Editorial Dezembro: Na caixa

Editorial

Editorial da edição nrº 80 (Dezembro 2023) Nunca gostei de ver pessoas ou conceitos arrumados por categorias. Tudo o que é complexo não pode, por natureza, ser confinado numa caixa hermética, imune a influências, nuances, estados de espírito. Poucas coisas são absolutamente brancas ou pretas, há uma infinidade de matizes que podem e devem ser […]

Editorial da edição nrº 80 (Dezembro 2023)

Nunca gostei de ver pessoas ou conceitos arrumados por categorias. Tudo o que é complexo não pode, por natureza, ser confinado numa caixa hermética, imune a influências, nuances, estados de espírito. Poucas coisas são absolutamente brancas ou pretas, há uma infinidade de matizes que podem e devem ser desvendados.
Vejamos o caso dos vinhos. Nos últimos anos, assiste-se a uma tendência, por parte de algumas franjas de mercado, para catalogar os vinhos consoante a forma como são elaborados ou até, no limite do disparate, consoante a “filosofia” que lhes está subjacente (como se uma forma de ser ou estar na vida tivessem um caderno de encargos, uma checklist a ser verificada ponto por ponto).
Cuba inox, lagar, cimento, barro, plástico, barrica nova, barrica usada, tonel, foudre, sulfuroso, flor de castanheiro, ácido tartárico, leveduras seleccionadas, clara de ovo, bentonite, etc. estão entre as muitas ferramentas que se encontram ao dispor do enólogo/produtor, algumas delas com milénios de utilização na transformação da matéria-prima (uva) em produto final (vinho). Maceração longa, maceração curta, maceração carbónica, fermentação com engaço, bica aberta, curtimenta, maloláctica, bâtonnage, remontagem, são algumas das muitas práticas utilizadas no intuito de realizar essa prodigiosa transformação. Do mesmo modo que produção integrada, orgânica, biodinâmica (quando devidamente certificados, atenção!) configuram distintos modelos de produção de uvas/vinhos, nenhum objectivamente melhor ou mais respeitável do que o outro.
Nada disto é absolutamente estanque, permitindo combinações infinitas. Posso ser orgânico, adicionar sulfuroso e usar uma rolha de microaglomerado de cortiça; posso ter vinha e adega em produção integrada e fermentar com engaço e leveduras indígenas; posso ser biodinâmico, fazer macerações muito longas e estagiar o vinho 36 meses em barrica 100% nova.
As únicas categorizações que, a meu ver, se justificam no vinho, são aquelas que implicam a conjugação de dois factores: primeiro, uma certificação absolutamente clara e inequívoca; segundo, um mercado onde essa certificação orienta uma intenção de compra. Por exemplo, seria absurdo chegar a uma loja e ver os vinhos divididos por “barrica nova” ou “barrica usada”. Mas faz todo o sentido haver uma prateleira (ou uma loja!) só para vinhos orgânicos. Do mesmo modo que haverá uma prateleira (ou uma loja) só para vinhos Alentejo. Já um espaço orientado e comunicado como exclusivo para “vinhos de baixa intervenção” seria apenas publicidade enganosa, uma vez que não há qualquer definição, fiscalização ou certificação do modelo/produto. É o mesmo que vender uma pulseira que transmite uma “boa onda”. Acredita quem quer e não vem daí mal ao mundo, somente à carteira dos incautos.
Aqueles que se intitulam “fora da caixa” (sem perceberem que assim se inserem, desde logo, numa caixa e num rótulo) são, frequentemente, os que mais se esforçam por colocar todos os outros vinhos e produtores em caixinhas muito bem fechadas, catalogadas e arrumadas num canto, de preferência escuro e longínquo. Como se o mundo do vinho se resumisse a “nós” e “outros”. Felizmente, para quem aprecia a extraordinária diversidade e complexidade que o Vinho encerra, este é bem mais, bem maior e bem melhor do que isso.

O TGV e as vinhas da Bairrada

TGV Bairrada

É um dos grandes projectos estruturantes dos próximos anos em Portugal, para além do futuro aeroporto de Lisboa. A construção da linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Porto, onde irão circular comboios de alta velocidade (Comummente chamados TGV, sigla da designação francesa Train à Grande Vitesse) e de mercadorias, já começou. Muito […]

É um dos grandes projectos estruturantes dos próximos anos em Portugal, para além do futuro aeroporto de Lisboa. A construção da linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Porto, onde irão circular comboios de alta velocidade (Comummente chamados TGV, sigla da designação francesa Train à Grande Vitesse) e de mercadorias, já começou.
Muito se tem especulado sobre este tema, a nível político e não só. Devido ao seu custo, que deverá ascender aos seis mil, ou oito mil milhões de euros se a linha se prolongar até Valença para ligar depois a Vigo, em Espanha. Mas também por haver outras opções mais lógicas, como a ligação da capital a Madrid. E há quem não concorde com o traçado escolhido ou forma como foi estabelecido. Tem sido assim quase sempre em Portugal, seja por razões que vão das tricas políticas às mais terrenas, aquelas que afectam as pessoas e os seus bens, como a destruição de casas, terrenos agrícolas ou edifícios empresariais. É isso que irá acontecer na Bairrada durante a fase de construção, e depois da implantação da obra.

