Vinhos Casal Sta. Maria são agora distribuídos pela Garcias

Após três anos e meio de trabalho com a Decante, a Casal Sta. Maria, localizada em Colares, vê agora os seus vinhos distribuídos pela Garcias. Filipa Garcia, directora-geral da Garcias S.A. – distribuidora de grande calibre que conta já com 15 mil referências de bebidas no mercado nacional – explica: “Este produtor de vinhos muito […]

Após três anos e meio de trabalho com a Decante, a Casal Sta. Maria, localizada em Colares, vê agora os seus vinhos distribuídos pela Garcias.

Filipa Garcia, directora-geral da Garcias S.A. – distribuidora de grande calibre que conta já com 15 mil referências de bebidas no mercado nacional – explica: “Este produtor de vinhos muito especial vem reforçar uma gama de produtos mais exclusivos, a Garcias Gourmet, orientada para o segmento médio-alto”. Para Nicholas von Bruemmer, proprietário da Casal Sta. Maria e herdeiro do legado do seu avô Bodo, esta mudança de distribuidora “representa uma nova etapa de maior dinamismo e pro-actividade. O objectivo é duplicar ou triplicar as vendas, continuando a investir no canal HORECA, nas garrafeiras e em pontos de vendas gourmet e diferenciados. Esta nova etapa que agora se inicia será certamente de crescimento”.

A quinta em Colares está já também aberta para visitas guiadas e provas de vinho – na sala de provas com vista sobre o mar – sendo obrigatória marcação.

GRANDES ESCOLHAS VINHOS & SABORES adiado para 2021

GRANDES ESCOLHAS VINHOS & SABORES adiado para 2021 Mantém-se o Concurso Escolha da Imprensa em Outubro 2020 Face aos últimos desenvolvimentos da pandemia em Portugal e particularmente na região da Grande Lisboa, a Grandes Escolhas tomou a decisão de não realizar este ano o maior evento de vinhos do país que deveria ocorrer na FIL, Parque […]

GRANDES ESCOLHAS VINHOS & SABORES adiado para 2021

Mantém-se o Concurso Escolha da Imprensa em Outubro 2020

Face aos últimos desenvolvimentos da pandemia em Portugal e particularmente na região da Grande Lisboa, a Grandes Escolhas tomou a decisão de não realizar este ano o maior evento de vinhos do país que deveria ocorrer na FIL, Parque das Nações, entre os dias 23 e 26 de Outubro próximos.

Em finais de Março último, precisamente quando rebentou a crise do COVID-19, tínhamos tudo preparado para anunciar o Grandes Escolhas Vinhos & Sabores 2020 e iniciar a comercialização dos espaços junto dos agentes económicos.  Numa atitude prudente e responsável e de sobretudo de grande respeito para com todos os produtores de vinho, nossos clientes, também atingidos com as consequências económicas avassaladoras da pandemia, recusámos iniciar a venda da feira quando ainda ninguém podia prever a extensão da crise sanitária e o alcance e duração das medidas de confinamento decretadas para a conter. Não nos pareceu eticamente correcto, nem minimamente honesto, vender um serviço que, à partida, ninguém poderia garantir que estávamos em condições de poder concretizar.

Tínhamos todos bem presente na memória o que aconteceu com a Prowein 2020, adiada em cima da hora, com grandes prejuízos financeiros para muitos expositores, nomeadamente os portugueses. Não quisemos repetir a improvisação de um cancelamento nem sujeitar os nossos expositores a mais um sacrifício escusado. Não essa a nossa forma de trabalhar.

Por isso, nestes últimos meses, fomos ainda mantendo a porta entreaberta à possibilidade de realizar a feira em final de Outubro, esperando, por um lado, que a situação melhorasse e que a retoma da actividade económica pudesse trazer alguma normalidade; mas por outro recusando assumir e impor a outros compromissos financeiros que seriam difíceis de ressarcir.

A recente evolução da situação, confirmou infelizmente os nossos receios e tornaram claro que não haverá em 2020 o mínimo de condições para organizar um evento com a presença de milhares de pessoas deslocando-se com um copo na mão num recinto fechado, provando vinhos sem máscara de protecção, utilizando cuspideiras, no ambiente habitual das feiras de vinhos. Por isso, é com muita tristeza, mas com um forte sentido de responsabilidade, que tomamos a decisão de assumir e anunciar publicamente que não haverá Grandes Escolhas Vinhos & Sabores em Outubro de 2020.

