SOGRAPE DISTINGUIDA COM CERTIFICAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE

A Sogrape foi distinguida com a Certificação de Sustentabilidade concedida pela ViniPortugal, que reconhece e confirma o empenho da empresa em promover práticas responsáveis em todas as regiões nacionais onde produz vinho. A Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola é transparente e independente e baseia-se em auditorias realizadas por organismos acreditados. Nelas é avaliada a […]

A Sogrape foi distinguida com a Certificação de Sustentabilidade concedida pela ViniPortugal, que reconhece e confirma o empenho da empresa em promover práticas responsáveis em todas as regiões nacionais onde produz vinho.
A Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola é transparente e independente e baseia-se em auditorias realizadas por organismos acreditados. Nelas é avaliada a gestão sustentável da organização e o seu compromisso em relação à produção sustentável de vinhos de qualidade.
Estabelecido para garantir a credibilidade e confiabilidade dos vinhos portugueses nos mercados internacionais, o processo envolve todos os temas ligados à sustentabilidade e inclui 86 indicadores distintos em termos ambientais, sociais e económicos, que foram avaliados em todas as áreas e mais de 30 instalações da Sogrape, através de auditorias realizadas pela Certis – Controlo e Certificação.
Para Mafalda Guedes, diretora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Sogrape “a distinção é o reconhecimento do trabalho desenvolvido na área da Sustentabilidade e no âmbito do programa Seed the Future, e dá-nos ainda mais motivação para continuarmos empenhados em sustentar o nosso planeta para as gerações vindouras e em garantir que o vinho e a sua cultura possam ser preservados para aqueles que nos sucedem.”

VINHA DA CASA AMÉRICO CERTIFICADA COM RESÍDUO ZERO

A Casa Américo Wines obteve a certificação Resíduo Zero para a vinha da Quinta do Paço, a primeira da Península Ibérica certificada pelo ZERYA®, referência que garante a produção de alimentos seguros e rentáveis através de um sistema de produção sustentável, amigo do ambiente e capaz de satisfazer as necessidades dos consumidores. A certificação Resíduo […]

A Casa Américo Wines obteve a certificação Resíduo Zero para a vinha da Quinta do Paço, a primeira da Península Ibérica certificada pelo ZERYA®, referência que garante a produção de alimentos seguros e rentáveis através de um sistema de produção sustentável, amigo do ambiente e capaz de satisfazer as necessidades dos consumidores.
A certificação Resíduo Zero permite o uso combinado de fitofármacos de origem química e biológica, fauna auxiliar e controlo biotecnológico, desde que se obtenha um produto de qualidade livre de resíduos de pesticidas. Ou seja, não se restringe ao uso específico de determinados produtos. Inclui também uma a boa gestão da flora, fauna e águas pluviais, como acontece na Quinta do Paço, onde há muros dos patamares que servem de resguardo a cobras e lagartos, manchas de bosque que são zonas de refúgio para os animais, jardins com sebes de alfazema e outras plantas capazes de atrair polinizadores, enrelvamento natural que permite uma maior infiltração e a possibilidade de encaminhamento de águas pluviais para uso posterior em rega.
Uma vinha com certificação Resíduo Zero é mais sustentável, porque utiliza todos os recursos com mais eficiência, contribuindo para uma menor pegada ecológica e para a promoção da biodiversidade.

Adega de Favaios organiza Encontro Sobre Viticultura Regenerativa

Encontro Sobre Viticultura Regenerativa

O Encontro do Ciclo Sobre Viticultura Regenerativa é uma iniciativa da Adega de Favaios, cuja terceira edição acontece já neste mês de Abril, no dia 14. Os dois temas em debate neste evento da adega cooperativa duriense — “Viticultura Regenerativa” e “O solo como ferramenta de adaptação ao impacto das alterações climáticas na vinha” — […]

O Encontro do Ciclo Sobre Viticultura Regenerativa é uma iniciativa da Adega de Favaios, cuja terceira edição acontece já neste mês de Abril, no dia 14.

Os dois temas em debate neste evento da adega cooperativa duriense — “Viticultura Regenerativa” e “O solo como ferramenta de adaptação ao impacto das alterações climáticas na vinha” — contarão com a participação de profissionais com experiência na área, como Miguel Soares (Zona Agro) e Pedro Tereso (Agrosustentável).

“Não podemos aceitar a ideia de que, para termos uvas de qualidade, as videiras têm que sofrer e produzir pouco. Na agricultura regenerativa, tenta-se compreender os mecanismos naturais de regeneração dos ecossistemas para que os possamos mimetizar, adaptando-os à nossa exploração agrícola”, refere Miguel Soares.

Encontro Viticultura Regenerativa

Já “a perda de nutrientes e destruição do solo, que a agricultura convencional, incluindo algumas práticas da agricultura biológica, tem causado”, é uma das questões a merecer a atenção de Pedro Tereso.

Por sua vez, Mário Monteiro, presidente da direcção da Adega de Favaios, cometa que “pela sua história e dimensão, a Adega Cooperativa de Favaios tem uma grande importância na região duriense e, nesse sentido, queremos o mais possível implicar a Adega no desenvolvimento e nas questões prementes da agricultura e ecologia actuais, acreditando que estamos assim a dar o nosso contributo para a sustentabilidade e futuro do território”.

A entrada no Encontro do Ciclo Sobre Viticultura Regenerativa é gratuita, mas limitada aos lugares disponíveis, que podem ser reservados através dos contactos liliana@adegadefavaios.com.pt, 967897926 e 259957310.

Quinta da Romaneira traz a vinha para os rótulos

Romaneira vinha rótulos

Texto: Valéria Zeferino A duriense Quinta da Romaneira apresentou as novas colheitas, com uma imagem renovada que visa transportar visualmente o consumidor para a quinta através dos rótulos, mostrando uma visão estilizada da vinha que origina cada vinho.  A gama também foi alargada, dando espaço a vinhos especiais que expressam com maior precisão o binómio […]

Texto: Valéria Zeferino

A duriense Quinta da Romaneira apresentou as novas colheitas, com uma imagem renovada que visa transportar visualmente o consumidor para a quinta através dos rótulos, mostrando uma visão estilizada da vinha que origina cada vinho. 

