Novos Andreza: muita qualidade, excelente preço

A Lua Cheia-Saven, projecto da empresária Lara Dias e do enólogo Francisco Baptista, apresentou no passado dia 24 de Fevereiro de 2023, as mais recentes colheitas da linha premium e super premium Andreza. O branco Reserva agora lançado nasceu na vindima de 2021, enquanto o tinto Reserva é de 2020. Já o Andreza Altitude mostra […]
A Lua Cheia-Saven, projecto da empresária Lara Dias e do enólogo Francisco Baptista, apresentou no passado dia 24 de Fevereiro de 2023, as mais recentes colheitas da linha premium e super premium Andreza.
O branco Reserva agora lançado nasceu na vindima de 2021, enquanto o tinto Reserva é de 2020. Já o Andreza Altitude mostra toda a frescura da vindima de 2019 e das cotas altas do vale duriense, enquanto o topo, Grande Reserva, criado em 2015, ostenta a complexidade e polimento do longo estágio em garrafa. Em comum, estes quatro vinhos evidenciam a genuína origem Douro, forte carácter e excelente relação qualidade/preço.
Os Andreza Reserva branco e tinto custam €8,20 no mercado, o Altitude aponta aos €13,60 e o Grande Reserva é comercializado a €22. Os vinhos da Lua-Cheia Saven são produzidos a partir de uva própria (Quinta do Bronze, em Vale de Mendiz) e uvas adquiridas a viticultores, sendo vinificados na adega da empresa situada em Martim, Murça. L.L.
Reportagem completa numa das próximas edições da revista Grandes Escolhas.
Lançamento: Herdade do Sobroso Élevage

E, de mansinho… dois grandes vinhos No último mês de 2022, a segunda edição dos topos de gama da Herdade do Sobroso bateu à porta: Élevage, branco e tinto 2021. Únicos, de excelência, e da Vidigueira. Texto: Mariana Lopes Fotos: Herdade do Sobroso Na Herdade do Sobroso, situada em Pedrogão junto ao Alqueva, na […]
E, de mansinho… dois grandes vinhos
No último mês de 2022, a segunda edição dos topos de gama da Herdade do Sobroso bateu à porta: Élevage, branco e tinto 2021. Únicos, de excelência, e da Vidigueira.
Texto: Mariana Lopes Fotos: Herdade do Sobroso
Na Herdade do Sobroso, situada em Pedrogão junto ao Alqueva, na sub-região alentejana da Vidigueira, Filipe Teixeira Pinto e Sofia Ginestal Machado têm um projecto de vinhos igual a “eles próprios”: descontraído, moderno, divertido, com muita ambição. Ao longo dos pouco mais de 20 anos desse projecto, o mesmo tem crescido ao ritmo do desenvolvimento das vinhas (as primeiras foram plantadas em 2021) que é o mesmo que dizer de forma gradual, mas sólida. Todos os vinhos do portefólio são hoje um sucesso de vendas, segundo Sofia — dos AnAs aos Arché, passando pelos Sobroso ou os Herdade do Sobroso Reserva e Grande Reserva, com destaque para os Cellar Selection (fortíssimo na restauração) — provavelmente pelo talento de Filipe, enólogo, para fazer vinhos fiéis ao local e às castas, de elevada qualidade e perfil amplamente atractivo, e onde o seu espírito experimentativo, que o enólogo tem em barda, não arranha o resultado final. Os Élevage, topos de gama agora na segunda edição, são o reflexo de tudo isto, da maturidade das vinhas do Sobroso e de uma experimentação cuidada. “De mansinho”, porque nada aqui é feito ou comunicado com demasiada bazófia (como se tem visto cada vez mais, infelizmente, em coisas infundadas ou vazias, sem suporte), surgiram um tinto e um branco de nível elevadíssimo. O Élevage branco é um lote de Antão Vaz e Perrum, e o tinto, um monovarietal de Alicante Bouschet. Existe um hectare de Perrum na Herdade Sobroso, uma casta tradicional do Alentejo, mas rara; e sete de Antão Vaz, sendo que o do Élevage vem de uma zona mais alta e com encosta exposta a Norte, numa parte de transição entre calhau e solo arenoso, franco-argilosa, como explicou Filipe Teixeira Pinto. O Alicante Bouschet, por sua vez, vem de parcelas xisto-argilosas expostas a Sul. O tinto fermenta em lagar e o branco fermenta em ânforas, as mesmas onde ambos estagiam, as italianas de nome Tava, produzidas, como já nos tinha elucidado Filipe no lançamento da primeira edição dos vinhos, “a partir de argila de elevada pureza, à qual os oleiros aplicam um processo de cozedura de altas temperaturas, entre os 1300 e os 1400ºC”, que resulta numa baixíssima porosidade, que proporciona trocas gasosas muito controladas. O formato estreito e elegante, bem diferente das tradicionais talhas alentejanas, e a sua tampa, “permitem estágios mais prolongados”, atestou o enólogo. Assim, os Élevage estagiam nestas ânforas durante 12 meses, com a particularidade de, nesta nova colheita, parte do tinto estagiar numas pequenas ânforas de 125 litros. São dois vinhos estrondosos.
