A revolução silenciosa dos Verdes

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de […]

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de grande qualidade e longevidade. São estes últimos que aqui mostramos e que representam um novo caminho que se abre para os Vinhos Verdes.

TEXTO E NOTAS DE PROVA Mariana Lopes
FOTOS Mário Cerdeira

Não está na hora de mudar a forma como olhamos para o Vinho Verde. É, sim, tempo de ver o outro lado da moeda, não reduzindo a região apenas ao estilo que sempre conhecemos. Há um novo (antigo) Verde e, por mais que alguns esperneiem em discórdia, esta Grande Prova veio demonstrar que assim é.
Como foi escrito num editorial da Grandes Escolhas, exactamente há um ano, desde a sua fundação, em 1908, que a região dos Vinhos Verdes se viu em vários momentos de fractura. Estes pontos de agitação permitiram que esta se desenvolvesse positivamente e, mesmo quando deu um passo atrás, a região acabou sempre, mais tarde, por dar dois em frente. Refiro-me, por exemplo, ao fenómeno a que Luís Lopes chamou de “Verdes de Quinta”, lá para o final da década de 80, em que as grandes casas e solares da região prosseguiram um estilo de vinho mais seco, estruturado e sério. Mas nem o país, nem as pessoas, nem o mercado estavam preparados para esta disrupção do Vinho Verde, e o sol acabou por ser de pouca dura, com estes projectos a reverter para um perfil mais comercial. Porém, nada disto foi em vão, pois deixou no ar um bichinho que se tem vindo a apoderar, mais uma vez, de algumas empresas, num tempo em que tudo isso já é realista. E é realista por¬que uma parte muito importante do sector também sofreu uma grande revolução nos últimos anos, em todo o país: a viticultura. E isso não foi excepção nos Vinhos Verdes. Com novas técnicas, mais sabedoria, e a sensatez de saber ir buscar ao passado aquilo que pode fazer bem ao presente, as uvas mais nobres da região exprimem-se cada vez mais nos vinhos, dando-lhes sentido de lugar.
Seguindo esta linha de pensamento, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) tem posto em marcha um plano de marketing, promovendo estes Verdes mais ambiciosos e diferenciadores. Não é uma campanha em detrimento dos mais correntes, dos mais jovens, com gás e doçura, que servem o seu propósito e representam a maior parte do mercado da região. Felizmente, esses vendem-se tão bem que não carecem de grandes investimentos de marketing. Aliás, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, conta que “Hoje exporta¬mos mais de metade do Vinho Verde produzido e, em mercados como a Alemanha ou os EUA, mais de metade do vinho português é Vinho Verde”. Consultando os dados estatísticos da CVRVV, constatamos que, em 2018, se exportou uns atordoantes 13 milhões de euros para os EUA, e 11 milhões para a Alemanha. Se tivermos em conta os 16 maiores importadores de Vinho Verde, estamos a falar de 57 milhões. Depois desta informação assentar, e voltando à campanha, nas peças publicitárias pode ler-se, por exemplo, “Os Vinhos Verdes estão mais ricos, descubra-os”, com imagens gastronómicas que sugerem capacidade de harmonização. O objectivo das novas acções de pro¬moção é, segundo o presidente da Comissão, “Valorizar as castas, as sub-regiões, os vinhos que melhor afirmam esta ambição de valorização”. Relançar a Rota dos Vinhos Verdes é outra medida em curso, que quer intensificar “a ligação dos produtores aos territórios, sendo essencial para a afirmação, até comercial, dos mais pequenos”. Quanto à maneira, por vezes distorcida, como o Vinho Verde é visto pelos consumidores nacionais e internacionais, Manuel Pinheiro não está preocupado: “Sei que é uma visão que se está a desvanecer. Aliás, ela não existe em mercados novos como, por exemplo, o Japão, que valoriza os Vinhos Verdes como grandes vinhos, com uma personalidade própria”. Mas tem também consciência de que a realidade de hoje é totalmente diferente da de outrora, e explica que “Quem compara os Vinhos Verdes de hoje com os de há duas décadas, não reconhece a mesma região”. E aponta o papel da viticultura, dizendo “Estamos a reconverter entre 600 e 700 hectares de vinha por ano, a mudar a paisagem do Minho vinha a vinha, e com isso a produzir uvas muito mais interessantes, com uma estrutura de custos muito mais competitiva”. Isto leva-nos à questão dos preços, que, como desmistifica o jurista de formação, pode estar a ser interpretada de um modo falacioso: “Há uma ideia de que o Vinho Verde é um vinho barato, mas essa ideia desaparece com um simples olhar aos números Nielsen para o mercado nacional, ou aos números de exportação do Intrastat”. Não nos podemos esquecer também de um factor incontornável, sem o qual nenhuma revolução teria lugar, os enólogos. “Hoje, a vinificação está concentrada em centros bem equipados, dirigidos por enólogos que não hesitam em inovar, e as castas do Vinho Verde são a melhor testemunha desta nova parceria vinha/enologia. Mais do que o valor que se trouxe para a região, é relevante o conhecimento que se adquiriu nesta área”, valorizou Manuel Pinheiro.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40440″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_column_text]VINHOS BRANCOS DE GUARDA
Nesta prova incluíram-se 29 vinhos com um preço de venda ao público médio superior a sete euros e sem qualquer adição de gás carbónico. Não foram pedidos vinhos da sub-região Monção e Melgaço, pela sua especificidade e por representarem, em si mesmo, uma categoria diferenciada junto do consumidor, nem foram contemplados Regional Minho. Em primeira instância, o que destacou foi a qualidade generalizada, com a nota mínima de toda a prova a situar-se nos 16 valores, significando que tivemos apenas vinhos muito bons e vinhos excelentes. Em segundo lugar, a predominância de Avesso e de lotes de Alvarinho com Avesso, ou Alvarinho com Loureiro. Por último, o teor alcoólico dos vinhos, com muitos a recair nos 13% ou mais. Está na hora de arregaçar as mangas e descortinar tudo isto, com a ajuda de quem põe a mão na massa, os enólogos, os viticultores e os produtores. E como é que eles próprios vêem esta onda de ambição? Ou será que não a vêem, de todo? João Camizão, autor dos vinhos Sem Igual, reconhece-a: “É uma pequena onda que alguns de nós já estão a ‘apanhar’ há alguns anos e que, finalmente, empresas com negócios de referência na região vão começar a ‘surfar’. Provavelmente, apenas começa agora a ter notoriedade e a ser cobiçada, pois a região dos Vinhos Verdes tem uma tipicidade tão intrínseca (até as cartas de quase todos os restaurantes têm uma secção para os Vinhos Verdes e outra para os brancos), que é como nascer num berço de ouro. Ou seja, não houve necessidade de reinventar e inovar o estilo de vinho. E esta tipicidade gera, per si, grande volume de negócio com muita exportação e preços que não são os mais baixos do país (é das regiões que mais valoriza a uva)”. E revela aquilo que acha ser a chave para o sucesso, tocando num ponto fundamental, a longevidade, e dizendo “Nos dias de hoje, muitos produtores da região ambicionam ter vinhos de grande qualidade, mesmo tendo de se desviar do perfil da casa. Portanto, há que estar preparado para investir e esperar uns anos com o vinho na adega, para aferir à longevidade e deixar a acidez vibrante ser arredondada pelo tempo. Penso que esta será condição necessária para o sucesso. Estamos numa região com grande potencial para fazer vinhos brancos de guarda, de classe mundial”. Já Gonçalo Sousa Lopes, produtor e viticultor dos vinhos Quinta do Cruzeiro, assume que “É o único caminho que o pequeno produtor-engarrafador tem de fazer, atingindo assim um nicho