Adega de Palmela celebra 70 anos

A Adega de Palmela assinala, este ano, 70 anos de atividade e convidou toda a comunidade a juntar-se às comemorações, com um evento de portas abertas nas suas instalações, em Palmela. Para marcar a data, a Adega lançou também novos vinhos, que pretendem celebrar o legado e a identidade desta casa, homenageando as raízes vitivinícolas […]
A Adega de Palmela assinala, este ano, 70 anos de atividade e convidou toda a comunidade a juntar-se às comemorações, com um evento de portas abertas nas suas instalações, em Palmela.
Para marcar a data, a Adega lançou também novos vinhos, que pretendem celebrar o legado e a identidade desta casa, homenageando as raízes vitivinícolas da região e o percurso de uma cooperativa que hoje conta com cerca de 200 associados.
A sessão oficial de abertura foi seguida de uma prova do cocktail Tuga Spritz, elaborado com Moscatel de Setúbal tónico. Houve um atelier de produção de queijo para toda a família, promovido pela Arcolsa com o apoio da Queijaria Victor Fernandes, uma prova harmonizada de queijos e vinhos com produtos da Adega de Palmela e uma “Visita com História” às instalações, que incluiu passagem pelo Museu do Balão de Vinho e pela Cave de Barricas, a par de um workshop de pintura de garrafas para crianças.
A música marcou presença com um concerto da Orquestra da Sociedade Filarmónica Humanitária – Conservatório Regional de Palmela, antes da apresentação oficial dos novos vinhos comemorativos, feita pelo enólogo e gerente da Adega de Palmela, Luís Silva.
Herdade da Cabeceira inaugura adega

O grupo Lindeborg Wines, que detém também a a Quinta da Folgorosa e Cortém na Região de Lisboa e a Quinta Vale do Armo, no Tejo, inaugurou oficialmente, em junho, a sua nova adega da Herdade da Cabeceira, que fica perto de Arraiolos. Segundo o comunicado da Lindeborg Wines, o investimento representa um passo importante […]
O grupo Lindeborg Wines, que detém também a a Quinta da Folgorosa e Cortém na Região de Lisboa e a Quinta Vale do Armo, no Tejo, inaugurou oficialmente, em junho, a sua nova adega da Herdade da Cabeceira, que fica perto de Arraiolos.
Segundo o comunicado da Lindeborg Wines, o investimento representa um passo importante na consolidação do projeto no Alentejo, para reforço do seu compromisso com a qualidade e a valorização da identidade vitivinícola da região.
No evento, que reuniu profissionais do sector, restaurantes e hotéis locais, meios de comunicação e amigos, os convidados tiveram oportunidade de conhecer de perto o novo espaço, visitar a adega, degustar os vinhos da herdade.
Também assistiram a um espectáculo de cante, interpretado pelo grupo alentejano da Casa das Artes de Arraiolos.
VINIPORTUGAL PROMOVE VINHOS DE PORTUGAL NO JAPÃO

Nos dias 21 e 22 de Junho, a ViniPortugal marcará presença no Pavilhão de Portugal na Expo Osaka 2025, com a representação de sete produtores de diferentes regiões vitivinícolas, nomeadamente: José Maria da Fonseca, Mainova, Quinta São Sebastião, Niepoort, Quinta Vale d’Aldeia, Sociedade dos Vinhos Borges e Soito Wines. Nestes dois dias de evento, cada […]
Nos dias 21 e 22 de Junho, a ViniPortugal marcará presença no Pavilhão de Portugal na Expo Osaka 2025, com a representação de sete produtores de diferentes regiões vitivinícolas, nomeadamente: José Maria da Fonseca, Mainova, Quinta São Sebastião, Niepoort, Quinta Vale d’Aldeia, Sociedade dos Vinhos Borges e Soito Wines.
Nestes dois dias de evento, cada produtor apresentará quatro referências de vinho, numa acção exclusiva que terá lugar na varanda exterior do Pavilhão de Portugal, que oferece uma vista panorâmica sobre o recinto da Expo. A iniciativa prevê atrair entre 80 a 100 visitantes por dia, entre profissionais do sector, curiosos e amantes de vinho, num contacto directo e sensorial com o que de melhor se produz em Portugal.
