Adega de Vidigueira recebe três selos de segurança e higiene

A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito decidiu submeter o seu Enoturismo à avaliação de três entidades competentes na área da segurança, higiene e limpeza: Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Turismo de Portugal e World Travel & Tourism Council. Para que os visitantes se sintam seguros, o produtor anuncia agora que […]

A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito decidiu submeter o seu Enoturismo à avaliação de três entidades competentes na área da segurança, higiene e limpeza: Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Turismo de Portugal e World Travel & Tourism Council. Para que os visitantes se sintam seguros, o produtor anuncia agora que foi bem sucedido e recebeu os três selos respeitantes a estas entidades, nomeadamente o “Certificado de Compromisso com o Destino Seguro e Sustentável”, “Clean & Safe” e “Safe Travels”.

Com a segurança dos seus colaboradores em mente, a Adega criou ainda um Guia de Recomendações Vindimas 2020, com medidas especificas que já estão a ser implementadas e que vão de encontro às recomendações da DGS, para que se garantam as condições necessárias à proteção de saúde de todos os intervenientes na vindima de 2020.

José Miguel Almeida, Presidente da Adega, refere que “esta é uma época do ano muito movimentada, os associados trazem as suas uvas e os visitantes gostam de observar a entrega e descarga. Sempre foi uma altura que implica cuidados específicos com as pessoas que se encontram dentro dos nossos espaços, fossem internas ou externas. E com a pandemia que surgiu, recebermos as três distinções que nos caracterizam como um destino seguro e sustentável é um reflexo de todos os cuidados que a Adega demonstra ter com todas as pessoas que circulam dentro dos seus espaços, e é também mais uma garantia de segurança para todos os que nos visitam”.

vinho da casa #34 – Quinta do Paral Vinhas Velhas tinto 2017

vinho da casa #23 – Herdade do Rocim Touriga Nacional rosé 2019

vinho da casa #18 – Paço dos Infantes Antão Vaz branco 2019

Anna Jorgensen assume chefia na enologia e na gestão de Cortes de Cima

O pai é dinamarquês e a mãe americana, mas Anna Jorgensen já nasceu em Portugal, depois dos pais assumirem as suas planícies alentejanas como base para formar família e erguer um projecto de grande valor, Cortes de Cima, na Vidigueira. Tendo viajado pelo mundo do vinho – Austrália, EUA, França e Nova Zelândia – para […]

O pai é dinamarquês e a mãe americana, mas Anna Jorgensen já nasceu em Portugal, depois dos pais assumirem as suas planícies alentejanas como base para formar família e erguer um projecto de grande valor, Cortes de Cima, na Vidigueira. Tendo viajado pelo mundo do vinho – Austrália, EUA, França e Nova Zelândia – para adquirir experiência e conhecimento, ganhou uma paixão especial pelo conceito de terroir e pela sustentabilidade, valores que agora aplicará na sua nova aventura: a direcção geral, de enologia e de viticultura da empresa que a viu crescer.

Em comunicado, a Cortes de Cima assume que foi “uma transição natural e há muito programada, onde saem reforçados os valores e pilares da família Jorgensen”.

Já Anna declara que o seu “intuito será sempre respeitar a natureza, trabalhar com ela e nunca contra ela. Criar e cultivar um ecossistema resiliente e equilibrado deve ser feito através da promoção da biodiversidade e da policultura”. Anna trabalhará com uma equipa experiente, com muito anos de experiência de casa.

No que toca ao futuro próximo, a Cortes de Cima pretende, num projecto liderado e impulsionado por Anna, converter toda a vinha para modo de produção biológico, algo “que já está em curso e numa fase bastante adiantada”.

Depois de 20 anos sob a liderança da dupla Carrie e Hans Jorgensen, pais de Anna, é a enóloga que agora se “chega à frente”, naquele que representa o início de uma nova era de Cortes de Cima.

Mariana Lopes

Está online o leilão de beneficência da Cortes de Cima (e vale a pena)

A Cortes de Cima, produtor alentejano da Vidigueira, acaba de iniciar, por iniciativa de Anna Jørgensen – que agora assume os comandos do projecto criado pelos pais Hans e Carrie – um leilão online com um pack de vinhos exclusivo. O objectivo é ajudar a Associação de Beneficência de Selmes e Alcaria, vizinha da herdade. […]

A Cortes de Cima, produtor alentejano da Vidigueira, acaba de iniciar, por iniciativa de Anna Jørgensen – que agora assume os comandos do projecto criado pelos pais Hans e Carrie – um leilão online com um pack de vinhos exclusivo. O objectivo é ajudar a Associação de Beneficência de Selmes e Alcaria, vizinha da herdade.

