Pacheca abre Bistrô na Régua

Pacheca

Espaço com a chancela do Pacheca Group, situado na Régua, o novo Pacheca Bistrô, pretende ser mais do que um wine bar, um local onde o vinho liga amigos, sabores e cultura. O espaço é do Pacheca Group, mas nele podem ser encontradas outras referências vínicas de marcas nacionais ou internacionais. Fica na Régua, coração […]

Espaço com a chancela do Pacheca Group, situado na Régua, o novo Pacheca Bistrô, pretende ser mais do que um wine bar, um local onde o vinho liga amigos, sabores e cultura.

O espaço é do Pacheca Group, mas nele podem ser encontradas outras referências vínicas de marcas nacionais ou internacionais. Fica na Régua, coração urbano do Alto Douro Vinhateiro, num espaço onde haverá música, DJ, petiscos, muitos vinhos e cocktails.

O novo Bistrô, que fica na R. José Vasques Osório, na Loja B4, a curta distância da Quinta da Pacheca, propõe-se, também, ser palco para divulgação da cultura local, colaborando de perto com artistas e criadores emergentes, e parceiro de eventos culturais.

“Alinhado com os valores do Pacheca Group, este espaço traduz a nossa filosofia de hospitalidade sensorial e ligação ao território. O vinho é protagonista de momentos que ficam na memória”, salienta a administração do grupo sobre o novo wine bar.

Trafaria (Com) Prova está de volta de 4 a 6 de Julho

Trafaria

O Trafaria (com) Prova está de regresso para três dias de festa com degustação de vinhos e petiscos, provas de vinho comentadas, visitas guiadas ao centro histórico e animação de rua no passeio ribeirinho da Trafaria. 4,5 e 6 de Julho – Entrada livre com opção de compra de copo de degustação por 5€ Exposição […]

O Trafaria (com) Prova está de regresso para três dias de festa com degustação de vinhos e petiscos, provas de vinho comentadas, visitas guiadas ao centro histórico e animação de rua no passeio ribeirinho da Trafaria.

4,5 e 6 de Julho – Entrada livre com opção de compra de copo de degustação por 5€

Exposição e degustação de vinhos | degustação de tapas e petiscos | espaço cultural e exposições | animação de rua

Com a presença de empresas produtoras de vinhos representativas do melhor da produção nacional e de restaurantes locais, com oferta de pequenos pratos de petiscos, de acordo com o receituário habitual da casa.

Provas comentadas por críticos da revista Grandes Escolhas.

É importante salientar que durante o decorrer do festival Trafaria (Com) Prova no próximo fim de semana, a Transtejo vai reforçar as carreiras fluviais entre Belém e Trafaria com um novo horário nos dias 4 (sexta-feira) e 5 (sábado)

4 de Julho, 6.ª feira

Trafaria > Belém

22h30 / 23h30

5 de Julho, sábado

Trafaria > Belém

22h / 23h

 

 

Rocim a uma só marca depois de 18 anos de história

A partir de 2025, todos os vinhos passam a exibir a marca Rocim de forma unificada, independentemente da sua origem geográfica. Alentejo, Douro, Dão, Lisboa, Açores e Algarve falam agora a mesma linguagem visual e simbólica. O rebranding implementado pela empresa não é apenas gráfico. É estratégico e pretende reforçar a coerência da marca, aproximar […]

A partir de 2025, todos os vinhos passam a exibir a marca Rocim de forma unificada, independentemente da sua origem geográfica. Alentejo, Douro, Dão, Lisboa, Açores e Algarve falam agora a mesma linguagem visual e simbólica.

O rebranding implementado pela empresa não é apenas gráfico. É estratégico e pretende reforçar a coerência da marca, aproximar a comunicação com o novo consumidor e projecta com mais nitidez o posicionamento global da Rocim.
Todos os vinhos passam também a ser engarrafados numa garrafa única, leve e serigrafada com o novo logótipo, pensada para reforçar a identidade e a consistência da marca.

“Esta nova fase traduz a maturidade de um projeto guiado por ideias simples, mas firmes”, que passam pela valorização do território e prática de uma agricultura responsável, preservando métodos tradicionais como a talha e inovando com autenticidade, explica Pedro Ribeiro, CEO da Herdade do Rocim. Para este responsável, “a Rocim mantém a visão clara com que começou e agora, com esta nova imagem, todos os vinhos partilham o mesmo nome e o mesmo espírito”.

