Adega de Portalegre relança “Portalegre DOC”

Sempre foi um dos vinhos tintos mais cotados do Alentejo e o seu apogeu deverá ter acontecido na década de 90. A Adega de Portalegre Winery, a empresa privada que está a comandar agora os destinos do que foi a Adega Cooperativa de Portalegre, quer relançar este mito e lançou agora o Portalegre DOC Tinto, […]
Sempre foi um dos vinhos tintos mais cotados do Alentejo e o seu apogeu deverá ter acontecido na década de 90. A Adega de Portalegre Winery, a empresa privada que está a comandar agora os destinos do que foi a Adega Cooperativa de Portalegre, quer relançar este mito e lançou agora o Portalegre DOC Tinto, da colheita de 2015. O vinho terá um preço aproximado de venda de 18 euros e vem de uvas criadas na Serra de São Mamede, vizinha a Portalegre, com idades superiores aos 70 anos. O lote inclui Alicante Bouschet, Trincadeira, Aragonez, Grand Noir e Castelão. O vinho estagiou 14 meses em barricas usadas de carvalho francês. Para manter a relação com os vinhos icónicos de 1995, 1997 e 2000, por exemplo, o rótulo mantém muitas similitudes com os ‘Portalegre’ da altura.
Para Manuel Rocha, CEO da Adega de Portalegre, “é com grande emoção e sentido de responsabilidade que relançamos este vinho, como parte do novo posicionamento deste projecto vínico. Na serra de São Mamede, em pleno parque natural, encontram-se perdidas vinhas seculares com uma imensa variedade de castas, cujas uvas há mais de 50 anos são utilizadas para a produção deste vinho em particular. O Portalegre tinto 2015 foi pensado de forma a reflectir a ancestralidade da produção vínica nesta região, vincando o carácter fresco, mineral e elegante que os solos graníticos e a altitude proporcionam. A minha paixão, a dos enólogos Nuno do Ó e José Reis, assim como da restante equipa, foram os restantes ingredientes”.
Romanée-Conti, muito mais do que um vinho

