Mural de Vhils homenageia Fernando Guedes, notável ex-líder da Sogrape

mural vhils fernando guedes

A sede da Sogrape, em Avintes, foi o local escolhido para a construção de um mural de homenagem a Fernando Guedes, uma obra da autoria do mundialmente afamado Vhils e que representa o rosto de uma figura emblemática no sucesso e história da Sogrape. O mural foi revelado no mês passado durante a apresentação do […]

A sede da Sogrape, em Avintes, foi o local escolhido para a construção de um mural de homenagem a Fernando Guedes, uma obra da autoria do mundialmente afamado Vhils e que representa o rosto de uma figura emblemática no sucesso e história da Sogrape.

O mural foi revelado no mês passado durante a apresentação do vinho Legado 2015, uma criação que representa também uma homenagem à passagem do tempo e de um valioso testemunho que Fernando Guedes deixou à empresa, à família e às gerações vindouras. A obra, com o retrato de Fernando Guedes esculpido, eterniza um legado de valores e memórias felizes de um Homem inspirador, determinado e de progresso, que nutria uma profunda paixão pela arte.

Em agradecimento e homenagem a seu pai, Fernando Guedes, os três irmãos Salvador, Manuel e Fernando elegeram o artista português Alexandre Farto, o maior nome da arte urbana em Portugal e mais conhecido como Vhils, para dar vida a uma obra de arte única.

Plastic Free Certification chega a Portugal para revolucionar a restauração

Depois do Mirazur (3*), em França, ter sido o primeiro restaurante do mundo a obter a Plastic Free Certification, o tempo é de “espalhar a mensagem” e chegar a outros países. Em Portugal, Espanha e Brasil, a Chefs Agency – empresa de comunicação que acredita “genuinamente que através da gastronomia é possível promover alternativas sustentáveis” […]

Depois do Mirazur (3*), em França, ter sido o primeiro restaurante do mundo a obter a Plastic Free Certification, o tempo é de “espalhar a mensagem” e chegar a outros países. Em Portugal, Espanha e Brasil, a Chefs Agency – empresa de comunicação que acredita “genuinamente que através da gastronomia é possível promover alternativas sustentáveis” – está a desenvolver este projecto para angariar, informar e ajudar seguidores desta tendência mundial, a adoptarem novas medidas sustentáveis, e a impulsionarem esta mudança em cadeia. Para que este efeito venha a ser uma realidade, houve uma grande preocupação em sistematizar um modelo acessível, para que qualquer restaurante ou empresa sensível a esta causa possa accionar o processo de forma simples:

Após uma tomada de consciência por parte da empresa a certificar, o primeiro contacto poderá ser feito facilmente por telefone (211 327 797) ou por email (info@chefsagency.net) ou através do site. De seguida, será enviado um formulário pela Plastic Free Cerification, no qual será solicitada informação sobre a organização, como número de colaboradores, instalações adicionais, entre outras características da empresa para, a partir daí, a avaliação de certificação ser orçamentada de acordo a dimensão e especificidades da organização. Numa fase seguinte, após aprovação do orçamento e assinatura de um acordo de confidencialidade, os responsáveis pela entidade a certificar terão o apoio e acompanhamento do research center da Plastic Free Certification, que poderá facultar informação sobre materiais e linhas gerais de orientação, bem como partilhar boas práticas, com vista a potenciar o melhor nível de certificação possível (classificado de A a E). Como etapa final, é marcada uma inspecção com um auditor independente, certificado pela União Europeia, que irá recolher os dados necessários para um comité interno de avaliação finalizar o processo com a atribuição da classificação, certificando a empresa. Posteriormente, a curto/médio prazo, a organização pode, e deve, definir e pôr em prática um plano de redução de plásticos, para que anualmente possa renovar a sua certificação, e melhorar a sua classificação, repetindo o processo junto da Plastic Free Certification.

A certificação Plastic Free Certification surge da ambição do chef argentino Mauro Colagreco, de reduzir a utilização de plástico no restaurante Mirazur – o seu restaurante em Menton, França – que em 2019 conquistou a terceira estrela Michelin. Nesta procura por uma forma eficaz de reduzir e eliminar plástico na gestão diária do seu restaurante, Colagreco alocou um recurso da sua equipa a esta busca exaustiva – junto de especialistas e ambientalistas – por substitutos do plástico. Assim se deu o início da redução ou eliminação de plásticos, e da implementação de alternativas sustentáveis no Mirazur. Para dar corpo a este projecto, a equipa que o desenvolveu conjugou esforços para tornar real este desejo do chef do Mirazur, e criou uma startup, à qual a Chefs Agency se associa como empresa parceira de comunicação e representação para a certificação Plastic Free Certification em Portugal, Espanha e Brasil.