A gama também foi alargada, dando espaço a vinhos especiais que expressam com maior precisão o binómio casta/local. Numa propriedade com 423 hectares, onde a vinha ocupa 85 hectares e uma extensão ao longo do rio de 3 km, com combinação de diversas altitudes e exposições, manifestados pelo prisma de varias castas, cada uma com a sua personalidade, esta multiplicação e diversidade faz todo o sentido. 

Há vinhos, como a Dona Clara ou Reserva que mostram todo o potencial da quinta, trazendo à garrafa uma perfeição conseguida através da combinação das uvas de todas as castas que existem na Quinta da Romaneira, plantadas em várias parcelas. É uma autêntica expressão da Quinta da Romaneira no seu todo. Nos rótulos do Dona Clara, Gouveio e Rosé está apresentada a imagem da quinta. 

O novo vinho branco Pulga é identidade de uma parcela que fica a 500 m de altitude reenxertada recentemente com castas que ali melhor se dão. O lote é composto por Boal 50%, Viosinho 33% e Rabigato 17%. Fermentou e estagiou em barricas de carvalho, 60% novas. No rótulo deste vinho está identificada a parcela que lhe deu origem.

Os vinhos monovarietais agora mostram uma clara ligação à parcela. É o caso da Tinto Cão, “uma grande casta para casar outras castas”, como a identifica o enólogo Carlos Agrellos, que provém da parcela Liceiras. A Touriga Francesa é feita a partir de uma pequena parcela chamada Carrapata que também aparece no rótulo. A Petit Verdot, casta francesa, plantada na Quinta da Romaneira em 2011 sempre mostrou que aqui tinha um futuro brilhante. Aparece no rótulo com o nome e a imagem da parcela – Belveder.

A Syrah, outra casta estrangeira de excelência que já há tempo afirmou que tem imenso potencial no Douro. Como é uma casta multifacetada, fazia sentido mostrar o seu carácter em duas parcelas diferentes: Malhadal com exposição Nascente/Sul e Pontador com exposição Sul/Poente. Para a Touriga Nacional, ao contrário da Syrah, procurou-se uma excelência conferida pela combinação de uvas provenientes de três parcelas: Tomba Chapéus, Apontador e Mina; e as três ficaram retratadas no rótulo.

Castas francesas aumentam ainda mais a sua presença no Mundo

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No ano 2000, as castas francesas (muitas vezes apelidadas de “castas internacionais”) representavam 29% da área de vinha mundial. Segundo o site BKWine, que se baseou em estatísticas da Universidade de Adelaide, este número já subiu para […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No ano 2000, as castas francesas (muitas vezes apelidadas de “castas internacionais”) representavam 29% da área de vinha mundial. Segundo o site BKWine, que se baseou em estatísticas da Universidade de Adelaide, este número já subiu para 39%.

O caso mais significativo é o do Reino Unido, onde as variedades francesas aumentaram de 20% para 75% no encepamento do país, embora a área cultivada seja pequena. 

Já a Nova Zelândia tem a proporção mais alta, com as uvas francesas a representar 94%, o que não é de estranhar, dada a predominância de Sauvignon Blanc e Pinot Noir neste país. Em segundo lugar está a Austrália, com 90%, e depois a África do Sul, com 82%. Seguem-se o Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos. A própria França está apenas em oitavo lugar.

Nesta estatística está também incluido Portugal, com 9% de castas francesas nos seus terrenos, tendo aumentado 1% desde 1990.

FOTO: Cortes de Cima[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Opinião – Para que o vinho proteja 10 milhões de portugueses

Tal como acontece com outros setores, também a fileira do vinho atravessa momentos de grande dificuldade. A comercialização está quase estagnada, as fontes de receita escasseiam, mas a vinha não pára e exige atenção e despesas. Entretanto, faltam 121 dias para 30 de Agosto, a data média de vindima. O que é possível fazer por […]

Tal como acontece com outros setores, também a fileira do vinho atravessa momentos de grande dificuldade. A comercialização está quase estagnada, as fontes de receita escasseiam, mas a vinha não pára e exige atenção e despesas. Entretanto, faltam 121 dias para 30 de Agosto, a data média de vindima. O que é possível fazer por este setor do qual dependem dezenas de milhar de pessoas? E o que é que o vinho pode fazer pelo País?

TEXTO João Vila Maior
FOTOS Arquivo

João Vila Maior é enólogo e viticólogo.

Nos últimos dois meses várias empresas vitivinícolas produziram e ofereceram alguns milhares de litros de álcool gel a Hospitais, Centros de Saúde, Bombeiros e Lares. Muitas empresas da indústria têxtil produziram máscaras e ofereceram-nas ao mesmo tipo de instituições. E tantas e diferentes indústrias desdobraram-se em iniciativas de Solidariedade sem nada pedirem em troca. Por muitos defeitos que tenhamos, Nós, os Portugueses, Portugal, somos um Nobre Povo. Somos Enormes.

Vivemos momentos difíceis e de incerteza, que nunca pensávamos poder viver. Ao que tudo indica, iremos, em breve e, pouco a pouco, ter um cheirinho “da normalidade” que conhecíamos antes de março. Março, mostrou-nos o que é um “mês horribilis” e o que poderá vir a ser um ano ou vários anos “horribilis”. Isto porque, se a tragédia humanitária foi limitada, para já, a abrupta queda da atividade económica faz adivinhar um cenário não menos trágico. Se as piores, mas talvez realistas perspetivas, de ocorrência de surtos de infeção periódicos virem a confirmar-se, teremos um cocktail assustador que nos fará cair numa depressão económica e humanitária sem paralelo. Temos de nos precaver, aprender com este primeiro episódio e repensar o futuro.

Centrando-nos na fileira vitivinícola o cenário não é menos animador. O vinho não é um bem de primeira necessidade. Se é verdade que se bebe em família, potencialmente em confinamento, o vinho é, essencialmente, um bem para usufruir com companhia. Acresce o facto de, mesmo ainda para quem não esteja a sentir na carteira o que aí vem, em função do medo que se faz sentir, instintivamente e mesmo que de uma forma não consciente, consome-se menos de uns artigos e mais de outros. Como é sabido, o papel higiénico é recordista do lado do “mais”. Seguem-se os artigos de desinfeção, as conservas, tintas para o cabelo e não muitos mais. Mas, no lado oposto, estão os protetores solares, as flores, tanta e tanta coisa mais e, claro está, vinho. O Vinho!

