Moscatel de Setúbal da JMF “Torna Viagem” vai dar volta ao Mundo

Partiram dia 5 de Janeiro, a bordo do Navio Escola Sagres numa viagem à volta do Mundo, 1600 litros de Moscatel de Setúbal Torna Viagem, da José Maria da Fonseca. Esta viagem, incluída no Programa de Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação Fernão de Magalhães/Elcano, terá a duração de 371 dias e irá percorrer 20 […]

Partiram dia 5 de Janeiro, a bordo do Navio Escola Sagres numa viagem à volta do Mundo, 1600 litros de Moscatel de Setúbal Torna Viagem, da José Maria da Fonseca. Esta viagem, incluída no Programa de Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação Fernão de Magalhães/Elcano, terá a duração de 371 dias e irá percorrer 20 países de cinco continentes diferentes. Esta é a oitava experiência de Torna Viagem da era moderna.

A história do Moscatel Torna Viagem remonta ao século XIX e é património histórico exclusivo da José Maria da Fonseca. Na época em que navios cruzavam os mares do Mundo fazendo todo o tipo de comércio, era comum levarem à consignação cascos de Moscatel de Setúbal. Os comandantes, que recebiam uma comissão pelo que vendiam, nem sempre os conseguiam comercializar na totalidade. Na volta a Portugal, depois do périplo, em que se submetiam a diversos climas e significativas variações de temperatura, os cascos eram devolvidos à Casa Mãe. Ao serem abertos, o resultado era quase sempre uma boa surpresa: geralmente o vinho estava bastante melhor do que antes de embarcar. Em 2000, a José Maria da Fonseca retomou com regularidade as viagens com cascos de Moscatel de Setúbal.

No passado Domingo, seguiram a bordo do Navio Escola Sagres dois cascos de 600 litros e um de 400 litros de Moscatel de Setúbal José Maria da Fonseca: um casco com Moscatel de Setúbal 1956, outro com Moscatel Roxo de Setúbal 1985 e outro com Moscatel de Setúbal 2000. Esta viagem, cujo regresso a Lisboa está previsto para o dia 10 de Janeiro de 2021, tem o intuito de avaliar qual a influência da viagem marítima no Moscatel de Setúbal. Para isso a José Maria da Fonseca irá comparar as “testemunhas”, cascos de Moscatel de Setúbal das mesmas colheitas que permaneceram na adega, com os Moscatéis que viajaram. Para Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo da JMF, “cada viagem é única e irrepetível, as alterações bruscas de temperatura, o balanço do mar e a salinidade atribuem características ímpares ao vinho, mas invariavelmente ele regressa mais complexo, redondo e aveludado acentuando o carácter único e maravilhoso do nosso Moscatel de Setúbal Torna Viagem”.

As experiências Torna Viagem permanecem, depois, por longos anos nas caves da José Maria da Fonseca, antes de chegarem ao mercado.

Este Verão, o rosé Lancers dá prémios

A campanha “Spin The Bottle by Lancers”, promovida pela José Maria da Fonseca, promete agitar este Verão. Durante os meses de Julho e Agosto, há muitos prémios para ganhar. Basta estar atento aos locais da campanha e participar. Almofadas de praia, bóias, t-shirts e mangas de frio são alguns dos prémios disponíveis. Através do Instagram, […]

A campanha “Spin The Bottle by Lancers”, promovida pela José Maria da Fonseca, promete agitar este Verão. Durante os meses de Julho e Agosto, há muitos prémios para ganhar. Basta estar atento aos locais da campanha e participar. Almofadas de praia, bóias, t-shirts e mangas de frio são alguns dos prémios disponíveis. Através do Instagram, existe também a possibilidade de ganhar um jantar para quatro amigos no By the Wine Azeitão.

Vários locais vão receber esta acção que visa aliar o sabor do vinho Lancers a momentos refrescantes. Depois de provar Lancers Rosé, cada participante deverá girar a garrafa do painel de jogo “Spin The Bottle by Lancers”. Quando a garrafa parar, aponta para um dos prémios disponíveis. De seguida, o participante deverá responder a uma pergunta indiscreta (Com quem partilharias uma garrafa de Lancers? ou até onde eras capaz de ir por um Lancers? são alguns exemplos), escolhendo um dos cartões com perguntas. Se acertar, o prémio é seu.