de clientes apreciadores e conhecedores. Existem produtores que já estão nesta linha há muto tempo, mas como a região sempre foi vista como produtora de vinhos ‘do ano’ e pouco complexos (há excepção de Monção e Melgaço), estes sempre ficaram na sombra e, para se afirmarem, tinham de se por nas pontas dos pés, ou gastar muito dinheiro para divulgarem os seus ‘vinhos sérios’”. Mostrando que há visões diferentes sobre os preços a que o Vinho Verde é vendido, defende que, desta maneira, “diferenciam-se dos grandes armazenistas que vendem Vinho Verde (muito gaseificado e doce) a preços incompreensivelmente baixos e desprestigiantes para a região”. Por sua vez, Rui Cunha, enólogo dos Covela, é implacável na sua visão e alerta “Fala-se muito de Verdes ambiciosos, mas, na verdade e em geral, o que existe são vinhos com um pouco menos de gás e um pouco me¬nos de açúcar”. Na posição de quem lida com dois perfis de Vinho Verde, João Cabral de Almeida, enólogo da Quinta da Calçada e produtor dos vinhos Camaleão, esclarece: “Os dois caminhos são interessantes e os dois têm lugar no mercado. Quando faço vinhos mais ‘sérios’ (se bem que há seriedade em ambos) estou focado naquilo que a vinha tem para oferecer e no terroir, quando faço vinhos mais ‘jovens’ estou a pensar nas sensações, na experiência imediata que estou a dar a um consumidor”.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40441″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_column_text]A SOLUÇÃO ESTÁ NA VINHA
E a questão que a seguir se coloca é inevitável. Como lá chegar? Que castas são mais propícias? O álcool e a barrica são factores fundamentais para atingir este estilo de Verde mais, digamos, complexo? As respostas variam, mas há um ponto em que todos concordam: viticultura, viticultura, viticultura. Márcio Lopes, criador e enólogo dos Pequenos Rebentos, faz a sua eleição. “O Alvarinho, que já tem provas dadas. O Loureiro é uma casta delicada, mas num bom local pode originar grandes vinhos, e o Avesso que também é complicado, mas tem grande potencial. Já o Azal é uma casta excelente para contrariar as alterações climáticas. Com a viticultura mais avançada, é agora mais fácil cuidar das uvas mais sensíveis”. Não podendo deixar de pegar no tema do clima, fazemos Márcio alongar-se nele: “A ramada e o enforcado são sistemas de condução muito pertinentes para um Verde com ambição, pela resistência às alterações climáticas, porque criam maturações mais lentas e equilibradas, folhagem que protege as uvas e impede o escaldão. Devem ser hipóteses a considerar na viticultura. Temos de encontrar um meio termo entre o passado e o futuro”. Para Rui Cunha, destacam-se o Alvarinho, o Avesso e o Arinto, sem esquecer o Loureiro. “Infelizmente, o Loureiro não é uma casta que tenha o peso devido na região, porque é fantástica. Sobre o Arinto, há a vantagem de já se conhecer bem e saber-se que tem bom envelhecimento, assim como o Avesso. Esta última é a minha favorita. É difícil ‘competir’ com a fama que o Alvarinho tem, no sentido em que, lá fora, muita gente pensa que a região se reduz a esta casta”. Gonçalo Lopes elege as mesmas que os dois anteriores, mas com um extra, a Trajadura. Tal como Márcio Lopes, também dá importância às vinhas velhas e com diversas castas mistura¬das, admitindo que dão ainda mais complexidade aos vinhos, e aponta o terroir como factor determinante de qualidade. João Cabral de Almeida lembra, ainda, que “urge saber mais sobre castas antigas ainda desconhecidas, muitas presentes nas vinhas velhas, que se podem revelar muito interessantes”, mas acha redutor associar este perfil mais ambicioso a castas em concreto.
No que toca a madeiras e álcool, reina a palavra “equilíbrio”. Mas é Márcio Lopes que mais simplifica o caminho para chegar a um grande Verde: “O fundamental é a qualidade da uva, depois é não estragar. Acima de tudo, a boa acidez é importante. Não nos interessa que o álcool vá subindo e a acidez descendo. Quanto à necessidade de barrica, a própria uva pode dar estrutura, corpo e complexidade. Tem mais que ver com os rendimentos da vinha. Se ela produzir muito, vai ter muitos filhos para alimentar e esgotar-se a si própria, se produzir menos, consegue conferir mais às uvas. Ou seja, tem tudo mais que ver com a nascença do que com os extras. Uma região granítica e de frescura natural é uma região de futuro no mundo actual”. João Camizão também não dá valor ao álcool e afirma que este deve ser controlado, acima de tudo “com os novos sistemas de condução”. “Devemos ter a ambição de fazer grandes vinhos com álcool abaixo dos 13%, o que é difícil, mas torna tudo bem mais equilibrado”. Mais do que a barrica, que considera útil, mas não necessária, releva outras opções enológicas, sugerindo “Deixar a fermentação ir até ao fim, para ficarmos sem açúcar residual. Ou, por exemplo, fazer brancos de curti¬menta, estágios em cubas de cimento, etc., práticas que eram muito comuns nos Vinhos Verdes. Temos a sorte de estar numa região com uma história tão rica em temos de práticas de vinificação, que será uma pena se não explorarmos estes caminhos”. Gonçalo Lopes acrescenta elementos à lista: “Existem outras técnicas, na vinificação, que se podem usar. Refiro-me à maceração pelicular a frio antes da prensagem, bâtonnage de borras totais a frio pré-fermentativa e estágio prolongado com borras finas. Associado a estas técnicas, qualquer vinho ganha sempre com o estágio em garrafa. Vinhos produzidos assim, mui¬tas vezes não necessitam de teores alcoólicos elevados nem de ir à barrica, esta pode mesmo ser um elemento a mais”. Depois, Rui Cunha vem abrir a cortina a outra perspectiva, concordando que há qualidade na uva para que esta brilhe por si só, mas recordando “Até os grandes brancos alemães estagiam em madeira. Se me disserem ‘faz um grande branco’, provavelmente vou utilizá-la. O que não quer dizer que precisemos dela para lá chegar”.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40447″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_column_text]POTENCIAR UMA MARCA
Podemos dizer que há aqui uma estrela no meio da trama: a vinha. Quando ela se porta bem, quando se cuida bem dela e não se desvirtua o produto com excessos disto ou daquilo, é difícil que o resultado não seja um vinho ambicioso. Principalmente numa região com matéria-prima deste nível, frescura natural, e técnicos inteligentes, arroja¬dos, que pesquisam o que já se fez e o que se pode fazer para ser cada vez melhor. Mas vamos por as coisas em pratos limpos: o facto de o Vinho Verde ser, para muita gente, mais uma cor do vinho, como o branco, o tinto ou o rosé, é uma desvantagem, acima de tudo porque não é verdade e está associado apenas ao estilo de vinho doce e com gás. Porém, isso também significa que o Vinho Verde se enraizou como uma marca forte, num fenómeno muito semelhante ao da Gillette, do Kispo, ou do Tupperware. Lá fora, muita gente conhece a palavra Vinho Verde, bem mais até do que outros nomes de regiões portuguesas. Há que pegar nela e mostrar que é marca de grandes vinhos, nunca esquecendo que todos os estilos têm o seu lugar no mercado. E as perspectivas são muito positivas. O que se vê é que os enólogos estão cada vez mais apaixonados pela uva, pela terra, trabalhando em uníssono com os viticultores. Já lá vai o tempo em que não entravam na vinha, com medo de sujar o sapato. E isso, além de bonito, é benéfico para vinhos melhores, mais puros, singulares, fiéis à sua origem. A revolução dos Vinhos Verdes não será televisionada. Será bebida, e com muito prazer.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][heading]VINHOS EM PROVA[/heading][vc_column_text]

