QUINTA DA BADULA: Onde o tempo “manda” no vinho

Os antigos contam que, há 100 anos, a agora chamada Quinta da Badula, localizada em Arrouquelas, no concelho de Rio Maior, tinha vinha e ali se faziam grandes vinhos. Com a passagem do tempo e as demandas do Homem, aquela acabou por extinguir-se. Os octogenários António Filipe e José Diogo são os guardiões desta vetusta […]
Os antigos contam que, há 100 anos, a agora chamada Quinta da Badula, localizada em Arrouquelas, no concelho de Rio Maior, tinha vinha e ali se faziam grandes vinhos. Com a passagem do tempo e as demandas do Homem, aquela acabou por extinguir-se. Os octogenários António Filipe e José Diogo são os guardiões desta vetusta memória outrora partilhada com o amigo José Marques, o detentor desta propriedade vitivinícola inserida na região dos Vinhos do Tejo.
A designação advém do proprietário daquela época, conhecido pela alcunha de Badula. “Como queríamos um nome que fosse fácil de dizer em todas as línguas, porque, desde logo, apostamos na exportação, descobrimos que se trata de uma família de flores. Uma vez que não se via o laranja nos rótulos, e queríamos usar uma cor que chamasse a atenção por sermos novos no mercado, usamos a flor laranja, que é um hibisco, a imagem de marca, e fazer a analogia entre a badula e a espécie de flores”, explica a filha, Élia Marques Vitorino, responsável pelos departamentos administrativo e comercial da Quinta da Badula, negócio familiar, com origem em Rio Maior, no qual, cabem ainda a mulher, Lurdes Marques, e o genro, Emanuel Vitorino.
No início, eram tintos
Mas o que faz o proprietário de uma pequena fábrica de artefactos de cimento, situada em Rio Maior, no mundo do vinho? A pergunta é desmistificada de imediato por José Marques. A paixão pelo vinho foi o ponto de partida para muitas viagens pelo país, nomeadamente pelas regiões do Douro e do Alentejo, o que lhe permitiu reunir conhecimento acerca desta matéria. Tamanha curiosidade determinou ainda as múltiplas idas a Espanha e França, sempre com o objetivo de provar mais e mais vinho.
Destas rotas didáticas cá dentro e d’além fronteiras, resultou a compra gradual da atual propriedade em Arrouquelas, explorada, desde 1999, por José Marques, que ali tinha instalado uma central de lavagem de areia. Contudo, houve a necessidade de corrigir a orografia do terreno, para facilitar o trabalho de campo e, apesar do solo arenoso e consequentemente pobre, típico da zona da charneca da região do Tejo, decidiu avançar, em 2007, com a plantação de quatro variedades de uva tintas: Castelão, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah. “As castas foram escolhidas por mim. Lia as revistas dos vinhos e via de onde saiam os grandes vinhos”, justifica o nosso anfitrião.
Mas quando, em 2009, a época da vindima estava quase à porta, não havia adega nem enólogo. Foi através de um amigo que conseguiu o contacto do enólogo António Ventura, que inicialmente, mostrou alguma relutância, mas quis conhecer o projeto in loco. “Quando passou aqui, provou as uvas e observou o terreno, que, apesar de pobre, denotava potencial para a colheita de matéria-prima de qualidade”, conta o proprietário da Quinta da Badula.
O Quinta da Badula Reserva tinto 2009, feito a partir de Touriga Nacional, Syrah e Alicante Bouschet, foi produzido em lagares, ainda em Rio Maior, e marcou a estreia no portefólio desta empresa familiar. Entra no mercado a 8 de março de 2012, ao mesmo tempo que é apresentado o Quinta da Badula Colheita Selecionada tinto 2010, elaborado com as castas Castelão, Touriga Nacional e Alicante Bouschet, na primeira adega, instalada no espaço agora ocupado pela oficina da propriedade. Conta Élia Marques Vitorino que este último é distinguido, em maio de 2012, com uma medalha de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas. “Foi uma notícia inacreditável!” O prémio deu alento à família, para prosseguir com o projeto, à época, com cinco anos.
Em 2012, chegou a vez da seleção das castas brancas, lista preenchida por Arinto, Fernão Pires, Moscatel Graúdo, Alvarinho e Gouveio. Esta nova etapa da Quinta da Badula obrigou o proprietário a avançar para as provas de vinho branco, vinho que não apreciava por aí além… “Neste caso, a escolha foi do engenheiro António Ventura”, confessa José Marques. Dois anos mais tarde, deu-se início ao portefólio de vinhos brancos, com o Quinta da Badula Reserva, feito a partir das variedades Alvarinho e Arinto. Em 2015, ocorreu a estreia do Badula rosé, com Touriga Nacional e Syrah.
A Cabernet Sauvignon e a Chardonnay, respetivamente, tinta e branca, foram as eleitas da última plantação, em 2018. “Quando plantar mais vinha, irei plantar mais Castelão”, garante José Marques, que, ao longo destes 18 anos, contabilizados desde a plantação da vinha, tem vindo a absorver o saber-fazer com o mestre da enologia da casa. No entanto, é António Ventura quem determina o dia da vindima, com base nas análises feitas às uvas em laboratório e prova das uvas no terreno.
Hoje, a vinha ocupa uma área de 25 hectares, estendendo-se numa encosta suave e rodeada maioritariamente por floresta. A parte voltada a nascente ficou reservada às castas tintas, “porque os tintos precisam de mais grau e de mais estrutura”; as videiras das variedades de uva branca estão expostas a norte, uma vez que, segundo o nosso anfitrião, “os brancos não precisam de tanto grau”.
Entreajuda nas vindimas
José Marques marca presença assídua na vinha e faz questão de, entre outros trabalhos, coordenar e colaborar na monda, que entra em ação na fase do pintor. “Chego a tirar 20 cachos de cepa”, diz, e deixa apenas um quando se tratam das parcelas de uvas tintas com potencial para os vinhos Reserva e Grande Reserva.
A minúcia com que se dedica a esta atividade traduz-se numa ação morosa. Esta seleção tem como finalidade diminuir a produção de uva por hectare, para garantir a qualidade da matéria-prima. Caso contrário, “não temos grau, não temos estrutura, não temos nada”, elucida o proprietário da Quinta da Badula, dando como exemplo o comportamento da casta Castelão. Paralelamente, a fertilidade baixa causada pelo solo arenoso, permite, por si só, que esta variedade de uva produza em quantidades reduzidas.
A vinha, situada a cerca de 20 quilómetros do mar, em linha reta e desenhada com base no sistema de condução bilateral, tem cerca de 1,5 metros de altura. O excesso de folhagem é propositado, acima de tudo, no topo e no lado em que a exposição solar é direta. Serve para proteger os cachos, sobretudo à hora em que o termómetro mostra maior risco de calor.
“Gostamos de ver aqui os ninhos dos passarinhos, as lebres, os coelhos e as perdizes, e os meus netos andam por aqui sem qualquer perigo. Por isso, não usamos herbicidas”, assegura. Sem seguir os parâmetros da viticultura biológica, José Marques prefere optar por “produtos menos ofensivos”. É o caso da calda bordalesa e enxofre. “O enxofre é usado contra o oídio e a calda bordalesa é para o míldio”, descreve.