Já li várias previsões. Quebras de 20, de 35%. Que valem o que valem, até porque não sabemos como vai evoluir a pandemia. Mas, garantidamente, que a quebra será da ordem das duas casas decimais, e que nunca será inferior a 20%. Se atingirá os 35% ou se será superior, não sabemos. Mas o cenário é muito pessimista.

Os produtores desdobram-se em tentativas de mitigação, especialmente, no ciberespaço, em webinares, em provas online, com o objetivo de conseguir vender algum vinho. Uma míngua que seja para tentar compensar a queda abrupta resultante do encerramento dos restaurantes e do comportamento mais defensivo, mesmo que inconsciente, do mercado.

A vinha não tem teletrabalho

Entretanto, estamos a 30 de abril. E amanhã será dia 1 de maio. O dia do Trabalhador. De todos os trabalhadores. Dos que trabalham no setor da vinha e do vinho. E, na vinha o layoff não é fácil de praticar. As vinhas vão crescendo a olhos vistos, necessitando de mão de obra, de serem erguidas, de serem despampadas e, qualquer dia, vindimadas. O míldio, o oídio e os ácaros não se confinam. Estão aí para fazer das suas. Ou seja, a torneira das despesas não se fecha. Não é possível fechar. A vinha não dá tréguas ao viticultor. Não reconhece a figura do teletrabalho. E faltam 121 dias para o dia 30 de agosto, uma hipotética data, média, para a vindima. E amanhã faltarão somente 120 dias. O relógio não para. Nem a ampulheta, seja movida a grãos de areia da península de setúbal, ou a partículas mais grosseiras dos solos graníticos dos alvarinhos. Nem mesmo uma laje de xisto do Douro seria capaz de parar uma ampulheta. Se tal fosse possível, estou certo, que o Douro o faria a bem de toda a nação do vinho.

E se, entretanto, o vinho não se escoar, não for bebido a nosso bel-prazer, temos a cuba entornada. O setor viverá uma forte crise. Muito forte.

E faltam 121 dias. Temos 33% de um ano para reagir. O que poderemos fazer por este setor?

O setor do vinho, direta e indiretamente, emprega algumas dezenas de milhar de pessoas. Quando falamos deste setor não nos podemos esquecer da sua íntima ligação com uma variedade de setores como o da cortiça, da proteção das plantas, dos produtos enológicos, das garrafas, entre outros. Estamos a falar de muita gente. De muitas empresas, também elas, vítimas indiretas, deste problema que se adensa. O setor do vinho, para além da importância como empregador, gera um notável volume de negócios, cria um valor acrescentado na nossa economia e contribui de forma significativa nas nossas exportações e na promoção da imagem de Portugal.

Neste momento os telejornais oscilam entre notícias que fazem o ponto da situação da pandemia, o precipício da economia e os pedidos desesperados dos agentes económicos por uma boia de salvação. E, de momento, as ajudas que vão surgindo não auguram nada de suficiente. Viramo-nos para a Europa. Como sempre. É verdade que fazemos parte dela, que temos os nossos direitos e que ela tem deveres para connosco. Mas, se pusermos a mão na consciência, também teremos de reconhecer que, nem sempre, sabemos fazer o melhor com o que de lá vem.

O diagnóstico da situação está feito. É grave. Está doente. Precisa de Cuidados. E se o tempo passar e nada for feito, terão de ser Cuidados Intensivos. E muitas empresas serão desligadas da máquina. Algumas empresas mais velhas, mas também empresas jovens.  Impõe-se pensar no que fazer, como reagir, como tentar mitigar as dificuldades. Na última crise, enorme também, o setor soube reagir, nomeadamente, conseguindo aumentar as exportações. Na crise atual não me parece que o setor consiga ir por aí ou, pelo menos, não será suficiente pois, na realidade, a crise está por toda a parte. É global.

Afinal, o que poderemos fazer?

A resposta, certamente, não será uma. Terão de ser várias e complementares, mas todas a apontar no mesmo sentido. Passará por estratégias traçadas por todas e por cada uma das empresas, das organizações de produtores e das Distribuidoras.

Destilar para produzir álcool

Da parte que a cada um toca, sem dúvida que solidariedade individual, daqueles que estiverem numa situação de alguma estabilidade e que tenham a possibilidade de manter o consumo, de continuar a usufruir do prazer que um copo de vinho lhe pode dar, ao manterem o consumo já estão a ser solidários. O prazer que tínhamos quando usufruíamos de um vinho até há dois meses, agora, ávidos que estamos de coisas boas, acredito que ainda possa ser maior. E tenha em conta que, com esse gesto, para além de tudo, está ainda a ser Solidário!

Por parte do Estado Português, todas as medidas lançadas para o tecido empresarial, em geral, terão de ser mais significativas e céleres. Mas sabemos que, histórica e cronicamente, as medidas ficam sempre aquém das necessidades.

Como já referi, estou certo de que a solução não será única e terá de passar por um conjunto vasto de soluções. Neste sentido faço, humildemente, duas propostas. A primeira, já abordada, de caráter individual, que poderei de chamar de “altruísmo ou filantropia” enófilo, que não é mais que consumir, manter o padrão de consumo ou mesmo aumentá-lo, de forma moderada claro está. Se é verdade que o vinho tem muito de bebida social, confesso que, às vezes gosto de estar a sós com o vinho e bebê-lo na companhia do silêncio, duma paisagem. Este exercício de prazer, acredito, poderá ajudar a aquietar a alma nestes tempos de incerteza.

A segunda proposta que faço está em linha com uma necessidade destes tempos de pandemia. Como, infelizmente, o Covid-19 parece estar para durar e o álcool gel, a lixivia, as máscaras e outros produtos de desinfeção e proteção vão continuar a assumir-se como bens de primeira necessidade e de consumo massivo. Várias empresas vitivinícolas, a título voluntário, já contribuíram para repor os níveis de álcool que, subitamente, deixou de existir no mercado. A minha proposta vai no sentido de serem criados mecanismos, com caráter de urgência, no sentido que o álcool para produção de álcool gel venha ser, no futuro próximo, maioritária e prioritariamente, de origem vínica.

