Bom balanço para a Ervideira em 2019

Ervideira vista de cima

Duarte Leal da Costa já acabou de fazer as contas ao ano de 2019. E certamente ficou contente com o que apurou: no conjunto do ano, a Ervideira facturou mais de 2,5 milhões de euros, o que equivale a um crescimento de 12% face ao período homólogo de 2018. O director executivo da Ervideira produziu […]

Duarte Leal da Costa já acabou de fazer as contas ao ano de 2019. E certamente ficou contente com o que apurou: no conjunto do ano, a Ervideira facturou mais de 2,5 milhões de euros, o que equivale a um crescimento de 12% face ao período homólogo de 2018. O director executivo da Ervideira produziu 600.000 garrafas de vinho em 2019. Destas, exportou 25%, para 18 países. A quota para exportação desceu, mas existe uma razão. Duarte diz que foi devido ao crescimento das vendas no mercado nacional e no Enoturismo e na verdade não tendo houve quebras de vendas em quantidade e valor, apenas em percentagem.
O aumento da facturação teve sobretudo a ver com a consolidação do posicionamento junto dos vinhos topo de gama – mais de 50% da facturação passa pelos vinhos da gama Conde D’Ervideira (premium e super-premium) e ao comportamento das “Ervideira Wine Shop” – que tiveram um crescimento acima dos 20%, com a facturação a ultrapassar a barreira dos 600 mil euros. Recorde-se que a Ervideira possui três lojas: uma na adega, ao pé da povoação de Vendinha (Reguengos de Monsaraz), outra em Monsaraz e ainda outra em Évora.
Duarte Leal da Costa acredita que “2020 será um ano de viragem. É o ano que se assinala não só a entrada da 5ª geração na empresa, mas também a aquisição da totalidade do capital social ao resto da família, num processo que envolveu um investimento de 2 milhões de euros”. A Ervideira passa agora a uma estrutura de capital social com três sócios, encabeçada por Duarte Leal da Costa e os seus dois filhos (a 5ª geração), mantendo-se assim a totalidade apenas num ramo da família.
O ano de 2019 foi igualmente marcado pela renovação do website, com especial destaque para a criação do clube de fãs online e da plataforma de e-commerce, que permite adquirir vinhos on-line directamente ao produtor.
Para 2020 e anos seguintes, a Ervideira quer “continuar a incutir um ritmo elevado no que diz respeito à inovação e à comercialização dos vinhos Ervideira, focando muito em vinhos de gama elevada”, comenta Duarte Leal da Costa. E acrescenta que “a empresa vai apostar num reforço ao nível dos recursos humanos. A grande novidade para 2020 será a expansão dos espaços de Enoturismo em pontos turísticos do país, estando já prevista uma abertura para breve”.

Evento “Aveiro, Sabores Com Tradição” começa dia 6 de Janeiro

A partir da próxima segunda-feira, dia 6 de Janeiro, Aveiro celebra as iguarias da região com o festival gastronómico “Aveiro, Sabores com Tradição”. Durante uma semana, 29 restaurantes da cidade promovem o melhor da gastronomia tradicional aveirense, homenageando a diversidade de produtos endógenos oriundos do mar, da Ria e da terra, através de menus que […]

A partir da próxima segunda-feira, dia 6 de Janeiro, Aveiro celebra as iguarias da região com o festival gastronómico “Aveiro, Sabores com Tradição”. Durante uma semana, 29 restaurantes da cidade promovem o melhor da gastronomia tradicional aveirense, homenageando a diversidade de produtos endógenos oriundos do mar, da Ria e da terra, através de menus que variam entre os 10 e os 30 euros.

A edição deste ano traz como principal novidade o Menu Prova, uma opção para relaxar ao final do dia que, por 10 euros, propõe a degustação de dois petiscos, harmonizados com copo de vinho ou espumante Bairrada. As propostas para este menu-prova – disponível apenas nos restaurantes À Portuguesa, Cais da Tosca, Quatro Nós e Cais do Pescado – variam entre fritadinha de pastéis de bacalhau, carapauzinhos, ovas de bacalhau, mexilhões em cama de açorda de coentros, gratinados com mozarella ou em vinagrete. Há ainda telha de ovos moles para conquistar os paladares com preferências doces.