A humidade não é um problema, graças ao vento, que ajuda a secar as videiras, e a exposição favorável a norte. Mesmo assim, há a necessidade de recorrer ao sistema de rega gota a gota, suportada pela charca da propriedade, para manter a humidade do solo durante o verão. “Quando está muito sol, o sol incide nos seixos, vai espelhar e, consequentemente, queimar os cachos. Portanto, a água mantém a humidade, o que impede a acumulação de calor no solo. É dispendioso e dá trabalho, mas compensa na qualidade das uvas.”
Em contrapartida, as noites frescas permitem que os vinhos sejam mais frescos e tenham acidez, característica enaltecida por José Marques. “Foi por isso que escolhemos este terreno, para plantar vinha.” Além disso, são um bom pretexto para iniciar a vindima mais cedo, pelas seis da manhã, de modo a colher as uvas a baixa temperatura.
Uma parte da vindima é feita com o auxílio de uma máquina vinda de França. Os cachos destinados aos Grande Reserva e Reserva tinto, bem como para o Reserva branco e o espumante, são colhidos à mão, mas “como não conseguimos apanhar tudo de noite, colocamos em caixas, dentro do frio, e as uvas só são processadas quando estiverem mesmo frias. Se esmagarmos as uvas quentes, perdemos parte dos aromas que precisamos no vinho”, esclarece José Marques. “O nosso objetivo é produzir vinhos de grande qualidade. Para o efeito, temos de controlar as uvas”, acrescenta Élia Marques Vitorino.
Todos os anos, esta fase da cultura da vinha e do vinho é apoiada pela população de Arrouquelas, que faz questão de participar na colheita das uvas. Entre crianças, jovens e mais velhos, há um enorme espírito de entreajuda, e até há uma espécie de horta comunitária, com uma variedade considerável de hortícolas e fruta. E, claro, os amigos António Filipe e José Diogo não faltam!
José Marques mostra as madeiras de maior qualidade das tanoarias francesa Seguin Moreau e portuguesa J.M.Gonçalves
Tanoaria de topo
Sobre as duas últimas castas plantada na propriedade, aguarda-se a estreia do vinho, cujo lote incluirá a Cabernet Sauvignon, visto que os monovarietais não têm lugar cativo no portefólio da Quinta da Badula. “Talvez um dia…” Já a Chardonnay foi plantada com o pretexto de se fazer espumantes, cuja estreia aconteceu em 2020, com o Quinta da Badula Espumante Reserva Brut Nature. Esta primeira edição inclui 10% de Arinto, enquanto na segunda, de 2022, a percentagem desta casta branca subiu para os 20%. “Só fazemos espumante quando temos uvas de muita qualidade. É feito de uma forma muito especial, em que o cacho vai inteiro para a prensa pneumática, daí que tenha de estar em perfeitas condições”, afirma José Marques.
O proprietário da Quinta da Badula compara a produção do espumante, em que o dégorgement é feito por uma empresa externa, com o vinho maior do portefólio, o Quinta da Badula Grande Reserva tinto, com o registo de apenas três colheitas: 2014, 2015 e 2017. “Temos colheitas de 2017 a 2024. São vinhos de grande qualidade, alguns ainda estão em barrica, mas ainda não decidimos o que vai para Grande Reserva”, revela o nosso anfitrião, ou não fosse a enologia comandada pelo tempo. Some-se o contentor com aproximadamente 600 garrafas de Quinta da Badula Reserva 2016 colocado, em 2021, na charca, o qual gera expectativa aos proprietários.
Com o propósito de aprofundar a diferença entre os tintos, no que ao tempo de estágios diz respeito, José Marques revela que o Grande Reserva permanece por 21 meses em barricas novas e o Reserva é submetido a 12 meses em madeira de segundo ano, enquanto o Colheita Selecionada está nove meses. A par com a aposta em descansos longevos nestes vinhos, o nosso anfitrião enfatiza a importância da pisa a pé, em lagar, nas uvas tintas, “para que o vinho tenha mais extração e estrutura”. A “qualidade de excelência” realçada por Élia Marques Vitorino tem como marco o prémio “Excelência”, na categoria dos tintos, atribuído ao Quinta da Badula Grande Reserva tinto 2017, por ocasião do XV Concurso dos Vinhos do Tejo. “Esteve dois anos em barrica, de onde tiramos, para ir decantando, porque não fazemos colagens nos vinhos, daí que mantenhamos os vinhos por mais tempo na adega. Fazemos uma ligeira filtração de placa aberta, para evitar a passagem de impurezas, mas é o menos filtrado possível, para que não haja interferência na cor e na estrutura do vinho”, fundamenta José Marques.
Nos brancos, o topo de gama é o Quinta da Badula Reserva, com um tempo de estágio de seis meses em barricas novas. Mas nem sempre há colheitas desta referência. Quando não acontece, fica a garantia da produção de um Quinta da Badula Colheita Selecionada, submetido a três meses em madeira usada. Nos dois casos, o vinho estagia em barricas de madeira “topo de gama”.
Na adega da propriedade, concebida em 2012 para trabalhar por gravidade, onde está instalada, a 10 metros de profundidade, a cave das atuais 300 barricas, José Marques mostra as madeiras de maior qualidade das tanoarias francesa Seguin Moreau e portuguesa J.M. Gonçalves. “Cada uma é usada em 50%”, afirma o nosso anfitrião, que distingue ambas da seguinte forma: “a tanoaria portuguesa dá mais estrutura aos vinhos, enquanto a francesa, dá mais elegância.”
Quer nas barricas, quer nos depósitos de inox, os vinhos estão separados por castas. O lote, que difere de ano para ano, é feito no final. Posteriormente, é colocado nas cubas destinadas para o efeito e engarrafado na máquina, também preparada para a rotulagem. “Nós fazemos todo o trabalho internamente. Se corre alguma coisa mal, a responsabilidade é nossa, mas a se a máquina for de fora, nunca saberemos de onde veio o problema”, remata José Marques.
A capacidade de produção anual ultrapassa os 100.000 litros e destina-se às lojas gourmet, garrafeiras e restaurantes. No âmbito da exportação, constam os Países Baixos, considerado o melhor mercado no universo da Quinta da Badula, bem como a Bélgica, a Suíça, a Alemanha, o Brasil e, “esperamos nós”, novamente a China, mercado outrora importante na casa.
Nota: A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico.
Um brinde aos “Melhores do Ano” da região do Tejo

No passado dia 28 de Junho, o Imóvel de Valências Variadas, em Almeirim, engalanou-se para receber a Gala dos Vinhos do Tejo, promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo. Em destaque esteve a entrega de prémios do 15º Concurso de Vinhos do Tejo. De um total de […]
No passado dia 28 de Junho, o Imóvel de Valências Variadas, em Almeirim, engalanou-se para receber a Gala dos Vinhos do Tejo, promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo. Em destaque esteve a entrega de prémios do 15º Concurso de Vinhos do Tejo. De um total de 200 referências avaliadas em prova cega, foram distinguidas 65 em cinco categorias: Excelência, Melhor Fernão Pires, Melhor Castelão, Grande Ouro e Ouro.
