ENOTURISMO: QUANTA TERRA no planalto de Alijó, um Douro quase infinito

Quanta Terra

No coração do Douro, Alijó ergue-se no território do Cima Corgo, a sub-região que se estende entre a suavidade do Baixo Corgo e a vastidão agreste do Douro Superior. É uma paisagem de contrastes intensos, com vales que se afundam em profundidade vertiginosa, encostas que desafiam o olhar e o corpo, solos duros que obrigam […]

No coração do Douro, Alijó ergue-se no território do Cima Corgo, a sub-região que se estende entre a suavidade do Baixo Corgo e a vastidão agreste do Douro Superior. É uma paisagem de contrastes intensos, com vales que se afundam em profundidade vertiginosa, encostas que desafiam o olhar e o corpo, solos duros que obrigam a videira a conquistar centímetro a centímetro o direito de existir. Aqui, entre vilas de memória antiga, como Sabrosa e Alijó, o relevo exige persistência. Mas é dessa exigência que nasce o caráter singular dos vinhos, moldados pela paciência das gentes que aprenderam, ao longo dos séculos, a transformar a rudeza da terra em poesia líquida.

O planalto de Alijó distingue-se pela sua morfologia singular. Os solos, dominados por xisto, mas com presenças graníticas e manchas argilosas, em altitude, são austeros, pobres à primeira vista, mas é dessa contenção mineral que a videira extrai caráter e resistência. O clima, de verões quentes e secos, e invernos frios, molda a vinha num exercício de resiliência. A pluviosidade, irregular e muitas vezes escassa, obriga a planta a mergulhar fundo, em busca da água escondida nas fraturas da rocha.

Os homens e as mulheres de Alijó também são o verdadeiro património do planalto. Ao longo de gerações, aprenderam a ler a paisagem como quem lê um livro antigo. Conhecem os ventos, distinguem o cheiro da terra húmida, sabem o tempo certo de podar e o instante em que a uva pede colheita. A tradição vitivinícola é uma herança coletiva, feita de gestos que não se cristalizaram no passado. Ao lado das práticas ancestrais, surgem as adegas, equipadas com tecnologia adequada, numa convivência que não nega a tradição, mas a renova, projetando-a para o futuro. Coexistem lagares de pedra e cubas de inox, fermentações conduzidas por pés descalços e máquinas silenciosas. A tecnologia entra, mas não apaga os gestos herdados, como se o futuro fosse uma extensão natural da memória.

Os costumes locais – as festas, as romarias, a partilha à mesa – continuam a marcar o calendário. O pão partilhado, sobretudo o de Favaios, os cânticos das vindimas, tudo ressoa como parte de uma mesma sinfonia rural. O vinho não é apenas produto económico, é elemento social, cultural, espiritual. Aparece nas celebrações religiosas, nos encontros familiares, nos brindes que selam acordos e nos cânticos que ecoam nas vindimas.

Trata-se de um Douro que raramente se mostra nos roteiros turísticos e nas fotografias de postal. É um Douro escondido, feito de silêncios e memórias, onde o tempo parece correr mais devagar e as histórias se guardam como vinho em tonéis antigos, esperando o momento certo para serem reveladas. Este território esconde-se nas lendas de ribeiras encantadas, onde se dizia que à meia-noite surgiam figuras de brumas, guardiãs da vinha.

Escolhi perder-me neste Douro discreto, não apenas para percorrer-lhe os caminhos, mas para escutar a sua alma e provar os vinhos que aqui nascem e neste quadro, quase bucólico, fui visitar a Quanta Terra, espaço de enoturismo localizado na freguesia de Favaios, no concelho de Alijó.

As destilarias de aguardente

No vasto xadrez desta região, onde cada peça tem uma função na construção do vinho do Porto, as destilarias de aguardente surgiram no início do século XX, como um capítulo absolutamente determinante. Estávamos em plena fase de reorganização e controlo do setor vinícola, e tinham como principal objetivo assegurar a produção estável e de qualidade da aguardente vínica necessária à fortificação dos vinhos. Afinal, sem aguardente, o Vinho do Porto não poderia existir na forma que o mundo conhece.

Foram erguidas, ao longo do vale do Douro, sete destilarias, numeradas de forma simples, da nº 1 à nº 7. A missão consistia em transformar vinhos de menor expressão num destilado límpido e vigoroso, o chamado “espírito vínico” que, mais tarde, seria transportado para as caves de Vila Nova de Gaia, para ser integrado no processo de vinificação do Vinho do Porto. A centralização desta tarefa nas mãos de destilarias oficiais garantia que a aguardente usada fosse homogénea, controlada e compatível com a exigência do comércio internacional, de modo a evitar adulterações e práticas irregulares.

A criação destas unidades inscreve-se na linha de ação das instituições que moldaram a vida do Douro, desde a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, no século XVIII, até à Casa do Douro e ao Instituto do Vinho do Porto, já no século XX. Eram estruturas industriais, que representavam a autoridade reguladora sobre a mais íntima das matérias-primas, o álcool que preserva e eleva o vinho.

Com a passagem do tempo, o avanço tecnológico, a liberalização dos mercados e a crescente capacidade das casas exportadoras em gerir os próprios recursos tornaram estas destilarias menos centrais. Muitas foram encerrando ou reconvertendo funções.

Quanta Terra

Jorge Alves e Celso Pereira

 

A número sete

No mapa secreto do Douro, a Destilaria nº 7 ocupa um lugar singular no início do século XX. Erguida em 1934, fruto da doação da família do capitão Teodorico Teixeira Pimentel dos terrenos onde foi construída, esta destilaria carrega quase mais de 90 anos de história enquanto centro de atividade fabril. Em 1936, já armazenava quase um quarto de milhão de litros de vinho para destilação. Ao longo dos anos, as instalações foram ampliadas, modernizadas e adaptadas: da lenha ao petróleo, das 360 às mais de mil pipas, do trabalho manual à destilação contínua. A destilaria era, à época, motor económico e símbolo de progresso local. Até que, em 1983, o fogo dos alambiques se apagou e o silêncio tomou conta das paredes.

Abandonada nos anos 1990, a Destilaria nº 7 parecia condenada ao esquecimento. Mas, em 2016, dois enólogos visionários, Celso Pereira e Jorge Alves, reconheceram o potencial deste espaço, para a elaboração, estágio e promoção do vinho do Douro, e palco de experiências inesquecíveis, um lugar onde a memória industrial se transformaria em gesto cultural. Durante as obras de recuperação, houve um achado inesperado que mudou tudo. Ao abrirem as cubas originais de 1951, ambos descobriram os padrões marmóreos do revestimento ainda intactos, património raro, que determinou a interrupção da reconstrução, para garantir a sua preservação.

A destilaria deixou de ser apenas um edifício recuperado. É um lugar onde se pode ver, tocar e imaginar o trabalho que sustentou o Douro durante décadas, projetado pelo arquiteto Carlos Santelmo e que rapidamente se reposiciona, para se tornar um espaço de vinhos com arte. Nascem, assim, a Quanta Terra.

 

Mostrar mundo

A empresa Quanta Terra nasceu em 1999 pelas mãos do enólogo Celso Pereira, que convida Jorge Alves para fazer parte desta “empreitada”. Ambos se conheceram na Caves Transmontanas, produtora do reputado espumante Vértice, onde enólogo e enólogo estagiário, respetivamente, depressa perceberam que o amor pelo Douro e pelos vinhos os unia de forma profunda.

Naquela época, Celso Pereira liderava um processo de investigação, com o objetivo de desenvolver o referido espumante. Foi necessário realizar estudos sobre a região, em colaboração com a empresa norte-americana Schramsberg, a primeira produtora de espumantes de Napa Valley, na Califórnia. Estes ensaios eram efetuados com base na análise das variações de temperatura e pluviosidade, bem como das características dos solos e castas mais propícias para a produção de vinhos base para espumante. Era essencial encontrar acidez e frescura, o que levou Celso Pereira a concentrar-se no planalto de Alijó, zona situada entre os 500 e os 700 metros de altitude, a qual se enaltece pela humidade relativa mais elevada, temperaturas moderadas e solos graníticos, condições já conhecidas pela excelência dos vinhos brancos produzidos na região.

