Gala de Vinhos do Dão de 2024 distingue os melhores

A edição deste ano da Gala Os Melhores Vinhos do Dão premiou o Envelope branco, da Magnum Wines, como Melhor Vinho do Concurso entre as 36 referências distinguidas no evento de 2024. O concurso distingue, também, com Medalha de Platina, os melhores vinhos espumante, branco, rosado, tinto, varietal branco e varietal tinto. Este ano foram […]
A edição deste ano da Gala Os Melhores Vinhos do Dão premiou o Envelope branco, da Magnum Wines, como Melhor Vinho do Concurso entre as 36 referências distinguidas no evento de 2024.
O concurso distingue, também, com Medalha de Platina, os melhores vinhos espumante, branco, rosado, tinto, varietal branco e varietal tinto. Este ano foram premiados o espumante Casa de Santar Vinha dos Amores Branco 2016, da Sociedade Agrícola de Santar, o branco Envelope de 2019 e o rosado Ribeiro Santo 2019, da Magnum Wines, o tinto Casa da Ínsua Reserva 2018, dos Empreendimentos Turísticos Montebelo, e os varietais Cerceal-Branco de 2022 e tinto Touriga Nacional 2020, da Adega de Penalva. O evento atribuiu ainda 29 medalhas de ouro.
O Concurso Os Melhores Vinhos do Dão, organizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR do Dão), decorreu nos dias 25 e 26 de Junho, no Solar do Vinho do Dão, em Viseu, com um júri composto por 25 especialistas que avaliou 169 amostras de 42 produtores. O evento tem, como principal objectivo, dar a conhecer e premiar os melhores e mais representativos vinhos da região. “Os Vinhos do Dão continuam a melhorar a sua qualidade de ano para ano e os resultados do concurso demonstram isso”, disse, a esse propósito, Arlindo Cunha, presidente da CVR do Dão.
Charles Symington é o novo presidente da Primum Familiae Vini

Todos os anos, a Primum Familiae Vini (PFV), associação de 12 famílias de prestígio do mundo do vinho, nomeia um dos seus membros para a presidência, para supervisionar a associação durante o ano e atuar como seu representante em vários eventos em todo o mundo. Este ano chegou a vez de Charles Symington, da Symington […]
Todos os anos, a Primum Familiae Vini (PFV), associação de 12 famílias de prestígio do mundo do vinho, nomeia um dos seus membros para a presidência, para supervisionar a associação durante o ano e atuar como seu representante em vários eventos em todo o mundo. Este ano chegou a vez de Charles Symington, da Symington Family Estates, em Portugal, que sucede a Véronique Drouhin, da Maison Joseph Drouhin, em França.
“Sinto-me extremamente honrado por ocupar o cargo e apoiar as nossas doze famílias, que partilham os mesmos valores de uma cultura da excelência que inclui o amor e o respeito pela terra e pelo terroir, e o forte desejo de continuar a ser uma empresa familiar e independente e de transmitir a herança dos nossos antepassados à geração seguinte”, diz Charles Symington a propósito da nomeação. Acrescentando que a PFV vive um momento particularmente estimulante, diz também que “os últimos 12 meses foram frutuosos sob a liderança de Véronique Drouhin, com grandes avanços em matéria de alterações climáticas no seio do comité técnico”. Salienta que entre as iniciativas que gostaria de desenhar, proporá que “o comité técnico se concentre na avaliação da Inteligência Artificial na viticultura e na vinificação, um tema de futuro que permitirá, às novas gerações das 12 famílias, contribuir com os seus conhecimentos e partilhá-los com todo o nosso grupo”.
Estive Lá: Vila Real – Os sabores do Chaxoila e da Lapão

O tempo estava frio, chuvoso, mas não nos demoveu de uma passeata húmida por terras de Vila Real, cidade onde passei inúmeras vezes, sobretudo a caminho da Região do Douro, mas onde apenas tinha parado para almoçar. Depois de um pequeno-almoço na Casa Lapão, feito de imperdíveis covilhetes, uma espécie de ex-libris da cidade, bem […]
O tempo estava frio, chuvoso, mas não nos demoveu de uma passeata húmida por terras de Vila Real, cidade onde passei inúmeras vezes, sobretudo a caminho da Região do Douro, mas onde apenas tinha parado para almoçar.