As medalhas de Excelência foram atribuídas aos vinhos Casa da Paciência Grande Reserva Alvarinho Vinhas Velhas branco 2024 (Casa Paciência, em Alpiarça) e ao Quinta da Badula Grande Reserva tinto 2017 (Quinta da Badula, em Rio Maior). No alinhamento dos grandes prémios, foram eleitos o Encosta do Sobral Grande Reserva Fernão Pires Vinhas Velhas branco 2023 (Santos & Seixo, em Tomar) e o Bathoreu Castelão tinto 2023 (Agro-Batoreu, em Aveiras de Cima), respectivamente, para o Melhor Fernão Pires e o Melhor Castelão. Ao palco subiram ainda os representantes das 11 referências selecionadas para a categoria Grande Ouro, bem como das 52 laureadas com Ouro.
Dentro do contexto vitivinícola, o galardão Enólogo do Ano ficou nas mãos de Pedro Pinhão, administrador e diretor da equipa de enologia da Quinta da Lagoalva. O Casal da Coelheira e a Fiuza Wines arrecadaram, respectivamente, os troféus Empresa de Excelência e Empresa Dinamismo. Já nos prémios Tejo Anima by Rota dos Vinhos do Tejo foram distinguidos a Quinta da Lagoalva como Melhor Enoturismo, o Mercado Municipal de Santarém como Património e Oferta Cultural e a aldeia de Dornes, em Ferreira do Zêzere, na vertente Natureza.
Outro dos pontos altos da Gala dos Vinhos do Tejo foi a eleição de Jorge Antunes, presidente da Adega do Cartaxo, e de Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Almeirim, para o Prémio Carreira.
Ode Phosphorus: de Pessac-Leognan ao Vale de Franschhoek, a Hunter Valley e à região Tejo…

Acredito sinceramente que a casta Sémillon é merecedora de uma audiência maior no mundo vínico e enófilo, pois consegue originar vinhos deliciosos e extremamente acessíveis na sua juventude e desenvolve múltiplas nuances e grande complexidade ao longo da sua vida em garrafa. De origem francesa, é conhecida por estrelar os reverenciados vinhos brancos doces de […]
Acredito sinceramente que a casta Sémillon é merecedora de uma audiência maior no mundo vínico e enófilo, pois consegue originar vinhos deliciosos e extremamente acessíveis na sua juventude e desenvolve múltiplas nuances e grande complexidade ao longo da sua vida em garrafa. De origem francesa, é conhecida por estrelar os reverenciados vinhos brancos doces de Sauternes e os secos de Pessac-Leognan, da região de Bordeaux, de que é exemplo o icónico Chateau Haut-Brion, cujo lote é composto por Sémillon e Sauvignon Blanc, com ligeira predominância da primeira.
Mas diz-se ter sido na Austrália, no Hunter Valley, estado da Nova Gales do Sul, a norte de Sydney, que a Sémillon encontrou o seu terroir de eleição, onde, aliás, se encontra plantada desde o século XIX (1830) até aos dias de hoje. Na verdade, tal como a Chenin Blanc, no Vale do Loire, a Pinot Noir, na Borgonha ou a Nebbiolo, na região do Piedmonte, não existem muitos outros sítios no mundo onde a Sémillon produza resultados tão excepcionais como no Hunter Valley.
A versatilidade da casta manifesta-se na facilidade com que se adapta tanto a climas quentes como frios. No calor, ela apresenta aromas e sabores suculentos de frutas amarelas e tropicais como pêssego, manga e papaia, e produz vinhos com maior teor alcoólico e bom potencial de envelhecimento. No frio, os vinhos são mais frescos, com aromas e sabores de frutas cítricas, maçã, pêra e melão. São exemplares com mais acidez e menos álcool.
Em Portugal é uma das castas autóctones do Douro, por exemplo, tendo sido, inclusivamente, uma das mais utilizadas pelos viticultores da região, que a conheciam pelo nome de Boal. Só quando foi “importada” para o nosso País se descobriu que Sémillon e Boal são a mesma casta.
Produzido a partir de algumas das melhores uvas Sémillon, fermentadas e envelhecidas durante 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 l, apresentou-se-nos um vinho elegante, texturado e extremamente gastronómico
A casta Sémillon no Tejo
A ODE Winery, Farm & Living é uma adega com história, localizada em Vila Chã de Ourique, freguesia do Município do Cartaxo, distrito de Santarém, a apenas 50 minutos de Lisboa.
Totalizando 96 hectares, começa a operar em 2022 pelo grupo Immerso Collective, criado com foco no luxo e sustentabilidade por David Clarkin e Andrew Homan, que têm mais de trinta anos de experiência em investimento e desenvolvimento imobiliário de futuro nos mercados asiático e australiano, bem como em gestão de fundos de investimento imobiliário. O objectivo foi criar um projecto que trouxesse a merecida visibilidade à região Tejo e à sua extensa cultura do vinho.
A Ode Winery integra a adega e vinhos ODE, produzidos numa unidade de vinificação de última geração, que manteve a sua beleza e origem históricas, que remontam ao ano de 1902.
Jim Cawood, australiano de nascença e com uma vasta experiência em todas as vertentes do negócio do vinho, tendo sido sommelier, importador, distribuidor e retalhista, e também produtor em Espanha, é o “director of Wines and Good Times” da ODE. Anfitrião por excelência, apaixonado pelo projecto e pelo terroir ODE, desde logo identificou várias semelhanças entre o terroir calcário onde está inserida a empresa e o clima e ph dos solos de Hunter Valley. Mas foi um feliz acaso que levou a Sémillon até à ODE Winery. Ou talvez não tenha sido totalmente um acaso. Em conjunto com a enóloga Maria Vicente, com mais de 20 colheitas no seu percurso profissional quando assumiu o projecto ODE, nas inspecções iniciais às vinhas, Jim constatou algo de esquisito na parcela onde estava registada e plantada a casta Viognier.
De um lado era Viognier, sem qualquer dúvida, mas, do outro, de certeza absoluta que Viognier não era. Eram simplesmente duas plantas diferentes. A outra era Sémillon!
Os motivos que levaram os antigos proprietários (Vale d’Algares) a registar tudo como Viognier não sabemos. Podemos apenas especular que fosse por a Sémillon não ser uma casta autorizada na região Tejo, na altura em que foi plantada, ou simplesmente por engano do viveirista. A verdade é que não sabemos. O que sabemos é que Maria e Jim, perante a realidade das coisas, decidiram apostar na casta, e em boa hora o fizeram, já que os resultados se têm revelado excelentes.
Potencial para envelhecer
Para adicionar textura e definição, cerca de 15% desse vinho envelheceu em barricas novas de 500 l de carvalho francês durante cinco meses. Seco e cítrico, com notas de limão, lima, maçã verde, e um final de boca mineral, na sua juventude será um vinho que harmoniza com facilidade com marisco, por exemplo, mas tendo potencial para envelhecer em garrafa até 10 ou mais anos. Envelhecido, será um vinho perfeito para acompanhar um assado de porco ou aves, como o faisão por exemplo.
Produzido a partir de algumas das melhores uvas Sémillon, fermentadas e envelhecidas durante 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 l, apresentou-se-nos um vinho elegante, texturado e extremamente gastronómico. O Ode Phosphorus junta-se, assim, às 12 referências Ode já disponíveis no mercado. Pois seja bem vindo!
