Grande Prova: Trás-os-Montes – A última fronteira

Grande Prova

Trás-os-Montes é um território vitivinícola bem determinado no nordeste do nosso país, delimitado pelas cadeias montanhosas do Gerês, Cabreira, Alvão e Marão. Com Espanha a fazer fronteira a este e a norte, a região estende-se a noroeste até Montalegre e a sul até às cercanias de Alijó e Vila Real, ou seja, mesmo junto à […]

Trás-os-Montes é um território vitivinícola bem determinado no nordeste do nosso país, delimitado pelas cadeias montanhosas do Gerês, Cabreira, Alvão e Marão. Com Espanha a fazer fronteira a este e a norte, a região estende-se a noroeste até Montalegre e a sul até às cercanias de Alijó e Vila Real, ou seja, mesmo junto à Região Demarcada do Douro. Para lá de Miranda do Douro, ou seja, já do outro lado da fronteira, a região de Arribas (del Duero) está muito próxima, e a mais badalada Toro também não se dista muito.

Ainda em Espanha, mas agora a norte, encontramos as regiões de Monterrei, Valdeorras e a crescentemente cobiçada Bierzo. Não se estranha, portanto, que a tradição ibérica da viticultura e vinificação esteja bem implementada em Trás-os-Montes, lugar remoto e apaixonante, onde a natureza felizmente ainda impera. Prova disso são os magníficos lagares rupestres espalhados pela região, testemunhas dos tempos romanos e pré-romanos. Aliás, a este respeito, cumpre elogiar a recente certificação da produção de vinhos em Lagares Rupestres, sendo esta designação exclusiva para a região, existindo actualmente no mercado 5 vinhos produzidos por esta metodologia, devidamente certificados como tal. Contudo, apesar deste legado, a demarcação de Trás-os-Montes como DO de vinhos é recente.

 

Primeiro, em 1989, Valpaços, Planalto Mirandês e Chaves, foram reconhecidos como indicação de proveniência regulamentada. Depois, em 1997, foi criada a Comissão Vitivinícola Regional. Já no novo milénio, mais propriamente em 2006, surgiu o reconhecimento como DO, precisamente com os referidos 3 territórios como sub-regiões DOC (ou seja, Valpaços, Planalto Mirandês e Chaves) com ligeiros ajustes de áreas e circunscrições. Actualmente, são 10.000 hectares de vinha, num espaço onde, como nos confirmou Rui Cunha — enólogo na região há 25 anos, sempre no produtor Valle Pradinhos — o minifúndio ainda impera e as tradições na vinificação, com maior ou menor conservadorismo e até amadorismo, são a regra. Com efeito, falamos de apenas 1.100 hectares de vinha cadastrada e certificada para a produção da DO (inclui IG Transmontano), representando a actividade de nada menos que 3.000 viticultores e 4 adegas cooperativas, o que dá, naturalmente, uma média de vinha muito pequena por produtor.

A região produz maioritariamente vinhos tintos, sendo os brancos apenas 1/3 de todo o vinho produzido, e os rosés, tal como os espumantes e licorosos, practicamente residuais. As principais castas usadas para a sua produção, são, no caso das tintas que nos interessam mais para este texto, Tinta-Amarela, Bastardo, Touriga-Nacional, Tinta-Roriz e, com menor expressão, Tinta-Barroca e Tinta-Carvalha. Ainda para Rui Cunha, que conhece bem as sub-regiões de Valpaços e Planalto Mirandês, o desafio da região de Trás-os-Montes é esse mesmo: conseguir aproveitar o fantástico património vitícola de que dispõe, o que implica maior formação de todos os intervenientes e maior divulgação das suas particularidades. “O resto, ou seja, a excelência da matéria-prima, está lá” diz-nos orgulhosamente. Outro enólogo há muitos anos na região é Francisco Gonçalves, técnico que começou no Douro, mas que assessora agora diversos produtores em Trás-os-Montes, tendo inclusivamente escolhido a região, e Montalegre em particular, para fundar o seu projecto pessoal. Tal como Rui Cunha, concorda que a região tem um potencial impressionante, e que bastaria alguma modernização, na viticultura e enologia, para que rapidamente fosse mais reconhecida. Diz-nos mesmo que os vinhos brancos dos terroirs graníticos transmontanos mais frescos podem vir a ser dos melhores do país, mas isso ficará para outro texto, pois aqui falamos de tintos.

Grande ProvaComecemos, então, pela distinção mais tradicional da região de Trás-os-Montes, que é entre a ‘Terra Fria’ e a ‘Terra Quente’. Da primeira, em maior altitude (a vinha mais alta está plantada a uma cota de 1070m em Montalegre) e com verões mais temperados e frescos, fazem parte os concelhos situados ao longo da fronteira nordeste com Espanha (de Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda e Mogadouro), sendo Vidago um dos principais centros vinhateiros, excelente para vinhos frescos e com bastante acidez natural. A fama dos vinhos da sub-região de Chaves (inserida na ‘Terra Fria’), capazes de corrigir naturalmente (entenda-se: contribuir com acidez) vinhos de outras regiões é antiga, sobretudo em brancos e bases para espumantes. Na transição para a ‘Terra Quente’ encontramos Macedo de Cavaleiros, outro polo vinícola, que alberga o produtor Valle Pradinhos já referido. Com solos de natureza mais xistosa, altitudes que raramente ultrapassam os 500m, e com maior influência do vale do rio Douro, a ‘Terra Quente’ é caracterizada pelos verões escaldantes. Alguns dos mais relevantes concelhos que englobam a sub-região são Mirandela, Murça (parte), Vinhais, e o próprio Valpaços.