Depois de um pequeno-almoço na Casa Lapão, feito de imperdíveis covilhetes, uma espécie de ex-libris da cidade, bem pecaminoso, feito de massa folhada com recheio de carne, e de uma fatia da sua saborosa e bem recheada bôla, a meias, na companhia do indispensável galão de máquina, foi hora de passeio à chuva, com muitas paragens para usufruir da paisagem. Primeiro na pequena zona velha do centro da cidade. Depois, numa descida até ao rio Corgo, que estava cheio de água, ruidoso e bem bravo, para uma longa caminhada pelas suas margens. Foram várias as paragens, como não podia deixar de ser, sobretudo para ver e ouvir as águas a passar em turbilhão e a cair em cascata no meio daquela zona verde, aquilo que mais tarde alguém de lá disse ser o Parque da Cidade.
Quase três horas depois de termos iniciado o percurso, feito com a calma que todos os fins de semana prolongados merecem, estávamos de volta ao carro, de partida para o nosso destino de almoço, a Casa de Pasto Chaxoila, nesse dia para um Naco de carne de Cachena (raça bovina) fatiado com batatas de forno, na companhia de um tinto Terra a Terra reserva de 2021, depois de mais um par de covilhetes, porque são irresistíveis. Para terminar, dois tentadores bolos locais: uma Crista de Galo, que é recheada com doce de ovos, e um Pito de Santa Luzia, que leva, no interior, doce de abóbora e canela, dois dos mais tentadores bolos locais. Excesso de gulodice, eu sei, mas teve de ser, até porque não vamos a Vila Real todos os dias. A oferta da casa é mais vasta, e ainda lá voltámos para petiscar polvo à galega e umas pataniscas que estavam mesmo boas, apenas para reconfortar o corpo antes de voltar para a Casa Agrícola da Levada, um turismo de habitação familiar, com casas e quartos independentes, que fica numa quinta bem cuidada no interior da cidade. Ficámos no lagar, e gostámos.
Casa de Pasto Chaxoila
Morada: Estrada Nacional 2, Borralha, Vila Real
Tel.: 259 322 654
Pastelaria Casa Lapão
Morada: R. da Misericórdia 64, Vila Real
Tel.: 259 324 146
Casa Agrícola da Levada Eco Village
Morada: Casa Agrícola da Levada, Vila Real
Tel.: 916 594 404
Grande Prova: Douro de Ouro …por menos de €15

Se calhar sou eu que sou velho e os tempos mudaram a mil-à-hora, mas lembro-me de anos (1980s, 1990s) em que a inflação era alta a sério e os vinhos não aumentavam assim tão depressa. Então, aconteceram outras coisas, e não têm a ver com a inflação apenas. Em vez disso, penso que o que […]
Se calhar sou eu que sou velho e os tempos mudaram a mil-à-hora, mas lembro-me de anos (1980s, 1990s) em que a inflação era alta a sério e os vinhos não aumentavam assim tão depressa. Então, aconteceram outras coisas, e não têm a ver com a inflação apenas. Em vez disso, penso que o que aconteceu foi uma mudança nos padrões de consumo. Já se sabe que os apreciadores que procuram vinhos com interesse acrescido fogem das categorias de entrada de gama, que ocupam bem mais de 90% do consumo de vinho em Portugal. É para esses que escrevo, mas não é fácil obter as estatísticas (sou matemático) que reforcem estas opiniões. As médias escondem as verdades. Então vamos pela via do diálogo.
Frescura natural
Fiquei muito impressionado pelo estilo do Crasto, e falei com o enólogo Manuel Lobo de Vasconcellos sobre o vinho. Lembro, como se fosse preciso, que este senhor confeccionou o melhor tinto do país em 2023, vindo da Vinha Maria Teresa. Falamos de “a different beast”, mas nem por isso menos impressionante. É que este Crasto tem apenas 15% de madeira, e mesmo assim tem uma dinâmica em boca impressionante, com suavidade e profundidade. Então, o Manuel disse-me que este vinho é pensado não só como um cartão de visita da Quinta do Crasto, mas também como um cartão de visita dos tintos do Douro. Tendo bem presente a prova de 30 tintos que tinha acabado de fazer, não posso deixar de concordar. O Douro afirma uma identidade e uma qualidade ímpares, mesmo nesta gama, que se já não é de entrada, é a gama de entrada para os consumidores mais interessados, como confirmei mais tarde com Patrícia Santos. Já lá vamos. Segundo Manuel, esta suavidade e profundidade não aparecem por acaso. Cada vez há um trabalho mais cuidado com as madeiras, as vinhas entretanto envelheceram e estão a fornecer uvas com mais qualidade todos os anos, a enologia evoluiu para perceber melhor o seu terroir e ir cada vez mais ao encontro dos desejos dos seus clientes. Esses desejos são cada vez mais vinhos frescos, macios e bebíveis, já se sabe que poucos vinhos serão guardados para um consumo mais tardio. Em especial nesta gama.
