Aveleda: O vinho entre jardins

Aveleda

O uso da palavra jardins no título desta peça não é ocasional. O espaço ocupado pela quinta da Aveleda é todo ele um pequeno paraíso: árvores centenárias, vegetação luxuriante, fontes e riachos que nos tranquilizam, pavões a chamar as pavoas e (menos bucólico, digamos…) cães a correr atrás de cabritos para lhes ferrarem os dentes […]

O uso da palavra jardins no título desta peça não é ocasional. O espaço ocupado pela quinta da Aveleda é todo ele um pequeno paraíso: árvores centenárias, vegetação luxuriante, fontes e riachos que nos tranquilizam, pavões a chamar as pavoas e (menos bucólico, digamos…) cães a correr atrás de cabritos para lhes ferrarem os dentes e obrigarem os primos Guedes, na liderança da empresa, a correria desenfreada para salvar o animal! Para tranquilizar o leitor, podemos afirmar que o bicho foi salvo e o cão devidamente admoestado. A jardinagem é aqui levada muito a peito. São cinco os trabalhadores que zelam para que tudo por aqui esteja devidamente cuidado, incluindo as roseiras que, trepando árvores acima, se lembraram de florir a cinco metros de altitude. Esta exuberância vegetativa também já a tínhamos conhecido na casa da família, em Avintes, onde se nota o mesmo cuidado e o mesmo empenho dos seus membros que, como comprovámos, sabem os nomes de todas as plantas e a idade, ainda que aproximada, de todas as árvores. Estamos assim num microcosmos, rodeado de muitas vinhas, quase todas pertencentes à Aveleda.

150 anos de história
A empresa, que completou já 150 anos de história e é responsável pela produção de cerca de 20 milhões de garrafas/ano, não deixou de procurar novos vinhos, novas abordagens das castas de que dispõe, e alargou mesmo a sua zona de interesse e intervenção a outras regiões do país, como a Quinta da Aguieira (Bairrada) em primeiro lugar e, mais tarde, com aquisições no Douro e no Algarve.
Alguns dos ícones da casa mantêm a sua fama e prestígio, como a aguardente Adega Velha, agora em várias versões de diferentes idades, e cujo stock repousa, tranquilamente, em armazém próprio, onde nos contemplam cerca de 300 cascos. Todos os anos se destila e, ainda que o mercado dos destilados não conheça hoje o brilho de outrora, a marca Adega Velha continua a ser uma referência. A marca Casal Garcia, rótulo emblemático dos Vinhos Verdes, ultrapassa os 10 milhões de garrafas/ano e é verdadeiramente o ex-libris da casa. Nascida em 1939 continua a ser um vinho que leva, para fora, o nome do país.
A equipa foi reforçada recentemente com a contratação de Diogo Campilho (ex-quinta da Lagoalva) para a área de enologia, onde colabora com Susete Rodrigues, que já estava na empresa. A ancestral ligação à casta Loureiro, muito forte nesta zona dos Verdes, tem vindo a ser complementada com uma aposta cada vez mais evidente no Alvarinho. Joga-se, aqui, depois um puzzle com várias componentes: como lidar com as castas em terrenos de xisto e de granito? Como combinar, no lote final, as duas variedades para que o resultado expresse o local de onde vieram? E, na adega, como poderá ser possível criar modelos diferentes, jogando, por exemplo, com as borras e respectiva percentagem dentro das cubas? E se quisermos usar barricas para fermentação ou estágio, como poderemos conseguir equilibrar o lote, não prejudicando o perfil próprio de cada casta? Nada disto é fácil, até porque actualmente trabalham com 15 parcelas diferentes de Alvarinho, espalhadas pela região e estaremos muito errados se pensarmos que lá porquanto a região seja a mesma (Vinhos Verdes) e os perfis se assemelham; até a decisão do momento de vindima pode determinar o estilo do vinho que se obtém. Por aqui estão a fazer vindimas nocturnas de algumas castas e a começar em meados de Agosto. Só assim se consegue que o vinho seja mais fiel à casta e ao território.
Seguindo as novas tendências, na Aveleda está-se a trabalhar com menores teores de sulfuroso, o que é facilitado pelo pH mais baixo e acidez mais alta características da região, no caso da vindima ser feita no momento certo. A regra de não haver regra é levada a peito. Por exemplo, há vinhos que apenas estagiam no inox, caso do Aveleda Alvarinho e o Aveleda Loureiro mas já os Solos de Xisto e Solos de Granito fermentam em inox e aí estagiam com as borras por um período mais longo, sem contacto com a madeira. O Parcela do Roseiral, por sua vez, fermenta em inox e cerca de 30% estagia em barrica.

