Editorial: Então é assim

Editorial da edição nrº 101 (Setembro de 2025) É uma das mais clássicas interrogações do jornalismo: até que ponto a isenção é condicionada pelos gostos ou preferências de quem escreve? A deontologia profissional exige que o jornalista seja independente e isento. Mas o jornalista não deixa de ser uma pessoa. E podendo e devendo salvaguardar, […]
Editorial da edição nrº 101 (Setembro de 2025)
É uma das mais clássicas interrogações do jornalismo: até que ponto a isenção é condicionada pelos gostos ou preferências de quem escreve? A deontologia profissional exige que o jornalista seja independente e isento. Mas o jornalista não deixa de ser uma pessoa. E podendo e devendo salvaguardar, com afinco, a sua independência, dificilmente consegue assegurar a completa isenção.
Os jornalistas escondem, sempre, as suas preferências. Na tradição europeia, os que escrevem sobre política nunca dirão em quem votam nem apelarão a um sentido de voto. E, no entanto, enquanto apaixonados pelo tema, é certo que se identificam com determinadas ideias, pessoas e partidos. E rejeitam outras e outros. Pode então a sua análise aos méritos deste ou daquele político, ou desta ou daquela proposta, ser inteiramente isenta?
Algo quase impossível no jornalismo desportivo, sobretudo no futebol, onde o adepto é irracional por natureza. Não existe uma razão para se ser deste ou daquele clube. É-se, simplesmente. Sendo os jornalistas desportivos também adeptos, com que isenção avaliam um jogo ou um jogador?
Já quem escreve sobre gastronomia (ou vinhos) não vê o mundo a duas cores. É normal apreciar sabores muito distintos ou estilos bem diversos. Ainda assim, terá favoritos e ódios de estimação. Se um jornalista detestar abóbora (é o meu caso…) com que rigor vai avaliar um prato baseado naquele fruto?
Felizmente, não escrevo sobre comida. Mas escrevo sobre vinhos. E tal como os jornalistas de outras áreas, tenho as minhas preferências. E tal como eles (ou, acredito, a maioria deles) esforço-me ao máximo por impedir que os meus gostos influenciem o meu julgamento. Sei que, conscientemente, não beneficio ou prejudico um vinho em função de apreciar mais este ou aquele estilo ou região. Mas não posso garantir, com toda a certeza, que nunca o faça sem dar por isso. Essa garantia, nenhum ser humano pode dar.
Um crítico de vinhos (ou comentador político) não é suposto ser isento. Mas um crítico de vinhos que seja, ao mesmo tempo, jornalista, tem a obrigação de, a todo o custo, procurar sê-lo. E embora entenda que a exposição pública possa ser mal interpretada, seria bem melhor para o profissional do jornalismo, qualquer que seja a sua área, se os seus leitores soubessem para onde o seu coração (ou cabeça, ou estômago…) se inclina.
Não me importo de dar o primeiro passo. Então é assim. Sou bastante eclético, aprecio vinhos muito distintos no perfil. Mas nos tintos, gosto de garra tânica, estrutura e boa acidez. E nos brancos, sou pela untuosidade, elegância e frescura crocante. Não sou fã da fruta exuberante, prefiro os aromas e sabores vegetais de bosque ou frutos citrinos, às framboesas, groselhas e frutos tropicais. Entre vinhos de igual qualidade, escolho beber os menos alcoólicos. Mas detesto vinhos de uvas verdes (uma moda ridícula que, espero, passe depressa). A barrica em nada me incomoda se for boa e discreta. Nos varietais tranquilos, vou nos Encruzado, Baga, Alvarinho, Loureiro, Alicante Bouschet e Cabernet e passo Viognier, Merlot, Moscatel, Pinot e Gewurztraminer. Adoro espumantes “bruto zero” e com longo estágio em cave (aqui o Pinot é muito bem-vindo) e dispenso Pet Nat, Late Harvest e destilados.
