À mesa do Tejo, de copo na mão
Com trabalho, dedicação e muita qualidade, os vinhos do Tejo continuam a dar os passos que precisam para recuperar a grandeza e o prestígio de outrora. Com um aliado de peso nas boas mesas que vão surgindo um pouco por toda a região. À boleia dos prémios anuais da CVR local, este é um roteiro […]
Com trabalho, dedicação e muita qualidade, os vinhos do Tejo continuam a dar os passos que precisam para recuperar a grandeza e o prestígio de outrora. Com um aliado de peso nas boas mesas que vão surgindo um pouco por toda a região. À boleia dos prémios anuais da CVR local, este é um roteiro do que de melhor se come e bebe pelas margens do grande rio.
Texto: Luís Francisco
Fotos: Ricardo Palma Veiga
Há muitos séculos que se produz vinho no vale do Tejo, onde, aliás, muitos historiadores situam o epicentro da expansão desta cultura trazida pelos povos que nos visitavam vindos do Mediterrâneo. Deste caldo de influências nasceu também uma cozinha rica e intensa, alimentada pelo mar, pela água doce, pela fertilidade dos terrenos agrícolas e pelas coutadas de caça que a fidalguia de outros tempos instituiu. Mas a última metade do século XX pareceu trazer uma nuvem cinzenta sobre este panorama, com muitos vinhos a apontarem para a quantidade em detrimento da qualidade e as mesas a perderem alma. Fica a boa notícia: esses tempos já são passado.
“O grande problema da região é a percepção de qualidade que existe no público – e que é errada. Muitos produtores ainda insistem em colocar os seus vinhos nas prateleiras dos preços mais baixos… Acho que muitos dos nossos vinhos batem-se com outros, de outras regiões, dois ou três euros mais caros.” O diagnóstico é traçado por Luís Santos, distinguido este ano pela Comissão Vitivinícola do Tejo como Enólogo do Ano. E é também ele quem destaca a metade cheia do copo: “O rio é o grande normalizador climático desta região. É quente, mas as noites são frescas – no Verão chegamos a ter amplitudes térmicas de 30 graus! E isso é muito bom para o vinho. Outro factor positivo é haver muita gente com qualidade e saber.”
“Temos potencialidade para fazer volume e vinhos de nicho, com concentrações brutais ou grande delicadeza”, continua o enólogo. “Temos castas de qualidade reconhecida e somos uma região aberta. Por isso, temos de deixar de trabalhar pelo preço e ganhar a confiança de procurar maior valorização.” Um bom sinal desse processo é o crescente entusiasmo dos críticos e Luís, à semelhança do que acontecerá ao longo do nosso périplo com outros interlocutores, dá como exemplo os 94+ pontos Robert Parker conseguidos por um vinho da região, o Vinha do Convento Reserva tinto 2017, produzido pela Falua. “Ajuda a puxar a região para cima.”
Muito e bom
Luís fala-nos na adega da Quinta do Casal Monteiro, perto de Almeirim e local de nascimento de vinhos que a esmagadora maioria dos portugueses desconhece, porque “99 por cento vão para a exportação”. Lá fora, “Tejo” não tem estigma. Ao sabor da conversa, provamos três vinhos deste produtor. O Quinta do Casal Monteiro Chardonnay e Arinto é um branco fino, não muito exuberante no nariz, mas untuoso e comprido na boca.
A seguir apreciamos um tinto, o Clavis Aurea 2018, um field blend maioritariamente de castas portuguesas (tourigas Nacional e Franca, Tinta Roriz) que o enólogo cria, não directamente de uma vinha misturada, mas selecionando as uvas e juntando-as na adega. Muito equilíbrio, taninos ainda a mostrar juventude, temos vinho para durar no tempo. Finalmente, encerramos com o Quinta do Casal Monteiro Grande Reserva 2008, fruto das melhores parcelas de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah da quinta, com produção controlada – 4 a 5 toneladas por hectare, “o que nesta região é mesmo muito controlado”, explica o enólogo. Redondo, complexo, taninos domados e nítida vocação gastronómica.
São belos exemplos do trabalho deste enólogo nascido na Mealhada e formado em Agropecuária na Universidade de Coimbra, que já trabalhou no Dão, na Bairrada, em Itália, e que “chegou” ao Tejo em 2015. Para, aos 37 anos, ser reconhecido pelos seus pares com a distinção de Enólogo do Ano 2021. “Ainda sou demasiado novo para estes prémios”, desabafa.
Pousamos os copos e saímos para uma volta pelas vinhas, uma imensidão de 70 hectares em terreno plano, de aluvião, onde a extrema fertilidade desmente outras ideias feitas. “A Fernão Pires pode atingir aqui produções de 30 a 40 toneladas por hectare e isso não potencia a qualidade, claro. Mas há castas brancas que, mesmo perto das 20 toneladas por hectare, têm muita qualidade”, explica Luís Santos. Ou seja, “as pessoas podem mesmo viver da viticultura”. Há séculos que o fazem, a bem da verdade. E nós vamos partir à descoberta do que de bom por aqui se faz. Mas à mesa, que se está melhor.
Abrantes
Começamos por Abrantes, mais exactamente em Alferrarede, juntando a mestria gastronómica do chef Vítor Felisberto à longa tradição de qualidade dos vinhos Casal da Coelheira. A empatia é total – e também explica que restaurante e produtor tenham criado um vinho juntos, o Raízes, cuja primeira versão tinto (1500 garrafas) esgotou em seis meses. Vai regressar, agora acompanhado de um branco.
A Casa Chef Vítor Felisberto (distinguida pela CVR Tejo com o prémio Melhor Harmonização) cumpriu três anos de existência no Verão passado. Na cozinha, um homem que aos 18 anos já lavava pratos em Andorra, depois estagiou em França e rumou a Londres para oficiar em restaurantes de prestígio, alguns com estrela Michelin. “Muito stress, muita pressão dos proprietários… Aqui soltei-me mais!”, explica. Virou-se para os pratos tradicionais – o forno a lenha e os recipientes de barro são as imagens de marca da casa. “Mantêm a comida quente mais tempo, o que permite conversar à mesa, sem pressas.”