Já no dia 23 de Junho, a ViniPortugal organiza a Grande Prova Vinhos de Portugal em Tóquio, um evento profissional que reunirá cerca de 200 profissionais do sector e 100 consumidores num espaço de prova e networking.
A manhã será reservada a reuniões B2B entre produtores portugueses e importadores japoneses, promovendo novas oportunidades de exportação e entrada no mercado. O evento inclui ainda um Seminário Harmonizado conduzido pela prestigiada Sommelier Kazumi Inose, dirigido a 40 profissionais locais, impulsionando o conhecimento sobre os vinhos portugueses no Japão.
Para Frederico Falcão, Presidente da ViniPortugal, “A presença dos vinhos portugueses na Expo Osaka 2025 e a realização da Grande Prova em Tóquio são passos decisivos no reforço da marca Vinhos de Portugal neste mercado exigente e sofisticado. O Japão valoriza produtos com identidade, história e qualidade, características que definem os nossos vinhos. Estas acções representam uma oportunidade única para aproximar os produtores portugueses dos consumidores e profissionais japoneses, criando pontes duradouras para o futuro.”
Em 2024, o Japão representou mais de 7,9 milhões de euros em exportações de vinhos portugueses, o que correspondeu a 2 milhões de litros. Dada a sua relevância para os vinhos portugueses, este tipo de acções é fundamental ser explorada no mercado japonês dando a conhecer a qualidade e a diversidade do vinho nacional.
Já são conhecidos os vencedores do Concurso da Feira Vinhos & Sabores dos Altos em Alijó

Os três vinhos galardoados com o melhor vinho foram Vala da Barca 2022 de Maçanita Vinhos entre os vinhos brancos, Costureiro Garrafeira 2019 nos tintos e o Porto Vale da Tábua 50 Anos entre os vinhos fortificados. De um total de 92 vinhos em prova, o Júri de 10 elementos, composto por jornalistas especializados e […]
Os três vinhos galardoados com o melhor vinho foram Vala da Barca 2022 de Maçanita Vinhos entre os vinhos brancos, Costureiro Garrafeira 2019 nos tintos e o Porto Vale da Tábua 50 Anos entre os vinhos fortificados.
De um total de 92 vinhos em prova, o Júri de 10 elementos, composto por jornalistas especializados e representantes do comércio de retalho, sommeliers e restaurantes, apreciou brancos, tintos e vinhos fortificados, dividindo-se estes entre Moscatel do Douro e Portos.
Sendo este concurso parte integrante da feira Vinhos & Sabores dos Altos, organizada pelo Município de Alijó e com produção da Grandes Escolhas, em rigor da verdade nem todos os vinhos concorrentes traduzem com rigor a sua origem “nos altos”, referindo-se esta expressão aos que são produzidos no planalto de Alijó, uma vez que os limites do concelho vão muito para além do referido planalto e chegam às margens do Douro e Tua. De igual modo também foram admitidos na feira e no concurso outros “altos”, provenientes dos municípios vizinhos de Carrazeda de Ansíães, Murça e Vila Flor.
Apurados os resultados, foram atribuídos um total 26 medalhas entre ouro e prata, para além da eleição do melhor vinho em cada categoria.
Segue a lista de todos os vinhos premiados.