A ideia, como afirmou a Chefs Agency em comunicado de imprensa, é que cada empresa que dê este passo provoque a mudança à sua volta, nos sectores adjacentes à sua área de actuação, o que poderá fazer uma grande diferença na vida das organizações, na vida das pessoas, e na vida do planeta.

Vinhos de Portugal reforçam aposta no Reino Unido

O Reino Unido é o mercado em foco esta semana na estratégia de promoção externa da ViniPortugal. Reforçar os laços históricos entre os dois países e posicionar a qualidade dos Vinhos Portugueses junto de profissionais do sector e dos consumidores são os objectivos a concretizar com a organização da Grande Prova Vinhos de Portugal em […]

O Reino Unido é o mercado em foco esta semana na estratégia de promoção externa da ViniPortugal. Reforçar os laços históricos entre os dois países e posicionar a qualidade dos Vinhos Portugueses junto de profissionais do sector e dos consumidores são os objectivos a concretizar com a organização da Grande Prova Vinhos de Portugal em Londres, no dia 27 de Fevereiro, e a participação no Decanter Spain & Portugal Fine Wine Encounter, que terá lugar no dia 29 de Fevereiro.

Sendo a prova mais antiga organizada pela ViniPortugal em mercados de exportação, a Grande Prova Vinhos de Portugal em Londres apresenta-se renovada na edição de 2020. O evento vai ter lugar este ano em Brick Lane, na Boiler House, reunindo 72 produtores nacionais, oriundos de várias regiões vitivinícolas, incluindo Açores e Madeira, que vão dar a conhecer novidades e novas colheitas a retalhistas, responsáveis de compras da grande distribuição e sommeliers.

A prova pretende divulgar a diversidade e qualidade dos Vinhos Portugueses através de quatro mesas temáticas – “Master of Blends” (afirmar Portugal como um país que domina a arte do blend de várias castas); “Organic Wines” (capacidade de produção de vinhos biológicos em linha com a tendência mundial de vinhos orgânicos); “Atlantic Influence” (contributo da influência atlântica nos Vinhos Portugueses); “Whites to Excite” (Para além dos tintos, Portugal é também um país produtor de vinhos brancos de excelente qualidade).

O programa para profissionais fica completo com a realização de duas masterclasses, orientadas por Sarah Ahmed, a maior especialista e conhecedora de Vinhos Portugueses no Reino Unido, e Piotr Pietras MS, distinguido em 2017 como “O Melhor Jovem Sommelier do Mundo”.

Após o programa para profissionais, a Grande Prova de Vinhos de Portugal em Londres contará com uma prova para mais de 400 consumidores, que contará com a moderação do grupo “Three Wine Man”, formado pelos jornalistas ingleses Oz Clarke OBE e Olly Smith, que colocarão os produtores nacionais em diálogo e a partilhar experiências e conhecimento sobre os Vinhos Portugueses com os consumidores britânicos, num ambiente informal e descontraído.

Dois dias após esta prova, no dia 29, a ViniPortugal levará 36 produtores portugueses ao “Decanter Spain & Portugal Fine Wine Encounter”, um evento destinado a consumidores finais. É esperada a presença de mais de 1.000 participantes, incluindo leitores da prestigiada revista Decanter. Portugal organiza uma prova comentada pelo único Master of Wine de língua portuguesa, Dirceu Vianna Junior MW.

Symington assina parceria ambiental com Rewilding Portugal

A Symington Family Estates acaba de anunciar uma parceria a longo-prazo com a Rewilding Portugal, com o objectivo de contribuir para um futuro mais sustentável na região do Douro. A colaboração com a organização sem fins lucrativos está integrada numa série de iniciativas de conservação da vida selvagem que integra um corredor de 120 mil […]

A Symington Family Estates acaba de anunciar uma parceria a longo-prazo com a Rewilding Portugal, com o objectivo de contribuir para um futuro mais sustentável na região do Douro. A colaboração com a organização sem fins lucrativos está integrada numa série de iniciativas de conservação da vida selvagem que integra um corredor de 120 mil hectares entre a cadeia montanhosa da Malcata e o vale do Douro.

