Vinhos Mula Velha ajudam Missão de Natal da AMI
Este ano, a marca Mula Velha, do Grupo Parras Wines, associa-se à Missão de Natal da Assistência Médica Internacional para ajudar 1904 famílias portuguesas em situação de vulnerabilidade económica, sinalizadas pelos Centros Porta Amiga. Esta acção da AMI consiste em formar cabazes de Natal para todas estas famílias, e o contributo da Parras Wines é […]
Este ano, a marca Mula Velha, do Grupo Parras Wines, associa-se à Missão de Natal da Assistência Médica Internacional para ajudar 1904 famílias portuguesas em situação de vulnerabilidade económica, sinalizadas pelos Centros Porta Amiga.
Esta acção da AMI consiste em formar cabazes de Natal para todas estas famílias, e o contributo da Parras Wines é feito da seguinte forma: nas 250 lojas Continente e Modelo Continente aderentes à campanha, por todo o país, quem comprar uma garrafa dos vinhos Mula Velha estará a doar para os cabazes da AMI. A iniciativa estará em vigor até dia 26 de Dezembro.
“Entre as várias marcas da Parras Wines, seleccionámos a Mula Velha para esta missão, porque é um dos vinhos mais presentes em momentos familiares em Portugal e lá fora. Foi pensada para o dia-a-dia e para comemorar datas especiais, e é lógico associá-la a iniciativas como a da AMI”, refere João Carriço, director comercial do Grupo Parras.
Chef João Sá celebra dois anos de SÁLA com jantar solidário
SÁLA é o restaurante do chef João Sá — situado na Rua dos Bacalhoeiros, Lisboa — que completa agora dois anos. Para celebrar o aniversário, o chef decidiu organizar um jantar solidário, no próximo dia 1 de Outubro, cuja receita reverterá totalmente a favor da associação Crescerbem. Esta é uma IPSS que trabalha em parceria […]
SÁLA é o restaurante do chef João Sá — situado na Rua dos Bacalhoeiros, Lisboa — que completa agora dois anos. Para celebrar o aniversário, o chef decidiu organizar um jantar solidário, no próximo dia 1 de Outubro, cuja receita reverterá totalmente a favor da associação Crescerbem. Esta é uma IPSS que trabalha em parceria com o hospital Dona Estefânia, no apoio a famílias e crianças em situação de vulnerabilidade social.
“Uma vez que o pediatra da minha filha trabalha no Hospital Dona Estefânia, e que as crianças hospitalizadas ou socialmente vulneráveis são grupos fortemente afetados pela conjuntura atual, quisemos apoiar a dedicação que a associação Crescerbem presta junto das inúmeras famílias que aqui recorrem”, explica João Sá.
Para reserva no jantar solidário, está disponível o número 218873045.
Fundação Eugénio de Almeida cria fundo financeiro para ajudar comunidade
Já não é a primeira nem a segunda vez que a Fundação Eugénio de Almeida (FEA) entra em cena para ajudar a comunidade. Sediada em Évora, a também produtora dos reconhecidos vinhos Cartuxa, EA ou Pêra-Manca acaba de constituir um Fundo Financeiro Extraordinário no valor de 600 mil euros, com o objectivo de minimizar os […]
Já não é a primeira nem a segunda vez que a Fundação Eugénio de Almeida (FEA) entra em cena para ajudar a comunidade. Sediada em Évora, a também produtora dos reconhecidos vinhos Cartuxa, EA ou Pêra-Manca acaba de constituir um Fundo Financeiro Extraordinário no valor de 600 mil euros, com o objectivo de minimizar os impactos negativos sentidos pelas pessoas, famílias e organizações sociais da sua região, promover o combate à pobreza e a inclusão social. Este fundo é constituído por capitais próprios da FEA e será aplicado ao longo do próximo ano.
Algumas das medidas do Fundo já estão em execução, como o fornecimento de refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade através da Cozinha Social e a doação de géneros alimentares ou o desenvolvimento de projectos de voluntariado. A fase de candidaturas para apoio social de emergência e apoio à comunidade artística já começou. A FEA é também conhecida pela sua ligação permanente às várias formas de arte. Mas também serão apoiadas organizações sociais, o empreendedorismo e a inovação, a área da educação e o combate ao desemprego.