Edição Nº27, Julho 2019

Villa Alvor: O Algarve da Aveleda

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desde sempre que nos habituámos a ver o nome Aveleda ligado ao Vinho Verde. É verdade que é lá que está o centro das operações e os maiores investimentos em vinhas, adegas e turismo. Mas a expansão, […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desde sempre que nos habituámos a ver o nome Aveleda ligado ao Vinho Verde. É verdade que é lá que está o centro das operações e os maiores investimentos em vinhas, adegas e turismo. Mas a expansão, que já incluía há vários anos a Quinta da Aguieira na Bairrada, deslocou-se também para o Douro (Quinta Vale D. Maria) e chegou agora ao Algarve. Foi ali que ficámos a conhecer a Villa Alvor. Com mar à vista mas com muito espaço para respirar, ver a natureza e plantar vinha.

TEXTO E NOTAS DE PROVA João Paulo Martins
FOTOS Luís Lopes

Estamos no Algarve, não longe da praia do Alvor, com bom tempo e o mar em fundo a chamar por nós. Aterrámos em Faro e fomos levados para a nova quinta que a Aveleda adquiriu no Algarve. Outrora Quinta do Morgado da Torre, agora Villa Alvor.
Ao longe e atrás das filas de cepas não se via ninguém. Apenas um pano laranja parecia andar por ali a passear. Foi quando o passeio chegou ao fim da carreira que percebemos que, por baixo do pano estava um trabalhador hindu, no caso específico um sikh, barbudo como manda a tradição mas empenhado na limpeza da vegetação excessiva. Vir de tão longe para trabalhar nas vinhas quando nem vinho se consome pode parecer estranho mas a carência de mão-de-obra começa a ganhar foros de calamidade e os produtores tem recebido de braços abertos trabalhadores vindos de todo o mundo. “Este é um dos caminhos, importar mão-de-obra sazonalmente, mas os entraves burocráticos são muito grandes”, disse-nos António Guedes que já no Douro (ele e quase todos os outros grandes grupos que gerem muitas quintas) se viram confrontados com uma situação dramática na última colheita.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40428″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Aqui no Algarve a situação é igualmente difícil e tenderá a agravar-se nos próximos anos, já que a Aveleda tenciona plantar 10 ha/ano nos próximos 3 anos que serão assim acrescentados aos actuais 8 ha de vinha própria de que a quinta dispõe. E espaço não falta porque estamos a falar de uma propriedade com 85 hectares de terra. A estes há que acrescentar 6 ha de vinha arrendada. O que já estava plantado não se afasta muito do que habitualmente vamos encontrando no extremo sul do país – Syrah, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e um menos habitual mas bem curioso Moscatel Roxo; na vinha arrendada encontramos Arinto, Sauvignon Blanc, Verdelho, Antão Vaz e Moscatel de Alexandria. Nas novas plantações será alargada a área de Alicante Bouschet e Touriga Nacional e o Moscatel Roxo para rosé; por respeito pela tradição local, Pedro Barbosa, responsável pela viticultura, diz-nos que irá plantar Negra Mole, a casta tinta mais tradicional da região e algumas castas da Provence para, como disse, “aproveitar a similitude de solos e clima que o Algarve tem com aquela zona”. A Provence é, a saber, a maior área de França dedicada à produção de vinho rosé – 156 milhões de garrafas em 2016 – um verdadeiro sucesso mundial. No capítulo dos brancos não haverá inovação, são as já referidas, que terão a sua área de vinha aumentada.
Um passeio, ainda que curto, pela propriedade permitiu-nos perceber que ali ainda há natureza selvagem onde pontifica a vegetação mediterrânica, onde encontramos a flora local intacta e esse património será para manter e aprofundar quando o projecto de enoturismo estiver em pleno, alargando então a área de lazer para os turistas que querem mais, além de praia e golfe. O vinho terá naturalmente o protagonismo, mas esse contacto com a natureza será também para ter em conta. E para explorar também é a história do vinho e da vinha na região, “das mais antigas da Península Ibérica”, indo à procura de variedades antigas que aqui existiram. Há um trabalho a fazer de reconstrução da imagem do Algarve junto dos consumidores e isto apesar dos vinhos algarvios serem, por força do turismo, absorvidos maioritariamente na região e por isso um bom negócio. As estruturas já existentes – loja de venda de produtos locais e vinhos da empresa, de diferentes regiões, permitem alargar o leque de ofertas, com propostas individualizadas e para grupos, com harmonização de vinhos e petiscos locais.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40432″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]ENORME POTENCIAL
Não foi à primeira que a Aveleda descobriu esta propriedade, anteriormente chamada de Quinta do Morgado da Torre, e que chegou a ter vinhos no mercado; foram várias visitas à região até que surgiu esta oportunidade de negócio e espera-se um investimento de cerca de 7 milhões de euros nos próximos anos. A vindima de 2018 originou vinhos brancos que vão ser agora comercializados mas ainda não tiveram a “mão” da Aveleda; a produção atingiu os 72 000 litros provenientes de uvas próprias e 13 250 litros de uvas compradas. O objectivo não é ficar por aqui, pretende-se atingir as 300 000 garrafas em 2022, sendo credível que possa aumentar em caso de boa resposta do mercado. A gama de vinhos a produzir insere-se em três patamares: Villa Alvor como entrada, Singular para vinhos varietais e Domus, numa gama superior. O Villa Alvor Singular tinto e o Villa Alvor Domus tinto só irão para o mercado daqui a vários meses. Já é possível fazer um balanço das variedades que melhor se portaram na última vindima e o enólogo Manuel Soares foi claro: “pelo perfil aromático e equilíbrio natural dos mostos, o Syrah e Alicante Bouschet foram uma boa surpresa e no futuro aumentaremos também a área de Moscatel Roxo a pensar no rosé; nos brancos, as castas que mais nos interessam são as que respondem bem ao clima e conseguem conservar a frescura, como foi o caso do Arinto, Sauvignon Blanc e Verdelho. A aposta vai assim ser por aqui”. Como está em carteira o estudo de castas recentes e antigas da região, é provável que novas variedades venham a ser consideradas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A resposta do mercado, dizem-nos, foi muito animadora e o interesse nestes vinhos mostra que há aqui muita margem de progressão. Mas o Algarve vai ter de batalhar para se impor como zona vitícola produtora de bons vinhos, algo que não é evidente para muitos consumidores. A região foi inicialmente demarcada em 1980, criando-se então quatro sub-regiões: Lagos, Lagoa, Portimão e Tavira. À época os únicos produtores eram as quatro adegas cooperativas correspondentes àqueles concelhos mas a demarcação foi muito contestada porque aquelas três adegas, com a excepção de Tavira, distavam entre si de meia dúzia de quilómetros. O regionalismo ditou então as regras. O tempo acabou por determinar o fecho de todas, excepto a de Lagoa, agora chamada de Adega Única do Algarve. Na memória dos consumidores estão sobretudo os vinhos tintos desta adega de Lagoa, sempre com muito pouca cor e muito álcool (o mesmo acontecia com os brancos), para os padrões dos anos 70 e 80 e essas foram algumas das razões pelas quais nunca o Algarve esteve nas preferências dos apreciadores. E quase tudo mudou desde então. Na demarcação de 80, por exemplo, indicavam-se como castas tintas recomendadas, a Negra-Mole e Trincadeira; na revisão feita em 2003 a lista passou a incluir, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Monvedro, Moreto, Negra-Mole, Syrah, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Tudo muda no reino dos Algarves…[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”60″][image_with_animation image_url=”40433″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Aveleda tem assim o desafio de conquistar não só os consumidores internos como os mercados de fora. Dizem-nos que o interesse de alguns mercados externos na gama de entrada tem sido surpreendente e isso é naturalmente animador para a comercialização destes vinhos. A diversificação tem sido um dos aspectos mais importantes que tem norteado a empresa e os investimentos no Douro e na Bairrada ajudam a essa ideia de diversidade. Afinal já estamos a falar no total de cerca de 650 ha de vinha dispersos em várias regiões, com tudo o que isso obriga de conhecimento e “avaliação” de cada local, de cada solo e cada microclima. Aqui falamos de calcário, no Douro falamos de xisto, na Bairrada de um misto entre barros e calcário, nos Verdes temos uma enorme diversidade, com o granito bem presente. O Algarve é assim um desafio adicional para todos os sectores da empresa, da viticultura à distribuição, passando pela enologia, algo de que António Guedes, administrador da Aveleda, está bem consciente. E o desafio de ver a praia no horizonte e ter de ir trabalhar na vinha, com o sol e calor a espreitarem, não é sofrimento menor…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”VINHOS EM PROVA”][vc_column_text]

[/vc_column_text][vc_column_text]

Edição Nº27, Julho 2019

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Rumo a um futuro melhor

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Beira Interior é uma região com múltiplas facetas na produção de vinho. Mas uma grande força vai-se mantendo, que é o domínio das cooperativas na produção de vinho. A Cooperativa Beira Serra é das mais pequenas […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Beira Interior é uma região com múltiplas facetas na produção de vinho. Mas uma grande força vai-se mantendo, que é o domínio das cooperativas na produção de vinho. A Cooperativa Beira Serra é das mais pequenas e há alguns anos alterou um rumo que perdurava há décadas. E em boa hora o fez…