Começamos com umas molejas (pedacinhos de uma glândula, o timo) fritas em pedacinhos estaladiços. No copo, o Casal da Coelheira Private Colection branco, um 100% Verdelho – “Numa casa de blends, este é uma das excepções”, explica Nuno Falcão Rodrigues, representante da terceira geração à frente desta casa do Tramagal (do outro lado do rio) com 64 hectares de vinha própria e que este ano foi distinguida pela CVR Tejo com o Prémio Excelência.
O vinho seguinte, o Raízes tinto 2017, também é um varietal, este de Alicante Bouschet e a sua força bem domada acompanha a preceito um cachaço de porco cozinhado durante longas horas e com toque final no forno de lenha. Envolvida pelo molho (cuja acidez é surpreendente) e, entre outras maravilhas, castanhas, favas e dois tipos de batata-doce, a carne desfaz-se em suculência.
A fechar, uma rica sobremesa (fondant, doce de ovos, sorvete de frutos vermelhos, também presentes ao vivo) e um copo de Mythos, o topo de gama do Casal da Coelheira. Feito com Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e “um pouquinho” de Touriga Franca, é o ponto final perfeito para uma refeição que aliou uma mesa onde é crescente “a aposta em produtos locais” a um produtor que representa a tradição e a excelência dos vinhos do Tejo.
Torres Novas
Hugo Antunes tinha um bar em Torres Novas, mas o espaço deixou de estar disponível ganhou força e a ideia de criar um restaurante moderno e de qualidade. No próximo dia 26 de Dezembro cumpre-se o sexto aniversário do De’Gustar, um espaço onde o próprio Hugo lidera a cozinha. Assume-se como autodidacta – “aprendi ali dentro, a sofrer” – e conta com a ajuda da companheira, Carla Rosa, que trata das sobremesas. Desta vez, têm a companhia dos vinhos da Enoport, uma das maiores empresas privadas da região, trazidos em mão por Maria José Viana, a quem a CVR Tejo atribuiu o prémio Carreira.
Actualmente, Maria José está na direcção de Marketing e Relações Públicas, mas ao longo de 30 anos já fez um pouco de tudo, da enologia à gestão, da viticultura à representação institucional. “A única coisa que nunca fiz foi a parte comercial pura e dura”, ri-se. Advoga que os vinhos do Tejo “têm de conquistar notoriedade” e tem em Hugo Antunes um aliado: “A nossa carta terá uns 90% de vinhos do Tejo. As pessoas tendem a pedir o que já conhecem, mas nós gostamos de sugerir o vinho, se não gostarem, trocamos.”
À mesa chega, entretanto, um carabineiro, sobre uma pequena cama de algas e com molho espesso a preencher o prato. Recebe-o um copo de Cabeça de Toiro Grande Reserva branco 2019 (Fernão Pires, Chardonnay e Sauvignon Blanc). A seguir, um prato complexo, que Hugo apresenta como “o porco que se apaixonou pela perdiz” e que junta a bochecha do primeiro à perna da segunda, tudo cozinhado a baixa temperatura. O Quinta S. João Batista Grande Reserva tinto 2014 (Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Touriga Franca e Alicante Bouschet) faz as honras no copo. Nasceu aqui bem ao lado, no concelho de Torres Novas.
O De’Gustar foi distinguido com o prémio Melhor Apresentação e os primeiros pratos já se tinham mostrado à altura, mas a sobremesa parece uma composição artística. Explode cor e sabores no prato (bavaroise de maracujá, disco laranja, chocolate, caramelo, manga, sorbet de baunilha…) e a sua incrível persistência e complexidade no palato serve para acolher o Quinta S. João Batista Reserva tinto 2016 (Touriga Franca e Alicante Bouschet) numa despedida em grande estilo.
Tomar
O restaurante Manjar dos Templários, que venceu o prémio Prova Teórica, uma iniciativa da CVR Tejo, fica a poucos quilómetros de Tomar. À nossa espera, uma casa que serve leitão assado (entre outras preciosidades, claro) e um produtor com muitas histórias para contar. José Vidal, trouxe da Quinta Casal das Freiras três vinhos, entre os quais um com 14 anos que há-de revelar-se um portento. Lá iremos.
Em 2015, Silvano Vaz sucedeu aos pais na gestão de um restaurante com 30 anos, que ganhou novo fôlego mas manteve a tradição. Do leitão, para começar. “O meu pai começou em França e o cozinheiro era da Mealhada… Aprendeu a assar leitões e quando veio para Portugal continuou a fazê-lo. Na altura era dos poucos sítios fora da Bairrada onde se servia leitão assado no forno!”
A história do Casal das Freiras, cujas vinhas, em linha recta, não ficam a mais de dois quilómetros da mesa onde nos sentamos, remonta a 1882, quando o avô de José Vidal, natural de Ovar, se instalou junto a Tomar. O primeiro vinho que abrimos, o Casal das Freiras Reserva 2007 é, acima de tudo, uma homenagem à neta, que nasceu nesse ano. “Achei que tinha de fazer alguma coisa de especial…” E como o fez! Rico, fresco e muito equilibrado, este vinho prova a capacidade do Tejo para trabalhar a longevidade. Acaba por nos acompanhar ao longo de toda a refeição.
Avançamos com o bacalhau na broa, esta é feita no restaurante com milho amarelo e chega à mesa inteira, com couve salteada e lascas do fiel amigo no interior. Ainda passamos pelo polvo assado antes de aterrarmos no leitão – comprado a produtores locais – e percebermos que a pele estaladiça, a carne suculenta e a apresentação em pequenos nacos homenageiam a tradição da Bairrada. Com uma novidade: o molho tem pimenta branca, não preta.