Francisco Senra Coelho, Presidente da FEA, explica: “Com esta iniciativa, e como é sua missão, a Fundação Eugénio de Almeida dá um abraço solidário à comunidade; um abraço de esperança e coragem, um abraço de apoio concreto aos que dele precisam para ultrapassarem as dificuldades e retomarem o caminho de plena autonomia e projecto de vida”.
Rotary Club Curia Bairrada lança vinho Baga solidário
A Câmara Municipal de Anadia avançou com um programa de apoio às famílias necessitadas, em que pretende criar uma rede com diversas instituições solidárias, sendo o Rotary Club Curia Bairrada uma delas. Nascido numa região vinícola e com diversos membros eles próprios viticultores ou produtores, nada melhor do que um vinho de qualidade para ajudar […]
A Câmara Municipal de Anadia avançou com um programa de apoio às famílias necessitadas, em que pretende criar uma rede com diversas instituições solidárias, sendo o Rotary Club Curia Bairrada uma delas. Nascido numa região vinícola e com diversos membros eles próprios viticultores ou produtores, nada melhor do que um vinho de qualidade para ajudar a financiar projectos que auxiliam as muitas pessoas e famílias que na zona, e sobretudo após a crise económica provocada pelo covid-19, passam por muitas dificuldades.
Já em tempos o Rotary Club Curia Bairrada tinha engarrafado e comercializado um vinho com este propósito e o sucesso dessa iniciativa levou à sua retoma, agora mais necessária do que nunca. O vinho já aí está, chama-se Companheiros e é um Bairrada Grande Reserva tinto de 2015. Foi elaborado pelo enólogo Osvaldo Amado e para a conclusão deste objectivo colaboraram ainda várias pessoas e empresas: o designer Nuno Teixeira e a pintora Dina Lopes criaram a imagem do rótulo, e garrafas, rolhas, caixas, rótulos e cápsulas foram oferecidos pelas empresas Vidrala, Amorim, Olegário Fernandes, Alves e Alves e Portucap.
O vinho em si é um 100% Baga de superior qualidade, com todo o carácter da casta e da região e que usufruiu do estágio prolongado em barrica e garrafa. Vigoroso mas elegante, complexo e distinto, pode ser adquirido, ao preço de €50 (caixa com 2 garrafas) através do Rotary Club Curia Bairrada (rotarycuriabairrada@gmail.com) ou directamente nas Lojas da Rota da Bairrada. Ao comprá-lo, não apenas vai apreciar um belo Bairrada, como auxiliar uma causa meritória.
Projecto solidário Eu Apoio a Produção Nacional está cada vez maior
A plataforma Eu Apoio a Produção Nacional – que doa 10% das suas vendas aos hospitais públicos Santa Maria (em Lisboa) e São João (no Porto) – conta já com perto de 50 marcas portuguesas. Desde a moda aos vinhos, passando pela decoração, cerveja artesanal, gin, utilitários e produtos regionais, são muitos os produtores que […]
A plataforma Eu Apoio a Produção Nacional – que doa 10% das suas vendas aos hospitais públicos Santa Maria (em Lisboa) e São João (no Porto) – conta já com perto de 50 marcas portuguesas.
Desde a moda aos vinhos, passando pela decoração, cerveja artesanal, gin, utilitários e produtos regionais, são muitos os produtores que se unem neste projecto que pretende, além da componente solidária, contribuir para manter activas as empresas nacionais.
Na vasta lista, figuram nomes como Sogrape, Oliveira da Serra, José Maria da Fonseca, Licor Beirão, Boas Quintas, Quinta do Paral ou A&D Wines.
Lista de produtores:
- A Indústria
- A&D Wines
- Back to Basics
- Black Pig Gin
- Boas Quintas
- Catarina Martins Shoes
- Cerveja Letra
- Cerveja Mecânica
- Cerveja Quinas
- Chulé
- Companhia das Cestas
- CottonCityLisbon
- DARKSIDE Eyewear
- Ferral
- Gravityº Dance Goods
- HLC
- HUPA Shoes
- Impetus
- Isto.