Além desta mecânica de acção, o espaço Lancers terá um cenário para que qualquer pessoa possa tirar uma foto e partilhar no Instagram. Se o fizer, habilita-se a ganhar um jantar para quatro pessoas, no By the Wine Azeitão. A fotografia mais original tirada neste espaço, marcada com a página @lancerspt e com a hashtag #adiferençavemdedentro vence.

Campanha “Spin The Bottle by Lancers”
Julho
6 e 7 – Magic Cactus, Praia da Vieirinha em São Torpes
13 e 14 – Azimut, Estoril
20 e 21 – Bar do Peixe, Meco
27 e 28 – Central, Baleal

Agosto
3 e 4 – Bocaxica, Peniche
7 e 8 – Rita, Zambujeira do Mar
17 e 18 – Casalinho, Praia da Rocha
24 e 25 – Golfinho, Costa de Caparica

Para mais informações:
Website LANCERS
Instagram LANCERS

Abriu um ‘By The Wine’ em Azeitão

By The Wine Azeitão

By The Wine, para quem não sabe ou não se lembra, é um wine bar lisboeta com um funcionamento sui generis: fruto de um acordo com o produtor, todos os vinhos servidos são da José Maria da Fonseca. Em Lisboa, ao que sabemos, a casa fundada por Ricardo Silva Santos tem tido enorme sucesso, e […]

By The Wine, para quem não sabe ou não se lembra, é um wine bar lisboeta com um funcionamento sui generis: fruto de um acordo com o produtor, todos os vinhos servidos são da José Maria da Fonseca. Em Lisboa, ao que sabemos, a casa fundada por Ricardo Silva Santos tem tido enorme sucesso, e por isso não estranha que a família Soares Franco tenha pensado em abrir um projecto semelhante na própria Casa Museu José Maria da Fonseca, em Vila Nogueira de Azeitão. Até porque, disse-nos Sofia Soares Franco, responsável de Enoturismo e Comunicação da José Maria da Fonseca, “a procura para este tipo de serviço tem sido muito grande. Por isso resolvemos desafiar os nossos parceiros do By The Wine Lisboa a replicar o conceito em Azeitão, uma vez que demonstrou ser um projecto de enorme sucesso”.

Uma das salas cobertas do By the Wine Azeitão
Uma das salas cobertas do By the Wine Azeitão

Pois bem, o espaço já foi inaugurado e tem várias semelhanças de design com a By The Wine de Lisboa, especialmente na decoração dos tectos, com centenas de garrafas vazias. À semelhança do By The Wine Lisboa, o projecto do espaço de Azeitão é da responsabilidade do Arquiteto Tiago Silva Dias. O espaço foi primorosamente arranjado e consiste em três grandes áreas: duas cobertas e fechadas, outra aberta, ao estilo esplanada com cobertura. No total, a casa tem disponibilidade para 100 lugares sentados. A gestão está a cargo da equipa da Casa das Tortas, logo ali ao lado, mas o conceito gastronómico mantém-se igual ao do By The Wine Lisboa. Para acompanhar todos os vinhos da José Maria da Fonseca, à garrafa ou a copo, o espaço propõe várias opções gastronómicas, tais como, pão caseiro algarvio, tábuas de queijos nacionais e de presunto de porco preto alentejano DOP, ceviche de salmão, prego do lombo, carpaccio de novilho ou bochecha de vitela e ainda sobremesas para acompanhar os famosos Moscatéis de Setúbal, como bolo de chocolate, tarte de amêndoa e, claro, a típica Torta de Azeitão.

 

Ceviche de Salmão
Ceviche de Salmão
Prego do Lombo e Tábua de Queijos

O horário, ao Domingo, Segunda e Terça, é das 12h às 19h. Na Quinta, Sexta e Sábado fecha um pouco mais tarde, às 24 horas. À quarta-feira folga.
Em Julho e Agosto, contudo, a By The Wine Azeitão, não para: abre todos os dias das 12h às 24h.
Contactos: Tlf: 212 191366. E-mail: bythewine.azeitao@jmfonseca.pt

A raquete 138: Uma estória de Moscatel e Bastardinho

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Decorreu na Casa Museu de José Maria da Fonseca e, como habitual, gerou entusiasmo e expectativa. O quarto leilão do século XXI, da guardiã-maior de Moscatel de Setúbal, foi um sucesso ao superar as previsões, rendendo um […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Decorreu na Casa Museu de José Maria da Fonseca e, como habitual, gerou entusiasmo e expectativa. O quarto leilão do século XXI, da guardiã-maior de Moscatel de Setúbal, foi um sucesso ao superar as previsões, rendendo um valor total de 67 mil euros.