Mas outra distinção da região, diríamos menos tradicional, mas mais formal, é, precisamente, a divisão oficial em 3 sub-regiões: Valpaços, Planalto Mirandês e Chaves. Comecemos pela última. A noroeste, Chaves é a sub-região mais fresca, com um clima mais chuvoso e vinhas (verdadeiramente) em altitude, cujos solos tendencialmente graníticos propiciam perfis com mais acidez e elegância. Por sua vez, a sub-região de Valpaços é, como já referimos, marcada por elevadas temperaturas durante o verão, e um clima seco durante grande parte do ano, sobretudo nas terras com menor altitude, entre os 350-400 metros, terroirs marcadamente favoráveis a tintos com maturação elevada, com solos xistosos e afloramentos graníticos. Valpaços é, claramente, a sub-região que apresenta maior produtividade, reflexo das condições naturais e da área plantada, mas também da constante evolução da vitivinicultura da zona (renovação/restruturação de vinhas à cabeça), em grande parte por efeito das práticas das adegas modernas do Douro ‘ali ao lado’, aspecto ao qual voltaremos ainda neste texto. Por fim, temos o Planalto Mirandês, a sub-região com a continentalidade mais pronunciada, marcada a este pela geografia selvagem típica do rio Douro internacional, com solos maioritariamente xistosos. Com pouca chuva, quase nada nas terras quase desérticas na fronteira, predominam cotas altas entre os 750m e os 800m, sendo Miranda do Douro e Mogadouro os centros vínicos por excelência. O enólogo Paulo Nunes, que para o projecto Costa Boal faz um vinho neste território, confirma o calor diário nos meses estivais, mas salienta a frescura das noites mesmo no Verão, algo que não encontra, por exemplo, no vale do Douro. Por isso, diz-nos, a vindima nessa sub-região é sempre tardia, por vezes em Outubro, e os teores alcoólicos raramente ultrapassam os 13,5%.

Provados mais de 2 dezenas de vinhos, das 3 sub-regiões descritas, conseguimos retirar várias conclusões. Em primeiro lugar, que o modelo de tinto encorpado e com teor alcoólico acima dos 14% ainda predomina na região, sobretudo nos topos de gama. Muito deles provém da sub-região de Valpaços, o que se justifica pelas próprias condições naturais de maior calor e solos xistosos, mas também pela proximidade ao Douro. Essa proximidade trouxe, com efeito, um fenómeno de mimetização, bem presente no próprio encepamento (com as duas Tourigas à cabeça, mais Tinta Roriz e Tinta Barroca) e nas práticas enológicas iniciadas no final dos anos ’90 com os modernos tintos durienses. São vinhos ambiciosos, bem feitos e generosos no perfil intenso, mas que não se distinguem significativamente dos produzidos na região vizinha (e o consumidor que procura Douro vai certamente comprar Douro).

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Por outro lado, encontrámos um perfil mais tradicional, com várias matizes rústicas, centradas em castas muito habituadas ao local — exemplo maior para a Tinta Amarela —, ainda que vindimadas, porventura, tardiamente, comprometendo a acidez natural que a região pode proporcionar. Em ambos os perfis, a longevidade dos vinhos é notável, sendo que os néctares mais antigos em prova — um da colheita de 2012, e dois de 2014 — se apresentam em grande forma, dificilmente reconhecidos como vinhos com “idade”… Por fim, provámos alguns vinhos cujo perfil mais facilmente a região pode produzir — assim nos confirmaram vários enólogos e produtores — e garantir sucesso para o futuro. Falamos de vinhos mais frescos, feitos a partir de uvas de vinhas velhas e a partir de castas pouco difundidas no restante país vitícola, mais a mais plantadas a uma altitude pouco comum. No modelo de vinho mais aberto e vivo, Vidago (na sub-região de Chaves) pode mesmo vir a ser, entre outros, um lugar-chave, sendo que dois dos vencedores da prova advém precisamente desse terroir fresco e único. O vinho Lés-a-Lés emerge de uma vinha velha, rodeada de pinheiros, “que cheira a caruma, e lembra o Dão”, diz-nos o enólogo Rui Lopes que assina o vinho juntamente com Jorge Rosa Santos. Não por acaso, parte das uvas do lote são Tinta-Pinheira e Baga… Outro vencedor é o Grande Reserva da Quinta de Arcossó, um vinho que sai da pena de Amílcar Salgado e Francisco Montenegro, e que é originado a partir de uma das vinhas mais bonitas e bem cuidadas da região, para não dizer do país.

À laia de conclusão, com uma dimensão significativa de vinhas velhas, e uma altitude pouco habitual no nosso país, solos de granito e xisto, a região tem tudo para se afirmar e liderar em mais do que um perfil, sem perder a noção de frescura com a qual pode triunfar sobre outras regiões. Acresce, que as suas condições naturais permitem uma expressiva agricultura integrada e até biológica, dado a média anual muito baixa de tratamentos. Com mais enólogos jovens a chegar à região, tudo aponta para um “futuro risonho”, como espera a enóloga Joana Pinhão (na Quinta Valle Madruga desde 2021). Joana não tem dúvidas que a grande heterogeneidade entre as 3 sub-regiões de Trás-os-Montes é uma virtude, dependendo do tipo de vinho que se pretende produzir, sendo que nesse mesmo sentido milita a opinião de Paulo Nunes. Também nós, pelos vinhos provados, não temos dúvidas da qualidade e originalidade da região, dois vectores que, como em todas as regiões, têm de ser permanentemente estimulados e trabalhados. Com condições excepcionais para a produção de vinhos, Trás-os-Montes tem tudo para vir a ser uma estrela entre os vinhos de Portugal.