- Joana Mota Capitão Jewellery
- José Maria da Fonseca
- Krv Kurva
- Letra
- Licor Beirão
- Licor Orangea
- Maria Góis
- Martine Love
- Missus
- Noogmi
- Oliveira da Serra
- Orikomi
- Plus351
- Praceta Lisboa
- PURE beloved by nature
- Quinta do Paral
- Sabores Altaneiros
- Sanjo
- Sofia Simões Jewellery
- Sogrape
- Sovina
- Sul
- Susana Barbosa Jewellery
- Tomaz Design
- Topázio 1874
- Victória Handmade
Enoteca Cartuxa tem nova Cozinha Social temporária
A Fundação Eugénio de Almeida, com sede em Évora, criou uma Cozinha Social na sua Enoteca Cartuxa, com o intuito de assegurar as necessidades básicas de alimentação dos mais vulneráveis desta cidade. Assim, a empresa pretende contribuir de forma assertiva para minimizar os impactos sociais e económicos negativos causados pela pandemia do novo coronavírus. A […]
A Fundação Eugénio de Almeida, com sede em Évora, criou uma Cozinha Social na sua Enoteca Cartuxa, com o intuito de assegurar as necessidades básicas de alimentação dos mais vulneráveis desta cidade. Assim, a empresa pretende contribuir de forma assertiva para minimizar os impactos sociais e económicos negativos causados pela pandemia do novo coronavírus. A nova Cozinha Social está a funcionar desde 27 de Abril, fornecendo, diariamente e gratuitamente, duas refeições – compostas por sopa, prato principal e sobremesa – a pessoas e famílias que se encontram em situação vulnerável. Tem capacidade para prestar 200 refeições por dia, o que equivale a mais de 6 mil por mês.
De carácter temporário, a Cozinha Social será mantida em funcionamento “enquanto for necessário”, diz a Fundação em comunicado de imprensa. Francisco Senra Coelho, presidente do Conselho de Administração da Fundação Eugénio de Almeida, acredita que as refeições que partilham solidariamente “podem ajudar cada pessoa a encontrar força e confiança no futuro”.
Esta iniciativa insere-se noutra já criada pela Fundação Eugénio de Almeida, a #FundaçãoConsigo, que abrange projectos sociais, educativos, culturais e solidários.
Sogrape apoia comunidade em várias frentes
Para dar resposta às dificuldades criadas pela pandemia mundial, a Sogrape desenvolveu um conjunto de iniciativas de apoio directo à comunidade, desde a produção de álcool-gel a programas solidários. Luís Sottomayor (na foto, de máscara), enólogo responsável pelos vinhos do Douro na Sogrape, nomeadamente pelo incontornável Barca-Velha, lidera a equipa que nos últimos dias trocou […]
Para dar resposta às dificuldades criadas pela pandemia mundial, a Sogrape desenvolveu um conjunto de iniciativas de apoio directo à comunidade, desde a produção de álcool-gel a programas solidários.
Luís Sottomayor (na foto, de máscara), enólogo responsável pelos vinhos do Douro na Sogrape, nomeadamente pelo incontornável Barca-Velha, lidera a equipa que nos últimos dias trocou as garrafas de vinho, rótulos e rolhas para se dedicar à produção de uma solução desinfectante de base alcoólica a 70%.
Elaborada a partir de aguardente vínica, a Sogrape doou cerca de 25 mil litros desta solução para apoiar os profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à Covid-19. Este donativo foi entregue a várias instituições e unidades hospitalares, nomeadamente, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Bombeiros Voluntários de Avintes, Hospital de Campanha do Porto – Pavilhão Rosa Mota, Hospital São João, Hospital Santo António, Hospital de Aveiro, Cruz Vermelha Portuguesa, lar Dona Antónia Adelaide Ferreira, na Régua, IPO Lisboa, entre outros.
Além desta iniciativa própria, a Sogrape e outros produtores do sector mobilizaram-se, através da Associação das Empresas de Vinho do Porto, para produzir 55 mil litros desta mesma solução antisséptica de base alcoólica. Neste âmbito, a solução preparada pela Sogrape destina-se ao IPO Porto e ao Hospital de Braga.