Aproveitando todo esse saber, Celso Pereira e Jorge Alves decidiram criar a Quanta Terra, nome inspirado no mapa do Barão de Forrester – Joseph James Forrester – sobre o rio Douro e os afluentes deste curso natural de água. O estudo do potencial dos vinhos tranquilos de altitude, realizado através de microvinificações de castas e exposições várias, teve como objeto cinco quintas da região durante dois anos, no sentido de perceberem que castas se adequavam melhor aos vinhos que viriam a ser produzidos pela Quanta Terra. Os primeiros anos foram dedicados aos vinhos tintos, recorrendo à produção proveniente da Quinta do Tralhão, no Vale do Tua.

Memória, risco e revelação

Os vinhos produzidos a partir das castas Touriga Nacional, Roriz, Barroca e Touriga Franca da Quinta do Tralhão, no Vale do Tua, eram vinhos robustos e serenos, com a gravidade que só os solos profundos e o tempo podem conceder. Mais do que expressão imediata, eram promessa. Representavam o Douro clássico, mas vistos pela lente da altitude, com uma contenção filosófica que já anunciava outro caminho.

Em 2007, chegaram os brancos feitos a partir de uvas vindimadas no planalto de Alijó. A frescura tornou-se protagonista, a acidez ganhou voz, a verticalidade mostrou que o Douro podia ser também claridade e leveza, como se a altitude tivesse dado ao Douro um novo fôlego.

O percurso ganhou uma nova dimensão em 2018, com o lançamento do Phenomena, um rosé 100% Pinot Noir. No coração de uma região dominada por castas tradicionais, a escolha revelou-se desafiadora, demonstrando que a tradição pode conviver com a ousadia. Phenomena não foi apenas um vinho, mas um manifesto, prova de que o Douro não é um território fechado sobre si mesmo, mas uma terra aberta à reinvenção.

Cada vinho resulta de uma visão sobre o território, um Douro que, apesar de antigo, não está esgotado, bem como de uma nova abordagem enológica, em que cada garrafa não é apenas o que se bebe, mas também o que se pensa. Assim se desenha a identidade da Quanta Terra: nos tintos, a gravidade; nos brancos, a claridade; no Phenomena, a audácia.

Já no terreno, a Quanta Terra recolhe uvas de vários lavradores que, em altitude, fornecem as brancas, vindimadas em solos graníticos e a baixa altitude, com cerca de 400 metros, e as uvas tintas colhidas em solos xistosos.

 

Os mentores e os seus percursos

No Douro, o nome de Celso Pereira ergue-se como arquiteto de vinhos e intérprete de terroirs. Formado em Engenharia Agronómica e com vasta experiência de Bordéus à Califórnia, passando pela Austrália, trouxe, ao Douro, uma atitude cosmopolita e um rigor técnico que transformaram o impossível em realidade: provar que a região também podia gerar espumantes de classe mundial. Ao comando do projeto Vértice, desde 1989, tornou-se referência maior dos espumantes portugueses.

O amigo e sócio Jorge Alves, enólogo transmontano nascido em Mirandela, revela a ligação à terra, mas foi através da ciência que começou a decifrar a linguagem das vinhas. Formou-se em Engenharia Agronómica pelo Instituto Politécnico de Bragança e prosseguiu estudos em Enologia, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), num tempo em que o Douro se reinventava, procurando afirmar-se para além dos generosos vinhos do Porto. A primeira grande experiência profissional deu-se nas Caves Transmontanas, no início dos anos 1990, onde trabalhou lado a lado com Celso Pereira. Foi aí que consolidou a prática técnica e a disciplina, descobrindo ainda a dimensão criativa da enologia, arte de equilibrar ciência e sensibilidade.

A partir dos anos 2000, Jorge Alves passou a colaborar com casas de referência no Douro, como a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e a Quinta do Tedo, deixando a sua marca em vinhos hoje reconhecidos pela autenticidade. Em 2008, iniciou a ligação à Quinta da Gaivosa, da família Alves de Sousa, onde contribuiu para a afinação de tintos de enorme longevidade, e passou pela Quinta do Vale Meão.

Entretanto, em 1999, Celso Pereira e Jorge Alves fundaram a Quanta Terra, uma casa que assenta na ideia de que o vinho nasce do território, mas a qualidade depende do homem. Tintos longevos, brancos de altitude, espumantes de assinatura e edições especiais confirmaram essa filosofia. O primeiro vinho, lançado nesse mesmo ano, foi já o anúncio de uma filosofia partilhada: o Douro poderia ser interpretado no plural.

A interpretação do vinho como gesto de mediação entre solo e copo, entre tradição e risco determinou a criação do enoturismo Quanta Terra, em 2022, instalado na antiga destilaria nº 7.

Aqui, o vinho não se esgota na garrafa, prolonga-se em experiência, cultura e partilha. E até já tem quem lhe garanta a continuidade deste projeto, com a entrada de cena nova geração. Tiago Areias, filho de Celso Pereira, e Pedro Alves, filho de Jorge Alves, estão na linha da frente, para prosseguirem com o legado dos pais. Tiago Areias, licenciado em Gestão, assume a comunicação e a ligação da marca ao universo artístico; e Pedro Alves, formado em Enologia, tem contribuído para repensar perfis e roupagens dos vinhos, imprimindo uma clarividência fresca e atual. Embora as grandes decisões continuem a ser tomadas pelos fundadores, os filhos têm voz ativa no processo, num modelo de gestão familiar, que valoriza a partilha de responsabilidades e a definição clara de funções.

Vinho, arte e turismo

Traçado pelo arquiteto Carlos Santelmo para funcionar, inicialmente, como adega de vinificação, o projeto Quanta Terra acabou por ganhar uma dimensão inesperada. No mesmo período, os responsáveis da casa conheceram, através do curador André Quiroga, a artista Joana Vasconcelos. Numa visita ao espaço, a artista plástica deixou-se conquistar e propôs de imediato uma exposição com várias das suas obras de referência. O encontro transformou-se num ponto de viragem, em que a adega se tornou um espaço de encontro entre cultura, arte e vinho.

Ou seja, o edifício que acolhe a Quanta Terra, adquirido em 2020, abriu portas em março de 2022, com a primeira exposição. Este foi o marco de uma parceria estratégica com a artista Joana Vasconcelos, a qual deu origem à criação e comercialização de três produtos exclusivos: um Espumante JVC, um vinho tinto JVC e uma serigrafia assinada pela artista plástica.

Desde então, o espaço Quanta Terra tem vindo a afirmar-se como palco de sinergias entre vinho e arte contemporânea. As exposições são regulares e resultam de parcerias com galerias, trazendo obras de criadores, como Hélio Bray, Paulo Neves, Vhils, entre outros nomes de referência do mundo das artes.

Foi neste cenário que me imbui de espírito aventureiro, como que a desbravar terreno, cheguei a Favaios numa manhã que parecia suspensa no ar. A estrada que me trouxe até aqui serpenteava como uma fita solta, ladeada de vinhas distribuídas por socalcos. Ao fundo, a antiga destilaria nº 7 surgia discreta. Este edifício, outrora guardião de aromas de aguardentes e trabalho árduo, foi recuperado com respeito e ousadia, transformando-se num espaço onde o vinho se torna experiência plural.

Na visita, encontramos Diana Felizardo, responsável pelo enoturismo da Quanta Terra. O visitante que chega encontra um serviço organizado e o testemunho raro de profissionalismo aliado a uma alegria contagiante, como se cada explicação, cada detalhe da história do vinho, fosse partilhado com a mesma intensidade de quem narra a própria vida.

Licenciada em enologia, Diana Felizardo conhece os vinhos da Quanta Terra com a intimidade de quem os estudou e provou, mas também com a humildade de quem sabe que cada garrafa guarda uma verdade renovada. Dedica-se com afinco a transmitir esse saber, transmitido com uma clareza que desarma, sem nunca perder a leveza do sorriso que a acompanha.