Regiões? Na minha garrafeira estão todas bem representadas. Mas se fosse possível aferir as favoritas pelas garrafas que espreitam nas prateleiras, poderia dizer que, em tintos, prevalecem Bairrada, Douro e Alentejo, em partes quase iguais. E em brancos, Monção e Melgaço (dominante), Bairrada e Dão. Nos licorosos, Porto (bem maioritário), Madeira e Setúbal. Para terminar esta declaração de interesses, devo acrescentar que gosto imenso de tintos Barolo e Bordeaux e brancos Mosel, Bourgogne e Jerez mas, infelizmente, não abundam cá em casa… L.L.
Ao serviço de pequenos e médios produtores

O novo Centro de Vinificação do Vale do Douro (CEV Douro), localizado em Peso da Régua, já se estreou nesta época de vindimas e permanece de portas abertas para pequenos e médios produtores de vinho. Trata-se de um projecto de investimento privado, idealizado e liderado por Francisco Magalhães, Engenheiro Químico, e cuja gestão é partilhada com […]
O novo Centro de Vinificação do Vale do Douro (CEV Douro), localizado em Peso da Régua, já se estreou nesta época de vindimas e permanece de portas abertas para pequenos e médios produtores de vinho. Trata-se de um projecto de investimento privado, idealizado e liderado por Francisco Magalhães, Engenheiro Químico, e cuja gestão é partilhada com a filha, Andreia Magalhães, auditora formada em Engenharia Alimentar.
Com um investimento na ordem dos cinco milhões de euros e capacidade de produção de 800 mil litros de vinho tranquilo do Douro, esta unidade tem ao dispor os serviços de recepção e pesagem das uvas, desengace e esmagamento, fermentação alcoólica, prensagem, fermentação malolática, clarificação e estabilização do vinho, armazenamento em condições adequadas, análises enológicas, feitas internamente, em laboratório próprio, engarrafamento e sala de provas, em breve ao serviço dos clientes. Quem contratar os serviços do CEV Douro pode ter enólogo próprio ou optar pela prestação de Afonso Pinto, enólogo residente deste projecto.
Para 2026, há a probabilidade de avançar com o apoio técnico na vinha. Paralelamente, está a ser estudada a implementação do apoio nas áreas comercial e de marketing.
Quanto à produção de vinho, para este ano está previsto um máximo de 100 mil litros, número esse que inclui as referências de um projeto familiar de Francisco e Andreia Magalhães. Este vai ser apresentado no próximo ano e tem origem em quatro quintas da família situadas na margem direita do Rio Douro, entre Régua, Sabrosa e Murça.
Duplo vencedor na X edição do Concurso Tomate Coração de Boi do Douro

As quintas do Ventozelo e do Pessegueiro conquistaram o primeiro lugar ex aequo deste desafio duriense, que, este ano, reuniu 28 produtores da região, na Quinta da Pacheca, em Armamar. Aroma, sabor, textura e harmonia foram os requisitos testados na prova deste fruto de verão, cuja seleção coube a um júri constituído por produtores, chefs […]
As quintas do Ventozelo e do Pessegueiro conquistaram o primeiro lugar ex aequo deste desafio duriense, que, este ano, reuniu 28 produtores da região, na Quinta da Pacheca, em Armamar. Aroma, sabor, textura e harmonia foram os requisitos testados na prova deste fruto de verão, cuja seleção coube a um júri constituído por produtores, chefs e entusiastas de diferentes origens, e presidido por Francisco Pavão, nome de referência na promoção de produtos do território do Douro e de Trás-os-Montes. Esta acção incluiu ainda, na lista de premiados, a Quinta do Infantado e a Quinta Santa Comba, que ficaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares.
No contexto da preservação do Tomate Coração de Boi do Douro, José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura e Pescas, reconheceu a necessidade de avançar para a certificação IGP (Indicação Geográfica Protegida) deste produto.