Existe uma medida no setor, designada por “Prestação Vínica” que consiste na obrigatoriedade de proceder à eliminação controlada dos subprodutos da vinificação, nomeadamente bagaços de uva, borras de vinho e, muitas vezes, vinhos de menor qualidade. Esta prestação é de percentagem variada, de acordo com o ano, mas sempre inferior aos 10%. Na prática, esta figura obriga a eliminar uma pequena parte da produção, conduzindo-a para destilação ou para a indústria do vinagre. Desta forma, consegue-se elevar a qualidade média do vinho produzido e, poder-se-á conseguir regular o mercado. Neste sentido, o que proponho, com base na figura da “Prestação Vínica”, se o enquadramento legal (e Comunitário) o permitir, ou na figura duma medida extraordinária, “Prestação Corona” à maneira das “Corona Bonds”. Na prática, consistiria no Estado Português se propor a comprar e pagar, com celeridade, um volume de vinho para destilação, numa quantidade calculada com base na quebra de vendas para que aponta o mercado (20-30%), pagando um preço justo pelo vinho. Justo!

Desta forma, o Estado supriria as necessidades de álcool, com base num produto nacional, daria um balão de oxigénio ao setor do vinho, evitaria alguns milhares de desempregados, o pagamento de subsídios de desemprego, de prestações de layoff, e manteria vivo um setor que acrescenta muito à identidade e economia do país.

A incrível realidade que vive o setor do petróleo, com o crude a assumir valores negativos, ou seja, a pagar para que se esvaziem os depósitos, fez-me recordar uma história ou mito que há uns anos se ouvia. Que, num certo ano, um conhecido negociante de vinho a granel, enviou a seu mando um falso comprador de vinho a algumas Adegas Cooperativas, em meados de janeiro. Este, abordava a Adega como comprador e acabava por assumir o compromisso de comprar a totalidade da produção armazenada nas cubas. Para o efeito dava um chorudo sinal, em dinheiro. Boa notícia, julgavam eles. Com o passar dos meses, a ausência do comprador fantasma, as cubas cheias, e uma vindima quase à porta, o chorudo sinal tornava-se numa mão quase cheia de nada. Era então a altura para o dito e conhecido negociador de vinho a granel, aparecer e varrer milhões e milhões de litros a um preço miserável e, pasme-se, assumir-se como o salvador da pátria.

Pois o que me preocupa é que faltam 121 dias e, se nada se fizer, muitos petroleiros poderão ir ao fundo.

Colheita Tardia: Uma vindima muito especial

Artigo publicado na edição nº 33, Janeiro 2020 O tempo normal das vindimas já lá vai há muito, mas eis os trabalhadores na vinha. E tesouras. E caixotes que se enchem de uvas. Os últimos meses do ano são a época dos Colheita Tardia, vinhos delicados e doces que nascem da anacrónica simbiose entre tempo […]

Artigo publicado na edição nº 33, Janeiro 2020


O tempo normal das vindimas já lá vai há muito, mas eis os trabalhadores na vinha. E tesouras. E caixotes que se enchem de uvas. Os últimos meses do ano são a época dos Colheita Tardia, vinhos delicados e doces que nascem da anacrónica simbiose entre tempo frio e húmido, fungos cinzentos e muita sabedoria. Chamam-lhe podridão nobre.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Gomez

Se o saudoso Vasco Santana, actor incontornável das comédias portuguesas dos anos 1930 e 40, estivesse aqui, não deixaria de saudar esta visão com a adaptação livre de uma das suas mais famosas falas no filme “A Canção de Lisboa”: “Esta planta está muito doente!” E tem todo o ar disso, de facto. Se na longa-metragem de José Cottinelli Telmo o boémio e cábula candidato a médico interpretado por Vasco Santana via doença nas manchas da girafa, aqui mais razões teria para desconfiar da salubridade destas uvas: bolor, podridão, todo um leque de anomalias. E, no entanto…

Felizmente, há aqui gente sabedora, com muitos anos disto. De tesouras na mão – uma mais forte, para destacar os cachos, outra de pontas finas, para aparar os bagos que interessam –, decidem com rapidez e gestos precisos o que vai para o caixote e rumará à adega e o que fica no chão, enriquecendo o solo para colheitas futuras. É assim, afinal, em todas as vindimas. Um olhar mais atento permite, no entanto, descortinar uma diferença fundamental: as uvas que se aproveitam não são as de ar mais saudável, antes as que se encontram cobertas por uma suave teia de bolores cinzentos, as películas num tom arroxeado.

Afinal, o que se passa aqui?

O dia chegou com nuvens no céu, mas boas abertas, depois da chuva da véspera. O vento mal incomoda as folhas nas encostas suaves do vale de Santar, ajudando a suportar uma temperatura que ronda os 4 graus centígrados. Parece uma meteorologia pouco clemente para final de Verão, mas a verdade é que não estamos no Verão. O Outono já vai adiantado. Estamos em Novembro e é agora que se faz uma vindima muito especial: a das uvas destinadas aos vinhos Colheita Tardia.

Os Colheita Tardia são vinhos de sobremesa, delicados, aromáticos, quase incongruentes na sua alquimia de doçura e leveza. E são o produto da podridão das uvas. Não uma podridão qualquer, como facilmente se percebe observando o trabalho da dezena e meia de pessoas que se afadigam na vinha e escutando as explicações do viticólogo da GlobalWines, Aurélio Claro.

Há cachos que estão já castanhos, completamente podres e com um cheiro avinagrado. Estes não prestam, já passaram o ponto. Outros apresentam-se em tons verdes ou amarelados, típicos das uvas saudáveis de castas brancas. Nada feito, ainda não chegaram onde era preciso. As uvas que interessam estão colonizadas no exterior por um fungo cinzento, a botrytis cinerea, mas a polpa continua sumarenta e solta-se facilmente da película. É com elas que faz o Colheita Tardia.