E a gama acaba por ser a de entrada. Segundo Manuel Lobo, do Crasto já se fazem 500 a 600 mil garrafas por ano. O vinho na gama abaixo, Flor de Crasto, nem é vendido em Portugal. Uma outra observação que Manuel me fez é que o vinho já não se chama “Quinta do Crasto,” mas apenas “Crasto.” O que significa isto: é óbvio, nem todas as uvas provêm da quinta, algumas vêm da quinta da família no Douro Superior, a Cabreira, onde a altitude assegura uma frescura natural suave e integrada. Mão de mestre na arte dos lotes, e temos cada vez mais vinhos que vão ao encontro dos nossos anseios à mesa. Isto mesmo fui validar falando com quem encara diariamente o consumidor. Patrícia Santos (“filha do Boss” — mítico Arlindo Santos — da Garrafeira de Campo de Ourique) confirmou que esta é uma categoria muito forte nos dias de hoje. São os novos vinhos baratos. Por vezes, se for uma grande quantidade, por exemplo para um casamento, podem lá procurar vinhos abaixo de €10. Já se for um vinho para oferta, os clientes procuram preços mais altos, de €20 ou €30 para cima. Mesmo que para o dia-a-dia os clientes procurem vinhos mais baratos, fazem-no nos supermercados, não procuram o comércio especializado. Neste ponto de preços, o Douro é a região mais forte. O Dão compete com vinhos de grande qualidade por volta de €10, enquanto Lisboa mantém este nível de preços mas oferece um outro estilo, mais leve, para pessoas que procuram diferença. Já no Alentejo, os vinhos de qualidade estão mais caros, e o cliente facilmente gasta mais de €20.
O Douro afirma uma identidade e uma qualidade ímpares, mesmo nesta, que é a gama de entrada para os consumidores mais interessados.
Cultura de vinho
Quem visita o Douro compreende porque é que esta região se tornou, em poucas décadas, tão forte comercialmente em Portugal e com um impacto impressionante na imagem dos vinhos portugueses no mundo. Começou logo por beber da fama dos vinhos do Porto, um dos nossos vinhos tradicionalmente mais conhecidos e uma das nossas marcas mais fortes. A seguir vem o facto de a região, sendo pequena, ter uma impressionante área de mais de 40 mil hectares de vinha. Praticamente é uma mono-cultura, e isso transvasa para as pessoas que habitam no Douro. Há ali verdadeira cultura de vinha e de vinho, onde cada duriense é um guardião do seu terroir, que acaba por ser o seu tesouro.
Acertando as agulhas com a enologia, com a fortíssima aposta em formação universitária que as últimas décadas viram, com os holofotes do país e do mundo para ali voltados, com produtores-estrelas a atrair as atenções de todos, com as casas mais fortes do sector do vinho do Porto cada vez mais apostadas em comprar propriedades para controlar a produção das uvas desde a origem, a qualidade acabou por ser o padrão e a exigência de toda uma região. Temos muita sorte, como consumidores, em ter um tal farol a liderar o sector. Mas esta é uma liderança partilhada, porque temos outras regiões que também fizeram o mesmo, galgando passos nos casos em que a cultura de vinho não era tão tradicional, ou porfiando em recuperar o tempo nos casos em que as estratégias eram orientadas para outros critérios.