(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2023)
David Guimaraens: “O viticultor do Douro está a falir porque o sector é imoral”

David Guimaraens é conhecido no Douro, em jeito de brincadeira, como o “Ayatollah do vinho do Porto”, mas também é o homem que se emocionou quando viu os trabalhadores da vindima entrar no lagar, pela primeira vez depois do início da pandemia. Nasceu no Porto, a 13 de Outubro de 1965, e representa a sexta […]
David Guimaraens é conhecido no Douro, em jeito de brincadeira, como o “Ayatollah do vinho do Porto”, mas também é o homem que se emocionou quando viu os trabalhadores da vindima entrar no lagar, pela primeira vez depois do início da pandemia. Nasceu no Porto, a 13 de Outubro de 1965, e representa a sexta geração de uma família inglesa dedicada exclusivamente a este negócio, sendo hoje director técnico, enólogo e master blender do grupo The Fladgate Partnership (Taylor’s, Croft, Fonseca Guimaraens, Krohn…). Uma conversa sobre o ano vitivinícola de 2022 acabou por desaguar em temas mais fracturantes e controversos, como a sustentabilidade social e económica da região, e David terminou a denunciar os calcanhares de Aquiles do Douro.
Texto: Mariana Lopes Fotos: The Fladgate Partnership
Numa visita por algumas das propriedades durienses do grupo The Fladgate Partnership — que resultou, em edição anterior, numa peça sobre as inovações tecnológicas da empresa — acabámos sentados com David Guimaraens, na Quinta da Roêda, a conversar sobre “o estado da nação”. Primeiro, o clima, as vinhas e a vindima de 2022, num ano que, para quem produz vinho no Douro, segundo o enólogo, não foi dos melhores. Estávamos em finais de Setembro.
“As vinhas estão acastanhadas, com ar cansado”, começou por dizer. “Normalmente, no fim da vindima estão mais verdes, mas este ano castigou-as e ficou marcado por falta de chuva, com um Inverno muito seco. Aqui, na Roêda, choveram 75 milímetros, o que é muito pouco face aos normais 300. Em Março, ainda vieram 70 milímetros que foram importantes, mas de modo geral, todo o ano foi muito seco. Paralelamente, tivemos várias vagas de calor. Usualmente, temos no Douro a ‘queima de São João’, no final de Junho, altura em que o tempo muda radicalmente. Este ano tivemos aquilo a que chamámos ‘queima de Santo António’, porque o calor forte veio no início de Junho. Daqui para a frente, houve muitos dias acima dos 40ºC, e Julho foi dos mais quentes que registámos. Por cima dos solos com pouquíssima água, estas vagas de calor só vieram agravar tudo”, explicou, com a calma e boa disposição que já lhe é característica.
Esta declaração levou à pergunta óbvia que, traduzida “para miúdos”, não é mais do que “isso significa que os vinhos vão ser maus?”, ao que David respondeu: “Não. O que foi extraordinário, foi que, quando eu vim de férias em meados de Agosto, esperava encontrar as uvas numa desgraça total. Mas, como elas nasceram já com sede, criaram uma resistência extraordinária. Bagos pequenos, como é característico, mas nenhuma uva passa, ao contrário de 2017. Tivemos sim, aquilo que acontece quando está muito calor, que é os ácidos muito, muito baixos. Mas isso não é tão dramático no vinho do Porto. Porque um dos segredos deste tipo de vinho é que a aguardente vem equilibrar tudo. Nos vinhos não fortificados, não há aguardente para equilibrar. Não fosse esta uma região de vinho do Porto…”, afirmou, cautelosamente, já a abrir caminho para um tema que lhe diz muito. Assim, nas propriedades da Fladgate iniciou-se a vindima de 2022, pelas vinhas que estavam, como diz David Guimaraens, pela “hora da morte”, em zonas mais quentes.