TGV Bairrada

12 milhões de passageiros
Os custos da obra foram anunciados por Frederico Francisco, secretário de Estado das Infraestruturas, à agência Lusa, no dia do lançamento do concurso para a sua primeira fase. O governante também disse que as previsões do governo apontam para o transporte de 12 milhões de passageiros entre Lisboa e Porto anualmente por esta via, que serão retirados aos transportes aéreo e terrestre, contribuindo para a diminuição de emissões e para a sustentabilidade ambiental do país. E, por consequência, para se atingirem as metas estabelecidas de emissões da União Europeia neste campo. É, por isso, que “é difícil de estar contra esta obra do ponto de vista institucional”, diz Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVBairrada). Mas o número de passageiros “é muito semelhante aquele com que os políticos justificaram a construção da A8, que não se sabe onde estão”, salienta Mário Sérgio Nuno, proprietário da Quinta das Bágeiras, defendendo que em Portugal se aposta sobretudo em grandes obras mediáticas, e pouco nas pequenas, como a ligação ferroviária entre Sangalhos e Aveiro, onde se demora o mesmo tempo que há 40 anos, ou seja, muito. Ou seja, e como todos sabemos ou podemos constatar, há coisas feitas, mas ainda há muito para fazer entre aquilo que é necessário para o nosso país e as suas pessoas.

 

TGV Bairrada

“Substituir a vista de mar de vinhas verdes pela de um viaduto ferroviário é devastador, com a agravante de a linha não passar abaixo da cota das vinhas. Será uma ferida na paisagem” – Manuel Pinheiro, CEO da Global Wines

 

 

Um pedacinho de ferrovia
E fazer um investimento deste tipo, sem prever ligações a Vigo, a norte, que ainda está apenas esboçada, e Madrid, a capital do país vizinho, “significa que teremos apenas um pedacinho de ferrovia e que Portugal não poderá tirar todo o potencial de um investimento deste tipo, que é muito significativo para os cofres do país”, realça o presidente da CVBairrada.
Mas são sobretudo as opções para a implementação da linha ferroviária tomadas, certamente, com base no seu custo/benefício, mas sem consulta de quem está, vive e desenvolve os seus negócios no terreno, que estão em causa para Pedro Soares. Pelo menos “não foi isso que aconteceu com produtores da Bairrada que vão ser afectados de forma directa, ou indirecta, como a Adega Campolargo, a Quinta do Encontro, do Grupo Global Wines, ou as Colinas de São Lourenço, do Grupo Fladgate Partnership”. Apesar de ir ocupar apenas o equivalente a 250 hectares de vinha, é preciso não esquecer que a obra irá acrescentar, a uma paisagem que é um dos postais da região, uma linha de comboio.

 

Uma paisagem alterada
“O traçado escolhido não só prejudica e coloca em causa empresas e postos de trabalho, como inviabiliza qualquer estratégia enoturística da Bairrada, enquanto região demarcada”, defende Manuel Pinheiro, CEO da Global Wines. “Há vinhas que irão ser cortadas e algumas vinhas velhas passarão a ter aterros ou viadutos com uma linha por cima, o que irá transformar a capacidade de sedução da região”, salienta Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras. Pedro Soares acrescenta que “muitos dos cartões postais, que são hoje o seu valor imaterial, vão desparecer, e muitas fotografias que usamos na comunicação para a sua promoção já não a vão representar, porque o horizonte vai estar parcialmente preenchido por uma linha em aterro ou em viaduto”. Para além disso, a obra será também prejudicial para a Bairrada por afectar vários enoturismos, “que são veículos de divulgação e valorização dos territórios, das empresas e das suas marcas, e também constituem, em alguns casos, importantes fontes de receita através das vendas à porta”, salienta o responsável da CVBairrada. E não é só a faixa de terreno dedicada à alta velocidade que será afectada diretamente, porque haverá também vinhas, caminhos à volta e cursos de água que serão alterados durante a construção da obra.