Hoje vemos, em muitas regiões, fortíssimas apostas em qualidade, e produtores independentes a procurar caminhos alternativos para recuperar estilos antigos ou experimentar caminhos novos. Isso também se vê no Douro, e um dos vencedores deste painel afirma claramente essa diferença. Vou ser claro, este foi um painel muito fácil, porque todos os vinhos tinham belíssima qualidade. Mas também foi muito difícil, porque o estilo era quase sempre muito parecido. Binómio Touriga Nacional e Touriga Franca, com acompanhamento e/ou tempero das outras castas usuais, maturação e extracção elevadas, embora mantendo boa frescura ácida e taninos civilizados, trabalho ajuizado com a madeira, para amaciar e temperar o vinho sem o marcar com doçuras ou especiarias demasiado óbvias. Descrevi 95% do painel. As diferenças de classificação prendem-se com detalhes, seja a integração, seja a maciez, seja o apelo guloso, seja, raras vezes, uma questão de estilo e preferência pessoal. Pormenores. Convido o leitor a experimentar todos estes vinhos, faça o seu próprio painel com qualquer subconjunto deles. Vai deleitar-se, em particular, se no fim da prova da cozinha sair um assado fumegante e acabar à mesa em festa.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)
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Prazo de Roriz
Tinto - 2021 -
H.O
Tinto - 2018 -
Herédias
Tinto - 2020 -
Gaivosa Primeiros Anos
Tinto - 2021 -
Duorum
Tinto - 2020 -
Cortes do Reguengo
Tinto - 2019 -
Casa Ferreirinha Vinha Grande
Tinto - 2021 -
Vallado Superior Organic
Tinto - 2021 -
Terras do Grifo
Tinto - 2019 -
Terra a Terra
Tinto - 2021 -
Borges Quinta da Soalheira
Tinto - 2021
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Vale D. Maria
Tinto - 2021 -
Quinta dos Aciprestes
Tinto - 2021 -
Pôpa
Tinto - 2021 -
Piano
Tinto - 2017 -
Pacheca
Tinto - 2021 -
Murças Minas
Tinto - 2022 -
Zom
Tinto - 2021 -
Três Bagos
Tinto - 2020 -
São Luiz Douro Sublinhado
Tinto - 2021 -
Quinta do Ataíde Biológico
Tinto - 2018 -
Quatro Ventos Superior
Tinto - 2019
Luís Cerdeira sai do Soalheiro para novo desafio

Luís Cerdeira termina, em Julho, a relação como sócio, gestor e enólogo do Soalheiro, para abraçar um novo desafio com o filho. “Após mais de 30 anos dedicados ao Soalheiro e refletindo sobre tudo o que construí junto com a minha família, com uma equipa brilhante e um conjunto de parceiros incríveis, onde destaco o […]
Luís Cerdeira termina, em Julho, a relação como sócio, gestor e enólogo do Soalheiro, para abraçar um novo desafio com o filho.
“Após mais de 30 anos dedicados ao Soalheiro e refletindo sobre tudo o que construí junto com a minha família, com uma equipa brilhante e um conjunto de parceiros incríveis, onde destaco o Clube de Viticultores, fecho um ciclo deixando, nas mãos da minha mãe e irmã, a totalidade da empresa e um legado sólido e de futuro”, explica Luís Cerdeira. Conta, também que a chegada recente do seu filho Manuel, após terminar a sua formação de três anos em Viticultura e Enologia em Inglaterra, com a vontade de seguir as pisadas da família e abrir novos horizontes, o fez reviver as lembranças do seu início e dos sonhos que teve, o que levou à decisão de se juntarem num projeto futuro.
A Enologia do Soalheiro passou a ser assumida pela Asun Carballo, “enóloga focada e conhecedora com quem tive o prazer de partilhar a Enologia do Soalheiro nestes últimos anos”, explica Luís Cerdeira, acrescentando que confia na continuidade da gestão da mãe, Maria Palmira Cerdeira, e da irmã, Maria João Cerdeira, com o apoio de Rui Encarnação, que integra a gestão do Soalheiro há três anos e vai ficar a gerir a área de clientes.
Melhores vinhos de Lisboa 2024 premiados pela região

A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa) anunciou recentemente os vencedores do Concurso Vinhos de Lisboa 2024, num evento que decorreu na Quinta da Pimenteira, na capital portuguesa. Destaque para o Prémio Excelência, o mais alto galardão desta competição, que distinguiu, este ano, vinhos em cinco categorias. O Melhor Leve Lisboa foi atribuído […]
A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa) anunciou recentemente os vencedores do Concurso Vinhos de Lisboa 2024, num evento que decorreu na Quinta da Pimenteira, na capital portuguesa.
Destaque para o Prémio Excelência, o mais alto galardão desta competição, que distinguiu, este ano, vinhos em cinco categorias. O Melhor Leve Lisboa foi atribuído ao Sottal Branco 2023, da Quinta do Sanguinhal; o Melhor Branco foi entregue ao Adega d’Arrocha Fernão-Pires Reserva 2022, da Adega d’Arrocha; o Melhor Tinto foi para o Casa Santos Lima Reserva 2020, da Casa Santos Lima; o Melhor DOP e o Melhor Vital foram atribuídos ao Casa das Gaeiras Vital Vinhas Velhas Branco Reserva 2018, da Casa das Gaeiras.