A Sogrape respondeu também ao apelo da Centromarca (Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca) para efectuar um donativo com vista a equipar três hospitais (Santo António no Porto, Hospital Universitário de Coimbra e Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, que integra os Hospitais de Santa Maria e Hospital Pulido Valente) com salas de pressão negativa, fundamentais no tratamento dos doentes infectados com o novo coronavírus.
O show solidário “Só, mas bem acompanhado”, que decorreu no Instagram e que teve como principal objectivo a angariação de fundos para a Cruz Vermelha Portuguesa, foi mas uma das acções da empresa. O valor angariado pela iniciativa “Só, mas bem acompanhado” permitirá à Cruz Vermelha Portuguesa adquirir e doar a Hospitais e técnicos de saúde equipamentos de protecção individual – como máscaras, fatos protectores e gel desinfectante –, material médico – como testes à Covid-19 e medicação –, e ainda dar resposta a diversas necessidades logísticas, como transporte de doentes, manutenção das Unidades de Campanha Hospitalares, entre outras necessidades. Para além do valor angariado, esta iniciativa deu um apoio precioso ao sector cultural, que tem sido dos mais fustigados pelo confinamento social.
Associação Bagos d’Ouro: A fintar destinos de uma região
Há dez anos houve alguém que olhou para o Douro e viu o que muito pouca gente vê. Esse alguém resolveu fazer a diferença e criar a Associação Bagos d’Ouro, transformando a vida de muitas crianças e jovens. TEXTO Mariana Lopes FOTOS Bagos d’Ouro Quando nos lembramos do Douro, o que vemos? As bonitas e […]
Há dez anos houve alguém que olhou para o Douro e viu o que muito pouca gente vê. Esse alguém resolveu fazer a diferença e criar a Associação Bagos d’Ouro, transformando a vida de muitas crianças e jovens.
TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Bagos d’Ouro
Quando nos lembramos do Douro, o que vemos? As bonitas e verdejantes encostas de vinha em patamares que acabam num rio que, com o sol da manhã reflectido, proporciona uma das mais incríveis visões do nosso país. De quando a quando, as tabuletas e pedaços de muro que, à maneira hollywoodesca, ostentam os nomes das prósperas quintas produtoras de vinho, do Porto e “de mesa”, negócio que movimenta milhões e que leva o nome de Portugal para os mais distantes locais do Mundo. É verdade que tudo isto faz parte do Douro, mas a realidade social que esta região encerra em si, longe dos olhos menos atentos e mais estrangeiros ao vale, é muito mais obscura. Predominantemente rural e com graves problemas socioeconómicos, o Douro tem um índice de envelhecimento da população elevadíssimo que, em 2015 e segundo o INE, atingia o valor 203.2 (quociente entre o número de pessoas com 65 anos, ou mais, e o número de pessoas entre os 0 e os 14 anos). Este factor está directamente relacionado com uma grande taxa de analfabetismo na região, que representa aqui 8.64% (dado de 2014, comparável aos 5% da Região Norte do país e 5.2% de Portugal Continental). Naturalmente, isto leva a que haja um nível relevante de desvalorização escolar por parte dos pais e encarregados de educação, relativamente aos seus filhos e educandos. Estes problemas, juntamente com outros factores latentes, como o alcoolismo, a violência doméstica e o desemprego (em 2016 e segundo o IEFP, das 200.792 pessoas desempregadas no Norte, 6.5% cabiam ao Douro), chamaram a atenção de Luísa Amorim, administradora da duriense Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Em conversas com o Padre Amadeu Castro, de São João da Pesqueira, surgiu a vontade de agir, de fazer algo sustentável pelas crianças e jovens do Douro, muitos deles com um enorme e desaproveitado potencial. Nasceu assim, em 2010, a Associação Bagos d’Ouro, uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) que começou com uma equipa profissional de apenas duas pessoas, que trabalhava com dez famílias: cinco em Sabrosa e cinco em São João da Pesqueira. Actualmente já são nove os profissionais, ajudados por muitos voluntários, a mudar a vida de 145 crianças e jovens, de mais de 80 famílias em seis concelhos.