Mas como se lida com uma situação destas, quais os mecanismos? Para David, não há dúvidas: “Uma das riquezas do Douro é exactamente o que temos aqui, uma viticultura de montanha, com três grandes factores para trabalhar. As sub-regiões, desde o Baixo Corgo que é menos árido, ao Douro Superior, que é mais, sendo que nos anos secos a primeira aguenta melhor esta aridez; depois, a altitude, quanto maior é, menos temperatura e maior pluviosidade; e a orientação, ou exposição solar, porque dentro da mesma quinta, as vinhas têm exposições diferentes. Tudo isto, conjugado com as grandes castas que temos no Douro, é um puzzle que podemos fazer a nosso favor. Em anos extremos como este, para o lado da aridez, haverá bastantes variações de quinta para quinta, e de produtor para produtor, no resultado dos vinhos”, desenvolveu o director técnico. Portanto, antes da vindima, o ano estava desanimador, assumimos. Ao que David replicou, seguro de si: “Os vinhos do início da vindima eram pouco entusiasmantes. Se não se deve dizer isto, e dizer que é tudo mágico? Alguns preferem, mas eu não”.
Mais tarde, houve dois episódios de chuva no Douro. “Aqui na Roêda, tivemos 5 milímetros no dia 6 de Setembro — um primeiro borrifo bom para aliviar — e depois, a 13 e 14 de Setembro, vieram 30 milímetros. Num ano ‘normal’, isto seria muito, mas os solos estavam tão sequiosos que absorveram tudo, e funcionou como uma rega. Eu sou a favor de rega, mas somente de rega pluvial, que é a da chuva. Esta água veio ajudar as uvas a refinar, e incentivar as vinhas a terminar a sua maturação”, adiantou David Guimaraens, que acabou por tornar o cenário mais animador: “O ano de 2022 é o ano do rio Pinhão. Nós temos muita área de vinha no vale do Pinhão, que sofreu no início da vindima pelo que já falámos, mas acabou por haver uvas fabulosas. Fizemos, nesta zona, muitos investimentos nos últimos tempos, com compra de propriedades, por exemplo. Este é, na verdade, o centro do Douro, e tem muitas quintas, também de outros produtores, que sempre foram extraordinárias”, admitiu.
Quanto ao comportamento das castas, o enólogo desvendou que as que melhor se aguentaram no início conturbado da vindima foram a Tinta Roriz e a Touriga Nacional. A Touriga Francesa também mereceu destaque pela positiva, mas demorou mais tempo a amadurecer e a libertar a cor. Uma das que mais sofreram este ano foi, a título de exemplo, a Tinta Amarela. “Mas no vinho do Porto esta é outra vantagem, dá-se menos ênfase à casta e mais ao local, porque, e é aquilo que já se faz no Douro desde sempre, usam-se várias castas, que se complementam”, sublinhou David. “Os viticultores que têm andado a investir menos na vinha, e que as têm com menos vigor, são os mais afectados, porque estas vinhas se ressentem muito mais, e também por isto há tanta variação por local. Naturalmente que, quanto mais velha a vinha, mais resiste. Eu costumo comparar uma videira velha a um homem velho: já não produz tanto, mas o que produz é com mais sabedoria…”.