A visita à Quanta Terra é, por conseguinte, um exercício de memória e de identidade, onde o Douro se revela não através da paisagem imediata, mas pelo fio narrativo de quem o conhece e o vive. No primeiro andar, conta-se a história da Destilaria 7, espaço que pulsava com a produção de aguardente vínica, peça essencial no equilíbrio dos vinhos generosos. Entre fotografias antigas e detalhes preservados, a narrativa ganha corpo e aproxima o visitante de uma memória coletiva. Descendo ao segundo andar, abre-se uma janela para o Douro. Aqui, a região é apresentada através dos seus contrastes de geografia, clima e castas, traduzindo a complexidade de um território que é, ao mesmo tempo, dureza e beleza, suor e celebração. O visitante percebe que não se fala apenas de vinhos, mas de uma cultura que moldou homens e mulheres, de um rio que foi via e metáfora, de uma paisagem que se tornou património da humanidade.

É então que se desce ao espaço térreo, onde as cubas originais de 1951, guardiãs silenciosas de um passado, permanecem intactas. O revestimento, com os padrões marmóreos originais, surpreende pelo contraste entre austeridade e elegância. Em cada um dos quatro espaços guarda um vinho especial da casa Quanta Terra. Nesta fase, os visitantes são convidados a deterem-se nesse detalhe, enquanto o espaço, impregnado de autenticidade, parece suspender o tempo, devolvendo ao presente a densidade do que foi no passado.

A visita culmina na prova de vinhos, momento em que a teoria se torna experiência. Nos copos alinhados, cada vinho é apresentado como uma extensão do discurso que o antecedeu, síntese da história, da geografia e da memória do lugar. A prova é conduzida com leveza e paixão, transformando cada comentário técnico numa ponte para a emoção. A loja estende a experiência em casa, a qual se completa com a visita à exposição de arte patente na casa Quanta Terra.

No fim, o visitante compreende que fez uma travessia pela história, pelo território e pela cultura do Douro, onde a contemporaneidade da arte e a intemporalidade do vinho se afirma na tradição e, ao mesmo tempo, num território vivo, capaz de reinventar-se sem trair a essência. Tal como o vinho precisa de tempo para amadurecer, também o visitante, aqui, precisa de tempo para sentir. E é nesse ritmo mais lento, mais humano, que o enoturismo se revela na sua plenitude, sem esquecer a arte de hospitalidade, enquanto poesia feita de vinhos e encontros. Uma experiência a ter, para ver, ouvir e sentir.

Quanta Terra

COMODIDADES E SERVIÇOS

– Línguas faladas: português, inglês, francês

– Loja de vinhos

– Serviço de refeições: apenas através de um programa de experiências com o chef Óscar Geadas

– Lugares de prova sentados: 12

– Sala de eventos (sob consulta)

– Sala de Reuniões (sob consulta)

– Diferentes atividades e refeições (sob consulta)

– Parque para automóveis ligeiros

– Parque para autocarros: é possível estacionar nas imediações

– Provas comentadas (ver programas)

– Wifi gratuito disponível

– Sem visita às vinhas e à adega

EVENTOS

Eventos corporativos: sob consulta

PROGRAMAS

Prova de 1 Vinho

Ideal para apreciadores de arte, que desejam explorar a exposição e para quem procura uma introdução ao universo do vinho ou uma experiência mais breve. Inclui:

Visita guiada

Prova de um vinho à escolha, mediante disponibilidade

Duração: 30-45 minutos

Capacidade: 1 – 12 pessoas

Preço: 20€

Prova de Icónicos

Direcionada para quem tem algum conhecimento sobre vinhos ou deseja explorar mais a fundo o universo dos grandes vinhos do Douro. Inclui:

Visita guiada

Prova de quatro vinhos

– Terra a Terra Reserva (branco e tinto)

– Quanta Terra Grande Reserva (branco e tinto)

Duração: 1h15

Capacidade: 1 – 12 pessoas

Preço: 40€

Prova do Planalto

Trata-se de uma experiência exclusiva, destinada a quem tem conhecimento intermédio sobre vinhos durienses e que deseja explorar um Douro distinto, o Douro do Planalto de Alijó. Todos os vinhos em prova são elaborados a partir de uvas cultivadas em solos graníticos, localizados acima dos 600 metros de altitude. Inclui:

Visita guiada

Prova de quatro vinhos:

– Quanta Terra Golden Edition (branco)

– Quanta Terra Phenomena Pinot Noir (rosé)

– Quanta Terra Wild (rosé)

– Quanta Terra Cota 600 (tinto)

Duração: 1h15

Capacidade: 1 – 12 pessoas

Preço: 55€

Prova de Assinatura

Experiência desenhada para verdadeiros conhecedores de vinho, que queiram explorar a amplitude do que a Região Demarcada do Douro pode oferecer, desde vinhos clássicos a criações ousadas e inovadoras. Inclui:

Visita guiada

Prova de cinco vinhos:

– Quanta Terra Branco Golden Edition (branco)

– Quanta Terra Phenomena Pinot Noir (rosé)

– Quanta Terra Wild (rosé)

– Quanta Terra Manifesto (tinto)

– Quanta Terra Inteiro (tinto)

Duração: 1h45

Capacidade: 1 – 12 pessoas

Preço: 75€

Prova com o enólogo

Experiência exclusiva, concebida para conhecedores exigentes que desejam conhecer o universo dos vinhos Quanta Terra através de uma prova guiada pelos próprios fundadores, Celso Pereira ou Jorge Alves. Inclui:

Visita guiada

Prova de sete vinhos:

– Quanta Terra Grande Reserva (branco e tinto)

– Quanta Terra Golden Edition (branco)

– Quanta Terra Phenomena Pinot Noir (rosé)

– Quanta Terra Wild (rosé)

– Quanta Terra Manifesto (tinto)

– Quanta Terra Inteiro (tinto)

Duração: 1h45

Capacidade: 1 – 12 pessoas

Preço: 200€

Prova com o enólogo Série Arte & Vinho: Joana Vasconcelos

Uma oportunidade única para conhecer o conceito e a visão existente por detrás do cruzamento entre arte e vinho, feita através de uma prova guiada por Celso Pereira ou Jorge Alves, os fundadores da Quanta Terra x Joana Vasconcelos. Inclui:

Visita Guiada

Prova de dois vinhos

– Joana Vasconcelos by Quanta Terra Espumante Pinot Noir 2018

– Joana Vasconcelos by Quanta Terra tinto 2017

Duração: 1h15

Capacidade: 6 pessoas

Preço: 800€ (por grupo)

Quanta Terra – Geadas Michelin Experience

Momento gastronómico que cruza a excelência da Quanta Terra com o talento do chef Óscar Geadas e o escanção António Geadas, proprietários do restaurante G, que, desde 2018, tem vindo a conquistar uma Estrela Michelin. Com a génese culinária no restaurante da família, em Bragança, os irmãos Geadas são, hoje, uma referência da alta cozinha. Esta parceria exclusiva proporciona, desde 2024, momentos inesquecíveis, em que o vinho e a gastronomia se unem em perfeita harmonia. Inclui:

Visita Guiada

Welcome Drink

Almoço com harmonização de vinhos

Preço: sob consulta

Experiências personalizadas

A Quanta Terra oferece a possibilidade de personalizar provas e eventos particulares ou corporativos, serviço que lhe permite definir cada detalhe da experiência, desde a seleção dos vinhos em prova ao serviço de catering, com a possibilidade de reservar o espaço para eventos privados, garantindo um ambiente único e memorável.

Preço: sob consulta

Notas

Preços com IVA incluído à taxa em vigor

Preços por pessoa, salvo indicação em contrário

Grupos Superiores a 12 pessoas – preço sob consulta

Visitas em dias de fecho apenas mediante reserva

Horário de funcionamento

De outubro a março

De terça-feira a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00

De abril a setembro

De quarta-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00

Reservas

reservas@quantarerradouro.com

+ 351 935 907 557

Quanta Terra

Rua Casa do Douro

Lugar do Olho Marinho

5070-262 Favaios

Tel.: +351 259 046 359

info@quantarerradouro.com

www.quantaterradouro.com

 

OUTROS PRAZERES: OSTRAS E VINHO

Ostras e vinho

A harmonização entre ostras e vinhos é uma das mais antigas e, talvez, uma das mais bem conseguidas à mesa. Praticada em todo o mundo, dá origem a momentos inequívocos de prazer, sobretudo para quem tiver, como eu, amigos com casa de praia virada para um dos lugares para onde gosto de olhar, a ria […]

A harmonização entre ostras e vinhos é uma das mais antigas e, talvez, uma das mais bem conseguidas à mesa. Praticada em todo o mundo, dá origem a momentos inequívocos de prazer, sobretudo para quem tiver, como eu, amigos com casa de praia virada para um dos lugares para onde gosto de olhar, a ria Formosa. Afinal, é daqui que saem algumas das melhores ostras que se produzem em Portugal. Acabadinhas de abrir por alguém que o saiba para fazer, na companhia do vinho certo e de amigos de longa data, que partilhem o apreço por estes moluscos, que gosto de usufruir com todo o tempo do mundo.