TEXTO Mariana Lopes

A família Soares Franco estava representada pelas suas sexta e sétima gerações. António e Domingos, da primeira, e António Maria, Francisco e Sofia, da segunda. À Casa Museu, no centro da vila de Azeitão, começavam a chegar os participantes. Era a noite de 25 de Outubro, uma das primeiras mais frescas depois do calor que insistia em não cessar, mas a elegância dos presentes não parecia ter sido afectada por isso. No cocktail que antecedia o evento principal, sentia-se o nervoso miudinho, no burburinho que se ouvia a sair das pequenas tertúlias de copo em riste. Alguns repetentes, outros estreantes, mas todos seguros de não voltar para casa de mãos vazias.
Assim confiantes entravam, mais tarde, na impressionante Adega dos Teares Novos, onde estagiavam os vinhos tintos da empresa, esperando que alguém os resgatasse de um descanso que para eles já parecia eterno. Nesse dia, tinham a companhia de 120 pessoas que jantavam com a alegria ansiosa de quem já não pode esperar mais. Alegre e ansioso estava também António Soares Franco, presidente da José Maria da Fonseca (JMF), que abria as hostilidades, com um discurso breve: “Fazemos este leilão em homenagem aos 100 anos do nosso pai Fernando, que nasceu em 1918. O facto de o Moscatel Roxo ainda existir, deve-se a ele. Na Quinta de Camarate havia uma vinha dessa variedade com menos de um hectare, num solo de calcário branco que parecia quase giz e, nessa altura, ninguém na região queria Moscatel Roxo, porque, como amadurecia muito cedo, as abelhas comiam as uvas todas. Mas o meu pai teimou e disse ‘não vou deixar morrer esta casta que mais ninguém tem, temos uma responsabilidade’. E trouxe varas daquela vinha para plantar noutras. Hoje, numa região que tem cerca de 40 hectares desta variedade, nós e os nossos fornecedores temos 25. É uma honra lembrar assim um homem que se dedicou desta maneira à viticultura.”
Estava explicada a razão do protagonista da noite, um Moscatel Roxo de Setúbal Superior de 1918, materializado em 184 garrafas (para marcar os 184 anos da empresa), das quais 100 se puseram à mercê dos licitantes. Também um Bastardinho de Azeitão com mais de 80 anos estava em jogo naquela noite, uma relíquia de apenas 40 exemplares.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33277″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A dança das raquetes
Igualmente alegre, mas francamente mais descontraído, estava Domingos Soares Franco, que, com um discurso mais informal que o do irmão, animava o público: “Essa vinha de Moscatel Roxo, de que o meu irmão falou, tem uma inclinação tal que, para a subir, tenho de pôr os pés e as mãos no chão. Uma subida a quatro patas…”, e todos se riam. “Outro vinho que vai ser aqui leiloado é o Apothéose, um Bastardinho. Encontrei um casco que… bem, eu quando vou para a guerra (nunca fui, mas se fosse…)”, e gargalhadas brotavam, “é para ganhar. O casco era de tal maneira espectacular que nem o conseguia descrever. São 20 litros, 40 garrafas Atlantis, com banho de platina, das quais decidimos lançar uma por ano.”
Pouco depois, dava-se início ao leilão. Os 35 lotes, de 126 garrafas, eram apresentados e leiloados pela empresa Palácio do Correio Velho, na voz dos Brito Ribeiro, pai e filho que disso fazem vida pelo país fora. A José Maria da Fonseca, detentora de um património único de Moscatéis de Setúbal, colocava também em praça diversas colheitas antigas deste e de aguardente. O primeiro lote, de uma garrafa de Superior 1918, era fechado por 900 euros, no momento em que todos se apercebiam que a fasquia estava alta.
Continuava a dança de raquetas, num baile em que o leiloeiro era o condutor e os licitantes se deixavam conduzir ao sabor do Moscatel que tinham no copo. “À minha frente, 1400, vendido!”, “1800, vendido à senhora da raquete 182!”, “Tenho dois mil aqui”, “Vendido, por 2600!”, batiam-se palmas em valores semelhantes. Lote 35. “Chamamos a vossa atenção para o Apothéose Bastardinho. Vou por em praça por 2800 euros”, os sussurros eram intensos, “2900, tenho. 3 mil euros. 3 e 200 aqui. 3 e 500 ali. 3 e 800 aqui. 4 mil do meu lado direito. 4 e 500 aqui. 4500 euros. E vai uma. 4500 duas. Vou vender aqui, 4500 euros, raquete 138, parabéns!”, uma salva de palmas rebentava na Adega dos Teares Novos e esgares atravessavam o rosto dos mais incrédulos. Era o fim de uma jornada épica.
Pelo meio de um frenesim de final de festa e de cumprimentos entre “adversários”, havia quem pairasse pela adega com um sorriso matreiro. Era Domingos Soares Franco. Eu aproximava-me enquanto pensava na interpelação ideal. Depois de ouvir a minha pergunta, o anfitrião falou: “Um leilão destes é uma ajuda para o Moscatel de Setúbal, um grande pontapé de saída para chegar com mais frequência a valores como hoje chegou. Também o Bastardinho, ao chegar aos 4500 euros, desempenha o mesmo papel. Fiquei muito contente, foi acima do que ambicionávamos e o Apothéose superou todas as minhas expectativas. Talvez pela minha conversa, quem sabe…”