Um problema de estrutura
Perante a exposição de David Guimaraens sobre o ano vitivinícola de 2022, e os pontos mais gerais em que tocou sobre o clima, impôs-se a questão das alterações climáticas. O enólogo retorquiu com veemência: “As alterações climáticas são desculpa para muita incompetência. Neste momento, está-se a pôr debaixo das alterações climáticas muitas asneiras que têm sido feitas. Não digo, com isto, que elas não existam, pelo contrário, são muito reais. Mas por exemplo, a região do Douro tinha, antigamente, uma viticultura assente no field blend (mistura das castas) e em densidade de plantação, onde cada unidade produzia pouco, mas a soma das unidades produzia quantidade satisfatória. Além disso, o porta enxerto utilizado era o Rupestris, que é menos produtivo mas muito resistente à secura. O lote de castas que utilizávamos era também muito maior do que o que ficou depois do ‘afunilamento’ das décadas de 70/80. E quando veio a obsessão, que ainda temos hoje, a obsessão triste da mecanização, alterou-se o equilíbrio. A mecanização é uma necessidade, mas se a estamos a utilizar para baixar os custos, não estamos a ir pelo caminho certo. A nossa obsessão deve ser criar valor. A mecanização é uma evolução natural para se ir fazendo. A região está há 50 anos obcecada pela mecanização, e andamos aqui todos a chorar porque vendemos o vinho do Porto e os vinhos DOC Douro baratos, e vendemos mais barato do que regiões planas com 3 vezes mais produção. E isto leva-nos, naturalmente, ao problema da mão-de-obra”. Por esta altura da conversa, David Guimaraens, embora sempre sorridente, começava a agravar a voz, e sabíamos que o desabafo não tardava. “Nós só temos problema de mão-de-obra porque não temos dinheiro para a pagar. Os portugueses não emigram para França por gostarem de foie gras. Vão embora porque ganham mais dinheiro fora. No sector, temos visões muito deturpadas das coisas. E depois vem-se com chavões, a falar das alterações climáticas, para justificar tudo e permitir tudo. Elas são problemáticas, sobretudo ao nível dos acontecimentos extremos. Podemos dizer que o ano vitícola de 2022 foi efeito das alterações climáticas, mas se é para assumir, então, que vai ser sempre assim daqui para a frente, mais vale fechar as portas e ir embora. Temos de aprender a viver com elas. É uma chatice, há-que sermos criativos, mas já o fomos noutros momentos. Aliás, num determinado ano menos bom, em vez de ser a Quinta da Roêda a fazer um grande Vintage, será a quinta de outro produtor. Acredito vivamente que o Douro pode ser um exemplo, a nível mundial, na reacção às alterações climáticas, pela experiência que temos aqui. Podemos reconsiderar as nossas vinhas de preferência, consoante as condições. Não estou de acordo, por exemplo, que a forma de reagir seja regar a vinha”, referiu David. Mas este tema da rega daria outro almoço…
A controvérsia
No seguimento das dicas que David nos foi dando sobre as vantagens da produção de vinho do Porto, tendo em conta as adversidades climáticas, tivemos de perguntar… “é contra a existência da DOC Douro?”. O enólogo respondeu com murros na mesa: “Não, não e não. Não tem nada que ver com ser contra ou a favor. A minha visão é simples, um Vintage é engarrafado quando temos um conjunto perfeito de vinhos que reflectem um ano e um lugar, mas quando os vinhos não são perfeitos, lidamos com isso através do envelhecimento em cascos de carvalho. Estes estilos de vinho do Porto são ambos fabulosos, e são uma grande forma de nos adaptarmos às condições do nosso clima, porque somos uma região de clima mais extremado por natureza, que amadurece as uvas para álcool mais elevado. No vinho do Porto, isso não é um problema, porque adicionamos aguardente no processo. Para os produtores de DOC Douro, só não é um problema porque fazem ‘vinho do Porto para diabéticos’, que é o que eu costumo chamar, em tom de brincadeira, aos vinhos ‘de mesa’ [não-fortificados] com muito álcool e sem açúcar”, riu-se.
E foi aqui que, no semblante de David Guimaraens, o vento mudou de direcção. “O vinho do Porto é um grande exemplo de sustentabilidade, e alguns vinhos do Douro também. Mas o grande tema que eu quero trazer para a mesa vai colocar-me em apuros, e quando falo nele todos se zangam: desafio os portugueses com sentido de moralidade a denunciar que esta região é uma vergonha. Estamos numa região extraordinária, e nunca se vendeu tanto vinho do Porto de qualidade como se vende hoje. Basta olhar para o número de projectos novos de famílias ligadas ao Douro, que hoje produzem vinhos do Porto de qualidade. Falo de Vieira de Sousa, Domingos Alves de Sousa, Wine&Soul, e muitos outros. Se não estamos a vender tanto volume, é