A loja mais aromática da Rua do Almada

Os donos são espanhóis, os queijos — muito bem escolhidos, mais de 60 variedades — são de toda a Europa. A Queijaria do Almada trouxe outro perfume ao Porto. TEXTO Ricardo Felner A história da Queijaria do Almada é também a história recente do Porto. Dois estrangeiros apaixonaram-se pela cidade e decidiram lá viver. Mas […]

Os donos são espanhóis, os queijos — muito bem escolhidos, mais de 60 variedades — são de toda a Europa. A Queijaria do Almada trouxe outro perfume ao Porto.

TEXTO Ricardo Felner

A história da Queijaria do Almada é também a história recente do Porto. Dois estrangeiros apaixonaram-se pela cidade e decidiram lá viver. Mas não vieram de mãos a abanar: com eles trouxeram a sua cultura, os seus ofícios e os seus prazeres — no caso, alguns dos melhores — e de aromas mais intensos — queijos europeus.
Assim se explica que numa cidade até há pouco tempo gastronomicamente conservadora possamos, actualmente, comprar um Pecorino Moliterno Al Tartufo (44,95/kg), da Sardenha, ou um Comté (29,50€/kg), com 24 meses de cura, de Marcel Petit (de que são distribuidores em Portugal, como aliás de outras marcas) — mas também queijos de produtores pequenos portugueses e espanhóis.
Um dos donos já tinha uma loja montada na cidade de Lugo, na Galiza, e por isso este é o sítio ideal para conhecer o melhor de Espanha nesta matéria — que é muito. Sofia Moreira, que nos atende, sugere o queijo fumado da Campoveja (24,50€/kg), em Valladolid, de ovelha, mas também o Manchego 1605 (23€/kg), um queijo de leite de ovelha com sete meses de cura, de Herencia, na região de Castilla-La Mancha, o Cabuxa (21€/kg), um cabra excelente de Prestes, em Lugo, ou um Cabrales DOP asturiano (29,50€).
Outros clientes vão chegando e a todos se faz a pedagogia do que é diferente. É certo que há os nacionais de topo, dos Serra da Estrela aos Azeitão, do Nisa (Herdade da Maia) ao Terrincho, mas mesmo entre os portugueses aparecem queijos mais recentes. Entre eles está o já célebre Caprino de Odemira, bem como um cabra com cura de 10 meses da Granja dos Moinhos e outro óptimo cabra curado com vinho Alvarinho e pimentão, da Prados de Melgaço, um produtor que trata como ninguém os seus animais: “As cabras dele ouvem música clássica e são massajadas”, diz Sofia Moreira.
Em alternativa aos queijos, a Queijaria do Almada também vende manteiga francesa da marca Échiré ou a açoriana Rainha do Pico, bem como doces da Quinta do Freixo.
O espaço, muito bonito, com prateleiras de enormes queijos São Jorge à entrada, fica na lindíssima Rua do Almada, ao lado da Avenida dos Aliados, hoje cheia de lojas de comidas e outros lazeres.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”34584,34585,34586″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#ddc1c3″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Queijaria do Almada
Rua do Almada, 348, Porto. 22 208 0453. Seg-Sáb 10.00 – 19-00.

Tanto por comer em 2019

O ano mal começou, mas as novidades não páram, com restaurantes para todos os gostos, seja de velhos conhecidos, seja de novos talentos. Promete. Texto Ricardo Dias Felner Fotos D.R.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Shin Bonsai” color=”custom” accent_color=”#888888″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” […]

O ano mal começou, mas as novidades não páram, com restaurantes para todos os gostos, seja de velhos conhecidos, seja de novos talentos. Promete.