O pack, de vinhos raros e de cariz premium, inclui 11 garrafas, entre elas o primeiro Cabernet Sauvignon e o primeiro Cortes de Cima Reserva produzidos, um branco premiado e o Incógnito 2012 em garrafa de 3 litros. Fazem ainda parte desse conjunto duas referências de 2011, um ano excelente para a região e para o país.

A base de licitação começou nos 950 euros e o leilão terminará dia 14 de Maio às 23h59. Toda a receita reverterá a favor da associação referida.

Consulte todos os vinhos a leilão e/ou licite aqui.

Grande Rocim em versão branco

Grande Rocim Branco 2018

TEXTO Luis Lopes A Herdade do Rocim acaba de estrear no mercado o Grande Rocim branco, da vindima de 2018, apresentado online pela dupla Catarina Vieira/Pedro Ribeiro. Tal como acontece com o Grande Rocim tinto, topo de gama da casa, o conceito passa por escolher a melhor casta de cada ano e, dentro desta, as […]

TEXTO Luis Lopes

A Herdade do Rocim acaba de estrear no mercado o Grande Rocim branco, da vindima de 2018, apresentado online pela dupla Catarina Vieira/Pedro Ribeiro. Tal como acontece com o Grande Rocim tinto, topo de gama da casa, o conceito passa por escolher a melhor casta de cada ano e, dentro desta, as melhores barricas. Para este primeiro Grande Rocim branco, a eleita foi a Arinto. Até agora, a versão tinto tem sido feita, em todas as vindimas, com base na mesma casta, Alicante Bouschet, mas, segundo Pedro Ribeiro, nada garante que isso venha a acontecer com o branco da mesma marca.

No entanto, dada a “enorme consistência de qualidade” (palavras de Catarina Vieira) das uvas de Arinto oriundas da parcela com 20 anos de idade existente no Rocim e, acrescento eu, o facto de já existir na casa um 100% Antão Vaz de primeira linha (Olho de Mocho Reserva), a probabilidade de os próximos Grande Rocim continuarem a ser feitos de Arinto é bastante elevada.

Catarina e Pedro revelam que desde que começaram a pensar este vinho quiseram um branco de perfil mais leve, pensado num estilo que privilegiasse a elegância, mineralidade e frescura, mas sempre com potencial de longevidade. Escolhida a parcela de Arinto, num afloramento granítico, apesar da heterogeneidade de maturação e acidez das uvas entre a zona mais baixa e a cota mais alta, esta foi vindimada em conjunto, no sentido de se obter o melhor equilíbrio entre corpo e frescura. No final, o mosto ficou com 12,5% de álcool provável e 6,3 g/l de acidez, valores que revelam bem o enorme potencial da casta Arinto nestas terras da Vidigueira (e no Alentejo em geral…).

Após 12 horas de maceração na prensa, aproveitou-se apenas o mosto de lágrima (sem aperto) que iniciou a fermentação em cubas de cimento e terminou em barricas novas e usadas. Seguiu-se um estágio de 16 meses em 20 barricas, tendo sido escolhidas apenas as três melhores para o lote final. O resultado é um Arinto de excelência, de enorme expressão, precisão e finura, verdadeiro hino à casta e à região.

Talhas, grandes horizontes e muito mais

A Vidigueira é uma daquelas terras a que associamos imediatamente o universo do vinho. A tradição secular das talhas e a concentração de produtores de renome fazem deste pequeno concelho do Alentejo um destino incontornável para quem gosta de enoturismo. Mas há muito mais para descobrir, desde a história às grandes paisagens, passando, claro, pela […]

A Vidigueira é uma daquelas terras a que associamos imediatamente o universo do vinho. A tradição secular das talhas e a concentração de produtores de renome fazem deste pequeno concelho do Alentejo um destino incontornável para quem gosta de enoturismo. Mas há muito mais para descobrir, desde a história às grandes paisagens, passando, claro, pela gastronomia.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Gomez

Não é preciso procurar muito na Vidigueira para darmos de caras com nomes conhecidos do universo vitivinícola português. A bem dizer, eles estão, praticamente, ao virar de cada esquina ou curva da estrada. Mesmo num país onde o vinho é praticamente omnipresente no universo rural, este concelho do distrito de Beja – bem como os que o rodeiam: Portel, Moura, Serpa, Beja e Cuba – exibe uma concentração quase imbatível de produtores de renome. E, num Alentejo que não existia como região oficial até 1989, a Vidigueira oferece ainda o bónus de um passado repleto de tradições no sector.