Ventos da moda
Os ventos da moda voltaram a trazer os vinhos brancos para a ribalta e a procura mantém-se intensa, mas hoje os consumidores exigem mais precisão, melhor definição do carácter de cada vinho, mais equilíbrio entre acidez e corpo e mais pureza de fruta. Tudo somado, pode dizer-se que o desafio é enorme, mas poderá ser, cremos, muito compensador para quem tem de tomar decisões. E à refeição pudemos também usufruir de alguns vinhos muito velhos que fomos buscar às caves da casa mas… já se sabe que a célebre frase continua válida: não há bons vinhos velhos, há boas garrafas de vinhos velhos! E assim foi, mas o verdadeiro enófilo não vira a cara a uma garrafa, com ou sem rótulo!
Os anfitriões, Martim e António Guedes, que nos guiaram toda a visita, fizeram questão de apresentar também a segunda edição de um branco-homenagem que funciona como o topo de gama de todo o portefólio dos Vinhos Verdes da casa. Trata-se de um vinho que resulta de um lote entre Alvarinho e Loureiro, que combina bem a fermentação em inox com a barrica. É um branco luxuoso, a um preço que está muito longe de ser de ourivesaria. Justa homenagem a Manoel Pedro Guedes, antepassado e que herdou, em 1870, a quinta da Aveleda. Foi aí que tudo começou.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

José Maria da Fonseca renova imagem do icónico Moscatel Roxo 20 Anos

Moscatel Roxo

No ano em que celebra 190 anos, a José Maria da Fonseca, mais antigo produtor de vinhos de mesa e moscatéis em Portugal, aposta na renovação de imagem do packaging do Moscatel Roxo 20 anos, que passa agora a integrar a gama de moscatéis Alambre. A mudança tem como objectivo reforçar a identidade e o […]

No ano em que celebra 190 anos, a José Maria da Fonseca, mais antigo produtor de vinhos de mesa e moscatéis em Portugal, aposta na renovação de imagem do packaging do Moscatel Roxo 20 anos, que passa agora a integrar a gama de moscatéis Alambre. A mudança tem como objectivo reforçar a identidade e o posicionamento da produtora de Azeitão, assente na sua singularidade e legado histórico.

O Moscatel Roxo é um vinho generoso produzido unicamente na região da Península de Setúbal, onde a casta que lhe dá origem – o Moscatel Roxo de Setúbal – esteve praticamente extinta na segunda metade do século passado. Foi Fernando Soares Franco – 5ª geração da família – grande entusiasta pela viticultura e pela casta Moscatel Roxo de Setúbal em particular, que empreendeu esforços, nas décadas de 70 e 80, para salvá-la da extinção. Reconhecido a nível nacional e internacional, o Moscatel Roxo 20 anos da José Maria da Fonseca é um lote de 4 colheitas, em que a colheita mais nova tem 23 anos e a mais antiga 80, sendo que estagia em cascos de madeira usada, tendo como objectivo um longo processo oxidativo, nas caves da José Maria da Fonseca em Azeitão.