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Grande Prova: Tintos do Tejo “On Fire”

O rio define a região de vinho a norte de Lisboa, que se estende Tejo acima até Tomar. Resultado de uma restruturação de nome em 2008, da qual resultou uma identidade centrada no rio e seu nome: é a Indicação de Proveniência Regulamentada Tejo e a Denominação de Origem Protegida DoTejo. Os seus 12 mil […]
O rio define a região de vinho a norte de Lisboa, que se estende Tejo acima até Tomar. Resultado de uma restruturação de nome em 2008, da qual resultou uma identidade centrada no rio e seu nome: é a Indicação de Proveniência Regulamentada Tejo e a Denominação de Origem Protegida DoTejo. Os seus 12 mil hectares de vinha produzem 65 milhões de litros de vinho, dos quais 30 milhões são certificados, 90% como Regionais e 10% como DOC.
Havia várias DOs na região, mas em 2008 passaram a ser admitidas como sub-regiões, que, na verdade, são raramente usadas ou comunicadas pelos produtores. São elas Almeirim, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar. Na verdade, a CVR, liderada desde 2014 por Luís Castro, tem enfatizado os três terroirs mais marcantes da região: o Bairro, o Campo e a Charneca. A CVR encomendou estudos que levaram a que a zona de maior altitude, perto de Tomar, se vá tornar, em breve, na quarta subdivisão da região do Tejo.
Esta é a melhor prova de vinhos tintos do Tejo alguma vez feita.
Vinhos de grande nível
A grande batalha do Tejo nas últimas décadas tem sido a conversão da região para a produção de vinhos de qualidade. Luís Castro, como muitos outros na região, defendem que essa batalha está ganha há muitos anos, mas o consumidor não tem essa percepção. A CVR tem feito o seu papel, os produtores também, mas o consumidor não vê o Tejo com os mesmos bons olhos de outras regiões, e quer dali vinhos bons e baratos. Não estou necessariamente de acordo com essa visão. Penso que o Tejo deu passos em frente, mas depois estagnou durante alguns anos, e navegou com alguma complacência as águas da qualidade, quantidade e percepção. A aritmética da escola primária chega para perceber que se pode ganhar mais dinheiro com um vinho mais caro, e muito mais dinheiro com uma quantidade grande desse vinho. Mas isso já não importa, porque esta prova me mostrou que essas dúvidas foram resolvidas. Já há alguns anos que vejo os melhores tintos do Tejo a alcançar uma dimensão até há poucos anos impensável e, neste momento, vejo uma quantidade já significativa de produtores a contribuírem com vinhos de grande nível. Ou seja, bem-vindo, Tejo!
Nos vinhos brancos, a casta rainha é a Fernão Pires, com cerca de 80% do encepamento. Os enólogos foram percebendo melhor a casta e suas especificidades, e conceberam soluções para melhorar os vinhos, fosse em lotes com outras castas, fosse entendendo melhor e adaptando a produção a cada terroir. Nos tintos sempre houve mais variedade. A casta mais plantada é o Castelão, seguida da Trincadeira. Também há muita Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alicante Bouschet e Syrah. Mas neste segmento dos topos de gama, o Castelão, e até a Trincadeira, aparecem apenas residualmente. Por outro lado, aparece com alguma frequência a Touriga Franca nos lotes. Também neste capítulo, o Tejo se redefine. Obviamente, para os topos de gama é usual o estágio em barricas de carvalho, novas ou usadas. Fiquei muito contente de verificar que eram poucos os vinhos com graus alcoólicos muito elevados. A região é muito quente, mas há já talento para controlar as maturações excessivas. Em geral, os vinhos mostraram muita qualidade e apelo, com vários a apresentar notas excelentes e muita adaptação à mesa.
Uma região precisa das suas estrelas, e são essas que puxam tudo para a frente.
Afinado e sedutor
Falei com Pedro Pinhão, enólogo da Quinta da Lagoalva de Cima, que me explicou que o vinho na casa, como em muitas outras do Tejo, é apenas mais uma das múltiplas culturas. Eventualmente, isso atrasou a tal mudança da ênfase da quantidade para a qualidade. Hoje em dia há mais experiência, maior foco na vinha e nos vinhos, melhor divisão de tarefas e pessoal mais especializado. A Lagoalva esteve na primeira linha dos vinhos do Tejo logo a partir dos anos 1990, e mostra hoje este topo de gama muito afinado e sedutor.
Não se viu nesta prova, mas a minha experiência com os vinhos do Tejo mostra-me um salto em frente também nas entradas de gama. A região trabalhou para oferecer vinhos com boa relação qualidade preço em todas as gamas, e o tal déficit de percepção de qualidade, de que Luís Castro falou, foi combatido com uma abordagem mais focada na exportação, onde essa percepção não existia. Segundo ele, a CVR apoia também os seus produtores com aconselhamento de críticos internacionais, como Charles Metcalfe ou Dirceu Vianna, e ainda visitas a produtores concorrentes nas feiras internacionais.
Olhando os resultados da prova, vemos claramente essa qualidade marcada por preços bem acessíveis, mas vemos também vinhos cujo preço começa a subir bastante. Não vejo isso como negativo, mesmo que isso nos faça poder bebê-los menos vezes. Uma região precisa das suas estrelas, e são essas que puxam tudo para a frente. Vejo ainda, e por agora, independentemente dos diferentes lotes de várias castas, uma certa uniformidade de estilo neste topo da pirâmide da qualidade. Creio que isso faz parte da evolução de uma região, como o temos visto noutras, onde já nos habituámos a constatar qualidade de primeira água. Creio ainda que o próximo passo é vermos diferentes produtores, alguns deles mais pequenos e mais ousados, fazerem topos de gama mais especiais, mais diferenciados, onde o terroir vai ser explorado mais em profundidade, cada vinho mostrando individualidade. Em alguns desses casos o avanço vai dar-se para trás, ou seja, vai haver netos que regressam aos modos dos seus avós, mas com a sua visão mais moderna, mais apoiada na técnica e na ciência. Isto ou eu a adivinhar novos e excitantes caminhos para o Tejo. São bons tempos os que vivemos.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
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Ode
Tinto - 2023 -
146 Adega de Família Vinha da Inês de Chão de Pedra
Tinto - 2021 -
Quinta da Badula
Tinto - 2015 -
Encosta do Sobral
Tinto - 2021 -
Dona Anca
Tinto - 2020 -
Vila Jardim
Tinto - 2021 -
Porta de Teira
Tinto - 2011 -
Marquesa de Alorna
Tinto - 2019 -
Conde de Vimioso The Winemaker’s Blend
Tinto - 2020 -
Casal da Coelheira Mythos
Tinto - 2022 -
Cabeça de Toiro Reserva Privada
Tinto - 2018 -
Adega do Cartaxo 70 Anos Edição Comemorativa
Tinto - 2015 -
Quinta da Lapa Seleção do Produtor
Tinto - 2017 -
Casa da Atela Anabela
Tinto - 2019 -
1836 Companhia das Lezírias
Tinto - 2020
Falua: Celebrando três décadas

O Tejo, todos sabemos, tem paisagem variada e sempre, de uma forma ou outra, moldada pelo rio que lhe dá, não só o nome mas também a originalidade e o carácter. E para os que estão menos recordados do facto, a apresentação da Falua, empresa sediada em Almeirim, não podia ter tido o seu início […]
O Tejo, todos sabemos, tem paisagem variada e sempre, de uma forma ou outra, moldada pelo rio que lhe dá, não só o nome mas também a originalidade e o carácter. E para os que estão menos recordados do facto, a apresentação da Falua, empresa sediada em Almeirim, não podia ter tido o seu início em melhor local – a vinha do Convento -, uma parcela assente em solo de calhau rolado que nos lembra que há 400.000 anos estas terras faziam parte do leito do rio. E quem olhar desprevenido para esta vinha em que, no solo, só se vêem calhaus rolados, quase não acredita que seja possível aqui nascer alguma planta. Esta paisagem existe noutros locais do mundo, mas, em Portugal, só no Tejo se encontra uma área desta dimensão. A vinha do Convento começou por ter 15 há. Após a compra pelo Grupo Roullier, em 2017, plantaram-se mais 30 ha em 2019 e, como nos disse Antonina Barbosa, enóloga e gestora de todos os projectos relacionados com o vinho que o grupo tem em Portugal, a área de vinha irá ser alargada com mais 30 ha. Como reserva, a empresa ainda dispõe de mais 85 ha de terra em zona contígua.