Mas como o mundo, os negócios, e a vida em geral não podem parar, pensamos que a impossibilidade de realizar a feira não pode impedir que lancemos diversas outras iniciativas adequadas à situação que vivemos, de forma a corresponder às necessidades tanto dos produtores portugueses como dos consumidores.

Assim é com prazer que anunciamos que no mesmo mês de Outubro em que a feira V&S estava programada, vamos manter a realização do já consagrado CONCURSO ESCOLHA DA IMPRENSA, aberto a todos os produtores portugueses e organizado com todas as medidas de segurança que a situação impõe. Numa altura em que muitas empresas estarão a lançar novas colheitas e a preparar as vendas do final do ano, o Concurso Escolha da Imprensa pelo alcance e repercussão que já granjeou, ganha este ano ainda mais relevância e preenche uma necessidade imperiosa de comunicação e divulgação dos vinhos que por certos os nossos produtores não desperdiçarão.

Brevemente anunciaremos as condições e regulamento do concurso Escolha da Imprensa 2020, bem como outras iniciativas que estamos a preparar para o último trimestre do ano.

Mantenha-se atento.

Colares: O renascimento da Fénix

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É uma micro-região com denominação de origem, salpicada pelo Atlântico, com as uvas mais caras do país continental, uvas que não se encontram mais em parte nenhuma, com as videiras a rastejar pelos terrenos arenosos, transmitindo o carácter vincado e irreverente aos vinhos que aqui nascem para viver dezenas de anos em garrafa. É uma região sobrevivente, uma autêntica Fénix que está a renascer das cinzas.  

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Gomez

Se existisse uma Lista Vermelha para as regiões vitivinícolas em risco de extinção, Colares constava lá de certeza. Fazer hoje um painel completo de, por exemplo, 30 vinhos de Colares seria impossível – não há tantos! Talvez no futuro. E há um interesse crescente por parte dos consumidores esclarecidos.  Colares é para quem procura autenticidade e tradição, onde os factores de solo, clima, castas e práticas culturais estão na sua expressão máxima, onde o conceito de terroir não é apenas uma palavra de moda, mas tem um verdadeiro significado que pode ser (com)provado.

Os vinhos de Colares só podem ser provenientes de chão de areia (permitindo incorporar apenas 10% das uvas do chamado “chão rijo”).  A legislação estabelece um estágio obrigatório mínimo de 18 meses em vasilhame de madeira, seguido de 6 meses em garrafa para os vinhos tintos e, respectivamente, 6 e 3 meses para brancos. Na realidade, todos os produtores estagiam os vinhos tintos durante muito mais tempo para domar os taninos vigorosos do Ramisco.

Por exemplo, Francisco Figueiredo, enólogo da Adega Regional de Colares responsável pela maioria dos vinhos no mercado, aponta para 7-8 anos de estágio para vinho tinto.

Adega Regional de Colares.

Contra ventos e marés

Colares fica na faixa costeira a norte da Serra de Sintra. O clima é mediterrânico, mas de sub-tipo oceânico dado à forte influência Atlântica com ventos marítimos e nevoeiros frequentes. A precipitação anual é cerca de 750-780 mm. Aqui acontece o fenómeno das “chuvas orográficas”, quando a massa de ar carregada de humidade, ao encontrar a barreira da Serra de Sintra, é obrigada a subir, precipitando-se sob a forma de chuva.

Outro fenómeno que caracteriza esta zona é o efeito Foehn com formação de uma nuvem enorme a fazer lembrar uma onda gigante que se vê do outro lado da Serra, onde por sua vez, sopra um vento forte e seco, deixando sombra e humidade do lado norte da barreira montanhosa.

Daí a importância do chão de areia, que é mais quente e bem drenado, evitando excesso de água e ajudando à maturação. Estas zonas arenosas da período terciário estão assentes sobre um solo argiloso do cretáceo (com calcário formado por conchas de micro-organismos) que pode ficar a 4 ou mais metros de profundidade. As videiras estão plantadas em pé franco e é preciso chegar ao estrato argiloso para poder “unhar” na terra uma vara de poda que mede 2-3 metros. Para isto abre-se uma vala profunda com uma broca ou escavadora. Depois da plantação no primeiro ano é preciso regar e adicionar estrume, preenchendo a vala gradualmente com areia até à superfície à medida que a nova videira vai crescendo. Há que ter paciência durante 3-4 anos até fazer a primeira vindima depois da plantação. Segundo José Baeta, proprietário da Adega Viúva Gomes, a taxa de sucesso é de 85-90%.

