Mirabilis: O tempo de construção de um ícone

Mirabilis

A escolha do “Encanto”, um dos mais recentes espaços de experienciação gustativa de José Avillez, no Chiado, para o lançamento da mais recente colheita do Mirabilis branco não foi casuística. Aqui, onde dominam a sazonalidade dos vegetais, as cores, texturas e emoções, quis criar-se uma ligação entre o vinho e a terra, vivenciando a sua […]

A escolha do “Encanto”, um dos mais recentes espaços de experienciação gustativa de José Avillez, no Chiado, para o lançamento da mais recente colheita do Mirabilis branco não foi casuística. Aqui, onde dominam a sazonalidade dos vegetais, as cores, texturas e emoções, quis criar-se uma ligação entre o vinho e a terra, vivenciando a sua origem num copo que nos transmite as sensações de calcorrear as pequenas parcelas de vinhas durienses, de pisar cada parcela onde a dureza e condições extremas testam as capacidades e a força daqueles que, no dia a dia, as cuidam e acarinham. O carisma Mirabilis branco, nascido há 11 vindimas atrás, é composto de várias premissas, sendo a principal gizada por Luísa Amorim, traduzida na vontade de, numa região sem tradição de brancos, criar um vinho que transcendesse a Quinta Nova e se afirmasse como um símbolo do Douro, região de inúmeras aptidões, entre elas vinhos brancos de eleição.

O caminho, aqui, sempre se fez de procura e estudo. A busca da uva que pudesse dar maior garantia de exclusividade foi, desde início, feita em pequenos lavradores e pequenas parcelas de vinhas velhas. A observação da evolução do clima, na última década, leva-os para outras altitudes, privilegiando as vinhas localizadas entre os 650 e 750 metros do planalto de Alijó. Não há alternativa quando o ano de 2022 foi o mais quente das últimas três décadas. Daí que o recurso a vinhas velhas se revista de uma escolha acertada. Mais resilientes, com maior resistência às elevadas temperaturas, as suas raízes rasgam as profundezas dos solos de transição dos xistos para o granito e encontram a água e os nutrientes necessários para providenciar uma maturação lenta e equilibrada da uva. O papel da viticultura é cada vez mais fundamental para a definição de vinhos que se desejam ser a mais límpida e cristalina expressão do seu ano, das vinhas velhas, algumas centenárias, e, naturalmente da mão que embala o berço e acolhe a sua maturação. E é na decisão do ponto perfeito da sua vindima que se define cada colheita. À enologia cabe, atualmente, um papel interpretativo das virtudes da uva, cabendo-lhe uma função menos interventiva e mais contemplativa, permitindo, ao tempo, esculpir o virtuosismo do néctar, fiel intérprete dos vinhos de montanha, de caráter único e inimitável.

 

O papel da viticultura é cada vez mais fundamental para a definição de vinhos que se desejam ser a mais límpida e cristalina expressão do seu ano.

 

Um vinho irrepetível
Na senda do que são as novas tendências mundiais, a Quinta Nova busca agora a elaboração de vinhos de maior expressividade natural e menor influência de elementos externos, mostrando, já nesta colheita Mirabilis, um pouco do que o futuro reserva. E, a verdade, é que a edição de 2022 pode ser a melhor de sempre, marcando também um fim de um ciclo, uma vez que foi a última vinificação na adega antiga que, este ano, deu lugar a um novo e remodelado espaço interior, onde dominará uma nova filosofia na arte de fazer vinho, em que a madeira se torna, a partir de agora, um elemento menos fundamental no processo de estágio dos vinhos.
“Entrar no mundo Mirabilis é transcender a territorialidade, é criar com energia e convicção um vinho irrepetível, que se perpetua no tempo. Uma promessa de descoberta”, defende Luísa Amorim, ceo da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. “O tempo de espera em garrafa mostrou-se benfeitor, ao conceder ao vinho uma camada extra de complexidade e elegância, com destaque para a frescura, estrutura e acidez”, salienta.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Viúva Gomes, restaurando Colares