Nobre Gosto: Conheça o programa

A celebração do melhor de Portugal Entre 19 e 21 de Setembro, há mais uma edição do evento Nobre Gosto, a decorrer no cenário majestoso do Palácio e jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras. Este é o único evento realizado entre nós integralmente dedicado aos vinhos doces e fortificados. Uma iniciativa da Grandes Escolhas […]
A celebração do melhor de Portugal
Entre 19 e 21 de Setembro, há mais uma edição do evento Nobre Gosto, a decorrer no cenário majestoso do Palácio e jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras. Este é o único evento realizado entre nós integralmente dedicado aos vinhos doces e fortificados. Uma iniciativa da Grandes Escolhas com o Município de Oeiras.
Mais uma vez, o vinho de Carcavelos Villa Oeiras é o anfitrião de uma festa internacional, que celebra Portugal como produtor de referência dos vinhos de sobremesa. Na edição de 2025, para além da presença habitual das mais prestigiadas casas de vinho do Porto, de vinho Madeira, de Moscatel de Setúbal e do Douro, e de outros vinhos doces e fortificados de Portugal, também contamos com delegações das regiões vinícolas de Jerez, de Montilla-Moriles, da Comunidade Valenciana-Alicante, de Huelva, Estremadura, dos vinhos Tokaj da Hungria e, ainda, com a presença, em provas, de vinhos italianos de Marsala e Passitos de Pantelleria.
Com um programa diversificado que pretende tocar vários tipos de público, o Nobre Gosto reúne um conjunto de actividades como sejam a prova livre de vinhos em exposição, masterclasses com provas comentadas, degustações da gastronomia local, experimentação de cocktails com vinhos fortificados, visitas turísticas ao jardins e Adega do Palácio, e animação musical.
No sentido de permitir contactos mais estreitos e profícuos entre produtores e profissionais, a sexta-feira, dia 19 de Setembro, é exclusivamente dedicada a profissionais, quer sejam compradores, sommeliers, restaurantes, agentes de turismo, jornalistas, etc. Do programa deste dia fazem parte a masterclass “Cocktails com vinhos fortificados”, conduzida por Wilson Pires e destinada a bartenders, e outra sobre “O serviço do vinho do Porto”, sessão dirigida a profissionais do canal Horeca, pela Associação de Empresas de Vinho do Porto, bem como uma Apresentação de Rotas Turísticas de regiões, com vinhos fortificados.
Provas de fortificados e gastronomia
No Sábado, dia 20, e Domingo, dia 21 de Setembro, o Nobre Gosto abre para todos os públicos (entrada livre com compra de copo a 15€), com provas livres e masterclasses acessíveis mediante inscrição prévia e sujeitas a pagamento (40€). No dia 20, temos as masterclasses da Adega de Favaios, “Variações sobre Moscatel”, dos vinhos Madeira, que inclui uma apresentação da Justino’s, sob a temática “Madeira em movimento – Da inovação à Intemporalidade”, e uma outra acerca dos vinhos da Anadalzuia, “Versatilidade da Casta Pedro Ximenes em Montilla-Moriles”, a somar à apresentação especial do consagrado jornalista e crítico internacional Axel Probst, do projecto “O-Port-Unidade”, que junta 30 marcas de vinho do Porto numa iniciativa solidária, com prova presencial de dois Vintages Porto e um Colheita comercializados sob aquela chancela. No Domingo, dia 21, as masterclasses começam com uma prova de vinhos italianos, sob o tema “A Itália mais doce – Marsalas e Passitas”, com a colaboração da Negrini, seguindo-se a Quinta do Noval, com os “Colheitas do século XXI”, terminando com a prova do vinho anfitrião: “Villa Oeiras, Cinco Décadas do Vinho de Carcavelos”.