porque o consumidor bebe menos mas bebe melhor. Não vamos confundir o vinho do Porto com um estilo de vinho que está condenado à morte, mas sim que se tem de adaptar ao mercado. O vinho DOC Douro é um grande vinho, que está a ganhar cada vez mais nome pelo Mundo fora, e é muito importante para a região a longo prazo. Está a dar muito dinheiro. O turismo, por sua vez, tem trazido muita riqueza, com os centros de visita, alojamentos, programas de enoturismo… mas quem sustenta isto tudo, e toda esta paisagem, está nas ruas da amargura: é o viticultor”, confessou, finalmente. “É muito triste, porque a razão é sermos todos uma cambada de incompetentes. Empresas de vinho do Porto, empresas de DOC Douro, Estado e viticultores. O viticultor do Douro, que produz e vende ao quilo, está a falir, porque o sector é imoral. Estou farto de assistir a isto. Este ano, mais um viticultor “meu” vendeu as vinhas por não ter viabilidade económica. Uma das razões pelas quais não temos pessoas, é ser difícil o trabalho da vinha e não dar dinheiro. Esta vergonha está por denunciar: nós temos vinhas, e estas vinhas e o Douro têm um conjunto de regras que foram desenhadas quando a região só tinha uma Denominação de Origem (D.O.), que era Porto. Há 20 e poucos anos atrás, nasceu uma segunda D.O., Douro. Eu falo mal dos vinhos DOC Douro não pela qualidade — até porque quem os faz são meus amigos, de quem gosto muito — mas não tivemos a competência, ou interesse, em alterar as regras. Cerca de três quartos das videiras da região, hoje (as que têm licença para produzir Porto) podem originar duas D.O., Porto e Douro, independentemente se têm ‘benefício’ ou não. Numa videira com 4 cachos, dois podem originar vinho do Douro, e os outros dois, Porto. O vinho do Porto paga €1,50 por quilo, e o do Douro paga €0,60”, disse, visivelmente zangado, enquanto batia com os punhos na mesa. E continuou. “Esta é a realidade. Duas D.O., dois preços diferentes. E a maior mentira, que ninguém reconhece, é esta: nunca uma vinha é vindimada primeiro para vinho do Porto e depois, uma segunda vez, para DOC Douro. Nós alimentamos uma mentira no Douro, porque não temos capacidade colectiva de actualizar as regras para reflectir a nova realidade. É imoral e, acima de tudo, uma mentira. É imoral porque eu vou a uma vinha, e pelas uvas até à cota de produção pago €1,50 por quilo, e a DOC Douro compra as outras, já a pagar bem, a €0,60 ou €0,70, abaixo do custo de produção. Isto só existe porque, para o vinho do Porto, há uma cota de produção, que é o chamado ‘benefício’, que limita a oferta e a procura, tudo o resto, e como a região é excedentária em produção, é mercado livre”, esmiuçou David. “Temos duas regras, para duas D.O., na mesma videira. Mas que grande mentira! E a incompetência de todos está no seguinte: nós, empresas de vinho do Porto, ou não nos entendemos para mudar as regras, ou juntamo-nos aos outros e passamos a fazer DOC Douro e tiramos partido dela. Os viticultores não se conseguem organizar para exigir alteração. O Estado, também não muda nada, não está ‘nem aí’. E às empresas de DOC Douro não lhes interessa, porque estão a comprar matéria-prima barata. Isto é uma tragédia, é muito errado”. Ao proferir estas palavras, estava à vista de todos que David se preocupa realmente com o problema, e os seus olhos pediam por alguém se se juntasse à causa. “Sozinho, não consigo mudar nada…”.
A possível solução
“Como se pode solucionar o problema?”, questionámos. David tinha a resposta na ponta da língua: “Eu só peço uma simples alteração: todos terem de optar, parcela a parcela, se fazem vinho do Porto ou Douro. Se fizerem Porto, têm o ‘benefício’, e só as uvas que sobram é que vão para não-fortificado. Se fizerem Douro, não podem receber ‘benefício’. Assim, obrigamos a região a ser honesta, porque quando vindimamos, sabemos bem que uvas vão para uma D.O. ou para outra. Agora, esta incompetência colectiva está a levar à destruição da actividade de viticultor, que é o que eu digo há vários anos. Por tudo isto, eu apelo ao boicote do vinho DOC Douro, até a região mudar as regras!” lança, revoltado. “Vamos ser honestos, decentes… Está na hora de reconhecer que as regras estão desactualizadas e que estamos a fazer o viticultor, que vive de vender uva ao quilo, definhar. Não culpo nem aponto o dedo a um ou outro, porque não é assim que se resolvem as coisas. Eu afirmo que o sistema está mal, e que todos nós sabemos que está mal, um sistema em que uns enriquecem erradamente e outros empobrecem cada vez mais”, atirou David Guimaraens. “Esta é a razão principal pela qual o David não faz vinhos DOC Douro?”. “É”. “E se as regras mudassem e ficassem mais justas, ponderaria fazer?”. “Sim”.