 

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)

 

 

 

 

 

Aforista Reserva Branco 2021 eleito Melhor Vinho da Beira Interior

Concurso Vinhos Beira Interior

A entrega de prémios do 16º Concurso de Vinhos da Beira Interior realizou-se no passado sábado, em Marialva, onde o vinho Aforista Reserva branco 2021 recebeu o prémio de “Melhor Vinho” da região. Além deste galardão, o júri do concurso, que aconteceu nos dias 19 e 20 de Junho, na Guarda, atribuiu várias distinções, incluindo […]

A entrega de prémios do 16º Concurso de Vinhos da Beira Interior realizou-se no passado sábado, em Marialva, onde o vinho Aforista Reserva branco 2021 recebeu o prémio de “Melhor Vinho” da região. Além deste galardão, o júri do concurso, que aconteceu nos dias 19 e 20 de Junho, na Guarda, atribuiu várias distinções, incluindo os prémios “Melhor Vinho no Feminino”, “Melhor Imagem” e “Melhor Imagem no Feminino”. Ao todo, 92 vinhos, de 34 produtores da região, estiveram a concurso, resultando em 17 medalhas de Ouro e 11 medalhas de Prata.

O presidente da CVR (Comissão Vitivinícola Regional) da Beira Interior, Rodolfo Queirós, destacou a importância deste tipo de eventos para a promoção da Rota dos Vinhos da Beira Interior, salientando que a escolha da aldeia histórica de Marialva contribui para a valorização de todo o território. Já o presidente do Município de Mêda, João Mourato, expressou satisfação pelo facto da gala de entrega de prémios ter ocorrido pela primeira vez no seu concelho, realçando a produtiva parceria entre a CVR da Beira Interior e o Município de Mêda.

A cerimónia foi presidida pela Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, com raízes no concelho de Mêda, que sublinhou a importância do sector vitivinícola na coesão territorial, na atracção de investimentos e na fixação de pessoas. A Ministra enalteceu, ainda, o papel desempenhado pela CVR da Beira Interior como elo de ligação entre os 20 concelhos que compõem a região.

16º Concurso de Vinhos da Beira Interior

MEDALHAS DE OURO

Adega 23 IG Terras da Beira branco 2020
Aforista DOC Beira Interior Reserva branco 2021
Beyra DOC Beira Interior Grande Reserva tinto 2021
Marquês D’Almeida DOC Beira Interior Reserva tinto 2018
Quinta Vale do Ruivo DOC Beira Interior branco 2020
Torre de Pinhel – 75º Vindima DOC Beira Interior Reserva Especial tinto 2018
Alvinho DOC Beira Interior Colheita Selecionada branco 2021
Aforista DOC Beira Interior branco 2021
Convento de Marialva DOC Beira Interior Reserva tinto 2021
Quinta do Cardo DOC Beira Interior Grande Reserva Biológico Síria branco 2021
Souvall DOC Beira Interior Reserva branco 2022
Beyra DOC Beira Interior Vinhas Velhas branco 2022
Pombo Bravo DOC Beira Interior Reserva Touriga Nacional e Tinta Roriz rosado 2021
1808 Portugal – Field Blend DOC Beira Interior Biológico tinto 2018
Torre de Pinhel IG Terras da Beira tinto 2020
Quinta dos Currais DOC Beira Interior Colheita Selecionada branco 2021
Beyra DOC Beira Interior Reserva Tinta Roriz e Jaen tinto 2021

MEDALHAS DE PRATA

Quinta da Arrancada DOC Beira Interior Reserva Branco 2022
Quinta dos Currais DOC Beira Interior Reserva tinto 2019
doispontocinco DOC Beira Interior tinto 2018
Folhas Caídas DOC Beira Interior Chardonnay Branco 2022
Quinta das Senhoras – Dona Maria de Deus DOC Beira Interior Grande Reserva tinto 2019
Portas D’El Rei DOC Beira Interior Colheita Selecionada tinto 2020
Quinta da Arrancada DOC Beira Interior Grande Reserva tinto 2020
Quinta dos Termos DOC Beira Interior Reserva Talhão da Serra tinto 2020
Quinta dos Currais DOC Beira Interior Síria Branco 2021
Entrevinhas DOC Beira Interior Touriga Nacional tinto 2021
Quinta da Arrancada – Açor DOC Beira Interior Reserva tinto 2020

Ontem, dia 12 de Julho, um grupo de 26 signatários divulgou uma carta aberta intitulada “O Douro Merece Melhor”.

Na carta, que pode ser lida na íntegra em baixo, os signatários — que constituem um grupo muito significativo de pessoas directamente ligadas ao sector do vinho na região do Douro — alertam para “a inacção das instituições competentes no que toca às urgentes reformas necessárias para o quadro regulamentar que rege a produção de vinhos no Douro”.

Entretanto, juntaram-se aos signatários originais muitas outras individualidades. A lista de todos os signatários pode ser consultada em www.odouromerecemelhor.pt.