Os ventos salgados do norte que sopram o ano inteiro, obrigam à condução baixa, em poda corrida. As videiras ficam suportadas por pequenas forquilhas de madeira para evitar que os cachos toquem no chão. Os muros de pedra ou paliçadas de cana também servem para a protecção do vento e criam um microclima mais quente e favorável à maturação completa.

A produção é muito baixa, apenas 4-5 tn/ha ou menos, como diz o Presidente da Adega Regional de Colares Vicente Paulo, as plantações antigas eram “uma cepa aqui, outra em Ceuta”. Os novos produtores já vão colher mais das plantações mais recentes.

Casca Wines.

Identidade varietal

No panorama multi-varietal do país, é uma denominação única em Portugal com a identidade associada a apenas duas castas, uma branca e uma tinta – Malvasia de Colares e Ramisco, respectivamente. Há outras castas autorizadas, mas são poucas e ficam como “tempero”, espécie de sal e pimenta da Malvasia e do Ramisco.

De acordo com a legislação em vigor, o vinho DOC Colares tem que ser elaborado com, no mínimo, 80% de casta recomendada, que é Ramisco para os vinhos tintos e Malvasia para os vinhos brancos. Os restantes 20% podem ser compostos por outras castas autorizadas: João de Santarém (aka Castelão), Molar (aka Tinta Negra na Madeira) e Parreira-Matias (que é um cruzamento de Alfrocheiro e Airen) para os tintos; e Arinto, Galego-Dourado e Jampal para os brancos.   Dada a escassez da matéria prima e dificuldade de cultivo, um quilo de Ramisco custa cerca de 3,40 euros e um quilo de Malvasia de Colares 3,30 euros.

Ramisco

Não há dúvidas que é uma das castas portuguesas com mais personalidade. Não é consensual, mas apaixonante. Origina vinhos de cor aberta, corpo médio mas tenso, baixo grau alcoólico, acidez vincada e tanino pouco amigável. É preciso tempo para equilibrar estes extremos que conferem aos vinhos um carácter diferenciador e inconfundível.

É uma casta muito tardia em tudo: abrolhamento, floração, pintor e maturação. Por isto, na zona mais saloia, com os solos franco-argilosos frios (o tal chão rijo), o ciclo começa ainda mais tarde e há risco de não conseguir maturação completa.

Ramisco em chão de areia. Casca Wines

Para o enólogo de Casal Sta. Maria, Jorge Rosa Santos, Ramisco é uma espécie de Pinot Noir rústico. Extracto seco baixo, um bom esqueleto, rusticidade, robustez e complexidade. Aromas balsâmicos e resinosos, cogumelos. Um pouco “quadrado” na boca quando novo, com os seus taninos frontais. Precisa de tempo e só fica no ponto com 10-15 anos.

Na opinião de Francisco Figueiredo, Ramisco representa um maior desafio do que a Malvasia. É uma casta de maturação difícil, varia muito de ano para ano. Nunca amadurece antes da última semana de Setembro que calha precisamente no início das chuvas de Outono. Para além disto, a grande dificuldade neste momento é a qualidade de material genético, estando uma grande percentagem infectada com vírus GLRaV 3 que provoca doença do enrolamento foliar da videira, causando forte redução da capacidade fotossintética e afectando a maturação.

Na adega, Ramisco aumenta rapidamente a acidez volátil logo a seguir à fermentação, depois estabiliza. Nos últimos anos fazem a fermentação espontânea, quando o ano permite, ou utilizam levedura neutra. Fermentam com engaço se estiver maduro. Estagiam o vinho cerca de 2 anos em barrica usada de carvalho francês e mais 5 em antigos (cerca de 200 anos) toneis de mogno e castanho de 1000 e 1500 litros.