O calhau rolado em terrenos muito pobres, e de fraca retenção de água (como é o caso), funciona como regulador de temperatura e obriga a planta a um sistema radicular mais longo, com evidentes benefícios em termos de complexidade. E, segundo nos confirmou, “esta originalidade é válida não só para tintos como também para brancos. Já o Fernão Pires que daqui sai é bem diferente dos que têm origem noutras zonas do Tejo”.
Desta forma, o mais natural é as celebrações terem começado na vinha onde, ao som do fado e dos petiscos preparados no local pelo Chefe Rodrigo Castelo, do Taberna ao Balcão (1 estrela Michelin, em Santarém), o grupo se inteirou das outras novidades, também apresentadas.
Um dos vinhos icónicos da Falua sempre foi o Conde Vimioso Reserva que, desde a colheita de 2000, é tributário da vinha do Convento. A estrela da noite comemorativa e o vinho mais aguardado era, sem dúvida, o tinto Conde Vimioso, edição que comemora os 30 anos da Falua. O vinho teve origem na colheita de 2005 e, após dois anos de barrica, estagiou 17 anos em garrafa. Foi elaborado com todas as castas da vinha do Convento: Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Aragonês e Trincadeira Preta, fermentadas e estagiadas em separado. O lote foi feito antes do engarrafamento e produziram-se 1877 garrafas magnum. Ainda segundo Antonina Barbosa, “este é um vinho que se confunde com a história da empresa, é um pedaço da história daquela vinha. Tirámos partido da enorme qualidade do vinho da colheita de 2005 e mantivemos estas garrafas guardadas à espera do momento certo. É agora!”
O grupo Roullier tem presença em inúmeros países e o departamento de vinhos em Portugal iniciou-se com a compra da Falua, a que se seguiu a aquisição da Quinta do Hospital em Monção, as quintas de Mourão e S. José, no Douro. Rui Rosa, administrador em Portugal, recordou que o Grupo Roullier está em Portugal desde 1994, por coincidência o mesmo ano da criação da Falua e que, além dos investimentos acima descritos, a empresa irá dar ao início do plantio de 36 ha de vinha em Vila Verde (região dos Vinhos Verdes). Ao todo, a Falua gere 300 ha de vinhas com mercados dispersos por 30 países.
(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2025)
Adega do Cartaxo: Os novos experimentais Tejo

A Adega do Cartaxo lançou recentemente dois vinhos monocasta com a marca Tejo. Inspirada no grande rio da Península Ibérica que atravessa a região onde foram produzidos, a nova referência irá incluir os vinhos mais experimentais desta adega do Tejo, criados sob a batuta de Pedro Gil, o seu enólogo. “Sempre fui adepto da inovação […]
A Adega do Cartaxo lançou recentemente dois vinhos monocasta com a marca Tejo. Inspirada no grande rio da Península Ibérica que atravessa a região onde foram produzidos, a nova referência irá incluir os vinhos mais experimentais desta adega do Tejo, criados sob a batuta de Pedro Gil, o seu enólogo. “Sempre fui adepto da inovação e da procura de produtos diferenciados, algo que é agora possível devido à tecnologia que possuímos”, disse, durante o evento de lançamento, que decorreu no Centro Cultural de Belém.
A nova marca, que procura salientar a importância que o rio Tejo teve, e ainda tem, para a região, inclui, desde já, dois vinhos de nicho. Trata-se de um branco da casta Fernão Pires, produzido com bastante extracção, e um tinto de Castelão, outra das castas mais representativas da região, com pouca extracção. Segundo Pedro Gil, foram produzidos a partir de uvas colhidas na zona do Bairro, da região do Tejo. As que deram origem ao primeiro foram vindimadas à máquina e ficaram a macerar durante três dias, antes de serem fermentadas em barricas de carvalho francês e de o vinho estagiar durante quatro meses sobre borras finas com battonnâge. “É um branco que vai de encontro às tendências do mercado, que os quer mais intensos e com mais extracção”, explicou, o enólogo, durante o evento de apresentação da marca. “A fim de se obter um tinto frutado e fresco, para beber com prazer e sem preocupação, o Castelão foi colhido mais cedo. Seguiu-se uma vinificação menos extrativa, após maceração a frio também durante três dias”, acrescentou.

Vinhos de nicho
Com a nova marca, passará a ser possível ter um Tejo (região e marca) à mesa, referência que inclui vinhos de nicho que resultam do trabalho experimental que está a ser realizado, na Adega do Cartaxo, por Pedro Gil. “É mais um passo do compromisso com a região e uma homenagem ao seu terroir e ao rio que a atravessa”, disse, por seu turno, Fausto Silva, o director comercial da Adega, acrescentando que “o design dos rótulos mostra uma imagem limpa mas marcante, desprovida de elementos gráficos, que destaca o Tejo e o gradientes de cores com que nos brinda ao longo do dia.”.
Tal como aconteceu no Douro, o Tejo teve um papel importante para os vinhos da região que atravessa, e para os da adega do Cartaxo em particular, que eram encaminhados, depois de produzidos, para o grande curso de água para serem transportados, em barcos varinos, até Lisboa e de lá para as ex-colónias. Durante muito tempo, a capital foi alimentada, deste forma com vinhos e outros produtos ribatejanos. É isso que a Adega do Cartaxo procura continuar a fazer, com vinhos mais experimentais e inovadores.
ENOTURISMO: QUINTA DO CASAL BRANCO

A Região Vitivinícola dos Vinhos do Tejo fica no coração de Portugal e é um dos territórios vitivinícolas mais tradicionais e férteis do país. Desenvolve-se ao longo de um rio que atravessa a região de leste a oeste, tem uma paisagem variada e uma riqueza geoclimática que contribui para a singularidade dos seus vinhos. Com […]
A Região Vitivinícola dos Vinhos do Tejo fica no coração de Portugal e é um dos territórios vitivinícolas mais tradicionais e férteis do país. Desenvolve-se ao longo de um rio que atravessa a região de leste a oeste, tem uma paisagem variada e uma riqueza geoclimática que contribui para a singularidade dos seus vinhos.