Pequenas quantidades

As uvas que mãos e olhos sábios colhem esta manhã em Santar, nas vinhas da Casa de Santar, geridas pela GlobalWines, foram aqui deixadas propositadamente para este fim. São, ao todo, três longas fileiras (uns 300 metros cada uma) de Encruzado e outras duas de Furmint, casta que na Hungria está na base dos afamados Tokaj, um dos mais valorizados néctares do mundo dos vinhos. Dito assim, parece pouco, mas um cálculo por alto do enólogo Osvaldo Amaro aponta para uns 8 a 10 mil quilos nesta vinha (a que junta outro tanto numa vinha adjacente). Deste total, apenas entre 10 a 20 por cento são uvas com a qualidade necessária para fazer Colheita Tardia. Todas as outras acabam no chão.

Só que o crivo da qualidade não se esgota aqui. Depois de levadas para adega – são feitas apenas três prensagens pneumáticas; a primeira sem qualquer aperto (dá origem ao chamado mosto-flor), as outras com apertos suaves – destas uvas extraem-se mostos que vão, separados, para depósitos em inox, onde se procede à clarificação estática durante três a cinco dias. Daí passam para barricas de 225 litros de segundo uso com mais de dez anos, onde se dá a fermentação alcoólica. Este processo decorre, mais ou menos, durante 30 dias e é interrompido com frio, permitindo que o vinho mantenha a doçura que o caracteriza e um grau alcoólico controlado. Segue-se a alquimia do tempo. A estabilização microbiológica e a maturação podem durar entre 12 e 48 meses. Só então estes vinhos especiais ficam prontos para chegarem ao copo.

Aurélio Claro e Osvaldo Amado.

É muito trabalho. E pouco vinho, uma vez estas uvas não têm tanto sumo como as colhidas na época normal das vindimas. Não espanta, por isso, que os Colheita Tardia sejam uma pequena preciosidade, vendidas em garrafas de menores dimensões e a preços mais elevados. A marca Casa de Santar é comercializada em meias garrafas (375ml) que custam qualquer coisa a rondar os 20 euros.
Até porque, apesar dos cuidados na vindima e do acerto dos procedimentos na adega, estamos a falar de um processo natural de apodrecimento que nem sempre produz os resultados desejados. “Todos os anos é feita a vindima do Colheita Tardia. Mas o histórico diz-nos que só se engarrafa o vinho aí umas três vezes por década”, explica Osvaldo Amaro. O crivo é apertado: “Este é um Colheita Tardia onde procuramos a nobreza da podridão tardia”, sublinha. Há outras maneiras de fazer vinhos de sobremesa, mas o enólogo da GlobalWines é taxativo: “Deviam ter outro nome.”

O saber de muitos anos

Voltemos à Vinha do Judeu, onde se apanham as uvas para o Colheita Tardia. Os vindimadores avançam devagar, mas persistentemente, ao longo das linhas, ouve-se o “tique-tique” das tesouras, aqui e ali o arrastar de um caixote, de vez em quando uma instrução ou pedido dirigidos a alguém. Fala-se pouco, toda a atenção é necessária para selecionar as uvas na vinha. É aqui que está o segredo.

Conceição Neves tem 55 anos e “já uns aninhos” disto. Apesar da insistência dos repórteres, não se estica em comentários nem se faz à fotografia: está concentrada na escolha das uvas que vão para o caixote. Garante, no entanto, que “esta vindima é mais trabalhosa, exige outra atenção”. Só se consegue abrir uma brecha nesta compostura com uma pequena provocação. Depois de tanto trabalho, deve ser um gosto beber um copinho de Colheita Tardia… “Gosto muito”, atira, finalmente com um sorriso. “É maravilhoso!”

Por volta das 9h30, já com umas boas duas horas e meia de trabalho no corpo, o pessoal interrompe a vindima para comer uma bucha. Por esta altura, a temperatura subiu uns graus e até há quem ande manga curta. Um exagero, assuma-se, que isto ainda é uma manhã bem fresquinha de Inverno. No entanto, este frio é bom para as uvas, porque protege a sua frescura enquanto aguardam que o tractor as recolha para as levar para a adega; e também para as pessoas. Trabalha-se melhor ao fresco, sim, mas o argumento mais forte tem a ver com a reduzida actividade das vespas, nomeadamente as asiáticas, que hão-de aparecer daí a algum tempo, com o sol mais alto no horizonte, atraídas pelos aromas estonteantes das uvas podres que se vão amontoando nos caixotes – algumas, as escolhidas para o Colheita Tardia – ou no solo. E estas são a maior parte.

Por agora, gozemos a pausa na vindima. Passamos pelo gigantesco sobreiro que vigia a vinha do alto da encosta – e sob o qual crescem cogumelos de dimensões jurássicas – e vamos sentar-nos junto à estrada. Daqui contemplamos um imenso anfiteatro de vinhas, entremeadas com manchas de arvoredo, a paisagem típica do Dão vinhateiro. O mosaico de cores é fantástico, desde o verde berrante da erva fresca aos tons quase vermelhos da folhagem de algumas castas, passando por toda uma paleta de amarelos, ocres, castanhos e cinzentos. A paisagem fala por si. E justifica para lá de qualquer explicação o nome do vinho que daqui sai. Este é o Outono de Santar.