O enólogo e produtor da Casca Wines, Helder Cunha, confessa que em 2009 a experiência inicial com Ramisco foi traumática: os primeiros aromas de vinificação eram pouco agradáveis. Passado um ano – um ano e meio de estágio, desapareceram e começou a revelar-se o Ramisco com notas de folha seca e tabaco. Nos primeiros anos não usavam engaço. Depois começaram a adicionar – primeiro 30%, no ano a seguir 50% e agora 50-70%, mas claro, desengaçando primeiro e escolhendo o engaço maduro.

No primeiro dia fazem uma pisa a pé dentro das cubas abertas, e depois só baixam a manta com “macacos”. No final de fermentação deixam as massas em maceração pós-fermentativa durante cerca de 4 semanas. Estagiam 3-4 anos em barricas velhas (no início usavam uma barrica nova e repararam que tapava um pouco o carácter da casta).

Perfil aromático – tinta da China, tabaco, algum herbáceo, funcho. A acidez volátil já nasce alta (0,5-0,75 g/l), mesmo com barricas atestadas. Dado o álcool baixo, é a salinidade que adiciona volume ao vinho, na opinião de Hélder.

Malvasia de Colares

Malvasia de Colares.

À boa maneira portuguesa, a Malvasia de Colares, que muitas vezes é chamada simplesmente Malvasia, não tem nada a ver com a família de Malvasias, sendo um cruzamento das variedades Gibi (Mourisco Branco) e Amaral (utilizada na região dos Vinhos Verdes).

Tem bagos convenientemente soltos e película grossa a resistir bem às condições adversas.

Jorge Rosa Santos reconhece a Malvasia como uma casta semi-aromática. Película grossa dá estrutura e secura (costumam fazer macerações peliculares longas). Aguenta-se bem na vinha. Desenvolve aromas de fermento, champignon, brioche, flor de laranjeira e fica assim durante anos. Salinidade e mineralidade são outras características da casta.

Hélder Cunha lembra-se que quando começaram com o projecto em Colares em 2008, pareceu mais seguro avançar com um branco primeiro. Fizeram uma vinificação convencional com protecção do oxigénio ao máximo (inertização com azoto, sulfuroso etc.). O vinho mostrou-se logo diferente de outras regiões – muito salino. Evidenciou que a região é mais forte do que a casta, o tipo de vinificação ou de estágio. A partir de 2010 já não se preocuparam com oxidação de mosto, fermentam em barrica e estagiam 18 meses com borras totais em barricas velhas. O vinho fica sem sulfuroso até Abril, onde adicionam um pouco e depois só no engarrafamento. Dá aromas de iodo, maresia, deixa sal na boca. Não é uma casta muito aromática (de 1 a 10 fica mais ou menos nos 5), nem se for fermentada a temperaturas mais baixas; neste caso, desenvolve aromas herbáceos e vegetais.

Colares em retrospectiva

Segundo alguns documentos históricos, o cultivo da vinha em Colares remonta ao século XIII. D. Afonso III doava as terras com a obrigação de plantar vinhas. Algumas crónicas indicam que as primeiras exportações foram feitas no reinado de D. Fernando (segunda parte do século XIV) e que o vinho de Colares também era carregado nas naus com destino à Índia na época dos descobrimentos.

A desgraça de uns faz a felicidade de outros. Em 1865 foi assinalada a devastadora marcha da filoxera pelas vinhas de Portugal que deixou intocáveis apenas os terrenos arenosos de Colares. O insecto malicioso que destrói as raízes das videiras, praticamente não se consegue mexer em solos de areia, fica sufocado. Para os vinhos de Colares começou uma era de ouro.

Adega Regional de Colares.

Na viragem para o século 20, a importância de Colares cresceu de tal forma, que em 1908 foi uma das regiões demarcadas para o “vinhos de pasto”, ao mesmo tempo com Dão, Vinho Verde e Bucelas entre outros, compreendendo toda a freguesia de Colares e terrenos de areia solta das freguesias de S. Martinho e S. João das Lampas do concelho de Sintra. Naquela altura o vinho era considerado regional.

Em 1931 foi fundada a Adega Regional de Colares, associação cooperativa que também passou a ter as funções de entidade certificadora. Esta medida foi necessária para proteger a origem e genuinidade dos vinhos afamados das aldrabices e das tentações de vender vinhos de outras zonas como Colares.