Faz-se vinho no Alentejo desde tempos imemoriais. Quando se deu a colonização romana já as vinhas faziam parte da cultura e da paisagem da região, mas a influência do mais poderoso império da época moldou a realidade do vinho alentejano. Para o comprovar, temos a cultura secular das talhas, uma tradição que nunca morreu e que agora ganha uma popularidade muito especial. A Vidigueira e, especialmente, a sua freguesia (até 1854 sede do concelho) de Vila de Frades são consideradas as capitais nacionais do vinho de talha.

A este passado juntam-se a influência da serra do Mendro, cujos 412 metros de altitude podem até parecer irrelevantes, mas não são. A influência da geografia proporciona noites mais frescas do que noutras regiões do Alentejo, pormenor fundamental na definição do perfil dos vinhos da terra. A Vidigueira é terra de brancos, berço da casta Antão Vaz – e, mais uma vez, poucas terras em Portugal serão tão imediatamente associadas a uma variedade de uva como acontece por aqui.

O resultado desta receita de história, geografia e dedicação humana é uma paisagem singular: por aqui, ao contrário do que é regra no Alentejo, a paisagem agrícola divide-se em pequenas parcelas – e uma percentagem elevada deste minifúndio está ocupada com vinha. Quando, nas últimas décadas do século XX, o interesse pelos vinhos do Alentejo ganhou balanço, a Vidigueira estava pronta e na linha da frente, despertando o interesse de produtores de renome vindos de fora e consagrando os que por lá estavam e investiram no mercado.

Hoje, com a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito a manter o estatuto de maior produtor (cerca de 8 milhões de garrafas/ano), a lista de empresas presentes na zona é extensa e notável: Herdade do Peso, Quinta do Quetzal, Paulo Laureano, Ribafreixo. Herdade Grande, Herdade do Sobroso, Cortes de Cima, HMR… E muitos outros, deixando de fora da lista também os que, ficando nas imediações, não se encontram administrativamente no concelho da Vidigueira. Mas que ajudam a compor um leque impressionante de opções de visita.

De copo na mão e sentidos bem despertos, rumemos então à terra que adoptou Vasco da Gama e onde viveram os antepassados de Luís Vaz de Camões. Diz-se até que a casta Antão Vaz tem o nome do avô do poeta…

A Herdade do Rocim fica entre Cuba e a Vidigueira, mas administrativamente está situada no primeiro destes concelhos alentejanos. O projecto nasceu em 2000, com a aquisição da propriedade, a renovação das vinhas (actualmente, são 70 hectares, maioritariamente de uvas tintas) e a construção de uma moderna adega, concluída em 2007 e concebida arquitectonicamente para ter impacto quase nulo na paisagem, mas com espaço e condições de trabalho de grande qualidade. Duas décadas depois do primeiro acto, o Rocim afirma-se como produtor de referência e como destino enoturístico de excelência.

Percorrendo a estrada entre a Vidigueira e Cuba, a adega nem sequer é a primeira coisa que nos chama a atenção. Na verdade, o olhar fica preso do outro lado da estrada, onde uma vinha se agarra à encosta abrupta, visão tão pouco usual no Alentejo. A seguir damos com o portão e entramos no complexo da adega, primeiro passando por um lago e depois percebendo as linhas esguias e discretas do edifício no alto do morro. Entramos para o pátio interior, onde a água escorre numa cascata de degraus, há plantas que crescem do chão e descem dos pátios e vastas superfícies vidradas amenizando as paredes de betão. Acedemos então ao wine-bar, espaço arejado e de decoração moderna onde podemos provar os vinhos da casa e dar uma facada na dieta com os petiscos regionais.

Dali passaremos à adega, que abrangemos de cima quando caminhamos pelo corredor panorâmico com uma enorme janela em vidro. Lá dentro, a meio do espaço, um pátio metálico octogonal que facilita os trabalhos e nos traz um visual industrial de grande elegância. Noutra zona, passamos por uma adega antiga, com as inevitáveis talhas de barro (o Rocim organiza anualmente o Amphora Wine Day, evento que reúne produtores, críticos e apreciadores dos vinhos de talha). Mais um corredor e estamos na sala das barricas, depois passamos na sala polivalente (destinada a eventos de empresas e, também, a cerimónias particulares – considerada uma Design Winery, a adega do Rocim é também muito procurada para casamentos).