Categoria Vinho BRANCO |
Melhor Vinho | Vale da Barca 2022 | Maçanita Vinhos |
Medalha de Ouro | Casttêdo Valley Oaked Reserva 2022 | Casttêdo Valley – Maria Luísa Seixas Pinto Marantes |
Pormenor Reserva 2023 | Pormenor Vinhos | |
Quinta de Martim 2019 | Casa Agrícola Águia de Moura | |
Quinta do Noval Reserva 2023 | Quinta do Noval | |
Soulmate Alvarinho Grande Reserva 2021 | Cortes do Tua Wines | |
Medalha de Prata | Amarrotado 2023 | Amarrotado Wines |
Costa Boal Chardonnay 2022 | Costa Boal Family Estates | |
Família Silva Branco 2023 | Branco Wines Family | |
Lugar da Corredoura 2021 | Casa do Piàska | |
Má Vida 2022 | Carlos Rua | |
Categoria Vinho TINTO | ||
Melhor Vinho | Costureiro Garrafeira 2019 | Foz do Tua |
Medalha de Ouro | Bardino 2021 | João M. Soares Pires |
Costa Boal Homenagem Grande Reserva 2015 | Costa Boal Family Estates | |
Pedigree 2019 | Branco Wines Family | |
Pintas Character 2022 | Wine and Soul | |
Submerso 2023 | Submerso Vinhos | |
Medalha de Prata | Fonte da Perdiz Grande Reserva 2020 | Adega Cooperativa de Alijó |
Lugar da Corredoura Touriga Nacional Reserva 2022 | Casa do Piàska | |
Pandemic Wine 2020 | Carlos Rua | |
Quinta de Santa Eugénia Grande Reserva 2020 | Soc. Agr. Quinta de Santa Eugénia | |
Tactus 2020 | Vinhos de Favaios | |
Categoria Vinhos Fortificados | ||
Melhor Vinho | Vale do Tábua Porto 50 anos | Vale do Tábua |
Medalha de Ouro | Adega de Favaios Moscatel Colheita 2000 | Adega de Favaios |
Fragulho Tawny 10 anos | Casa dos Lagares | |
Alijó Moscatel Reserva | Adega Cooperativa de Alijó |
QUINTA DA MOSCADINHA: A Liturgia da Sidra

Situada na pequena vila da Camacha, famosa pelas suas tradições e folclore, esta quinta do século XIX recebe o seu nome actual em 2019, a partir do licor de ervas Moscadinha, receita familiar com origem no lado Norte da Ilha. Nos tempos antigos, este licor era muito utilizado pelas gentes da terra, pois acreditava-se ter […]
Situada na pequena vila da Camacha, famosa pelas suas tradições e folclore, esta quinta do século XIX recebe o seu nome actual em 2019, a partir do licor de ervas Moscadinha, receita familiar com origem no lado Norte da Ilha. Nos tempos antigos, este licor era muito utilizado pelas gentes da terra, pois acreditava-se ter propriedades medicinais por ser feito com mel de cana, sacarina, infusão de várias plantas locais e especiarias em rum agrícola.
Cinco séculos de sidra
A história da Sidra da Madeira remonta há cinco séculos, com as primeiras maçãs a serem introduzidas pelos colonizadores no século XV. A partir de então, as maçãs, pêros e pêras começaram a ser cultivados na ilha para alimentar a população e abastecer a indústria conserveira da época e, no século seguinte, decorreu a expansão de pomares por diversos pontos geográficos da ilha. A sidra era conhecida como a “bebida dos pobres”, que se fazia para consumir em casa, já que a produção das uvas era destinada, na sua totalidade, para as empresas produtoras e exportadoras do afamado Vinho Madeira.
A Universidade da Madeira está a fazer a classificação e identificação rigorosa das variedades locais de maçãs/pêros, mas o saber empírico de quem trabalha o campo diariamente aponta para mais de 100 tipos diferentes, dos quais mais de 30 já fazem parte do catálogo nacional de variedades. As diferenças morfológicas e/ou químicas devem-se aos diferentes tipos de solo encontrados na ilha, conferindo às maçãs/pêros locais duas características excepcionais para a produção de sidra: a acidez (que confere estrutura e longevidade) e a doçura (que contribui para um teor alcoólico mais elevado).
Na Quinta da Moscadinha produz-se sidra de forma artesanal e diferenciada da maioria das que existem no mercado, através de um processo muito semelhante ao do vinho. Em vez da uva existem maçãs/pêros, mas existe a fermentação e o envelhecimento em barricas de vinho Madeira. Original, no mínimo, certo?!
A história da Sidra da Madeira começa há cinco séculos, quando as primeiras maçãs foram introduzidas pelos colonizadores no século XV.
Nos últimos dois anos, a Moscadinha de Márcio Nóbrega passou de uma produção de duas mil garrafas para 35 mil.