Moscatel Roxo

Wine Destination Portugal promove enoturismo português

Wine Destination Portugal

De 11 a 16 de Novembro, a região vinícola do Alentejo vai ser anfitriã da primeira edição do Wine Destination Portugal, evento que irá promover o melhor do enoturismo português junto dos principais mercados internacionais e, simultaneamente, potenciar a marca “Portugal Wine Destination”. “Uncorking Alentejo” é o mote de uma iniciativa que proporcionará a “atmosfera […]

De 11 a 16 de Novembro, a região vinícola do Alentejo vai ser anfitriã da primeira edição do Wine Destination Portugal, evento que irá promover o melhor do enoturismo português junto dos principais mercados internacionais e, simultaneamente, potenciar a marca “Portugal Wine Destination”.

“Uncorking Alentejo” é o mote de uma iniciativa que proporcionará a “atmosfera ideal para o networking entre compradores internacionais de enoturismo e turismo de luxo”, avança a Excelência de Portugal, um dos promotores do evento.

O programa inclui a realização de um workshop B2B, no Hotel Mar de Ar Aqueduto, em Évora, onde cada participante terá a oportunidade de apresentar a sua oferta a 30 compradores internacionais da Europa, Brasil, Canadá e Estados Unidos da América e, ainda, experiências imersivas exclusivas divididas entre as sub-regiões do Alentejo.

Sub-região de Monção e Melgaço celebra aniversário de certificação exclusiva

O selo de certificação é a materialização da particularidade e caráter de uma sub-região que continua a senda de afirmação na liderança do segmento de vinhos de grande qualidade da região dos Vinhos Verdes.

A Associação de Produtores de Alvarinho celebrou o 7º Aniversário da criação do selo de certificação exclusivo da sub-região de Monção e Melgaço, com uma prova coletiva na Escola do Vinho do World Of Wine, em Vila Nova de Gaia. A prova dirigida a enófilos, profissionais e jornalistas, dividiu-se em dois momentos distintos. O primeiro […]

A Associação de Produtores de Alvarinho celebrou o 7º Aniversário da criação do selo de certificação exclusivo da sub-região de Monção e Melgaço, com uma prova coletiva na Escola do Vinho do World Of Wine, em Vila Nova de Gaia.

A prova dirigida a enófilos, profissionais e jornalistas, dividiu-se em dois momentos distintos. O primeiro envolveu um momento mais intimista intitulado “Meet the Producer”. Seguiu-se uma masterclass com produtores de referência do território: Anselmo Mendes, Quinta do Regueiro, Valados de Melgaço, Soalheiro, Quinta de Santiago, Dom Ponciano, Provam, Cortinha velha, Vinhos Bagagem, Poema, Quinta da Pedra, Vale dos Ares e Quinta do Mascanho.

O selo de certificação é a materialização da particularidade e caráter de uma sub-região que continua a senda de afirmação na liderança do segmento de vinhos de grande qualidade da região dos Vinhos Verdes. A sub-região tem mais de 2000 viticultores e cerca de 50 produtores, que todos os dias procuram desvendar e partilhar os mistérios do seu território, os diferentes solos, as diferentes altitudes, as diferentes exposições e vinhos.

Baga Friends: Amigos da baga trazem boas novas

baga friends

Reunir para agitar as águas, criar o movimento para reabilitar a Baga entre os viticultores e consumidores em Portugal e projectar a nossa casta autóctone lá fora é o objectivo dos Baga Friends, grupo de produtores que se uniram à volta desta variedade. A associação formou-se em 2012 e faz-se notar o renascimento contínuo da […]