A vinha à sombra dos painéis fotovoltaicos

painéis fotovoltaicos em cima de vinha - França

Com os indícios claros de aquecimento global e suspeitas de períodos de seca prolongada, os cientistas agrícolas procuram soluções para resolver, ou amortizar os efeitos do clima em zonas geográficas mais quentes e secas. Um interessante estudo acabou de ser publicado pela Câmara de Agricultura da região de Vaucluse (no sul de França, logo acima […]

Com os indícios claros de aquecimento global e suspeitas de períodos de seca prolongada, os cientistas agrícolas procuram soluções para resolver, ou amortizar os efeitos do clima em zonas geográficas mais quentes e secas.
Um interessante estudo acabou de ser publicado pela Câmara de Agricultura da região de Vaucluse (no sul de França, logo acima de Marselha). Em estudo estava o comportamento de uma parcela de vinha da casta Grenache Noir. Uma parte da parcela foi deixada como de costume (como testemunha), mas cerca de 600 m2 tinham por cima, a 4,20 m de altura, painéis solares (para deixar passar os tractores e outras máquinas). Ora, estes painéis são controlados por um programa informático que foi concebido com base nas necessidades da videira: ora se inclinava mais ou menos, consoante seria necessário mais sol ou sombra. Os painéis conseguiam, no limite, cobrir 66% da área de vinha. Os investigadores criaram ainda várias situações intermédias, para tentar tirar o máximo partido da experiência.
Ora bem, os primeiros resultados mostram que as vinhas abrigadas pelos painéis conseguiram resistir melhor aos fortes calores do Verão de 2019. Estas videiras não só maturaram mais tarde (6 a 13 dias depois) como demonstraram ter menos stress hídrico. Ou seja, precisariam de menos 12 a 34 % de água, consoante as configurações dos painéis. O sombreamento teve ainda um efeito positivo no peso dos bagos, superior em 17% nas videiras protegidas.
As uvas da testemunha e da zona sombreada foram vinificadas à parte e verificou-se que nestas últimas foi mais alto o nível de antocianas (+13%), assim como na acidez total (de +9 a +14% consoante os testes). Ou seja, melhores resultados para a sombra. Curiosamente, o teor de álcool revelou-se igual em todos os testes.
Estes ensaios foram promovidos pela empresa Sun’Agri, empresa francesa especializada em agricultura e painéis fotovoltaicos. Se forem confirmados em futuras experiências, estes resultados podem ajudar a resolver três problemas: mais espaço para a instalação de painéis, a produção (vendável) de energia eléctrica e, ao mesmo tempo, um meio de melhorar a qualidade das uvas nas regiões mais quentes e ensolaradas de Portugal. (texto de António Falcão. Foto: direitos reservados)

Um dia de viticultura na Bacalhôa

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O maior proprietário de vinha em Portugal deu-nos uma lição de viticultura. E os mestres não podiam ser melhores: João Canhoto, o director de viticultura da casa, e o novo administrador da Bacalhôa, Frederico Falcão. TEXTO António […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O maior proprietário de vinha em Portugal deu-nos uma lição de viticultura. E os mestres não podiam ser melhores: João Canhoto, o director de viticultura da casa, e o novo administrador da Bacalhôa, Frederico Falcão.