Viúva Gomes, a clássica marca de Colares fundada em 1808 e adquirida em 1988 pela família Baeta, continua a renovar-se com os olhos colocados na tradição. Ou, como dizem, José e Diogo Baeta, pai e filho, “a fazer o futuro com o passado”. Desta vez, esse revisitar da história passou pela plantação de uma nova […]

Viúva Gomes, a clássica marca de Colares fundada em 1808 e adquirida em 1988 pela família Baeta, continua a renovar-se com os olhos colocados na tradição. Ou, como dizem, José e Diogo Baeta, pai e filho, “a fazer o futuro com o passado”. Desta vez, esse revisitar da história passou pela plantação de uma nova vinha, em pé-franco, como não poderia deixar de ser.

A chamada Vinha Grande, já contribuiu outrora para a produção de Colares, tendo sido arrancada há cerca de meio século e substituída por pinhal. Localizada em Fontanelas, a 350 metros das arribas atlânticas, consiste em 1 hectare de solo arenoso, agora preparado e plantado com Ramisco e Malvasia de Colares sem recurso a porta-enxerto. Para iniciar o processo foi necessário realizar sondas em vários pontos do terreno, com o intuito de avaliar a espessura da camada de areia assente sobre a rocha-mãe argilo-calcária. Esta profundidade raramente é linear, pelas movimentações dunares ao longo dos anos. Assim, com alturas de areia compreendidas entre 1,5m e 2,5m, a plantação foi realizada com recurso a uma retroescavadora que permitiu abrir trincheiras até ao chamado “solo rijo”. Aqui foram “unhadas” as videiras de seleção massal das longas varas de poda do ano anterior. E assim se mantém viva a história de Colares.

Inscrições abertas para o Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo

concurso

Os amantes de fotografia – que não sejam fotógrafos profissionais – e do mundo do vinho podem começar a preparar as suas máquinas, porque está de volta mais uma edição do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo. Promovido pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), em parceria com a Confraria Enófila Nossa Senhora do […]

Os amantes de fotografia – que não sejam fotógrafos profissionais – e do mundo do vinho podem começar a preparar as suas máquinas, porque está de volta mais uma edição do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo. Promovido pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), em parceria com a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo e a Rota dos Vinhos do Tejo, tem como objectivo captar a atenção para a região, em especial para a paisagem vitivinícola, de forma sensorial através do olhar fotográfico.

“Da vinha ao vinho” dá mote ao tema da 3.ª edição do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo. São assim esperadas fotos relacionadas com região dos Vinhos do Tejo, que versem vinhas, trabalhos na vinha e na adega, ambiente de vindima e enoturismo. A inscrição pode ser feita até ao fim do mês de Agosto, mas as fotos podem chegar à organização até dia 31 de Outubro, permitindo assim captarem a altura mais dinâmica e animada para quem trabalha no sector do vinho – as vindimas – que, no Tejo, podem começar já no final de Julho e prolongar-se até Outubro, no caso de vinhos para colheita tardia.

As inscrições são gratuitas. Para o efeito, os participantes devem aceder ao site da Confraria, em www.confrariadotejo.pt, consultar o regulamento do concurso e preencher a ficha de Inscrição, que deve ser enviada para o endereço eletrónico confraria.enofila.tejo@gmail.com. É também para este e-mail que, até dia 31 de Outubro, devem seguir as fotografias a concurso – que têm de ser originais e inéditas e num máximo de seis por cada concorrente (a cores ou a preto e branco).

concurso

O júri do Concurso é composto por três fotógrafos profissionais, que vão avaliar as três melhores fotografias de cada participante. São atribuídos prémios ao 1.º, 2.º e 3.º lugar. Do 4.º ao 10.º são entregues diplomas de menção honrosa. Para usufruir por duas pessoas, o primeiro prémio é uma “Experiência na Região dos Vinhos do Tejo”, que inclui um passeio de barco no rio Tejo, com a Ollem Turismo (em Valada do Ribatejo), um jantar no restaurante Copo 3 (no Cartaxo) e uma noite, com pequeno-almoço, no D’Vine Country House (em Vale da Pedra); o segundo, uma “Experiência no Produtor” Vinhos Franco, com participação nas vindimas (Casais Penedos, Pontével); e o terceiro, uma “Experiência na Garrafeira”, que inclui prova de vinhos na Arinto & Touriga by Renata Abreu (em Santarém).