Reunir para agitar as águas, criar o movimento para reabilitar a Baga entre os viticultores e consumidores em Portugal e projectar a nossa casta autóctone lá fora é o objectivo dos Baga Friends, grupo de produtores que se uniram à volta desta variedade. A associação formou-se em 2012 e faz-se notar o renascimento contínuo da Baga desde então.
“Quando comecei o projecto em 2001, não havia produtores novos a trabalhar com Baga. Merlot e a Cabernet Sauvignon tinham mais popularidade”, conta a produtora Filipa Pato. Os amigos da Baga são muito diferentes na sua visão. Trabalham cada um à sua maneira, mas todos adoram a Baga e a Bairrada. São um núcleo duro, e mesmo não fazendo muitos eventos, conseguiram fazer uma “pequena revolução” na região. “De norte (Fogueira) até ao sul (Souselas) voltou-se a aderir à Baga. Quem já a tinha retirado dos rótulos, voltou a colocá-la em letra grossa”, repara Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras, que, juntamente com Filipa Pato, foi impulsionador deste movimento.

Bairradino de gema
E quem são os Baga Friends? Desde logo, o bairradino de gema, Luís Pato, sempre foi o grande defensor e promotor da Baga, mesmo quando a maioria dos produtores dava preferências às castas estrangeiras. À Baga dedicou mais de 40 anos da sua carreira e o melhor argumento a favor da casta eram os seus vinhos que mostraram elegância e longevidade da casta, quando trabalhada com sabedoria. “Baga dura 25 anos certamente, 30 talvez, 40 – quem cá estiver que veja!” –, desafia o Senhor Baga. Mário Sérgio, um bairradino incontornável com ligação à viticultura de forma geracional, respira Baga desde 1989, quando começou o seu projecto familiar da Quinta das Bágeiras, produzindo vinhos de identidade inconfundível. Paulo Sousa, o engenheiro químico com 20 anos de experiência no departamento de qualidade de uma empresa produtora de vinhos na região, dedicou-se ao projecto familiar, iniciado pelo seu pai, Sidónio de Sousa, em 1990.
Uma história de pura paixão pela Baga e Bairrada começou quando o sommelier francês e proprietário de uma garrafeira em Paris, François Chasans, provou um vinho da Bairrada pela primeira vez. Instalou-se em terras bairradinas e na sua Quinta da Vacariça produz vinhos densos e longevos, cheios de carácter. Pratica uma viticultura biodinâmica, “não como argumento de marketing, mas para obter a precisão no resultado final”, diz. Filipa Pato é tão dedicada à Baga como o seu pai, Luís Pato, mas num projecto próprio juntamente com o seu marido, o conhecido sommelier belga William Wouters. Os seus Baga, puros e autênticos, nunca passam despercebidos e mostram o lado mais feminino e delicado da casta. O irreverente e carismático Dirk Niepoort, grande produtor de vinhos do Douro e do Porto, confessa que adora a Baga e a Bairrada. Seguindo esta paixão, há mais de uma década, adquiriu a Quinta de Baixo, com 25 ha de vinha, onde tem parcelas centenárias e de onde vem o Poeirinho, num estilo bem diferente do praticado antes – mais leve, com teor de álcool baixo e acidez vincada. Agora o seu filho Daniel continua a trabalhar com a mesma filosofia. O mais recente membro do grupo é o enólogo Luís Patrão, com o seu projecto Vadio, que teve o início em 2005 com 0,5 ha de vinha da família e cresceu até ao 10 ha actuais.

baga friends

Os sete ilustres amigos da Baga juntaram-se para apresentar a segunda edição do vinho feito em conjunto