Em 2025, a Rocim assinala 18 anos de percurso. O que começou na Vidigueira, com Catarina Vieira e Pedro Ribeiro, transformou-se numa marca portuguesa com presença em mais de 50 mercados. “Demorou 18 anos para nos sentirmos exatamente como somos e é a partir desta certeza que apresentamos a nova imagem Rocim: mais clara, mais coesa, mais próxima daquilo que nos define”, dizem ainda os responsáveis pela marca.

Vinhos de Setúbal com nova identidade

A Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS) está a apresentar a nova identidade dos Vinhos de Setúbal, com uma campanha de rebranding que pretende reforçar a ligação ao território, reposicionar a marca e projectar a região como referência no panorama vitivinícola nacional. A nova identidade nasce depois de um estudo sobre o perfil […]

A Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS) está a apresentar a nova identidade dos Vinhos de Setúbal, com uma campanha de rebranding que pretende reforçar a ligação ao território, reposicionar a marca e projectar a região como referência no panorama vitivinícola nacional.

A nova identidade nasce depois de um estudo sobre o perfil do consumidor nacional de vinho, promovido pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal e realizado pelo Instituto de Marketing Research (IMR), que evidenciou a necessidade de reposicionar a marca, fortalecer a sua notoriedade e construir uma relação mais próxima com públicos emergentes. A resposta ao desafio foi materializada numa marca com uma linguagem visual e verbal ousada, autêntica, acessível e emocional, que pretende colocar a região no centro do discurso e convidar o consumidor a viver a experiência de Setúbal dentro e fora do copo.

Com uma abordagem assente na provocação inteligente e no jogo de palavras “Se tu bal”, a nova campanha desenvolvida pela agência criativa GBNT, procura despertar a curiosidade e a ligação emocional ao território.

Através de frases desafiantes como “Se tu experimentares, não te vais esquecer” ou “Se tu provares, não vais querer outra coisa”, a campanha apresenta-se com registo pensado para captar a atenção, em particular da geração Z e dos millennials, sem descurar os consumidores fiéis da geração X. Foi desenhada para despertar a curiosidade dos mais jovens, reforçar a confiança de quem está a descobrir os Vinhos de Setúbal e valorizar a escolha dos que já reconhecem a sua qualidade e diversidade.

A assinatura “Bebe Setúbal”, presente em toda a comunicação da nova campanha, é, mais do que um apelo ao consumo de vinho, um convite a mergulhar no espírito da região, e a senti-la por inteiro ao nível cultural, patrimonial, natural e gastronómico.

Esta mudança de identidade não implica a alteração do nome oficial da região, que se mantém como “Península de Setúbal”. No entanto, a comunicação passará a adotar a designação “Vinhos de Setúbal”, reflectindo uma prática já comum entre consumidores, produtores e agentes do sector.

Altas Quintas: Azeites, borregos e um vinho com mel

Altas Quintas

O evento teve como objectivo apresentar, a um público diversificado (incluindo lojistas especializados, produtores agro-alimentares, jornalistas, Horeca), os novos lançamentos de algumas das empresas da família Leitão Machado, em particular da vinícola Altas Quintas e da Herdade de Vale Feitoso. Em destaque, dois azeites, a carne de borrego da raça Churra do Campo e um […]

O evento teve como objectivo apresentar, a um público diversificado (incluindo lojistas especializados, produtores agro-alimentares, jornalistas, Horeca), os novos lançamentos de algumas das empresas da família Leitão Machado, em particular da vinícola Altas Quintas e da Herdade de Vale Feitoso. Em destaque, dois azeites, a carne de borrego da raça Churra do Campo e um inédito vinho aromatizado com mel.

José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura, convidado para abrir a sessão, referiu, em tom de lamento, aquilo que muitos não dizem, em nome do “politicamente correcto”: “às vezes, parece que temos de justificar a importância da dieta mediterrânica e referir que é património imaterial da humanidade. Às vezes, parece que temos vergonha de dizer que agricultores e caçadores não são inimigos do ambiente, antes pelo contrário, são seus cuidadores…”

Estava dado o mote para a interessantíssima palestra do Cónego José Manuel dos Santos Ferreira, apoiada pelas questões do jornalista Edgardo Pacheco (“mais acostumado a falar sobre assuntos terrenos”, como salientou), em torno do simbolismo do vinho, da oliveira, do azeite, do mel e do cordeiro, elementos centrais na cultura mediterrânica.