Já nos restantes 25 restaurantes, é possível saborear uma experiência gastronómica rica e variada com menus completos entre 15 e 30 euros, com entrada, prato, sobremesa e copo de vinho Bairrada. No final da refeição e para ajudar à digestão, é oferecida a tradicional “Bandeja de Aveiro”, composta por licor de Aveiro, abafado ou aguardente da Bairrada.

Durante uma semana, o festival coloca em destaque algumas das iguarias mais icónicas da identidade gastronómica da região: o bacalhau, que ostenta o estatuto de Especialidade Tradicional Garantida, será um dos mais fiéis amigos à mesa desta incursão gastronómica, seja em caldeirada, assado, com natas, na telha, em bolinhos. Para além da chora de bacalhau, há ainda línguas, bochechas e samos de bacalhau, outrora consideradas desperdícios e hoje elevadas a iguarias. Para além dos produtos do mar, de onde se destacam o linguado, a raia, a petinga, o robalo e a dourada, o festival aposta também em produtos da Ria, onde a enguia, em caldeirada, frita ou de escabeche, se junta às ostras, aos mexilhões e às ameijoas, confeccionadas de acordo com a especialidade de cada restaurante.

As sobremesas têm também assinatura do vasto legado gastronómico doce da cidade, com os ovos-moles a erguerem o baluarte gastronómico da Região. O arroz doce, a aletria, os bilharacos, as castanhas de ovos, o leite-creme, o Pão-de-Ló, as cavacas e o Bolo de Santa Joana são apenas algumas das sobremesas que poderão ser degustadas até 13 de Janeiro.
Para além dos produtos tradicionais, a iniciativa “Aveiro, Sabores com Tradição” abre também portas à inovação, revisitando ou inovando em propostas gastronómicas com produtos que começaram a ser explorados na região, fruto do surgimento de novos nichos de mercado e de novas tendências gastronómicas, como por exemplo a Flor do Sal, a salicórnia, as ostras, as algas e as conservas.

As reservas para o “Aveiro, Sabores com Tradição” podem ser efectuadas junto dos 29 restaurantes aderentes, cuja lista pode ser consultada na página de Facebook do evento, aqui.

Dias Cardoso relança livro “Vinho – Da Uva à Garrafa”

Lançada a primeira edição da obra “Vinho – Da Uva à Garrafa” em 2007, já esgotada, António Dias Cardoso, engenheiro agrónomo, publica agora uma segunda edição revista, aumentada e melhorada do livro. A obra, escrita em português, expressa o contexto vitivinícola do país e convida a uma viagem desde a uva, – passando pela sua […]

Lançada a primeira edição da obra “Vinho – Da Uva à Garrafa” em 2007, já esgotada, António Dias Cardoso, engenheiro agrónomo, publica agora uma segunda edição revista, aumentada e melhorada do livro.

António Dias Cardoso

A obra, escrita em português, expressa o contexto vitivinícola do país e convida a uma viagem desde a uva, – passando pela sua composição, maturação e vindima – às operações fermentativas e diferentes vinificações (incluindo, naturalmente, o espumante). Alguns temas em foco são a fermentação alcoólica e maloláctica, conservação, clarificação, estabilização e engarrafamento, não esquecendo os aspectos relacionados com as doenças, contaminação microbiológica e higiene dos equipamentos e instalações, numa abordagem completa e com elevado rigor técnico-científico.

É um livro que conjuga aspectos teóricos de base com a aplicação prática dos temas abordados. Destina-se a um público vasto, desde profissionais do sector a estudantes, e até a enófilos amadores que procurem mais conhecimento sobre vinho.

“Vinho – Da Uva à Garrafa” poderá ser adquirido a partir de 7 de Janeiro, por €39.90, e será distribuído em todo o país.