O DOURO MERECE MELHOR

A Região Demarcada do Douro é conhecida internacionalmente por ser uma das maravilhas do mundo do vinho. Contém mais de metade das vinhas de montanha à escala global. Tem o estatuto de Património Mundial da UNESCO. Não há região comparável em qualquer país. Mais de 19,000 viticultores e 1,000 empresas cultivam empenhadamente estas vinhas desafiantes, produzindo dois vinhos altamente reconhecidos: o Vinho do Porto e o vinho DOC Douro.

Contudo, os últimos vinte anos foram caracterizados por uma descida de quase 25% no volume de vendas de Vinho do Porto, para 7,8 milhões de caixas de 9 litros. No mesmo período, as vendas dos vinhos DOC Douro cresceram significativamente para 5,2 milhões de caixas.

Apesar destas mudanças profundas, o quadro regulamentar não teve qualquer alteração, permanecendo, na sua essência, imutável há quase 100 anos. O sistema atual está a promover distorções devastadoras que estão a impactar não só no preço das uvas, mas também na sustentabilidade socioeconómica dos viticultores, das empresas, e no futuro dos seus vinhos nos mercados internacionais.

O sistema de ‘benefício’ – introduzido nos anos 1930 – estabelece a quantidade de uvas destinadas à produção de Vinho do Porto. Este limite é ajustado anualmente, dependendo de um conjunto de fatores, nomeadamente a qualidade e os níveis de oferta e de procura. Um sistema semelhante é praticado nas mais importantes regiões vitivinícolas europeias. Contudo, as uvas para vinho DOC Douro são comercializadas no mercado livre e, regra geral, num ambiente de excesso de oferta.

O Douro está a sofrer devido à redução dos volumes de Vinho do Porto e um contexto regulamentar desa-tualizado. Consequentemente muitas uvas são vendidas abaixo do seu custo de produção. O prejuízo para os viticultores é óbvio, resultando no abandono da vinha e no despovoamento da região. Uma situação agravada pelas alterações climáticas que estão a impactar seriamente a nossa região.

Igualmente grave é o facto de demasiados vinhos estarem à venda internacionalmente com preços comparáveis aos mais baratos do mundo – algo que nunca seria possivel se os viticultores recebessem um preço justo pelas suas uvas. Estamos a passar a mensagem que o Douro produz vinhos baratos, quando nada poderia estar mais longe da verdade. O nosso custo de produção, por kg, situa-se entre os mais elevados do mundo, e o rendimento por hectare é entre os mais baixos – por causa das características únicas da vinha de montanha no Douro.

Ao longo dos últimos 15 anos, vários estudos realizados por entidades de renome, incluindo a UTAD (Univer-sidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), concluíram que o Douro não é sustentável nestas circunstâncias e que necessita de reforma no seu quadro regulamentar. Mas nada foi feito, apesar das promessas do Estado.

Nenhuma região de vinho aguenta tanto tempo neste desequilíbrio, sofrendo tantos danos na sua imagem e na economia das suas comunidades. A incompreensível inação está a prejudicar uma das mais históricas, belas e desafiantes regiões vinícolas do mundo. Existem, porém, soluções que estão ao nosso alcance, nomeadamente medidas de emergência, de curto prazo e outras, mais estruturantes, de médio e longo prazo. O Douro necessita de uma estratégia para o futuro construída numa base científica liderada por uma entidade independente, em consulta com os stakeholders chave da região.

Apelamos aos produtores, aos viticultores, aos comerciantes e respetivas Associações, ao Ministério da Agricultura, à CIM do Douro, e ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, para enfrentarem esta situação com urgência. Deveríamos sentir orgulho no Douro, na sua gente e nos seus vinhos, mas atualmente não conseguimos senão sentir frustração e tristeza pelos danos graves e desnecessários que a inércia na alteração do quadro regulamentar e institucional está a provocar.

O Douro Merece Melhor

António Filipe, António Saraiva, Christian Seely, Cristiano van Zeller, Dirk Niepoort, Emídio Gomes, Fernando da Cunha Guedes, Francisco Spratley Ferreira, Francisco Olazabal, João Álvares Ribeiro, João Nicolau de Almeida, João Rebelo, John Graham, Jorge Dias, Jorge Moreira, Jorge Rosas, Jorge Serôdio Borges, Luís Sottomayor, Luisa Amorim, Mário Artur Lopes, Olga Martins, Oscar Quevedo, Paul Symington, Pedro Braga, Sandra Tavares, Sophia Bergqvist”

Maçanita: Nascidos de antigas cepas

maçanita

    Da ilha do Pico (com a Azores Wine Company) até ao Douro (com sua irmã Joana Maçanita), passando pela Madeira e Porto Santo (com a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões) e pelo Alentejo, (Fitapreta), estes vinhos de vinhas velhas, engarrafados, por vezes, em diminutas quantidades, são especialmente acarinhados por António […]

 

 

Da ilha do Pico (com a Azores Wine Company) até ao Douro (com sua irmã Joana Maçanita), passando pela Madeira e Porto Santo (com a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões) e pelo Alentejo, (Fitapreta), estes vinhos de vinhas velhas, engarrafados, por vezes, em diminutas quantidades, são especialmente acarinhados por António Maçanita. São vinhos de vinha, ou melhor de parcela. Vinhos que são o que são porque têm origem naquelas mesmas videiras e não noutras plantadas a umas centenas de metros de distância. Cada uma destas vinhas foi uma descoberta. E cada uma tem uma história que merece ser contada. Vamos contá-las, pois, com a ajuda das notas e da memória de António Maçanita.