Vinho, só de uvas
No entanto a história das sidras em Portugal nem sempre foi tranquila. Fora de Portugal, a sidra é um vinho de maçã, ou um “vinho de pêros”, mas, no nosso País, o vinho só se pode fazer de uva. A razão remonta ao Estado Novo. Entre 1950 e 1960 foi proibido fazer sidra entre nós. É que alguns agricultores começaram a usar maçãs para juntar ao vinho e dar volume ou a deitar as vinhas abaixo para a plantação de pomares. Para proteger o sector do vinho e o próprio vinho em si, António Salazar promove uma lei que proíbe a produção de sidra e começa a pagar aos agricultores para abater as árvores e plantar novas vinhas. Por Decreto, a bem da Nação, “Vinho só se pode fazer a partir de uvas Vitis vinifera”.
E assim se inicia o período de expansão do vinhedo português e o declínio da sidra. No entanto, a sidra sobreviveu e, mais recentemente, em virtude das suas especificidades tão únicas, a Sidra da Madeira foi qualificada como IG (Indicação Geográfica) pela Comunidade Europeia. Em breve prevê-se a sua evolução para outros patamares. É, de resto, a primeira Sidra IG Nacional, com características muito diversas e próprias.
Tranquilas ou fortificadas, as sidras possuem uma variedade de cores que podem ir do amarelo pálido ao caramelo brilhante, com laivos laranja. Têm aromas de maçãs verdes a maduras, marmelo e até citrinos, e baixas concentrações de açúcar residual devido a fermentações quase completas, que realçam a sua acidez e as características mais ou menos taninosas e adstringentes das múltiplas variedades de maçãs e pêros que as podem compor.
Reconhecimento internacional
Nos últimos dois anos, a Moscadinha de Márcio Nóbrega passou de uma produção de duas mil garrafas para 35 mil, e foi reconhecida internacionalmente com 14 medalhas e, inclusivamente, premiada no Cider World Awards 2024, o maior concurso mundial de Sidras, que decorreu na Alemanha, entre 180 produtores de 17 países. E é por tudo isto, juntamente com a história secular desta bebida, que remonta às civilizações do Antigo Egipto e da Grécia Clássica, que a Sidra da Madeira é, certamente, uma das mais entusiasmantes (re)descobertas dos próximos anos! Parabéns, Márcio! Brindemos!
(Artigo publicado na edição de Maio de 2025)
Dora Simões reconduzida nos Vinhos Verdes

Os novos Órgãos Sociais da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), para o mandato 2025-27, acabam de ser eleitos e reconduzem a Direcção Executiva constituída por Dora Simões (Presidente), Armando Fontainhas (Vogal da Produção) e Óscar Meireles (Vogal do Comércio). Luis Braga da Cruz foi eleito Presidente do Conselho Geral e António […]
Os novos Órgãos Sociais da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), para o mandato 2025-27, acabam de ser eleitos e reconduzem a Direcção Executiva constituída por Dora Simões (Presidente), Armando Fontainhas (Vogal da Produção) e Óscar Meireles (Vogal do Comércio). Luis Braga da Cruz foi eleito Presidente do Conselho Geral e António Barbeitos Presidente do Conselho Fiscal.
Dora Simões é natural do Porto e licenciada em English for International Business pela University of Central Lancashire, no Reino Unido. Tem um percurso profissional de mais de 25 anos, onde se destacam funções de relevo no sector dos vinhos, desde gestão de Marketing na Europa Central da Ernest & Julio Gallo Winery, à Direcção-Geral da ViniPortugal ou a Presidência da Direcção da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). Inicia agora o segundo mandato de três anos na liderança da CVRVV.
Por sua vez, Luís Braga da Cruz é natural de Coimbra e formou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em 1965, onde foi Professor Catedrático Convidado em dois períodos distintos: entre 1977 e 1986, e de 2003 a 2012.
Para além da carreira académica, desempenhou várias funções administrativas e de gestão, bem como uma extensa actividade associativa. Em 2001, tomou posse como Ministro da Economia do XIV Governo Constitucional, cargo no qual se manteria até 2002. Entre 2005 e 2006, desempenhou funções como Deputado à Assembleia da República. Mais recentemente, presidiu o Conselho de Administração da Fundação de Serralves, entre 2010 e 2015 mantendo, ao longo dos anos e em paralelo com as funções de gestão em diversas instituições, a sua dedicação à viticultura.