Foto de abertura: kdekiara / Freepik

Como elaborar um Plano de Controlo Analítico

Gostaria de saber como pode organizar melhor o seu modo de produção de vinho? Pois bem, a Vinideas está a promover um pequeno curso de um dia (9h00 às 18h00), que se vai realizar dia 29 de Janeiro no Régia-Douro Park, em Vila Real. O curso será ministrado por Gérard Sanchez, da empresa francesa Groupe […]

Gostaria de saber como pode organizar melhor o seu modo de produção de vinho? Pois bem, a Vinideas está a promover um pequeno curso de um dia (9h00 às 18h00), que se vai realizar dia 29 de Janeiro no Régia-Douro Park, em Vila Real.
O curso será ministrado por Gérard Sanchez, da empresa francesa Groupe ICV, que mostrará numerosos estudos práticos que permitirão entender a razão pela qual a análise é uma ferramenta de decisão e de antecipação essencial para a qualidade dos vinhos. No curso ficará a conhecer e entender os principais parâmetros analíticos a monitorizar, desde a maturação das uvas até à aprovação dos vinhos para engarrafamento, passando pelas diferentes etapas da fermentação e estágio. Serão ainda apresentadas as análises químicas e microbiológicas.
Segundo a Vinideas, este curso destina-se sobretudo aos quadros técnicos com funções nas áreas de controlo de qualidade, produção, e/ou regulação – Viticultura e Enologia, empresas fornecedoras, estudantes e outros profissionais ligados ao setor.
Pode obter mais informações e inscrever-se no site do curso.

Procura um presente extravagante? Este da Moët & Chandon pode ser para si

Conhece alguém que gostasse de ter uma máquina de vending de champagne Moët & Chandon? Certamente que sim. Pois a Neiman Marcus tem exemplares disponíveis desta extravagância que custa 35.000 dólares, aproximadamente 31.573 euros. Só há “um” problema: a compra da máquina não inclui as 360 garrafas de 187 ml, que estão apenas disponíveis em vendedores […]

Conhece alguém que gostasse de ter uma máquina de vending de champagne Moët & Chandon? Certamente que sim. Pois a Neiman Marcus tem exemplares disponíveis desta extravagância que custa 35.000 dólares, aproximadamente 31.573 euros. Só há “um” problema: a compra da máquina não inclui as 360 garrafas de 187 ml, que estão apenas disponíveis em vendedores autorizados, o que significa somar mais 15.000 dólares ao valor deste “monstro dispensador”. Isto sem contar com os portes de envio, que custam 250 dólares. Mas quem gasta 35 mil…

Compre aqui.

OIV publica código de práticas enológicas

Este é uma espécie de código de práticas autorizadas e/ou recomendadas nas adegas de toda a União Europeia. O código foi publicado no Jornal Oficial da União Europeia (edição C409, de 5 de Dezembro) e está disponível em todas as línguas da comunidade. A fonte é a Organização Internacional do Vinho, ou OIV. Em Junho, […]

Este é uma espécie de código de práticas autorizadas e/ou recomendadas nas adegas de toda a União Europeia. O código foi publicado no Jornal Oficial da União Europeia (edição C409, de 5 de Dezembro) e está disponível em todas as línguas da comunidade. A fonte é a Organização Internacional do Vinho, ou OIV.
Em Junho, a União Europeia emitiu novas regras para simplificar e clarificar práticas enológicas na União Europeia. Esta publicação veio na sequência disso mesmo.
E de facto, as regras foram agora apresentadas de uma maneira mais simples e fáceis de ler. Os assuntos tratados vão da maceração carbónica até à “tiragem numa cuba fechada”. Pelo meio, o documento fala dos vários tipos de fermentação, tratamentos feitos ao vinho, pasteurização e, por exemplo, várias maneiras de acidificar (ou o contrário) o vinho.
O documento tem cerca de 40 páginas e permite aos enólogos identificar mais rapidamente práticas autorizadas e/ou recomendadas, bem como todos os requisitos relacionados com essas práticas.
Pode puxar o documento, em formato pdf, do seguinte endereço:
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=OJ:C:2019:409:FULL&from=PT