Mas nem todos os vinhos servem para acompanhar ostras na mesa. A escolha natural vai, como parece óbvio, para os brancos. A parceria com tintos iria proporcionar, aos aventureiros que a quisessem fazer, uma sensação de gosto a ferrugem, devida ao elevado teor de iodo contido nestes moluscos, em conjugação com os taninos do vinho, algo que, para mim, não é nada agradável e seria um desperdício de tempo. Por motivo semelhante, evitam-se os brancos estagiados em madeira de carvalho.

Estimular o sonho

Os aromas discretos das ostras impedem a sua associação com brancos pujantes, excessivamente aromáticos e muito estruturados na boca. Elas querem-nos leves, com aromas delicados, boa acidez e equilíbrio, para complementar os seus sabores e a salinidade.

Já sentiu o prazer de estar numa esplanada de beira praia, a saborear umas ostras abertas ao natural, com um pingo de limão, na companhia de um vinho Alvarinho? É uma sensação inolvidável e digna de muitas repetições. Vinhos como o Deu la Deu, Soalheiro ou Dona Paterna, de personalidades distintas, são três exemplos de boas companhias para as ostras, no final de tarde a olhar o mar. Pelo menos para mim. O vigor suave do aroma floral da casta Alvarinho, marcado também pelo odor leve a frutos frescos, o equilíbrio na boca e o prolongar da sensação de frescura complementam e completam os sabores a mar deste produto, para proporcionar momentos de prazer.

Há muitos bons exemplos de relações entre brancos e ostras, mas não há nada que pareça melhor que um copo de champagne ou espumante com uma ostra aberta no momento. Esta imagem elegante estimula, ilumina o espírito e provoca o sonho.

É provável que, há centenas de anos, ostras e champagnes sejam apreciados em conjunto, pois as primeiras grandes casas produtoras da região francesa que se desenvolvem em redor de Reims datam dos primórdios do século XVIII.

Inicialmente, a conjugação não seria, de certo, acessível a todos. Porém, agora, com a produção de espumantes de qualidade em Portugal, como os portugueses Côto de Mamoelas, dos Vinhos Verdes, Montanha Cá, da Bairrada, ou Quinta do Rol Blanc, de Blancs, de Lisboa (uma pequena amostra só para demonstrar que já há opções em quase todas as regiões), a união tornou-se mais acessível um pouco por todo o lado.

 

Os aromas discretos das ostras impedem a sua associação a brancos pujantes, excessivamente aromáticos e muito estruturados na boca

Ostras e champagne constituem um dos melhores exemplos de harmonizações entre comida e vinhos

 

Conjugação incoerente

No entanto, esta harmonização parece incoerente. As sensações predominantes de uma ostra fresca na boca são a suculência, salinidade intensa, falta de untuosidade, amargor, gosto a iodo e aroma medianamente intenso.

Por um lado, champagnes e espumantes são frescos e ácidos, porque são feitos com uvas colhidas pouco maduras e à presença de gás carbónico natural, que faz salientar o sabor e a sensação de acidez e atenua a macieza. Por isso, quando se aprecia ostras com champagne ou espumante há um conflito, na cavidade bucal, pelo realce da suculência e da dureza causada pela salinidade do molusco. O sabor forte das ostras é potenciado pelo impacto ácido do espumante e incrementado pelo picar do dióxido de carbono.

Por outro lado, não há macieza a opor-se, proporcionada por gorduras sólidas e alguma doçura. Parece não haver equilíbrio, o que é um contra-senso. Portanto, ostras e champagne constituem um dos melhores exemplos de harmonizações entre comida e vinhos. O seu sucesso é um facto demonstrado e irá certamente durar muitos mais anos.

 

O segredo da harmonização

De acordo com um estudo recente realizado na Universidade de Copenhaga (UCPH), na Dinamarca, o segredo que explica o prazer proporcionado pela combinação de espumante com ostras pode estar no sabor umami existente em certos tipos deste molusco e alguns espumantes. “Muitas pessoas associam umami ao sabor da carne, mas descobrimos que também é encontrado em ostras e champanhe”, esclarece o professor Ole G. Mouritsen, do Departamento de Ciência dos Alimentos da UCPH. “A resposta pode ser encontrada no chamado sabor umami que, junto com o doce e salgado, é um dos cinco sabores básicos detectáveis pelas papilas gustativas humanas”, acrescenta.

Os níveis no champanhe podem não ser perceptíveis por si só. Todavia, quando consumidos com ostras, desenvolve-se uma “sinergia umami”, que torna o emparelhamento particularmente atraente, revela o estudo publicado nos “Scientific Reports da Nature”. As células de levedura mortas, as borras, contribuem com o sabor umami no champanhe via glutamato, enquanto o carácter umami pode ser encontrado nos músculos das ostras, via nucleotídeos, de acordo com os investigadores.

Ostras e vinho

Muitas pessoas associam umami ao sabor da carne, mas também é encontrado em ostras e champanhe

 

As ostras portuguesas

Há quem diga que são de cá, contudo parece que as ostras portuguesas, conhecidas em França como Les Portugaises, são originárias da Índia ou do Japão. Descendem da ostra japonesa e viajaram até Portugal no fim do século XVI, nas quilhas dos barcos e como alimento rico em proteínas para as tripulações. Lançadas nos estuários do Tejo e do Sado, desenvolveram-se e evoluíram devido às boas condições daqueles que seriam mais tarde considerados os maiores bancos naturais de ostras da Europa. A apanha das ostras chegava a empregar mais de quatro mil pessoas na zona de Setúbal, mas a instalação de indústrias pesadas e de estaleiros no estuário do Sado causou o quase desaparecimento deste molusco.

Hoje, já há várias empresas a produzir ostras. “O Tejo tem um estuário muito amplo, com acesso a muita água fresca todos os dias e tem águas límpidas, ao contrário do que as pessoas pensam, por haver muitas cidades em volta, com zonas muito boas para captação de ostras”, expõe Hugo Castillo, 51 anos, proprietário da Bluetaste – Mariscos Sazonais, empresa que comercializa, para além de ostras, outros bivalves e perceves. Segundo este responsável, que produz ostras na ria Formosa e as comercializa em Portugal, França e na Holanda, a produção destes moluscos é sustentável a 100%. “Aquilo que fazemos é colocá-las dentro de sacos, que ficam sujeitos ao sabor do efeito das marés, que trazem o fitoplâncton essencial à sua alimentação, com o objectivo de produzir ostras de qualidade, calibradas e muito gordas quando são colocadas na mesa, sempre com foco na segurança alimentar”, informa.

As ostras são adquiridas em maternidades francesas, a vários fornecedores da região de La Rochelle. “Compramos aquilo que chamamos semente, no nosso caso com seis milímetros, que são colocadas num berçário até terem as condições certas, para serem colocadas em sacos com uma malha específica, que impede que as ostras se escapem enquanto crescem”. À medida que isso acontece, são colocadas em sacos com malha maior e em número reduzido de unidades por saco, como é evidente. Isso permite que entre mais água e comida, para se poderem alimentar. No final, as ostras têm de ser afinadas, processo “que as habitua a estarem mais tempo fora de água e ajuda-as a enrijecer, e a desenvolver o músculo”, conta Hugo Castilho. O empresário afirma, ainda, que a costa portuguesa tem condições muito especiais para a produção de ostras, bem como de outros bivalves e crustáceos, não só devido à existência copiosa de alimento nas águas, mas também à temperatura. “Isso permite que se produza uma ostra comercial, com qualidade, ao fim de 14 meses, em Portugal, enquanto, em França, o processo demora 36”, elucida Hugo Castilho.