Texto Ricardo Dias Felner
Fotos D.R.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Shin Bonsai” color=”custom” accent_color=”#888888″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quem é o dono: A família Yokochi, que está por trás do mítico restaurante Bonsai da Rua do Norte, o primeiro japonês de Lisboa. Mas Luísa Yokochi, filha do casal fundador, é quem tem assumido a liderança.
Quem cozinha: Shinya Koike é desde Setembro do ano passado o sushiman responsável do Bonsai, mas no Shio Bonsai as suas responsabilidades irão aumentar, com mais espaço para inovar e dar o seu cunho pessoal. O chef de 61 anos nasceu em Tóquio, sendo o pai dono de um restaurante de sushi, mas mudou-se para o Brasil em 1990. Depois de ter passado por vários restaurantes de prestígio, Shinya Koike esteve à frente do Sagakura A1, de São Paulo, que recebeu o prémio da prestigiada revista Gula para o melhor asiático do Brasil em 2015.
Conceito: Kaiseki, ou seja, alta cozinha japonesa de autor. Um fine dining “num espaço muito especial”, diz Luísa Yokochi.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34549″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row]O que se come: A cozinha kaiseki caracteriza-se por menus de degustação onde são escolhidos só produtos de época, de preferência locais. A refeição é composta normalmente por vários momentos e por equilíbrios ou contrastes de sabores, com pratos ácidos, caldos, peixes crus e grelhados, tudo sempre de um grande cuidado estético e com um cerimonial zen.
Ambiente: O espaço terá um jardim que irá iluminar uma sala com 70 lugares sentados e tatami, para se comer no chão. O projecto de arquitectura estará a cargo do ateliê Camarim.
Quando abre: Nunca antes de Maio.
Onde fica: Perto da Praça das Flores, Lisboa.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Fogo” color=”custom” accent_color=”#888888″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quem é o dono: Alexandre Silva, do restaurante Loco, com uma estrela Michelin.
Quem cozinha: Manuel Liebaut, braço direito de Alexandre Silva, no laboratório de investigação do Loco. Já passou por alguns dos mais consagrados restaurantes do mundo, como o Noma, em Copenhaga. Fará duplica com Ronald Sim, sous-chef do restaurante Burnt Ends, em Singapura, reconhecido mundialmente pela forma como cozinha com fogo.
Conceito: Churrasco de chef.
O que se come: “Na cozinha, haverá 4 metros de acção com fogo aberto (…) e um forno a lenha que pesa duas toneladas, grelhadores, placas francesas e utensílios que permitem assar animais inteiros, tudo à vista dos clientes”, avança o comunicado que apresentou o projecto. “Cozido, cortes do dia, chanfana, borrego, leitão, peixe assado no forno, e mariscos — cozinha portuguesa tradicional, pura e dura”, remata.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34550″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row]Ambiente: A ideia é dar-nos a sensação de que todo o espaço foi varrido por chamas. “Madeira queimada, rocha vulcânica dos Açores, ferro e plantas criarão o ambiente único de uma sala que terá 70 lugares.” Decoração a cargo do arquitecto João Tiago Aguiar, o mesmo do Loco.
Quando abre: Data prevista para Março.
Onde fica: Avenida da República, Lisboa.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Elemento” color=”custom” accent_color=”#888888″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quem cozinha: Cozinha quem manda. Ricardo Dias Ferreira irá liderar a equipa de cozinha. Jovem chef, tem feito carreira na Austrália, nomeadamente em Sydney, onde liderou os restaurantes do Shangri-la Hotel, um gigante com 594 quartos. Antes disso, esteve na abertura do The Yeatman, no Porto, no Martin Berasategui, em San Sebastian, e no Quay, em Sydney.
Conceito: Churrasco de chef.
O que se come: “Vamos ter 2 menus de degustação somente confeccionados a brasas e fogo”, diz o chef Ricardo Dias Ferreira. Vai ser dada “prioridade máxima ao produto fresco português e a pequenos fornecedores”.
Ambiente: Decoração é minimalista e “uma garrafeira onde o cliente pode entrar, escolher o vinho e até abrir a garrafa”, explica Ricardo. “Por estarmos numa zona histórica preservámos as paredes originais de granito, típicas do edifício, que casámos com outras paredes construídas em mármore. A cozinha é toda aberta para o restaurante com uma zona de queima com 7 metros e um balcão, em frente, com capacidade para 12 clientes.”
Quando abre: Data prevista para 1 de Fevereiro.
Onde fica: Rua do Almada 51, Porto.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34552″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Taberna do Calhau” color=”custom” accent_color=”#888888″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quem cozinha: Leopoldo Garcia Calhau, arquitecto de formação que divergiu para a cozinha. Tem raízes no Alentejo, onde está a ascendência e onde viveu. Passou pelo restaurante Sociedade, primeiro projecto a solo, na Parede, mas tornou-se conhecido no Café Garrett, do Teatro Nacional D. Maria, em Lisboa.
Conceito: Casa de petiscos com vinhos seleccionados de pequenos produtores, sejam da talha, sejam naturais, sejam nacionais ou estrangeiros. “Sentimos que há tabernas com pouca comida e tascas com vinho de qualidade reduzida. Posto isto, o objetivo é ter o melhor destes dois mundos, boa comida e bom vinho!”, diz Leopoldo Garcia Calhau.
O que se come: São de esperar as paixões antigas de Leopoldo, nomeadamente a preferência pelo porco e pelo borrego, com apetência por peças menos nobres, como cabeças de bichos diversos e especialidades alentejanas, dos ovos com mioleira ao cozido de grão, sem esquecer outras regiões. Ah, e o célebre pudim da Joana, claro.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34553″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row]Ambiente: “Uma taberna alentejana”, garante Leopoldo, com o vinho “servido em copos pequenos ou copos de três”. Toda a gente vai ser bem recebida, a começar pelos vizinhos. “Queremos conquistar as pessoas do bairro e ser bem recebidos na nossa nova comunidade. Vamos tentar fazer as pessoas felizes e desejamos que nos façam também o mesmo.”
Quando abre: Data prevista para meados de Abril.
Onde fica: Largo das Olarias, Marvila, Lisboa.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Ajitama Ramen Bistro” color=”custom” accent_color=”#888888″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quem cozinha: À frente do restaurante estarão António Carvalhão e João Simões. Nenhum deles tem formação em cozinha (trabalharam sempre em marketing e em gestão) mas ambos são loucos por ramen, uma obsessão que culminou no supper club que dinamizaram na casa de António e que tinha, até há pouco tempo, uma lista de espera de mais de 1.500 pessoas. Autodidactas, em 2018 rumaram ao Japão para aperfeiçoarem a técnica de confecção da célebre sopa japonesa, fazendo o curso da Rajuku, onde aprenderam com Takeshi Koitani, dono de dois restaurantes da especialidade em Tóquio e consultor.
Conceito: Tasca de ramen, sofisticada, mas informal.
O que se come: Cinco tipos diferentes de noodles japoneses imersos em caldo, ou seja, sopas ramen como as shoyu ou as shio, mas também outros pratos de tasca japonesa de confecção rápida.
Ambiente: Procura recriar o ambiente dos restaurantes urbanos de ramen em Tóquio.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34554″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row]Quando abre: Já abriu em Janeiro, em soft opening para quem estava em lista de espera no supper club, prevendo-se que o público em geral possa pôr o dente nos caldos fumegantes em Fevereiro.
Onde fica: Entre o Saldanha e o Marquês de Pombal.