TEXTO António Falcão
FOTOS Ricardo Gomez

Rumamos a Vila Franca das Naves, povoação do concelho de Trancoso, distrito da Guarda. Esta¬mos a norte do enorme Parque Natural da Serra da Estrela, que engloba a mais alta serra de Portugal Continental, mas, curiosamente, aqui o terreno nem sequer é montanhoso. Estamos numa espécie de planalto – mas, para que não existam dúvidas, o nosso altímetro ronda quase sempre os 550 metros. Paisagem tipicamente agrícola, com pequenas vinhas espalhadas um pouco por todo o lado, alguma floresta e muito granito à vista. Mesmo muito. Terras pobres, portanto. Enfim, nada que seja estranho à região da Beira Interior, que a sul, na Beira Baixa, encosta ao Alto Alentejo, e a Norte, junto a Figueira de Castelo Rodrigo, se aproxima do Douro. O Dão está a sul, também muito perto, especialmente das zonas vitícolas encostadas à Serra da Estrela. Gouveia, por exemplo, está a menos de 40 quilómetros em linha recta.
Não é preciso perguntar a ninguém do local para adivinhar que estas são terras de clima fresco, mas seco, que provocam maturações lentas. E é exactamente isso que nos diz João Guerra: “já cheguei a vindimar a 20 de Outubro (a casta Touriga Nacional). Nós somos os últimos a vindimar na região”. João Guerra tem vinhas a mais de 700 metros de altitude. Médico de família local, João Guerra é o presidente da Beira Serra Vinhos, o nome comercial da Cooperativa Beira Serra (beiraserravinhos.pt), que lhe dá um toque mais sofisticado e, ao mes¬mo tempo, indica a proximidade à Serra da Estrela, e, porque não, a vizinhança às serras da Marofa e Malcata[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40418″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]UMA ADEGA COM 63 ANOS DE IDADE
A adega nasceu em 1956 mas até 2000, mais ou menos, viveu sobretudo do vinho a granel. Tinha grandes clientes e Joaquim Gamboa, o director executivo da casa, ainda se lembra de ouvir falar desses tempos: “toda a gente nos vinha comprar vinho branco e rosé. O Mateus Rosé, por exemplo, chegou a sair daqui já em garrafa. E saía muito vinho para espumantes, também”. A estratégia foi funcionando durante várias décadas, mas não deixou a adega rica. Entretanto, mudanças nos mercados e a concorrência de produtores mais poderosos, como a vizinha adega de Pinhel, por exemplo, com quase 20 milhões de litros (uma das maiores do país), ditou mudanças de estratégia no início do século. Diz Joaquim Gamboa que “a partir de 2000, as direcções entenderam começar a engarrafar algum”. Ao que parece, este vinho ia-se venden¬do, mas sem grandes resultados. Joaquim Gamboa fala da falta de notoriedade nas marcas e pouca agressividade comercial. Já no final da década, os associados votaram numa nova direcção e entraram Joaquim Gamboa, João Guerra e Jorge Lucas. Corria o ano de 2013.
Os três directores são associados da cooperativa, mas Joaquim Gamboa, que passou cerca de 40 anos em Lisboa e chegou a ter uma garrafeira na capital (Culto do Vinho), arrancou, entretanto, uma parte da vinha que herdou. Pouco percebia de agricultura e o pai, ainda nestas terras, foi o principal ‘responsável’: “isto não é vida para vocês”, dizia ele enquanto o enxotava das tarefas do campo. Mas Gamboa regressou a Vila Franca das Naves e é aqui que é feliz. Uma das vinhas sobreviventes tem provavelmente mais de um século.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]UMA NOVA ERA COMEÇA EM 2013
Corria 2013 e a nova direcção decide gerir a cooperativa como uma empresa. Sabendo que o mercado de granel tinha os dias contados, começa a apostar cada vez mais no vinho engarrafado (ou em bag in box). E decide voltar-se cada vez mais para a qualidade.
Joaquim recorda: “Mudámos rótulos, mudámos garrafas, alterámos a imagem da cooperativa. Tomámos iniciativas de marketing e promoção dos vinhos, investimos muito em feiras, mas apenas no mercado nacional. Mas sabe¬mos que promover marcas leva anos…”
As mudanças não ficaram por aqui. “As coisas estavam muito degradadas quando entrámos”, diz João Guerra. A direcção decide por isso investir na área técnica, tanto na fermentação como no armazenamento. Por exemplo, os antigos depósitos de cimento foram revestidos a epoxy e levaram placas de frio. Este ano comprou-se uma linha de engarrafamento. Tudo a pouco e pouco, porque o dinheiro é escasso.
A estratégia passou ainda pelos recursos humanos. Houve um melhor aproveitamento do enólogo consultor Carlos Silva, que já exercia aqui há uns anos. Carlos, na altura da equipa da Vines & Wines, trabalha sobretudo na vizinha região do Dão e é um técnico tão à vontade com grandes volumes como em pequenas tiragens de vinhos de quinta. Para o ajudar na adega está Artur Figueiredo, o enólogo residente. Esta dupla, com os novos equipamentos, tem conseguido tirar melhor partido das uvas que chegam todos os anos à adega de Vila Franca das Naves. Ou seja, a qualidade média dos vinhos foi melhorando. Mas há ainda muita margem para crescer…[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][image_with_animation image_url=”40420″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]UMA QUESTÃO DE NOTORIEDADE
O passado negro começa a ficar para trás, mas a Beira Serra Vinhos enfrenta diversos desafios importantes para o futuro próximo. O primeiro é criar maior notoriedade nas suas marcas de topo da casa: Fora de Jogo, Boa Pergunta e Óptima Pergunta. João Guerra – na altura na Assembleia Geral (órgão não executivo) – assistiu à origem destes exóticos nomes. O primeiro surgiu por um mau motivo: por questões legais e desleixo, a empresa perdeu a marca Vilas Francas, forte na altura, e alguém disse que estavam agora “Fora de Jogo” no mercado. Nas discussões à volta destes temas, alguém colocou uma questão pertinente e surgiu o comentário: “essa é uma boa pergunta”. “Boa pergunta?” para aqui e para ali, e logo ali se decidiu avançar com a marca, que chamava a atenção. Daí até passar para o Óptima Pergunta foi um pequeno passo, dentro do mesmo conceito, uma espécie de ‘upgrade’ e o vinho mais caro da casa.
O outro grande desafio tem mais a ver com a demografia que com o negócio. De facto, poucas regiões sofrerão os custos da interioridade como esta: a maioria da população está envelhecida e não se sabe quantos serão os viticultores que estarão em condições de tratar dos vinhedos da região. Na realidade, são cerca de 400 os associados que entregam uva na Beira Serra, com data programada e geralmente por castas. Mas inscritos estão cerca de um milhar. “Como o cadastro não foi actualizado, mui¬tos sócios morreram, entretanto, ou arrancaram a vinha, ou saíram da região”, diz Gamboa. O panorama actual divide-se, de grosso modo, desta forma: de um lado muitos sócios já idosos com cerca de 1 hectare e ainda com força para tratarem da vinha, quase sempre velha; depois, alguns jovens com 4 ou 5 hectares, que reestruturaram a vinha; e meia dúzia que têm áreas superiores e também possuem vinhas reestruturadas. As castas mais tradicionais – as brancas Fonte Cal e Síria e a tinta Rufete, por exemplo – estão a desparecer a pouco e pouco, à medida que as vinhas velhas vão desaparecendo. Uma estratégia seria pagar melhor estas uvas, mas a Beira Serra não tem condições para isso. Mesmo o preço base para as uvas, numa base de quilo e grau alcoólico provável de 10 graus, ronda os 21 cêntimos. Mas poderá chegar aos 30 e mais cêntimos, com uvas de bom grau de Touriga Nacional, por exemplo. A Tinta Roriz também tem bonificação. As boas uvas de vinhas velhas acabam por compor os lotes dos melhores vinhos, mas não têm especiais bonificações.
Para piorar as coisas, os anos de 2017 e 2018 foram madrastos para os viticultores locais. Condições climatéricas adversas fizeram com que a produção descesse substancialmente. E, finalmente, começa a existir uma preocupante falta de mão-de-obra, especialmente na vindima. Este, infelizmente, começa a ser um problema nacional…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]À PROCURA DE FAMA
Este grupo heterogéneo de que falámos atrás coloca na adega cerca de 4 mil toneladas de uva, o correspondente a mais de 3 milhões de litros de vinho. Cerca de um terço para vinho branco, o resto para tinto.
Para garrafa vai cerca de um terço da produção e a direcção sabe que existe aqui muita margem para crescer. O problema, aparente¬mente, não está na qualidade dos vinhos. Joaquim Gamboa explica: “os nossos vinhos são muito bons e mesmo os Beira Serra colheita (como o Colheita Seleccionada e o Selecção dos Sócios) batem-se contra alguns reservas de outras regiões. O nosso problema número 1 é o rótulo dizer Beira Interior…”. Pior ainda, tem histórias que, segundo ele, comprovam isto.
O médico João Guerra sabe que é assim, mas o problema tem raízes mais fundas: “esta zona é desprotegida, mesmo no contexto do que é o interior de Portugal”. Joaquim Gamboa reforça: “Não queremos dinheiro a fundo perdido, não acredito nisso; basta-nos linhas de crédito com juros razoáveis”.
Ambos os directores sabem dos riscos do abandono da propriedade na Beira Interior. “Ainda hoje veio aqui um sócio a dizer que já não tem força para tratar da vinha e disse-nos que vai arrancá-la. Nós não podemos fazer nada”, diz o director. E acrescenta: “se hoje fechássemos portas, metade dos cafés e casas comerciais fechavam também”. João Guerra acha que as próprias câmaras municipais poderiam dar uma ajuda.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40421″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]UMA REGIÃO COM MUITO POTENCIAL
Os pensamentos negativos ficam para trás. João Guerra quer focar-se nos positivos: “Temos coisas muito boas, muita sustentabilidade: eu, por exemplo, faço produção integrada há mais de 30 anos! E gastamos muito menos produtos fitossanitários que em várias outras regiões do país. Este ano, por exemplo, apenas fiz três tratamentos!”. Vinhos com poucos químicos é música para os ouvidos de muitos consumidores. Tal como a frescura. João Guerra sabe que o clima desta região potencia vinhos brancos e tintos muito frescos e longevos, é verdade, mas tintos com tendência para mostrarem taninos aguerridos e alguma adstringência. Por isso, ‘suavizar’ os vinhos é uma parte do trabalho da equipa de enologia, mas não só. É frequente membros da direcção estarem presentes na feitura dos lotes e J. Gamboa justifica: “quem anda lá fora sabe melhor aquilo que os consumi¬dores gostam”.
Outro desafio vai para a comercialização. A casa tem alguns agentes na zona de Lisboa e outras zonas do país, mas Gamboa tem pena que não consigam fazer uma maior promoção do vinho da Beira Serra. “faz-nos falta um vendedor na zona de Lisboa”. Para o estrangeiro também vai bastante vinho, especialmente para França: o ano passado saiu para a terra dos gauleses quase 1 milhão de euros de vinho! A grande maioria, infeliz¬mente, vinho muito barato. “Muito rosé para as francesas”, diz Gamboa, mas sobretudo para abastecer o mercado da saudade.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]RUMO A UM FUTURO MELHOR
“Desde 2013 a casa tem crescido muito em notoriedade”, diz Gamboa. “Conseguimos arrumar a casa. Este ano vamos distribuir 500.000 euros aos sócios e note que foi um ano de pouca produção”, acrescenta João Guerra.
Existe ainda um projecto para enoturismo, a fazer em conjunto com a Comissão da Beira Interior, que está a criar a Rota dos Vinhos. Uma casa dos anos 60 dentro do parque da adega poderá assim ser recuperada e convertida em loja de vinhos e merchandising.
São boas notícias, mas Joaquim e João sabem bem que muito há ainda para fazer. Mas, afastando de vez maus pensamentos, João Guerra não hesita: “esta casa é para continuar. E para contribuir que a região da Beira Interior tenha o lugar que merece no panorama vitícola nacional”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”VINHOS EM PROVA”][vc_column_text]

[/vc_column_text][vc_column_text]

Edição Nº27, Julho 2019

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Luz Verde para a Herdade das Servas

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há mais de três séculos que a família Serrano Mira produz vinho no Alentejo. Agora, a Herdade das Servas deu um passo gigante de 450 quilómetros e assumiu o desafio dos Vinhos Verdes. Razão e emoção conjugaram-se […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há mais de três séculos que a família Serrano Mira produz vinho no Alentejo. Agora, a Herdade das Servas deu um passo gigante de 450 quilómetros e assumiu o desafio dos Vinhos Verdes. Razão e emoção conjugaram-se numa história cujo primeiro capítulo vínico acaba de sair para o copo.