O valioso conjunto de telas alusivas à vida de São Jerónimo, que decoram a sacristia, serviram de tema de abertura ao Cónego, abordando a vida deste disseminador da fé cristã nos primeiros tempos do catolicismo, sem escamotear a sua personalidade “difícil, polémica e implacável”, como salientou. Passámos depois ao azeite e à oliveira, árvore austera, de vida longa, que simboliza a salvação e a prosperidade, inúmeras vezes usada como metáfora no Antigo Testamento, símbolo de paz desde há tempos imemoriais. Também o mel tem muitas referências bíblicas, apontado como fonte de energia e com propriedades curativas, ligado à suavidade e à sabedoria.

A palestra do Cónego José Manuel dos Santos Ferreira, apoiada pelas questões do jornalista Edgardo Pacheco, decorreu em torno do simbolismo do vinho, da oliveira, do azeite, do mel e do cordeiro, elementos centrais na cultura mediterrânica

 

Do vinho, ficámos a saber que já na tradicional refeição da Páscoa judaica, o Seder de Pessach, se consumiam quatro taças de vinho, simbolizando as quatro promessas de Deus aos israelitas. Na liturgia cristã, e na Última Ceia, Jesus deu-lhe nova essência, o cálice da bênção deixa de ser vinho e passa a ser o sangue do sacrifício, fundamental na eucaristia. Como acentuou o Cónego José Manuel dos Santos Ferreira, “não há missa sem vinho”.

Finalmente, o cordeiro. Antes do cristianismo, era símbolo da simplicidade e fragilidade da vida. Na cultura judaica, fez parte do rito sacrificial. E enquanto cordeiro pascal, tem profunda simbologia cristã. O rito do sacrifício desapareceu, mas o simbolismo não, continuando a ser consumido em muitas casas no domingo de Páscoa.

E podemos agora passar aos assuntos terrenos, nos quais, tal como Edgardo Pacheco, me sinto bem mais confortável, sobretudo para escrever sobre.

Altas Quintas e Vale Feitoso

A Herdade do Vale Feitoso, situada em Monfortinho, é uma das maiores propriedades privadas de Portugal, com 7.500 hectares de paisagens preservadas. A herdade tornou-se um extraordinário refúgio de biodiversidade, albergando uma imensidão de fauna e flora ibérica. Comprometida com a recuperação de diversas espécies animais em vias de extinção (o bisonte europeu é uma delas), tem vindo a apostar na produção de azeites, na caça sustentável (Sabor Selvagem é a marca de carne de caça da herdade) e na recuperação da ovelha Churra do Campo, raça de ovinos originária da fronteira entre a Beira Baixa e Espanha e de tal modo ameaçada, que a sua população em Portugal é inferior a mil exemplares, número, como foi salientado, inferior ao do lobo…

Vale Feitoso, em colaboração com um produtor e preparador de carne de ovelha alentejana, tem vindo a recuperar a raça e a comercializar esta carne (apenas se abatem machos, para garantir a reprodução consistente dos efectivos), cuja excelência pudemos comprovar no evento pela mão afinada do chef Vítor Sobral. A carne de borrego da raça Churra do Campo pode desde já ser adquirida nas lojas do El Corte Inglês.

Antes da refeição, no entanto, houve lugar a uma prova dos dois azeites agora lançados, orientada por Edgardo Pacheco. A Herdade de Vale Feitoso tem mais de 200 hectares de oliveiras centenárias, um património que Edgardo, profundo conhecedor da matéria, considera único: “Quando fui pela primeira vez a Vale Feitoso nem queria acreditar na dimensão do olival velho e na profusão de variedades de azeitona, dezenas delas, muitas completamente desconhecidas”, disse. Hoje, está a ser feito, com o Instituto Politécnico de Bragança, um trabalho de investigação e identificação destas variedades. Quanto aos azeites agora lançados, elaborados em lagar próprio, são provenientes de zonas distintas deste olival centenário e de azeitonas colhidas em momentos diferentes. Ambos da safra de 2024, o azeite Altas Quintas é mais suave e frutado, enquanto o Vale Feitoso, oriundo de azeitonas mais verdes e de uma parcela chamada Lavajo, é mais herbáceo, amargo e picante. Já à venda nas lojas especializadas, o primeiro custa €18 (500ml) e o segundo €20.