 

A arte de bem saborear

Escolha

Na compra de ostras, há que verificar a origem e reparar se reagem à pressão dos dedos. Estão vivas se fechadas com firmeza. A carne interior deve ser consistente, não apresentando aspecto leitoso, fino ou demasiado aguado, e deve cheirar a maresia.

Abertura

Devem ser abertas com uma faca própria, inserida entre as duas conchas, no lado plano. Deve começar-se na zona mais estreita, cortando, primeiro, o músculo e, só depois, ir para a mais larga. O vértice delas deve estar virado para o manuseador e a parte côncava para baixo. Tem de se ter algum cuidado no seu manuseamento, devido às arestas cortantes das conchas.

Degustação

Para os apreciadores, a ostra consome-se crua ou, no máximo dos máximos, com uma gota de limão. Mas há também quem goste delas com molho vinagrento. Quando cozinhadas ao vapor, como é tradição no Algarve, devem ser colocadas num tacho de fundo largo, com um dedo travesso de água e a parte côncava para baixo. São levadas a lume forte até a fervura chegar à tampa, que se levanta e coloca novamente. Na segunda fervura, estão prontas para serem apreciadas quentes.

Por vezes, são cozinhadas na chapa. O resto das versões depende da imaginação dos cozinheiros, mas perderão quase sempre o aroma e gosto a mar, principal motivo da sua capacidade de sedução. Os que gostam de encontros inolvidáveis, podem apreciar as ostras cruas com Alvarinho de Melgaço, espumante ou champagne, de preferência com algum tempo de estágio.

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2025)

BACALHÔA: O Bical de que se fala

bacalhoa

A Caves Aliança, fundada em 1927 e localizada em Sangalhos, no território vitivinícola da Bairrada, iniciou, na segunda metade da década de 1990, a linha de monovarietais Galeria. Naquela época, Francisco Antunes, diretor de enologia da casa desde 1993, elegeu as castas Chardonnay e Bical, para fazer os respetivos monovarietais, “mas, na realidade, a Bical […]

A Caves Aliança, fundada em 1927 e localizada em Sangalhos, no território vitivinícola da Bairrada, iniciou, na segunda metade da década de 1990, a linha de monovarietais Galeria. Naquela época, Francisco Antunes, diretor de enologia da casa desde 1993, elegeu as castas Chardonnay e Bical, para fazer os respetivos monovarietais, “mas, na realidade, a Bical nunca me satisfez muito”, revela, e a referência Galeria acabou por desaparecer.

À semelhança das demais histórias de produtores de vinho, a ainda Caves Aliança continuou a reforçar o aumento da área de vinha, com o foco no enaltecimento da viticultura e da enologia. Em 2003, procedeu à aquisição da Quinta da Rigodeira. Nesta propriedade situada entre a Fogueira e Ancas, no concelho da Anadia, há uma parcela de vinha registada em 1931, ano associado a um extenso cadastro feito nesta e noutras regiões portuguesas, razão pela qual poderá haver fortes probabilidades de remontar a muito antes no tempo. As cinco mil plantas, exclusivamente de castas brancas, plantadas em 4,5 hectares, com solos predominantemente arenosos, têm matéria-prima para produzir “bons vinhos brancos”, de acordo com o histórico deixado por antigos proprietários.

Com a passagem do tempo e, por conseguinte, já na era da Aliança Vinhos de Portugal – pertencente à Bacalhôa Vinhos de Portugal desde 2007 –, este registo determinou Francisco Antunes, agora diretor de enologia do Grupo Bacalhôa, e a sua equipa a proceder ao levantamento e à classificação das castas ali plantadas. A cada uma foi atribuída uma cor. No alinhamento dos trabalhos, as cepas foram reerguidas, no sentido de otimizar a saúde das plantas e facilitar a apanha da uva. “Tem uma variedade interessante de castas: Bical, Maria Gomes, Sercialinho, Cercial, Arinto, Rabo de Ovelha, Alicante e Chardonnay”, afirma Francisco Antunes, que decidiu arriscar novamente na produção de um vinho a partir da variedade de uva Bical. Feitas as contas, “era a casta mais plantada, a única que poderia dar à volta de 4000, 5000 litros, sem problema”, justifica.

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Um Vinhas Velhas “marcante”

 Desta vontade de enaltecer a casta típica da Região Demarcada da Bairrada resultou a estreia do Bacalhôa Bical 1931 Vinhas Velhas na colheita de 2021. “É uma vindima sui generis, porque metemos um rancho de mais de 20 pessoas a apanhar só a Bical”, devido à dispersão das cepas desta variedade de uva na parcela plantada há quase 95 anos, na Quinta da Rigodeira. Ao final de cada dia de vindima, e face à inexistência de câmara frigorífica, “as uvas eram espremidas e o mosto guardado no frio”.

Terminada a colheita da uva, que decorreu durante uma semana, juntaram os mostos, decantaram e fermentaram 40% em seis barricas novas e usadas e 60% em inox. Ali ficaram por cerca de um ano. Em setembro de 2022, chegou a vez de avançar para o lote e o vinho foi engarrafado. O lançamento para o mercado aconteceu em novembro do ano seguinte, ou seja, ao fim de aproximadamente 13 meses de estágio em garrafa. E foi logo um enorme sucesso, junto do mercado e da crítica especializada.

Além da “qualidade intrínseca”, o diretor de enologia considera este Bairrada Clássico um vinho muito especial. “Ao fim de 30 e poucos anos de carreira na Aliança, faltava-me ter um vinho marcante”, confessa Francisco Antunes, referindo-se igualmente ao novo Bacalhôa Bical 1931 Vinhas Velhas branco 2022, “mais fresco e com uma acidez mais equilibrada, quando comparado com a colheita de 2021”, segundo o enólogo. Sobre o processo de vinificação, fica o registo de que 50% fermentou e estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês, novas e usadas, e 50% em inox. “Para nós, as barricas novas são importantes, até porque usamos barricas que não marcam muito o vinho. Na Aliança, somos muito cuidadosos, no sentido de nunca haver excesso de madeira e há uma parte do mosto que fermenta em inox. Sempre! Preferimos ter mais opções de lote, para podermos construir o vinho no final”, garante Francisco Antunes, secundado pela enóloga residente da Aliança, Magda Costa. O tempo destinado ao descanso do vinho em barricas é passado numa pequena sala especialmente preparada para “o nosso 1931”. Depois, passa ainda mais um ano em garrafa antes de chegar ao mercado.

Em relação a esta referência, o diretor de enologia explica que todos os vinhos monovarietais estão sob a umbrella Bacalhôa e, desta parcela de vinha de 1931, localizada na Quinta da Rigodeira, a Bical é, para já, a única casta a dar corpo a um vinho do grupo. Pode ser que, no futuro, a variedade de uva branca Sercialinho também venha a “dar frutos” em garrafa… e no copo. Entretanto, confirma que vai haver Bacalhôa Bical 1931 Vinhas Velhas branco de 2023 e 2024. “O de 2024 está nas barricas e também promete muito!”, assegura Francisco Antunes.

(Artigo publicado na edição de Setembro de 2025)

Califórnia: Stag’s Leap, um ‘First Growth’ de Napa Valley

Califórnia

Tudo tem um princípio. Podíamos afirmar, com algum critério, que o princípio da história de Stag´s Leap Wine Cellars foi em 1970, com a aquisição da Stag’s Leap Vineyard, mas, na minha opinião, o verdadeiro princípio desta narrativa, assim como para a região de Napa Valley foi, provavelmente, o julgamento de Paris de 1976. O […]

Tudo tem um princípio. Podíamos afirmar, com algum critério, que o princípio da história de Stag´s Leap Wine Cellars foi em 1970, com a aquisição da Stag’s Leap Vineyard, mas, na minha opinião, o verdadeiro princípio desta narrativa, assim como para a região de Napa Valley foi, provavelmente, o julgamento de Paris de 1976.

O julgamento de Paris de 1976 foi uma prova cega de elite, com um júri composto pelos organizadores do evento, os wine merchants Steven Spurrier e Patricia Gallagher, e membros da aristocracia vínica francesa, alguns Chateaux, sommeliers e jornalistas especializados, colocando, lado a lado, Cabernet Sauvignons da Califórnia e First Growth de Bordéus, Chardonnay da Califórnia e Premier e Grand Cru Chardonnay da Borgonha. Tudo às cegas. E o resultado chocou o mundo naquela época!