(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2023)
Exportações de vinhos portugueses voltam a bater recorde em 2022

A informação foi divulgada, como habitual, pela ViniPortugal, a associação interprofissional que promove os Vinhos de Portugal no estrangeiro: as exportações dos vinhos portugueses fecharam 2022 com um valor recorde, que chegou aos 941 milhões de euros. Isto traduz-se num aumento de 1.52%, relativamente a 2021. O valor total das exportações está actualmente dividido de […]
A informação foi divulgada, como habitual, pela ViniPortugal, a associação interprofissional que promove os Vinhos de Portugal no estrangeiro: as exportações dos vinhos portugueses fecharam 2022 com um valor recorde, que chegou aos 941 milhões de euros. Isto traduz-se num aumento de 1.52%, relativamente a 2021.
O valor total das exportações está actualmente dividido de forma bastante equilibrada entre os mercados União Europeia e Países Terceiros, com o primeiro a representar 427 milhões de euros, e o segundo, 499 milhões de euros.
Quanto a países, França mantém a liderança enquanto destinatário dos vinhos portugueses em 2022, com um valor de 111 milhões de euros e um crescimento de 3.2% em comparação com 2021; e logo a seguir surgem os Estados Unidos, cujo valor em 2022 foi de 105 milhões de euros. Em terceiro lugar vem o Reino Unido, com 83 milhões de euros.
Ainda segundo a ViniPortugal, uma das maiores subidas, ao contrário de 2021, foi a do mercado angolano, com um crescimento de 103.6%; seguido do México, com aumento de 74.6%; e do Japão, com 24.5%.
Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, comenta: “Tal como estimámos no início, as nossas exportações voltaram a atingir o recorde, em 2022, chegando aos 941 milhões de euros. Por isso, estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos, tendo em consideração que foi o ano em que se deu início a uma guerra, que ainda continua, e que nos trouxe fragilidades económicas e até de acesso aos mercados. Mas, como sempre, este é um sector que nunca baixa os braços e os objectivos para 2023 mantêm-se ambiciosos, queremos chegar aos mil milhões de euros, assentando este crescimento no aumento do preço médio. É para isso que estamos a trabalhar, quer na promoção nos mercados tradicionais, como na abertura de novos mercados onde o potencial de crescimento é grande”.
Adega Quanta Terra recebe exposição da artista Leni van Lopik

A ligação do projecto duriense Quanta Terra — fundado em 1999 por Celso Pereira e Jorge Alves — ao mundo artístico, começou com uma exposição de Joana Vasconcelos em 2022. Agora, é a vez da artista plástica holandesa Leni van Lopik expor as suas criações na adega Quanta Terra, em Favaios, uma mostra denominada “Cor […]
A ligação do projecto duriense Quanta Terra — fundado em 1999 por Celso Pereira e Jorge Alves — ao mundo artístico, começou com uma exposição de Joana Vasconcelos em 2022. Agora, é a vez da artista plástica holandesa Leni van Lopik expor as suas criações na adega Quanta Terra, em Favaios, uma mostra denominada “Cor do Douro” que já começou e que durará até 31 de Outubro. Leni van Lopik reside em Portugal há 23 anos, e já venceu o prémio Best of Wine Tourism 2023, na categoria Arte e Cultura.
Todas as peças, das 11 obras expostas, são produzidas a partir de materiais naturais ou orgânicos, como folhas de eucalipto, bugalhos e pedras, quase sempre recolhidos durante as caminhadas da artista pelos socalcos durienses.
“O processo de reabilitação e recuperação da Quanta Terra mostrou-nos um espaço demasiado valioso para ficar circunscrito a visitas e provas de vinhos. Entendemos, desde logo, que a arte teria aqui uma simbiose perfeita com o nosso negócio de produção de vinhos e que uma com o outro reflectiriam aquilo que colocamos todos os dias no nosso trabalho: fazer vinhos únicos e diferenciadores, para serem apreciados e desfrutados”, explica Celso Pereira. Jorge Alves acrescenta: “Estamos plenamente convencidos que esta exposição será uma mais-valia enorme para o turismo na região”.
Nesta exposição, Leni van Lopik apresenta, entre outras propostas, videiras na sala das barricas, de forma a mostrar a junção perfeita entre o material e o vinho, e as quatro “Donas” de cápsulas nas cubas onde era armazenada a aguardente. A estes exemplos, junta-se ainda a instalação “Rio Douro”, elaborada através de cápsulas de garrafas de vinho.