Com cerca de 18 mil hectares de vinhas, o Tejo é uma região que alia história, diversidade e qualidade. A experiência sensorial que se tem dos seus vinhos mistura-se com uma profunda reflexão sobre o tempo, a terra e a tradição, porque a região é famosa tanto pela excelência dos seus vinhos quanto pela riqueza histórica e cultural que a envolve. Mais do que uma geografia produtiva, o Tejo é uma fonte inesgotável de narrativas e significados, que evocam um entendimento filosófico da terra e do viver.
Identidade regional
Desde a antiguidade, as margens férteis do Tejo foram cultivadas por romanos, mouros e, mais tarde, por portugueses que reconheceram o potencial de suas terras. Sob os auspícios da monarquia, especialmente de reis como D. João II, a produção vinícola floresceu, transformando-se num símbolo do poder e do requinte da corte. Os reis e rainhas de Portugal não bebiam apenas o vinho do Tejo. Também compreendiam que representava a união entre a terra e a cultura, algo digno de apreciação e respeito. Ao beberem o vinho, os monarcas não estavam apenas a saborear uma bebida, mas a integrar-se num ciclo mais amplo, em que a terra, o tempo e a tradição se entrelaçam.
Neste deleite do corpo e da alma, as paisagens do Tejo são uma ode à simbiose entre o natural e o humano. Colinas suaves, vinhedos a perder de vista, campos banhados pela luz suave e espelhada pelo rio e os seus lugares históricos são testemunhas silenciosas da forma cuidada como as suas pessoas têm feito as coisas ao longo de séculos.
Cada estação oferece uma nova interpretação dessas paisagens: no inverno, a tranquilidade; na primavera, o renascimento; no verão, o labor e o crescimento e, no outono, a colheita e a celebração. Esse ciclo natural, que influencia a própria vida dos vinhedos, é um lembrete de que o vinho, como nós, é um produto do tempo.
Produzir vinho, nesta região, é um ato quase filosófico, que requer paciência e compreensão do caráter das uvas e do solo. Não se pode apressar a maturação de uma videira, e o cultivo não se rende às urgências do mercado. Segue um ritmo próprio. Aqui, o vinho torna-se numa metáfora para a vida. É necessário esperar, cuidar, observar, e aceitar que cada colheita traz o seu próprio sabor. Esta é uma sabedoria intrínseca ao ofício dos viticultores, para quem o vinho do Tejo é tanto um produto quanto uma expressão da identidade regional. Essa identidade reflete-se também na gastronomia, que se harmoniza com os vinhos da região e exalta os sabores tradicionais. Os pratos são robustos, autênticos, celebrando o que a terra e o rio oferecem. Em cada refeição, a gastronomia une-se ao vinho num convite para uma experiência sensorial completa e autêntica. Por aqui pode-se encontrar uma culinária com produto, história e identidade. A sua teia de histórias e significados vai muito além do copo.
Ao degustarmos um vinho do Tejo, saboreamos a paciência das vinhas, o trabalho dos que cultivam a terra, o poder unificador do rio e a história dos reis que um dia brindaram com vinhos desta terra. A cada gole, há uma viagem ao passado e uma celebração do presente, um momento de reflexão e um convite para entender que, tal como o vinho, a vida tem suas camadas, o seu amadurecimento e o seu sabor único e irrepetível.
O Tejo é mais do que uma região de vinhos: é uma filosofia de ligação entre o homem, a terra e o tempo. É uma celebração da simplicidade e da profundidade, da tradição e da autenticidade, elementos que fazem de cada vinho não apenas uma bebida, mas uma experiência de vida.
As terras da Quinta do Casal Branco fizeram parte da coutada real de Almeirim, zona de caça da família real portuguesa até finais do século XVIII.
O Tejo e a sua magia
A Região dos Vinhos do Tejo integra-se o distrito de Santarém e divide-se em três sub-regiões distintas. O Bairro, localizado a norte do rio Tejo, caracteriza-se por terrenos de encostas e colinas com solos argilosos e calcário. A Charneca, a sul do rio, com solos arenosos, é uma região que sofre maior influência do clima quente e seco. O Campo, uma área plana e aluvial situada ao longo do próprio rio Tejo, tem solos férteis que beneficiam da humidade e do clima mais moderado trazido pelo rio. A região abrange municípios como Santarém, Almeirim, Cartaxo, Coruche, Alpiarça, Benavente, Golegã, Tomar e Salvaterra de Magos, cada um a contribuir para a diversidade e tipicidade dos vinhos produzidos.
O rio Tejo é mais do que um simples elemento geográfico na paisagem. Representa uma artéria vital para a história e cultura lusitana, simbolizando continuidade e renovação. As suas margens férteis e clima ameno tornaram-se, desde tempos remotos, propícios para o cultivo da vinha.
A presença do rio cria um microclima específico. Aliado à diversidade de solos, que vão desde os terrenos argilosos das planícies até os solos calcários das áreas mais elevadas, contribui para a variedade e características únicas dos vinhos da região, que encantam e desafiam paladares em todo o mundo.
Solos aluviais e arenosos nas margens do rio, favorecendo vinhos leves e frescos. Solos argilosos e calcários nas áreas de Bairro, conferindo estrutura e complexidade aos vinhos.
O clima é mediterrânico, marcado por verões quentes e secos, com temperaturas médias que variam entre 26°C e 30°C no verão, e invernos relativamente suaves, com mínimas entre 5°C e 10°C. A pluviosidade anual média é moderada, situando-se entre 600 e 800 mm, com chuvas concentradas principalmente no inverno e na primavera, o que permite um desenvolvimento equilibrado das videiras ao longo do ano.
A diversidade de castas é uma marca distintiva dos Vinhos do Tejo. Entre as mais utilizadas destacam-se as tintas Castelão, Aragonez, Touriga Nacional, Trincadeira e Alicante Bouschet, as mais tradicionais, sendo também comum o uso de Syrah e Cabernet Sauvignon, que adicionam complexidade e estrutura aos vinhos de lote. Entre as brancas destacam-se as Fernão Pires, Arinto e Trincadeira das Pratas, as mais comuns, para além do Sauvignon Blanc e da Chardonnay, que se adaptaram bem ao terroir da região. Os vinhos tintos do Tejo são conhecidos pela sua estrutura e intensidade aromática, enquanto os brancos destacam-se pela frescura e versatilidade.
A combinação da tradição com práticas modernas de viticultura tem contribuído para que a Região Vitivinícola dos Vinhos do Tejo seja cada vez mais reconhecida, tanto em Portugal como nos mercados internacionais, reforçando o seu papel de destaque no cenário vinícola português.
Terra de reis e princesas
A ligação entre o Tejo e a realeza vai além das uvas e vinhos. Historicamente, a região foi favorecida pela corte portuguesa, que incentivou o desenvolvimento das vinhas e se deliciava com os vinhos locais. Reis e rainhas portugueses reconheciam seu potencial de excelência, incentivando práticas de cultivo e produção que garantissem a qualidade e longevidade das vinhas. D. João II, em particular, foi um dos monarcas que mais valorizou a região do Tejo, criando estímulos para a produção local alcançar um nível que sustentasse o orgulho nacional e as exigências da corte.