Desta vez, e porque o “ancião” de 2007 teima em não nos deixar o copo, não há um vinho para cada prato, mas todos se dão muito bem. Provamos um branco, o Casal das Freiras Reserva 2019 Vinhas Velhas, e um varietal tinto, o Casal das Freiras Syrah 2015, este nascido por inspiração de um vinho provado numa feira em França. “Fomos os primeiros da região a plantar Syrah!”, orgulha-se José Vidal, distinguido pela CVR Tejo com o prémio Carreira. Finalizamos com uma sobremesa típica, as fatias de Tomar.
Santarém
Desde as décadas de 1960 e 70 que o avô de Manuel Vargas servia petiscos aos amigos num espaço informal junto a Santarém. Consta que assava leitões muito bem, mas só nos anos 1980 o Oh Vargas se assumiu como restaurante e ganhou nova vida em 2019, quando, após profundas obras de remodelação, Manuel Vargas reabriu em grande estilo uma casa que é já uma referência na região – foi considerado pela CVR Tejo o Melhor Restaurante e arrecadou nada menos do que outros cinco prémios.
“Gostamos de nos considerar um restaurante tradicional, com grande âncora nas carnes grelhadas”, explica Manuel Vargas. Mas há muito mais. A carta de vinhos abriu com umas 200 referências – sempre a apontar para as gamas mais altas, como facilmente se percebe pela estante que enche uma das paredes – e agora já serão mais do dobro. Cerca de um quarto da lista (uns 100 vinhos) são do Tejo. Com destaque evidente para um vizinho, a Falua, instalada do outro lado do rio.
Adquirida pelo grupo francês Roullier em 2017, a empresa foi criada em 1994 e, a par do foco na qualidade dos vinhos, sempre teve muita atenção às questões da sustentabilidade. “A adega construída em 2004 deu o sinal disso mesmo, em 2010/11 instalámos painéis solares, fomos os primeiros a ter uma ETAR própria…”, enumera Antonina Barbosa, directora-geral e de enologia da Falua. O que justifica plenamente o prémio Sustentabilidade atribuído pela CVR Tejo. “Está no nosso ADN e faz parte dos nossos objectivos anuais.” As próximas novidades surgirão nas poupanças com o vidro.
Na mesa, começa por brilhar estratosfericamente uma rica canja de robalo, acompanhada pelo Falua Reserva Unoaked 2019 branco, um 100% Fernão Pires sem madeira, como o nome indica. A seguir, uma costeleta maturada de carne barrosã divide a atenção com a versão tinta 2018 do Unoaked (varietal de Touriga Nacional) e o Conde Vimioso Reserva tinto do mesmo ano (percentagens semelhantes de Castelão, Cabernet Sauvignon, Aragonês e Touriga Nacional). No final, aproveitando o balanço e à boleia de uma tábua de queijos, ainda se prova o “tal” vinho que está a assumir-se como “ponta de lança” da região, o Vinha do Convento Reserva tinto 2017. Sublime.
Aveiras de Cima
Em Aveiras há uma marisqueira de referência, mas que está longe de servir apenas frutos do mar. Luís Rodrigues pegou no negócio do pai, que abriu portas há 37 anos, e transformou-o numa casa moderna e funcional, sem cortar na tradição, mas com a preocupação de se mostrar mais ao exterior. Nos últimos anos, ganhou estatuto de referência sem perder o ambiente familiar – ganhou o prémio para Melhor Atendimento. No final da refeição, a mãe de Luís ainda nos brinda com uma prova das suas compotas, uma das quais (de romã) ainda a apurar na panela…
Para acompanhar a comida, a Adega Cooperativa de Almeirim (prémio Empresa Dinamismo) traz-nos três vinhos, que mostram a sua capacidade para fazer vinhos brancos de grande circulação sem comprometer a qualidade. “Fazemos 15 milhões de litros de vinho anualmente, dos quais 12 milhões vão para garrafa. Somos das maiores adegas cooperativas do país”, resume Romeu Herculano, enólogo residente. Há pouco mais de uma década, o granel representava a fatia de leão, mas agora vale apenas 20% do total.
A Adega tem 190 sócios, 1200 hectares de vinha, equipas profissionalizadas em todos os sectores e continua a investir para acompanhar as exigências do mercado. Um bom exemplo disso são os 200 mil euros que custou o equipamento que permite injectar uma bolha mais fina e elegante no frisante Cacho Fresco, que abre as hostilidades no copo, ao lado de uma travessa de marisco.
Segue-se o Varandas branco 2020, um 100% Fernão Pires, oriundo da região da Charneca – genericamente, o Tejo divide-se em três grandes zonas: Campo (zona contígua ao rio), Bairro (nos terrenos mais montanhosos da margem direita) e Charneca (margem direita, terrenos mais arenosos). Acompanha a preceito o bacalhau com torricado e lapardana (pão e batata) de beldroegas. A seguir, uma costoleta Tomahawk Black Angus – “Esta é pequena, só tem 900g…”, explica Luís Rodrigues – espaldada por cogumelos, bata frita e grelos, a justificar um vinho mais volumoso e personalizado. Como a Adega de Almeirim é uma casa de brancos, venha então o Varandas Chardonnay/Arinto 2020, que se mostra à altura.
O Tejo esconde muitas surpresas…
(Artigo publicado na edição de Dezembro de 2021)
Vencedores do Concurso e dos Prémios Vinhos do Tejo foram revelados
A aguardada Gala Vinhos do Tejo 2021 aconteceu no passado dia 16 de Outubro, depois de duas datas forçosamente adiadas devido à “suspeita do costume”, a pandemia. Nesta cerimónia de celebração da região do Tejo e dos seus vinhos — que teve lugar no Hotel dos Templários, em Tomar — a Comissão Vitivinícola Regional do […]
A aguardada Gala Vinhos do Tejo 2021 aconteceu no passado dia 16 de Outubro, depois de duas datas forçosamente adiadas devido à “suspeita do costume”, a pandemia. Nesta cerimónia de celebração da região do Tejo e dos seus vinhos — que teve lugar no Hotel dos Templários, em Tomar — a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) e a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo anunciaram os vencedores do Concurso Vinhos do Tejo 2021 e também dos Prémios Vinhos do Tejo.