Restaurante O Frade com menu especial de caça

É já na segunda-feira, dia 16 de Dezembro, que o restaurante de Belém coloca à disposição o seu menu de degustação dedicado aos pratos de caça. Uma criação do chef Carlos Afonso (à esquerda na foto), este menu será harmonizado com vinhos escolhidos, especialmente para estes pratos, pelo sommelier Pedro Martin (à direita na foto). […]

É já na segunda-feira, dia 16 de Dezembro, que o restaurante de Belém coloca à disposição o seu menu de degustação dedicado aos pratos de caça. Uma criação do chef Carlos Afonso (à esquerda na foto), este menu será harmonizado com vinhos escolhidos, especialmente para estes pratos, pelo sommelier Pedro Martin (à direita na foto). Esta dupla, que brilhou na iniciativa “O Par Perfeito”, no evento Grandes Escolhas – Vinhos & Sabores, já provou funcionar muito bem em conjunto. Pedro Martin fala deste encontro como um golpe de sorte: “Tudo começou a dois dias do evento, quando me surgiu a oportunidade de fazer a harmonização do Carlos, pela desistência de última hora do seu parceiro”. Ficaram em 2º lugar e foi o início de uma relação simbiótica que culmina agora em parcerias saborosas, como esta Semana da Caça.

O jovem chef criou um menu de cinco pratos que inclui Pato de Escabeche, Coelho de Coentrada, Lebre com Feijão, Javali Estufado com Cogumelos e, para acabar numa nota mais doce, Marmelos Assados com Sorbet de vinho do Porto. Carlos Afonso afirmou que “Com este menu, queremos recriar pratos tradicionais com sabores intensos e aconchegantes. Estamos a adaptar a nossa oferta à procura de produtos da estação”.

O jantar de segunda-feira dia 16 tem início marcado às 20h00. O menu, com wine pairing incluído, custa €55 e está sujeito a reserva. Para aqueles que não conseguirem lugar na segunda-feira à noite, existe a possibilidade de provar os pratos de caça “à la carte” durante a semana que antecede o Natal (até dia 21).

Deixou-nos Manuel Dias, empresário dos mares e dos vinhos

É com pesar que damos notícia do falecimento de Manuel Dias, fundador e administrador da SAVEN, Sociedade Abastecedora de Navios Aveirense, e co-criador da Lua Cheia em Vinhas Velhas em 2009, juntamente com o seu amigo e enólogo Francisco Baptista. A Francisco, à sua filha Lara Dias, que recentemente assumiu as rédeas da empresa, e […]

É com pesar que damos notícia do falecimento de Manuel Dias, fundador e administrador da SAVEN, Sociedade Abastecedora de Navios Aveirense, e co-criador da Lua Cheia em Vinhas Velhas em 2009, juntamente com o seu amigo e enólogo Francisco Baptista.

A Francisco, à sua filha Lara Dias, que recentemente assumiu as rédeas da empresa, e a toda a sua família e equipa, a Grandes Escolhas transmite as suas condolências. Manuel Dias era, acima de tudo, um amigo.

Jornadas do Peixe Atlântico: a celebração do pescado selvagem no VINUM

TEXTO: Mariana Lopes FOTOS: VINUM A parceria do restaurante VINUM, situado nas Caves Graham’s (da Symington Family Estates), com o grupo basco SAGARDI, já nos vinha a proporcionar as Jornadas do Boi Velho de Trás-os-Montes há seis edições anuais consecutivas. Este ano, e nas palavras de Mikel de Viñaspre (director-geral do SAGARDI, à esquerda na […]

TEXTO: Mariana Lopes

FOTOS: VINUM

A parceria do restaurante VINUM, situado nas Caves Graham’s (da Symington Family Estates), com o grupo basco SAGARDI, já nos vinha a proporcionar as Jornadas do Boi Velho de Trás-os-Montes há seis edições anuais consecutivas. Este ano, e nas palavras de Mikel de Viñaspre (director-geral do SAGARDI, à esquerda na foto), “o foco transitou para o mar”.