 

Também o mel tem muitas referências bíblicas, apontado como fonte de energia e com propriedades curativas, ligado à suavidade e à sabedoria.

Finalmente, o Melitvs. O rótulo lê-se Melitus e o conteúdo da garrafa inspira-se nos vinhos aromatizados com mel que eram comuns na antiga civilização romana. Trata-se do novo produto Altas Quintas, marca consagrada entre os vinhos do Alentejo, nascida na vindima de 2004. Propriedade da família Leitão Machado desde 2023, a Altas Quintas tem a sua vinha e adega nas encostas da serra de São Mamede, Portalegre, onde tira partido de um terroir influenciado pela altitude para produzir vinhos que conjugam qualidade e carácter. Atributos que não faltam ao Melitvs, que combina a frescura habitual dos brancos Altas Quintas com o mel biológico de Vale Feitoso, e que saiu das mãos dos enólogos António Ventura, Tiago Correia e Diogo Vieira.  Da colheita de 2024, foi feito com as castas Fernão Pires e Verdelho e estagiou depois numa ânfora de barro. O resultado é surpreendente, revelando um vinho delicado e intenso ao mesmo tempo, com o mel a dar leve doçura compensada por excelente acidez. Prazer, originalidade e história numa garrafa que custa uns módicos €14 (500ml).

Azeite, mel, borrego, vinho. Mais mediterrânico do que isto, é difícil. Como disse, no final do evento, Ricardo Leitão Machado, “somos o que comemos”. Assim seja.

(Artigo publicado na edição de Maio de 2025)

Livro sobre o Tomate Coração de Boi do Douro ganha prémio internacional

Tomate Coração de Boi do Douro – A outra riqueza do vale mágico foi eleito o melhor livro do ano na categoria de livros sobre frutos do concurso Gourmand World Cookbook Awords. O anúncio foi feito durante o Cascais World Food Summit, que decorreu recentemente no Centro de Congressos do Estoril, em Portugal. Promovido pelas […]

Tomate Coração de Boi do Douro – A outra riqueza do vale mágico foi eleito o melhor livro do ano na categoria de livros sobre frutos do concurso Gourmand World Cookbook Awords. O anúncio foi feito durante o Cascais World Food Summit, que decorreu recentemente no Centro de Congressos do Estoril, em Portugal.

Promovido pelas associações de desenvolvimento do Douro (Beira Douro, Douro Histórico e Douro Superior), o livro premiado é uma síntese e um convite a outros olhares sobre o Douro, a partir de um dos seus produtos de excelência, o Tomate Coração de Boi.

“Estamos envolvidos, desde a primeira hora, no projeto de valorização e divulgação do Tomate Coração de Boi do Douro (TCBD) e enche-nos de orgulho o prémio conquistado”, congratula-se Celeste Pereira, diretora geral da Greengrape e grande entusiasta de um fruto que tem características únicas no Douro.

O livro Tomate Coração de Boi do Douro “é uma bela homenagem a uma das jóias escondidas e mais saborosas do vale do Douro”, elogiou Edouard Cointreau, presidente do e fundador dos Prémios Gourmand, recordando a profundidade e significado cultural da obra. “Os vossos esforços de colaboração reforçam os laços comunitários, apoiam os produtores locais e revelam o Douro como uma terra de abundância diversificada – muito para além da vinha”. Ao celebrar o Tomate Coração de Boi, “estão a também a enriquecer a identidade da região como destino de excelência gastronómica e enoturística”, salientou.

Fundado em 1995 por Edouard Cointreau, descendente da família que criou o licor francês Cointreau, o Gourmand World Cookbook Awards é o único concurso internacional dedicado a publicações sobre cultura gastronómica e bebidas. Envolvendo participantes de mais de 200 países, o prémio Gourmand integra, em cada ano, um simpósio mundial num local de relevância gastronómica, reunindo as vozes dos sectores da diplomacia, da culinária, da edição e da cultura.