 

“Os governos poderiam, talvez, usar as linhas de caminho de ferro já implantadas ou as estradas e autoestradas já construídas para implantar a linha do TGV. Mas não, tem de ser feita uma obra nova” – Mário Sérgio Nuno, proprietário da Quinta das Bágeiras    TGV Bairrada

 

As melhores soluções
É verdade que não é possível falar com todas as pessoas e empresas individualmente quando se projecta uma obra desta dimensão. Mas se tem de ser construída, e a Bairrada tem de ser atravessada, isso deveria ser feito após as entidades promotoras, e quem faz o projecto, falarem directamente com quem vai ser prejudicado para procurar, e encontrar, as melhores soluções em conjunto. “É isso que tem faltado”, conta Pedro Soares, referindo que esteve apenas “em duas ou três reuniões a reboque da Câmara da Anadia, e numa sessão pública de esclarecimento” com esse tema. “O processo de consulta podia e deveria ter sido mais relevante”, defende Manuel Pinheiro.
Sabe-se, hoje, que serão afectados cerca de 250 hectares de vinha na Bairrada. Mas, segundo Pedro Soares, ninguém procurou saber se havia, no seio dela, por exemplo um terroir específico, uma parcela especial que dê origem, hoje, a uma marca de um vinho de qualidade que é único por ter essa origem, que existe após ter dado muito trabalho na vinha e na adega para o encontrar, e muito esforço para comunicar a sua diferença ao mercado até se tornar um símbolo daquilo que a empresa que o produz faz bem, e pode agora desaparecer. “Será que não se deve pagar ao produtor, não apenas pelo terreno, mas também pela marca que desapareceu?”, questiona o responsável. São estas e outras perguntas que ainda estão por responder, numa altura em que as obras do futuro TGV entre Lisboa e o Porto estão a arrancar. Estamos a falar de algo que tem uma componente imaterial muito significativa, como algumas vinhas velhas, cujo valor tem a ver com a qualidade do vinho e a história e imagem da marca que tem no mercado.
“Sabemos quais são os valores pensados para indemnizações e a forma como foram calculados, mas não se pode pensar, aqui, da mesma forma como se faz para valorizar cada metro quadrado urbano”, defende Pedro Soares, acrescentando ainda que, para fazer as avaliações, deveria ser criada uma equipa multidisciplinar para avaliar os terrenos integrando todas as condições, “para fornecer as recomendações necessárias para mitigar o impacto brutal que vamos ter na nossa região”.

 

TGV Bairrada

 

“Muitas fotografias que usamos na comunicação para a sua promoção já não a vão representar, porque o horizonte vai estar parcialmente preenchido por uma linha em aterro ou em viaduto” – Pedro Soares, presidente da CVBairrada

 

 

 

(Artigo publicado na edição de Março de 2024)

CAS’AMARO: Vinho e turismo como vectores de negócio

CAS’AMARO

O projecto Cas’Amaro começou a ser construído há oito anos, com a aquisição do Casal da Vinha Grande, perto de Alenquer, por Paulo Amaro, porque este empresário, com negócios na área do imobiliário e da distribuição de instrumentos médicos e hospitalares, achou que seria um bom investimento imobiliário. A propriedade fica entre a Quinta de […]

O projecto Cas’Amaro começou a ser construído há oito anos, com a aquisição do Casal da Vinha Grande, perto de Alenquer, por Paulo Amaro, porque este empresário, com negócios na área do imobiliário e da distribuição de instrumentos médicos e hospitalares, achou que seria um bom investimento imobiliário.
A propriedade fica entre a Quinta de Chocapalha e a Quinta do Pinto e quando Paulo Amaro se apercebeu que tinha, no meio, uma adega antiga, sentiu que havia ali potencial para o negócio de enoturismo. Por isso, decidiu transformá-la numa unidade de luxo, hoje com três quartos, e plantar, há volta, cinco hectares de vinha, para lhe dar o melhor cenário envolvente, tal como está previsto para o resto dos investimentos no sector vitivinícola da Cas’Amaro em Portugal.