O vinho sempre foi mais do que uma bebida. Conta uma história, salienta os usos costumes e tradições, realça a sabedoria humana e marca a autenticidade de um povo, de uma região. Nesta em particular, o vinho assume uma conotação ainda mais especial, pois é parte do tecido identitário das pessoas e do lugar. Aqui, é um elo entre gerações, uma ponte que liga o presente ao passado e o futuro. O cultivo da vinha e a produção de vinho exigem paciência, uma virtude filosófica apreciada por grandes pensadores, que, na prática, se reflete no tempo necessário para que uma videira amadureça, para que as uvas atinjam seu ponto ótimo e para que o vinho, finalmente, envelheça e possa ser apreciado.
A tradição vitivinícola no Tejo persiste, sustentada pelas mãos hábeis de viticultores que continuam a cultivar a terra como seus antepassados. Hoje, a região moderniza-se e atrai novos olhares, mas sem perder a conexão com sua essência histórica. Cada garrafa que sai das adegas da Região do Tejo carrega uma parte da história de Portugal, uma memória da época em que reis brindavam com seus vinhos numa lógica de preservação e apreciação do tempo.
Vesti a minha “armadura”, e em cima dos mais de 110 cavalos do meu veículo “cavalguei” até esta região impregnada de histórias de reis, que há muito me atraía para a visitar. Possuidor de alguma informação escolhi a Quinta do Casal Branco para me deliciar com esta nobre aventura.
Além da experiência sensorial, o enoturismo da Quinta do Casal Branco oferece uma imersão cultural, apresentando um património arquitetónico e histórico que remonta ao século XVIII, período em que a quinta foi fundada.
Uma quinta familiar…
A Quinta do Casal Branco é, desde a sua fundação em 1775, uma casa agrícola alicerçada pelas famílias Braamcamp e da Cruz Sobral. As suas terras fizeram parte da coutada real de Almeirim, zona de caça da família real portuguesa até finais do século XVIII.
Atualmente, é administrada pelo Dr. José Lobo de Vasconcelos, que assumiu a gestão do negócio em 1997, a pedido de sua mãe. A tradição vitivinícola, que chegou até os dias de hoje, resulta do saber partilhado por várias gerações das famílias Braamcamp Sobral e Lobo de Vasconcelos. A propriedade é hoje um testemunho vivo da evolução da viticultura no país, aliando práticas ancestrais com inovações tecnológicas modernas.
A quinta destaca-se pela produção de vinhos que refletem a essência da região, com vinhas plantadas em solos de excelente qualidade e beneficiadas pelo clima temperado do Ribatejo. No entanto, a produção vinícola é apenas uma parte do que define o Casal Branco.
A propriedade é também conhecida pela criação de cavalos lusitanos, tradição que, tal como a produção de vinho, se mantém como parte do seu legado. A paixão pelos cavalos é um dos traços mais marcantes da família. Na quinta, a sua criação é uma arte e uma tradição, acompanhada de rigor e de um profundo conhecimento. Conhecidos pela sua elegância, força e inteligência, os cavalos lusitanos criados na Quinta do Casal Branco são admirados e competem em eventos equestres de renome. Os seus estábulos, com séculos de história, abrigam linhagens cuidadas com amor e respeito, demonstrando a simbiose entre a família e a natureza ao seu redor.
O compromisso com a sustentabilidade e as práticas agrícolas ecológicas tornou-se central à filosofia da propriedade, refere José Lobo de Vasconcelos. Recentemente foi também aberto o seu enoturismo, que convida os visitantes de todo o mundo a conhecerem de perto o ciclo de produção dos vinhos e a história fascinante da quinta.
Com uma combinação singular de tradição e modernidade, a Quinta do Casal Branco é muito mais que uma adega. É uma entidade familiar e cultural que preserva o espírito ribatejano e as raízes de Portugal, ao mesmo tempo que olha para o futuro com o mesmo espírito empreendedor que marcou a sua fundação, salienta, orgulhosamente, o CEO da empresa.
Conhecidos pela sua elegância, força e inteligência, os cavalos lusitanos criados na Quinta do Casal Branco são admirados e competem em eventos equestres de renome.
Encanto e tradição
A Quinta do Casal Branco é um tesouro vitivinícola que carrega, nas suas vinhas, histórias de gerações que, com devoção, cultivaram e transformaram uvas em néctares que traduzem o caráter fértil da região. Cada colheita é um reflexo fiel do Tejo, rio que dá o nome à região e empresta a sua essência às vinhas do território.
Na exploração desta propriedade do concelho de Almeirim, uma verdadeira joia da região dos Vinhos do Tejo, vê-se as vinhas a surgirem como um tapete verdejante, desenhado com precisão e encanto, onde o passado e o presente se entrelaçam em cada detalhe. Aqui, o tempo parece seguir outro ritmo, compassado pela brisa do rio e pelas estações que pintam as paisagens com tons de verde, dourado e bordô, conforme a época do ciclo das vinhas. Na adega, o aroma do vinho que repousa em barris de carvalho é quase poético, e cada garrafa produzida é como uma carta de amor ao terroir do Tejo, com a sabedoria da enóloga residente, Joana Silva Lopes, e a mestria do Enólogo consultor, Manuel Lobo de Vasconcelos, sobrinho de José Lobo de Vasconcelos.
Os vinhos da Quinta do Casal Branco refletem um romance com a terra, nascendo de castas autóctones que expressam o frescor e a autenticidade da região. Degustá-los é embarcar numa viagem sensorial pelo Tejo, do bouquet floral de um branco leve e perfumado ao caráter profundo e envolvente de um tinto encorpado. A cada gole, um segredo antigo parece ser revelado, um testemunho da paixão que faz desta quinta um lugar onde o vinho é, mais que bebida, uma obra de arte, uma ode ao espírito do Tejo e à natureza que o cerca.
As visitas ao Casal Branco proporcionam uma imersão no terroir único do Tejo, com degustações que celebram as castas locais e o cuidado artesanal no processo de vinificação. Cada copo é um brinde à simplicidade e ao charme rural, trazendo consigo o sabor autêntico da terra e o coração dos que a trabalham. Aqui, as vinhas parecem cantar um fado antigo, ecoando a beleza da vida no campo e o encanto de um Portugal intocado, realça Filomena Justo, responsável pela gestão e operacionalização da atividade de enoturismo na Quinta.
A Quinta do Casal Branco não é apenas um destino, mas um convite à contemplação. Entre vinhas, jardins e vinhos de exceção, sente-se o romantismo de um lugar onde o tempo parece desacelerar, e cada visitante pode viver o privilégio de um momento eterno no coração dos Vinhos do Tejo. Cultura, Tradições, Cavalos (equitação), História de Reis e Princesas, Caça e os Falcões, fazem desta quinta um almanaque de experiências inesquecíveis.
O ponto alto da experiência é a degustação, realizada numa sala especialmente preparada, onde os vinhos da quinta são apresentados em combinações pensadas para valorizar os sabores e aromas característicos de cada colheita.