TEXTO Luís Francisco
NOTAS DE PROVA Luís Lopes
FOTOS Savage

A pergunta andou sempre no ar, mas acabou por surgir já no final da visita, uma chuva miudinha a juntar toda a gente debaixo do telheiro no exterior da adega  “O que faz um alentejano na região dos Verdes?” E a resposta foi imediata: “Vinho!” Com um sorriso, Luís Serrano Mira, um dos líderes do projecto familiar Herdade das Servas, definia assim a primeira aposta deste produtor secular fora do seu Alentejo. Fazer vinho, como sempre, mas agora com “o desafio de o fazer numa região diferente”.
A ideia já tinha alguns anos e a oportunidade surgiu em 2017, com a aquisição da Casa da Tapada, uma propriedade entre Amares e Fiscal, com 24 hectares, 12 dos quais de vinha. Os valores do negócio estão protegidos por uma cláusula do contrato de aquisição, mas, sabendo-se que a quinta, propriedade da Fuji, estava à venda por 3,5 milhões de euros, pode ter-se uma noção mais aproximada dos montantes envolvidos. “Há muitos anos que andávamos à procura… Agora reuniram-se as condições”, explica Luís Serrano Mira.
A Casa da Tapada é um local de muita história e extraordinária beleza natural. Mandada construir em meados do século XVI – por Francisco Sá de Miranda, poeta que introduziu o soneto nas letras portuguesas , a mansão, toda em pedra, recebeu melhoramentos no século XVII e foi ampliada no século XIX, dando forma final a um belo e imponente edifício rodeado de jardins, vinhas e arvoredo. À volta, um conjunto de construções secundárias e uma enorme capela (data de 1618) constituem o núcleo urbano, que domina um pequeno vale plantado com vinhas e a encosta sobranceira, onde as uvas dividem protagonismo com uma mata centenária.
Ao investimento inicial na aquisição da Casa da Tapada, seguiu-se recentemente a decisão de reestruturar as vinhas, que estavam plantadas em socalcos muito estreitos, dificultando a viticultura moderna. Numa primeira fase, foram arrancados entre sete e oito hectares de vinha, na abrupta vertente da montanha (o desnível entre a parte mais baixa da quinta e o topo ronda os 80 metros) e as máquinas afadigam-se agora a criar plataformas mais extensas que receberão os novos vinhedos. “Tínhamos aqui uns 30 patamares, queremos criar apenas três ou quatro”, revela Luís Serrano Mira.
Muito trabalho pela frente, até porque, como explica Ricardo Constantino, o enólogo das Servas, “é preciso retirar primeiro a camada de solo fértil que está por cima, para a recolocar depois de feitas as movimentações de terras”. Paulatinamente, e apesar das complicações causa¬das pela chuva miudinha que teima em cair, escavadoras, tractores e camiões vão cumprindo a tarefa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]CHEGAR ÀS 350 MIL GARRAFAS
O encepamento, maioritariamente (nove hectares) constituído por Loureiro, a variedade emblemática do vale do Cávado, mas também com Alvarinho, deverá ser complementado com a plantação de algum Arinto, casta “globetrotter” da paisagem vínica portuguesa e que nesta região é conhecida como Pedernã. “Queremos ser um produtor que acrescente valor à região. O tempo dirá se o consegui¬mos, mas, acima de tudo, queremos integrar-nos sem pressa, mostrando que temos uma filosofia correcta e esperando que as pessoas percebam isso”, assume Luís Serrano Mira.
A última colheita Casa da Tapada era de 2009 e saiu para o mercado em 2011. Daí para cá, as uvas foram sendo vendidas a outros produtores. Até ao ano passado, já com a equipa de enologia da Herdade das Servas aos comandos. Com o selo de 2018, saíram para o mercado 80.000 garrafas, repartidas por duas marcas: CT, um monovarietal de Loureiro; e Casa da Tapada, um blend de Loureiro e Alvarinho. Ambos são DOC Vinhos Verdes e a intenção é “crescer para o dobro já em 2019 e depois de forma segura até às 350.000 garrafas/ano”. Um número interessante, a juntar aos 1,2 a 1,5 milhões anuais que vêm dos 350 hectares de vinha não regada em Estremoz.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40408″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Para cumprir estes objectivos – e tendo em conta que mais de metade da vinha está a ser reestruturada – será preciso, no futuro imediato, comprar uva na região. “Temos o compromisso assente, para aquisição de uvas cultivadas em regime de produção integrada. Compraremos essencialmente Loureiro, porque o Casa da Tapada é um vinho de mercado mais restrito; o CT é que é de divulgação geral”, resume Luís Serrano Mira, que assume a enologia destes vinhos, em permanente ligação com Ricardo Constantino, já com muito “pano para mangas” nas Servas, a 450 quilómetros de distância…
Para dar corpo a esta dupla ambição de fazer bom vinho e crescer no mercado, a Casa da Tapada conta com uma adega onde a capacidade instalada é de 180.000 litros na zona de fermentação e de outros tantos na zona de armazenagem. Ainda há muito para fazer, mas os planos estão traçados: recolocar os lagares de granito, que estão noutra zona do complexo, equipar a cave para espumante e barricas numa zona subterrânea (tem uma extensão de horta e jardim sobre a cobertura) e aumentar a área coberta da adega em 700 metros quadrados, ganhando mais espaço para armazenamento e englobando uma pequena construção ali ao lado, onde existem lavabos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40407″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]NATUREZA MÁGICA
Mas a Casa da Tapada, classificada como Imóvel de Interesse Público em 1977, é muito mais do que uma unidade agrícola (onde, já agora, também crescem as famosas laranjas de Amares). A beleza intrínseca do local e das construções feitas pelo Homem fundem-se num cenário de grande harmonia, onde o peso da história se faz notar para onde quer que olhemos. Fontes, estátuas em pedra, jardins românticos, uma capela de enormes dimensões e com vetustos retábulos em madeira trabalhada (a necessitarem de restauro, tarefa que a família Serrano Mira pretende assumir), construções secundárias onde avulta a magnífica varanda de madeira da Casa da Eira.
Existem neste edifício quatro quartos, a que se juntam mais 11 no edifício principal. Isto parece talhado à medida de um hotel de charme em ambiente rural… “Verdade”, concede o nosso anfitrião. “Mas o alojamento não é a nossa prioridade em termos de enoturismo. Para já, abrimos a loja e vamos começar a apostar nas visitas. Por enquanto ainda não são pagas, mas passarão a ser assim que entre ao serviço uma pessoa dedicada a essa área.” E é exactamente para a loja que Luís Serrano Mira conduz a comitiva da visita à Casa da Tapada.
É uma casinha (de pedra granítica, claro), já identificada com a tabuleta Loja da Quinta, e onde encontramos meias pipas a servirem de mesas para provas, sofás, alfaias agrícolas, cestos de vime e estantes de madeira com as garrafas das referências da casa em exposição. E também temos aqui três grandes cartazes, que identificam as aves frequentadoras da propriedade: são seis predadores diurnos, outros tantos nocturnos e mais 28 espécies de passarada. Se isto já faz salivar os observadores de aves, acrescente-se um “pequeno” detalhe: o cenário que acolhe esta biodiversidade é um espanto!
Quase metade da quinta (dez hectares) está ocupada por uma mata centenária, que se pode percorrer usando a estrada empedrada que vai até ao topo. Ao longo do percurso encontramos sobreiros gigantes, pinheiros portentosos, araucárias imponentes, um mar de fetos cobrindo o chão. Se está a imaginar-se em Sintra ou no Buçaco, é isso mesmo. Até o pormenor das erupções rochosas de blocos arredondados de granito reforça essa impressão. Mas há mais: fontes, zonas com mesas em pedra para piqueniques, uma capela no meio das rochas. E, para completar a experiência, lá no alto, junto a um portão que também dá acesso à propriedade, a estrada alarga-se num verdadeiro miradouro sobre as vinhas e as construções da quinta. Para trás de nós está a serra Amarela, sobre a esquerda os primeiros contrafortes do Gerês.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]MEMÓRIAS DE FAMÍLIA
Regressamos ao edifício principal da quinta, até porque a chuva, que concedeu tréguas para este passeio, começa a cair com mais intensidade. Altura para rodear a mesa e provar os vinhos da casa, que confirmam a sensação de frescura e o perfil mineral que se recolhem da paisagem em redor.
Para além das duas referências que agora saem para o mercado, a família Serrano Mira não adianta, para já, outros planos em concreto. Mas a decisão de plantar Arinto e as obras na cave de espumantes são indicadores de que haverá novidades, pelo menos a médio prazo. E, ao servir, no final da refeição, a aguardente vínica Casa da Tapada, Luís Serrano Mira mostrou outra pista. Apesar de já não se fazer há anos, ainda pode ser encontrada no comércio, a preços que rondam os 100 euros, e a ideia de provar este “espírito” 100% Loureiro, com envelhecimento em torno dos 20 anos, foi “perceber o potencial da aguardente vínica de Loureiro, pensando no que um dia poderá vir”…
Mas voltemos à pergunta inicial. Porque é que um produtor “nado e criado” no Alentejo se lança no desafio de fazer vinho numa região tão diferente como a dos Verdes? “Há a questão empresarial, claro.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”40413″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A família Serrano Mira quer crescer no negócio dos vinhos e surgiu esta oportunidade. Mas há também um lado emocional”, concede Luís. “Em casa dos meus avós, por força da amizade com a família Coelho, que era de Vila Nova de Famalicão e produtora de vinho, o Verde sempre esteve à nossa mesa. Isso e jesuítas e pão-de-ló da Trofa!”
Essa ligação emocional também pesou na decisão de adquirir a Casa da Tapada. De Estremoz a Amares são cerca de 450 quilómetros de distância, mas a viagem no espaço faz-se também no tempo, rumo às recordações da infância. É que o vinho faz-se com uvas, mas também de emoções.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”VINHOS EM PROVA”][vc_column_text]