Na edição de 2021 do Concurso Vinhos do Tejo, foram avaliadas 195 amostras, número que tem vindo a crescer ao longo dos anos. Os grandes vencedores, com Prémio Excelência, foram o Casa Cadaval Riesling branco 2016 (da Casa Cadaval) e o Quinta do Casal Monteiro Grande Reserva tinto 2018 (da Quinta do Casal Monteiro). Conseguiram o galardão Ouro 43 vinhos, entre os quais 11 brancos e 32 tintos. Já os diplomas de Prata foram entregues a dez brancos e oito vinhos tintos. Elegeram-se também, como já é habitual, os melhores brancos e rosés da colheita anterior: Lagoalva Sauvignon Blanc branco 2020 e Vale de Lobos rosé 2020.
Mas a região também destacou as empresas e as pessoas nos Prémios Vinhos do Tejo, em seis categorias: Prémio Sustentabilidade, que foi para a Falua; Empresa Dinamismo, entregue à Adega Cooperativa de Almeirim; Empresa Excelência, atribuída ao Casal da Coelheira; Enólogo do Ano, que coube a Luís Santos (da Quinta do Casal Monteiro); e Prémio Carreira, recebido por duas pessoas, Maria José Viana, responsável de comunicação do grupo Enoport Wines e membro da Direcção e do Conselho Geral da CVR Tejo durante vários anos, e José Vidal, proprietário da casa agrícola Casal das Freiras, em Tomar, e membro fundador da Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo (então assim denominada), da Rota dos Vinhos do Tejo e da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo.
Na Gala Vinhos do Tejo 2021 foram ainda revelados os vencedores dos prémios Tejo Academia — iniciativa que tem como objectivo formar e avaliar restaurantes da região, na comida e na relação com o vinho — Tejo Anima — que pretende premiar o território e as suas valências de lazer, como o enoturismo, sendo promovida pela Rota dos Vinhos do Tejo — e do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo.
As listas completas de premiados do Concurso Vinhos do Tejo 2021, Prémios Vinhos do Tejo, Tejo Anima, Tejo Academia e do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo, podem ser consultadas AQUI.
Tintos do Tejo: Os vinhos de uma nova era
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Tejo da vinha e do vinho, orientado para a qualidade, moderno e dinâmico, é hoje uma realidade que se confirma em cada garrafa. A evolução da região ao longo das últimas duas décadas tem sido tremenda, […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Tejo da vinha e do vinho, orientado para a qualidade, moderno e dinâmico, é hoje uma realidade que se confirma em cada garrafa. A evolução da região ao longo das últimas duas décadas tem sido tremenda, solidificando a sua presença junto dos apreciadores nacionais e internacionais. Adegas cooperativas, grandes e pequenas empresas, produtores de quinta, todos contribuem para projectar a imagem de um novo Tejo. Os tintos que aqui provamos mostram uma região diversa, com identidade e garra.
TEXTO: Valéria Zeferino
A história vitivinícola da região começou com as plantações da vinha junto às margens do rio Tejo pelos Tartessos em 2000 a.C. Na Idade Média a cedência de terras a “homens livres” para exploração agrícola impulsionou a plantação de vinha e olival. Séculos mais tarde, a demarcação da região do Douro pelo Marquês de Pombal em 1756 levou ao arranque da vinha no Tejo, seguindo ordem que obrigava a retirar os vinhedos de todos os terrenos aptos a outras culturas.
Mais tarde, a proximidade de Lisboa, a necessidade de abastecer a capital e a plantação de castas produtivas em terras muito férteis, conduziu a rendimentos excessivos, prejudicando qualidade geral e a imagem da região. Como lembra o proprietário e enólogo da Casa da Coelheira, Nuno Falcão Rodrigues, “há 40 anos mais importante era encher a adega, do que fazer um vinho XPTO”. Era o império de tascas e do vinho a granel. Mas, entretanto, o mercado evoluiu e com ele o grau de exigência de consumidores e produtores.
Não esqueçamos que várias regiões no mundo, hoje bem prestigiadas, passaram por este mesmo caminho. Por exemplo, Pfalz, na Alemanha, já foi uma região conhecida pelos vinhos brancos semi-doces feitos de castas muito produtivas, vendidos a granel ou sob marcas de enorme volume (na “famosa” garrafa azul…) e que acabaram por arruinar a imagem do vinho daquele país em diversos mercados. Ou Chianti, outrora fortemente associado aos frascos cobertos de palha, com vinhos baratos e acídulos. Portanto, não se pode (e não se deve) fugir da história da região, mas pode-se (e deve-se) investir no seu futuro.
Foi o que começou a acontecer no Tejo a partir das décadas 80 e 90 do século passado, através da modernização de adegas e da reconversão progressiva da vinha: as castas que só serviam para produzir muito foram substituídas pelas variedades nacionais e internacionais que traziam benefícios qualitativos. O facto de o Tejo não estar demasiado agarrado à tradição, permitiu seguir em frente, procurando a sua nova identidade que passa muitas vezes pelo estilo de cada produtor.
A partir de 2008 a região seguiu o seu caminho como o Tejo, reforçando a sua ligação com o rio, a volta do qual é formada e rompendo definitivamente com o Ribatejo do passado. A alteração do nome, na altura, gerou algumas críticas, mas o tempo e o esforço dos produtores acabou por mostrar que a decisão foi a mais acertada.
Como nota o presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Tejo, Luís de Castro, “hoje, os produtores da região estão nas mãos de uma nova geração de enólogos”, mais competentes, mais interessados, mais abertos para o mundo.
A região do Tejo tem uma área total de vinha a rondar os 12.000 hectares, dos quais, de acordo com os dados da CVR, 2.500 dão origem a vinhos com denominação de origem DO Tejo e 5.000 a vinhos com selo de certificação IG (ou Regional) Tejo. No que toca à produção em litros, são vinificados cerca de 61 milhões de litros, estando a aumentar, de ano para a ano, a quantidade de vinhos certificados: 23,3 milhões em 2019.