 

Edição Nº20, Dezembro 2018

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Moscatel Roxo: De casta extinta, a estrela da companhia

Já se estava quase a rezar pela sua alma quando a casa José Maria da Fonseca resolveu voltar a plantar esta variedade da grande família dos moscatéis. Outros produtores seguiram o exemplo e a casta renasceu. Hoje, deixou de estar na lista das “perdidas para sempre”. TEXTO João Paulo Martins FOTOS Ricardo Palma Veiga A […]

Já se estava quase a rezar pela sua alma quando a casa José Maria da Fonseca resolveu voltar a plantar esta variedade da grande família dos moscatéis. Outros produtores seguiram o exemplo e a casta renasceu. Hoje, deixou de estar na lista das “perdidas para sempre”.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A Moscatel Roxo tem história antiga na região se Setúbal, onde sempre conviveu com a variedade branca da mesma casta. Famosa no séc. XIX, esta variedade foi das que mais sofreu com a moléstia da filoxera e deixou de se plantar. Desde sempre foi nas encostas da serra da Arrábida, nos terrenos calcários e nas zonas mais frescas, que a variedade roxa, tal como a sua parente branca, melhor se desenvolveu. A tradição da região terá sido incluir algumas cepas de roxo no meio da vinha do branco. No entanto, enquanto a Moscatel branca proliferou e se tornou a casta do generoso que deu fama à região, a variedade Roxo foi perdendo protagonismo e esteve, por isso, à beira da extinção, o que também por pouco não ia acontecendo ao Bastardo com que se fazia o célebre Bastardinho de Azeitão.
Quanto à origem da casta, parece haver agora mais certezas, identificado que está o seu berço – neste caso, a Grécia. A uva, tida também como mutação do Moscatel Galego do Douro, existe noutros países do Velho Mundo com diversos nomes, mas sempre salientando o lado roxo (ou tinto) do Moscatel.
Tal como nos disse Vasco Penha Garcia (Bacalhôa Vinhos), a casta sempre preferiu terrenos da serra, sobretudo nas encostas viradas a norte, mais frescas. Deste local, onde foi primeiro plantada, a Moscatel Roxo acabou por ser levada para as areias de Palmela quando António Francisco Avillez, então proprietário da J. P. Vinhos, precisou de grandes quantidades de Moscatel para “alimentar” um do ex-libris da casa, o branco João Pires, baseado em Moscatel, que se tornou um estrondoso sucesso quer interna quer externamente. Foi então a partir daí, e estávamos nos anos 80 do século passado, que a casta desceu da serra e chegou às areias. É também por essa razão que hoje muito do Moscatel produzido vem precisamente das areias, embora se continue a produzir nas encostas da serra.