Outra componente importante do Festival Nobre Gosto são as demonstrações culinárias e gastronómicas. Para o dia 20, já estão confirmados um showcooking com o Chefe André Cruz, do Feitoria (1* Michelin), restaurante do Altis Belém Hotel & Spa, uma prova de harmonização de “Queijos e Vinhos – Os segredos do Território”, com a consagrada mestre queijeira Aida Augusto. No dia 21, domingo, o programa continua com uma demonstração de pastelaria, a cargo da Chefe Ana Patrícia Correia, da Pastelaria Marupiu, de Vila Nova de Famalicão, intitulada “Sobremesa e doces – o Villa Oeiras no prato”, e os showcookings do Chefe Tiago Emanuel Santos, do restaurante Voraz, e do Chefe Vítor Adão, do restaurante Plano.
Conheça o Programa Completo ♦ AQUI
O Nobre Gosto tem o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, da Entidade Regional do Turismo de Lisboa, do IVV, da ViniPortugal e da AEVP.
DONA DORINDA: Pixie, Qué Será, Será…

“Qué será, será Whatever will be, will be The future’s not ours to see Qué será, será What will be, will be” O leitor mais atento, que seja igualmente fã de música, não pode ter deixado de trautear o famoso refrão “Qué será, será” celebrizado pela cantora norte-americana Doris Day em 1956, e reinterpretado, […]
“Qué será, será
Whatever will be, will be
The future’s not ours to see
Qué será, será
What will be, will be”
O leitor mais atento, que seja igualmente fã de música, não pode ter deixado de trautear o famoso refrão “Qué será, será” celebrizado pela cantora norte-americana Doris Day em 1956, e reinterpretado, décadas mais tarde, pela não menos famosa banda Pixies, tal como eu, fã assumido do quarteto de Boston, Massachussets, fundado em 1986. Na verdade, foi mesmo a primeira coisa em que pensei quando me atribuíram esta cobertura jornalística do vinho Pixie.
Com uma combinação única de energia, melodias pop com estruturas musicais imprevisíveis, letras surrealistas e a famosa dinâmica quiet-loud-quiet, onde as canções alternam entre versos calmos e refrões explosivos, os Pixies deixaram uma marca indelével na história da música, estabelecendo-se como uma das bandas mais icónicas e influentes do rock alternativo, servindo, inclusive, de assumida inspiração a bandas não menos icónicas como Nirvana ou Radiohead. Mas e o que é que os Pixies poderão ter em comum com o vinho Pixie, para além da evidente semelhança do nome?
A propriedade totaliza 60 hectares, sendo apenas 8,5 hectares dedicados à vinha
ESTILO INOVADOR
Na verdade, tal como os Pixies, com o seu estilo inovador e dinâmicas contrastantes, ajudaram a moldar o som do rock alternativo dos anos 1990, influenciando toda uma geração de bandas que seguiram o seu exemplo, há 25 anos atrás, na Quinta Nossa Senhora da Conceição, uma pequena propriedade no coração do Alentejo, Évora, de onde os recém-lançados vinhos Pixie são oriundos, foi tomada a decisão de abandonar completamente o uso de pesticidas e herbicidas, bem como de implementar práticas biodinâmicas e biológicas.
Convenhamos que, no Portugal vínico de 1999, os termos agricultura biológica e orgânica, produção biodinâmica, substituição de herbicidas, fungicidas e pesticidas sintéticos por preparados naturais, se calhar soava tão disruptivo como o som dos Pixies.
Chegando de Lisboa, um pouco antes de entrar em Évora, viramos à esquerda e tomamos a estrada para Arraiolos, para passado pouco tempo encontrar a Quinta Nossa Senhora da Conceição, numa localidade chamada Valbom do Rouxinol, ladeada pelo Aqueduto romano e confinando adiante com a Cartuxa.
Mark e Dorinda Winkelman são os proprietários. Um casal norte-americano residente nos Estados Unidos, que adquiririu a propriedade há um quarto de século e vêm ao Alentejo mais para usufruir e sentir as boas energias do sítio, do que propriamente para gerir alguma coisa. Essa parte está (bem) assegurada pelo seu braço direito Vítor Conceição, administrador, e Eduardo Cardeal, enólogo.