No passado dia 28 de Novembro, durante a inauguração das I Jornadas do Peixe Atlântico, que decorrem até 15 de Dezembro no VINUM, Mikel e António José Cruz, único fornecedor de peixe deste restaurante, falaram lado a lado sobre as particularidades do peixe da costa portuguesa e de toda a cadeia que leva o pescado do mar até ao cliente final. António, mais conhecido por Tozé no Mercado Municipal de Matosinhos, conhece as lotas de todo o país como a palma das suas mãos, não tivesse chegado ao mercado com apenas 14 anos. Da compra e venda à preparação do peixe, Tozé domina todas as fases do processo e fez deste produto tão português um sólido negócio. Com a parrilla (grelha) em pano de fundo e junto a uma mesa com dois tamboris frescos, a dupla esmiuçou esta espécie e explicou como identificar um verdadeiro tamboril, o peixe escolhido para a primeira edição destas Jornadas: “O interior tem de ser completamente preto. Há algumas espécies parecidas, com interior branco, que nos são vendidas em muitos locais como tamboril, sem o ser. E tirando esta capa interior preta, tem de ter uma cor rosada.” demonstrou Tozé.

A “parrilla” do VINUM.

Com um exemplar de três quilos e meio na mão, ensinou também que “é um peixe que anda a cerca de 500 metros de profundidade e que aparece com abundância. Apenas em Janeiro e Fevereiro pode ser mais escasso”. O fornecedor, que em menos de 24 horas consegue entregar o peixe ao restaurante, manuseava o bicho com destreza. Mikel Vinãspre acrescentou, ainda, que “o fígado do tamboril é o foie gras do mar”, num apelo para que não seja desperdiçado. “Neste momento, e apesar do que se pode pensar, tanto em Portugal como no País Basco vivemos numa cultura de peixe”, afirmou o especialista da parrilla. Apontando para a grelha, adiantou que antes de lá colocar o peixe, apenas lhe coloca sal grosso. Já durante a assadura é que vai hidratando, aos poucos, com uma mistura de vinho branco, azeite e limão, acabando com um molho ligeiro muito semelhante ao da hidratação. Quando questionado sobre o tempo de confecção, Mikel riu e disse “cerca de 12 minutos, mas isto é uma actividade que tem muito pouco de racional, não há tempos certos para nada”.

Tamboril, pronto a servir.

Depois, o tema transitou para as conservas, um elemento bem presente na carta do VINUM e no menu das Jornadas do Peixe Atlântico. “É impressionante o tamanho da indústria de conservas em todo o Mundo. Mas creio que a costa portuguesa é a mais experiente e clássica nesta matéria”, elucidou Mikel.

O menu especial das Jornadas tem um custo de 100 euros, por pessoa, ou 120 euros com vinhos Symington, cuidadosamente escolhidos por Pedro Correia, enólogo-chefe da empresa. Estará disponível diariamente, até dia 15 de Dezembro, ao almoço e ao jantar, nos horários do restaurante: entre as 12h30 e as 16h00 e as 19h30 e as 24h00.

Forum Anual ViniPortugal: Optimismo, apesar de tudo

Apesar do reconhecimento das fragilidades estruturais e da grande dimensão dos desafios que se avistam para os vinhos portugueses, foi um sentimento de optimismo que prevaleceu das principais conclusões do Forum Anual da ViniPortugal (VP) que este ano se realizou no Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha. TEXTO: João Geirinhas Com a presença […]

Apesar do reconhecimento das fragilidades estruturais e da grande dimensão dos desafios que se avistam para os vinhos portugueses, foi um sentimento de optimismo que prevaleceu das principais conclusões do Forum Anual da ViniPortugal (VP) que este ano se realizou no Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha.

TEXTO: João Geirinhas

Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal.

Com a presença de quase 400 participantes, oriundos de todas as regiões vinícolas do país, os responsáveis da VP e do Instituto da Vinha e do Vinho que apresentaram comunicações registaram com satisfação em 2019 uma boa performance dos vinhos portugueses, tanto no mercado interno como nas exportações. Confirmando-se como o 9º maior exportador mundial de vinho, tanto em volume como em valor, Portugal afirma-se, nas palavras de Jorge Monteiro, Presidente da VP, como “Um pequeno produtor mundial (é 11º) mas um importante actor no comércio internacional. Competimos mundialmente com os melhores e, apesar de alguns desafios e dificuldades conjunturais do sector as exportações apresentam um crescimento em valor”, acrescentou.