Edição Nº22, Fevereiro 2019

Azeite virgem extra de Galega

TEXTO Ricardo Dias Felner FOTO Ricardo Palma Veiga Porventura já lhe aconteceu provar azeites sem expressão ou mesmo rançosos. É que os azeites também têm uma época. E esta é a melhor época. A colheita de azeitona este ano prolongou-se, extraordinariamente, até Janeiro (normalmente vai de Outubro a Dezembro), pelo que o azeite nacional em […]

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTO Ricardo Palma Veiga

Porventura já lhe aconteceu provar azeites sem expressão ou mesmo rançosos. É que os azeites também têm uma época. E esta é a melhor época. A colheita de azeitona este ano prolongou-se, extraordinariamente, até Janeiro (normalmente vai de Outubro a Dezembro), pelo que o azeite nacional em Fevereiro está nas lojas no seu máximo esplendor — fresco, aromático, pujante, com todas as suas propriedades intactas.
José Gouveia, o maior especialista na matéria em Portugal, explica o processo. “O azeite não é como o vinho. Com o tempo perde qualidades. A oxidação culmina com o ranço e com a perda de sabor e aromas”, diz este professor (agora aposentado) do Instituto Superior de Agronomia, hoje consultor de algumas marcas nacionais.
Os prazos, contudo, são difíceis de fixar. Na verdade, a legislação não impõe uma validade. Para José Gouveia, a maioria das garrafas aguenta até ao 13º mês, após a extracção. Mas os azeites comportam-se de forma diferente consoante as azeitonas que usam: quanto menos antioxidantes tiverem, sobretudo polifenóis, menos duram.
Uma cultivar pouco resistente é a arbequina, usada nas produções super-intensivas, e que entram na composição de muitas das marcas de grande consumo dos grandes embaladores, como o Azeite Gallo ou a Oliveira da Serra. “Ao fim de seis meses, já eram”, sentencia José Gouveia.
Mas há outra azeitona, mais exclusiva e complexa, que também faz azeites com pouco tempo de vida: a galega. “O azeite de galega em Junho já decresce”, diz José Gouveia, uma das pessoas que mais se bateu contra o abate de oliveiras de galega.
Existente um pouco por todo o país, à excepção de Trás-os-Montes, a galega é difícil de produzir. “É susceptível a pragas, difícil de apanhar — não se desprende facilmente — e menos produtiva.” Mas, como tantas outras coisas difíceis, tem encantos únicos, com as suas notas a maçã, um sabor suave, doce — e uma história que só há pouco tempo José Gouveia descobriu: “De onde viria o nome?, pus-me a pensar. A Galiza não tem oliveiras. Não tem, mas tinha. Os Reis Católicos é que acabaram com o olival da Galiza, antes disso ele espalhou-se por Portugal.”
Não se atrase.