Victor Conceição está à frente do projecto desde 2006. Nascido e criado na cidade de Évora, conhece a região e o valor daquela terra como ninguém: “Esta zona de Valbom, também conhecida por Valverde, onde estamos, juntamente com o Convento da Cartuxa e a Fundação Eugénio de Almeida, possuía as hortas e vinhas que abasteciam a cidade romana de Évora e outras cidades do Império”, ou seja, conta com dois mil anos de tradição, pelo menos.
A propriedade totaliza 60 hectares, sendo apenas 8,5 hectares dedicados à vinha, onde se inclui a famosa Vinha Meia-Lua, com 2,5 hectares, plantada em 2005 numa pequena elevação, aproveitando todo o declive orográfico (280 a 295 metros altitude); solos de argila vermelha com algum xisto, grande espaçamento entre as plantas, cordão duplo a boa altura em relação ao solo, de forma a maximizar a ventilação, exposição e minimizar o risco de doenças fúngicas, coberto vegetal de ervas locais, contribuindo para a diversidade de vida nos solos, bem como evitando a erosão nas filas de vinhas que se encontram no cimo da elevação.
Os restantes seis hectares de vinha, mais recente, inserem-se dentro da mesma filosofia de viticultura, isto é, de acordo com os princípios do cultivo biológico e biodinâmico, uma vez que, é bom lembrar, a Dona Dorinda Organic Wines possui certificação quer na Europa, quer nos Estados Unidos.
Infusões, misturas e sprays biodinâmicos são utilizados na vinha desde 2007, numa fase preventiva, e todos os trabalhos são realizados segundo o calendário lunar; a monda de cachos, efectuada anualmente, é realizada com o objetivo claro de criar vinhos concentrados e com grande capacidade de guarda; vindimas nocturnas são regra da casa, para aproveitar a excelente amplitude térmica do terroir Dona Dorinda, sob clara influência da Serra d’Ossa, a pouco mais de 30 km em linha recta.
O resto da propriedade “é um pequeno paraíso” referem Vítor e Eduardo, mais de duas mil árvores plantadas a pensar nas futuras gerações, e toda a quinta é um ecossistema vivo e vibrante, composto por montado típico alentejano, que serve de alimento aos porcos pretos, onde vacas pastam pacificamente e o estrume produzido alimenta as vinhas. Cães Rafeiro Alentejano descansam pelas sombras durante o dia e guardam a propriedade durante a noite, mas existe também toda uma grande diversidade de pequenos animais, aves autóctones, insectos, etc.
SYRAH E VIOGNIER
Quanto à escolha das castas a plantar, foi a decisão mais fácil de tomar, ou não fosse Mark, para além de um grande conhecedor e colecionador de vinhos do mundo, um apaixonado pelo Rhône e, como tal, não podiam ser outras que não fossem Syrah e Viognier. Podemos questionar-nos se serão, ou não, as castas indicadas para o Alentejo de Évora, especialmente a Viognier, casta com uma acidez natural baixa e que rapidamente dispara os açúcares se não for vindimada no momento exacto, sendo até preferível uma vindima ligeiramente precoce, para não correr o risco de obter um vinho chato, mole e sem vida. Mas a minha opinião é que devemos respeitar sempre a decisão do produtor. Ainda para mais quando é tomada com uma forte componente emocional e de paixão, como foi o caso.
A Dona Dorinda Organic Wines apresentou Pixie, a nova gama de entrada da marca: um branco, um rosé e um tinto criados com o propósito de tornar o universo encantado da Dona Dorinda acessível a mais pessoas, sem perder a autenticidade que distingue cada garrafa da casa. Este lançamento só foi possível graças à recente expansão da área de vinha, que passou de 2,5 hectares para 8,5 hectares, permitindo aumentar a produção e dar origem a novos vinhos que reflectem a mesma paixão, mas agora com uma abordagem mais leve, descontraída e inclusiva.