PORTO SANTO E MADEIRA

Na ilha da Madeira chamam “profetas” aos porto-santenses; e estes retribuem apelidando os madeirenses de “villões”, alcunha derivada de “habitante da vila”. Seja como for, um belo nome para o projecto que António Maçanita ali criou com o seu amigo Nuno Faria. Foi este último que, em 2020, convenceu António a visitar um conjunto de vinhas nas duas ilhas. Despertado o interesse, “o próximo passo foi tentar convencer o Sr. Cardina a vender-nos uvas. Foi difícil, resistiu, mas lá aceitou no final. O Sr. Cardina é um dos mais respeitados viticultores e um acérrimo defensor da história do vinho do Porto Santo, tendo construído o museu do Vinho Cardina, com vários objetos do trabalho da vinha e vinho”, diz António Maçanita.
A ilha de Porto Santo é, em termos geológicos, uma das mais antigas dos arquipélagos portugueses, tendo emergido há 14 milhões de anos no oceano Atlântico. Foi também a primeira a ser descoberta por Gonçalves Zarco em 1418. A plantação da vinha data dos primeiros tempos da colonização, tendo Gaspar Frutuoso, em 1580, acentuado a abundância de vinhedos existente ao longo da costa, inclusive nas zonas mais arenosas. “Na história recente, os antigos contam que era aqui onde se vinham buscar as uvas mais maduras para dar grau ao vinho Madeira. Hoje restam menos de 14 hectares, cultivados por um punhado de resistentes”, refere Maçanita.
Os solos, arenitos calcários de origem marinha, apresentam um pH bastante elevado, em torno dos 8,5 (por comparação, nos Açores, este indicador anda pelos 5,5/6) e o clima fortemente atlântico implica uma condução rasteira das videiras, protegidas dos ventos e maresia por muros ou habilidosas estruturas de canas. A vinha do Sr. Cardina, com mais de 80 anos, está assente em calcários franco-arenosos. Plantada com a casta Listrão (conhecida em Jerez por Palomino Fino) dali saem, desde 2020, os vinhos Listrão dos Profetas e Listrão Vinho da Corda. Em 2021 António e Nuno persistiram na busca de mais vinhedos e hoje recebem uvas de 15 viticultores. São tudo vinhas entre 40 e 80 anos de idade, algumas delas nas Fazendas da Areia, zonas de pura areia calcária. Plantadas com a casta Caracol, dão origem aos vinhos Caracol dos Profetas e Caracol dos Profetas Fazendas da Areia.
Já na ilha da Madeira (a terra dos “vilões”…), o terroir muda totalmente. Os solos vulcânicos são bem mais ácidos e as videiras orientadas em latada. Os dois amigos escolheram o Estreito da Câmara de Lobos e a Tinta Negra como local e casta de eleição. A primeira vindima, em 2020, correu mal: a cuba caiu no transporte entre adegas. Avançaram de novo no ano seguinte e conseguiram comprar uvas a um viticultor com um vinhedo de Tinta Negra com mais de 40 anos. E nasceu o Tinta Negra dos Villões.

Maçanita

PICO

Fundada, em 2014, a Azores Wine Company (AWC) veio revolucionar a produção de uva e vinho na ilha do Pico e, em boa verdade, directa ou indirectamente, em todas ilhas vinícolas açorianas, pela criação de valor gerada desde então. A história da empresa já foi contada mais do que uma vez nestas páginas, pelo que vamos ao que interessa: as vinhas velhas. No que ao tema respeita, Filipe Rocha e António Maçanita, os sócios da AWC, elegem como “centro de tudo” a zona do lajido (lajes de lava) da Criação Velha, um dos dois locais picoenses classificados como Património Mundial pela Unesco. “A Criação Velha é a guardiã do património genético original da ilha e dos Açores”, diz António Maçanita. Este é, na verdade, um “spot” muito especial, e não apenas pela paisagem. António Maçanita refere as particularidades climáticas: distando 16 km do centro do vulcão do Pico, beneficia de mais horas de sol, pois o Pico bloqueia as nuvens; a sua baixa altitude, entre 6-35 metros, faz com que as raízes estejam a utilizar água “salobra”; e, por último, o mar ali tão perto acentua o carácter atlântico dos vinhos. Mas também, historicamente, a Criação Velha é especial: os seus vinhedos pertenciam a gentes do Faial, pela proximidade ao porto da Horta, ali em frente, do outro lado do canal, já que eram eles os principais produtores e comerciantes de vinhos.
Na Criação Velha, a AWC trabalha três áreas distintas que originam distintos vinhos, todos eles com a casta Arinto dos Açores largamente predominante. A chamada Vinha da Canada do Monte, é constituída por duas parcelas que encostam na Canada do Monte, que é o caminho que vai desde o tão fotografado moinho vermelho do Frade até ao Monte (pequeno relevo de terreno). Esta estrada marca também uma distância ao mar de cerca de 580 m e uma altitude de 35 metros. Depois, temos a Vinha Centenária, como o nome indica, uma das vinhas mais antigas da ilha, com idade compreendida entre 100-120 anos, situada também na linha da Canada do Monte. “Está na mesma família há várias gerações e é uma das mais bem tratadas que conhecemos no Pico”, refere António. Aqui encontramos também, ao lado do Arinto dos Açores, diversas cepas com Bual, Verdelho, Donzelinho e Alicante Branco. Finalmente, a Vinha dos Utras, hoje quase tão famosa quanto o moinho vermelho. Trata-se de uma pequena parcela que encosta mesmo ao mar (os chamados “1os Jeirões”), num local onde se consegue a maior exposição solar e concentração. Os Utras (deturpação do nome de Joss Hurtere, um flamengo que foi Capitão Donatário do Pico e do Faial) são uma família que chegou aos Açores em 1465 e se tornaram determinantes para o desenvolvimento do vinho e da vinha das ilhas.
Conta António Maçanita: “Adquirimos a vinha aos seus descendentes, a família Dutra, em 2018. Diziam os donos que o mar lhes causava muito danos na vinha. Viemos a aprender isso mesmo, pois em outubro de 2019 o mar roubou 40 metros à vinha; e em 2021 a maresia salgada queimou toda a produção…”