Na Borgonha há muitos produtores que atingiram a fama e o reconhecimento internacional. No entanto, nada se aproxima do prestígio deste domaine, cujo passado se confunde com o nascimento da Europa que hoje conhecemos. TEXTO João Paulo Martins FOTOS Cortesia do produtor PODE não ser o método mais científico, mas é verdade que a […]
Na Borgonha há muitos produtores que atingiram a fama e o reconhecimento internacional. No entanto, nada se aproxima do prestígio deste domaine, cujo passado se confunde com o nascimento da Europa que hoje conhecemos.
TEXTO João Paulo Martins FOTOS Cortesia do produtor
PODE não ser o método mais científico, mas é verdade que a importância de um tema pode ser aquilatada pela quantidade de bibliografia que sobre ele existe. A Borgonha será porventura a região vinícola sobre a qual se escreveu mais, aquela cuja história é tão rica e complexa que já não nos admiramos quando um novo livro sai a público. A história desta zona francesa, outrora autónoma (o Ducado existiu entre 880 e 1482) quando os duques se sobrepunham aos reis e os senhores feudais ditavam leis nas terras e sobre as gentes. A história da Borgonha confunde-se também com a das ordens religiosas (sobretudo nos séc. XII e XIII) que eram as principais detentoras de terra, actuando amiúde como senhores feudais. Beneditinos e Cistercienses disputavam (no verdadeiro sentido da palavra) as terras e o estudo minucioso das parcelas muito ficou a dever a esta rivalidade. Em 1363 o rei João, o Bom entrega o ducado ao seu filho Philippe, o Audaz, tornando-se uma das personagens mais importantes do séc. XIV.
A parcela conhecida como Romanée-Conti mantém – o que é absolutamente extraordinário – a mesma delimitação desde 1512, pois vem bem indicada na declaração de rendimentos do priorado de Sant-Vivant. O nome pelo qual é conhecida actualmente remonta a 1794. Situa-se na comuna de Vosne Romanée e foi pertença do senhor de Conti, que a adquiriu em 1760. Diga-se que esta não era a única parcela tida como excepcional, uma vez que Jean-Baptiste Legoux (m. 1631) foi o primeiro proprietário conhecido da parcela La Tâche, também ela hoje pertença do Domaine de la Romanée-Conti (DRC). O domaine é hoje gerido por Henry-Frédéric Roch e Hubert de Villaine, das duas famílias proprietárias. Aubert, em entrevista a uma publicação francesa, disse a frase que acabou por ganhar uma aura mítica: “Eu não sou enólogo, sou apenas o guardião do terroir!” Para além de dar um excelente título para uma entrevista, a frase encerra em si um conceito de vida e um respeito pela tradição que são dignas de nota.
A empresa DRC é proprietária de várias parcelas, umas em posse exclusiva – daí o termo Monopole que aparece na gargantilha das garrafas – como é o caso das parcelas Romanée-Conti e La Tâche, e outras em co-propriedade, detendo uma parte da vinha – como Corton, Richebourg, Romanée Saint-Vivant, Echézeaux Grandes Echézeaux (todos tintos) e Montrachet (branco), todos Grand Cru. A mais recente aquisição foram os 2,8 hectares em Corton, de onde se produzem entre 5 e 8.000 garrafas. Ocasionalmente foram editados vinhos de zonas que não têm aquela classificação, como Vosne-Romanée, editado em 1999 após um interregno de 60 anos, e identificado como 1er Cru Cuvée Duvault-Blochet, em homenagem ao fundador do domaine no séc. XIX. O DRC é ainda detentor de algumas linhas de videiras (linhas é o termo mais exacto) em Bâtard-Montrachet (parcela onde se produz um branco Grand Cru) mas o vinho produzido – em média 600 garrafas – é consumido no domaine entre visitantes e amigos.
Mais de 20 mil euros por garrafa
A parcela Romanée-Conti tem uma área que excede um pouco os 1,8 hectares. A produção, conduzida actualmente em método de agricultura biodinâmica, tem muitas oscilações mas pode ir das 6.535 garrafas (colheita de 1978) às 7.446 em 1990. A produtividade média rondará os 25 hectolitros/ha. A maior parcela do domaine é a vinha de La Tâche (6ha e 38.373 garrafas produzidas na colheita de 1996); a mais pequena é sem dúvida a área de Montrachet (branco), onde o domaine apenas tem 0,67ha do total dos 7,99ha da célebre vinha.
Actualmente, o tinto Romanée-Conti é, de longe, o mais caro vinho do planeta. Jaime Vaz, proprietário da Garrafeira Nacional, em Lisboa, tem (ou tinha, nunca se sabe…) este tinto à disposição dos clientes. Preço? €23.950 por uma garrafa de 1993! Caro? Naturalmente, mas a verdade é que estes preços exageradíssimos são mania recente. Repare-se: em 1963, quando os vinhos da colheita de 61 foram disponibilizados no mercado inglês, o Romanée-Conti estava (a preços convertidos) a 7€ a garrafa e La Tâche a 5,8€ a garrafa. Talvez assim se perceba melhor que Eça de Queiroz fosse consumidor/apreciador deste néctar: era muito bom mas não era inacessível, como actualmente acontece.
Fruto de uma enorme especulação e da chegada ao mercado de novos-ricos das nações emergentes – Brasil, China, Rússia, Singapura – dispostos a tudo para terem uma destas garrafas, o vinho ganhou o estatuto de bebida mítica que, infelizmente, deixou de ser para beber mas antes para negociar e para comprar agora para vender mais caro no próximo leilão.
Já tive oportunidade de o provar por três vezes e é difícil fazer uma avaliação. A mais recente prova foi da colheita de 2005, quando foi bebido ao lado do La Tâche, Echézeaux e Romanée Saint-Vivant, também da mesma colheita. Muito bom? Claro, soberbo, glorioso, tudo o que se quiser. Muito diferente dos outros? Aqui tenho de dizer que não, porque a prova foi feita, creio que em 2009, quando, por força da juventude, os vários vinhos não mostravam todas as nuances que a idade lhes traria em termos de hierarquia. Erro nosso? Talvez, mas… nunca sabemos quando é que voltamos a ter a mesma oportunidade e por isso…
Como alguns outros vinhos, este pertence ao restrito grupo dos que há que beber ao menos uma vez na vida. Na minha lista este já tem um “visto”. O problema é que me faltam ainda uma mão-cheia de outros…
Esporão comprou Cervejas Sovina