TEXTO António Falcão
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Poucos enófilos imaginam o esforço e dedicação que estão dentro de uma garrafa de vinho. E nos vinhos de 2018 o esforço foi maior do que o normal. Primeiro pela seca de Inverno; depois pela tremenda pressão de doenças fúngicas devido à humidade cálida no final da Primavera; e finalmente por um curto período de intenso calor que, aliado a ventos quentes, ‘queimou’ muitas uvas por esse país fora. É em anos como este que a qualidade das equipas de viticultura assume todo o protagonismo e consegue transformar o que seria uma vindima sofrível numa colheita muitíssimo boa.
Um dos grandes heróis nacionais da viticultura é um quase desconhecido dos enófilos portugueses. Chama-se João Canhoto e é, desde 1990, o director de viticultura da Bacalhôa. É ainda, só por curiosidade, o empregado mais antigo: dos 66 anos de vida, 44 passou-os ao serviço desta empresa (e das suas antecessoras, claro), sempre a cuidar das vinhas. Neste momento, falamos de mais de 1.200 hectares, uma área que coloca destacadamente a Bacalhôa no topo nacional dos proprietários de vinha.
João não tem formação académica na área, mas aprendeu muito com António Avillez, engenheiro agrónomo e um homem com enorme prestígio na vitivinicultura portuguesa. O resto foi a inteligência de saber aprender, o jeito para a coisa do campo e a capacidade de gerir pessoal. A sua vida não é fácil. Com frequência vai às vinhas do Douro, Dão e Beira Interior e faz o percurso num só dia. “Levanto-me cedo e estou às 7h15 na Guarda ou Celorico da Beira, para apanhar o técnico local.” Depois vão ao Dão, a Vila Nova de Tázem. A seguir Douro, na Quinta dos Quatro Ventos. E ainda Figueira de Castelo Rodrigo. Sempre com visitas a vinhas. E finalmente o regresso, muitas vezes a chegar à zona de Azeitão, onde mora, às 21 horas ou, no Verão, bem mais tarde. E já com mais de mil quilómetros no “lombo”! Não surpreende por isso que João Canhoto faça cerca de 80.000 quilómetros por ano. Este é o custo de gerir uma vastidão de vinha e uma equipa com cerca de 60 pessoas![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32699″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Rumo ao campo
Uma equipa da Grandes Escolhas acompanhou durante um dia o trabalho de João Canhoto no campo. Fomos acompanhados pelo novo administrador da Bacalhôa, Frederico Falcão. Com formação e treino em enologia, Frederico não tem qualquer problema em seguir e complementar as explicações de João Canhoto. Pelo meio, muitas conversas sobre viticultura e a maneira de gerir plantas e pessoas.
Por questões logísticas, ficamo-nos pelas duas principais regiões onde a Bacalhôa produz vinho: Península de Setúbal e Alentejo. A primeira paragem foi exactamente na Quinta da Terrugem, ao pé de Borba. A segunda ali ao pé, na Quinta do Carmo, junto a Estremoz. As vindimas decorriam na Terrugem, à mão. Esta quinta é de viticultura difícil porque não tem rega. Mas as uvas mostravam um aspecto são e com poucos indícios de escaldão ou desidratação. Bons sinais. A passagem para a Quinta do Carmo confirma estas impressões. Aqui, quase toda a vindima é feita à máquina e não poderia ser de outra maneira, dada a vastidão de vinha que se estende até ao sopé da Serra da Ossa.
Muita uva tinta estava ainda por vindimar. Na adega, apenas alguma Trincadeira e Aragonez. Tal como no resto do país, as plantas atrasaram muito as maturações: “O grau tarda, mas está a chegar”, atira-nos João. Olhamos para vinha e vemos, mais uma vez, cachos de aspecto saudável. Plantas sadias. Então e os ataques de míldio? De oídio? João Canhoto nem hesita: “Nós conseguimos tratar qualquer vinha em dois dias, no máximo. E é assim aqui, como o é em Azeitão ou nos Loridos, ou em qualquer outra quinta da casa.” De facto, a Bacalhôa possui um vasto parque de máquinas de grande porte. Mas não serviriam para nada se os tratamentos não fossem realizados a tempo e horas. É por isso que João Canhoto tem em todas as quintas encarregados locais que monitorizam o que se passa na vinha e, ao menor indício, faz-se uma intervenção preventiva. Usufruindo do facto de ser um grande cliente, os produtos estão sempre em armazém.
E problemas de escaldão? Aqui é Frederico Falcão quem responde: “Tivemos problemas, mas mais na Península de Setúbal. E mais no Moscatel e no Alicante Bouschet.” João Canhoto acrescenta: “Tivemos um dia com 50 graus e, pior ainda, com vento. Houve plantas quase a morrer. A nossa salvação foi termos deixado muita vegetação e termos usado a rega.” No final, ambos os técnicos estimam que deverá ter existido apenas uma pequena quebra. Os prognósticos não acabam aqui. O tempo corria seco e João Canhoto considera-se satisfeito: “Acho que vamos ter um bom ano de vindima.” Frederico Falcão avisa: “João, olhe que ainda não acabou…” João reconhece os imprevistos da natureza e vira-se para nós: “Pois, é verdade: numa vinha (da Peninsula de Setúbal), uma granizada destruiu 300 toneladas de uvas em duas horas.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32700″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A questão da produtividade
A Bacalhôa produz anualmente cerca de 20 milhões de garrafas de vinho. Cerca de 80% do que lá está dentro é resultante de uva própria. O problema da produtividade é por isso muito importante, porque está ligado à competitividade da empresa. Frederico Falcão sabe-o muito bem e foi, aliás, um conhecido paladino desta questão quando era presidente da ViniPortugal. “Não é possível fazer vinhos com produções de 3 ou 4 toneladas por hectare e depois colocá-los nas prateleiras do supermercado a 2,5 euros. Este negócio tem que ser rentável.” João Canhoto concorda e acrescenta que só faz controlos de produção nas uvas que vão para os vinhos de quinta ou de média/alta gama (falamos de PVP’s de 5 a 6 euros, por exemplo).
Verdade seja dita que em muitos solos e climas, com as castas portuguesas, as produções são naturalmente baixas. Isto levanta o problema dos actuais clones e da respectiva (baixa) produtividade, algo que João Canhoto gostaria de ver resolvido: “Falta encontrar clones que consigam manter boa qualidade com produções mais altas.” A conversa é franca e aberta. Várias castas tintas portuguesas são muito sensíveis ao excesso de produção e, por exemplo, com 15 toneladas de uva, dão um vinho muito mau. Diz João Canhoto, que “é o caso do Aragonês”: “Mantemos no máximo nas 7/8 toneladas. A Trincadeira, com 6/7. E outras castas, como o Alfrocheiro, o Castelão/Periquita, também trabalham mal com produções mais elevadas.” Em contraponto, castas como Syrah ou Cabernet conseguem dar bons vinhos com produções de 12 ou mais toneladas. De qualquer forma, existe sempre um diálogo entre João Canhoto e os enólogos de cada região. E depois existem históricos de produção e normalmente sabe-se que uvas vão dar o quê.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32701″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Cuidados com a natureza
Numa altura em que se fala tanto do biológico, aqui o pragmatismo impera. Nenhuma das vinhas está em regime biológico, ou sequer em produção integrada. Mas Frederico Falcão e João Canhoto consideram que existem os máximos cuidados nos produtos escolhidos e nos tratamentos. “Fazemos apenas o estritamento necessário, até porque os produtos são caros”, considera o responsável de viticultura. Frederico Falcão concorda: “Em termos de tratamento, andamos muito perto do que é preconizado na produção integrada, incluindo na existência de cadernos de campo.” Todas as quintas têm, inclusive, uma estação para lavagem das máquinas que fizeram tratamentos, onde a calda resultante é armazenada à parte, impedindo-a de ir para a natureza.
O dia chega ao fim e começamos a perceber o enorme investimento em tempo, conhecimento e dinheiro. Mas não há outro caminho a seguir. Para ser competitiva, uma empresa como a Bacalhôa tem de colocar produtos de boa relação qualidade/preço nas prateleiras das lojas e restaurantes, em Portugal e por esse mundo fora. João Canhoto e a sua equipa estão na base de todo o projecto. Sem o (bom) trabalho deles, o resto ficaria comprometido…

 

 

Edição Nº19, Novembro 2018

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

2018, um ano de muitos desafios na vinha

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O ano agrícola começou com a seca do final de 2017, início de 2018, continuou com um final de Primavera e início de Verão com muita humidade e, logo a seguir, um curto período de calor infernal. […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O ano agrícola começou com a seca do final de 2017, início de 2018, continuou com um final de Primavera e início de Verão com muita humidade e, logo a seguir, um curto período de calor infernal. No fundo, extremos climáticos que puxaram pelas capacidades das videiras e pelo conhecimento de viticultura dos seus proprietários. Para não falarmos de capacidade económica para tratar das vinhas…