Trás-os-Montes distingue os melhores vinhos da região

A Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM) anunciou recentemente os vencedores do Concurso Vinhos de Trás-os-Montes 2025. O Quinta de Arcossó Espumante Super Reserva Chardonnay Branco 2019 e o Quinta de Arcossó Arinto Branco 2021, ambos da Quinta de Arcossó, e o Encostas de Sonim Vinhas Velhas Tinto 2021, da Sociedade Agrícola Encostas de Sonim, […]
A Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM) anunciou recentemente os vencedores do Concurso Vinhos de Trás-os-Montes 2025.
O Quinta de Arcossó Espumante Super Reserva Chardonnay Branco 2019 e o Quinta de Arcossó Arinto Branco 2021, ambos da Quinta de Arcossó, e o Encostas de Sonim Vinhas Velhas Tinto 2021, da Sociedade Agrícola Encostas de Sonim, distinguidos com o prémio Prestígio, foram os grandes vencedores do Concurso de Vinhos de Trás-os-Montes de 2025, que destacou o vinho Palácio dos Távoras Gold Edition Vinhas Velhas Tinto 2018, da Costa Boal-Family Estates, com o Prémio Imagem. Foram atribuídas mais 42 Medalhas de Ouro, numa competição que reuniu 130 amostras a concurso.
Reconhecido oficialmente pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), e momento essencial para a afirmação e valorização dos vinhos transmontanos, “este concurso é mais do que uma competição, é uma celebração do território, do trabalho dos nossos produtores e da autenticidade dos nossos vinhos”, salienta Ana Alves, presidente da CVRTM, no comunicado desta comissão, acrescentando ainda que “a diversidade e a qualidade das distinções mostram que Trás-os-Montes está a afirmar-se, com identidade e inovação no panorama nacional”.
VINEVINU: Cerdeira com muita Alma

O que distingue um vinho da bebida que resulta da fermentação do mosto é a sua alma. A alma de um vinho faz-se, não só das suas características organoléticas, da harmonia dos seus sabores, da interação com os aromas, da forma e momento como é consumido, mas também dos princípios que o norteiam, que estão […]
O que distingue um vinho da bebida que resulta da fermentação do mosto é a sua alma. A alma de um vinho faz-se, não só das suas características organoléticas, da harmonia dos seus sabores, da interação com os aromas, da forma e momento como é consumido, mas também dos princípios que o norteiam, que estão na sua Génese. Vinho que tem alma, que tem uma alma cheia, também tem, por detrás, uma missão, uma visão, e um conjunto de valores.
A Vinevinu assenta sobre dualidades e conjuntos de dualidades. É vinha e vinho. É filho e pai Cerdeira. É Terroir Marítimo e de Montanha. É Alvarinho, é Loureiro, é Arinto e é Maria Gomes
Os atores
Uma equação com o Manuel e o Luís como numeradores e o apelido Cerdeira como denominador. Luís Cerdeira dispensa grandes apresentações. Uma referência incontornável da região dos Vinhos Verdes, com uma experiência consolidada em mais de 30 vindimas, tendo trabalhado na Comissão Vitivinícola da região e sido uma das figuras de proa da marca Soalheiro. O Luís é, indiscutivelmente, um dos expoentes máximos do Alvarinho.
Manuel é o filho primogénito do Luís. Não alheio ao percurso do pai e ao êxito da empresa da família, Manuel decidiu procurar conhecimento académico numa paragem “pouco clássica”. Foi no Reino Unido que se licenciou em Viticultura e Enologia e consolidou o que foi aprendendo ao longo das muitas vindimas efetuadas em Melgaço e noutras regiões aquém e além-fronteiras. Durante o seu percurso académico, foi cofundador de uma iniciativa fora da caixa, “Not Yet Named Wine Co”, que envolvia os amantes de vinhos aos processos de vinificação. Escutando-o é fácil depreender “Not Yet”, mas muito possivelmente num horizonte não muito distante que, de simples numerador, passará também a potência na região.
A Vinevinu surge no seio deste elenco com o propósito de idealizar e produzir vinhos que expressem a vinha de onde nascem e potenciem, ao máximo, os diferentes terroirs, adequando, para isso, o devido trabalho enológico que reforce essa diferenciação e mais-valia. Para o Luís, certamente que esta experiência o fará reviver o que sentiu, quando saído da universidade, foi acolhido pelo pai no projeto Soalheiro que, então, ainda estava distante do que é hoje. É pois uma partilha de testemunho, mas agora no lugar oposto.