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Edição Nº27, Julho 2019

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Corton-Charlemagne, brancos em modo de excelência

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] Há vinhos famosos e depois… há os Grand Cru da Borgonha. TEXTO E NOTA DE PROVA João Paulo Martins FOTOS cortesia do produtor Ao contrário dos tintos, os Grand Cru brancos da Borgonha são poucos e […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Há vinhos famosos e depois… há os Grand Cru da Borgonha.

TEXTO E NOTA DE PROVA João Paulo Martins
FOTOS cortesia do produtor

Ao contrário dos tintos, os Grand Cru brancos da Borgonha são poucos e fáceis de identificar. Todas as áreas de brancos Grand Cru são de diminutas dimensões; a maioria está situada a volta da célebre vinha Montrachet (7,99 ha) que, de tão famosa, acabou por dar o seu nome para as vinhas vizinhas que também se reclamam do mesmo título: Bâtard-Montrachet, Chevalier-Montrachet, Criots Bâtard-Montrachet e Bienvenues Bâtard-Montrachet. Fora deste núcleo apenas temos Corton-Charlemagne. Numa Borgonha mais alargada teremos também de incluir os Grand Cru de Chablis que são sete. Foi em 1936/7 que se fez a demarcação e hierarquização das parcelas da Borgonha. De então para cá nada mudou, como é apanágio dos franceses, com algumas parcelas a reclamarem o estatuto de Grand Cru mas…estão a pregar no deserto! Corton-Charlemagne (ou uma pequeníssima quantidade que apenas refere Charlemagne) é, de longe a maior área de Grand Cru com um pouco mais de 52 ha de vinhas plantadas com Chardonnay e a casa Louis Latour é a maior proprietária com 11 ha; muitos outros produtores e “maisons de négoce” são também detentores de parcelas nesta grande vinha, encimada pelo bosque de Corton e onde anualmente se produzem à volta de 300 000 garrafas de branco. Os Hospices de Beaune e Bonneau du Martray são também importantes proprietários. A fama, essa, remonta à época d Carlos Magno (séc. VIII) que aqui mandou plantar branco em vez de tinto, a gosto da sua mulher. Como é normal na região, as várias marcas têm reconhecimento público muito diverso e por isso os preços podem ter variações muito significativas, em função da procura e da limitada oferta. Mesmo ao lado das vinhas do branco estão as vinhas plantadas com Pinot Noir que também perfazem uma larga área de tintos Grand Cru, a maior área da Borgonha com a classificação máxima e que corresponde a cerca de 500 000 garrafas/ano. Nos rótulos poderão aparecer outras indicações que se referem às (muitas) parcelas existentes dentro da AOC Corton. Nada fácil como se sabe…
A boa exposição e as características do solo permitem produzir um branco muito rico, muito concentrado e que tem imensa longevidade, reconhecida por vários autores que identificam estes bancos como os mais longevos da Borgonha. Aqui estamos a beber Borgonha, não estamos a provar Chardonnay. É essa a grande virtude da região e é a bandeira que os borgonheses orgulhosamente ostentam. Caros? Sim! Raros? Não tanto como outros Grand Cru e por isso o lamento é apenas relativo a um dos lados da equação! E quando falamos de brancos famosos no mundo, estes estão na primeira linha das escolhas, justificadamente presentes no Passeio da Fama.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Edição Nº26, Junho 2019

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Colecção – O templo do deus Whisky

A paixão de Alfredo Gonçalves pelo whisky vem desde os seus tempos em Angola, quando começou a juntar garrafas que trazia das muitas viagens ao estrangeiro. Décadas de dedicação criaram um espólio notável do que se vai destilando pelo mundo. Hoje, em Lisboa, mora uma das maiores colecções privadas do planeta de garrafas e artigos […]

A paixão de Alfredo Gonçalves pelo whisky vem desde os seus tempos em Angola, quando começou a juntar garrafas que trazia das muitas viagens ao estrangeiro. Décadas de dedicação criaram um espólio notável do que se vai destilando pelo mundo. Hoje, em Lisboa, mora uma das maiores colecções privadas do planeta de garrafas e artigos ligados ao whisky.

Texto: Luís Francisco
Fotos: Ricardo Gomez

A 20 de Dezembro de 2005, o Livro Guinness dos Recordes emitiu um certificado: “Alfredo Gonçalves, de Lisboa, Portugal, juntou 10.500 garrafas de whisky diferentes e dos mais diversos formatos. A sua colecção está aberta ao público na sua loja Whisky & Co, em Lisboa, Portugal.” Quase década e meia depois, o número de garrafas subiu para perto das 13.000 e, apesar a de entidade que regista os recordes não ter respondido em tempo útil ao pedido de esclarecimento enviado pela “Grandes Escolhas”, esta é, certamente, uma das maiores colecções privadas de garrafas de whisky no mundo.
Alfredo, com 90 anos, continua a frequentar o templo dedicado à bebida que sempre foi a sua paixão, mas a condução dos negócios e a gestão do museu estão agora nas mãos dos filhos. O certificado do Guinness de 2005 continua lá, emoldurado, num dos poucos centímetros quadrados de espaço não ocupado por garrafas ou outros artigos alusivos ao whisky. Actualizá-lo implica a elaboração de um novo dossier e essa é uma tarefa que leva o seu tempo… Apesar da ajuda de Alfredo Gonçalves, cuja memória prodigiosa lhe permite desfazer dúvidas e omissões, os filhos ainda estão a “ganhar coragem” para deitarem mãos à tarefa.
Quem o assume é Luísa Gonçalves, que nos recebe nas instalações da Whisky & Co, ali entre o Campo Pequeno e Entrecampos. Quem entra na loja, bem organizada e de visual bem equilibrado entre a funcionalidade moderna e a beleza rústica de elementos tradicionais, mal pode imaginar o que está lá ao fundo, nas salas por trás do balcão. São três divisões, literalmente forradas a whisky… Um local único, belíssimo, de uma magia muito especial. A verdadeira essência da Whisky & Co. Sim, porque o museu não nasceu por causa da loja; o processo foi exactamente o oposto: existe loja porque havia uma colecção.
À entrada, as melhores e mais prestigiadas marcas estão à venda. Lá dentro, aguarda-nos uma surpresa incrível, marcada desde logo pela divisão inicial, dedicada ao bourbon (whisky norte-americano). Os americanos têm destas coisas e, pelos vistos, adoram engarrafar a sua bebida favorita das mais inacreditáveis formas e feitios.
Há telefones, camiões, botas, peças em porcelana, motivos de Natal, estátuas de Elvis Presley (com música!), Marylin Monroe, uma reconstituição do célebre duelo no OK Corral… E pares que dançam, animais, o Space Shuttle, carros dos bombeiros, tractores, comboios, capacetes, trenós, barcos, carroças, aviões e helicópteros, carrinhos de mão e bicicletas. Nem vale a pena continuar – o melhor será mesmo passar por lá e descobrir, prateleira após prateleira, sala após sala, o mundo incrível das garrafas de whisky que são tudo menos garrafas.