TEXTO António Falcão

Muita coisa radical aconteceu neste ano agrícola de 2017/2018. Em primeiro lugar, a seca extrema que já vinha de 2017 e que deixava muita gente em pânico já no início do ano. Algumas barragens mostraram os seus fundos como há décadas não se viam; poços e furos secaram; e lençóis freáticos mostraram níveis assustadoramente baixos. O medo subsistiu quase todo o Inverno, um dos mais secos de que há memória. Só no final da estação, já em Março, começou a chover. E, diga-se de passagem, com fartura e em todo o país.
Segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no território português, o mês de Março está aquase todo pintado de cor-de-rosa, a cor que significa 400% em relação à média (quatro vezes mais!) em termos de pluviosidade! Abril continuou com chuva acima da média. Passou-se quase subitamente da seca extrema para um quase dilúvio. Era raro termos um dia sem chuva neste período. Este fenómeno estendeu-se a praticamente todo o território nacional, com uma regularidade impressionante. Em Maio a chuva abrandou um pouco, mas a precipitação acima da média continuou em Junho.
Ou seja, o Portugal vitícola esteve durante meses sujeito às condições ideais para o ataque das doenças fúngicas, como o míldio e o oídio. A pressão foi tremenda, como há muito não se via nas vinhas portuguesas. Alguns produtos químicos esgotaram. E um famoso técnico do Dão começou mesmo a duvidar da eficácia dos químicos para combater estas doenças. Porque os testou, lado a lado.
A pressão foi tão grande que um atraso de um dia nos tratamentos poderia significar prejuízos de monta. Isso pressupunha que o viticultor saberia quando e como fazer o tratamento. E depois que o conseguisse fazer em tempo útil. E ainda que tivesse dinheiro ou capacidade financeira para os fazer: os tratamentos são caros em mão-de-obra, máquinas e produtos. Se a vinha é de um produtor que engarrafa e tem marca própria, e ganha dinheiro com isso, o problema é resolúvel. Para um viticultor que vende a uva a preços ‘muito à pele’, o custo dos tratamentos não se justifica. É tão simples como isso. E vários produtores por esse país fora ficaram com a vindima já feita…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32054″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Do ‘Inverno’ para o ‘Inferno’
Mas continuemos com notícias menos boas. Primeiro, com o excesso de precipitação e temperaturas mais amenas do que o normal, todo o ciclo da videira se atrasou: nuns sítios duas semanas, noutros três, em alguns um mês inteiro. E depois outro fenómeno: durante a luta titânica contra as doenças fúngicas, que durou largas semanas, alguns viticultores optam por desfolhar as videiras, expondo os cachos ao vento para assim secarem mais depressa, atrasando ou mitigando o ataque dos fungos, esses bichos avessos à secura. Infelizmente, o período de chuva terminou quase abruptamente na primeira semana de Agosto, para dar lugar a um inferno de calor, mais uma vez por todo o país. Com temperaturas a bater recordes históricos em várias zonas, muitos cachos expostos ficaram ‘escaldados’ ou desidratados. Vimos por esse país fora cachos completamente em passa, muito antes de estarem maduros.
Os estragos ocorreram em quase todo o país, mas a pressão foi bem mais intensa nas regiões atlânticas, as mais frescas e menos habituadas a calores extremos. E foi sobretudo crítica nas vinhas em terras de areia (com maior reflexo dos raios solares) e videiras com os cachos mais baixos, mais perto da fonte de calor do solo. Na região de Lisboa, por exemplo, os prejuízos foram consideráveis, como nos confirmou Bernardo Gouvêa, o presidente da CVR de Lisboa. Na Península de Setúbal, ocorreram grandes estragos no Moscatel e, em menor volume, no Castelão. A 7 de Agosto, a Associação de Viticultores do Concelho de Palmela estimava prejuízos de 30 a 35%. Nos solos mais secos e pobres, salvou-se quem tinha rega e a usou. A água foi aqui determinante.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mais atrasos na maturação
Como se isto já não fosse maldade suficiente, o calor extremo obrigou as videiras a ‘parar’, fechando os estomas. O que provocou mais atrasos nas maturações. Note-se que o facto de as maturações estarem atrasadas não é, por si só, preocupante. Só passa a ser mau quando provoca uvas desequilibradas (bagos verdes e maduros no mesmo cacho, por exemplo) e sobretudo quando a vindima é apanhada pelas chuvas de Setembro e Outubro. Coisa que, felizmente, não se verificou até ao fecho desta reportagem (finais de Setembro).
De facto, o resto de Verão foi quase todo quente e seco. O mês de Agosto, por exemplo, teve temperaturas máximas muito acima da média de 1971-2000 (entre 2,5 graus e 3,5 graus!) e Setembro não andou longe. Mesmo as mínimas foram acima da média: ou seja, faltaram noites frescas durante a maior parte do Verão. Estas noites são bem-vindas para a manutenção de bons teores de ácidos na uva, que asseguram vinhos frescos, gastronómicos e com capacidade para durarem vários anos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32055″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Um ano para profissionais
Pelo que se disse atrás, parece que 2018 foi um ano vitícola muito fraco. E na verdade não foi. Porque felizmente existem cada vez mais e melhores profissionais nas vinhas. Todos os anos dizemos isto, mas a verdade é que, quanto mais duras forem as ameaças à vinha, mais importante se torna a aplicação dos bons conhecimentos e da capacidade de resposta das empresas.
Todos os profissionais por nós visitados/consultados nos confirmaram os perigos que a Natureza lhes lançou este ano agrícola. A diferença esteve fundamentalmente na atempada detecção das ameaças e na rapidez com que foram resolvidas. Quem tem meios para saber, decidir e reagir, sofreu muito menos. Por exemplo, vimos várias vinhas com graves prejuízos de míldio e outras, ali perto, com quase nada. O mesmo aconteceu com o escaldão do início de Agosto. A sorte também fez parte desta equação, mas está na proporção inversa das capacidades de conhecimento e de intervenção.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Um grande ano nos Açores
A maior excepção a este panorama ocorreu nos Açores, com um ano extraordinariamente seco, batendo recordes de há mais de um século. Isso mesmo nos disse Paulo Machado, ex-presidente da CVR dos Açores e produtor na ilha mais vitícola dos Açores, o Pico. A vindima das castas brancas – Verdelho, Terrantez e Arinto, por exemplo – estava terminada antes de Setembro, coisa nunca vista. Os enólogos António Maçanita e Bernardo Cabral, que controlam vastas áreas de vinha no Pico, confirmam isto. Excelentes uvas, com excelentes vinhos em perspectiva.
No continente, quando escrevemos este artigo, só uma parte das castas brancas tinha sido vindimada e vinificada, especialmente nas regiões mais quentes do país, como o Douro Superior e o sul. As uvas tintas estão muito atrasadas e só no fecho desta edição começavam a chegar às adegas. É por isso muito prematuro falar de qualidade e quantidade, seja nos brancos, seja nos tintos. Deixaremos isso para a próxima edição, quando deverão existir já muitas uvas colhidas e vários mostos fermentados.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº18, Outubro 2018

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