Adega de Borba tem novo restaurante

No âmbito do desenvolvimento do seu projecto de enoturismo, a Adega de Borba abre agora as portas de um novo espaço dedicado aos vinhos e sabores que marcam mais de 60 anos de história da casa. Situado junto à Loja de Vinhos, em Borba, o Restaurante Adega de Borba é o local a descobrir para […]

No âmbito do desenvolvimento do seu projecto de enoturismo, a Adega de Borba abre agora as portas de um novo espaço dedicado aos vinhos e sabores que marcam mais de 60 anos de história da casa. Situado junto à Loja de Vinhos, em Borba, o Restaurante Adega de Borba é o local a descobrir para provar pratos fiéis à cozinha tradicional alentejana, em harmonização escolhida “a dedo” com os vinhos da Adega de Borba.

A importância de ser trufa

Vivemos imersos num contínuo de recordes e campeonatos e no que toca a alimentos raros e caros nós, humanos, somos exímios. Itália, Sérvia e Croácia produzem “tuber magnatum pico” de excelsa categoria que podem custar 7 mil euros por quilo no tamanho é o normal ou muito mais quando são grandes. A famosa trufa branca […]

Vivemos imersos num contínuo de recordes e campeonatos e no que toca a alimentos raros e caros nós, humanos, somos exímios. Itália, Sérvia e Croácia produzem “tuber magnatum pico” de excelsa categoria que podem custar 7 mil euros por quilo no tamanho é o normal ou muito mais quando são grandes. A famosa trufa branca é mesmo um regalo e a preta não lhe fica atrás.