O The Wall Street Journal escreveu “The 1976 Judgment of Paris had a revolutionary effect, like a vinous shot heard round the world.” E não foi caso para menos. O 1973 Chateau Montelena Chardonnay, de Napa Valley, recebeu a maior honra entre os brancos, enquanto que, nos tintos, o resultado foi o seguinte:

 

Palavras para quê? Impressionante, certo?

E ainda mais impressionante se torna se tivermos em mente que o vinho vencedor saiu de uma vinha, a S.L.V. Vineyard, plantada em 1970, com apenas três anos, portanto, ao passo que a classificação de Bordéus, e os First Growth, foram estabelecidos em 1855.

Foi, pois, com elevadas expectativas, que fomos ao mais recente espaço de provas da cidade de Lisboa, ainda em soft opening, o 1933 by Garrafeira Nacional, localizado no Hotel Tivoli Avenida, onde provamos cinco vinhos de Stag’s Leap Wine Cellars, importados para o nosso país pela Garrafeira Nacional.

O 1933 by Garrafeira Nacional denota requinte e bom gosto. Além de sala de prova, também funciona como uma pequena loja de vinhos nacionais e internacionais, com uma curadoria altamente especializada, e tem o propósito de se tornar uma referência como espaço dedicado a provas de pequena dimensão, em ambiente exclusivo, para produtores de vinho, bem como para pequenos eventos de iniciativa particular relacionados com vinho. É dada ainda a possibilidade aos clientes do Seen by Olivier, na porta ao lado, de adquirirem a garrafa de vinho da sua preferência e consumirem-na no decurso da refeição no restaurante, mediante o pagamento de uma taxa de rolha. Mas vamos ao que interessa.

Califórnia

Os solos são um misto de sedimentos de xisto, areia, barro, gravilha, rocha e material vulcânico. Quanto ao clima, as encostas rochosas de Palisades reflectem o calor que se faz sentir durante o dia

 

Dias quentes, noites frescas

Napa Valley é uma AVA (American Viticultural Area), em si mesmo, e tem-no sido desde que recebeu a designação em 1981. Foi a primeira AVA reconhecida na Califórnia e a segunda nos Estados Unidos. Dentro da Napa Valley AVA existem dezasseis outras AVAs aninhadas, mais pequenas, uma espécie de sub-regiões. São elas: Atlas Peak, Calistoga, Chiles Valley, Coombsville, Diamond Mountain District, Howell Mountain, Los Carneros, Mt. Veeder, Oak Knoll District of Napa Valley, Oakville, Rutherford, St. Helena, Spring Mountain District, Stags Leap District, Yountville e Wild Horse Valley.

Os vinhos de Stags Leap District são conhecidos por serem “um punho de ferro, dento de uma luva de veludo”, em virtude da combinação entre a composição dos solos e o clima.

Os solos são um misto de sedimentos de xisto, areia, barro, gravilha, rocha e material vulcânico. Quanto ao clima, as encostas rochosas de Palisades reflectem o calor que se faz sentir durante o dia, aquecendo a vinha, mais do que em outros locais de Napa Valley, beneficiando, no entanto, das frescas brisas marítimas provenientes da Baía de San Pablo, que, juntamente com o vento característico da zona, arrefecem as plantas durante a noite, contribuindo para o equilíbrio dos níveis de açúcar e acidez. Dias quentes e noites frescas ajudam a prolongar o período de vindima sendo estas as condições ideais para variedades de maturação tardia, como a Cabernet Sauvignon.

 

O objectivo que Warren Winiarski anteviu e definiu como possível consistiu em produzir um vinho no estilo clássico de Bordéus, mas com um sentido de terroir e de identidade 100% Napa Valley

 

O salto para o mundo

“Stag” significa veado, e “Leap” significa salto. A origem do nome Stag’s Leap não está bem documentada, mas reza a lenda do povo nativo-americano Wappo, que o nome do local se ficou a dever a um veado que, em tempos, perseguido e acossado por caçadores, no limite de um penhasco, preferiu dar o seu “Leap of  Faith” (literalmente, salto de fé), em direcção à morte certa, do que ser morto por eles; outra lenda conta a história de um veado que conseguiu iludir toda uma geração de caçadores, desaparecendo sempre, no último instante, através do tal Leap of Faith.

Foi exactamente ao lado da Stag’s Leap Vineyard (S.L.V.) que Nathan Fay plantou a Fay Vineyard, com Cabernet Sauvignon, em 1961. Quando, em 1970, Warren Winiarski teve o seu momento eureka ao provar um dos Cabernets daí provenientes, de imediato comprou a S.L.V.

e fundou a Stag’s Leap Wine Cellars. O objectivo que Warren Winiarski anteviu e definiu como possível consistiu em produzir um vinho no estilo clássico de Bordéus, mas com um sentido de terroir e de identidade 100% Napa Valley. O Cabernet de Nathan Fay conseguia isso, e, como tal, a vinha ao lado também haveria de tornar isso possível. Anos mais tarde, em 1986, Nathan Fay vendeu a Fay Vineyard a Warren Winiarski.

Existem vinhos no mundo, cuja reputação está tão bem estabelecida, que praticamente vivem no reino do icónico. Stag’s Leap, é um desses vinhos.

(Artigo publicado na edição de Setembro de 2025)

Herdade dos Grous com estatuto Gold Member da IWCA

Herdade dos Grous

Com o Inventário de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) para 2024 aprovado por parte da Comissão de Revisão do Inventário da International Wineries for Climate Action (IWCA), a Herdade dos Grous obteve estatuto de Gold Member da referida entidade. O reconhecimento advém do compromisso desta propriedade vitivinícola localizada em Albernoa, no distrito […]

Com o Inventário de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) para 2024 aprovado por parte da Comissão de Revisão do Inventário da International Wineries for Climate Action (IWCA), a Herdade dos Grous obteve estatuto de Gold Member da referida entidade. O reconhecimento advém do compromisso desta propriedade vitivinícola localizada em Albernoa, no distrito de Beja, Alentejo, em contribuir para o abrandamento das alterações climáticas através da redução das emissões de CO2 e reduzir o impacto ambiental. Neste contexto, são de salientar as práticas de agricultura regenerativa, que fomentam a comunhão entre a agricultura e a natureza, e favorecem a saúde do solo, bem como a produção de energia renovável, que representou mais de 20% do consumo total, atingiu os 60% em 2024.

Todo este trabalho realizado em torno da medição e da gestão das emissões, tanto na vinha, como na adega, decorre desde 2018, com o auxílio de uma calculadora de GEE desenvolvida pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em colaboração com o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA).

Segundo Luís Duarte, Gerente e Director de Enologia da Herdade dos Grous, “estamos comprometidos em moldar um futuro onde a sustentabilidade está na vanguarda de cada garrafa. O nosso manifesto é uma declaração dos nossos valores comuns, da nossa missão e da nossa dedicação inabalável em fazer a diferença e impactar positivamente as pessoas e as regiões, através dos nossos vinhos.”

Herdade dos Grous

Mano a mano: O loureiro e o alvarinho

Tiago e Gonçalo Mendes

Aos 31 anos e com formação em gestão, Tiago Mendes já viu muita vindima, ainda que só a partir de 2019 tenha encarado o vinho como actividade profissional, assumindo, hoje, a liderança da área comercial e de marketing na empresa familiar. O seu irmão Gonçalo Mendes, dois anos mais velho, é médico urologista e aproveitou […]

Aos 31 anos e com formação em gestão, Tiago Mendes já viu muita vindima, ainda que só a partir de 2019 tenha encarado o vinho como actividade profissional, assumindo, hoje, a liderança da área comercial e de marketing na empresa familiar. O seu irmão Gonçalo Mendes, dois anos mais velho, é médico urologista e aproveitou a formação científica, para desenvolver o gosto pelas técnicas de produção. Ou seja, um está mais focado na estratégia e no mercado, enquanto o outro está vocacionado para a vinificação e o produto, mas ambos são conhecedores de todas as facetas de uma empresa vitivinícola e devotos admiradores dos grandes vinhos de Portugal e do Mundo.

