Bairrada: Uma região de “clássicos”

Criada apenas em 1979, após vários anos de hesitações entre o poder político e os interesses dos agentes económicos, a Região Demarcada da Bairrada, antes de acolher regulamentação legal, já se afirmava há mais de dois mil anos nas práticas vitivinícolas, crendo-se, pelo menos, desde a romanização do território. Muitos são os testemunhos, enraizados nos […]
Criada apenas em 1979, após vários anos de hesitações entre o poder político e os interesses dos agentes económicos, a Região Demarcada da Bairrada, antes de acolher regulamentação legal, já se afirmava há mais de dois mil anos nas práticas vitivinícolas, crendo-se, pelo menos, desde a romanização do território. Muitos são os testemunhos, enraizados nos vestígios arqueológicos, que nos reafirmam a vitivinicultura como uma das principais atividades agrícolas que se estenderam desde a ocupação romana e perduram até à atualidade.
Se porventura nos quisermos apoiar no rigor do suporte documental, pode atestar-se que, já no ano 950, o seu território era conhecido como região vinhateira, conforme nos revela um documento existente na Torre do Tombo referente a uma doação ao Mosteiro do Lorvão de terras e vinhas na Silvã (Mealhada). Um outro documento refere uma “vinha em Rippela sob o monte Buzacco”, em 1086. Ou uma outra doação àquele Mosteiro, de “uma casa em São João e vinha na Pocariça” (Cantanhede), em 1176.
Contudo, o documento mais curioso é datado de 1137, e encontra-se igualmente na Torre do Tombo, no qual “D. Afonso Henriques autoriza a plantação de vinha na herdade de Eiras, sob o caminho público de Vilarinum (Vilarinho do Bairro, Mealhada) ao monte Buzacco (Bussaco), com a condição de lhe darem 1/4 do vinho, sem mais encargos e eles fiquem com as primícias e décimas do vinho…”. Um testemunho de inigualável valor que atesta a qualidade do vinho ali produzido, o qual servia de meio de pagamento dos impostos ao Rei.
OS PRIMÓRDIOS DA BAIRRADA
Não se pense que a criação da Região Demarcada do Douro, peticionada por 14 dos “principais lavradores de Cima do Douro e Homens Bons da cidade do Porto”, estribados pela visão de Sebastião José de Carvalho, não terá tido influência em diversas outras regiões do país onde se cultivava vinha e produzia vinho. A representação dirigida ao rei D. José I, em 31 de Agosto de 1756, foi estabelecida por Alvará, confirmado a 10 de Setembro desse mesmo ano, demarcando e, diz-se, protegendo a região duriense dos demais territórios produtores.
Se é certo que a instituição da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro somente aos vinhedos daquela região dizia respeito, a realidade mostrou-nos que, nos anos seguintes, houve extensas demandas legislativas que intervieram noutras zonas vinhateiras, determinando o arranque de diversas vinhas em “terrenos das vargens, lezírias e campinas” que fossem mais próprias, pela sua natureza, para nelas se promover a cultura cerealífera, tão necessária para a alimentação básica dos portugueses. Medidas drásticas que alteraram a paisagem vitivinícola portuguesa, dizimando a produção de vinha em larga escala. À data, tais medidas eram justificadas pela carência de cereais e falta de pão para o consumo das gentes. Por outro lado, visava-se diminuir a produção excessiva de vinho de qualidade inferior que, em concorrência desleal, acarretava elevados prejuízos para os de qualidade superior.
A região da Bairrada não terá ficado imune a estas medidas, por força dos alvarás que aplicaram a mesma lei às margens e campinas dos rios Mondego e Vouga e a mais terras que fossem de paul e lezírias. E, apesar de nesses alvarás se fazerem referências elogiosas aos vinhos produzidos “nos terrenos de Anadia, Mogofores e outros das mesma qualidade”, igualando estes vinhos aos criados nos “termos de Lisboa, de Oeyras, de Carcavelos, do Lavradio, de Torres Vedras, Alenquer…”, nesses tempos com notoriedade semelhante aos vinhos durienses, certo foi que, outro Alvará, agora de 18 de Fevereiro de 1766, já impunha como sujeição imediata o arranque de vinhas existentes em Anadia, Mogofores, Arcos, Avelãs de Caminho e Fermentelos”, terras bairradinas por excelência, duas delas citadas com louvor cinco meses antes.