O prémio de Melhor Arinto foi atribuído ao CH by Chocapalha Branco 2020, da Quinta de Chocapalha e o Vinho Revelação foi o Trincadeira Branca da Quinta do Lagar Novo. No total foram atribuídas 17 medalhas de prata, 25 medalhas de ouro e quatro medalhas Grande Ouro, tendo também sido premiados a Melhor Carta de Vinhos em Restaurantes de Hotel, o Melhor Enoturismo, o Evento do Ano, o Mérito Enogastronómico e o Mérito Carreira.
A AdegaMãe foi a grande vencedora do prémio Melhor Enoturismo e o Evento do Ano foi o Alma do Vinho de Alenquer. O Restaurante Aurea, do Art Legacy Hotel, em Lisboa, foi distinguido com o prémio Melhor Carta de Vinhos em Restaurantes de Hotel, a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste foi reconhecida com o prémio Mérito Enogastronómico e o Mérito Carreira foi atribuído a António Bernardino Paulo da Silva Chitas, que dedicou a sua vida à vitivinicultura na região de Colares.
“A Região Demarcada de Lisboa tem vinhos muito diferenciadores e, neste concurso, quisemos, uma vez mais, salientar a nossa identidade, com destaque para os brancos da casta Arinto, a rainha da Região e da DOP Bucelas, a Vital, casta rara e cheia de personalidade que começa a renascer, e ainda os Vinhos Leves Lisboa”, salientou, durante a cerimónia, Francisco Toscano Rico, presidente da CVR Lisboa.
João Portugal Ramos reforça presença nos Vinhos Verdes

O produtor irá começar a produzir vinhos da casta Loureiro no Vale do Lima, em parceria com o Paço do Cardido, onde a empresa começou o seu percurso nos Verdes, em 2010. “Esta é uma região com um clima e terroir com muito para oferecer, pois é propícia à produção de vinhos brancos frescos, com […]
O produtor irá começar a produzir vinhos da casta Loureiro no Vale do Lima, em parceria com o Paço do Cardido, onde a empresa começou o seu percurso nos Verdes, em 2010. “Esta é uma região com um clima e terroir com muito para oferecer, pois é propícia à produção de vinhos brancos frescos, com muita qualidade” explica o enólogo João Portugal Ramos a propósito desta nova parceria na Região dos Vinhos Verdes.
A transferência da operação dos Vinhos Verdes de Monção e Melgaço para Ponte de Lima, através da parceria com a família Portela Morais, permitirá ao Grupo reforçar a sua presença nesta região, e um maior controlo sobre a vinha e matéria-prima. João Portugal Ramos acredita que só assim é possível assegurar a qualidade reconhecida nos seus vinhos, mas também dar resposta a um mercado exigente e que dá cada vez mais protagonismo à casta Loureiro.
Os primeiros vinhos do Grupo, vinificados na adega pertencente ao Paço do Cardido, sairão já da vindima deste ano e virão completar uma gama que já conta com um vinho Alvarinho e dois espumantes da mesma casta. As novidades serão reveladas no final do ano.
Herdade da Amada: Da Vinha, com amor…

No ano 2018 a Herdade da Amada, situada em Elvas, foi adquirida pelo grupo empresarial da família Marvanejo (Armazéns Marvanejo), um grossista que se dedica à comercialização de inúmeros produtos do ramo alimentar, com especial incidência nas carnes de porco preto “Patanegra”, vinhos e destilados. Helena e Luís Marvanejo apostaram nas tradições seculares da herdade, […]
No ano 2018 a Herdade da Amada, situada em Elvas, foi adquirida pelo grupo empresarial da família Marvanejo (Armazéns Marvanejo), um grossista que se dedica à comercialização de inúmeros produtos do ramo alimentar, com especial incidência nas carnes de porco preto “Patanegra”, vinhos e destilados. Helena e Luís Marvanejo apostaram nas tradições seculares da herdade, ao plantarem 14 hectares de vinha, o resultado de uma aspiração e de um sonho familiar.
“Quisemos fazer algo diferente do que já existia no mercado, e apresentar, ao mundo, vinhos que reflectissem, na nossa ideia, um novo e renovado Alentejo. Não queríamos produzir vinhos sobre-maduros, com excesso de álcool ou madeira a mais, mas antes apostar num perfil claro de elegância e frescura, vivacidade e autenticidade”, referiram Luís e Helena Marvanejo.

Bacelos bravos
E foi com esta ideia de vinho que, começando as coisas pelo princípio, como deve de ser, decidiram tomar a opção de, ao contrário do habitual, plantarem em bravo, talvez a primeira manifestação de amor para com a futura vinha, lembram-se da frase do Poeta?