Organizado pela Greengrape desde 2016, o concurso e a festa Tomate Coração de Boi do Douro vai ter a sua 10ª edição no último fim de semana de agosto, 29 e 30, e, este ano, terá como palco a Quinta da Pacheca, dando continuidade à itinerância deste evento.

A Baga nas suas oito quintas…

baga

Com o Rio Mondego a Sul, o Rio Vouga a Norte, o Oceano Atlântico a Este, e as Serras do Caramulo e do Buçaco a Oeste, a Bairrada, região vitivinícola demarcada em 1979, tem hoje características únicas. Com uma predominância de solos argilosos, um clima temperado pelo Oceano Atlântico e o cultivo de castas autóctones […]

Com o Rio Mondego a Sul, o Rio Vouga a Norte, o Oceano Atlântico a Este, e as Serras do Caramulo e do Buçaco a Oeste, a Bairrada, região vitivinícola demarcada em 1979, tem hoje características únicas. Com uma predominância de solos argilosos, um clima temperado pelo Oceano Atlântico e o cultivo de castas autóctones como a Baga, o rio Cértima é a veia da região, que vai da ponta Sul até à maior lagoa natural da Península Ibérica, a Pateira de Fermentelos.

A Baga é a casta tinta, autóctone e predominante, que marca a identidade da região da Bairrada. Plantada em solos argilosos, com uma excelente exposição solar, produz em grande quantidade, cachos pequenos e com uma maturação tardia.
Destaca-se por produzir vinhos ricos em taninos, de elevada acidez, intensos na cor e com uma concentração elevada de aromas, que suportam bem o envelhecimento. É uma casta que dá destaque à região, com a produção de uma diversidade de vinhos, desde base de espumante, a vinhos rosé e, naturalmente, vinhos tintos.

A partilha do sentimento de admiração e paixão pela casta Baga e região da Bairrada, assim como as preocupações quanto ao seu futuro, levaram a que, em 2012, um grupo de produtores unisse forças e criasse os “Baga Friends”. O grupo, hoje constituído pelos oito produtores acima mencionados, mantém-se unido com o propósito de promover e reforçar a visibilidade da casta Baga para o mercado nacional e internacional e de contribuir para o prestígio dos vinhos produzidos na região. É um grupo heterogéneo que se complementa, onde cada um dos produtores cria vinhos diversificados, seguindo diferentes caminhos enológicos, procurando novas versões – mais clássicas ou modernas – mas mantendo sempre a ligação à autenticidade da região, à casta e à expressão da qualidade e seu potencial.
O Dia Internacional da Baga foi criado pelos Baga Friends aquando da celebração dos seus dez anos de existência, em 2022, e celebra-se, todos os anos, no primeiro sábado de Maio.

A Baga é a casta tinta, autóctone e predominante, que marca a identidade da região da Bairrada.

Variações sobre uma casta

Começámos os “trabalhos” cedo, pelo meio da manhã. O Patrão do Vadio, Luís de seu nome, tinha trazido uma novidade: o Finuum, que era nada mais, nada menos, que o vinho branco base do seu belíssimo Espumante Perpetuum, feito a partir de uma Solera iniciada em 2007. Este Finnum é produzido, pois, com algum vinho da colheita de 2021 e envelhecimento parcial biológico com véu-de-flor e estágio em solera. A semelhança com os Finos de Jerez é notória, mas menos intensa, e com os aromas e sabores transmitidos pelo véu de flor menos marcados, mais elegante e mais equilibrado. Será sempre óptima companhia para um saboroso prato de “Jamón de bellota”!