Numa visão otimista, podemos considerar que o génio ímpar de Pombal, além de ter criado a primeira Região Demarcada do mundo, terá ensaiado outras demarcações, embora sem lhes ter dado o tratamento legislativo adequado. A da Bairrada terá tido atenção do seu pensamento, pois, pelo menos por duas vezes, referenciou os terrenos Anadia e Mogofores como sendo de óbvia qualidade para a produção de vinho.
“A Região Demarcada da Bairrada (…) já se afirmava há mais de dois mil anos nas práticas vitivinícolas, crendo-se, pelo menos, desde a romanização do território”
O PAIZ VINHATEIRO
Em 1866, por Portaria de 10 de Agosto, foi nomeada pelo Ministro do Reino, Andrade Corvo, uma comissão encarregada de estudar as diversas regiões do país “durante a vindima e da feitura do vinho nos principais districtos vinhateiros do reino”. Desta comissão faziam parte três membros e a cada um dos quais foi delimitada a respetiva área de estudo.
O Visconde de Villa Maior ficou com a área a norte do Rio Douro, António Augusto de Aguiar ficou responsável pela área de território entre os rios Douro e Tejo, excluindo o distrito de Lisboa, cabendo, por fim, a Joaquim Inácio Ferreira Lapa o distrito de Lisboa e todos os territórios a Sul do Tejo.
Publicado em 1867, nesse trabalho conjunto, mas com as respetivas indicações de cada um dos seus autores, existe um único mapa. E este, no conjunto de tantas outras regiões vitivinícolas nela representadas, refere-se apenas a uma, designado “Paiz Vinhateiro da Bairrada”. Um mapa que, mesmo desatualizado ao tempo da criação da região demarcada, mais de cem anos depois, serviu de base à sua delimitação. Naquele mapa há já uma marcação, a cores diversas, de três sub-regiões, ainda que em moldes distintos daquelas que foram, por exemplo, definidas em França. Neste, as sub-regiões são designadas por região de vinho branco, região de vinho tinto de embarque e região de vinho de consumo. Estabelecem-se, também, limites geográficos, definindo, a Sul, o concelho de Mealhada, ao tempo considerado o coração da Bairrada, e parte do concelho de Cantanhede; ao centro, o concelho de Anadia; a Norte o concelho de Oliveira do Bairro. Excluídos ficaram, a Sul, a freguesia de Souselas, no Centro, parte do concelho de Cantanhede e todos os de Vagos e Aveiro, e, a Norte, parte do concelho de Oliveira do Bairro.
As zonas nobres para vinhos tintos de embarque delimitavam-se, aos concelhos da Mealhada e de Anadia, enquanto as mais aptas para vinhos brancos situavam-se na margem esquerda do rio Certoma, até Óis do Bairro, S. Lourenço e Mogofores. Fora destes limites situavam-se as zonas de vinhos para consumo, classificando-se detalhadamente os de primeira, segunda e terceira categorias. Interessante é constatar o detalhe com António Augusto de Aguiar estudou a composição dos solos, identificando, com denodo, uma zona hoje muito bem conhecida por produzir vinhos de extrema elegância: “da Mealhada para o Luso, do Travasso para a Vacariça encontra-se uma mistura de solos, em que figuram retalhos de arenatas do terreno quaternário…”. Falamos, em parte, da zona de Cadoiços, onde se encontram hoje algumas das mais imponentes vinhas velhas da Bairrada e das quais nasce um dos grandes vinhos que constituem o painel de prova deste artigo.