Visão objectiva
A paixão pelo vinho enquanto enófilo ajudou, mas foi a sua visão objectiva em relação a esta área de negócio que o levou a não ficar por aqui. “Depois, e muito rapidamente, a um ritmo quase compulsivo, foram compradas mais quatro propriedades em outras tantas regiões vitivinícolas portuguesas”, conta Rui Costa, diretor-geral da empresa há pouco mais de meio ano. Para além disso foi adquirida, ainda na Região de Lisboa, mais “uma vinha com dois hectares de Castelão com 30 anos, que temos estado a mimar para lhe aumentar a produtividade, pois tinha estado abandonada”, explica o responsável, acrescentando que a empresa está a plantar mais outra vinha, na zona da Abrigada, com as castas Vital e Ramisco, para acrescentar diversidade ao encepamento actual, baseado apenas em castas locais.
A única adega da empresa fica no concelho de Alenquer e começou a funcionar em 2021, dois anos após o lançamento dos primeiros vinhos. Ocupa o espaço de uma outra, com quase 100 anos, totalmente reconvertida e modernizada para permitir aos enólogos da casa, Ricardo Santos, o diretor de enologia da Cas’Amaro, e Gilberto Marques, que coordena a vinificação da empresa em Lisboa depois de se ter mudado da Quinta de Pancas, nas melhores condições possíveis.
A operação seguinte foi a aquisição da Herdade do Monte de Castelête, no Alentejo. Com 70 hectares, dos quais 48 de montado e 22 de vinha, fica perto de Estremoz, e tem um monte que a empresa está a transformar numa unidade de enoturismo, que inclui alojamento.
“Uma das preocupações na aquisição das propriedades foi que, para além da vinha, tivessem também um edificado atractivo, possível de reconverter em unidades de enoturismo”, diz Rui Costa, explicando que foi essa a filosofia base seguida na aquisição da Quinta da Fontalta, no concelho de Santa Comba Dão, que inclui um solar e 16 hectares de vinha, e também na propriedade da Região dos Vinhos Verdes, que inclui um solar muito antigo e apenas seis hectares de vinha, de um total de 40 hectares. “É uma quinta tradicional do Minho, que fica num vale estreito e comprido, com uma parcela de floresta e muito espaço para crescer”, conta o gestor, salientando que irão ser plantados, no local, mais dois hectares de vinha Alvarinho, processo que deverá ser moroso e dispendioso devido à quantidade de pedra que existe no solo.
No Douro, a Cas’Amaro adquiriu as Quintas de S. João e S. Joaquim, com 18 hectares de vinha e socalcos virados uma para a outra. Apesar de uma das propriedades possuir uma adega, não tinha condições para se vinificar. Por isso, os primeiros vinhos do Douro e Portos produzidos nesta região foram vinificados em Cheleiros, e está a ser pensada a construção de uma adega em Armamar.

 

A equipa da Cas’Amaro está a construir um projecto que une a produção de vinhos a um conceito de enoturismo que alia, ao vinho, a arquitectura, o design e a arte

Produção sustentável
Os projectos desta empresa estão a ser desenvolvidos segundo dois eixos. O primeiro é a produção de vinhos de qualidade, preferencialmente de modo biológico e sustentável, destinados sobretudo aos mercados externos. O segundo é o enoturismo, porque é a forma de se conseguir o equilíbrio financeiro de um projecto vínico a produzir em zonas tão distintas do território nacional, com áreas pequenas área de vinha, que irão perfazer um total de 76 hectares. “No alojamento, no restaurante ou mesmo no wine bar, onde vendemos apenas vinho a copo, as margens são mais apetecíveis, o que torna a combinação muito mais viável do que apenas a produção e comercialização de vinho”, explica Rui Costa.
Apenas está terminado o projecto de enoturismo da região de Lisboa, que inclui, para além do restaurante e da unidade de alojamento em Alenquer, uma outra em Lisboa, o Madalena Orquídea Living, um alojamento local com apartamentos T2, um café brunch e um restaurante vínico por baixo. Todos estes projectos foram desenvolvidos por Paulo Amaro desde 2016, antes de criar, a meio do ano passado, “uma estrutura de gestão, marketing, viticultura e enologia, coerente com a sua visão de futuro para as propriedades e a empresa, cujo caminho está a ser implementado agora”, conta Rui Costa. Para além dele, a equipa inclui dois profissionais que gerem os projectos em desenvolvimento, Rui Vasco e António Sousa, que são os homens de campo para tudo o que diz respeito a obras, desde a construção e reconversão de edifícios até à plantação e reconversão da vinha. A empresa tem mais cinco viticultores a tempo inteiro, um por cada uma das suas cinco quintas. Quando há trabalhos mais específicos a realizar, é contratado pessoal local, “o que nos tem permitido fugir àquela mão de obra mais massificada, que às vezes estraga mais do que faz”, defende Rui Costa, acrescentando que a sua empresa paga um pouco acima da média para conseguir ter essas pessoas.