“Fiz a minha primeira vindima a sério com o meu pai em 2017”, conta Tiago Mendes, “e fiquei deslumbrado com a variedade Loureiro. Achava que produzia vinhos muito perfumados e elegantes, e não percebia porque é que a casta não tinha tanto reconhecimento quanto a Alvarinho, que acabava por viver na sua sombra.” Com 70 hectares de Loureiro no vale do Lima, divididos por seis quintas diferentes, Tiago Mendes entendia que a família devia aproveitar estes recursos para fazer um Loureiro “de parcela”, um vinho de grande ambição, posicionado ao nível dos melhores Alvarinhos. Tanto “apertou” com o pai que, nessa vindima, surgiu o primeiro Anselmo Mendes Private Loureiro. “Inicialmente foi complicado”, confessa Tiago Mendes. “O feedback dos consumidores era positivo e as críticas de imprensa muito boas, mas as vendas, talvez pelo preço pouco habitual num Loureiro, ficavam um pouco aquém. Com o tempo, porém, este Loureiro acabou por se afirmar e, hoje, é uma referência da casta.”

Em 2020, Gonçalo Mendes concluiu os estudos em Medicina. Nos tempos livres dedicou-se a aprofundar os seus conhecimentos teóricos e práticos sobre enologia, acabando por passar muito tempo com o irmão na empresa, em Melgaço, onde Tiago Mendes já estava a trabalhar, fazendo um pouco de tudo.

Foi assim, dessa cumplicidade entre irmãos, que surgiu a vontade de fazer algo deles, com uma identidade própria, que fugisse ao portefólio Anselmo Mendes. Nesse ano, Tiago Mendes voltou a questionar o pai: “por que é que grande parte dos nossos vinhos da casta Alvarinho passam por barrica e o Loureiro não?” Anselmo Mendes tinha algum cepticismo quanto ao comportamento do Loureiro em barrica, temia que prejudicasse a delicadeza e elegância da casta. Mas Tiago Mendes não desistiu e lançou o desafio: “vamos fazer um Loureiro com fermentação e estágio em barrica!” Como pai e como enólogo, não dava para dizer não.  E assim se fez, logo nessa vindima um Loureiro estagiado em barrica.

Tiago e Gonçalo Mendes

Depois do Loureiro, o Alvarinho

Durante os meses seguintes o vinho foi sendo provado regularmente, sempre se mostrando à altura das expectativas iniciais de Tiago Mendes e acima das do pai, Anselmo Mendes. O resultado levou Tiago Mendes a incentivar o irmão: “porque não fazeres também tu um vinho?”

Há muito que Gonçalo Mendes perguntava o pai a razão de não realizarem a fermentação maloláctica em alguns Alvarinho da casa: “se há grandes vinhos da Borgonha que são feitos com maloláctica, porque é que nós nunca o fazemos?” Anselmo Mendes, que, ao longo da carreira, já o havia experimentado diversas vezes, nunca ficando convencido – “achava que os vinhos iam ficar ‘aborrecidos’ e perder alguma da tensão que os caracteriza”, conta Gonçalo Mendes – não estava pelos ajustes. Mais uma razão para Gonçalo querer o contrário: “se o Tiago pode fazer um Loureiro com barrica, eu vou fazer um Alvarinho com maloláctica”. E, de novo, assim se fez, na vindima de 2021. E outra vez com sucesso.

Quatro anos depois, os desafios lançados por Tiago e Gonçalo Mendes chegam finalmente ao mercado, trazendo consigo uma história de envolvimento e partilha geracional numa empresa familiar. “Estes vinhos espelham um pouco do que é a segunda geração: queremos dar continuidade e aprender com os nossos pais, mas gostamos de os questionar”, explica Gonçalo Mendes. “No fundo, a base para fazer estes vinhos foi, acima de tudo, fazer aquilo que o nosso pai fez a vida toda: questionar os dogmas que existem no vinho. Quisemos, assim, criar vinhos que tenham a nossa identidade, vinhos ainda não ‘assinados’ pelo nosso pai.”

O Loureiro do Tiago e o Alvarinho do Gonçalo (os vinhos assumiram no rótulo os nomes pelos quais ficaram conhecidos na adega desde que nasceram) são, naturalmente, bastante distintos entre si. E não apenas nas variedades que lhes deram origem.

“Tal como as castas se expressam de forma diferente e cada uma tem uma personalidade própria, também os irmãos assim são”, refere Tiago Mendes.  E detalha o que os une e os diferencia: “embora tenhamos nascido e vivido sempre na cidade do Porto, passávamos fins-de-semana e férias em Monção e Melgaço, e crescemos rodeados de adegas e vinhas. Quando éramos mais novos, eu sempre tive muita curiosidade nas marcas, nos rótulos, e achava fascinante que os nossos vinhos estivessem em tantos países. Fui, aos 13 anos, à primeira Prowein com o meu pai! Já o meu irmão, tendo uma formação na área das ciências, sempre teve mais curiosidade pela técnica: em entender para que servia uma cuba, porque é que uns vinhos iam para barrica e outros não, e por aí fora. Quando desenvolvemos a imagem para estes vinhos, explorámos também essas diferenças entre nós.”

A rotulagem dos vinhos foi inspirada no conceito Mar-Montanha. O que caracteriza o Loureiro é o vale do Lima e a proximidade ao mar, enquanto o Alvarinho é o vale do Minho e as montanhas de Monção e Melgaço, daí as diferenças nos rótulos de cada referência: o do Loureiro de Tiago Mendes tem linhas azuis horizontais e o do Alvarinho do Gonçalo Mendes linhas verdes verticais. “Por enquanto, é uma edição limitada, mas é um primeiro passo da segunda geração nos vinhos do projecto familiar. No futuro, mais experiências virão.” Fica a promessa dos manos. Anselmo Mendes tem todas as razões para estar feliz.

(Artigo publicado na edição de Setembro de 2025)

Nunes Real Marisqueira: O prazer de bem mariscar

nunes

Situada entre o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, a escassos quilómetros do centro de Lisboa, a Nunes Real Marisqueira tem, como trave-mestra do seu prestígio, os produtos do mar. A entrada de ar discreto dificilmente desperta a imaginação para o que se vai encontrar naquele espaço amplo, cheio de cores fortes, a […]

Situada entre o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, a escassos quilómetros do centro de Lisboa, a Nunes Real Marisqueira tem, como trave-mestra do seu prestígio, os produtos do mar. A entrada de ar discreto dificilmente desperta a imaginação para o que se vai encontrar naquele espaço amplo, cheio de cores fortes, a fazer lembrar um lugar de festa.

A primeira coisa que se vê, pois é impossível não reparar nela, é a banca de mariscos e a cozinha, onde vários profissionais se afadigam, de mãos na massa, a cozinhar para os comensais do dia. Mais à frente, há vários ambientes à escolha, desde o bar e das mesas altas, que sugerem um convívio mais descontraído, ao conforto das mesas redondas envolvidas por sofás altos de veludo, a realçar um ambiente mais íntimo, para refeições entre amigos, por exemplo.

Escolhemos uma mesa para dois, porque era para isso que lá estávamos, para estar e conversar um com o outro em dia de aniversário de casamento. Pelo meio fomos apreciando algo que gosto muito, Anchovas do Mar Cantábrico com pão de cristal, saboreadas bem devagar, ou não tivesse todo o tempo do mundo, para além de um viciante Casco de sapateira recheado e de algumas ostras, às quais nunca resistimos; Amêijoas à Bolhão Pato, um par de Gambas reais grelhadas, por sugestão do chefe de sala e que estavam deliciosas, e Gamba branca do Algarve, porque estou viciado nelas desde jovem. Compro-as sempre que vou a Olhão, mas nem ali nem noutros sítios da costa algarvia ou andaluza as encontro tão grandes, como as que a Nunes Real Marisqueira dispõe, sempre no ponto certo de cozedura, para seduzirem e “obrigarem”, quem lá vai, a voltar.  Para companhia, foi escolhido o Alvarinho Ipiranga de 2023, do enólogo António Braga, um grande parceiro de quase tudo o que veio para a mesa, com a excepção das ostras. Uma noite boa e feliz.

nunes

 

 

Serviço refinado

O que diferencia esta casa de outras marisqueiras, para além da frescura do marisco, que Miguel Nunes selecciona com cuidado junto dos fornecedores, é o serviço “refinado, eficaz e atencioso” e a oferta variada de pratos de peixe, incluindo, por exemplo, os Filetes de peixe-galo com açorda de ovas ou o Robalo ao sal. Para quem gosta de petiscar, como eu, sugiro as Puntilhitas (lulinhas fritas), os Chocos à algarvia e,  para terminar, o Pica-pau de lombo.