Mas se a visita pelo interior tem muitos aspectos interessantes e surpresas pelo caminho, não há nada como voltar a subir as escadas junto à cascata e virar para o pátio panorâmico. O dia está fresquinho, mas ensolarado. À nossa volta há vinhas e olival a perder de vista, mesmo em frente o morro coberto de vinha parece desafiar a gravidade e transporta-nos para outras regiões do país. Encha-se o copo e a alma. Afinal, como dizia Fernando Pessoa, devidamente citado numa das paredes da adega, “boa é a vida, mas melhor é o vinho”.

[/vc_column_text][vc_column_text css=”.vc_custom_1588007346056{background-color: #efefef !important;}”]HERDADE DO ROCIM
Estrada Nacional 387, Cuba
Tel: 284 415 180
Mail: herdadedorocim@herdadedorocim.com
Web: www.rocim.pt
GPS: 38º 11’ 50.0”N | 7º 51’18.6”W
Visitas à adega entre segunda-feira e sábado, com 11 às 19h00, com a última a começar às 18h00. Encerra ao domingo. O preço varia entre os 8 euros e os 25 euros por pessoa, conforme a gama de vinhos a provar no final. Solicita-se marcação prévia nos casos de visitas com almoço – a ementa e os preços são sob consulta. Na loja podem encontrar-se os produtos da casa, mas também um conjunto de outros artigos, nomeadamente da Moleskine ou da Taschen.Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 3
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 18

Continuamos a fintar o magnetismo da vila da Vidigueira e contornamo-la pelo Sul, rumo ao concelho de Beja e às margens do rio Guadiana. Uma estrada de terra batida é quanto baste para percebermos que há novas paragens para descobrir e a expectativa não sai defraudada quando chegamos à Herdade do Vau. Um conjunto de casas recuperadas, bem como algumas construções antigas ainda em ruínas, também elas atraentes na sua harmonia e sensibilidade, paira num esporão rochoso, dominando a paisagem espantosa.

O rio corre lá em baixo, em curvas caprichosas por entre falésias, charnecas, vinhas, olivais e bosque. Sobreiros e azinheiras, sim, mas também pinheiros, na encosta defronte. Uma ou outra mancha branca no horizonte denuncia a presença humana, mas aqui a Natureza mantém a sua alma, selvagem e poderosa como as cheias súbitas do rio, em tempos que já lá vão. Os moinhos de água tipo igloo, de tectos redondos para resistirem à passagem das águas quando, antes de a barragem de Alqueva o “domesticar”, o Guadiana se inchava de maus humores na época das chuvas. O estranho fortim (ou posto aduaneiro) que controlava gentes e produtos que atravessavam o rio – esta era uma zona de passagem entre Sevilha e Beja e é por isso que estamos na Herdade do Vau – e que, também ele, foi concebido para ser “anfíbio”: não tem portas e o seu formato faz lembrar o desenho do casco de um navio.

Em 2006, a propriedade foi comprada e o seu novo dono recuperou construções e edificou outras para servir de casa de família aos fins-de-semana. Mas todo este espaço disponível acabou por ter pouco do uso originalmente planeado e deu origem a um hotel rural com 12 alojamentos (32 pessoas), zonas comuns de cativante beleza rústica, piscina, court de ténis, sala de refeições, sala de provas. A decoração dos quartos é minimal, não há televisão (mas há Internet) e se o interior é confortável e acolhedor, na verdade é lá fora que está o que mais interessa.

Passeamos pelas margens do rio, subimos a encosta por entre vinhas, apreciamos os novos olivais nas colinas em redor. Por todo o lado, o vigor e a força de uma paisagem natural pujante de biodiversidade. Voltamos a entrar, para um copo de vinho no pavilhão de caça, um antigo palheiro recuperado, voltamos a sair já de noite, o silêncio impressionante da vastidão, um céu a gritar de estrelas, as luzes distantes de Serpa lá ao fundo. Mas tudo isto são palavras e essas leva-as a brisa fresca de Inverno. A Herdade do Vau não se explica, sente-se.

HERDADE DO VAU HOTEL
Lugar Monte do Vau, Quintos, Beja
Tel: 911 793 446 | 966 052 219
Mail: na@herdadedovau.com
Web: www.herdadedovau.com
Os preços dos quartos começam nos 80 euros (Twin) e vão até aos 170 euros da casa para três pessoas e aos 165 da casa para quatro pessoas. Mediante marcação, organizam-se visitas à vinha (7,5 euros por pessoa) e provas de vinhos (15 euros). Os hóspedes devem contactar o pessoal do hotel caso desejem realizar outras actividades, em parceria externa.Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2
Venda directa (máx. 3): 2
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5

O roteiro termina, como se impunha, no epicentro desta mancha vitivinícola, a vila da Vidigueira. Nas margens do núcleo urbano ficam as instalações da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, um gigante cujo nome denuncia desde logo a sua vocação agregadora de produtores de vários concelhos. E o enoturismo é cada vez mais uma face dessa missão de locomotiva do sector na região.