Trouxe mais dois vinhos, o Grande Vadio tinto 2017, que invoca a expressão máxima da Baga na Bairrada, definida pela elegância, frescura e capacidade de envelhecimento. Provém de vinhas de encosta, onde a exposição potencia melhores maturações e a Baga melhor se revela. Cada parcela é vinificada em pequenos depósitos, com remontagens manuais. Após a prensagem, os vinhos novos são transferidos de imediato para barricas usadas de 500 l onde ocorre a fermentação malolática e o estágio mínimo de 12 meses. O engarrafamento é mais precoce que o Vadio, a fim de manter uma maior definição de fruta e textura no tanino. No aroma revelou grande definição na fruta, onde se destacaram os frutos silvestres e notas balsâmicas típicas da Baga. O palato evidenciou grande harmonia e elegância, dominado por taninos delicados e acidez equilibrada. Já o Vadio tinto 2005, por sua vez, respeitando o estilo mais clássico da região da Bairrada, foi fermentado em pequenos lagares e envelheceu durante 18 meses em carvalho usado, e mais 18 meses em garrafa. Anualmente, 10% da produção do Vadio é guardada para um relançamento de uma edição 10 anos, com o objectivo de, segundo Luís Patrão, “poder demonstrar o potencial de envelhecimento dos vinhos produzidos a partir da casta Baga”, coisa que, passados 20 anos sobre este 2005, foi ampla e distintamente demonstrada.

“A Baga é intérprete de um terroir, tal como são o Nebbiolo em Barolo, ou o Pinot Noir na Borgonha. É também vector de promoção, afirmando um património cultural na defesa do bem comum”, diz François Chasans, da Quinta da Vacariça. François é caviste em Paris e, em 1998, provou um vinho da Bairrada que o levou a querer fazer vinho na região, no país de onde é proveniente a sua esposa. A Quinta da Vacariça tem cerca de 3 ha, com alguma zona de vinha velha e outras de plantação recente: 2 ha de vinha em Tamengos 100% Baga, 0,3 ha de vinha de 90 anos com variedade de castas autóctones brancas e tintas e 0,8 ha em Ventosa do Bairro. Francês da região da Normandia, François explora o seu terroir como se houvesse ouro dentro… “Para mim, é claro que o vinho se faz na vinha. Na adega, não uso nenhum produto, mesmo se autorizado em biodinâmica, com excepção de uma dose mínima de sulfitos. A vindima é manual em caixas perfuradas de 18kgs, o enchimento dos lagares e dos tonéis é feito por gravidade, as pigéages e remontagens são curtas e fraccionadas, e os estágios são de dois anos em foudre de carvalho. O engarrafamento é feito sem filtração, e o vinho estagia em garrafa durante 10 anos antes de ser comercializado. Também uso ovos de betão e ânforas de argila. Neste momento, estou a fazer ensaios para um vinho branco sem sulfitos e para um vinho laranja.” O produtor trouxe dois tintos, o Tonel 23 de 2011, e o 2015, que sairá para o mercado nunca antes de 2034 (!!!). Vinhos fantásticos. E “é disto que o meu povo gosta!”, já dizia o saudoso Jorge Perestrelo, nunca pensando, no entanto, que esta sua emblemática expressão pudesse ser aplicada a um vinho. Mas pode. Mesmo.

 

O Dia Internacional da Baga foi criado pelos Baga Friends aquando da celebração dos seus dez anos de existência, em 2022, e celebra-se, todos os anos, no primeiro sábado de Maio

 

Paulo Sousa, neto de Sidónio Sousa, que se iniciou na produção de vinho por volta de 1930, dedica-se a 100% à marca de vinhos que todos conhecemos, criada pelo seu pai em 1990, também Sidónio de seu nome. Hoje, são 12 hectares de vinhas próprias, em expansão, plantadas em solo argilo-calcário, em Ancas, na Bairrada. Provámos o espumante Special Cuvée 2022, feito de Baga, que se apresentou jovem e fresco, numa cor levemente rosada, frutado e com notas frutos secos, na prova teve uma bolha muito fina que se desfez graciosamente, dando muito prazer a beber. Dois tintos, ambos 100% Baga, o Reserva 2017 que apresentou boa acidez, típica da região, grande estrutura, taninos de qualidade, encorpado mas macio, e o Garrafeira 2017, um vinho superlativo em toda a sua extensão, dominado por notas de frutos silvestres e de floresta, extremamente elegantes, com taninos firmes e assertivos mas sem nenhuma aresta, um verdadeiro luxo e muita classe. Vinhas centenárias, repletas de castas autóctones, onde predominam a Baga e a Maria Gomes, plantadas em solos pedregosos e pobres, a matéria-prima é escassa, mas extremamente preciosa. Os solos de natureza calcária, que permitem a elaboração de vinhos únicos e inconfundíveis, ajudam à retenção da acidez natural e, transmitindo frescura e mineralidade, contribuem para a autenticidade, singularidade e complexidade do produto final.