Sempre existiu distinção entre vinhas plantadas em “chão de areia”, que davam origem aos vinhos de qualidade superior, e outras plantadas em “chão rijo” que produziam vinhos menores. Inicialmente, foram criados dois tipos de marcas para aplicar nos recipientes em que se vendia o vinho: “de origem” – para o vinho tinto das areias soltas, considerado de excelência e “de garantia” destinadas aos demais vinhos tintos e brancos dos restantes terrenos da região. Mas a partir de 1934 os últimos deixaram de poder usar selos e o nome de Colares.

A Adega também era a principal promotora dos vinhos da região no mercados nacional e internacional. Mas não foi fácil. A viticultura trabalhosa e lenta, os estágios longos, os vinhos ásperos, duros e pouco frutados e a falta de massa crítica comparativamente com outras regiões, faziam com que o funcionamento de Adega não fosse viável financeiramente. Os anos da crise vieram substituir os anos da glória. A Segunda Guerra Mundial também não ajudou. Nos anos 70-80 estagnaram as vendas nos mercados de exportação como brasileiro e norte-americano devido ao crescimento da produção própria. A Adega precisava de investimento em modernização. Mas mesmo com a entrada de Portugal na União Europeia em 1986, a Adega, sendo uma entidade pública, não se podia candidatar para beneficiar dos fundos comunitários, – comenta Vicente Paulo.

Em 1994 criou-se a Comissão Vitivinícola de Bucelas, Carcavelos e Colares, responsável por estas três denominações, até que em 2008 a Comissão Vitivinícola de Lisboa (Estremadura na altura) passou a exercer funções de controlo da produção e comércio e de certificação de produtos vitivinícolas na Região de Lisboa, onde Colares pertence.

Enquanto algumas regiões sofreram do isolamento e do afastamento dos grandes centros, para Colares, ao contrário, a proximidade da capital constituiu um dos grandes problemas. O destino às vezes é irónico: uma das pouquíssimas regiões na Europa que resistiu à filoxera, foi vítima da rápida urbanização que praticamente expulsou a vinha daquela zona. Construir prédios era mais proveitoso.

Nos últimos 20 anos do século passado, a região encontrava-se na miséria e sob risco de extinção.

Colares hoje

A partir de 2006 começou a renascer das cinzas. No final da primeira década apareceram novos produtores (Fundação Oriente, Casca Wines, Casal Sta. Maria) e a pouco e pouco, novas plantações.

Na altura da demarcação, havia 2.000 hectares de vinha. Hoje, nos registos da CVR de Lisboa constam apenas 12 hectares, onde Malvasia e Ramisco, em conjunto, representam cerca de 50% da área, em partes sensivelmente iguais. Poderão existir outras vinhas destinadas à produção de vinho de mesa ou de vinhos de Lisboa, que não contam para a Região Demarcada de Colares.

Casal Sta. Maria.

12 hectares é uma área que facilmente poderia ter um produtor relativamente pequeno. Algumas vinhas classificadas como Grand Cru na Borgonha (Chambertim, Clos de la Roche ou Clos de Vougeot, por exemplo) ultrapassam as vinhas de Colares.

Grande densidade populacional e imobiliária inflaccionou o preço de terra. Vicente Paulo refere que um metro quadrado chegou a custar 15-20 euros. Agora, com o novo Plano Director Municipal de Sintra, em alguns terrenos já não se pode construir e o preço tem descido. Já é possível encontrar terrenos por 6-7 euros/m2.

E já há mais plantações de vinha por iniciativa de produtores como Adegas Beira-Mar, Viúva Gomes, Casal Santa Maria.

Segundo informação da CVR Lisboa, a produção anual é muito dependente do ano, ficando entre 10 e 20 mil litros. Por exemplo, em 2019 foi produzido apenas 12.500 litros de vinho (tinto e branco). É cem vezes menos do que 1.276.041 litros de vinho tinto das vinhas de areia, referentes à colheita de 1930. E segundo Vicente Paulo, a Adega Regional no passado longínquo chegou a produzir até 1.500.000 litros de vinhos.

Neste momento o vinho que há não chega para as solicitações. Daqui a 3 ou4 anos haverá mais produção, mas nunca crescerá muito dada a limitação da área.

A realidade de produtores de Colares é bem diferente do resto da região, fortemente orientado para exportação (mais de 80%). O enoturismo de excelência (finalmente a proximidade da capital traz benefícios), as vendas na adega, e a presença dos vinhos em garrafeiras e restaurantes de topo têm-se revelado uma grande mais valia para os produtores.