A visita…
Ao chegar à Quinta do Casal Branco, o visitante é recebido por um ambiente de campo onde se destacam as vinhas que se estendem até perder de vista, numa paisagem que as harmoniza com os olivais. O percurso começa na loja, onde é feita uma explicação sobre a história da Quinta do Casal Branco e a importância desta casa agrícola ao longo de 200 anos. A visita continua pelas instalações de vinificação, onde é possível acompanhar cada etapa da produção dos vinhos. Nos tanques de inox e nas barricas de carvalho os guias dão explicações detalhadas sobre os métodos de fermentação, maturação e envelhecimento que conferem aos vinhos da Quinta do Casal Branco um perfil sofisticado. Esse contato direto com o processo produtivo permite, ao visitante, compreender o rigor e a dedicação envolvidos na criação de cada garrafa.
As visitas às vinhas, algumas delas com cerca de 120 anos, realizam-se a pé ou de carro. Nelas são explicadas as características dos solos, o clima da região e os processos de cultivo das castas tintas Castelão, Merlot, Sousão, Cabernet Sauvignon, Syrah, Touriga Nacional, Aragonês, Touriga Franca, Alicante Bouschet e Petit Verdot, e brancas Fernão Pires, Alvarinho, Sauvignon Blanc, Gouveio, Viognier, Moscatel e Arinto, que ocupam um total de 130 hectares.
O ponto alto da experiência é a degustação, realizada numa sala especialmente preparada, onde os vinhos da quinta são apresentados em combinações pensadas para valorizar os sabores e aromas característicos de cada safra. O visitante pode experimentar desde brancos frescos e leves até tintos encorpados e complexos, sempre acompanhados de explicações que enaltecem a qualidade do terroir. A experiência é complementada pela oportunidade de adquirir os vinhos, com rótulos exclusivos que, muitas vezes, só estão disponíveis para os visitantes.
Por fim, além da experiência sensorial, o enoturismo da Quinta do Casal Branco oferece uma imersão cultural, apresentando um património arquitetónico e histórico que remonta ao século XVIII, período em que a quinta foi fundada. O passeio inclui uma visita à casa principal e aos jardins, que mantêm a elegância e a imponência dos séculos passados. Para os amantes de vinhos e de experiências culturais, a visita à Quinta do Casal Branco é uma experiência rica, onde história, tradição e inovação se unem para proporcionar uma viagem sensorial e cultural única.
Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico.
CADERNO DE VISITA
COMODIDADES
– Línguas faladas: inglês, francês
– Loja de vinhos
– Bar de provas com capacidade de duas a 18 pessoas (provas e refeições sob consulta)
– Esplanada com capacidade para 50 pessoas
– Sala da Caldeira com capacidade de 10 a 60 pessoas
– Diferentes atividades e refeições (sob consulta)
– Parque para automóveis ligeiros e 10 autocarros
– Provas comentadas (ver programas);
– Refeições (ver programas)
– Wifi gratuito disponível
– Visita às vinhas
EVENTOS
Eventos corporativos sob consulta
Atividades team building sob consulta
PROGRAMAS DE ENOTURISMO
GRANDE ESCOLHA
35€ P/ PESSOA
Visita à adega, coudelaria e jardins históricos da casa da família Lobo de Vasconcelos, prova comentada de cinco vinhos (Quinta do Casal Branco Alvarinho, Falcoaria Vinhas Velhas branco, Falcoaria Clássico branco, Falcoaria Grande Reserva tinto, Falcoaria Colheita Tardia branco) e tábua de queijos & enchidos da região Compotas caseiras com tostas & pão regional
De segunda a sexta. N.º mínimo de participantes: dois
Fins-de-semana e feriados. Nº mínimo de participantes: 25
Sempre sob marcação prévia.
PREMIUM
25€ P/ PESSOA
Visita à adega, coudelaria e jardins históricos da casa da família Lobo de Vasconcelos, prova comentada de três vinhos e tábua de queijos & enchidos da região Compotas caseiras com tostas & pão regional
De segunda a sexta. N.º mínimo de participantes: dois
Fins-de-semana e feriados. Nº mínimo de participantes: 25
Sempre sob marcação prévia.
VINDIMA
98,50€ P/ PESSOA
Aperitivo de boas-vindas com Espumante Monge, visita à coudelaria com batismo equestre ou manhã de vindima e prova de mais quatro vinhos harmonizada com produtos regionais. Almoço na esplanada ou Sala da Caldeira
N.º mínimo de participantes: 35
Sempre sob marcação prévia.
BEBERETE
14,00€ P/ PESSOA
Aperitivo de boas-vindas, visita guiada à adega e prova de dois vinhos harmonizada com produtos regionais
N.º mínimo de participantes: 35
Sempre sob marcação prévia.
CONTACTOS
Quinta do Casal Branco
Estrada Nacional 118, quilómetro 69
Almeirim
2080-187 Almeirim
Email reservas: filomenajusto@casalbranco.com
Email geral: info@casalbranco.com
Tel.: +351 243 592412; +351 917 656 683; +351243 592 412
Facebook @quintadocasalbranco
Instagram @quintadocasalbranco
Responsável pelo enoturismo: Filomena Justo
Quinta da Lagoalva com selo Sustainable Winegrowing Portugal

A Quinta da Lagoalva foi certificada recentemente com o selo Sustainable Winegrowing Portugal, no âmbito do Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal. “Atualmente, é necessário ter uma certificação de sustentabilidade para aceder e permanecer em determinados mercados do norte […]
A Quinta da Lagoalva foi certificada recentemente com o selo Sustainable Winegrowing Portugal, no âmbito do Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal.
“Atualmente, é necessário ter uma certificação de sustentabilidade para aceder e permanecer em determinados mercados do norte da Europa, Canadá e Estados Unidos, onde a Quinta da Lagoalva quer estar presente e continuar a crescer”, explica Pedro Pinhão, administrador e diretor de enologia da empresa.
Segundo Inês Campilho Chaves, responsável pela área de sustentabilidade do Grupo Lagoalva, “o processo de certificação foi desafiante”, porque exige um novo foco na contabilização, a definição dos parâmetros verdadeiramente materiais na área de negócio da empresa e capacidade para reformular processos, “para que se tornem mais eficazes e controlados”. “Mas fazemos isto certos de que é o caminho para, durante os próximos anos, afinarmos o nosso processo de sustentabilidade e melhorar sempre”, afirma.
A Quinta da Lagoalva está a entrar numa nova fase de inovação tecnológica, descarbonização e agricultura de precisão, auxiliada e sistematizada pelo investimento feito na sustentabilidade. A sua frota está a ser renovada para carros híbridos e há um reforço do investimento em energias renováveis para autoconsumo e alimentação dos sistemas de rega. Para além disso, a empresa tem também em desenvolvimento uma série de compromissos para o futuro, como a circularidade da água, a digitalização de processos e promoção da biodiversidade.
“O que fazemos tem, como objetivo, deixar algo melhor para gerações futuras”, afirma Inês Campilho Chaves. Através da melhoria contínua do que já foi implementado e da evolução das boas práticas, pretende que o planeamento seja feito, na sua empresa, com a sustentabilidade incorporada nas ações diárias. “Esperamos, assim, conseguir uma maior longevidade da fertilidade dos terrenos, postos de trabalho mais seguros, gastos mais controlados e menos emissões de carbono”, acrescenta a responsável.