O Esporão adquiriu a empresa ‘Os três Cervejeiros Lda.’, que se dedica, desde 2009, à produção e comercialização das cervejas artesanais Sovina, marca pioneira no sector da cerveja artesanal em Portugal. Para o CEO do Esporão, João Roquette, esta aquisição “foi motivada pela oportunidade de criação de um mercado de cervejas de qualidade em Portugal, […]
O Esporão adquiriu a empresa ‘Os três Cervejeiros Lda.’, que se dedica, desde 2009, à produção e comercialização das cervejas artesanais Sovina, marca pioneira no sector da cerveja artesanal em Portugal. Para o CEO do Esporão, João Roquette, esta aquisição “foi motivada pela oportunidade de criação de um mercado de cervejas de qualidade em Portugal, à semelhança do que aconteceu com os vinhos e azeites. A marca Sovina é uma referência no mercado das cervejas artesanais, tem um posicionamento alinhado com o nosso e atributos que admiramos: a elevada qualidade de produto, um portfólio completo e excelente imagem”. O foco na comercialização vai estar no mercado nacional.
As cervejas Sovina são produtos 100% naturais, livres de produtos químicos, aditivos ou conservantes. São ainda criadas com recurso a técnicas tradicionais de produção.
CVR Tejo distingue os melhores no vinho e na gastronomia

A cidade de Tomar vestiu-se a rigor para receber a 8.ª edição da ‘Gala Tejo’, evento que a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo promove anualmente e cuja organização está a cargo da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo. Na presença de 380 pessoas, o Hotel dos Templários voltou a ser palco da cerimónia de anúncio […]
A cidade de Tomar vestiu-se a rigor para receber a 8.ª edição da ‘Gala Tejo’, evento que a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo promove anualmente e cuja organização está a cargo da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo. Na presença de 380 pessoas, o Hotel dos Templários voltou a ser palco da cerimónia de anúncio e entrega dos galardões do ‘Concurso de Vinhos do Tejo’, dos ‘Prémios Vinhos do Tejo’ e do ‘Tejo Gourmet’.
No que diz respeito ao ‘IX Concurso de Vinhos do Tejo’ é de salientar a atribuição de duas das três ‘Medalhas Excelência’ à Quinta do Casal Branco, em Almeirim, pelos seus ‘Falcoaria Fernão Pires Vinhas Velhas branco 2016’ e ‘Falcoaria Colheita Tardia branco 2014’. Nos tintos, a ‘Excelência’ foi para o Tramagal (Abrantes), que coube ao ‘Casal da Coelheira Private Collection tinto 2015’. O concurso contou com o maior número de sempre de vinhos e produtores, ou seja, estiveram em prova 166 amostras (mais 8 em relação ao ano passado), de 37 produtores (mais 3 do que em 2017), dos quais 22 foram contemplados com 50 vinhos premiados. Deste total, 21 receberam ‘Diploma de Ouro’ e 29 ‘Diploma de Prata’.
Os ‘Prémios Vinhos do Tejo 2017’
No âmbito dos ‘Prémios Vinhos do Tejo 2017’, são contempladas as categorias ‘Empresa Dinamismo’ e ‘Empresa Excelência’ entregues, respectivamente, à Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo e à Adega Cooperativa do Cartaxo pela dedicação e determinação no universo vitivinícola.