Tinto para já, espumante para mais tarde
No final de abril, em antecipação ao Dia Internacional da Baga, celebrado a 4 de maio (graças ao esforço dos Baga Friends, que abrem sempre as suas adegas ao público com festa rija e eventos especiais), os sete ilustres amigos da Baga juntaram-se para apresentar a segunda edição do vinho feito em conjunto – Baga Friends 2015, de que se encheram 1135 garrafas. É um blend comunitário, que expressa o carácter de cada produtor, de cada propriedade, através de um bouquet de filosofias distintas com o denominador comum – a Baga. O carácter e a voz de cada vinho são bem fortes e ainda se sentem. Talvez seja preciso mais algum tempo para estas vozes se tornarem um coro, e para os feitios de cada vinho atingirem a integridade plena. Este pormenor também traz uma complexidade adicional. No nariz dominam os Baga mais aromáticos, enquanto na boca fica bem presente a estrutura dos contributos mais tânicos e texturados. A primeira edição do vinho Baga Friends foi da colheita de 2011, já que não têm a intenção de o fazer todos os anos, só nos de excelência. E, já agora, fica o teaser: a próxima edição dos Baga Friends será um espumante de 2023, que já está em estágio e será lançado em 2029 para brindarmos à Baga e à Bairrada. Afinal, somos todos amigos da Baga no sentido mais lato.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Siza Vieira cria malga para a Quinta da Pacheca

Siza Vieira

A Quinta da Pacheca e Siza Vieira procuraram reinventar a tradição secular de beber vinho em malga, através de uma colaboração única, em que o arquitecto criou a sua versão de um recipiente usado tradicionalmente para beber vinho. Com esta iniciativa a administração da Quinta da Pacheca, produtor vitivinícola do Douro, procura reforçar “o compromisso […]

A Quinta da Pacheca e Siza Vieira procuraram reinventar a tradição secular de beber vinho em malga, através de uma colaboração única, em que o arquitecto criou a sua versão de um recipiente usado tradicionalmente para beber vinho. Com esta iniciativa a administração da Quinta da Pacheca, produtor vitivinícola do Douro, procura reforçar “o compromisso da empresa com a preservação e divulgação do património nacional”.

A experiência de beber vinho numa malga “ajuda a puxar pelo fio de recordações e é uma forma de nos conectarmos com as tradições ancestrais, proporcionando uma viagem pelas memórias e um vislumbre da rica história português”. Simultaneamente “é uma experiência para gerações mais novas”, já que é conhecida a apetência desta faixa etária “para explorar elementos que mergulham nas tradições, por tudo o que é diferente e endógeno”, dizem ainda os responsáveis.

Vieira de Sousa: Dois “novos” Portos Colheita com 20 e 30 anos

Vieira de Sousa

O evento decorreu na OCCA – Oficina do Olival Contemporary Arts, em Lisboa, o local escolhido por Luísa e Maria Vieira de Sousa, co-proprietárias e rostos do projeto Vieira de Sousa, para o lançamento de duas novas referências no mercado de vinho do Porto Colheita, o Vieira de Sousa Porto Colheita 1994 e o Vieira […]

O evento decorreu na OCCA – Oficina do Olival Contemporary Arts, em Lisboa, o local escolhido por Luísa e Maria Vieira de Sousa, co-proprietárias e rostos do projeto Vieira de Sousa, para o lançamento de duas novas referências no mercado de vinho do Porto Colheita, o Vieira de Sousa Porto Colheita 1994 e o Vieira de Sousa Porto Colheita 2004.
A Vieira de Sousa é uma empresa produtora de vinhos do Douro e do Porto, proprietária de cerca de 70 hectares de vinhas espalhadas por quatro quintas, localizadas na sub-região do Cima Corgo. A Quinta da Água Alta, que reúne as quintas do Bom Dia e do Espinhal fica no Ferrão, em Gouvinhas. A Quinta da Fonte, em Celeirós do Douro. A Quinta do Fojo Velho, em Vale de Mendiz e a Quinta do Roncão Pequeno, em Vilarinho de Cotas.
As uvas usadas para a produção dos vinhos do Porto Colheita agora lançados têm origem em dois terroirs distintos, que se complementam entre si. O primeiro, o da Quinta da Água Alta, tem sobretudo exposição a sul, e vinhas com altitudes que vão dos 120 aos 412 metros de altitude. O segundo fica na Quinta do Fojo Velho, e está encaixado no vale do rio Pinhão. Tem exposição a poente, numa zona protegida do calor escaldante tradicional da região duriense durante o verão.
O encepamento é semelhante nas duas propriedades e é dominado casta Tinta Roriz, “que é determinante no envelhecimento fresco dos nossos tawnies”, contou Luisa Vieira de Sousa durante a apresentação dos Portos. A ela juntam-se, entre outras, a Touriga Francesa e a Tinta Amarela. Após a vindima, as uvas são pisadas pé e fermentam em lagares antigos de granito, nas adegas de cada uma das duas quintas até à paragem da fermentação, o que aconteceu para os dois vinhos lançados.