“Cor no Douro” pode ser visitada de quarta-feira a domingo, das 10h00 às 17h30. A visita inclui uma prova de vinhos. O produtor aconselha reserva prévia, para o e-mail reservas@quantaterradouro.com, ou para o número 935907557.
Grupo Terras & Terroir adquire Ribafreixo Wines

Depois da recente compra da Herdade da Rocha, no Crato, o Grupo Terras & Terroir anuncia mais uma aquisição no Alentejo: a Ribafreixo Wines, situada na Vidigueira, na Herdade do Moinho Branco. Além destas tuas propriedades alentejanas, o Grupo Terras & Terroir detém a Quinta da Pacheca, no Douro; a Caminhos Cruzados, no Dão; a […]
Depois da recente compra da Herdade da Rocha, no Crato, o Grupo Terras & Terroir anuncia mais uma aquisição no Alentejo: a Ribafreixo Wines, situada na Vidigueira, na Herdade do Moinho Branco.
Além destas tuas propriedades alentejanas, o Grupo Terras & Terroir detém a Quinta da Pacheca, no Douro; a Caminhos Cruzados, no Dão; a Quinta do Barrilário, em Armamar; a Quinta do Ortigão, na Bairrada; e as Vila Marim Country Houses, em Mesão Frio.
“Estamos atentos a todas as oportunidades de negócio nas áreas vitivinícola e do enoturismo, nas mais diferentes regiões do país. É missão do grupo manter viva a história das nossas regiões, produzindo e levando a cada consumidor vinhos de elevada qualidade, e experiências únicas à volta deste fascinante mundo vinícola”, comenta a administração do Grupo Terras & Terroir, detido pelos empresários Maria do Céu Gonçalves, Álvaro Lopes e Paulo Pereira.
O modelo de negócio do grupo — de manutenção de toda ou quase toda a equipa já residente— preserva-se aqui, com Nuno Bicó a ficar à frente da equipa de viticultura, e Paulo Laureano a continuar a chefiar a enologia.
“Continuaremos a valorizar o património local, histórico e gastronómico, produzindo vinhos de grande qualidade que enobreçam o terroir tão identitário da Vidigueira”, desenvolve a administração.
O projecto Ribafreixo Wines teve início em 2007, impulsionado por Mário Pinheiro. Começou com 114 hectares de vinha, ligados ao sistema de regadio da Barragem do Alqueva e delimitados pela serra do Mendro. Um dos momentos marcantes na história da Ribafreixo Wines foi a inauguração da adega de quatro mil metros quadrados, equipada com tecnologia avançada. A par da produção de vinho, a empresa desenvolve actividades de enoturismo, com visitas guiadas à adega e à propriedade, e provas de vinho. Possui, adicionalmente, um restaurante com comida tipicamente alentejana, onde os pratos são harmonizados com as referências das cinco marcas da casa: Herdade do Moinho Branco, Gáudio, Pato Frio, Barrancôa e Connections.
Está para breve: Casa Ferreirinha confirma lançamento do Reserva Especial 2014

É a 18ª edição de um dos vinhos mais cobiçados da duriense Casa Ferreirinha. O tinto Reserva Especial 2014 tem lançamento confirmado para Junho de 2023, e vem saciar a sede dos consumidores que procuram vinhos mais raros e exclusivos. Luís Sottomayor, enólogo da casa do grupo Sogrape, declara: “O ano de 2014 foi de […]
É a 18ª edição de um dos vinhos mais cobiçados da duriense Casa Ferreirinha. O tinto Reserva Especial 2014 tem lançamento confirmado para Junho de 2023, e vem saciar a sede dos consumidores que procuram vinhos mais raros e exclusivos.
Luís Sottomayor, enólogo da casa do grupo Sogrape, declara: “O ano de 2014 foi de maturação equilibrada, com alguma chuva no Inverno e uma onda de calor em Junho, mas harmonioso. Estas características reflectiram-se no vinho, dotado também de uma complexidade assinalável. E a excelente capacidade de envelhecimento comprovada ao longo destes nove anos que se passaram, tornaram este vinho digno de Reserva Especial”.

Produzido há seis décadas, o Reserva Especial existiu nas edições de 1960, 1962, 1974, 1977, 1980, 1984, 1986, 1989, 1990, 1992, 1994, 1996, 1997 2001, 2003, 2007, 2009 e agora 2014.