Novos e antigos

E isto pode muito bem ser a definição dos vinhos Giz, de Luís Gomes, o mais recente membro dos Baga Friends. Um projeto empreendedor, que tem como foco principal a recuperação de vinhas antigas e tradicionais (salvando-as do desenraizamento) e a produção de vinhos autênticos em solos de natureza calcária, lembrando giz. Trouxe uma novidade, o seu mais recente espumante, belíssimo por sinal, o Giz Cuvée de Noirs 2018 Late Release, feito de Baga, com 60 meses de estágio, e dois tintos já nossos conhecidos, o Giz Vinhas Velhas 2021 e o Giz Vinha das Cavaleiras 2020, ambos de Baga, ambos de cheios de carácter e sentido de terroir.

O famoso “Mário Sérgio das Bágeiras” não veio desta vez. Veio o seu filho Frederico, e muito bem, diga-se de passagem, pela garantia de continuidade do projecto e do conceito deste produtor, orgulhoso vigneron, que nos vinhos não utiliza outras uvas que não as das suas vinhas, cuidadas com esmero ao longo do ano. Trouxe três vinhos: o já clássico espumante rosé de Baga, engarrafado no ano seguinte à vindima, que neste caso foi 2022, e sendo um Bruto Natural não teve qualquer adição de açúcar no licor de expedição; uma novidade, o Pai Abel rosé 2022, sempre de louvar quando os vinhos rosés são pensados, e feitos, como um “vinho à séria”, perfeitos para acompanhar uma refeição do princípio ao fim, como, por exemplo, uma Alheira do Fiolhoso com grelos salteados; e o já icónico Bágeiras Garrafeira tinto, na sua edição de 2020.

Filipa Pato também trouxe três vinhos, o Roleta Russa rosé 2023, a sua primeira experiência em vinho tranquilo rosé com a casta Baga, ligeira maceração pelicular, envelhecido seis meses em cascos de 500 e 600 litros, apresentou uma cor rosa com laivos alaranjados, aromas cítricos e alguma fruta vermelha, estrutura fina, taninos suaves, e uma alma profundamente mineral dos solos de calcário da era Jurássica. Complexo e refrescante, outro excelente rosé, outro “vinho à séria”, para acompanhar uma refeição de cozinha asiática ou umas tradicionais sardinhas grelhadas. Sem medos. Também veio um tinto, o Post Quercus Baga Bio 2023, sem madeira, feito em ânforas de barro. Um tinto com taninos muito macios, que expressa a pureza da fruta da casta Baga. E um vinho muito singular, o Espírito de Baga, um vinho fortificado, à moda dos vinhos do Porto Vintage, intenso e estruturado, mas sedoso, fresco e muito vivo, graças à acidez natural da casta e da região, e que deu imenso prazer a beber. “Na Bairrada, a Baga é a casta que melhor respeita o local e o Homem que a molda”, diz Filipa Pato

Já Luís Pato, por sua vez, trouxe alguma artilharia pesada, porque, como diz um nosso amigo comum brasileiro, “Festa é coisa séria!”. Vinha Pan e Vinha Barrosa, ambos de 2015, Vinha Pan 2020, e o espumante Vinha Pan 2015. “Não uso herbicidas e pesticidas nas vinhas, e reduzi o uso de produtos à base de cobre, substituindo-o pelo ozono. Alguns vinhos são produzidos sem o uso de sulfitos, sem colagem ou filtragem, e são elaborados exclusivamente com leveduras indígenas, tanto tintos, como brancos, e agora também na produção de espumantes. Os vinhos tintos da casta Baga não ultrapassam um total de sulfitos de 40mg/l …Bem abaixo dos 80mg/L dos vinhos biológicos”, acentua o decano dos Baga Friends. Os tintos apresentaram-se em grande forma, ricos, complexos, joviais até, mas muito sérios e de grande classe, tal como o espumante, feito de Baga, sem sulfuroso nem adição de açúcar, complexo, profundo, com leve oxidativo, grande estrutura e finesse.