Os principais mercados de exportação são Brasil, China, Suécia, França e Polónia. Segundo Luís de Castro, no Brasil assinalou-se um crescimento exponencial de vendas devido ao e-commerce que disparou com a pandemia do Covid. As vendas de vinhos do Tejo no Brasil, até ao final de Julho, já tinham atingido o volume do ano passado. No mercado interno, a situação está mais complicada, apesar do crescimento em vinhos certificados, houve um descréscimo nos vinhos DOC por causa da crise por que está a passar o canal horeca.
Três sub-regiões à volta do rio
A região do Tejo caracteriza-se pelo clima mediterrânico temperado com aproximadamente 2.800 horas de sol por ano e uma precipitação média que varia entre os 500 e 800 mm, com maior incidência na zona de Tomar, Alcanena e Sardoal, a Norte, e em Coruche, a Sul. A continentalidade não é acentuada e, dada a baixa altitude, as amplitudes térmicas diurnas são moderadas.
O rio Tejo atravessa a região na diagonal de nordeste para sudoeste, formando 3 sub-regiões com condições bem distintas.
A faixa junto ao rio chama-se Campo (também conhecida por lezíria) e caracteriza-se pelas planícies, com vinhas instaladas em solos de aluvião mais férteis. É uma zona mais utilizada para a produção de uvas brancas, com Fernão Pires responsável por 66% das castas brancas da região. Mas com adequado controlo de produção, é também aqui possível originar uvas tintas de primeira linha.
Outras duas sub-regiões oferecem condições para produção maioritariamente de vinhos tintos de qualidade.
Na margem direita do Tejo, a Norte e a Oeste e até os sopés da Serra de Aires e Candeeiros estende-se o Bairro. Os solos são menos férteis, com predominância de argilo-calcários e uma pequena zona de xisto perto de Tomar.
Na margem esquerda do rio, a Sul e Sudeste, fica a sub-região da Charneca, já na transição para o Alentejo, dominada pelos solos arenosos pobres e mais secas e mais quente que as outras duas sub-regiões. Na zona de Almeirim, existe uma faixa importante de calhau rolado com efeitos particulares no perfil das uvas.
O enólogo David Ferreira, que trabalhou muitos anos na Casa Cadaval e recentemente assumiu as responsabilidades de enologia na Companhia das Lezírias, teve oportunidade de conhecer bem estas diferentes sub-regiões. Por vezes, 20 km entre vinhas fazem diferença. As mesmas castas no Bairro amadurecem quase 15 dias mais tarde do que na Charneca. Na sua opinião, os vinhos do Bairro, provenientes dos solos calcáreos, são mais encorpados, profundos, com mais textura de boca. Os da Charneca, mostram mais concentração com elegância, não são tão texturados, mas são compridos e complexos.
Grande diversidade de castas
Das castas plantadas na região do Tejo, 53% são tintas e 47% brancas, numa enorme diversidade, com variedades regionais, nacionais e internacionais. As preferências nas novas plantações inclinam-se para as castas brancas Fernão Pires e Arinto, e as tintas Syrah, Touriga Nacional e Alicante Bouschet.
Actualmente, as exigências regionais em termos de uso de castas, são bastante liberais. No que toca as castas tintas, das 45 autorizadas para DO, 12 são internacionais e das 74 autorizadas para IG, 24 são internacionais. Isto permite ao produtor trabalhar com as variedades que considera mais adequadas ao seu terroir ou ao seu negócio. A casta tinta mais plantada, no entanto, é ainda a bem clássica Castelão que ocupa uma área de 1471ha, representando 23% das castas tintas do Tejo e 12% do total.
Segundo a enóloga e directora-geral da Falua, Antonina Barbosa, de Castelão “espera-se o melhor e o pior”. A casta tem que ser bem trabalhada, diz, exige atenção. Juntamente com a enóloga da Quinta de Alorna, Martta Reis Simões, estão de acordo que no calhau rolado de Almeirim, Castelão fica muito bem e com óptima expressão aromática (futa preta, mentol, eucalipto). Já Diogo Campilho confessa que não escolhe as variedades só por serem típicas. Não gosta de Castelão por ser muito produtiva, e o solo argiloso da Quinta da Lagoalva não é o melhor para esta casta.
O enólogo António Ventura, que trabalha com várias casas no Tejo, Lisboa e Alentejo é um fã de Castelão, mas reconhece que a casta não se dá em qualquer lado, o melhor resultado consegue-se em solos pobres de areia. Em solos ricos pode facilmente chegar a produções de 25 tn/ha, perdendo as suas qualidades.
A Trincadeira ocupa 783 ha e é a segunda casta mais importante em termos de plantação. David Ferreira chama à Trincadeira “a campeã da rusticidade, num bom sentido”, pois aguenta bem o calor. António Ventura acha que Trincadeira depende bastante do ano, com chuvas facilmente apodrece por ter cachos muito compactos. Por isso, Martta Reis Simões entende que a Charneca, por ser mais quente e seca, é a melhor zona para a Trincadeira. Nos anos bons sem chuva, no final da maturação, consegue-se manter a Trincadeira na vinha mais tempo, o que a casta agradece.
Em número de hectares plantados (653) segue-se a Aragonez que, curiosamente (ou talvez não), nenhum dos enólogos com que falámos entendeu destacar, pela positiva ou negativa.
No quarto lugar fica a casta internacional que conseguiu mais popularidade na região, Syrah, com 565 ha. Tal como acontece noutras regiões do país, também no Tejo a Syrah é consensual entre os produtores. David Ferreira comenta que a Syrah se adaptou muito bem às condições do Bairro, onde os ciclos da videira são mais longos. Segundo António Ventura, de um modo geral, a Syrah dá-se muito bem no Tejo, atingindo óptimas maturações fenólicas. Manuel Lobo, responsável de enologia na Quinta do Casal Branco, propriedade de familiares, vai mais longe e afirma que Syrah se porta bem em todo o lado: no Tejo, no Alentejo e até no Douro. Precisa de solos profundos para não desenvolver aromas sobremaduros. Normalmente, é uma das primeiras a ser apanhada.