TEXTO Fernando Melo

Uma trufa não é um fungo, mas o fruto de um fungo. Melhor ainda, é uma excrescência da raíz de algumas árvores. Encolhem os ombros os que acham que se trata de um preciosismo de linguagem e escandalizam-se quando se lhes pergunta se uma maçã é uma árvore. Claro que não. Temos o caviar e o foie gras em boa conta e pagamos valores chorudos por ambos mas também pouco sabemos sobre eles, menos ainda o que queremos saber. O luxo tem essa ambivalência em quase todas as frentes, deseja-se mas abandona-se depois da estaca da conquista. A fina e delicada rede de microfilamentos que vive no mundo subterrâneo das raízes alimenta vagarosamente e de forma sustentada alguns fungos e a esmagadora maioria frutifica à superfície, na forma de cogumelos. Alguns – muito poucos – frutificam debaixo de terra e é aí que temos as trufas. Pretas – tuber melanosporum – ou brancas – tuber magnatum pico -, os antigos reconheciam-lhes poderes sobrenaturais e inebriantes, para os romanos eram um afrodisíaco, depois da introdução da batata na alimentação chegaram a ser conhecidas como batatas malcheirosas e de há um século para cá são alimento muito desejado e apreciado pela élite gourmet. O conhecido cheiro a gás enlouquece os animais, outrora as porcas hoje os cães treinados dão com elas só pelo aroma. Onde apontam, escava-se um pouco e lá estão os pequenos ou grandes frutos, em jeito de recompensa. Em Alba, no Piemonte, Itália, há no final de Outubro um festival que o país elevou a símbolo universal da trufa branca, com honras de estado e leilão global. Isso não quer, contudo, dizer que só naquele pedaço de território há trufas brancas, na verdade existem em todo o mundo. Os aborígenes australianos, por exemplo, consumiam-nas avidamente e eram extraídas das raízes dos eucaliptos. Sérvia e Croácia são palco tanto ou mais importante da trufa branca do que Itália, de resto muitas trufas que entram no mercado pela porta grande provêm dali, o receituário desses países nos capítulos da caça e fundos de cozinha não deixa margem para dúvidas; há séculos que a trufa existe e é apreciada. As razões de mercado naturalmente asfixiam outras denominações que não Alba, mas nalgum ponto o assunto há-de passar a público. Para já a DO Alba permite a certificação de trufas brancas oriundas da Croácia e não são melhores nem piores, são apenas diferentes.
Para nós a trufa preta já faz maravilhas e devemos-lhe glórias diversas, a que só não acrescentamos porque o torpor intelectual não permite. E se temos boa trufa preta! Sei que estou sempre a marrar na mesma tábua, mas a trufa preta laminada introduzida entre a pele e a carne de um capão põe-nos em estado de graça e faz do galaró mudo um rei. A preparação da polémica perdiz à convento de Alcântara assenta na trufa preta e no foie gras logo desde o início da marinada de dois dias em vinho do Porto. Ovos mexidos com trufa preta são mais saborosos do que o clássico ovo escalfado com trufa branca, que de qualquer forma adoro. E um consomé de aves e trufa preta é o melhor amigo de um Madeira sercial. O assunto da trufa branca é eminentemente aromático, é inútil utilizá-la para cozeduras longas. É por isso que compramos azeites ou óleos vegetais trufados, directa ou indirectamente, já que um risoto anunciado por um restaurante com trufas não tem mais do que umas gotas desses concentrados de aromas, mas isso é outra conversa. A luta pela autenticidade não tem tréguas, mas nem sempre temos a arma da informação para a combater. Vamo-nos regalando com o que vai acontecendo pela mão de alguns chefs e vamos fazendo as nossas próprias descobertas. Troou recentemente a notícia da trufa branca de mais de um quilo comprada pelo chef e empresário Tanka Sapkota, no Come Prima, em Lisboa. Fui vê-la e prová-la, nos pratos standard do ovo estrelado e linguini, laminada na hora. Dimensão impressionante, tinha de se segurar com as duas mãos. Uma boa trufa branca pesa algumas dezenas de gramas apenas e custa entre 4 e 7 mil euros o quilo. Daquele fruto gigante não chegou a ser revelado o preço, mas barato não foi. A minha primeira refeição formal de trufas brancas em Portugal aconteceu pela mão do chef Franco Luise no Cipriani, restaurante do Lapa Palace em Lisboa, em meados dos anos 90. A primeira experiência em termos absolutos foi em Florença, no triestrelado Enoteca Pinchiorri, não deixou grande memória, ao passo que a experiência com Franco Luise foi a melhor de todas até hoje. Ficou-nos a 25 contos – 25 mil escudos, lembram-se? – a cada um, um valor elevado, especialmente naquela altura, mas que nunca lamentei. Achei na altura (o que se veio a confirmar) uma experiência irrepetível. No JNcQUOI, em Lisboa, o chef António Bóia subiu a fasquia no jantar de trufas brancas da sua lavra, talante culinário de enorme nível. Senti particular conforto por um homem do produto português que sabemos que ele é dar trono por uns dias a um clássico mundial e universal da alimentação. Trufa é trufa!

Um geógrafo com Quórum

Tiago Emanuel Santos mudou de Aveiro para Lisboa, mas a mensagem é a mesma: continuar a espalhar conhecimento e sabor. TEXTO Ricardo Dias Felner FOTOS Ricardo Palma Veiga Há uma tendência na alta cozinha que é gostar de “elegância”. Ora, Tiago Emanuel Santos, 31 anos, é o contrário disso. Tudo na sua comida — e […]

Tiago Emanuel Santos mudou de Aveiro para Lisboa, mas a mensagem é a mesma: continuar a espalhar conhecimento e sabor.