Na exportação vê-se também uma apetência crescente, em especial, no mercado dos Estados Unidos. E até na loja dos Vinhos de Lisboa no mercado da Ribeira, há muitos turistas americanos a perguntar e comprar vinhos de Colares.

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Edição nº 35, Março de 2020

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Projecto solidário Eu Apoio a Produção Nacional está cada vez maior

A plataforma Eu Apoio a Produção Nacional – que doa 10% das suas vendas aos hospitais públicos Santa Maria (em Lisboa) e São João (no Porto) – conta já com perto de 50 marcas portuguesas. Desde a moda aos vinhos, passando pela decoração, cerveja artesanal, gin, utilitários e produtos regionais, são muitos os produtores que […]

A plataforma Eu Apoio a Produção Nacional – que doa 10% das suas vendas aos hospitais públicos Santa Maria (em Lisboa) e São João (no Porto) – conta já com perto de 50 marcas portuguesas.

Desde a moda aos vinhos, passando pela decoração, cerveja artesanal, gin, utilitários e produtos regionais, são muitos os produtores que se unem neste projecto que pretende, além da componente solidária, contribuir para manter activas as empresas nacionais.

Na vasta lista, figuram nomes como Sogrape, Oliveira da Serra, José Maria da Fonseca, Licor Beirão, Boas Quintas, Quinta do Paral ou A&D Wines.

Lista de produtores:

 

Casa Santos Lima destaca-se nos EUA com vinho Red Blend Portugal

O vinho tinto “Blend Portugal”, produzido pela Casa Santos Lima (CSL), foi escolhido pelo blogger Mike Veseth, como o primeiro a fazer parte do TOP 10 dos melhores vinhos abaixo dos 10 dólares à venda nos Estados Unidos da América. Mike Veseth, editor do blog The Wine Economist, lançou o desafio aos seus leitores de […]

O vinho tinto “Blend Portugal”, produzido pela Casa Santos Lima (CSL), foi escolhido pelo blogger Mike Veseth, como o primeiro a fazer parte do TOP 10 dos melhores vinhos abaixo dos 10 dólares à venda nos Estados Unidos da América.

Mike Veseth, editor do blog The Wine Economist, lançou o desafio aos seus leitores de nomearem os seus vinhos preferidos com valor inferior a 10 dólares até final de Abril, momento em que irá publicar o seu TOP 10.

Wine Economist Red Blend Portugal

 

Mal iniciou este desafio, Mike Veseth avançou com a sua escolha e com o primeiro vinho tinto da lista, o Vinho Regional Lisboa “Blend Portugal”, que descreveu da seguinte forma:
“Para começar vou nomear o Blend Portugal da Casa Santos Lima, que podemos comprar na Costco [nota: cadeia de retalho americana] por $5,99 por garrafa. Durante o Verão passado, bebemos uma caixa deste vinho – ligeiramente fresco – a acompanhar churrasco e mais recentemente, já na quarentena, bebemos novamente este vinho (…)”. O ‘bebemos’ de Mike Vesh inclui a mulher, Sue, que também participa no blog. E eventualmente alguns amigos, claro. Pode ler o artigo completo neste site.

A Casa Santos Lima diz que “Blend Portugal é uma das marcas portuguesas mais vendidas nos Estados Unidos da América”. De destacar os 90 pontos atribuídos por Roger Voss, da revista Wine Enthusiast, para as colheitas de 2017 e 2018 desta marca.

O comunicado de imprensa da CSL refere ainda boas notícias: “apesar das conhecidas condicionantes da realidade atual, as exportações de vinho da Casa Santos Lima para os EUA, o seu maior mercado, têm crescido de forma considerável”.

Quinta do Gradil lança mini-série “Wine Education”

A Quinta do Gradil estreou ontem (13 de Abril) a “Wine Education”, uma mini-série sobre o mundo do vinho. Nascida em pleno estado de emergência, a produção combina a curiosidade dos apaixonados pelo vinho e uma resposta que todo o sector (consumidores e marcas) tem dado nesta conjuntura, demonstrando nas redes sociais que um copo […]

A Quinta do Gradil estreou ontem (13 de Abril) a “Wine Education”, uma mini-série sobre o mundo do vinho. Nascida em pleno estado de emergência, a produção combina a curiosidade dos apaixonados pelo vinho e uma resposta que todo o sector (consumidores e marcas) tem dado nesta conjuntura, demonstrando nas redes sociais que um copo de vinho tem sido um excelente aliado para brindar à vida.