Os resultados serão conhecidos em 2025, sendo os prémios e os diplomas entregues na Gala Anual Vinhos do Tejo. Posteriormente são divulgados na newsletter e site da Confraria, dos Vinhos do Tejo e da Rota, assim como nas redes sociais dos parceiros e junto da comunicação social.

Abegoaria Wines: O regresso do Terras do Suão

Abegoaria

Fundada em 1952, a Cooperativa da Granja tem mais de 70 anos a produzir azeite e vinhos, numa zona tradicionalmente seca e muito quente do Alentejo, na margem esquerda do Guadiana, agora amenizada pela influência da albufeira da barragem do Alqueva. Hoje faz parte do Grupo Abegoaria, que relançou este ano a sua marca mais […]

Fundada em 1952, a Cooperativa da Granja tem mais de 70 anos a produzir azeite e vinhos, numa zona tradicionalmente seca e muito quente do Alentejo, na margem esquerda do Guadiana, agora amenizada pela influência da albufeira da barragem do Alqueva. Hoje faz parte do Grupo Abegoaria, que relançou este ano a sua marca mais conhecida, Terras do Suão, com duas referências de vinho branco e duas de tinto.
O evento decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, associação alojada num dos edifícios mais atractivos e distintos da capital. Trata-se de um palácio dos finais do século XVII, cujo interior foi parcialmente remodelado, no princípio do século XX, para a arquitectura que tem hoje, a do primeiro casino da capital, o Magestic Club, e o seu esplendor ainda perdura nos nossos dias.

Um vinho da margem esquerda
Não podia haver local mais apropriado para o relançamento de uma marca de vinho alentejano da Cooperativa da Granja reconhecida no mercado. De tal forma, que, nas últimas décadas do século passado, podia ser encontrada um pouco por todo o lado. “Terras do Suão foi a primeira marca da margem esquerda do Guadiana”, salientou o presidente do Grupo Abegoaria, Manuel Bio, durante a cerimónia de apresentação dos novos vinhos da Cooperativa da Granja. “O seu relançamento tem, como objectivo, que a marca volte a ser uma das referências do Alentejo”, destacou, num evento onde esteve também presente António Saramago, o enólogo mais antigo em actividade em Portugal, que foi o primeiro responsável pela produção destes vinhos. “Na altura em que foram lançados, os Terras do Suão estavam presentes em quase todos os melhores restaurantes de Lisboa”, recordou este último.

Abegoaria

Ex-libris da casa
Os vinhos actuais são feitos sob a responsabilidade do enólogo António Braga, que salientou que as referências tintas apresentadas, incluem as castas tradicionais do Alentejo, em particular a Moreto, um ex-libris da casa que atinge, nesta zona do Alentejo, a sua expressividade máxima. Esta é uma casta de ciclo longo e maturação tardia, ideal para esta sub-região alentejana particularmente cálida no verão, onde as vinhas mais tradicionais se adaptaram. O contributo dos agricultores tem sido, também, essencial para isso, já que as conduzem em formatos mais baixos, que ajudam, as plantas, a resistir melhor a um estio atenuado, hoje, pelo efeito sobre o clima do maior lago artificial da Europa, o Alqueva. Para garantir a frescura e a expressividade aromática dos brancos, as uvas das castas destinadas a produzir o Vento do Suão e o Terras do Suão Reserva a brancos são vindimadas em junho, com o primeiro a passar apenas por inox e o segundo também por madeira.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Campanha vinhos que vão bem com o ambiente está de regresso