 

ALENTEJO

Apesar de o seu trabalho com os vinhos açorianos, em anos recentes, ter contribuído em muito para projectar a “marca” António Maçanita, a verdade é que a grande base da actividade vitivinícola deste irrequieto produtor e enólogo está no Alentejo, região onde iniciou a sua carreira profissional e onde, a partir de 2004, criou o projecto Fitapreta. Num portefólio alentejano de mais de 30 referências, destaca-se no topo a linha Chão dos Eremitas que inclui um blend (o notável Os Paulistas) e cinco varietais. “Descobri esta vinha através de um professor meu do ISA, o professor Mira. De início a ideia era arrendar, mas depois surgiu a hipótese de a adquirir e não hesitei, o meu ‘feeling’ é que era mesmo algo diferente”, conta.
O Chão dos Eremitas, situa-se no sopé da Serra d’Ossa. Refere António que há provas da produção ininterrupta de vinho naquele local desde o séc. XIV, quando a Bula Papal de 1397 isentou os Pauperes Eremitas de tributos nas vinhas. Uma escavação arqueológica recente desenterrou a escassos metros da vinha uma ânfora fenícia do séc. VIII a.C., debaixo da Anta da Candeeira, demonstrando que ali havia vinho 800 anos antes da chegada dos romanos. “Este lugar é muito especial, sente-se!”, exclama António Maçanita. “Percebe-se que era aqui que se plantava a vinha, junto a dois riachos que trazem da serra as águas das chuvas, mantendo o chão fresco e o nível freático alto.”
A vinha Chão dos Eremitas foi plantada em 1970, e tem uma composição de castas tintas e brancas que, em tempos, dominaram a paisagem vitícola da região: Tinta Carvalha, Castelão, Alfrocheiro Preto, Moreto, Trincadeira, Alicante Branco, Trincadeira das Pratas (Tamarez), Roupeiro e Fernão Pires.

 

Os irmãos Maçanita encontraram em Carlão, no planalto de Alijó, um conjunto de vinhas quase abandonadas, nas quais viram enorme potencial para fazer vinhos diferenciadores.

DOURO

A Maçanita Vinhos é um projecto de dois irmãos e enólogos, Joana e António. Os Maçanita procuraram tirar partido do clássico sistema de classificação dos vinhedos durienses (de A a F), focando-se nos extremos, ou seja, nas parcelas mais “nobres”, com maior maturação (letra A), no fundo dos vales do Douro e seus afluentes, e nas mais “desprezadas”, de maturação mais difícil, situadas nas zonas altas e fronteiriças, no limite da região (letra F). Nestas últimas encontraram em Carlão, no planalto de Alijó, um conjunto de vinhas quase abandonadas, nas quais viram enorme potencial para fazer vinhos diferenciadores. “Chegámos a esta região pela mão do chef André Magalhães que nos dizia que o seu pai tinha uma vinha velha e vendia mal as uvas. Um dia fomos visitar a dita vinha (chamada As Olgas) e ficámos encantados. A partir daí temos passado muito tempo nesta zona onde temos encontrado parcelas mágicas”, comenta António Maçanita. Nas vinhas de Carlão, o difícil acesso implica trabalho “à antiga”, ou seja, homem e cavalo. Nas parcelas misturam-se diversas castas brancas e tintas. Estando na transição entre granito e xisto, o terreno varia muito. No entanto há dominância dos solos graníticos, com alto teor de quartzo. A vinha Canivéis tem entre 80 e 92 anos, está a 510 metros de altitude e mistura 11 castas; a vinha As Olgas, de 90 a 110 anos, tem o mesmo número de castas e está a 480 metros. A Pala Pinta é a mais antiga vinha de Carlão. Com 110 a 130 anos de idade, estende-se entre os 580 e os 720 metros de altitude, com 20 castas distintas.
Porto Santo, Madeira, Pico, Alentejo, Douro. Em todas estas regiões existem lugares especiais que albergam vinhas singulares. E delas nascem vinhos que não deixam ninguém indiferente.

 

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)

 

Wine Crafters: Vamos fazer vinho?

Wine crafters

Com este programa de enoturismo, João Portugal Ramos convida os visitantes a conhecerem todo o processo de produção vínica, desde a prova das diferentes castas de vinho, passando pela composição do blend, até ao engarrafamento, para que no final todo o enófilo possa levar para casa uma garrafa do vinho que criou, com rótulo personalizado. […]

Com este programa de enoturismo, João Portugal Ramos convida os visitantes a conhecerem todo o processo de produção vínica, desde a prova das diferentes castas de vinho, passando pela composição do blend, até ao engarrafamento, para que no final todo o enófilo possa levar para casa uma garrafa do vinho que criou, com rótulo personalizado.