Adega própria apenas em Lisboa
Como a empresa só tem adega na Região de Lisboa, vinifica em instalações de parceiros nas outras. No Dão, na Adega das Boas Quintas, de Nuno Cancela de Abreu; no Alentejo, na Adega do Monte Branco, de Luís Louro; no Douro, na Adega Dona Matilde, com o apoio do seu enólogo, João Pissarra e, na Região dos Vinhos Verdes, na AB Valley Wines, de António Sousa. “São as adegas mais próximas das nossas vinhas e são geridas por pessoas com quem nos conseguimos identificar, com as quais criámos métodos de trabalho”, explica o gestor, salientando que, assim, é possível Ricardo Santos, o director de enologia, fazer um acompanhamento mais próximo de todo o processo, o que é essencial para se produzir, todos os anos, o perfil de vinho definido pela sua equipa para cada região.
Em frente à adega, em Alenquer, fica um restaurante vínico, com sala de provas, que passa a wine bar a partir do final da noite, cuja frequência tem estado esgotada este ano. A procura deve-se, sobretudo, ao trabalho que Rui Costa tem realizado para encontrar clientes para as áreas de vinhos e enoturismo da empresa.
Depois de ter constatado que é lá fora que estão a maior parte dos potenciais clientes, tem frequentado feiras de turismo para contactar operadores que tragam estrangeiros a Portugal, para mostrar a oferta da Cas’Amaro. Foi isso que aconteceu na Fitur deste ano, em Madrid, de onde tinha acabado de chegar quando se realizou esta entrevista. “Os nossos espaços oferecem algo mais do que apenas o habitual no enoturismo, pois também reflectem o interesse de Paulo Amaro pela arquitectura, design e arte, o que os torna ainda mais atractivos”, realça o gestor da empresa. “Quem dorme na nossa casa de Alenquer em Outubro e volta em Fevereiro, vê exposições diferentes, tal como acontece no restaurante, porque há sempre algo de novo a acontecer”, acrescenta.
Para apresentar a casa e os seus vinhos está a apostar também nas principais feiras de vinhos nacionais e em algumas das internacionais. “O objectivo é encontrar bons parceiros, que se apaixonem pelos nossos vinhos e apreciem o seu perfil”, salienta acrescenta que pretende estar muitas vezes com eles para os ajudar a vender nos seus mercados. Com esse objectivo vai estar, com os enólogos da empresa, três vezes em São Paulo, no Brasil, em 2024, em articulação com outras iniciativas nacionais, para ajudar os seus importadores a apresentar os vinhos da Cas’Amaro aos seus clientes. E como é que este investimento vai ser pago? “Cada pessoa a quem vendermos uma garrafa de vinho é um potencial cliente dos alojamentos e dos restaurantes da empresa, onde teremos sempre um retorno significativo”, explica Rui Costa.

 

O projecto começou, em 2016, com a compra do Casal da Vinha Grande, em Alenquer, cuja adega foi transformada num espaço de alojamento com três quartos, preparado para servir refeições aos hóspedes

 

Um vinho de cinco tourigas
Para além do Brasil, e do Reino Unido, onde a empresa já começou a vender vinho, o gestor quer apostar na Holanda, Bélgica e países escandinavos, para além da Coreia do Sul. “Os Estados Unidos irão ficar para mais tarde, quando percebermos bem esse mercado”, diz.
Para este ano Rui Costa prevê que a Cas’Amaro deverá vender 36 mil garrafas e ter 150 mil euros de facturação com a venda de vinho, mais 110 mil no enoturismo, o que representa um crescimento exponencial em relação ao ano anterior. Por enquanto, o objectivo da empresa é explorar todo o potencial dos seus 76 hectares de vinha, que ainda está longe de ser atingido porque uma parte está a ser reconvertida e outra ainda está ou vai ser plantada. Sempre com castas locais, de preferência, e algumas de implantação nacional, como o Arinto ou a Touriga Nacional. No futuro, Rui Costa diz que “gostaria de fazer um vinho de cinco Tourigas, com uvas das cinco regiões”. Mas isso ainda é apenas um sonho.

Os terroirs da empresa

A Cas’Amaro investiu em cinco regiões nacionais, com o objectivo de produzir vinhos e criar equipamentos de enoturismo, incluindo alojamento e restauração, que está ou irá construir nos próximos anos. O objetivo é que os dois negócios, o do vinho e o do enoturismo, estejam em pleno funcionamento em 2030.