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Há uma tendência na alta cozinha que é gostar de “elegância”. Ora, Tiago Emanuel Santos, 31 anos, é o contrário disso. Tudo na sua comida — e na bebida —, para além de ser nacional, é explosivo ou exótico. Sabores subtis, capazes de agradar a papilas sensíveis? O menos possível. Vinhos suaves? Nem pensar. Os molhos são puxados ao limite. Os vinhos são exuberantes, por vezes oxidados. A experiência é intensa. “Gosto de levar uma chapada na boca. É um traço meu”, assume, no final de um almoço recente, na sua nova casa.
A sua nova casa é o Quórum, em Lisboa, que mantém o nome e os proprietários, depois da saída de Rui Silvestre, que se mudou recentemente para o Vistas, no resort Monte Rei, em Vila Nova de Cacela, no Algarve. A decoração também se mantém e o posicionamento no mercado é semelhante, com uma oferta de alta cozinha à base de menus de degustação, preços a partir dos 70 euros — ou seja, um nível abaixo dos valores para os fine dining de estrela Michelin.
Dito isto, a cozinha é outra. Tiago traz muito do que andou a fazer nos últimos tempos. Lembre-se que passou pelo Areias do Seixo e que, há cerca de um ano, escrevemos aqui sobre a sua passagem pelo Anna’s, em Aveiro.
O espírito no Quórum é o mesmo, mas este geógrafo, com um conhecimento profundo do território e do produto português, conceptualizou ainda mais a cozinha. A ideia, adianta, é usar técnicas internacionais com produtos portugueses, mas fugindo a “clichés”. “Carabineiros e salmonetes, por exemplo, não usamos”, esclarece.
Aquilo que faz brilhar os olhos de Tiago é o grão que descobriu na Comporta — e que usa no prato de barriga de porco bísaro; ou os queijos da dona Lurdes, de Tarouca; ou a chaputa que lhe trazem de Sesimbra, e que acompanha com um puré de cebola fermentada. Estas descobertas fazem-se pelo estudo, mas também pela viagem. Sempre que pode, Tiago mete-se na estrada com a sua equipa e vai à fonte, a quem produz.
O restaurante está a servir almoços mas aposta sobretudo nos jantares, até pelo perfil do espaço, mais intimista. Se gosta de descobrir vinhos de pequenos produtores, alie o menu de degustação às harmonizações apresentadas por Bruna Esteves, chefe de sala e escanção. No fim, a ideia é a mesma de sempre: comer, beber e aprender com o chef-geógrafo.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”parallax_image_grid” images=”34246,34245,34244,34243″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#ddaaaf” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][vc_column_text]

Quorum

R. do Alecrim 30B, Lisboa. 21 604 0375. Ter-Sábado 12h-15h, 19h-23h.

Edição Nº21, Janeiro 2019

Na rota do chá de Fornelo

O casal Nina Gruntkowski e Dirk Niepoort está prestes a lançar no mercado o primeiro chá verde feito na Europa Continental. A Grandes Escolhas foi à aldeia de Fornelo ver a plantação e fazer a prova. TEXTO Ricardo Dias Felner A estrada faz-se ziguezagueando por entre aldeias e campos, o ar rupestre de lareira e […]

O casal Nina Gruntkowski e Dirk Niepoort está prestes a lançar no mercado o primeiro chá verde feito na Europa Continental. A Grandes Escolhas foi à aldeia de Fornelo ver a plantação e fazer a prova.