Com efeito, as exportações dos vinhos portugueses cresceram 3,6% em valor em 2019 (dados de Janeiro a Setembro), registando um aumento do preço médio de 3,9% face a igual período do ano passado, prevendo-se atingir no fim do ano um valor superior a 800 milhões de euros. As previsões para 2022 apontam para se atingir o número redondo de 1000 milhões de euros em exportação. Estes números, que incluem o vinho do Porto, assentam no crescimento de alguns mercados tidos como estratégicos: França (onde o vinho Porto tem um grande peso), Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e Alemanha formam o top 5 dos destinos dos vinhos portugueses além-fronteiras. Em termos de crescimento regista-se o grande incremento no Reino Unido (+22,4%), aqui por influência da antecipação dos efeitos do Brexit, os Estados Unidos (+7,9%) e Alemanha (+2,5%).
Para 2020, os responsáveis da VP apontam os Estados Unidos, Canadá e China como as maiores apostas promocionais, num total de investimentos de 6,6 milhões de euros, representando 40% do total. Mercados como Angola, Japão, Noruega, Coreia do Sul, Suíça, Rússia e México também têm um plano de promoção específico com um investimento de 1,8 milhões de euros, bem como Brasil e os principais destinos da EU, com ênfase para o Reino Unido e a Alemanha.

No mercado interno, alavancado pelo forte crescimento do turismo que se prevê atingir cerca de 21 milhões de visitantes em 2019, os resultados também são positivos. Considerando apenas os vinhos tranquilos, de 2018 para 2019, verificou-se que houve um aumento das vendas 7% em volume, 9,9% em valor e um crescimento de 2,6 por cento no preço médio do litro de vinho vendido. Evolução positiva também se regista no crescimento da importância do vinho certificado face ao não certificado. Com efeito, apesar do vinho não certificado ter ainda uma maior quota de venda em volume (53,7% contra 46,3%), em valor esta relação está já bastante invertida: o vinho certificado representa 63,6% das vendas face aos pouco mais de 36% do vinho não certificado (distribuição e restauração).

Quanto ao peso de cada uma das regiões produtoras, não se registaram alterações significativas, embora se observem pequenas variações. O Alentejo continua a ser de longe a região campeã de vendas no mercado interno, mas a sua quota em volume diminui ligeiramente de 36,9% para 35,7% em 2019. Diminuições também ligeiras no Douro (de 12,2% para 11,4%), apesar de ter subido um pouco em valor, no Dão (de 5,7 para 5,6%) e em Lisboa (de 4.7 para 4.4%). Em sentido contrário, registaram-se crescimentos de quota nos Vinhos Verdes (18,3 para 18,4%) Península de Setúbal com um crescimento mais acentuado (de 14,9 para 16,5%) e no Tejo (de 4.8 para 5.6%).

Para além das estatísticas e das projecções e tendências para os próximos anos, foi também apresentada a nova campanha de apresentação da marca Vinhos de Portugal/Wines of Portugal em que se procurará consolidar e dar um novo ímpeto ao trabalho desenvolvido sobre a identidade da marca, agora com um novo enquadramento. A ideia forte é, aproveitando o boom turístico, passar a englobar a marca Wines of Portugal num conceito mais alargado da caracterização de Portugal como um dos destinos mais interessantes do mundo.

No entanto, nem tudo são rosas na observação dos grandes desafios que os vinhos portugueses têm pela frente. Focando o tema transversal da sustentabilidade do sector que dominou a principal comunicação do Forum, a cargo do António Marquez Filipe, do Grupo Symington, fica a ideia de que há ainda um longo caminho a percorrer para garantir que a sustentabilidade económica assegure também a sustentabilidade social e ambiental. A grande disparidade existente entre os nossos custos de produção, consideravelmente mais elevados que nos nossos principais concorrentes, e o preço médios dos nossos vinhos nos mercados internacionais, ainda não suficientemente valorizados na percepção da sua qualidade, constitui um problema estrutural que não tem solução fácil a curto prazo.