“Vinhos que vão bem com o ambiente” tem, como parceiros, os produtores José Maria da Fonseca, Ravasqueira, Lima & Smith e Quinta da Lagoalva e está em vigor até 31 de outubro nas superfícies comerciais aderentes

A José Maria da Fonseca Distribuição promove, pelo terceiro ano consecutivo, em conjunto com vários produtores, a campanha para reciclagem de rolhas que, nos últimos dois anos, deu origem na plantação de mais de 9500 árvores. “Vinhos que vão bem com o ambiente” tem, como parceiros, os produtores José Maria da Fonseca, Ravasqueira, Lima & […]

A José Maria da Fonseca Distribuição promove, pelo terceiro ano consecutivo, em conjunto com vários produtores, a campanha para reciclagem de rolhas que, nos últimos dois anos, deu origem na plantação de mais de 9500 árvores.

Vinhos que vão bem com o ambiente” tem, como parceiros, os produtores José Maria da Fonseca, Ravasqueira, Lima & Smith e Quinta da Lagoalva e está em vigor até 31 de Outubro nas superfícies comerciais aderentes. Tem, como objectivo, contribuir para a reflorestação do território nacional.

Esta campanha está disponível em supermercados e hipermercados, que disponibilizam mini-rolhões para os clientes levarem para casa e deitarem, neles, as rolhas de cortiça usadas. O objectivo é que as entreguem, depois, nas lojas aderentes, entre outros no depósito que fica junto ao espaço das marcas.

“Depois do sucesso dos últimos dois anos, não podíamos deixar de apostar novamente nesta campanha, em conjunto com os nossos parceiros”, diz, a propósito da iniciativa, António Maria Soares Franco, Co-CEO da José Maria da Fonseca, acrescentando que a sua empresa “tem um compromisso muito forte com a sustentabilidade” e “quer continuar a apelar para a necessidade de reciclar rolhas de cortiça e recuperar a floresta”.

À semelhança das edições anteriores, a entrega de rolhas é ilimitada e pode ser realizada diversas vezes até ao término da campanha. Por cada 10 rolhas de cortiça recolhidas será plantada uma árvore.

Estive lá: Arte e o vinho em terras de Amarante

Estive lá

Há muito que tinha o desejo de rever a obra de Amadeo de Souza-Cardoso, algumas dezenas de anos depois da exposição, na Fundação Gulbenkian, deste pintor único do início do século 20, pela sua criatividade, técnica e sentido estético emocionante. Por isso fiquei um pouco mais feliz quando tive a oportunidade de ver as suas […]

Há muito que tinha o desejo de rever a obra de Amadeo de Souza-Cardoso, algumas dezenas de anos depois da exposição, na Fundação Gulbenkian, deste pintor único do início do século 20, pela sua criatividade, técnica e sentido estético emocionante. Por isso fiquei um pouco mais feliz quando tive a oportunidade de ver as suas obras e rever a sua curta história de vida no pequeno museu dedicado ao artista em Amarante, durante um dos fins de semanas prolongados que gosto de dedicar a conhecer um pouco melhor o meu país. Depois, foi uma pequena passeata pela zona antiga da vila com entrada, de novo, na Igreja de S. Gonçalo e uma paragem para um doce de formato fálico com o mesmo nome, que, ao que parece, homenageia os dotes casamenteiros de um santo, para os locais, e apenas beato, para a igreja, para arranjar maridos para senhoras mais velhas. A um par de cafés, seguiu-se uma passeata de beira rio Tâmega, nesse dia um pouco cheio e belicoso, de tal forma que nos impediu o caminho por já ter estendido as suas águas até ao caminho que iriamos percorrer.