Manuel Lobo de Vasconcellos e Joana Silva Lopes, o enólogo responsável e a enóloga residente da Quinta do Casal Branco, foram galardoados com o prémio ‘Enólogo do Ano’, pelo desempenho que os vinhos deste produtor conseguiram no ‘IX Concurso de Vinhos do Tejo’.
O ‘Prémio Carreira’ foi entregue a Mário Louro, que tem dedicado a sua vida à cultura do néctar de Baco, dentro e fora das salas onde dá formação, e de José Jacinto Freire Rodrigues, proprietário e grande impulsionador (da Quinta) do Casal da Coelheira, membro do primeiro Conselho Geral da Comissão Vitivinícola Regional, fundada em 1997, na altura como Ribatejo, e, acima de tudo, um acérrimo defensor da união em proveito de um futuro promissor para os Vinhos do Tejo.

‘Tejo Gourmet’ distingue 43 restaurantes com diplomas de ‘Ouro’ e ‘Prata’
Ao mesmo palco subiram ainda os representantes dos restaurantes galardoados no âmbito da 8.ª edição do ‘Tejo Gourmet’. Promovido há oito anos consecutivos, começou por ser um concurso de âmbito regional, o que mudou em 2014, ano em que passou a contemplar restaurante de Norte a Sul de Portugal continental e ilhas. Desde essa altura dá origem a um guia, “Na Rota do Tejo Gourmet”, uma edição anual onde constam os restaurantes participantes. Dos 51 restaurantes inscritos, 28 receberam ‘Diploma de Ouro’ e 15 foram distinguidos com ‘Diploma de Prata’, de acordo com a avaliação feita à harmonização de ‘Vinhos do Tejo’ com um menu composto por entrada, prato principal e sobremesa. No que aos prémios diz respeito, os restaurantes que melhor maridagem conseguiram foram, por ordem de serviço, o Pátio dos Petiscos (Montemor-o-Novo), o À Terra, do hotel Vila Monte Farm House (Moncarapacho, Olhão), e o Viva Lisboa, do Neya Lisboa Hotel.

A ‘Melhor Promoção’ foi atribuída ao Grupo El Galego (Santarém), a ‘Melhor Carta de Vinhos do Tejo’ é a do restaurante Naco na Pedra (Salir do Porto, Caldas da Rainha) e o ‘Prémio Revelação’ ficou com o Petiscaki (Montemor-o-Novo). O Cisco (Almeirim) tem o galardão de ‘Melhor Restaurante de Cozinha Tradicional’ enquanto o À Terra, do hotel Vila Monte Farm House (Moncarapacho, Olhão) levou para o ‘Melhor Restaurante de Cozinha Internacional’ para o Algarve. O 150 Gramas (Vila Franca de Xira) é considerada a ‘Melhor Casa de Petiscos’, o ANNA’S Restaurant (Aveiro) é a ‘Melhor Cozinha de Autor’ e o Wish (Porto) é ‘O Melhor Restaurante’ desta edição do ‘Tejo Gourmet’.
Sogrape declara três Vintage da colheita de 2016

O ano de 2016 foi excepcional para o Vinho do Porto, considera a Sogrape, que agora anunciou a declaração Vintage para três marcas: Ferreira, Sandeman e Offley. O produtor destaca a “harmonia e elegância” do Porto Ferreira, a “robustez e profundidade” do Sandeman e a “irreverência e juventude” do Offley. Citado em comunicado da Sogrape […]
O ano de 2016 foi excepcional para o Vinho do Porto, considera a Sogrape, que agora anunciou a declaração Vintage para três marcas: Ferreira, Sandeman e Offley. O produtor destaca a “harmonia e elegância” do Porto Ferreira, a “robustez e profundidade” do Sandeman e a “irreverência e juventude” do Offley.
Citado em comunicado da Sogrape Vinhos, Luís Sottomayor, o enólogo que assina as três novidades que estão para chegar, realça a “robustez e estrutura” dos vinhos da colheita de 2016 e antecipa um perfil de Vintage “com níveis de complexidade, cor e estrutura absolutamente excecionais, com taninos presentes, perfeitos para evoluírem na garrafa durante muitos anos”.
O ano de 2016 caracterizou-se, em termos climáticos, por um Inverno seco e ameno, uma Primavera fria e chuvosa e um Verão ameno com alguns picos de calor e noites frias. As vinhas retribuíram com uvas de grande qualidade, que possibilitam a declaração Vintage, reservada para anos de grande expressão.
Gerir barricas é agora mais fácil