Relativamente à conceituada Touriga Nacional, que ocupa 465 ha, as opiniões diferem um pouco. António Ventura é de opinião que a Touriga Nacional se dá muito bem no Tejo, produz 7-8 toneladas/ha em solos de areia ou argilo-arenosos. Antonina Barbosa gosta do carácter que a Touriga desenvolve no terreno de calhau rolado. Diogo Campilho afirma que a Touriga Nacional é boa no Tejo, mas não para fazer um vinho varietal, prefere adicioná-la ao lote – “uma pincelada de Touriga eleva logo o aroma”. Já Manuel Lobo acha que Touriga Nacional no Tejo é um desafio. Relaciona isto com padrões altos da qualidade da casta vindos da sua experiência no Douro, onde a Touriga tem dimensão e fruta, enquanto no Tejo há anos em que fica um pouco mais vegetal. Nos solos mais pobres da Charneca, seca demasiado as folhas, o que leva ao desequilíbrio.
Alicante Bouschet, a casta francesa adoptada por Portugal, também é uma das mais populares no Tejo, registando 406 ha, mas está longe de ser consensual. Enquanto a Companhia das Lezírias faz um monocasta de Alicante Bouschet das vinhas velhas para o seu topo “1836”, Nuno Falcão Rodrigues aprecia a casta, mas agora já não a usa para o seu “Mythos”. Embora a Alicante Bouschet tenha entrado nos lotes das suas primeiras colheitas, teve de a retirar por conferir ao vinho “demasiada rusticidade”. António Ventura é de opinião que Alicante Bouschet não é uma das castas mais expressivas no Tejo: complementa lotes, contribui com estrutura e cor, mas não chega a atingir a elegância que ganha no Alentejo. Fica demasiado vegetal, começa a amadurecer a parte fenólica só com 15%, precisa de mais amplitude térmica diária. É interessante a observação de Manuel Lobo que muitas vezes nas vinhas velhas encontra Alicante Bouschet plantado em conjunto com Castelão. E há uma explicação para isto: Alicante Bouschet tem muita personalidade, mas funciona melhor em parceria com Castelão, que o torna mais amigável e polido (um pouco como o efeito do Merlot no Cabernet Sauvignon, em Bordéus).
E por falar de Cabernet Sauvignon, a casta já mostrou que se dá muito bem na região do Tejo, parece ser muito consensual e está a crescer em popularidade, ocupando agora 291 ha. Dá um óptimo resultado no calhau rolado da Falua e da Quinta da Alorna. Mas não só. “Se a Touriga traz elegância, Cabernet Sauvignon traz frescura ao lote”, diz Nuno Falcão Rodrigues. António Ventura também considera que Cabernet Sauvignon no Tejo é muito interessante, sobretudo no Bairro. “É uma casta muito resistente, amadurece bem e perde o carácter vegetal, se esperarmos por ela.”
Algumas outras castas, menos populares na região, assumem protagonismo em algumas casas. A Quinta da Lagoalva de Cima desde os anos 70 apostou no Alfrocheiro que, segundo Diogo Campilho, tem características que particularmente aprecia: concentração, aroma e frescura.
Nuno Falcão Rodrigues gosta da Touriga Franca porque se adapta bem à região. Desde que consiga uma “linha recta” no final de maturação, sem chuva, dá resultados fantásticos, refere.
Nacionais vs. estrangeiras
As castas estrangeiras, como Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot foram trazidas para a região pelas gerações anteriores com o objectivo de melhorar a qualidade. Isto numa altura em que as castas nacionais eram pouco estudadas e as internacionais tinham resultados comprovados. Quando se percebeu melhor o potencial qualitativo de certas castas portuguesas, também estas começaram a ganhar terreno.
A presença de castas internacionais num lote pode ajudar na exportação. Antonina Barbosa dá o exemplo da marca Tagus Creek, onde se apostou nos duetos de uma casta estrangeira + uma casta nacional (Cabernet Sauvignon + Aragonez, Shiraz + Trincadeira etc.), que chegou a ser a 2ª marca mais vendida no Reino Unido. A Quinta da Alorna também conseguiu excelente resultado comercializando bivarietais nesta base.
Já nos topos de gama, vendidos a 25-30 euros a situação é diferente, repara David Ferreira. A nível internacional não vale a pena competir no Cabernet Sauvignon com Bordéus ou no Pinot Noir com Borgonha. Nesta gama, é melhor apostar nas castas nacionais ou com forte ligação a Portugal (o caso de Alicante Bouschet). Nuno Falcão Rodrigues partilha a mesma opinião, sobretudo no que toca aos mercados maduros. Mas “se estivermos a falar de mercados como a China ou a Rússia, onde a Touriga Nacional é uma espécie de dinossauro, convém colocar no blend alguma coisa que possa ser entendida pelo consumidor local.”
E como podemos constatar, nos topos de gama tintos, mesmo que as castas internacionais integrem o lote, não são predominantes.
O que deve ser um grande tinto do Tejo?
“Um topo de gama deve ser fiel ao terroir”, diz Antonina Barbosa. As castas podem variar ao longo dos anos, mas o terroir é o mesmo. No caso da Falua, os melhores resultados vêm da vinha do calhau rolado, sem rega e com produções baixas a nivel de 5-6 tn/ha. David Ferreira, num vinho de topo, procura qualidade numa base vitícola, ou seja, de determinadas vinhas. Normalmente, “são as mais velhas que têm maior equilíbrio, maturação mais longa e complexidade aromática”, diz. Por exemplo, na Companhia das Lezírias e na Casa Cadaval isso acontece com as vinhas de Alicante Bouschet.