A experiência, que começa com um passeio pelas vinhas e com uma visita à adega e às caves antes da criação do blend, é harmonizada com uma degustação de produtos da região, nomeadamente, o queijo de ovelha, o pão e o Azeite Virgem Extra Oliveira Ramos Premium. O programa tem o custo de 50€ p/ pessoa e exige um número mínimo de duas pessoas por marcação.

Esta é a sugestão ideal para viver uma experiência vínica única e aprender mais sobre a arte da enologia, entre amigos e família. O programa está disponível de segunda-feira a sábado, sujeito a marcação prévia, através do site: https://www.jportugalramos.com/

Para além deste programa “Wine Crafters”, para descobrir o mundo de João Portugal Ramos, os visitantes podem também optar por uma prova de vinhos, um almoço ou até procurar uma garrafa escondida – um escape room adaptado à Adega Vila Santa, que promete dar um toque de aventura às tradicionais atividades enoturísticas.

Da casta Rufete nasce uma triologia

rufete são luiz

Um Rufete Reserva Tinto 2021, um Rufete Reserva Branco 2022 e um Rufete Reserva Rosé 2022, são as mais recentes novidades da Quinta de São Luiz. Uma edição limitada, e bastante exclusiva, de 1.100 caixas com os três vinhos. Este novo trio nasce da busca, do enólogo Ricardo Macedo e sua equipa, em adicionar um […]

Um Rufete Reserva Tinto 2021, um Rufete Reserva Branco 2022 e um Rufete Reserva Rosé 2022, são as mais recentes novidades da Quinta de São Luiz. Uma edição limitada, e bastante exclusiva, de 1.100 caixas com os três vinhos. Este novo trio nasce da busca, do enólogo Ricardo Macedo e sua equipa, em adicionar um elemento singular ao portefólio, com a intenção de conquistar os palatos mais exigentes.

Estas características foram possíveis de se encontrar na casta Rufete, conhecida pelo seu caráter caprichoso, exigente e versátil, que resulta em vinhos de perfil leve e fresco, com grande aptidão gastronómica, marcado por frutos vermelhos e notas florais.

Para conferir mais leveza e suavidade aos três vinhos, todos eles passaram por dois estágios distintos e complementares: uma parte ânfora e outra em madeira, da qual metade em carvalho nacional e metade em castanheiro. Se por um lado o castanheiro acrescenta aromas doces e alguma sensação de especiarias, por outro, o carvalho aporta à trilogia uma maior complexidade de boca.

O Rufete Reserva Tinto 2021 foi vindimado manualmente na última semana de agosto de 2021 às primeiras horas do dia. A fermentação maloláctica e o estágio de 12 meses foi feito, em barricas de castanheiro e carvalho nacional e o restante em ânfora. Leve e fresco, é assim que se mostra este Reserva Tinto. Deve ser servido a temperatura entre 16 e 18°C , pode acompanhar carnes vermelhas, queijos e peixes gordos.

No Rufete Reserva Branco 2022, a vindima foi manual, na última semana de agosto de 2022, às primeiras horas do amanhecer, e as uvas foram transportadas em caixas de pequenas dimensões. O vinho fermentou em inox com temperatura controlada entre os 10 -14°C. Terminada a fermentação alcoólica, uma parte estagiou em cascos de castanheiro e carvalho nacional e o restante em ânfora. A pensar nos dias mais longos de verão, este branco pode acompanhar pratos de maresia, tais como marisco e peixe, carnes brancas e queijos.

Por fim, o Rufete Reserva Rosé 2022, contou com um processo de vinificação e estágio igual ao Reserva Branco. No copo, apresenta uma tonalidade de cor salmão pálido e é composto por aromas florais doces, pétalas de rosas e cerejas. Pratos de marisco e peixes gordos, carnes brancas e queijos podem ser uma boa opção.

Disponível em Uva Wine Shop e em garrafeiras da especialidade.

Quinta de São Luiz – Kit Trilogia de Rufetes – (Reserva Tinto 2021, Reserva Branco 2022 e Reserva Rosé 2022)
PVP recomendado de 60,00€ (o valor engloba o kit das três garrafas, não sendo vendidas em separado.

Os três primeiros vinhos com a insígnia “Campo do Tejo® Fernão Pires” já estão aí. A Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo (CVR Tejo) elegeu o momento da instituição e celebração do Dia da Fernão Pires, a 20 de Junho, para apresentar o projecto de união e esforço colectivo “Campo do Tejo® Fernão Pires”. Este é mais um passo da CVR Tejo na promoção da casta branca rainha da região, dado com o apoio da Câmara Municipal de Almeirim.

“Campo do Tejo Fernão Pires” é um conjunto de vinhos brancos, com marca registada, feitos com uvas de Fernão Pires, na sua maioria provenientes da zona do Campo, um dos três principais terroirs da região (além do Bairro e da Charneca). O Campo abrange as áreas de vinha situadas ao longo das duas margens do rio Tejo, numa extensão de mais de 80 quilómetros, na área geográfica do Ribatejo. “Estas uvas beneficiam de um microclima com manhãs enevoadas, dias quentes e noites frescas e húmidas, o que confere frescura, acidez e grande vivacidade aos vinhos”, explica a CVR Tejo.