TEXTO Ricardo Dias Felner

A estrada faz-se ziguezagueando por entre aldeias e campos, o ar rupestre de lareira e estrume. Estamos a uns 10 quilómetros de Vila do Conde, para interior, e temos de nos socorrer do velho boca-a-boca para chegarmos ao destino, que o GPS já não ajuda. “Vai-se até àquela casa ao fundo e vira-se no caminho de terra batida para cima”, diz-nos um habitante de Fornelo.
Toda a gente conhece a Camélia, apesar de a camélia ainda não se ter dado a provar. Os resultados do cultivo não são imediatos, é preciso esperar — sobretudo se estiver em causa um produto premium biológico. São necessários cinco anos desde que é feita a plantação até que as folhas da camellia sinesins estejam prontas para se transformarem em bebida.
Mas esse tempo está quase a chegar. Assim que passamos o portão da quinta, Nina Gruntkowski leva-nos até ao topo da propriedade. “As plantas mais antigas são estas, têm quatro anos”, diz, num português com sotaque germânico, afagando uma sebe quase à altura da cintura. “Para o ano, já teremos o nosso chá no mercado”, congratula-se.
O projecto Camélia começou a ser pensado desde 2011 e a imprensa começou a dar-lhe destaque a partir de 2016. A expectativa é grande, até porque atrás da marca está o consagrado produtor de vinhos Dirk Niepoort, marido de Nina, grande apreciador de chá. E há uma curiosidade adicional: esta é a única plantação de camellia sinensis, para produção comercial de chá, em toda a Europa Continental (ver entrevista nestas páginas).
A planta é produzida, essencialmente, em países asiáticos, nomeadamente na China, Japão e Índia, mas também na Turquia. Na Europa, Portugal parece ter condições particulares e culturais para a plantação, com a região dos Açores à cabeça e, agora, Vila do Conde. “Esta é uma região de camélias, sempre foi. Tem solos ácidos, por causa do granito. E tem humidade, um microclima próprio. E como nós já tínhamos este terreno, porque os pais do Dirk viviam aqui, decidimos arriscar”, diz esta jornalista alemã reconvertida em agricultora biológica, acrescentando ainda um factor: “É preciso ter uma grande panca”, conclui, sorrindo e desprendendo um botão de flor de camélia. “Podem provar, são bons para comer assim.”
Enquanto, a folha de chá não fica pronta, a única coisa que a Camélia está a vender, exclusivamente de produção própria, são as flores, que “tecnicamente não são chá, mas tisanas”. Nessa mesma tarde, as pétalas estão a ser desidratadas na zona do escritório, numa máquina do tamanho de um fogão. Nina faz questão que provemos o produto final sob uma laranjeira, no exterior, para aproveitarmos o sol de Inverno.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34231″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e8e8e8″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Luís Mendonça de Carvalho”][vc_text_separator title=”“Preparar chá já é, em si, relaxante”” title_align=”separator_align_left” align=”align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]Um dos maiores especialistas portugueses em chá explica-nos sobre a geografia da planta e sobre os seus benefícios para a saúde. A palavra a Luís Mendonça de Carvalho, biólogo e director do Museu de Botânica de Beja.
Já ouviu falar do chá que está a ser produzido perto de Vila do Conde?
Consumo, habitualmente, o chá que vendem, em especial o verde japonês e o de Assam, embora também já tenha provado outros. Apenas provei uma vez o chá produzido no Minho, quando a Nina o apresentou na Companhia Portugueza do Chá, em Setembro de 2017, se a memória não me falha. A minha opinião sobre o mesmo é muito positiva.
É verdade que não há outra produção de chá, com estas características, na Europa Continental?
Poder-se-á sempre dizer que é o único produzido comercialmente em Portugal Continental ou mesmo até na Europa Continental (embora em Itália também se produza uma pequena quantidade de chá). Não se poderá, com rigor, dizer (acho eu) que seja o primeiro chá plantado e comercializado na Europa Ocidental porque, pelo menos em termos administrativos, os Açores também são Ocidente e a plantação na Cornualha também. A Turquia é um grande produtor e, tecnicamente, um país europeu, embora o centro de produção se situe na parte asiática da Turquia, no Norte da Ásia Menor (região de Rize).
Mas sempre ouvimos falar do chá dos Açores como sendo único na Europa.
O que acontece nos Açores é que estão há cerca de 140 anos a produzir chá de forma ininterrupta. E as cerca de 40 toneladas que produzem por ano são muito significativas em relação ao que se produz no Minho, na Cornualha ou em Itália, onde a produção é meramente simbólica, pelo menos até hoje.
Uma questão recorrente, tem a ver com os benefícios para a saúde. Há quem diga que faz bem a quase tudo; e há quem garanta não haver evidências científicas disso.
Quando se pensa em benefícios para a saúde, dever-se-á sempre pensar numa perspectiva de prevenção e de longo prazo. Ou seja, o chá não é uma panaceia que cura tudo, nem uma poção mágica que promove a metamorfose de um corpo doente num corpo são de forma imediata. O que o chá tem (em especial o chá verde, oolong e pu-erh) é substâncias benéficas para o corpo, que actuam a longo prazo, como é o caso dos antioxidantes.
E é preciso saber beber chá.
O consumo em excesso não é aconselhado e a selecção dos chás que se consomem (preferencialmente biológicos, para tentar reduzir a carga de pesticidas que possam ter, verde ou oolong) deve ser integrada numa prática de vida saudável. O chá não anula os potenciais efeitos negativos do stress contínuo, da poluição, de uma vida sem objectivos definidos ou sem paixão pelo que se faz e pelas pessoas que nos rodeiam. Por outro lado, o chá também é uma forma de beber água, e esta questão não é de importância menor. Há evidências científicas de que o chá promove a saúde e o bem-estar, mas não há evidências científicas de que o chá tudo cura. Repare que o facto de “fazer chá”, ou seja, de o preparar para nós ou para os amigos, já é, em si, relaxante.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”parallax_image_grid” images=”34232,34233,34234,34235″][/vc_column][/vc_row]De chávena na mão
Em cima da mesa da casa de apoio — rodeados pela plantação — já estão todos os utensílios necessários. E é tudo simples e bonito e especial. A chaleira eléctrica tem regulador de temperatura, por exemplo. “É essencial. Algumas pessoas dizem-me que não gostam de chá verde, porque é muito amargo e adstringente. Mas isso pode só ter a ver com a temperatura e o tempo de infusão”, explica Nina, deixando os valores de referência: 70 ºC se o chá verde for japonês, para 1,5 minutos de imersão. Mas há mais: o bule é de porcelana e a amplitude do coador permite que as folhas tenham espaço entre elas.
O chá de flores, vendido como Florechá no site da Camélia, é muito aromático e elegante, com um adocicado ligeiro. Nina dá-nos depois a provar a criação mais original, ideia do marido: o Pipachá são folhas de chá do tipo oolong, com uma oxidação intermédia (entre o preto e o chá verde), que estagiaram em pipas de Vinho do Porto da Niepoort, durante seis meses. No nariz sobe logo um aroma a passa e tem um final doce. “Há um chef de Macau que gostou tanto que nos leva a maior parte da produção”, diz Nina.
As primeiras experiências da Camélia começaram em pequenos vasos no quintal dos Niepoort, no Porto. Eram cerca de 200 e as plantas foram transplantadas com sucesso para o terreno de Fornelo. Ao todo, Nina diz que hoje em dia terá cerca de um hectare de plantação, contando já com as camélias que acabaram de ser semeadas. À plantação própria somam-se marcas premium que Nina importa, sobretudo do Japão. É o caso dos chás Morimoto, apelido do casal produtor, que já provou e aprovou a Camélia. “Eles têm-nos ajudado com a plantação, vieram visitar-nos. E disseram-nos uma coisa que nos deixou muito satisfeitos: que o nosso chá tem terroir, tem um sabor próprio.”
É esse chá que bebemos, por fim. Não está à venda, ainda é só uma experiência. A colheita foi feita na Primavera e é uma espécie de segredo por revelar. A expectativa sobe à medida que as folhas imergem na água. Sente-se logo um aroma marinho, típico dos melhores chás verdes japoneses. A prova confirma isso: algas, final doce, típico de chás plantados próximos do mar.
Nina olha a nossa expressão de felicidade, agarrando na chávena com as duas mãos. Tem um sorriso aberto. Está quase, está bom.