Talhada para generoso
A casta Roxo, de película levemente rosada, está talhada para ser vinho generoso. Penha Garcia adianta que “é uma casta que não perde aroma com a aguardentação e, logo na altura da fermentação, desenvolve um notório aroma a pétalas de rosa que a distingue da sua congénere branca; mas, no entanto, esse lado floral pode dissipar-se com o envelhecimento em casco”. “Assim”, explica, “em dois vinhos com bastante idade já pode ser mais difícil distinguir.” No entanto, em prova cega, o Moscatel de Setúbal tende sempre a ser mais extractivo e mais potente, com mais corpo e mais notas amargas; dominam as notas citrinas de laranja e mel. Já no Moscatel Roxo é sobretudo o lado mais elegante e fino que se mostra, com uma delicadeza que se conserva por muito tempo.
Dentro da adega, o Roxo não se distingue em relação ao Moscatel de Setúbal e a vinificação não tem particularidades de realce, como referiu Domingos Soares Franco (José Maria da Fonseca). Faz-se uma maceração pós-fermentativa entre dois a três meses – na Bacalhôa até Fevereiro do ano seguinte, mais longa na José Maria da Fonseca. Nos produtores antigos, quando em cada casa se fazia o generoso e só depois é que era vendido, acredita-se que a aguardente usada era a que era produzida pelo próprio. Na região era muito habitual que quem produzia vinho também destilava, mas hoje o rigor que se exige ao uso da aguardente é bem superior ao que acontecia outrora, quando proliferavam os alambiques locais.
Os moscatéis têm ainda um problema por resolver: muitos deles turvam na garrafa após algum tempo. É um problema sério que tem afectado muitos produtores e que Domingos Soares Franco confessa ter custado à sua empresa dois anos de investimento e investigação para se conseguir resolver a contento. No entanto, pela prova que fizemos foi evidente que, no conjunto, a região não tem o assunto resolvido e na própria Comissão Vitivinícola nos foi dito que não há qualquer programa neste momento pensado para encontrar soluções. Terão de ser os próprios produtores a assumir a resolução e a tarefa não se afigura nada fácil. A turbidez não tem reflexos no aroma ou sabor, mas o aspecto visual fica francamente prejudicado. Tive nesta prova várias gradações de turvação, embora a maioria das amostras se apresentasse com grande limpidez.
Mais do que chamar-se Moscatel de Setúbal ou Moscatel Roxo de Setúbal, é o nome Setúbal que deverá ser promovido, sobretudo a nível internacional. Tal como o nome Porto identifica um vinho fortificado, também Setúbal deverá identificar vinho do mesmo tipo, neste caso feito de Moscatel. E a verdade é que este magnífico vinho generoso português ainda não possui, dentro e fora de portas, o reconhecimento que a sua qualidade merece.
A legislação actual, de 2014, tipificou duas designações do Moscatel, como Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo de Setúbal. No entanto, para os vinhos rotulados antes de 2014, podemos encontrar unicamente a designação “Roxo”, até então autorizada.
Existem dois tipos de denominação (DO) que os vinhos podem ostentar: a DO Setúbal apenas obriga a que no lote de castas a Moscatel (quer seja de Setúbal, quer Roxo) esteja apenas presente em 67% do lote: para o uso da DO Moscatel de Setúbal ou Moscatel Roxo de Setúbal já tem de ter 85% da casta.
A aguardente a utilizar tem de ser vínica, com uma graduação compreendida entre 52 e 86%, podendo também ser usado álcool vínico a 96%. Com frequência é usada a aguardente a 77%, tal como é habitual no Vinho do Porto. No final, a graduação alcoólica tem de se situar no intervalo entre os 16 e os 22%.
A designação Superior obriga a aprovação específica na Câmara de Provadores e os vinhos têm de ter a idade mínima de 5 anos. Desde 2015 são permitidas as indicações de idade de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 Anos, desde que os vinhos tenham no mínimo

Edição Nº20, Dezembro de 2018

Casa Museu José Maria da Fonseca actualiza enoturismo

Fechado o ano de 2018, com um total de 42 mil visitantes, a José Maria da Fonseca divulga as novas ofertas de enoturismo da sua Casa Museu, em Vila Nogueira de Azeitão. A aposta é na organização de eventos premium e nas experiências exclusivas. A JMF vai disponibilizar vários espaços, como a Cave da Bassaqueira, […]