O processo
Mas o que faz, na verdade, a Bagos d’Ouro, e como actua? Inês Taveira, jurista de formação e Coordenadora Geral da Associação, elucida que esta “tem foco na educação, mais do que em todas as outras áreas que a Bagos d’Ouro toca por consequência, acompanhando o percurso educativo e pessoal de cada criança, desde o primeiro ano da escola primária até à integração na vida activa”. Antes de se incluir na causa, Inês trabalhava no mundo da política, e não trocava o que agora faz por nada. No dia a dia, tem Mafalda Ferrão, psicóloga e Coordenadora Social da Bagos, como um dos seus braços direitos, que nos explica como tudo se processa. “Quando há lugar para novas crianças ou jovens, procedemos à sinalização, trabalhando com a rede social do concelho em questão, ou seja, com as entidades que respondem aos problemas sociais”, expõe Mafalda. A ligação faz-se, predominantemente, com a escola e é ela que abre a porta à associação e onde esta mais actua. Quando uma contacta a outra, são os professores (já munidos de ferramentas como, por exemplo, questionários específicos) que partem para a identificação das crianças que, sendo de famílias em situação de fragilidade financeira ou social, possam ver na Bagos d’Ouro uma oportunidade para construir um bom projecto de vida. “Ir mais longe do que iriam sem a retaguarda da Bagos”, diz a psicóloga. Depois, é já dentro da associação que se faz uma triagem para apurar quais os indivíduos identificados que mais cumprem os critérios, sendo os principais a carência económica, poucas oportunidades educativas e família com muito baixa escolaridade. Se forem mais velhos, são considerados os jovens que tenham uma muito boa prestação escolar, mas que a família não tem capacidade para lhes dar oportunidades educativas. De seguida, a equipa da Bagos d’Ouro vai a casa da criança ou jovem fazer a sua avaliação que, posteriormente, leva à elaboração de um parecer. É a direcção (encabeçada por Luísa Amorim), que toma a decisão final. Inês Taveira desenvolve, acrescentando que “É um trabalho muito presencial, quer na escola quer em casa, ao qual chamamos de ‘trabalho de proximidade’, pois só assim se podem encarar projectos de vida”. As sessões de atendimento individuais fazem-se, de modo geral, na escola, e os profissionais que estão responsáveis por casa concelho (um por cada) vivem no Douro e estão mais presentes, fisicamente. As visitas domiciliárias, por sua vez, acontecem de dois em dois meses, para que não se perca o envolvimento da família.
O Compromisso
“Honramos o nosso vínculo com as crianças e jovens, e eles connosco, através de um documento, o Compromisso”, conta Mafalda Ferrão. Nele, as crianças definem e deixam escrito os seus objectivos e metas, quer seja subir as notas, integrar uma oportunidade educativa diferente, entrar no Inglês ou nos Escuteiros, ou integrar um voluntariado, por exemplo. Este documento é assinado pelas duas partes, a criança/jovem e o técnico, e vai sendo monitorizado ao longo do tempo. “No fim do ano, o Compromisso é avaliado e fazemos uma cerimónia de entrega de diplomas e prémio de mérito. Não é obrigatório ter ‘nota 5’ a tudo para receber um diploma de Ouro, por exemplo. Pode ser um aluno de 3 que cumpriu todos os seus objectivos, ou um aluno que melhorou a Inglês de 2 para 3. Os de prata implicam que o aluno tenha cumprido 70% dos seus objectivos. E os que não cumpriram, levam um ‘puxão de orelhas’”, disse Mafalda, rindo.
Uma das dinâmicas mais interessantes da associação é a sinergia que está a começar a verificar-se, entre mais velhos e mais novos, no que toca a explicações e ajuda no estudo. A Mafalda explica: “Estamos a desenvolver isso porque muitas vezes, principalmente nos mais pequenos, há falta de estímulo em casa e eles não fazem, por exemplo, os trabalhos de casa. A relação um-para-um é também muito importante a nível humano e afectivo, e quem já passou pelo mesmo consegue incutir interesse no mais novo. Quase como se fossem irmãos mais velhos”, afirma.