Cas’Amaro Vinhos Verdes
Inclui a Quinta do Bustelo, com 40 hectares, em Marco de Canavezes.
Área de vinha – 6ha, mais 2ha que deverão ser plantados este ano
Castas – Arinto, Alvarinho, Loureiro e Azal
Vinhos – Bustelo Alvarinho 2023, Bustelo Arinto 2023, Bustelo Arinto e Loureiro 2023

Cas’Amaro Douro
Inclui a Quinta de São João e a Quinta de São Joaquim, com um total de 39 hectares, no concelho de Armamar.
Área de Vinha – 18ha
Castas – Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Barroca, Maria Gomes, Malvasia e Códega do Larinho
Vinhos – Acidentado e Enfeitado (Ainda não estão no mercado)

Cas’Amaro Dão
A Quinta da Fontalta tem 17 hectares e fica no concelho de Santa Comba Dão.
Área de vinha – 15ha
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaén, Tinta Roriz, Encruzado, Malvasia Fina e Cerceal Branco
Vinhos: Caminho Branco 2022, Caminho Tinto 2022 100% Touriga Nacional e Mitologia Reserva 2022 100% Encruzado

Cas’Amaro Lisboa
A empresa possui o Casal da Vinha Grande, dois hectares de vinha na Labrugeira e mais seis na Abrigada.
Área de vinha – 7ha mais 6ha em plantação
Castas – Arinto, Fernão Pires, Sercial, Rabo de Ovelha, Touriga Nacional, Camarate, Bastardo e Tinta Miúda
Vinhos – Falatório branco, rosé, tinto e varietal de Bastardo, Madame Pió branco, monocastas de Arinto e Sercial e tinto

Cas’Amaro Alentejo
A Herdade Monte do Castelête tem 70 hectares e fica no concelho de Estremoz.
Área de vinha – 22ha
Castas – Antão Vaz, Roupeiro, Touriga Nacional, Trincadeira e Tinta Caiada
Vinhos – Implante e Castelete (No mercado a partir de Março)

(Artigo publicado na edição de Março de 2024)

Quinta do Bomfim: “Merenda na Vinha” regressa com o sol e o calor

Quinta do Bomfim

Com as temperaturas a subir e os dias cada vez mais longos, a Quinta do Bomfim – propriedade da família Symington, reconhecida pela produção dos vinhos do Porto Dow’s – reabre o espaço “Merenda na Vinha”, um local para desfrutar de piqueniques, petiscos e de uma seleção de vinhos Symington. As visitas guiadas à Quinta […]

Com as temperaturas a subir e os dias cada vez mais longos, a Quinta do Bomfim – propriedade da família Symington, reconhecida pela produção dos vinhos do Porto Dow’s – reabre o espaço “Merenda na Vinha”, um local para desfrutar de piqueniques, petiscos e de uma seleção de vinhos Symington.
As visitas guiadas à Quinta do Bomfim são uma oportunidade de conhecer os espaços e os “segredos” do vinho ali produzido. Conduzidas por guias, as visitas revelam a história da propriedade, não esquecendo o presente e o futuro, com passagem pelas adegas e pelo armazém, uma construção de 1896 onde o velho contrasta com o novo, homenageando o legado da quinta.

No final do passeio não pode faltar um refresco ou um piquenique para retemperar energias, e a sugestão da família Symington passa pela “Merenda na Vinha”. O espaço, inaugurado em 2023, oferece todas as condições necessárias para momentos de lazer e repouso. Este ano, os cocktails e o menu de petiscos são novidade, sendo possível desfrutar de diversas opções, como o sortido de enchidos, crackers e espetada de queijo com tomate cherry, ou uma taça de amêndoas e batatas fritas.

O menu de piquenique, elaborado pela equipa do restaurante da propriedade – Bomfim 1896 with Pedro Lemos (Guia Michelin 2024) –, pode ser desfrutado de segunda-feira a domingo, das 13h00 às 17h00. Uma seleção de pão, sopa fria de tomate coração-de-boi, salada de verduras, carapau de escabeche, covilhetes e queijo curado são as escolhas para o menu, que conta ainda com fruta da época e toucinho do céu para sobremesa. A garrafa de Altano Branco (para duas pessoas) e um copo de vinho do Porto Dow’s Tawny 10 Anos ou LBV complementam o piquenique do Bomfim, com um custo de 40 euros por pessoa. Opções vegetarianas são também uma possibilidade, com broa de milho e pão de centeio a integrarem a seleção de pão, juntamente com covilhetes de legumes, legumes assados e queijo merendeira.

A reserva das visitas e restantes atividades é aconselhada, sendo necessário reservar os piqueniques com 48 horas de antecedência. As reservas podem ser realizadas por e-mail (quintadobomfim@symington.com). As visitas estão disponíveis todos os dias da semana, das 10h00 às 17h30.