Quem antes visitasse as instalações já podia ficar a conhecer a adega, a loja e a adega das talhas, mas 2019 marcou um reforço da aposta nesta actividade turística, com a inauguração da Casa das Talhas. E assim nasceu um espaço multifuncional, que permite enriquecer o percurso da visita, mas também receber eventos e servir de embaixada da gastronomia local e dos vinhos de talha.

O salão é espaçoso, com bar e zona de exposição (lá estão as talhas, claro, bem como alfaias agrícolas e um recanto onde podemos ficar a conhecer os vinhos da casa, com a ajuda de ecrãs tácteis) rodeando as mesas, onde se provam vinhos e se apreciam refeições. Confeccionadas na cozinha adjacente, mas pelos chefes de restaurantes locais que cada um entenda convocar para o seu evento. Madeiras claras e escuras, bancos rústicos de troncos, chaminé tradicional, um enorme ecrã de vídeo e a presença solene das grandes talhas de barro compõem o cenário.

Por baixo da Casa das Talhas foi criado o percurso Vasco da Gama. O navegador nasceu em Sines, mas tornou-se Conde da Vidigueira e é uma figura incontornável na história da vila. Primeiro passamos pelos grandes depósitos em cimento (são 101 ao todo), a seguir percorremos um corredor que nos leva às barricas velhas (onde repousam aguardentes), à vetusta caldeira a lenha e aos alambiques. Depois ficamos a conhecer a Sala 1498, data que marca o ano da chegada da armada de Vasco da Gama à Índia e dá nome ao vinho mais ambicioso da casa, o 1498 Grande Reserva tinto 2014, do qual se fizeram exactamente 1498 garrafas. Muitas delas estão aqui, umas já vendidas e com o nome do proprietário no rótulo, outras ainda não. Numa das paredes, um planisfério em relevo fala-nos da portuguesa vocação de dar novos mundos ao mundo.

Mais ao fundo, a nave das barricas novas, com um espaço destinado a eventos mais reservados, a Sala Vasco da Gama, gradeamento à volta e mesa no meio. As madeiras do tecto, o cordame pendurado aqui e ali, a disposição das barricas, as cores castanhas e cinzentas, tudo aqui foi desenhado para nos criar a impressão de que estamos no porão de um navio. As naus dos Descobrimentos levavam, efectivamente, barricas nos seus porões. Há mar e mar, há vinho e voltar.

ADEGA COOP. VIDIGUEIRA, CUBA E ALVITO
Bairro Industrial, Vidigueira
Tel: 939 190 460 | 284 437 240
Mail: visitas@adegavidigueira.pt
Web: www.adegavidigueira.pt
GPS: 38.207959 | -7.799580
Visitas todos os dias (aos feriados, mediante marcação) nos períodos 10h00/12h00 e 15h00/17h00 (Verão) ou 10h00/ 12h00 e 14h00/16h00 (Inverno). Preços em actualização, de momento sob consulta. Refeições e programas especiais com marcação prévia. Possibilidade de agendar actividades extra, como passeios de balão e a cavalo ou experiência na barragem de Alqueva. A loja está aberta todos os dias, das 9h00 às 19h00. Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 1,5
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5
ESTAÇÃO DE SERVIÇO
Quetzal, Sobroso ou Ribafreixo são produtores de vinho da zona com belos restaurantes nas suas instalações, mas, por ora, vamos optar por outras casas. É claro que, no coração do Alentejo, uma das regiões gastronomicamente mais pujantes, variadas e surpreendentes deste país de mesa posta, não há-de ser difícil descobrir belos locais para reabastecimento sólido. Deixamos três sugestões, todas elas marcadas pelo seu carácter típico. Peça vinho da talha, se ainda houver.

ARTE DO VINHO
Travessa do Beco, Vidigueira
Tel: 964 847 016

TABERNA TIA JACINTA
Largo Frei António das Chagas nº71, Vidigueira
Tel: 284 436 021

ADEGA DA CASA DE MONTE PEDRAL
Rua da Fonte dos Leões, Cuba
Tel: 936 520 036

Edição nº34, Fevereiro 2020