A ligação entre as duas entidades está focada em três áreas distintas. Por um lado, a Symington deverá apoiar a actividade da Rewilding Portugal para o desenvolvimento de negócios e empreendimentos sociais cuja actividade sustenta a conservação do meio ambiente, bem como implementar práticas de reconversão — “renaturalização” — nas suas propriedades. Por outro lado, a Rewilding Portugal deverá criar oportunidades de voluntariado para todos os colaboradores da Symington.

O apoio financeiro ao Rewilding Portugal será sustentado pelo Fundo de Impacto da Symington, anunciado em Janeiro de 2020, e cujo compromisso inicial é de 1 milhão de euros. O fundo destina-se a apoiar causas e organizações a longo prazo nas regiões do Douro, do Porto e do Alto Alentejo, com soluções positivas em questões sociais e ambientais.

Apoiar a regeneração da natureza no vale do Grande Côa, incluindo a recuperação do habitat de espécies fundamentais como lobos, o lince ibérico, veados e aves de rapina, é um dos grandes objectivos desta parceria.

A&D Wines já tem 40 hectares com certificação bio

A A&D Wines, produtora no Vinho Verde, sub-região de Baião, tem apostado na certificação biológica das suas uvas e actualmente dispõe de 40 dos 45 hectares das suas vinhas certificados. A Quinta dos Espinhosos foi a primeira propriedade, com sete hectares, a ser certificada para produção biológica. Com as vinhas da Quinta de Santa Teresa […]

A A&D Wines, produtora no Vinho Verde, sub-região de Baião, tem apostado na certificação biológica das suas uvas e actualmente dispõe de 40 dos 45 hectares das suas vinhas certificados. A Quinta dos Espinhosos foi a primeira propriedade, com sete hectares, a ser certificada para produção biológica. Com as vinhas da Quinta de Santa Teresa (na foto), estão já certificados 40 hectares. O objectivo é que, em 2020, a certificação se estenda aos restantes 5 hectares de vinha, pertencentes à propriedade Casa do Arrabalde.

Como dito em comunicado de imprensa, “as práticas de agricultura e vinificação biológicas são para a A&D Wines uma forma de estar e parte integrante do ADN da empresa, pelo que são transversais a todas as propriedades e a todo o seu portefólio de vinhos”. A empresa produz vinho exclusivamente com as suas uvas e na colheita de 2019 todos os vinhos da A&D Wines são já certificados com produção biológica, com excepção do Casa do Arrabalde, que ganhará a certificação na colheita de 2020. São eles: Espinhosos, Monólogo Avesso, Monólogo Arinto, Monólogo Malvasia Fina, Monólogo Chardonnay, Monólogo Sauvignon Blanc e Singular.

Bilhete para o Algarve Trade Experience é 100% solidário

O evento Algarve Trade Experience, que este ano acontece nos dias 6 e 7 e Março, na Fábrica do Inglês, representa uma importante mostra do sector de bebidas, a nível nacional. Mas nesta edição representa, também, uma oportunidade de ajudar: o bilhete diário (€25) e o de dois dias (€40) revertem na sua totalidade para […]

O evento Algarve Trade Experience, que este ano acontece nos dias 6 e 7 e Março, na Fábrica do Inglês, representa uma importante mostra do sector de bebidas, a nível nacional. Mas nesta edição representa, também, uma oportunidade de ajudar: o bilhete diário (€25) e o de dois dias (€40) revertem na sua totalidade para a emergência infantil do Algarve, uma das mais importantes instituições desta região, o Refúgio Aboim Ascenção.

No ano que passou, o bilhete de um dos dias já retribuía para esta causa, mas a Garrafeira Soares, organizadora do evento, decidiu abrir os dois dias para este fim, de forma a maximizar o valor solidário.

Entre as 17h00 e as 20h00, o Algarve Trade Experience estará aberto a todos os que quiserem provar alguns dos melhores vinhos e cocktails feitos por profissionais de referência, na actualidade.

Os bilhetes estão à venda aqui, na Ticketline.