Os palcos
A história desenrola-se na vasta região dos Vinhos Verdes, onde é possível encontrar e potenciar uma imensidão de terroirs. A Vinevinu pretende explorar dois distintos: por um lado, a proximidade do mar, a influência atlântica e, por outro, as vinhas de montanha, abrigadas da influência atlântica pelo relevo e a altitude.
A Vinevinu assentou praça em Requião, perto de Famalicão, o seu Terroir Marítimo. Aí encontrou, simultaneamente, as condições ideais para produzir de imediato e poder crescer. Mais concretamente, procedeu a um arrendamento a 20 anos das vinhas, de terra e da adega da Casa de Compostela para produzir com base numa boa adega e nos 17 ha de vinha existente, com o objetivo de potenciar, conservar e renovar. E crescer com base em 21ha de vinha que serão plantados já em 2025. Requião está somente a cerca de 20 km do mar e tem um relevo suave que não corta a influência atlântica. Os solos são de origem granítica, com alguma argila, contando ainda com nível bastante considerável de matéria orgânica. Destas premissas resultam solos de fertilidade relativamente elevada.
Monção e Melgaço ficam mais no interior da região dos Vinhos Verdes. Fisicamente, o relevo corta a influência atlântica. O Terroir de Montanha da Vinevinu tem solos graníticos, sem argila e mais pobres. As vinhas eleitas foram cultivadas em altitude e de proprietários com quem a família Cerdeira nunca teve parceria de produção de uvas. Em 2025, Luís e Manuel pretendem iniciar o projeto de construção da adega em Melgaço.
Do pouco que vimos, não tardará muito para que a Vinevinu seja reconhecida pela excelência, empenho e inovação na produção de vinhos com Alvarinho.
A meta
Da conversa que tive com o Manuel e o Luís depreende-se, com facilidade, que a Vinevinu sabe onde quer chegar e o caminho que quer trilhar. Conhecendo bem a versatilidade da casta Alvarinho, tanto vitícola, como enológica, pretendem produzir vinhos que se distingam na região dos Vinhos Verdes. Do pouco que vimos na adega e da visão partilhada da viticultura da região, não tardará muito para que a Vinevinu seja reconhecida pela excelência, empenho e inovação na produção de vinhos com Alvarinho.
Como referido, o propósito inicial da visita foi conhecer o projeto. Não tinha a ideia de escrever um artigo. Na realidade, integrei-me num grupo que foi com o mesmo objetivo: saber o que Luís Cerdeira andava a fazer. Visitámos a adega, conversámos com vista e sobre a vinha, atual e futura. E conhecemo-nos uns aos outros.
Tudo o que via e ouvia dava a sensação de que alguma lógica, algum fio condutor unia os conceitos, os detalhes do projeto. E não tardou a ficar evidente que a Vinevinu assenta sobre uma dualidade ou conjuntos de dualidades.
Vinevinu é vinha e vinho. É filho e é pai. É Terroir Marítimo e Terroir de Montanha. É Alvarinho, é Loureiro, é Arinto e é Maria Gomes. Perspetiva-se que venha a ser também Espadeiro e Padeiro. Fermenta em inox e em foudres de madeira. Estagia em Ovos de Cimento e em Barricas Mixtus. Mixtus é o nome dado a barricas exclusivas da Vinevinu, especialmente projetadas para incorporar um conceito único de mistura de madeiras. Cada barrica é construída combinando aduelas (as tábuas de madeira que formam o corpo da barrica) de diferentes tipos de madeira e origens. Por exemplo, pode-se alternar entre aduelas de carvalho português e carvalho francês, ou combinar carvalho português com castanheiro português, entre outras possibilidades. Essa abordagem permite criar barricas personalizadas que conferem características únicas e complexas aos vinhos.
Depois de me ver neste emaranhado de dualidades, lembrei-me de Agatha Christie e de Arthur Conan Doyle. Mas vou quebrar este ciclo. Prometo escrever um e um só artigo.
O autor deste artigo escreve segundo o novo acordo ortográfico
(Artigo publicado na edição de Maio de 2025)