A empresa IrisDote conseguiu a representação para Portugal de três marcas francesas relacionadas com barricas. Uma delas, é a empresa mãe chamada de Tonnellerie Baron, que tem uma história que remonta a 1875, com a fundação da empresa por Henry Baron. A Baron fabrica barricas de várias capacidades – de 225 a 600 litros – […]
A empresa IrisDote conseguiu a representação para Portugal de três marcas francesas relacionadas com barricas. Uma delas, é a empresa mãe chamada de Tonnellerie Baron, que tem uma história que remonta a 1875, com a fundação da empresa por Henry Baron. A Baron fabrica barricas de várias capacidades – de 225 a 600 litros – com vários tipos de carvalho, conforme as regiões de onde são oriundas (Allier, Loiret, Limousin, Tronçais, etc). A empresa usa apenas madeira própria, tratada e secada em casa. Todos os tanoeiros da empresa têm formação da escola de tanoaria de Cognac, o que assegura bons índices de qualidade na fabricação e na realização das tostas.

A OXOline, empresa que teve origem nesta tanoaria, especializou-se na concepção e fabricação de sistemas de gestão e acessórios para barricas. O seu produto mais emblemático é o sistema OXOline2 para montagem das barricas que permite não só montar até 7 unidades em altura (de 225 litros) mas não retira, ao mesmo tempo, a capacidade para as encher, esvaziar, limpar e girar sem as retirar dos suportes. O sistema também permite que se coloque e remova uma barrica do meio sem ser necessário mexer na pilha. As máquinas para isso foram também desenvolvidas e fabricadas pela OXOline, e existem modelos para barricas cheias e vazias. Por outro lado, todo um conjunto de acessórios facilita a vida ao enólogo/adegueiro, incluindo dois que destacamos: um deles é um sistema de lavagem por água quente que não só consegue higienizar o interior de uma barrica como retira automaticamente a água da lavagem. O outro é um batoque expansível, fabricado num material chamado Evoprène, que o fabricante assegura ser melhor do que o silicone e que assegura a total estanquicidade da barrica, incluindo em operações de battonage por rotação.

Um último produto, chamado de “Vinification Intégrale”, está dedicado a facilitar a fermentação de tintos em barrica, normalmente para vinhos topo de gama. Consiste fundamentalmente numa espécie de tampão especial, metálico, que se acopla a um dos topos da barrica. Esse tampão tanto pode funcionar como um simples vedante, para usar a barrica para mero estágio do vinho, como permite o enchimento e esvaziamento da barrica sem a retirar do suporte. Melhor ainda, pode ser acoplada ao sistema uma espécie de placa que serve para arrefecer ou aquecer o mosto em fermentação. Ou seja, para além das funções de oxigenação e das suas funções organolépticas, a barrica passa a funcionar como um verdadeiro vasilhame de fermentação, com controlo de temperatura.
Célia Alves é a nova presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada

Pela primeira vez na história, há uma mulher a ocupar o lugar de presidente na Confraria dos Enófilos da Bairrada. Chama-se Célia Alves, trabalha nas Caves São João desde Maio de 2004, onde acumula as funções de gerente com e directora de produto. Célia assume os destinos da confraria báquica mais antiga de Portugal, cuja […]
Pela primeira vez na história, há uma mulher a ocupar o lugar de presidente na Confraria dos Enófilos da Bairrada. Chama-se Célia Alves, trabalha nas Caves São João desde Maio de 2004, onde acumula as funções de gerente com e directora de produto. Célia assume os destinos da confraria báquica mais antiga de Portugal, cuja constituição data de 11 de Junho de 1979.
Na vice-presidência estão Carlos Campolargo, produtor da Campolargo Vinhos, e José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada. A mesa da assembleia geral continua com António Dias Cardoso, prestigiado técnico na região (e não só).
O cargo de presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada atribui a Célia Alves responsabilidades na defesa e valorização, bem como no prestígio e na divulgação dos vinhos da Região Demarcada da Bairrada, quer dentro do país, quer a nível internacional. Esta eleição vem também afirmar o papel notório e notável das mulheres no universo vitivinícola na Bairrada.
Célia Alves tem 43 anos, é licenciada em Engenharia Alimentar pela Escola Agrária de Coimbra (1994-2000), tem uma a pós-graduação em Segurança Alimentar, na Universidade Católica Portuguesa do Porto (2002-2003). Fez ainda o estágio de final de curso de Técnicas de Vinificação, Acompanhamento de Vinificação e Técnicas Laboratoriais, na Estação Vitivinícola da Bairrada. Assume o cargo de gerente, desde 2008, na Caves São João, em Sangalhos. A ingressão no universo dos vinhos é o resultado de uma paixão transmitida pela avó paterna, Benilde, uma pequena proprietária de uma casa agrícola que detinha olivais e vinhas onde, já em criança, Célia Alves acompanhava a vindima.
“Plantem novas castas… ou morram!”

O título parece sinistro, mas traduzido livremente é isso mesmo: segundo um artigo publicado pelo jornalista Jeff Glorfeld na revista Cosmos, “as mudanças climáticas estão a criar uma multiplicidade de desafios aos agricultores mundiais, incluindo os viticultores”. Pior ainda: Jeff falou com Elizabeth Wolkovich, bióloga especializada em mudanças climáticas na Universidade de Harvard (EUA). Esta […]
O título parece sinistro, mas traduzido livremente é isso mesmo: segundo um artigo publicado pelo jornalista Jeff Glorfeld na revista Cosmos, “as mudanças climáticas estão a criar uma multiplicidade de desafios aos agricultores mundiais, incluindo os viticultores”. Pior ainda: Jeff falou com Elizabeth Wolkovich, bióloga especializada em mudanças climáticas na Universidade de Harvard (EUA). Esta investigadora afirma que “no final do século não nos parece que seja possível cultivar uvas em grande parte da Itália, na maior parte de Espanha e em algumas das mais importantes regiões de França, como Bordéus, Cotes du Rhone e Borgonha”. Portugal não foi referido, mas os efeitos aqui serão similares aos de Espanha. Ou seja, nada bons…
Resumindo aquele que é um artigo grande, a estratégia mais indicada para mitigar estas alterações climáticas é plantar novas castas, mais adaptadas a diferentes condições das actuais. Ora, é exactamente aqui que vamos ao âmago do que nos interessa focar: existem dois grandes obstáculos a esta adaptação.
Um deles é, ainda segundo Wolkovich, “o acarinhado conceito de terroir. (…) O Terroir reside na crença de que o carácter de um vinho é um reflexo do local e das castas aí plantadas. Como tal, só certas castas fazem parte desse terroir, deixando pouca margem de manobra para mudanças”. O clima faz também parte do terroir, mas as mudanças que aí vêm vão necessariamente alterar o terroir. Considerando que o terroir é ainda um forte argumento de marketing & vendas, muitos viticultores não querem sequer ouvir falar de mudanças…
O outro obstáculo vem a seguir. Mesmo que os ‘vignerons’ aceitem fazer alterações nos encepamentos, os investigadores ainda não têm informação suficiente para afirmar que outras castas (quaisquer que sejam) se irão adaptar melhor às alterações climáticas.
Nos seus relatórios, especialmente os mais recentes, Elizabeth Wolkovich exorta os viticultores do mundo a abrirem os olhos, porque “ou começam a experimentar novas castas ou arriscam-se a sofrer as consequências negativas das alterações climáticas”. Com o passar do tempo, indica a investigadora, “algumas castas, em algumas regiões, vão começar a falhar”. (AF)