No novo Coyo Taco Cais do Sodré, há Margarita Thursday

Todas as quintas-feiras, a partir das 17:00 e até às 20:00, quem pedir uma Coyo Margarita é presenteado com outra. Inspirado pelo timing e exemplo das suas origens americanas (a marca surgiu em Miami), o Coyo Taco Cais do Sodré, sempre em espírito festivo, faz agora a Margarita Thursday. Sinónimo de brindes com amigos e […]

Todas as quintas-feiras, a partir das 17:00 e até às 20:00, quem pedir uma Coyo Margarita é presenteado com outra.

Inspirado pelo timing e exemplo das suas origens americanas (a marca surgiu em Miami), o Coyo Taco Cais do Sodré, sempre em espírito festivo, faz agora a Margarita Thursday. Sinónimo de brindes com amigos e de diversão, o 8º cocktail mais vendido do mundo em 2019, segundo a Drinks International, tem um dia só seu nos EUA: 22 de Fevereiro, o Dia Nacional da Margarita.

Se uma margarita agrada a toda a gente, duas margaritas pelo preço de uma vão agradar a muitas mais. Mais ainda se acompanhadas por um taco, o seu par perfeito. Com cinco ingredientes apenas – Tequila Olmeca Blanco, Triple Sec, lima, agave e sal de tajín – faz-se a fiesta. Segundo o head barman, Fernão Gonçalves, o sal de tajín faz toda a diferença na Coyo Margarita, a par da ligação com a gastronomia mexicana, repleta de sabores vibrantes. A sua frescura ajuda a acalmar o fulgor do picante e a acidez a digerir as especialidades mexicanas do Coyo Taco.

José Maria da Fonseca lança vinhos sem álcool

Com quase dois séculos de história, a José Maria da Fonseca continua a inovar: a empresa acaba de lançar uma nova marca de vinhos sem álcool. Pioneira neste segmento, tendo criado o primeiro vinho sem álcool português em 2009, a produtora sedeada em Azeitão lança agora a gama O%riginal. É uma gama completa disponível em […]

Com quase dois séculos de história, a José Maria da Fonseca continua a inovar: a empresa acaba de lançar uma nova marca de vinhos sem álcool. Pioneira neste segmento, tendo criado o primeiro vinho sem álcool português em 2009, a produtora sedeada em Azeitão lança agora a gama O%riginal. É uma gama completa disponível em tinto, branco e rosé (todos a custar €4,99) que proporciona toda a experiência de degustação de um vinho sem a presença de álcool.

O O%riginal Tinto é produzido a partir da casta Syrah e mantém os aromas e paladar próprios do vinho: suave, com aromas a ameixa, cereja preta e mirtilos. Produzido a partir da casta Moscatel, o O%riginal Branco apresenta os aromas cítricos e florais tão típicos desta casta. Já o O%riginal Rosé, produzido também a partir da casta Syrah, é de tonalidade viva e aroma exuberante a framboesa e morango. Este vinho deve ser bebido bem fresco, à semelhança do tinto e do branco.

Veja o vídeo que explica todo o processo de produção e “desalcoolização” destes três vinhos:

Doçuras natalícias e os vinhos da (nossa) cave

Aproxima-se a data onde o consumo de açúcar dispara, por força das doçarias que por tradição acompanham os momentos de convívio familiar. Não vale muito a pena fazer planos de dietas para a época que se avizinha. Venham os doces e bem acompanhados. Aqui ficam algumas sugestões, a Chef Justa Nobre com os doces e […]

Aproxima-se a data onde o consumo de açúcar dispara, por força das doçarias que por tradição acompanham os momentos de convívio familiar. Não vale muito a pena fazer planos de dietas para a época que se avizinha. Venham os doces e bem acompanhados. Aqui ficam algumas sugestões, a Chef Justa Nobre com os doces e a minha garrafeira com os vinhos.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Mário Cerdeira

Quando o assunto é a doçaria de Natal pode aplicar-se com propriedade a máxima do “cada cabeça sua sentença”. Cada pessoa carrega nas suas memórias olfactivas e gustativas um conjunto de referências que, não raramente, assumem o protagonismo natalício. Cada um tem o seu Natal, as memórias de infância e das famílias do campo (que quase todos temos), os cheiros das lareiras e fornos a lenha, da terra molhada, da canela e do açúcar acabam por nos marcar para toda a vida.