Campo Tejo Fernão Pires

Assim, “Campo do Tejo Fernão Pires” representa um perfil específico de brancos feitos com esta casta: leves, frescos e com pouco álcool (até 12%). “Brancos vibrantes, a evidenciar a frescura que carateriza os Vinhos do Tejo”, refere a Comissão Vitivinícola. São, ainda, vinhos acessíveis em termos de preço, cujo PVP pode variar entre os €4,00 e os €5,50. Com um estilo e espinha dorsal comum, cada produtor tem a liberdade de dar o seu cunho. Nesta primeira fase de lançamento, são três as empresas aderentes: Batista’s by Pitada Verde, Quinta do Casal Monteiro e Quinta da Lagoalva.

A identidade gráfica é também um dos elementos mais distintivos do projecto, realçando o traçado do rio Tejo. “O Tejo é a essência desta região, surgindo como um elo e âncora de quem nela habita. Não foi ao acaso que, em termos vitivinícolas, a Denominação de Origem passou de Ribatejo para Tejo. Assim, o rio Tejo assume preponderância nesta identidade, traduzido em ‘ouro líquido’ que serpenteia os campos agrícolas que modelam a paisagem de forma única, criando um puzzle muito característico, a revelar a abundância e riqueza da região”, desenvolve a CVR Tejo.

Campo Tejo Fernão Pires

A garrafa é também única para todos os vinhos, um modelo de vidro branco e bastante leve, sendo os rótulos de papel fabricado com 65% de fibra reciclada. Já a base da imagem foi obtida pós um concurso lançado pela CVR Tejo para a criação do rótulo, tendo a ideia vencedora vindo de um grupo de alunos de mestrado em Design, da Universidade de Aveiro. Posteriormente, foi alvo de alguns afinamentos pela dupla de empresas de design Amphora e Brand 75.

Em Portugal, os “Campo do Tejo Fernão Pires” estarão disponíveis através dos canais de cada produtor, sendo também possível adquiri-los na loja da Rota dos Vinhos do Tejo: física, em Almeirim, e online, em www.rotadosvinhosdotejo.pt.

Coravin: Voltar a uma garrafa com a qual se foi feliz

Coravin

Por “exigente”, entenda-se aqui “pessoa preocupada com a qualidade do vinho que consome”, quer custe a garrafa 10, 30, 70 ou 500 euros, e por aí fora… Consoante o modelo do sistema, há diferentes aplicabilidades, e a marca reforçou recentemente a sua presença no mercado nacional com soluções renovadas e packs com mais acessórios. Uma […]

Por “exigente”, entenda-se aqui “pessoa preocupada com a qualidade do vinho que consome”, quer custe a garrafa 10, 30, 70 ou 500 euros, e por aí fora… Consoante o modelo do sistema, há diferentes aplicabilidades, e a marca reforçou recentemente a sua presença no mercado nacional com soluções renovadas e packs com mais acessórios. Uma coisa é certa: para um verdadeiro apreciador de vinho, os sistemas Coravin prometem transformar o acto de abrir (ou não, mas já lá vamos…) qualquer garrafa numa experiência premium, e perpetuá-la no tempo. Porque poder beber um copo de vinho e continuar a beber da mesma garrafa durante um mês, ou até um ano, sem que este tenha sido adulterado pelo oxigénio, é realmente revolucionário. Assim tenhamos esse nível de auto-controlo…

Começando pelo topo do portefólio Coravin, estão já disponíveis os novos modelos da linha Timeless, onde o sistema inicial se viu actualizado e melhorado. É nesta linha que figura o sistema mais emblemático da marca, que permite retirar vinho de uma garrafa sem realmente a abrir, preservando a rolha original. Isto é feito através de uma agulha muito fina, e oca, que se insere na rolha de cortiça sem a danificar. Depois, a garrafa é pressurizada com árgon puro, de grau médico, um gás “nobre” (inodoro, incolor, insípido, inerte, etc…), que substitui o espaço que o vinho ocupava na garrafa e deixa que este saia pela agulha. Este gás vem armazenado numas “bombinhas” que se inserem no corpo principal do sistema, e o próprio acto de as introduzir no tubo já dá um gostinho especial. Cada uma destas cápsulas de árgon permite servir, no sistema Timeless, até 15 copos de vinho de 150ml.

Coravin

A parte mais impressionante de tudo isto é que, quando se retira a agulha, a rolha volta à sua forma inicial e podemos voltar a colocar o vinho na garrafeira, como se nunca tivesse sido tocado. Este sistema oferece meses ou anos (ou, virtualmente, o tempo que quisermos) de guarda, a uma garrafa da qual já retirámos vinho. Nesta linha, destaca-se o Coravin Timeless Six+ Premium Set (€499), em tons carvão que, além do acabamento brilhante, inclui extras como uma base com acabamento em metal escovado, para armazenar ou expor o sistema, 8 cápsulas de árgon, um areador, uma bolsa de transporte e outros acessórios. Está ainda disponível o mesmo modelo por €399, com menos acessórios.

Também a gama Pivot, mais económica, tem novidades, como o Pivot+ (€149). Com o Pivot é possível preservar a garrafa até um mês depois da abertura, sendo que aqui remove-se a rolha, introduz-se o gás árgon e coloca-se uma das tampas “stopper” que vem com o sistema. Ambos os sistemas (e outros modelos), estão disponíveis para compra através da Heritage Wines, que os enviou à Grandes Escolhas para que fossem testados “na vida real”. Daqui a uns meses, voltaremos a falar.

(Artigo publicado na edição de Maio de 2023)