognier.
Foi, porém, só em 2014 que foi decidido construir uma adega e posteriormente o alojamento turístico e o campo de golfe que abriram já em 2017. Acabou por demorar um pouco mais a construção do imponente edifício de 2.000 metros quadrados agora solenemente inaugurado com a presença de diversas individualidades, entre as quais o Secretário de Estado da Valorização do Interior, do Presidente da Câmara do Crato e do Prémio Nobel da Paz, Ramos Horta, amigo pessoal do empresário.

Inauguração da Herdade da Rocha (foto João Fonseca)

A presença de Ramos Horta foi ainda pretexto para uma homenagem ao laureado e outra inauguração de um pequeno monumento denominado “Retiro da Paz”, erguido no topo de uma rocha, em que se pretende criar um espaço de recolhimento e meditação.
Quanto à Adega ela impressiona pela dimensão, pelo traço arrojado da sua arquitectura, obra do próprio Mário Rocha, e pelas inúmeras obras de arte que a mesma incorpora, fruto da colaboração de vários artistas amigos. De destacar os três lagares de granito colocados na zona de vinificação, com um pé direito de 8 metros e profusamente decorada com gigantescos grafitis. A sala das barricas é um espaço bem mais intimista, mas não menos imponente, pelo revestimento de todas as paredes e abóbada com ripas de madeira num efeito bem surpreendente. Impressionante também as grandes portas de madeira maciça, esculpidas pelo artista Paulo Neves, contruídas a partir da árvore Cryptomeria, de origem japonesa, e cujo exemplar foi encontrado nos Açores.
À frente do projecto, está hoje a filha do proprietário, Mária Rocha, formada em hotelaria e turismo, e que também dirige o negócio do enoturismo em que a propriedade aposta forte.
Apesar da recente inauguração, os vinhos da Herdade da Rocha, cuja enologia está a cargo do enólogo Rui Reguinga, já estão no mercado desde ‒. Fazem parte do portefólio da empresa as marcas Couto Saramago (branco, tinto e rosé) e Herdade da Rocha, nas variedades branco Reserva, tinto Selection, Alicante Bouschet, tinto Amphora e tinto Reserva Especial. (texto de João Geirinhas, fotos cortesia Herdade da Rocha)

Quetzal lança novos topos de gama

Quinta do Quetzal Familia branco e tinto

Chama-se Quetzal Família e até agora só tinha saído um branco, da colheita de 2012. Desta vez saíram dois vinhos, um branco e um tinto e são de facto os vinhos mais caprichados da casa Quetzal, localizada junto a Vila de Frades, Vidigueira. De tal maneira que apenas são produzidos em anos que a qualidade […]

Chama-se Quetzal Família e até agora só tinha saído um branco, da colheita de 2012. Desta vez saíram dois vinhos, um branco e um tinto e são de facto os vinhos mais caprichados da casa Quetzal, localizada junto a Vila de Frades, Vidigueira. De tal maneira que apenas são produzidos em anos que a qualidade foi muito acima da média e apenas são engarrafados em garrafa de litro e meio, vulgarmente chamado de magnum.

Cees de Bruin, o proprietário da Quinta do Quetzal, estava radiante. “Estou orgulhoso de apresentar os vinhos da família. Quando comecei a produzir, não acreditava que fosse possível atingir esta qualidade”. O orgulho é justificado, porque os dois vinhos apresentados são de facto muitíssimo bons. Foram introduzidos por Rui Reguinga, o enólogo consultor, que explicou como foram conseguidos: “já temos um bom histórico das vinhas e escolhemos as melhores uvas das melhores parcelas para os vinhos Familia”. A grande parte deste trabalho recaiu nas mãos de José Portela, o responsável de viticultura e enólogo residente. Portela está desde o início do projecto na Quinta do Quetzal (2003) e conhece por isso cada palmo dos 49 hectares de vinha aí existentes.

O branco, da colheita de 2014, foi feito com uvas de Antão Vaz, de uma parcela adquirida há alguns anos a um vizinho, coronel de profissão, e por isso a vinha ficou com esse nome. Tem quase 40 anos e está localizada na zona mais alta da quinta. O Antão Vaz daqui é por isso mais concentrado, mas também mais fresco. O mosto foi a fermentar com leveduras indígenas em barricas de 500 litros. Por ali ficou 18 meses, com battonage semanal. Depois foi a engarrafar e por lá dormiu dois anos.

Quanto ao tinto, da colheita de 2013, foi feito com uvas de Alicante Bouschet e Syrah. Rui Reguinga achou que o Alicante por si só não seria suficiente para fazer um grande vinho, com harmonia. Daí o Syrah, que trouxe notas de chocolate e especiarias. A vinha escolhida foi a que a equipa chama das Pedras, ao pé da adega. É uma terra pobre, muito pedregosa, e a vinha produz pouco, mas com boa qualidade. Na adega, Rui Reguinga optou mais uma vez pelo minimalismo, a começar pelas leveduras indígenas e macerações longas (6 semanas). O vinho estagiou dois anos em barricas de 500 litros.
Ambos os vinhos custam cerca de 65 euros a garrafa na loja da adega.

A apresentação decorreu na mesma altura em que o Quetzal festejou outra faceta importante do seu proprietário: a arte. A exposição “Mitos da Caverna – Espeleologia infinita)” foi inaugurada na mesma altura em que os Família foram oficialmente lançados. A exposição está patente no Quetzal e pode ser visitada até ao final de Março do próximo ano. Aproveite e almoce (ou jante, na sexta e sábado) no restaurante da quinta, dirigido pelo chef alentejano João Mourato. Pode fazer as suas reservas pelo site da casa: www.quintadoquetzal.com/
(texto de A. Falcão)