O Natal é assim a época em que revivemos tempos passados e cheiros antigos, no ambiente típico da época: crianças aos gritos a correr de um lado para o outro, cães e gatos à mistura, travessas a circular, vinhos (no caso de gente que não sabe que a Grandes Escolhas existe…) em frente à lareira para ficarem “à temperatura ambiente”, peru seco e desenxabido que todos dizem que está óptimo “sobretudo o recheio…”, querendo assim afirmar que o dito peru é uma tragédia mas nesta época não estamos aqui armados em críticos gastronómicos…

Foi a pensar nos doces da época que procurámos ajuda à Chef Justa Nobre que, com total simpatia e disponibilidade, recebeu a Grandes Escolhas no restaurante Nobre, ao Campo Pequeno. Não tínhamos propriamente plano de trabalho nem queríamos este ou aquele doce em particular. Antes dissemos à Chef Justa que fizesse o que mais gostasse. Assim fez e brindou-nos com um conjunto de doces que, embora baseados em receituário tradicional, levaram aqui uma volta com novidades criadas pela Chef.

Tradição transmontana

Justa não se cansa de nos lembrar que é transmontana, que é lá que encontra as suas raízes culinárias, ali bem perto de Macedo de Cavaleiros. A tradição local nunca foi baseada numa doçaria muito rica, nomeadamente em ovos, “por lá usavam-se muitos ovos mas era na Páscoa; no Natal muito menos”, alguns ingredientes são-lhe especialmente queridos, como a aletria mas também havia os milhos doces “uma sobremesa de pobre”, o bolo de água (da família do pão de ló) que se chama assim porque leva uma colher de sopa de água por cada gema enquanto se está a bater e “fica muito fofo, é óptimo”. Lembra-se ainda dos económicos, que eram uns bolos secos tipo broa de erva doce.

Hoje preparou uma sobremesa com aletria que, no sul, “não tem assim tantos adeptos, é um doce nortenho; na minha zona fazemos com ovos mas também se faz aletria sem ovos. O doce é então um travesseiro de aletria com frutos secos, canela, maçã e banana, tudo envolto em massa folhada. Como tem algum volume e, se cortada às fatias, fica também com um aspecto de torta”. Justa chama-lhe um falso Strudel – a célebre receita que teve origem no século XVIII – desde sempre muito popular quer na Alemanha quer na Áustria e hoje vulgarizada por muitos outros países. Caso seja servido morno, o travesseiro fica muito bem com uma bola de gelado, de nata ou baunilha. Para este doce escolhemos dois vinhos de Colheita Tardia; diferentes, mas ambos a terem a doçura certa (não exagerada) para este tipo de doce que é delicado e leve de sabores. Caso se opte por um gelado de frutos vermelhos poderá então escolher o Licoroso da Ravasqueira.

A rabanada é dos mais conhecidos e tradicionais doces de Natal. A Chef Justa preparou uma rabanada com um twist, ou seja, uma rabanada com nos surge dobrada (tipo almofada) e no meio tem um recheio feito com doce de castanha, “é um fruto da época e achei que ligaria bem, foi criação minha, não tem tradição na minha terra”. Açúcar e canela envolvem então a rabanada que pode ser servida fria. Para a rabanada escolhi um Porto 30 anos, neste caso da Quinta do Vallado.

Também porque estamos na época dele, Justa fez um doce que incluiu marmelo. Por norma “come-se em marmelada ou assado no forno, mas optei por fazer uma mousse de marmelo que é aligeirada com natas batidas e servido depois com pequeninos cubos da marmelada que todos nós conhecemos”. Como se trata de um doce que tem leveza e de sabores suaves, optei pelo Moscatel de Setúbal que se mostrou perfeitamente à altura.

No Natal não podem faltar os doces de abóbora, sendo os mais conhecidos as filhós ou sonhos. A opção aqui foi fazer um fondant de abóbora, “tipo petit gateau e funciona muito bem porque também leva nozes que é também um fruto seco desta época; ganha assim alguma crocância, o que hoje em dia também é muito apreciado nos doces. Para esta sobremesa encontrámos a ligação perfeita com o Kopke tawny 10 anos, também ele rico e marcado pelas notas dos frutos secos.

Quanto ao momento certo de servir estes doces no seu restaurante, Justa não tem dúvidas: “quanto mais nos aproximamos do Natal menos vezes posso servir doces destes. É que depois as pessoas ficam em preparação para as festas e deixam de pedir estas doçuras quando nos visitam”.