O pôr do sol levou-nos ao Hotel Monverde, propriedade da Quinta da Lixa, para um par de noites que foram tão repousantes e agradáveis, que ficámos com pena de não permanecermos mais um pouco. Os quartos com vista para as vinha, o seu conforto, a ausência de ruído para além dos da natureza e o pequeno quintal à beira da piscina individual, quase nos fizeram perder a vontade de sair, o que me acontece muito raramente quando durmo em hotéis. Mas um espírito irrequieto como o meu não se consegue segurar num quarto, por mais acolhedor que seja, e nesse dia tinha um jantar aprazado com Carlos Teixeira, o enólogo da Quinta da Lixa, empresa proprietária deste hotel, para um repasto com prova dos seus vinhos. Foi sobretudo uma bela conversa, que se prolongou noite dentro, para lá das 12 badaladas. Do repasto destaco, para além da qualidade do serviço os sabores e aromas do Atum braseado com couli de suave de manga e pólen de mel de rosmaninho e do Gambão Argentino flambê, aveludado de ervilha e manteiga branca de açafrão, os dois primeiros pratos do repasto. Entre os vinhos gostei do Alvarinho de entrada, um vinho muito fresco e equilibrado e uma boa opção para pratos de peixe e marisco, e o Quinta da Lixa Alvarinho Reserva 2015, pela sua frescura, volume e complexidade, um vinho que se pode beber agora e durante muito mais tempo.

Estive lá

 

Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

Morada: Alameda Teixeira de Pascoaes, Amarante

Tel.: 255 420 282

Site: www.amadeosouza-cardoso.pt

 

Monverde Wine Experience Hotel

Morada: Quinta de Sanguinhedo 166, Castanheiro Redondo, Telões, Amarante

Tel.: 255 143 100

E-mail: geral@monverde.pt

Site: www.monverde.pt

 

 

 

Duorum: Dos varietais aos vinhos de vinha

Duorum

Passaram décadas de percurso profissional desde 1980, quando João Portugal Ramos iniciou a sua carreira no Alentejo como enólogo, e desde que plantou os primeiros cinco hectares de vinha em Estremoz, em 1995, quando arrancou com o projecto próprio. A expansão para norte começou com a entrada na Quinta da Foz de Arouce, fundada pelo […]

Passaram décadas de percurso profissional desde 1980, quando João Portugal Ramos iniciou a sua carreira no Alentejo como enólogo, e desde que plantou os primeiros cinco hectares de vinha em Estremoz, em 1995, quando arrancou com o projecto próprio. A expansão para norte começou com a entrada na Quinta da Foz de Arouce, fundada pelo seu sogro, na Beira Baixa, em 2005. Em 2007 a dupla João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco deu largas à sua ambição de fazer algo marcante no Douro Superior. E assim nasceu o Duorum, “de dois”, em latim. Soares Franco deixou há algum tempo o projecto, mas este continua fiel à sua matriz inicial.

Duorum é um projecto pensado e feito de raíz. Para compor com vinha a quinta de Castelo Melhor, em Foz Côa, foram precisas 92 escrituras. As vinhas estão localizadas no Douro Superior e hoje também no Cima Corgo, em diferentes altitudes, desde a cota do rio com 150 m até 550 m. Incluem 60 ha de vinha própria, mais 50 ha de vinha arrendada e a Duorum ainda compra uva de mais cerca de 10 ha.
“O Douro é uma região muito difícil, com muita concorrência, mas acreditámos no projecto e está para durar” – afirmou João Portugal Ramos no lançamento das últimas novidades.
Em 2012, a Duorum foi a primeira empresa no Douro a aderir à Iniciativa Europeia Business & Biodiversity. O grupo J. Portugal Ramos desenvolveu um modelo de gestão que respeita a biodiversidade, permitindo a preservação e melhoria dos habitats naturais nas suas propriedades e adoptou medidas de desenvolvimento sustentável, incluindo a Produção Integrada e Produção Biológica. Como resultado desta política ambiental, em 2015 a Duorum recebeu o prémio de “Melhor projeto europeu de desenvolvimento rural sustentável, que consegue simultaneamente preservar a paisagem e biodiversidade, promovendo a cultura e economia do espaço rural”. E neste ano de 2024, segundo João Portugal Ramos, as suas propriedades bateram o recorde de novas espécies no local.