Edição Nº21, Janeiro 2019

Queijo

TEXTO Ricardo Dias Felner FOTO Ricardo Palma Veiga É um segredo que o sector não gosta de revelar. Mas é mesmo assim. O queijo também é sazonal. Os melhores queijos de pasta mole, como os Serra da Estrela ou os Azeitão de produção artesanal — mas também os frescos e os requeijões —, são particularmente […]

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTO Ricardo Palma Veiga

É um segredo que o sector não gosta de revelar. Mas é mesmo assim. O queijo também é sazonal. Os melhores queijos de pasta mole, como os Serra da Estrela ou os Azeitão de produção artesanal — mas também os frescos e os requeijões —, são particularmente bons em Janeiro e Fevereiro. É nesta altura que eles estão com a máxima pujança e isto tem a ver com uma lógica simples: há mais pasto, logo os animais comem melhor, logo o leite tem mais gordura, logo o queijo tem outra potência.
Pedro Cardoso, dono da Queijaria, em Lisboa, e fornecedor de restauração de topo, estende este período até Março, altura em que o queijo ganha outras notas. Pedro Silveira, especialista em queijos beirões, antigo director do Museu do Queijo, na Covilhã, explica que os queijos de Março e Abril ganham notas florais interessantes, próprias da paisagem primaveril. Mas aduz: “Pessoalmente, nos Serra da Estrela, prefiro os de Janeiro e Fevereiro, com mais gordura.”
Como é que então é possível comer-se queijo de pasta mole o ano inteiro? Por um lado, mesmo alguma produção artesanal usa ração para compensar a falta de pasto ou então compra leite fora — e não se coíbe de produzir o ano inteiro, mesmo se tem de baixar a qualidade. Por outro lado, recorre-se frequentemente à congelação e isso quebra a textura da pasta. Foi isso que aconteceu, provavelmente, com aquele Serra da Estrela DOP que estava na sua mesa de Natal. Um luxo de época pode não ter sido um luxo de queijo.

Edição Nº21, Janeiro 2019