Já Diogo Campilho, para o seu tinto mais ambicioso procura o que a região oferece: aroma, intensidade, elegância. Presta muita atenção ao nariz e à frescura de boca. “Os vinhos têm de ser frescos, gastronómicos. Assim, podem ter 14,5% e não se sentir o álcool”. Martta Reis Simões, por seu lado, em topos de gama procura a identidade da região. Acha que os vinhos do Tejo, e particularmente, da Charneca, se destacam pela frescura em boca, corpo e elegância. Segundo Nuno Falcão Rodrigues, o Tejo pode não ter uma identidade única, mas tem vários estilos. Um topo de gama tem de expressar, antes de tudo, o seu próprio estilo que inclui a região, a quinta, o terroir e o produtor.
O Tejo e o consumidor
Nas garrafeiras especializadas, onde se vendem os vinhos mais ambiciosos, os vinhos do Tejo representam cerca de 5% da oferta, ainda que a sua presença tenha vindo a crescer. Como o consumidor muitas vezes segue modas e tendências, a procura espontânea pelos vinhos do Tejo ainda é baixa. Vanessa Neves, da garrafeira “Empor Spirits & Wine”, em Lisboa, e Carla Paralta, uma das proprietárias da Garrafeira “5 estrelas”, em Aveiro, dizem que o consumidor poucas vezes pergunta especificamente por vinhos do Tejo, mas há alguns anos nem procuravam de todo. O consumidor está mais bem informado, dizem, sabe o que quer e aceita sugestões. Quando procuram por casta (Syrah, Pinot Noir, Merlot, por exemplo), há boas opções produzidas no Tejo e isto também ajuda. Mas ao mesmo tempo, ainda “confundem muitas vezes os produtores do Tejo e de Lisboa”, conta Vanessa.
Helena Muelle, proprietária da garrafeira “Wines 9297”, em Lisboa, refere que quando organiza provas cegas, onde inclui os melhores vinhos do Tejo, as pessoas gostam muito e depois ficam surpreendidas, quando a região é desvendada.
Como diz Manuel Lobo, “o Tejo é um diamante em bruto, mas ainda tem um longo caminho a percorrer”. Eu acrescentava que a região vai precisar de todo o profissionalismo e dedicação dos produtores para lapidar esse diamante até começar a brilhar. E todos esperamos que o consumidor não se deixe levar pela imagem de um passado longínquo e demonstre uma maior curiosidade em relação ao Tejo da modernidade. Um Tejo que vale muito a pena re(descobrir).
(Artigo publicado em Outubro de 2020)[/vc_column_text][vc_column_text]
No products were found matching your selection.
Siga-nos no Instagram
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Facebook
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no LinkedIn
[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” url=”#” size=”small” open_new_tab=”” button_style=”regular” button_color=”Accent-Color” button_color_2=”Accent-Color” color_override=”” hover_color_override=”” hover_text_color_override=”#ffffff” icon_family=”none” el_class=”” text=”Assine já!” margin_top=”15px” margin_bottom=”25px” css_animation=”” icon_fontawesome=”” icon_iconsmind=”” icon_linecons=”” icon_steadysets=”” margin_right=”” margin_left=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][/vc_column][/vc_row]
Vinhos do Tejo certificaram mais 28% em 2020
Ao contrário do que poderia ser previsível (devido à pandemia), a região vitivinícola do Tejo aumentou a certificação dos vinhos em 27,72%, valor que fez subir o total de volume certificado para 30 milhões de litros, algo que, segundo o comunicado, os Vinhos do Tejo “contavam atingir em 2023”. De Janeiro a Abril, o crescimento […]
Ao contrário do que poderia ser previsível (devido à pandemia), a região vitivinícola do Tejo aumentou a certificação dos vinhos em 27,72%, valor que fez subir o total de volume certificado para 30 milhões de litros, algo que, segundo o comunicado, os Vinhos do Tejo “contavam atingir em 2023”.
De Janeiro a Abril, o crescimento foi de 76% e, no primeiro semestre de 2020, de 47%. Nos primeiros seis meses do ano, a CVR Tejo certificou 15,21 milhões de litros, o que representou cerca de metade dos números atingidos no final do ano: 29,75 milhões de litros. Por sua vez, a quota de vinhos certificados com Indicação Geográfica Tejo (o vinho Regional Tejo) mantém-se superior à DOC Do Tejo, o que seria de esperar pois o crescimento das vendas registou-se sobretudo nos super e hipermercados.
Luís de Castro (na foto), presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, comenta que “são boas notícias e que reflectem o esforço colectivo dos vários players da região. Nota para o facto de resultarem do trabalho não de um, mas de vários anos, em Portugal e nos mercados internacionais, onde a apetência para os Vinhos do Tejo é cada vez maior. As expectativas para 2020 eram de crescimento, mas não tão elevado; o facto de termos crescido tanto num ano tão atípico foi uma grande vitória”.
Vinhos do Tejo celebram quatro décadas de Festival Nacional de Gastronomia
Este ano não haverá, devido à pandemia, Festival Nacional de Gastronomia em Santarém, pela primeira vez em quarenta anos. No entanto, a organização vai celebrar as quatro décadas deste evento de forma diferente, com um conjunto de iniciativas a decorrer entre este e o próximo ano. Os Vinhos do Tejo, que sempre marcaram presença, foram […]
Este ano não haverá, devido à pandemia, Festival Nacional de Gastronomia em Santarém, pela primeira vez em quarenta anos. No entanto, a organização vai celebrar as quatro décadas deste evento de forma diferente, com um conjunto de iniciativas a decorrer entre este e o próximo ano.
Os Vinhos do Tejo, que sempre marcaram presença, foram convidados a integrar o Programa de Celebração dos 40 Anos do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém. Uma das iniciativas (transmitida também digitalmente) deste programa será o “Sabores e Saberes – 40 Anos de História”, que se estende de 15 a 25 de Outubro, na Casa do Campino. Uma exposição, conferências, demonstrações gastronómicas, jantares feitos por chefs de renome e provas de vinho serão algumas das actividades inserias na iniciativa. Os Vinhos do Tejo, irão, assim, estar presentes em vários momentos, com vinhos da Quinta da Ribeirinha, Quinta do Arrobe, Quinta do Coro, Quinta Monteiro de Matos e Quinta S. João Batista.