Prémios Grandes Escolhas – Saiba quem são os melhores do ano a 3 de Março

No próximo dia 3 de Março (sexta-feira) decorre mais uma edição dos Prémios Grandes Escolhas, organizada pela sexta vez pela revista Grandes Escolhas, uma iniciativa que distingue os melhores vinhos, bem como empresas, profissionais e instituições na área de vinhos e gastronomia, em Portugal. O evento decorrerá a partir das 19:00 horas no C.A.R. – […]
No próximo dia 3 de Março (sexta-feira) decorre mais uma edição dos Prémios Grandes Escolhas, organizada pela sexta vez pela revista Grandes Escolhas, uma iniciativa que distingue os melhores vinhos, bem como empresas, profissionais e instituições na área de vinhos e gastronomia, em Portugal. O evento decorrerá a partir das 19:00 horas no C.A.R. – Centro de Alto Rendimento (Velódromo) em Sangalhos, Anadia, e contará com a presença da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes e com a Presidente da Câmara Municipal de Anadia, Maria Teresa Cardoso.
Mais uma vez, a cerimónia apostará num modelo misto que une a transmissão via streaming, através do site e das redes sociais da revista, à presença de convidados.
“Os Prémios Grandes Escolhas definem-se como a celebração do que melhor se faz em cada ano na área dos vinhos e da gastronomia em Portugal e têm como objectivo o reconhecimento da excelência do trabalho no sector, premiando anualmente os melhores vinhos, os melhores profissionais, empresas, produtores, restaurantes, garrafeiras e instituições que mais se distinguiram, segundo os critérios editoriais da nossa revista”, explica João Geirinhas, diretor de negócio da revista Grandes Escolhas. “Depois de dois anos consecutivos em que esta cerimónia, tão relevante para este sector, teve de se limitar à sua versão minimalista de transmissão online, pelos motivos de todos conhecidos, voltamos finalmente, agora em 2023, ao formato habitual de jantar de entrega de prémios, com centenas de convidados presentes. No entanto, o anúncio dos Prémios Grandes Escolhas, relativos ao ano 2022, continuará a ser divulgado online e poderá ser seguido em directo por todos os interessados”, acrescenta João Geirinhas.
Durante o evento, serão premiados os melhores vinhos provados em 2022, tal como os profissionais, as instituições, os produtores do sector vitivinícola e as figuras e projectos do panorama gastronómico nacional, que mais se destacaram durante o ano. Os 30 melhores vinhos portugueses de 2022, provados pela redacção da revista Grandes Escolhas, serão anunciados na cerimónia, bem como os melhores cinco vinhos do ano em cada categoria (tinto, branco, espumante, fortificado e rosé).

Ainda no decorrer da iniciativa, a revista Grandes Escolhas irá atribuir também os 20 Troféus Grandes Escolhas, nas categorias Restaurante Cozinha Tradicional Portuguesa; Restaurante Cozinha do Mundo; Restaurante; Sommelier; Prémio David Lopes Ramos; Loja Gourmet; Garrafeira; Wine Bar; Enoturismo; Iniciativa; Viticultura; Adega Cooperativa; Produtor Revelação; Produtor; Empresa Vinhos Generosos; Empresa; Prémio Singularidade; Enólogo Vinhos Generosos; Enólogo; e Senhor/a do Vinho.
“Para nós, o mais importante é continuarmos a dar reconhecimento ao que de melhor se faz no país, e que ano após ano nos tem dificultado a escolha, pela quantidade e qualidade dos projectos que existem de Norte a Sul e Ilhas. Esta é uma oportunidade de os destacar e celebrar em conjunto o melhor que Portugal tem para oferecer no domínio dos vinhos e gastronomia. É isso que nos une a todos e é essa a razão que justifica o nosso trabalho e a nossa paixão comum”, acrescenta Luís Lopes, director da revista.
O evento dos Prémios Grandes Escolhas é o mais conceituado e reconhecido entre os profissionais do mundo dos vinhos e da gastronomia em território nacional, e este ano volta a recuperar um momento de convívio e interação entre todos, com a realização de um cocktail no início da cerimónia, seguido de um jantar, durante o qual haverá oportunidade para provar alguns dos vinhos premiados, facilitando e promovendo o contacto entre produtores, patrocinadores e profissionais do sector.
Veja AQUI imagens e vídeos das edições passadas dos Prémios Grandes Escolhas.