As uvas usadas para a produção dos vinhos do Porto Colheita agora lançados têm origem em dois terroirs distintos

Condições ideais
O da colheita de 1994 teve origem num ano que foi declarado para vintage clássico. O ciclo no campo iniciou-se com muita chuva e humidade, que originou rendimentos baixos na vinha. Mas, no período restante, as temperaturas nunca excederam os 38ºC e o clima manteve-se predominantemente seco, apenas entremeado com algumas chuvas oportunas. As vindimas decorreram em condições ideais, com as uvas no melhor estado sanitário e de maturação possível. Após a vinificação, foram escolhidos os lotes para o engarrafamento de Porto Vintage e, além destes, António Vieira de Sousa Borges, pai de Luísa e Maria, fez um outro que destinou para o envelhecimento a longo prazo em pipas, que foram sempre atestadas com vinhos de 1994. O lote do Porto Colheita deste ano teve origem nelas.
As uvas que originaram o Porto Colheita de 2004 também foram produzidas num ano particularmente favorável. No verão, as vinhas estavam em boas condições, mas já perto do stress hídrico. Mas decorreu alguma precipitação, num período de temperaturas relativamente baixas que originou uma maturação lenta. A vindima foi realizada sem chuva, nas melhores condições possíveis para o final do ciclo e do ano de trabalho na vinha. Após um inverno de estabilização e afinamento, António Vieira de Sousa Borges seleccionou também um lote para ser envelhecido em tonel, para guarda de longo prazo, que deu origem ao Porto Colheita 2004 agora lançado.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

Concurso de Vinhos da Beira Interior atribui 25 Medalhas de Ouro

Concurso

Já são conhecidos os grandes vencedores do 17º Concurso de Vinhos da Beira Interior que distribuiu, este ano, 25 de Medalhas de Ouro. O grande destaque vai para o Aforista DOC Beira Interior Reserva Branco 2022, de Daniel Cavaleiro Saraiva, que foi considerado o Melhor Vinho da Beira Interior deste ano, o mais alto galardão […]

Já são conhecidos os grandes vencedores do 17º Concurso de Vinhos da Beira Interior que distribuiu, este ano, 25 de Medalhas de Ouro.

O grande destaque vai para o Aforista DOC Beira Interior Reserva Branco 2022, de Daniel Cavaleiro Saraiva, que foi considerado o Melhor Vinho da Beira Interior deste ano, o mais alto galardão do concurso.

O prémio para a Melhor Imagem foi atribuído ao 1808 Portugal – Blush Rosé 2023, da Casca Wines, para a Melhor Imagem no Feminino ao Exilado Espumante Grande Reserva Bruto Chardonnay 2016 , da Almeida Garret Wines e para o Melhor Vinho no Feminino ao Pinhel Grande Escolha Síria Branco 2023, da Adega Cooperativa de Pinhel.

O concurso, que decorreu nos dias 13 e 14 de Junho, foi organizado pela Comissão Vitivinícola da Beira Interior (CVRBI) e teve, como objetivo, eleger, de entre todos os vinhos a concurso, os que melhor se destacam na sua qualidade. Para Rodolfo Queirós, Presidente da CVRBI “a região tem feito um trajeto crescente na qualidade, que só é possível graças ao esforço e empenho dos nossos produtores”.