Chef Vítor Sobral inaugura a Petiscaria da Esquina em Lisboa

petiscaria da esquina

O chef Vítor Sobral convida à partilha e ao convívio no seu novo restaurante localizado no centro de Lisboa. A Petiscaria da Esquina apresenta os mais emblemáticos petiscos tradicionais portugueses, reinterpretados pelo chef, com uma cozinha preparada para receber clientes durante todo o dia. Em linha com o conceito do Grupo Vítor Sobral, de homenagem […]

O chef Vítor Sobral convida à partilha e ao convívio no seu novo restaurante localizado no centro de Lisboa. A Petiscaria da Esquina apresenta os mais emblemáticos petiscos tradicionais portugueses, reinterpretados pelo chef, com uma cozinha preparada para receber clientes durante todo o dia.

Em linha com o conceito do Grupo Vítor Sobral, de homenagem à gastronomia tradicional portuguesa, o chef Vítor Sobral apresenta um novo espaço, em Lisboa, na Avenida da República.

Chama-se Petiscaria da Esquina e, tal como o nome indica, apresenta uma carta de petiscos, a maioria bem conhecida dos portugueses, como as moelas em tomatada (9€), pica-pau de novilho (14,50€), berbigão à Bulhão Pato (14,90€) ou a salada de orelha de porco de coentrada (8,50€), por exemplo, todos temperados com a assinatura do chef Vítor Sobral.

“Este é um espaço que honra a nossa gastronomia, sobretudo a cultura da partilha à mesa, a boa conversa e um copo de vinho. Temos os petiscos mais emblemáticos e outros que quis apresentar como uma reinterpretação da nossa cozinha, como bochecha de porco, pimentão da horta e pickles ou lulas salteadas com limão e salsa. São quase duas dezenas de petiscos, além das ofertas de pratos. Motivos não faltam para ir à Petiscaria da Esquina”, refere o chef Vítor Sobral.

Com uma cozinha aberta durante todo o dia até às 23h00, entre as 15h00 e as 20h00 os motivos para ir ao restaurante são ainda maiores, com as Happy Hours a oferecer imperial Super Bock a apenas 1 euro. Para quem prefere um bom vinho, a carta é composta por vinhos portugueses, do Douro, Dão, Lisboa, Setúbal e Alentejo, além de espumantes e licorosos. A Petiscaria da Esquina tem também televisão, para que os dias de jogos sejam vividos à mesa, em boa companhia. Para quem preferir petiscar em sua casa, está também disponível o serviço de take away e de delivery pela Uber Eats.

Economia Circular | Reciclar para Reflorestar

Rolha a rolha… em 2022 plantámos 180 árvores! Obrigada a todos. Foram recolhidos cerca de 40 kg de rolhas no Vinhos & Sabores de 2022. Quase 9000 rolhas de cortiça o que equivale à plantação de 180 árvores. A Grandes Escolhas, retoma a parceria com o Green Cork e a AMORIM, para a edição de […]

Rolha a rolha… em 2022 plantámos 180 árvores! Obrigada a todos.

Foram recolhidos cerca de 40 kg de rolhas no Vinhos & Sabores de 2022. Quase 9000 rolhas de cortiça o que equivale à plantação de 180 árvores.

A Grandes Escolhas, retoma a parceria com o Green Cork e a AMORIM, para a edição de 2023 do evento VINHOS & SABORES. O Green Cork já conseguiu reciclar mais de 500 Ton de rolhas de cortiça usadas e já foram plantadas mais 1.400.000 árvores autóctones, contribuindo para uma crescente capacidade instalada de absorção de CO2, assim como já foi evitada a emissão de várias Toneladas. Mas queremos aumentar as rolhas recicladas e árvores plantadas, e por isso contamos com a sua visita e participação.    

O projeto “Rolha a Rolha, Semeie a Recolha” em parceria com a Lipor e os municípios da sua área de gestão, e conta com o apoio da Amorim, BA Glass e da Extruplás, tem como objetivo criar redes de recolha seletiva municipais no canal HORECA. Foram já implementados dois projetos pilotos nos municípios da Maia e Vila do Conde, com uma rede de recolha em cerca de 100 restaurantes. Durante o ano 2023 está em implementação a rede no município do Porto já com mais 200 estabelecimentos aderentes, e estamos a iniciar a implementação nos municípios de Matosinhos e Póvoa de Varzim. Por cada 50 rolhas recolhidas será plantada uma árvore autóctone e com as rolhas recicladas em 2022 foram plantadas cerca de 1300 árvores autóctones nos municípios da Maia e Vila do Conde.