Plantar bacelos bravos, por si só, não resulta em nada. É necessário, posteriormente, enxertar neles as videiras das castas que se pretendem criar. O processo começa pela escolha dos porta-enxertos. Os da Herdade da Amada foram seleccionados em vinhas velhas da região, recuperando assim a genética das vinhas velhas de sequeiro. Foram, depois, plantados na terra, tendo ficado a criar raízes durante um ano, um sistema radicular com maior profundidade para que a planta aguente melhor as altas temperaturas do Alentejo, garantindo, assim, um vinha durante mais anos, e, ao mesmo tempo, dando alguma resposta ao problema das alterações climáticas
Adicionalmente, este método, segundo Luís Marvanejo, permite que, a longo prazo, se poupe dois terços da água geralmente usada nas regas de uma vinha normal.
Quando os porta-enxertos já revelam a circulação da seiva, são colocadas, então, as videiras, meticulosamente identificadas e colhidas durante o Verão, uma a uma, tendo ficado armazenadas numa câmara frigorífica até Março-Abril, altura em que são colocadas nos porta-enxertos. O terreno foi dividido em parcelas identificadas, tendo sido enxertada, em cada uma delas, a casta que previsivelmente melhor se adaptará, depois de previamente estudados e analisados os respectivos solos.
Este método de plantação em bacelo bravo, para além de ser uma prática muito antiga, é também mais morosa e dispendiosa, existindo sempre a opção alternativa de adquirir porta enxertos já prontos. No entanto, a opção pelo método de enxertia tradicional constitui um forte motivo de orgulho para Luís e Helena Marvanejo, razão pela qual lhe é dada menção de destaque no rótulo dos vinhos da casa, ou não fosse a Herdade da Amada um dos maiores vinhedos da região inteiramente plantado com enxertia no local.
A vinha está entregue ao viticólogo José Luís Marmelo, e a enologia conta com as contribuições do enólogo residente Bruno Pinto da Silva e o conhecimento e experiência da enóloga consultora Susana Esteban que, por si só, dispensa grandes apresentações.
Produção integrada
A viticultura da Herdade da Amada, certificada pelo Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, é baseada no modo de produção integrada e segue o princípio da intervenção mínima, no respeito pela natureza das castas e do seu terroir. Este tipo de viticultura tem, como base, a prevenção aliada a uma forte monitorização e acompanhamento. Por seu lado, a enologia segue também o princípio da intervenção mínima. Trata-se de uma enologia subtractiva, de forte base científica, que trabalha ao máximo com a química da uva e o factor tempo, quase sem recurso a produtos enológicos, exceto quando estritamente necessário. E este será, provavelmente, o segundo momento de demonstração de amor para com a vinha.
Resta saber se o termo “intervenção mínima” será o verdadeiramente correcto, pois toda a atenção, constante monitorização e acompanhamento da vinha, aliado ao forte trabalho científico com a química da uva e factor tempo, não serão antes uma verdadeira e salutar “intervenção máxima”? Mas isso são contas de outro rosário…
Com solos argilo-calcários, clima tipicamente Mediterrâneo, caracterizado por verões quentes e secos e invernos chuvosos, foram escolhidas dez castas a serem plantadas, após selecção massal. Nas brancas, Arinto, Fernão Pires de vinhas velhas da Serra de Portalegre, Roupeiro e Verdejo de Rueda DO. Nas tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Syrah do Rhône, Grand Noir de vinhas velhas da Serra de Portalegre, Touriga Nacional do Crasto e Tempranillo (Aragonez) de Toro DO. De momento, para a vinificação, ainda se recorre aos serviços de uma adega em Arronches, mas está já em andamento o projecto para a construção da própria adega na Herdade da Amada.
A primeira vindima foi em 2022, tendo resultado vários vinhos, um branco e um tinto de lote, com produção de 6898 e 11630 garrafas, respectivamente, ambos já disponíveis no mercado, e ainda três monocastas, Touriga Nacional, Syrah e Alicante Bouschet, que deverão sair durante a Primavera de 2024, em virtude de precisarem de mais tempo depois de um curto estágio em madeira.
E eis-nos chegados ao momento em que podemos constatar a frase inicial do Poeta, será que a vinha correspondeu a tanto amor, cuidado e dedicação? A resposta é francamente positiva. Brindemos pois!
(Artigo publicado na edição de Maio de 2024)