Duorum

 

As novidades
No Alentejo, João Portugal Ramos produz, com muito sucesso, vários vinhos de vinha. No Douro este é o primeiro. Trata-se de uma parcela de Arinto e Gouveio, situada a 500 m de altitude, limitada pelos muros antigos de xisto que protegiam a vinha, que foram restaurados. O Arinto é mais incisivo na acidez e o Gouveio, mais aromático, dá-se muito bem naquela zona. Já tentaram fazer este vinho vários anos e só em 2023 “atingiram o perfil pretendido”. Depois de maceração a frio por 12 horas, para extrair a parte aromática, seguiu-se a fermentação em inox. O estágio decorreu parcialmente (25%) em barricas de carvalho francês de 2º e 3º ano para conferir complexidade ao vinho. Dá um enorme prazer de beber já e tem tudo para evoluir com tempo. Foram produzidas 3.300 garrafas.

O primeiro contacto que João Portugal Ramos teve com a Touriga Franca foi por influência de José Maria Soares Franco. É hoje a casta mais plantada na quinta, onde representa 30% do encepamento. Não exibe tantos aromas quanto a Touriga Nacional, mas tem volume e estrutura. Vinificada sempre à parte, desta vez valeu a pena engarrafar a Touriga Franca a solo. As uvas desengaçadas vão para um lagar robotizado, onde passam a maceração pré-fermentativa a frio e, quando começa a fermentação alcoólica, o mosto é transferido para cubas de inox onde acaba a fermentação. Estagia nove meses em barricas de carvalho francês de 2º e 3º ano. Um belo exemplo da casta, que nem sempre tem protagonismo na sua terra de origem, e de que fizeram 6.600 garrafas. No conjunto, dois belos vinhos, um branco e um tinto, que marcam a entrada da Duorum nos varietais e nos “vinhos de vinha”.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Marta Casanova deixa Quinta da Côrte

A enóloga Alexandra Guedes é a nova diretora técnica da empresa.

Marta Casanova deixou o cargo de diretora geral e enóloga da Quinta da Côrte, pertencente ao grupo de origem francesa Vignobles Austruy, para se dedicar ao desenvolvimento de um projeto familiar na região do Alentejo. A enóloga Alexandra Guedes é a nova diretora técnica da empresa. Foi longa e estreita a ligação de Marta Casanova […]

Marta Casanova deixou o cargo de diretora geral e enóloga da Quinta da Côrte, pertencente ao grupo de origem francesa Vignobles Austruy, para se dedicar ao desenvolvimento de um projeto familiar na região do Alentejo. A enóloga Alexandra Guedes é a nova diretora técnica da empresa.

Foi longa e estreita a ligação de Marta Casanova à Quinta da Côrte e a decisão tomada por esta enóloga foi ponderada e refletida para assegurar uma transição suave e a manutenção da criação consistente de vinhos e azeite de desta quinta bicentenária. Philippe Austruy, presidente do grupo, está convencido “de que nada teria sido possível sem a Marta, que concretizou um dos meus melhores sonhos. Quando descobri este lugar dotado de uma paisagem incrível, passando pelas míticas parcelas de vinhas plantadas nos típicos socalcos desta região icónica, ao trabalho árduo dos homens e mulheres que fizeram desta região o que é hoje, fiquei emocionado até às lágrimas. Esperava-nos um projeto monumental. O encontro com a Marta foi decisivo. Ela geriu de forma exemplar a construção de uma equipa comprometida, toda a reestruturação da vinha, acompanhou com dedicação obras estruturais colossais e, sobretudo… criou vinhos magníficos que são autênticas joias. É com emoção que lhe desejo o melhor para esta nova etapa profissional que sei que tanto deseja e é com muito gosto que acolho Alexandra Guedes, uma talentosa enóloga que assumirá a direção técnica dos vinhos da Quinta”, termina.

A Quinta da Côrte, propriedade do Grupo Vignobles Austruy, liderado por Philippe Austruy, é uma das joias da coroa deste grupo familiar francês, que detém propriedades em regiões icónicas como a Provença e Bordéus, em França e a Toscânia, em Itália.