As medidas de segurança serão uma prioridade, sendo que o Plano de Contingência aprovado para o evento prevê uma redução substancial da lotação, bem como a implementação de medidas que visam atribuir segurança e conforto a todos.
Programa Sabores e Saberes – 40 Anos de História
Sábado, 17 de Outubro de 2020
16h00 Prova de Vinhos do Tejo do produtor Quinta Monteiro de Matos
20h00 Jantar de Sabores e Saberes com o chef Rui Paula (duas estrelas Michelin) e Harmonização com Vinhos do Tejo do produtor Quinta do Coro
Domingo, 18 de Outubro de 2020
16h00 Prova de Vinhos do Tejo do produtor Quinta do Arrobe
Terça-feira, 20 de Outubro de 2020
21h30 Conferência “Gastronomia e vinhos: provar, beber e entender”, moderada pelo sommelier Rodolfo Tristão, consultor da CVR Tejo
Sexta-feira, 23 de Outubro de 2020
20h00 Jantar de Sabores e Saberes com o chef Miguel Gameiro e Harmonização com Vinhos do Tejo do produtor Quinta S. João Baptista (Enoport)
Sábado, 24 de Outubro de 2020
16h00 Prova de Vinhos do Tejo do produtor Quinta da Ribeirinha
Polónia recebeu Vinhos do Tejo durante uma semana
A Polónia é um dos mercados estratégicos para a promoção dos Vinhos do Tejo, e a sua presença neste país é já bastante significativa. Por este motivo, a primeira viagem presencial, depois do confinamento, dos Vinhos do Tejo, foi para a Polónia, de 24 a 30 de Setembro passado. Os produtores ficaram em Portugal, mas […]
A Polónia é um dos mercados estratégicos para a promoção dos Vinhos do Tejo, e a sua presença neste país é já bastante significativa. Por este motivo, a primeira viagem presencial, depois do confinamento, dos Vinhos do Tejo, foi para a Polónia, de 24 a 30 de Setembro passado. Os produtores ficaram em Portugal, mas os vinhos viajaram com Gonçalo Guimarães, representante da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo).
Os dois momentos principais desta viagem foram o Roadshow Vinhos do Tejo, promovido pela CVR, e a participação na Grande Prova Vinhos de Portugal, organizada pela ViniPortugal. O Roadshow percorreu quatro cidades: Poznan, Lodz, Bydgoszcz e Sopot. Já a Grande Prova Vinhos de Portugal decorreu em Varsóvia, no dia 28, e nela participaram profissionais do sector, media e enófilos.
Foram quinze os produtores de Vinhos do Tejo representados nestas acções: Adega do Cartaxo, Casa Agrícola Paciência, Casa Cadaval, Casal da Coelheira, Companhia das Lezírias, Enoport, Falua, Fiuza & Bright, João M Barbosa Vinhos, Pinhal da Torre, Quinta da Alorna, Quinta da Badula, Quinta da Lagoalva, Quinta da Lapa e Santos & Seixo – Encosta do Sobral.
Estes eventos marcaram a estreia do novo embaixador dos Vinhos do Tejo na Polónia, Marek Kusik, eleito no concurso Tejo Summer Expert.
Revelados os vencedores do 1º Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Foi no ano passado que a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo abriu, em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, o seu primeiro concurso de fotografia, com o intuito de promover os vinhos, a gastronomia […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Foi no ano passado que a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo abriu, em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, o seu primeiro concurso de fotografia, com o intuito de promover os vinhos, a gastronomia e o território. O tema do concurso era livre, tendo apenas como requisito que a região dos Vinhos do Tejo estivesse representada de alguma forma.
Esta primeira edição teve vinte e quatro inscrições, vindas de Norte a Sul de Portugal e até da Polónia, “um dos mercados estratégicos para a promoção dos Vinhos do Tejo”, diz o comunicado. Chegaram à final treze participantes, tendo cada um deles enviado nove fotografias. No final, o júri, composto pelos fotógrafos profissionais Gonçalo Villaverde, João Nauman e Vitor Neno, avaliou 117 fotografias, tendo apurado os três primeiros prémios e sete menções honrosas.
Na galeria de fotos pode ver-se todos os trabalhos premiados, devidamente identificados:[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”flexslider_style” images=”47869,47870,47871,47872,47873,47874,47875,47876,47877,47878″ onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row]
Tejo prevê vindima de 2020 sem quebras e cresce 47% na certificação
Apesar da conjuntura global conturbada, da região do Tejo chegam boas notícias. A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), comunicou um aumento de 47.13% na certificação dos vinhos da região, no primeiro semestre deste ano e face ao período homólogo de 2019. Isto corresponde, segundo o comunicado, a 15.21 milhões de litros. Por vinho certificado, […]
Apesar da conjuntura global conturbada, da região do Tejo chegam boas notícias. A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), comunicou um aumento de 47.13% na certificação dos vinhos da região, no primeiro semestre deste ano e face ao período homólogo de 2019. Isto corresponde, segundo o comunicado, a 15.21 milhões de litros. Por vinho certificado, entende-se a garantia de serem vinhos feitos com uvas produzidas na região, neste caso sob a Denominação de Origem Tejo ou Indicação Geográfica Tejo. Note-se que a certificação dos vinhos desta região tem crescido exponencialmente nos últimos anos, com os seguintes números, em milhões de litros: 6.75 em 2018; 10.34 em 2019; e 15.21 em 2020. Só no primeiro semestre de 2020, o número já foi superior ao total de 2018.
“São cada vez mais os agentes económicos (produtores) que estão despertos para a importância de certificar os seus vinhos, com um impacto bastante positivo junto do consumidor”, refere a CVR Tejo.
No que toca às perspectivas de vindima para 2020, o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) espera que a produção em Portugal caia cerca de 3% em relação à colheita de 2019. No entanto, o IVV e a CVR Tejo alegam que isso não acontecerá nesta região, com previsão para manutenção dos valores do ano anterior, cerca de 61.6 milhões de litros.