Por último, a Quinta de Baixo, do universo Niepoort, brindou-nos com três edições do seu magnífico Poeirinho Garrafeira: 2012, 2015 e 2018. “Fala se muito no terroir: a Bairrada é muito especial, com qualidades únicas. Mas ainda mais especial é a brilhante combinação da Bairrada com a excêntrica e genial casta chamada Baga”, disse um dia Dirk Niepoort, e não podíamos estar mais de acordo.

E não podia faltar a Cuvée Baga Friends como é óbvio, na sua edição 2015, sempre em formato magnum, e onde cada um destes produtores contribui com uma barrica de um vinho seu para compor o lote final. Querem o coração e a alma da Bairrada num copo? Pois aqui está!
E assim demos por finalizados os “trabalhos matinais” e, finalmente, pudemos dedicar-nos aquilo que as gentes do vinho gostam verdadeiramente: sentar à mesa, boas e longas conversas, com boa comida e boas garrafas de vinho! Voilá!

Não seria justo se não escrevesse umas palavras para o local onde decorreu esta prova e almoço: o Parra Wine Bistro, na Rua da Esperança, em Lisboa. As paredes são um misto de tijoleira romana à vista e blocos de mármore rosa de um antigo talho que ali funcionou em tempos, tudo preservado. Frigoríficos repletos de (boas) garrafas de vinho, assegurando as diversas temperaturas de serviço, copos de qualidade, hall of fame das garrafas vazias ali bebidas em redor das paredes, tudo a contribuir para um grande ambiente vínico. E a comida, claro, criações do Chef residente num misto de produtos tradicionais portugueses com influências do mundo, num claro reflexo do ambiente cosmopolita da cidade de Lisboa hoje em dia. Arrisco mesmo dizer, sem nenhum receio, que o Tártaro de vaca com gema de ovo curada e filete de anchova, em pão croissant, um dos ex-libris do Parra Wine Bistro, será presentemente uma das melhores iguarias que se pode comer na cidade. E que bem que combinou com Baga! Brindemos, Pois!

baga

(Artigo publicado na edição de Maio de 2025)

VINIPORTUGAL LEVA VINHOS NACIONAIS À COREIA DO SUL

viniportugal

A ViniPortugal vai organizar uma Prova de Vinhos de Portugal na cidade de Seul, na Coreia do Sul, no próximo dia 25 de Junho. Esta iniciativa insere-se na estratégia de reforço da notoriedade internacional da marca Vinhos de Portugal, com o objectivo de promover a excelência e a diversidade dos vinhos portugueses junto dos profissionais […]

A ViniPortugal vai organizar uma Prova de Vinhos de Portugal na cidade de Seul, na Coreia do Sul, no próximo dia 25 de Junho. Esta iniciativa insere-se na estratégia de reforço da notoriedade internacional da marca Vinhos de Portugal, com o objectivo de promover a excelência e a diversidade dos vinhos portugueses junto dos profissionais do sector e dos consumidores sul-coreanos.

Na prova, que é dirigida a produtores com e sem distribuição no mercado, prevê-se a participação de cerca de 150 profissionais e 100 consumidores. A iniciativa inclui reuniões  programadas entre 10 produtores portugueses e 10 importadores locais, que são oportunidades para fomentar novos negócios e parcerias.

Um dos momentos altos deste evento será o Seminário Técnico conduzido por Sofia Salvador, Wine Educator da ViniPortugal, destinado a 40 profissionais. O seminário visa aprofundar o conhecimento sobre a oferta vitivinícola nacional, promovendo o reconhecimento das regiões, castas e perfis que caracterizam os vinhos portugueses.

A Prova Vinhos de Portugal em Seul é mais uma das iniciativas da ViniPortugal para consolidar a presença dos vinhos portugueses em mercados internacionais estratégicos, como a Coreia do Sul, onde o consumo de vinho tem vindo a crescer de forma sustentada nos últimos anos.

Segundo Frederico Falcão, Presidente da ViniPortugal, “a organização destas provas internacionais reforça o nosso compromisso com a promoção dos vinhos portugueses em mercados com elevado potencial de crescimento”.

Segundo o responsável “a Coreia do Sul tem demonstrado uma crescente abertura à descoberta de novas origens e perfis de vinho, e este evento será determinante para consolidar a presença da marca Vinhos de Portugal junto de profissionais e consumidores sul-coreanos.”