Whisky do Nepal

Passamos à segunda sala, onde as vitrinas exibem magníficas garrafas e do tecto pendem canecas. Logo à entrada temos o “registo” da família, com uma garrafa do ano de nascença de cada um dos membros – Alfredo e a sua mulher, Alice, numa prateleira; os quatro filhos, noutra; os seis netos, abaixo. Junto à entrada, a secção dedicada aos whiskies japoneses (quem viu o filme “Lost in Translation”, de Sophia Coppola, conhece pelo menos uma: Suntory); no resto do espaço reinam os maltes escoceses e irlandeses.
A colecção está organizada por destilarias e as peças notáveis vão surgindo por todo o lado. Os Family Casks da Glenfarclas de 1952 a 1994, as pequenas amostras que fazem pensar numa loja de perfumaria, algumas garrafas que são armas (adagas, espingardas), outras dedicadas a pilotos de Fórmula 1 (David Coulthard ou Jim Clark, por exemplo), exemplares artísticos em vidro branco modelado nas mais diversas formas (globos, barcos, elefantes, sapatos, etc…).
Mas é na terceira sala, dedicada aos blends, que estão os exemplares mais antigos da colecção. Foi aqui que o museu começou a ganhar forma. “No princípio”, explica Luísa, “tudo isto estava em casa, depois veio para aqui e foi ocupando cada vez mais espaço.” Neste momento, dirá um leigo, não cabe mais nada, mas há sempre maneira de ir arrumando e rearrumando, encaixando mais alguma peça neste puzzle fantástico. E, por falar em peças, eis que deparamos com dois tabuleiros de xadrez de grandes dimensões em que as figuras, claro, são recipientes de whisky.
Num dos cantos, uma área particularmente curiosa da colecção: os whiskies de países menos habituais. Genericamente, há cinco “escolas” de whisky reconhecidas internacionalmente: Escócia, Irlanda, EUA, Canadá e Japão. Mas isso nunca impediu ninguém de emular o seu estilo favorito e isso explica que encontremos aqui rótulos da Áustria, da Argentina, de Angola, do Brasil, da Bélgica, de Marrocos, da Turquia, da Índia, do Chile, da Jamaica, de Cuba, do Egipto, do Butão, da Bulgária, do Nepal, do Laos, do Paquistão, da Tailândia, do Vietname, do Sri Lanka, da Nova Zelândia… Entre muitos outros.
Portugueses, também. Várias garrafas de whisky Ricardo (engarrafado por Celestino Dias Sardinha, de Encarnação, Mafra); ou o Old Anchor, das Fábricas Âncora, em Lisboa. Do “famoso” “whisky de Sacavém” é que nem sinal…
Adiante. Colecção completa da Guerra dos Tronos? Sim. Todos os presidentes dos EUA? Confere. Dezenas de papas diferentes? Estão lá. Rótulos espectaculares com imagens da autoria de pintores escoceses, em séries subordinadas a temas como “The Sea” ou “The Animals”. Um armário de miniaturas. Garrafas envoltas em cabedal, cantis, pequenas barricas, baldes de gelo e caixas sobre os expositores, até chegarem ao tecto. Uma garrafa de Jameson numerada e com o nome “Alfredo Gonçalves” no rótulo.

Tudo começou em Angola

Algumas das peças aqui expostas podem valer muito dinheiro – um leigo dificilmente as distingue no meio de tanta coisa vistosa, mas algumas garrafas da colecção estão avaliadas em milhares de euros. E, no entanto, o museu tem entrada gratuita. “Nunca cobrámos”, explica Luísa. “Para o fazermos, acho que teríamos de oferecer outras condições, tornar a exposição mais didática. Talvez um dia…”
Quem visita a loja pode sempre solicitar a entrada nas salas das traseiras e, mediante disponibilidade de quem está a atender, circular por entre estes testemunhos da universalidade da bebida espirituosa mais popular no mundo. Um casal de jovens noruegueses faz exactamente isso, espantando-se com as peças que surgem a cada passo. Quanto a nós sentamo-nos para conversar um pouco sobre as histórias que estão por trás desta notável colecção.
Alberto Gonçalves já não se sente em condições de enfrentar a exposição mediática, mas Luísa e José Carlos, o outro filho que trabalha na Whisky & Co, recordam que tudo começou nos anos 1960, quando o pai estava em Angola. “Ele gostava muito de descobrir novos whiskies e em Angola não havia muita coisa. Como tinha uma agência de viagens, andava muito pelo mundo e ia comprando umas garrafas. Não se bebia todo e ele foi guardando.” Em 1975, na sequência do processo de descolonização, Alberto e a família regressaram a Portugal e ele conseguiu trazer consigo muitas das garrafas que começara a coleccionar.
“Até 2001, quando a loja abriu, era uma colecção exclusivamente particular. Depois abrimos este espaço e começamos a aceitar visitas, grupos pequenos – e tem de ser assim, porque não pode haver muita gente naquele espaço. Os corredores são apertados e basta um descuido para alguma coisa se partir”, explica Luísa.
No princípio, a maior parte das raridades e peças curiosas eram adquiridas durante as viagens pelo mundo, viagens em que Luísa foi muitas vezes a companhia do pai. Pormenor curioso: por uma razão ou por outra, ela nunca foi à Escócia… “É uma vergonha!”, assume, com um sorriso. A partir do momento em que a loja abriu, a colecção recebeu um grande impulso: fornecedores, amigos, contactos, muita gente começou a contribuir. “E também houve muitas garrafas compradas na Garrafeira Nacional, que a dada altura era o único sítio onde se encontravam algumas marcas.”
De uma maneira ou de outra, Alberto foi juntando artigos ligados ao whisky. Hoje serão perto de 13.000 garrafas e, ainda que sem ver renovado o reconhecimento oficial lavrado por escrito em 2005, esta continua a ser uma das maiores colecções privadas do género no mundo. Imperdível.

TEMPLOS DE GARRAFAS

No mundo do colecionismo, as quase 13.000 garrafas exibidas nas instalações da Whisky & Co, em Lisboa, são um dos números mais impressionantes a nível mundial. Mas há outros. Em Itália, nos arredores de Veneza, Diego Sandrin, proprietário do bar Lion’s Whisky, exibe uma colecção que pode andar entre os 20.000 e os 25.000 exemplares. O mais famoso museu do género é o The Scotch Whisky Experience, em Edimburgo, que junta quase 4000 garrafas – o espólio pertence à distribuidora Diageo, que o adquiriu ao colecionador brasileiro Claive Vidiz. Em Sassenheim, na Holanda, estão cerca de 3000 garrafas, das mais raras do mundo (o museu, integrado nas instalações de uma empresa de investimentos, adequadamente chamada Scotch Whisky International, exibe a colecção do italiano Valentino Zagatti). Finalmente, e porque isto de ver é bonito, mas beber é ainda melhor, os fanáticos do whisky não podem perder uma visita ao bar do Hotel Skansen, na ilha sueca de Öland: lá poderão escolher entre 1179 marcas diferentes.

 

Edição Nº26, Junho 2019

O engarrafamento

Um dos mais determinantes passos na produção de vinho. Estamos na época do ano em que há “engarrafamentos” nos engarrafamentos de vinho. Todos querem ter cubas ou depósitos vazios para receber a próxima vindima e é uma azáfama de Norte a Sul na compra de garrafas, rolhas e prestações de serviços. Texto: João Afonso O […]

Um dos mais determinantes passos na produção de vinho. Estamos na época do ano em que há “engarrafamentos” nos engarrafamentos de vinho. Todos querem ter cubas ou depósitos vazios para receber a próxima vindima e é uma azáfama de Norte a Sul na compra de garrafas, rolhas e prestações de serviços.

Texto: João Afonso

O engarrafamento tem por fim acondicionar o vinho num vasilhame que assegure a conservação das suas características organolépticas por um período de tempo mais ou menos longo.

Passos e atos

O enxaguamento é o primeiro passo importante do engarrafamento. Deverá ser rápido, eficaz e, acima de tudo, a água utilizada deverá ser de ótima qualidade ou mesmo ser esterilizada ou ozonada.

O enchimento pode ser considerado, como o momento de maior importância no processo de engarrafamento. Deve ser estéril e garantir que o vinho contacta o mínimo com o oxigénio. A enchedora deve manter um débito constante de enchimento, sem reduções ou interrupções e não pode formar espuma dentro da garrafa.

No fim a rolhagem. A rolhadora faz um ligeiro vácuo no gargalo, que evita a oxidação do vinho e pressão no interior da garrafa antes de introduzir a rolha com rapidez. O espaço em vazio deixado entre o vinho e a rolha deve cumprir as normas especificadas no modelo da garrafa.
Com os equipamentos existentes nas linhas de engarrafamento actuais podemos ao mesmo tempo que engarrafamos, ‘pasteurizar’ o vinho, retirar álcool por osmose inversa, retirar acidez volátil, estabilizar o vinho…. Só ainda não se consegue transformar um “entrada de gama” num “super premium”. Mas com tempo….

António Ventura, enólogo

A opinião de António Ventura

Para além de alguma contaminação, que em boa parte está excluída pela grande eficácia dos equipamentos modernos e também pela profissionalização deste sector e respetivos serviços, a grande preocupação num engarrafamento é o oxigénio. Devemos evitar ao máximo a sua intrusão no vinho no ato de enchimento da garrafa, ou com azoto ou com vácuo. Principalmente nos vinhos brancos. Um engarrafamento deficiente de vinho branco não só prolonga muito a chamada “doença de garrafa”, como não permite à posteriori uma recuperação total do vinho sujeito a esse deficiente engarrafamento.