E afinal de contas quem é a Pixie?! A resposta é clara – Dorinda Winkelman, a proprietária da Quinta Nossa Senhora da Conceição e da Dona Dorinda Organic Wines. Com o seu espírito livre, sensibilidade estética e ligação profunda à natureza, sempre foi apelidada carinhosamente entre amigos e família como “Pixie” – palavra inglesa para “fada”, símbolo de encanto, leveza e magia. E é, precisamente, essa energia que a nova gama pretende engarrafar! Por mim, está mais que conseguido!
(Artigo publicado na edição de Julho de 2025)
Vinho e infusões sem fronteiras

Da parceria entre a Infusões com História e o produtor vitivinícola dos Castelares resultou a estreia do Fronteira Infusion rosé. Trata-se de uma referência vínica infusionada, a qual denota notas de chá e morango, e baixo teor alcoólico. No alinhamento desta união, foram criados dois lotes de infusão, a Tranquilizante e Digestiva, e o chá […]
Da parceria entre a Infusões com História e o produtor vitivinícola dos Castelares resultou a estreia do Fronteira Infusion rosé. Trata-se de uma referência vínica infusionada, a qual denota notas de chá e morango, e baixo teor alcoólico. No alinhamento desta união, foram criados dois lotes de infusão, a Tranquilizante e Digestiva, e o chá Detox, os quais foram inspirados na flora da sub-região do Douro Superior e desenvolvido para a Quinta.
Este trio faz parte do packaging do Fronteira Infusion rosé, cuja apresentação teve lugar na Sala dos Espelhos do The One Palácio da Anunciada, em Lisboa, evento celebrado com um menu assinado pelo chef executivo do hotel. A harmonização, feita com infusões e vinhos do referido produtor, esteve nas mãos do escanção André Figuinha. Este momento exclusivo foi complementado pela experiência olfativa da perfumista Cláudia Camacho, bem como a estreia do novo blend inspirado nos jardins do The One Palácio da Anunciada e personalizado para este hotel de cinco estrelas.
Sobre este dia, Pedro Martins, Diretor-Geral e enólogo da Casa Agrícola Manuel Joaquim Caldeira, afirma: “conseguimos mostrar que, apesar do sector dos vinhos ser um sector clássico, também se consegue inovar.” Miguel Moreira, CEO e Teamaker da Infusões com História, confirmou uma vez mais que é possível “fazer uma refeição com uma harmonização perfeita entre Infusões e vinho”.
Duorum: a primeira vindima na nova adega

Construída de raiz em Vila Nova de Foz Côa, na sub-região do Douro Superior, sob o pilar da sustentabilidade, a nova adega pertencente ao Grupo João Portugal Ramos Vinhos, está pronta para abrir as portas às uvas vindimadas este ano, na Quinta de Castelo Melhor. De acordo com os parâmetros estabelecidos no âmbito da eficiência […]
Construída de raiz em Vila Nova de Foz Côa, na sub-região do Douro Superior, sob o pilar da sustentabilidade, a nova adega pertencente ao Grupo João Portugal Ramos Vinhos, está pronta para abrir as portas às uvas vindimadas este ano, na Quinta de Castelo Melhor.
De acordo com os parâmetros estabelecidos no âmbito da eficiência energética, contexto extensível à selecção de materiais de construção, foram instalados painéis fotovoltaicos na cobertura desta nova unidade de produção dos vinhos da Duorum, com o propósito de fomentar a produção de grande parte da energia consumida. A cave para estágio do vinho em barricas está semi-enterrada, de modo a ficar protegida da luz solar e, simultaneamente, manter os níveis de temperatura e de humidade apropriados. A cobertura, em betão armado pré-fabricado, será ajardinada, por forma a contribuir para o controlo da temperatura do edifício. A nova adega será dotada ainda de uma ETAR monitorizada, que permitirá o tratamento das águas a serem reutilizadas na lavagem do pavimento e na rega.