Em exibição no Facebook, LinkedIn e Instagram desde ontem, primeiro episódio centra-se precisamente na terra, na plantação. Qual a melhor altura para fazer plantação de nova vinha? Que castas e em que zonas, mais solarengas, na várzea ou na encosta? São estas e outras questões que a Wine Education vai abordar ao longo de dez episódios. Curtos e concisos, produzidos a partir de imagens captadas pelos próprios trabalhadores.

Para Luís Vieira, administrador da Quinta do Gradil “este projecto surge como resposta ao contexto que estamos a viver. Numa altura em que tantos negócios são obrigados a parar, o nosso não pode. O vinho tem um ciclo próprio, que não pode ser interrompido ou adiado. Por isso, continuamos a cuidar das vinhas, a produzir vinho e a fazê-lo chegar aos consumidores, quer através dos nossos parceiros, que também se estão a reinventar, quer através da nossa loja online.” Para o mesmo, “é por isso que este projecto é tão simbólico. Porque este sector é resiliente e esta foi a melhor forma que tivemos de brindar os nossos consumidores e amigos com informação que eles valorizam, numa altura em que muitos têm mais tempo para saber mais sobre vinho”.  

Entretanto, a Quinta do Gradil decidiu doar um euro por cada garrafa vendida na loja online à Câmara Municipal do Cadaval, para ajudar na compra de equipamentos de primeira necessidade para o Hospital Campanha montado para dar resposta à pandemia de Covid-19. Este contributo soma-se a outros donativos, feitos aos hospitais de Leiria e Évora onde o Grupo Parras (que integra a Quinta do Gradil) tem unidades.

Restaurante Faz Figura entrega cozido à portuguesa (e não só)

O restaurante Faz Figura, localizado em Santa Apolónia, juntou-se à onda de reinvenção e lançou o serviço de take-away e entregas ao domicílio. Este serviço está disponível de terça-feira a sábado, com um menu completo à escolha e uma grande selecção de vinhos – pela qual o espaço é reconhecido, com os seus famosos dispensadores […]

O restaurante Faz Figura, localizado em Santa Apolónia, juntou-se à onda de reinvenção e lançou o serviço de take-away e entregas ao domicílio. Este serviço está disponível de terça-feira a sábado, com um menu completo à escolha e uma grande selecção de vinhos – pela qual o espaço é reconhecido, com os seus famosos dispensadores de vinho a copo – a preço de garrafeira, das 12h às 15h e das 19h às 22h. Aos domingos, o Faz Figura mantém a tradição portuguesa e faz cozido à portuguesa que entrega em casa, das 12h às 15h.

O Faz Figura lançou também dois vouchers que podem ser adquiridos via online e entregues por e-mail. Um bom presente para oferecer nesta época, ou por qualquer outra razão, sem sair de casa, para ser usufruído com o os novos serviços ou mais tarde, quando o restaurante voltar à normal actividade. E para quem utilizar o serviço de take-away, um desconto de 10%.

AdegaMãe tem novo site e loja online

O lançamento do novo website da AdegaMãe significou, tendo em conta a situação actual e as limitações do novo coronavírus, criar as vendas online. Com entregas directas aos consumidores, a empresa pretende assim contornar os conhecidos constrangimentos causados pela Covid-19. Nesta venda online, gama Dory tem uma campanha de 10% de desconto. Estes vinhos, segundo […]

O lançamento do novo website da AdegaMãe significou, tendo em conta a situação actual e as limitações do novo coronavírus, criar as vendas online. Com entregas directas aos consumidores, a empresa pretende assim contornar os conhecidos constrangimentos causados pela Covid-19.

Nesta venda online, gama Dory tem uma campanha de 10% de desconto. Estes vinhos, segundo a AdegaMãe, “evocam a força, coragem e resiliência dos antigos pescadores; agora evocam-se precisamente esses valores, demonstrados pelos portugueses neste momento tão desafiante”.

Os vinhos estão disponíveis aqui.