 

 

Edição Nº26, Junho 2019

Tintos de Setúbal: Um sucesso sem segredos

A Península de Setúbal é uma região multifacetada, mas também um enorme sucesso comercial, assente num perfil de vinhos de que toda a gente gosta. Desde tintos com relação preço-qualidade absolutamente irresistível até ao que de melhor se produz em Portugal. Terra de Castelão, mas também das ubíquas Syrah e Touriga Nacional, e até do […]

A Península de Setúbal é uma região multifacetada, mas também um enorme sucesso comercial, assente num perfil de vinhos de que toda a gente gosta. Desde tintos com relação preço-qualidade absolutamente irresistível até ao que de melhor se produz em Portugal. Terra de Castelão, mas também das ubíquas Syrah e Touriga Nacional, e até do Alicante Bouschet cada vez mais utilizado. Uma região que é um festim para os sentidos.

TEXTO Nuno de Oliveira Garcia

FOTOS Ricardo Gomez

Entre Almada, a sul de Lisboa, e Santiago do Cacém na fronteira com o Alentejo, é tudo área geográfica do vinho Regional Península de Setúbal. É, portanto, uma extensão significativa, ainda que não seja uma das maiores regiões nacionais. Por outro lado, e apesar do cultivo da vinha ocorrer de forma dispersa por toda a região, existem dois núcleos principais com características orográficas distintas: um a Sul e Sudoeste, zona montanhosa e recortada por vales, formada por serras (a da Arrábida, a mais conhecida) e montes (o de Palmela, em destaque); a outra, prolonga-se em extensa planície junto ao rio Sado e não muito distante do rio Tejo. Com maior precisão encontramos dois terroirs clássicos, os calcários da Serra da Arrábida e as areias de Fernando Pó, com primazia para o segundo ao nível da superfície com vinhedo.
Na região, a vinha é abundantemente plantada, sendo um dos seus principais cultivos. Basta percorrer de carro a autoestrada A2, ou as estradas N4 e N10, para se ter a sensação clara da imersão numa zona vitivinícola. Não espanta, por isso, também que as tradições de vinho sejam profundamente enraizadas – terão sido os Fenícios e os Gregos os primeiros a introduzir a vinha nas encostas da Arrábida e na zona ribeirinha do Tejo, cultivo depois impulsionado pelos Romanos e os Árabes –, com centenas de propriedades a dispor de adega e de cave, ambas, tradicionalmente, afastadas da casa principal. De resto, são muitas as pequenas vinhas no meio de outras de maior dimensão. Mesmo a mais breve passagem por Palmela, Vila Fresca de Azeitão, Pegões ou Fernando Pó, confirma a tese de que o vinho nesta região tem uma importância popular enorme.
Um clima verdadeiramente mediterrânico – muito próximo do subtropical com fracas amplitudes térmicas e influenciado pela proximidade do mar e das bacias hidrográficas do Tejo e do Sado – solos com diferentes rendimentos (desde areias pouco produtivas a calcários compactos e férteis), e a utilização de castas que permitem elevadas produções mantendo qualidade (Syrah ou Alicante Bouschet), fazem da região um paradigma recente de sucesso. Atualmente, dos 9400 hectares em produção, mais de 6200 hectares encontram-se aptos à produção de vinho certificado. Igualmente determinante para o sucesso da região tem sido a reconversão de vinhas dos últimos anos, cada vez mais se recorrendo a material vegetativo selecionado (com potencial quantitativo e qualitativo), bem como a democratização da utilização de rega da vinha devido ao clima quente e seco de verão e à baixa retenção de água de grande parte dos solos, sobretudo das areias.

Um sucesso no mercado

Também ao nível da aceitação por parte dos consumidores, a Península de Setúbal dá cartas e, com quase 15 anos a escrever sobre vinhos (inaugurei o primeiro blog de vinhos em Portugal em 2005), nunca conheci um consumidor que não gostasse dos vinhos desta região. Actualmente, e apenas quanto a vinhos certificados, a região é a que mais vende em Portugal depois do Alentejo e Minho, ficando mesmo à frente do Douro. E, note-se, trata-se de uma tendência em progressão tendo sido, em 2018, a região que mais cresceu em relação a anos anteriores. De 2005 para cá a produção de vinho tem aumentado, sendo que, no que respeita a vinho certificado, a subida é mesmo estratosférica, tendo triplicado em pouco mais de 10 anos! Com tantos aspectos favoráveis, a este respeito, pode até afigurar-se surpreendente o número relativamente pequeno de produtores com vinhos certificados e engarrafados, mas isso explica-se pelo facto de existirem fortes players na região que, perante tanto sucesso, são obrigados a comprar muita uva, caso da Casa Ermelinda Freitas, José Maria da Fonseca e Bacalhôa, para além de importantes Adegas Cooperativas, como Pegões e Palmela. Apesar desta realidade poder diminuir a versatilidade da oferta de produtos da região, a verdade é que a tem tornado rentável para os pequenos viticultores, sem impedir que novos produtores apareçam. Tal é bem visível nesta prova que contou com vinhos de projectos relativamente recentes como seja Damasceno, Herdade da Arcebispa, e Herdade da Barrosinha. Igualmente importante é realçar a presença de vinhos de perfil mais atlântico, da margem sul do rio Sado, do qual são bons exemplos José Mota Capitão e Brejinho da Costa (Resigon), prova de vitalidade e do surgimento de novos caminhos na região.

Castelão domina, Syrah cresce

Ao nível do encepamento, o domínio das castas tintas – 78% do total – é manifesto, o que se explica, em parte, pela hegemonia do Castelão (ver Caixa) ocupando cerca de 60% do encepamento total da Península de Setúbal. A par do Castelão, a Aragonez e a Syrah são largamente plantadas (a área de Syrah tem mesmo crescido significativamente nos últimos anos), sendo a omnipresente Touriga Nacional a quarta casta mais plantada. Por outro lado, a casta branca mais representativa da região – o Moscatel de Alexandria –, plantado de preferência na serra, mas também cada vez mais nas areias, é sobretudo utilizado para a produção do famoso generoso. Isso significa que o papel dos vinhos brancos, por vezes, fica relegado para segundo plano, apesar de tanto a Fernão-Pires como a Arinto (e até a Verdelho, aposta mais recente) proporcionarem vinhos de qualidade e originalidade.
Na prova realizada foi possível discernir os vinhos mais tradicionais com a utilização exclusiva, ou quase, de Castelão proveniente de solos de areia, daqueles com pendor mais moderno e até experimentalista. Na primeira vertente, resultou muito claro uma linha clássica com a casta a lembrar alguns tintos de Montepulciano e de Maremma (Toscana, em ambos os casos), sobretudo no desenho dos taninos e no perfil gastronómico evidente, por vezes quase rústico. São tintos com óptima capacidade de envelhecimento e acidez firme, disso não temos dúvidas e a nossa experiência na prova de Castelão com muitos anos em garrafa demonstra-o. Nesta toada, para além do Primo (versão sofisticada de Castelão) e do Leo d’ Honor (perfil clássico muito concentrado), apreciámos muito o vigor e carácter do Reserva da Herdade da Espirra (bela surpresa). Igualmente em destaque estiveram alguns vinhos mais conceptuais, com a utilização de várias castas a privilegiar a elegância e a complexidade que só um lote pode, colheita após colheita, proporcionar. Caso notório do Hexagon (excelente edição), mas também do Herdade da Arcebispa Grande Reserva e do Damasceno Reserva.
O conjunto da prova, resultou na confirmação da capacidade da região para produzir não apenas “best sellers” mas também tintos de muito grande nível, expressando em terroirs e estilos distintos. O sucesso nunca acontece por acaso…

A CLÁSSICA CASTELÃO

É certamente a casta tinta mais cultivada no sul de Portugal, com boa capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas. Na região da Península de Setúbal, ainda é conhecida por Periquita, nome que terá tido origem na propriedade chamada Cova da Periquita, localizada em Azeitão, onde José Maria da Fonseca a plantou por volta de 1830. Apesar de se dar bem tanto na serra como na planície, todos os enólogos que contatámos afirmaram que os melhores tintos provém dos terrenos arenosos e das vinhas velhas da região, podendo mesmo ser equacionada plantação em pé-franco. De tal forma está ligada à região que, para a produção dos vinhos tranquilos tintos DO Palmela, é obrigatória a inclusão de, pelo menos, dois terços de Castelão. São vinhos geralmente estruturados, com fruto, acidez e sabor em boca, com notas mais complexas de pinhão, bolota ou castanha. Regra geral, apresentam boa capacidade de envelhecimento num perfil clássico e tendencialmente seco (dependendo, obviamente, da enologia), originando uma curiosa nota citrina com o passar dos anos. Para mais detalhe, veja-se o artigo de MW Dirceu Vianna na edição de Abril.

Edição Nº26, Junho 2019