Elaborado este estudo pouco após a grande crise do oídio, que afetando toda a viticultura nacional também não poupou o território da Bairrada, é um exercício curioso constatar como se dá a evolução do encepamento na região. Em 1850, o oídio surge de modo lancinante e, durante quase uma década, destruiu, quase por completo, toda a produção de uva na região. As castas mais atacadas foram, nas tintas, o Castelão e a Trincadeira, e, nas brancas, o “Boal Cachudo”, o Arinto e Mourisco. Perante estas adversidades, eis que surge uma uva salvífica, a Baga, fortemente resistente ao oídio. A partir de 1860, a atual intitulada casta rainha da Bairrada, conhece uma expansão até então nunca vista, tendo António Augusto de Aguiar, que por ela não morria de amores, escrito que, “se o amor por ella continuar como até agora, dentro de poucos anos toda a Bairrada fará plantações e vinhos extremes de uma casta só”.
A 28 de Dezembro de 1979, nasce a Região Demarcada da Bairrada, e com ela a sua delimitação geográfica que, curiosamente, não é assim tão distante daquela que havia sido desenhada mais de 100 anos antes por António Augusto de Aguiar.
ANTEVISÃO DE UMA REGIÃO
Com a industrialização do espumante e o nascimento das grandes casas engarrafadoras a partir dos anos 20 do século passado, assistiu-se a um crescimento exponencial da região. Caves São João, Caves Messias, Caves Aliança ou Caves São Domingos, entre outras, tornam-se os grandes centros produtores do país, engarrafando, comercializando e exportando vinhos para as colónias e Brasil. A demarcação era, à data, e já após o Dão ter procedido à sua demarcação enquanto região em 1908, uma temática não muito do agrado das grandes casas, que adquiriam vinhos em diversas regiões limítrofes para satisfazer a as suas necessidades de grande volume.
No início dos anos 50 dá-se início a uma contenda feroz entre, por um lado, os defensores da não demarcação, liderados pela maior referência da enologia nacional, Mário Pato, e, do outro lado, uma linha vanguardista defensora da necessidade de criar a região demarcada, tendo na linha da frente o Professor Américo Urbano.
Mário Pato, numa publicação de 1 de Outubro de 1953, no Boletim da Federação dos Grémios da Lavoura da Beira Litoral, clamava que a região começava a sofrer de uma “delimitomania” ou mania das regiões delimitadas, que amolece as faculdades mentais dos viticultores e lhes paralisa a atividade. Para o enólogo, o pedido de intervenção do Governo na delimitação da sua região causaria um atavismo e um encerramento dentro de si própria, que motivaria uma não evolução no acompanhamento do desenvolvimento dos métodos enológicos e, consequentemente, uma desvalorização dos vinhos produzidos. À data, dava como exemplo as regiões de Bucelas, Colares e Carcavelos, cujos vinhos começavam a perder notoriedade, invocando igualmente os exemplos do Dão e Vinhos Verdes que também não se mostrariam brilhantes.
Já Américo Urbano trazia para a defesa da demarcação preocupações que não são díspares das da atualidade, mostrando toda a pertinência. A este preocupava-o a concorrência feroz vinda das terras a Sul, onde os custos do granjeio eram muito inferiores e a qualidade dos vinhos, em que “milhentas de pipas de água anualmente são adicionadas aos mesmos”, era manifestamente inferior.
No meio das contendas, Américo Urbano não foi parco em palavras, acusando Mário Pato de ser o principal responsável pelo uso de técnicas enológicas que privilegiavam a produção de vinhos destinados ao lote, ao invés de dar o seu contributo para o aperfeiçoamento das características organoléticas que sempre distinguiram os vinhos da Bairrada. Uma conceção visionária que, ainda hoje, define o modo como se entende uma Bairrada de características muito distintas.
O interesse pela demarcação da região vai crescendo ao longo dos anos 60 e, em 1973, é criado o Grupo de Trabalho incumbido do estudo da Demarcação da Bairrada, composto pelos agrónomos Melchior Barata de Tovar e Octávio da Silva Pato, contando ainda com a colaboração de Mateus Augusto dos Anjos e de Luís Azevedo Correia. O relatório veio a revelar-se extremamente relevante para constituir as bases para a futura demarcação, incidindo sobre a orografia e hidrografia, geologia, solos, clima, práticas agrícolas, castas cultivadas, métodos de vinificação e tipos de vinho, proposta de demarcação e delimitação da região produtora e, entre outras, do direito à denominação de origem. Estava quase…
Para dar força a este movimento, Luiz Ferreira da Costa, figura icónica das Caves São João, agrega uma série de figuras relevantes da região e cria a Confraria dos Enófilos da Bairrada, em Junho de 1979, associação que foi absolutamente determinante, através de diversas iniciativas e contactos com as esferas do Governo, para derrubar as últimas barreiras tendentes à Regulamentação da Região Demarcada da Bairrada.