ADEGA DE BORBA: Havendo tempo serão mais 70

A Adega de Borba tem sabido, desde que foi fundada, e ao longo dos últimos 70 anos, investir na melhoria do seu sistema produtivo e comercial e da sua oferta, para sustentar, com sucesso, o seu negócio e prepará-lo para os desafios do futuro. Segundo nos contou Óscar Gato, o enólogo desta adega, um dos […]
A Adega de Borba tem sabido, desde que foi fundada, e ao longo dos últimos 70 anos, investir na melhoria do seu sistema produtivo e comercial e da sua oferta, para sustentar, com sucesso, o seu negócio e prepará-lo para os desafios do futuro. Segundo nos contou Óscar Gato, o enólogo desta adega, um dos factores que contribuiu para que os vitivinicultores da região se associassem, em 1955, foi a dificuldade que tinham para a comercialização dos seus vinhos. O outro foi incentivo estatal dado, na época, pela Junta Nacional do Vinho, ao associativismo no sector, que contribuiu para a constituição desta e de outras adegas no Alentejo. Também foi um empurrão fundamental para o seu desenvolvimento e a base do protagonismo que o sector tem hoje na região, dado que sustentou a organização e equipamento das suas unidades industriais e a implementação dos seus sistemas de comercialização.
Os primeiros vinhos da Adega de Borba foram lançados no final da década de 50.
Os primeiros vinhos
Os primeiros vinhos da Adega de Borba foram lançados no final da década de 50. A partir daí, a área de vinha e o número de sócios da Adega de Borba foi sempre crescendo, à medida que iam decorrendo diversas mudanças na sua estrutura produtiva, até ao modelo actual.
Com o tempo as vinhas deixaram de estar consociadas com o olival, algumas árvores de fruto e outras, e passaram a ser estremes. A chegada dos primeiros fundos europeus, na década de 1980, contribuiu para que todas passassem a estar alinhadas e aramadas. Veio também a separação das variedades tintas e brancas no terreno, a plantação por casta, tal como se vê hoje, e a opção por vender o vinho embalado. Era preciso responder a consumidores cada vez mais informados e exigentes, num mercado global que procurava, cada vez mais, produtos de qualidade.
Em paralelo continuou o crescimento da área de vinha, que se estabilizou nos cerca de 2200 hectares actuais há cerca de 20 anos. Desenvolve-se nos concelhos de Borba e Estremoz, mas também se insinua nos de Vila Viçosa, Elvas, Monforte e Sousel, que os limitam. São sobretudo terras de planalto, solos calcários que ficam sobre o Complexo Vulcano Sedimentar Carbonatado de Estremoz, aquele que origina o mármore distinto de Estremoz, que é Pedra Património Mundial pela Unesco. Mas também se desenvolvem num vale de solos xistosos em direção à Serra de Ossa, que ali fica bem perto, a cerca de cinco quilómetros para sudoeste. É sobre estas duas zonas que ficam as cerca de 1600 parcelas de vinha dos associados da Adega de Borba.
Saber acumulado
No ano em que celebra sete décadas desde a sua fundação, a Adega de Borba lançou o vinho comemorativo Havendo Tempo. “Este vinho nasce do tempo que se respeita e do tempo que se guarda”, disse Óscar Gato, enólogo da Adega de Borba, durante o evento de lançamento, acrescentando que “cada garrafa encerra o saber acumulado de décadas e a atenção que dedicamos a cada detalhe, da vinha até à cave”, para criar “um vinho pensado para quem sabe esperar”. Havendo Tempo presta homenagem à filosofia de vida das gentes alentejanas e ao tempo investido em cada garrafa, ao longo de sete décadas de história.
Disponível nas versões tinto 2021 e branco 2023, esta edição especial reflecte o espírito da região e o saber acumulado ao longo de gerações, dado que é um tributo à forma como se vive e trabalha no Alentejo, com calma, atenção ao detalhe e respeito pelo ritmo da natureza. Produzidas a partir de castas tradicionais da região e sujeitas a estágios prolongados em barrica e garrafa, as colheitas desta gama foram pensadas para serem apreciadas com calma, tempo e em boa companhia. Em paralelo também foram apresentadas as edições especiais tintas e brancas do Adega Cooperativa de Borba, rotuladas com imagem antiga destes vinhos.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2025)