www.greencork.org/rolha-a-rolha-semeie-a-recolha

A Campanha Green Cork Escolas/IPSS/Escuteiros em parceria com a Amorim e a Missão Continente, onde as escolas, IPSS e Escuteiros de todo o País são desafiadas a recolher rolhas usadas junto das comunidades e entrega-las numa das lojas do Continente, sendo atribuídos prémios às entidades que mais contribuírem. Também são desafiadas a desenvolverem várias atividades ao longo do ano letivo, submetendo o resultado dos trabalhos para serem divulgados e votados nas redes sociais, sendo premiados os que alcançarem mais votos.

www.greencork.org/campanha

A iniciativa “Vinhos que vão bem com o ambiente” levada a cabo em parceria com a José Maria da Fonseca e produtores associados Ravasqueira, Lima &Smith e Lagoalva, foi criada uma campanha promocional com mais de uma dezena de centros de recolha em várias lojas por todo o país. Foram instalados depósitos de rolhas, e foram oferecidos os rolhinhas aos clientes. Por cada 10 rolhas de cortiça recicladas será plantada uma árvore autóctone. Esta iniciativa teve inicio no dia 5 junho e terminará no final de outubro, culminando com uma plantação das árvores correspondentes no dia 23 de novembro, dia da Floresta Autóctone.
Com os resultados desta iniciativa no ano passado, foi possível plantar mais de 3800 árvores autóctones no Parque Natural da Serra de Sintra e Cascais.

www.jmf.pt/index.php?id=850

Estas campanhas, projetos e iniciativas no âmbito Green Cork, são alguns bons exemplos de transição para Economia Circular e para uma sociedade regenerativa que contribuí para a recuperação do nosso capital natural, e para um futuro melhor das gerações vindouras.

Visite-nos, receba o seu rolhitas e colabore na recolha.

 
 

ViniPortugal promove vinhos nacionais nos EUA

Viniportugal

A ViniPortugal leva os produtores nacionais a participar em provas nos Estados Unidos até ao próximo dia 18 de Abril, para promover a notoriedade dos vinhos portugueses e identificar novas oportunidades de negócio. Os eventos, que decorrem em Chicago, Houston, Nova Iorque e São Francisco, são realizados com produtores que já têm distribuição neste mercado […]

A ViniPortugal leva os produtores nacionais a participar em provas nos Estados Unidos até ao próximo dia 18 de Abril, para promover a notoriedade dos vinhos portugueses e identificar novas oportunidades de negócio.

Os eventos, que decorrem em Chicago, Houston, Nova Iorque e São Francisco, são realizados com produtores que já têm distribuição neste mercado e destinam-se a profissionais e consumidores.

Segundo Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “estas iniciativas são de grande relevância para a promoção dos vinhos portugueses fora de portas, sobretudo no mercado dos Estados Unidos”. Trata-se do segundo destino externo dos vinhos portugueses, onde o sector tem vindo a obter “excelentes resultados”. Para este responsável, “este é um mercado que tem vindo a mostrar um crescente interesse em vinhos internacionais e onde os Vinhos de Portugal têm estado em destaque, sobretudo pela qualidade, diversidade e tradição das referências nacionais, atributos muito apreciados pelos consumidores norte-americanos”.

Para além das provas, serão incluídas outras acções de promoção dos vinhos portugueses nestes eventos, como seminários e workshops sobre a dinâmica do mercado.

Provocação de sabores no Barreiro

Provocação de sabores

Provocação de Sabores é um evento que vai juntar, no Mercado Municipal 1.º de Maio, no Barreiro, mais de 60 produtores nacionais de vinhos. Em paralelo, irá decorrer uma mostra gastronómica e provas comentadas sobre vários temas, que irão levar vários especialistas nacionais, ao Barreiro, nos dias 4 e 5 de Maio, entre as 15h00 […]

Provocação de Sabores é um evento que vai juntar, no Mercado Municipal 1.º de Maio, no Barreiro, mais de 60 produtores nacionais de vinhos.

Em paralelo, irá decorrer uma mostra gastronómica e provas comentadas sobre vários temas, que irão levar vários especialistas nacionais, ao Barreiro, nos dias 4 e 5 de Maio, entre as 15h00 e as 20h00. A primeira tem o tema “Cozinha no Mundo” e será conduzida pelo sommelier Augusto Brumatti. Um pouco mais tarde falar-se-á de doçaria, numa sessão que terá, como anfitrião, o sommelier Tiago Simões. Haverá ainda um Tema Livre, apresentado pelo sommelier Pedro Durand, e uma sessão dedicada aos queijos, com Ivo Custódio e a enóloga Mafalda Perdigão.

Os ingressos já se encontram à venda e podem ser adquiridos na Ticketline, Posto de Turismo do Barreiro e no local, no dia do evento.

Valores: 8€ para um dia e 12€ para dois dias (o bilhete inclui copo e porta copos).

Provocação de Sabores