Este é o conselho que também vamos (tentar) cumprir mas…com tantos almoços e jantares de Natal ainda antes das festas propriamente ditas, a coisa não se mostra fácil.

Vinhos (mais ou menos) doces

A ligação da doçaria de Natal com vinho tem tradições e hábitos arreigados. Na nossa escolha optámos por algum conservadorismo até para equilibrar alguma ousadia na criação doceira com a que a Chef Justa nos brindou.
Seguimos assim a lógica e resolvemos privilegiar o Vinho do Porto – no caso um tawny 10 anos e outro 30 anos – alargando depois para o moscatel de Setúbal, vinhos Colheita Tardia e um licoroso alentejano. Com a introdução deste tipo – não esqueçamos que os licorosos são feitos com a mesma metodologia do Vinho do Porto – pretendemos chamar a atenção para a qualidade que actualmente se encontra nestes vinhos. Eles existem um pouco por todo o país e a qualidade tem vindo a mostrar-se muito elevada. São por isso boas escolhas. Só no Alentejo são já em número significativo, mas mesmo em regiões menos habituais, como a Bairrada, também existem. São vinhos a ter em atenção.
Os vinhos de moscatel (onde se deve também incluir os do Douro) são especialmente vocacionados para sobremesas que incluam laranja, em doce ou calda. Mas em tortas simples com ovos ou mesmo torta de cenoura poderão ser perfeita companhia. Não use os mais velhos, esse devem ser consumidos a solo.
Tínhamos inicialmente previsto a inclusão de um Madeira Bual que acabou por não ser provado, mas é sempre uma boa opção porque a doçura contida que apresenta pode ligar bem. Quanto a inovações existe uma tese (que partilhamos) da ligação de tintos velhos com doces de ovos, evitando-se assim o excesso de doce. É surpreendente e vale a pena tentar. Finalmente há também, sobretudo em zonas produtoras, a tradição de ligar alguns destes doces com espumante. É sempre uma boa escolha mas, cremos, será de evitar os que forem do tipo Brut Nature; sirva os que tiverem leve dose de açúcar residual, até 8/10 gramas.

Os vinhos que os doces pediram

€75
Vallado
Porto tawny 30 anos
Quinta do Vallado
Deverá ser servido ligeiramente refrescado. É um tawny muito elegante, já muito polido pelo tempo e que se liga muito bem com a rabanada. À falta de copos próprios para este serviço, use copos de vinho branco, nunca copos de licor.

€25
José Maria da Fonseca Colecção Privada DSF
Moscatel de Setúbal 1998
José Maria da Fonseca
Elegância pura e qualidade muito elevada da casta moscatel estão aqui reunidas e o resultado é brilhante. O vinho tem uma enorme delicadeza e pede por isso doces não muito fortes de sabor ou textura. Neste caso a temperatura de serviço é absolutamente determinante. Frigorífico obrigatório antes de servir.

€17,50
Casal de Santa Maria
Reg. Lisboa Colheita Tardia branco 2015
Adraga
Mostra-se muito atractivo, com uma cor algo carregada, mas com uma doçura contida que irá ligar muito bem com os doces. Beber mais frio do que os brancos normais é a regra a seguir.

€16,50
Graça
Douro Viosinho Colheita Tardia branco 2016
Vinilourenço
A casta contribui aqui para um aroma muito delicado, com uma fruta doce mas muito subtil. Se não é apreciador dos brancos muito doces este pode ser uma boa opção e, tal como o anterior, com uma temperatura baixa ao servir.

€21
Kopke
Porto tawny 10 anos
Sogevinus
O tawny 10 anos é um Porto muito versátil podendo por isso ter várias ligações gastronómicas. Por um lado, ainda tem muita energia e estrutura que vem da fruta madura e por outro já nos mostra o lado dos frutos secos que se ligam muito bem com estes doces. É sempre uma boa escolha.

€60
Ravasqueira
Vinho Licoroso Alentejano
Soc. Agr. Dom Diniz
Feito com três castas do Douro que também entram nos vinhos do Porto, este licoroso é mesmo uma grande surpresa para quem não conhece: concentrado, muita textura de fruta madura e compotas, tudo aquilo que um certo tipo de vintage novo às vezes também traz. Pode assim ser bom parceiro para sobremesas que incluam frutos vermelhos.

 

Edição n.º32, Dezembro 2019