 

 

 

Nunes Real Marisqueira

Rua Bartolomeu Dias, nº 172 E 1400-031 Lisboa

Aberto todos os dias, das 12h30 às 00h00

Tel.: 213 019 899

hello@nunesmarisqueira.pt

www.nunesmarisqueira.pt

 

 

Um brinde aos vencedores do Concurso dos Vinhos de Lisboa

lisboa

Dois vinhos generosos, com a chancela Villa Oeiras, e duas aguardentes vínicas da Adega da Lourinhã recebem a Grande Medalha de Ouro da edição de 2025 do Concurso dos Vinhos de Lisboa. No âmbito dos vencedores da Medalha de Ouro, há 10 categorias a conhecer: Melhor Branco, Melhor Tinto, Melhor Rosé, Melhor Arinto, Melhor Vital, […]

Dois vinhos generosos, com a chancela Villa Oeiras, e duas aguardentes vínicas da Adega da Lourinhã recebem a Grande Medalha de Ouro da edição de 2025 do Concurso dos Vinhos de Lisboa. No âmbito dos vencedores da Medalha de Ouro, há 10 categorias a conhecer: Melhor Branco, Melhor Tinto, Melhor Rosé, Melhor Arinto, Melhor Vital, Melhor Leve Lisboa, Melhor Espumante, Melhor Vinho Generoso, Melhor Colheita Tardia e Melhor Aguardente Vínica. Destaque ainda para os quatro Top-5 divididos em brancos, tintos, Arinto e Leve Lisboa. Ao todo, foram distinguidas 45 referências vínicas entre as 150 provadas por um painel de críticos, especialistas e enólogos.

“Este é um concurso que mais uma vez posiciona e valoriza a qualidade, a consistência, a diversidade e a identidade dos Vinhos de Lisboa, uma das grandes regiões portuguesas, expressão de um carácter atlântico único, cada vez mais reconhecido em Portugal e nos principais mercados de exportação”, afirma Carlos Fonseca, Vogal da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, entidade promotora e organizadora deste desafio vínico.

A lista dos vencedores do concurso:

Grande Medalha de Ouro

Vinhos Generosos

Villa Oeiras Superior branco DOC Carcavelos (Melhor Vinho Generoso)

Villa Oeiras 12 Anos DOC Carcavelos 2010

Aguardentes Vínicas

Clássica 32ª Série Aguardente DOC Lourinhã XO (Melhor Aguardente Vínica)

Matriz Aguardente DOC Lourinhã XO

Top-5

Brancos

Adega da Vermelha Grande Reserva 2021 | Adega da Vermelha

Coragem Chardonnay 2024 | Vidigal Wines

Carlota A Imperatriz Sauvignon Blanc 2024 | QVBFG, Sociedade de Vinhos da Estremadura

Quinta das Cerejeiras Grande Reserva 2022 |Companhia Agrícola do Sanguinhal

Corrieira Juntos Arinto Chardonnay 2023 | Quinta da Corrieira Grande

Tintos

AdegaMãe Terroir 2016 | AdegaMãe

Vinhas do Lasso Garrafeira 2013 | Quinta do Pinto

Peripécia Merlot 2020 | Cerrado da Porta

Troviscal Grande Reserva 2018 | Cerrado da Porta

Adega da Vermelha Grande Reserva 2019 | Adega da Vermelha

Arintos

Quinta do Lagar Novo 2019 | TAG Wine

Carlota A Imperatriz 2021 | QVBFG, Sociedade de Vinhos da Estremadura

CH by Chocapalha 2021 | Casa Agrícola das Mimosas

Casa Santos Lima Oak Aged 6 Months 2023 | Casa Santos Lima

Casa Santos Lima 2023 | Casa Santos Lima

Leve Lisboa

Azulejo branco 2024 | Casa Santos Lima

Mirante branco | Adega Cooperativa da Carvoeira

Azulejo rosé 2024 | Casa Santos Lima

Solar da Marquesa branco 2024 | Casa Agrícola Horácio Nicolau

Félix Rocha branco 2023 | Félix Rocha

Medalha de Ouro

Brancos

Adega da Vermelha Grande Reserva 2021 (Melhor Branco) | Adega da Vermelha

Coragem Chardonnay 2024 | Vidigal Wines

Carlota A Imperatriz Sauvignon Blanc 2024 | QVBFG – Sociedade Vinhos da Estremadura

Quinta das Cerejeiras Grande Reserva 2022 | Companhia Agrícola do Sanguinhal

Corrieira Juntos Arinto Chardonnay 2023 | Quinta da Corrieira Grande

Adega D’Arrocha Reserva Fernão Pires 2023 | Adega D’Arrocha

Quinta do Gradil Reserva 2018 | Quinta do Gradil

Carlota a Imperatriz Fernão Pires 2024 | QVBFG – Sociedade Vinhos da Estremadura

Quinta do Lagar Novo 2019 (Melhor Arinto) | Quinta do Lagar Novo

Carlota A Imperatriz Arinto 2021 | QVBFG – Sociedade Vinhos da Estremadura

CH by Chocapalha Arinto 2021 | Quinta de Chocapalha

Casa Santos Lima Arinto Oak Aged 6 Months 2023 | Casa Santos Lima

Empatia Superior Vital 2023 (Melhor Vital) | Adega da Labrugeira

Adega D’Arrocha Grande Escolha Vital 2023 | Adega D’Arrocha

Tintos

AdegaMãe Terroir 2016 (Melhor Tinto) | AdegaMãe

Vinhas do Lasso Garrafeira 2013 | Quinta do Pinto

Peripécia Merlot 2020 | Cerrado da Porta

Troviscal Grande Reserva 2018 | Cerrado da Porta

Adega da Vermelha Grande Reserva 2019 | Adega da Vermelha

Quinta do Pinto Reserva Touriga Nacional 2019 | Quinta do Pinto

Quinta de Chocapalha tinto 2020 | Quinta de Chocapalha

AdegaMãe Castelão 2021 | AdegaMãe

Reserva das Cortes Reserva tinto 2021 | Paço das Côrtes

Brutalis tinto 2020 | Vidigal Wines

Marquês de Lisboa Alicante Bouschet 2023 |

Chocapalha Vinha Mãe Tinto 2019 | Quinta de Chocapalha

Coragem Touriga Nacional 2021 | Vidigal Wines

Espumantes

Quinta Cerrado da Porta Grande Reserva Arinto 2015 (Melhor Espumante) | Cerrado da Porta

Quinta Cerrado da Porta Grande Reserva Chardonnay 2019 | Cerrado da Porta

Adega de São Mamede Reserva Branco 2022 | Adega de São Mamede

Colheitas Tardias

Quinta das Marés by Santa Bárbara 2021 (Melhor Colheita Tardia) | Lés a Lés

Generosos

Villa Oeiras 7 anos DOC Carcavelos | Município de Oeiras

 Aguardentes

Quinta do Rol VSOP Aguardente DOC Lourinhã | Quinta do Rol

Medalha de Prata

Romeira 2024 (Melhor Rosé) | Quinta da Romeira

Rua da Betesga Reserva Tinto 2020 | Adega Moor

Talismã Reserva Branco 2024 | Adega Cooperativa da Labrugeira

Casa Santos Lima Oak Aged 6 Months Chardonnay 2024 | Casa Santos Lima

Colossal Chardonnay 2024 | Casa Santos Lima

Casa Santos Lima Arinto 2023 | Adega Moor

Félix Rocha Arinto Reserva 2021 | Félix Rocha

A Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa engloba os Vinhos IGP Lisboa e as DOC de Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Óbidos, Encostas D’ Aire, Lourinhã, Carcavelos, Colares e Bucelas. Este território vitivinícola agrega 10 mil hectares de vinha certificada, o que se traduz em vendas anuais de 69 milhões de garrafas, com a exportação a registar os 80% para cerca de 100 países.