Os parceiros
Mas algo essencial e, na verdade, condição para que a Bagos d’Ouro possa subsistir, são os parceiros desta instituição. Além dos locais, já referidos, a associação tem outros, muitos deles ligados ao vinho, produtores do Douro que ajudaram a instituição a nascer. Hoje, já são 21 (lista completa em bagosdouro.com), e este número continua a crescer. “São empresas que estão familiarizadas com o território e que de lá retiram a sua riqueza, sentindo-se responsáveis por devolver”, revela Inês Taveira. O apoio é feito financeiramente, mas também em espécie. Com eles, a Bagos d’Ouro organiza iniciativas como as Wine Party, onde estes produtores dão a provar os seus vinhos, ou provas solidárias, às quais as empresas fornecem o vinho e o staff.
Também há toda uma panóplia de parceiros de outras áreas, como a escola de Inglês Wall Street, que fornece uma bolsa para cada jovem frequentar os cursos desta língua. Inês confessa: “Sem os parceiros, tanto da área do vinho como de muitas outras, apoiando em espécie, financeiramente ou em ambos, o nosso trabalho seria inviável, até porque as necessidades não param de crescer”, expõem a coordenadora.
A campanha Amigo é, por exemplo, uma das formas pelas quais as pessoas individuais, ou colectivas, podem ajudar uma determinada família com apoio educativo e social. “O valor oferecido pela pessoa é canalizado para aquela família e vamos dando feedback sobre os desenvolvimentos de quem se está a ajudar, no final de cada período escolar. Sejam conquistas ou dificuldades”, elucida Mafalda Ferrão. A Bagos d’Ouro tem tido grande sucesso na sua intervenção mas, por vezes, há dificuldades no processo. A psicóloga desabafa: “Temos crianças com famílias bem estruturadas e que apoiam muito, apenas tendo dificuldades económicas, mas também temos crianças oriundas de famílias com menos estruturação. Há alturas em que um lado puxa para cima e o outro puxa para baixo, em que de repente tudo o que fizemos volta para trás. No entanto, a nossa linguagem é sempre de força e não de fragilidade”.
Os resultados
Ana Catarina tem 25 anos, é de Sabrosa e foi das primeiras alunas da Bagos, tendo começado em 2012, na transição do ensino secundário para o superior. Foi sinalizada como uma jovem do 12º ano com uma enorme capacidade, para quem a Bagos poderia ser uma retaguarda. Sempre quis prosseguir alguma investigação científica, e entrou na UTAD (em Vila Real) em Genética e Biotecnologia. Fez mestrado em Oncologia, no Porto, no IPO. Entretanto interessou-se ainda mais pela área clínica, por ter lidado com ela durante o mestrado, e está hoje a tirar a sua segunda licenciatura, Medicina. Quer exercer e, em simultâneo, fazer investigação. Também ela, outrora, assinou o Compromisso, onde colocou objectivos como fazer voluntariado na Cruz Vermelha e integrar o curso de Primeiros Socorros, ou aprender inglês. Ana sempre foi muito cumpridora dos compromissos e muito ambiciosa. Mafalda Ferrão confessa, feliz: “Alguns objectivos que a Catarina colocava no Compromisso eram até para nós bastante desafiantes, tal era a sua ambição”. Talvez por isso tenha chegado onde chegou. “Chegaria sempre longe, mas com a nossa ajuda chegou ainda mais longe e não deixou objectivos de vida pelo caminho”, afirma a coordenadora social.
“O meu concelho é dos menos isolados comparando com os outros em que a Bagos está presente. Mesmo assim, é difícil frequentar a faculdade pois os transportes públicos são praticamente inexistentes”, diz Ana Catarina. “Os meus pais têm ambos o quarto ano, uma escolaridade muito baixa. Sempre trabalharam no campo e, apesar de me terem incentivado e de eu ser uma boa aluna, quando fui para a faculdade o meu pai ficou desempregado. Eu tinha uma bolsa de mérito, mas mesmo assim não era suficiente para as propinas, as necessidades diárias e o alojamento em Vila Real. A Bagos foi fundamental, desde os estágios que me ajudou a angariar, passando pelo curso na Wall Street até contactos com professores que apostaram em mim, entre outras coisas”.