Fechado o ano de 2018, com um total de 42 mil visitantes, a José Maria da Fonseca divulga as novas ofertas de enoturismo da sua Casa Museu, em Vila Nogueira de Azeitão. A aposta é na organização de eventos premium e nas experiências exclusivas. A JMF vai disponibilizar vários espaços, como a Cave da Bassaqueira, a Adega dos Teares Novos, ou a Loja do Vinho, para eventos de empresas, com refeições personalizadas e harmonizadas com vinho. Dentro das experiências únicas, os visitantes podem agora vivenciar “Um dia com a nossa Família”, um programa que inclui uma visita guiada à Casa Museu, prova de vinhos e um almoço ou jantar com a presença de um dos membros da família activos na empresa, cujos vinhos são seleccionados por um dos enólogos da casa. Quanto às provas de vinhos, há duas modalidades: as Premium, a começar nos €5 por pessoa, e as Especiais, até €50.
As reservas podem ser feitas em enoturismo@jmfonseca.pt ou 212198940.

José Maria da Fonseca vai replicar By the Wine em Azeitão

A José Maria da Fonseca, um dos produtores de vinho mais antigos de Portugal, vai inaugurar nas suas caves, em Vila Nogueira de Azeitão, o segundo estabelecimento By the Wine. O novo By The Wine irá surgir na Primavera de 2019, integrado na Casa Museu José Maria da Fonseca. Mantendo o mesmo conceito gastronómico do […]

A José Maria da Fonseca, um dos produtores de vinho mais antigos de Portugal, vai inaugurar nas suas caves, em Vila Nogueira de Azeitão, o segundo estabelecimento By the Wine. O novo By The Wine irá surgir na Primavera de 2019, integrado na Casa Museu José Maria da Fonseca. Mantendo o mesmo conceito gastronómico do wine bar original, localizado no Chiado.
“Este é um passo natural na oferta enoturística da José Maria da Fonseca. O primeiro By The Wine demonstrou ser um projecto de enorme sucesso e fazia sentido replicá-lo em Azeitão. Temos um espaço lindíssimo na Casa Museu que estamos a adaptar para acolher o novo By The Wine e sentimos que este é não só um complemento ideal aos milhares de visitantes que nos vêm conhecer todos os anos como à própria vila”, adianta Sofia Soares Franco, responsável de Enoturismo e Comunicação da José Maria da Fonseca.
O By The Wine – Azeitão tem previstos 100 lugares sentados, entre sala interior e espaço exterior, e estará aberto ao público em geral e aos visitantes da Casa Museu.

A Mosca ataca de novo

A Casa José Maria da Fonseca (JMF) acaba de colocar no mercado uma nova aguardente, recuperando um clássico da casa, a Mosca. Muito frequente em todos os cafés deste país há 50 anos, era companheira habitual da bica e por isso muito conhecida e divulgada em todo o território nacional. Criada em 1937, existiu até […]

A Casa José Maria da Fonseca (JMF) acaba de colocar no mercado uma nova aguardente, recuperando um clássico da casa, a Mosca. Muito frequente em todos os cafés deste país há 50 anos, era companheira habitual da bica e por isso muito conhecida e divulgada em todo o território nacional.

Criada em 1937, existiu até aos anos 80 e era então uma aguardente bagaceira feita de moscatel. Depois de um longo interregno a JMF veio recriar a marca, mantendo o look original mas alterando substancialmente o conteúdo. Assim, deixou de ser uma aguardente bagaceira e passou a ser, em boa verdade, um brandy, ou seja, partiu-se de uma aguardente vínica branca e neutra, adicionaram-se os elementos autorizados neste tipo de aguardentes, como o caramelo que ajusta a cor, e foi depois colocada em cascos anteriormente usados no moscatel de Setúbal, durante cerca de 6 meses. Desta forma há uma ligação ao produto original, conserva-se no essencial a imagem mas melhora-se o conteúdo.

Para já foram feitos 4500 litros e, segundo nos informou o produtor, é um projecto para continuar. A par da renovada Mosca, a casa JMF dispõe também da aguardente Espírito, mas sem pontos de contacto com esta, uma vez que a Espírito terá bem mais de 50 anos de casco e tem um perfil totalmente diferente, na opinião do enólogo Domingos Soares Franco.

J.P.M.