Ana Catarina conta que hoje, no Douro, a generalidade dos pais já está mais escolarizada, mas ainda há muitas dificuldades gritantes como, por exemplo, famílias que não têm electricidade ou mesmo água. “Foi muito a minha realidade mas, infelizmente, ainda acontece”. E desenvolveu, dizendo que “O grande desafio é fazer os jovens bem-sucedidos na sua formação académica quererem ficar ou regressar ao Douro, para ajudar a desenvolvê-lo, criar empresas, postos de trabalho, potenciar uma região com muito para dar. Eu vejo-me a voltar e a ter uma relação de proximidade, a nível da Saúde, com os durienses”.
Hoje, a Bagos d’Ouro já não precisa de intervir na vida de Ana Catarina com o fazia, porque já está “lançada”, mas a Associação nunca se afasta completamente, nem os ex-alunos o fazem. O contacto continua e Ana Catarina está agora, inclusive, a começar o seu papel na equipa da Bagos d’Ouro.
Já são cinco os jovens que integraram com sucesso a vida activa. Inês tirou Psicologia em Coimbra e regressou a São João da Pesqueira, estando a trabalhar na Santa Casa da Misericórdia. Raquel licenciou-se em Direito e está a trabalhar num cartório notarial. Leonardo licenciou-se em Literatura Clássica e está a acabar agora o mestrado, tendo começado a estagiar, já profissionalmente, na Fundação Amália Rodrigues, em Lisboa. “Ele quer muito regressar ao Douro”, disse Mafalda “então estamos a tentar encontrar uma oportunidade profissional para ele, lá”. E Inês Taveira desabafou que “Deveria haver mais incentivos para que os jovens voltassem para o Douro, a sua região de origem, para que esta se finalmente se desenvolvesse. Mas há muito poucos”. Andreia é psicóloga e está, também ela, numa IPSS, em Bragança. “Quando começámos com as primeiras 10 famílias, ninguém sabia ao certo o que iria acontecer nem como iria ser o nosso trabalho. Eramos quase bombeiros, andávamos de casa em casa”, conta Mafalda. “Por isso, é muito engraçado vê-los já assim”.
Os números do impacto da Bagos d’Ouro falam por si: 89% de taxa de sucesso escolar; 84% dos Compromissos foram cumpridos; 64% de crianças e jovens com desempenho escolar entre Bom, Muito Bom e Excepcional; e 72% dos alunos subiram ou mantiveram a média global anual. “Se tivéssemos mais tempo, faríamos ainda mais. Esta equipa faz o que for preciso, seja coordenar a associação, abrir pães ou ir buscar bacalhau. E fazemos tudo isto muito felizes”, afirma Inês Taveira. Quando questionada sobre que apelo quereria deixar, concluiu que “O que nós mais pedimos é que as pessoas falem da Bagos d’Ouro. Lembrarem-se de nós, por exemplo na altura da consignação do IRS, que é uma fonte de receita e não há qualquer prejuízo para as pessoas. Se possível, tornarem-se Amigo da Bagos d’Ouro ou voluntários e, muito importante, darem-nos voz, quer seja num evento vínico ou de outra forma, permitindo-nos apresentar e passar a nossa mensagem”. Precisam de fundos, é certo, mas há várias maneiras de ajudar que não implicam bens materiais. “Gostávamos que um dia o trabalho da Bagos d’Ouro deixasse de fazer sentido. Isso seria sinal de que a situação social do Douro teria melhorado muito”, confessa. No entanto, a dificuldade no Douro é permanente, pois continua a ser uma região muito pobre. “É mais isolada, e o isolamento físico traz também o psicológico. Vão sempre existir famílias e jovens para ajudar. Discute-se muito a questão da mão-de-obra e da falta dela e, realmente, se nada for feito vamos ter um grande êxodo de jovens, o que agravará ainda mais a situação”.
Uma coisa é certa, iniciativas como a Bagos d’Ouro têm o poder de ser pontos de viragem para a transformação de toda uma região. E é de louvar a coragem de quem dá o “pontapé de saída”.
Edição nº 34, Fevereiro de 2020