POR FIM, A DEMARCAÇÃO
A 28 de Dezembro de 1979, pela Portaria nº 709-A/79, nasce a Região Demarcada da Bairrada e, com ela, a sua delimitação geográfica que, curiosamente, não é assim tão distante daquela que havia sido desenhada mais de 100 anos antes por António Augusto de Aguiar. Exigindo-se a condução da vinha em forma baixa, definem-se, desde logo, as castas autorizadas, que serão objeto de apreciação e cadastro pelos serviços competentes, definindo-se, como tintas autorizadas, a Baga com mínimo de 50%, Castelão ou Moreto e Tinta Pinheira, autorizando-se, desde que não excedessem 20% do povoamento total, o Alfrocheiro Preto, Bastardo, Preto de Mortágua, Trincadeira, Jaen e Água Santa. Nas castas brancas, exigindo um mínimo de 60% do povoamento, Bical, Maria Gomes (Fernão Pires) e Rabo-de-Ovelha, autorizando-se com um máximo de povoamento total de 40%, o Arinto, Cercial, Chardonnay e Sercialinho, lista que mais tarde havia de ser revista. Nesta primeira abordagem que, até aos dias de hoje, havia de ter diversas alterações, definiu-se a obrigatoriedade de a vinificação ser realizada dentro da região em adegas inscritas para o efeito, limitou-se a produção a um máximo de 55 hectolitros por hectare de vinha, parametrizou-se um teor alcoólico mínimo de 11% vol. para os vinhos e fixou-se estágios obrigatórios mínimos de 18 meses para tintos e 10 meses para brancos.
Inicialmente, ou seja, em 2003, a menção “Clássico” ficou destinada apenas a vinhos tintos, cingindo-se às castas Baga, Camarate, Castelão (Periquita) e Touriga Nacional
“CLÁSSICO”, UM SELO DE IDENTIDADE
Após a demarcação e até ao virar do século, muitas foram as mudanças de paradigma a que se assistiu na Bairrada. As Adegas Cooperativas e as grandes casas engarrafadoras foram colocadas perante uma nova realidade de produção e consumo. O mundo pedia vinhos com maior identidade, vinhos de Quinta, produções menores, mas muito mais exigentes e qualitativamente nos antípodas daquilo que até então se fazia. Os mercados das colónias haviam desaparecido, o Brasil minguava na procura. Uma nova Bairrada despontava e muitas foram as grandes casas que soçobraram. Adegas Cooperativas, como Vilarinho do Bairro, Mogofores e Mealhada, ou casas engarrafadoras como Barrocão, Valdarcos, Monte Crasto, entre outras, finaram-se. Felizmente, houve casos de grande sucesso na mudança, como foram as Caves São João, que já em 1971 haviam adquirido a Quinta do Poço do Lobo, ou as Caves Messias, com produção de vinhos de uvas próprias na Quinta do Valdoeiro.
Algo havia a fazer para contrariar uma certa desorientação estratégica que afetava a Bairrada. A preocupação dos agentes económicos centrava-se na adequação das potencialidades da região, sempre associadas a uma nomenclatura de qualidade e certificação, alcançando a sua melhor valorização no mercado.
A Portaria nº 428/2000, de 17 de Julho, vem fixar as castas aptas à produção de vinho em Portugal. Nessas condições, entendia-se como necessário efetuar algumas alterações relativamente aos encepamentos existentes permitidos para a DOC Bairrada, do mesmo modo que era crível que podia haver uma maior variedade de vinhos de qualidade produzidos na região e reconhecidos no mercado. Subjacente a estas alterações, que viriam alterar substancialmente o número de castas autorizadas à menção DOC, nada mais, nada menos que 26, algumas delas com pouca expressão na região, um juízo avisado justificou a criação de uma certificação especial para os vinhos da Bairrada que pudessem respeitar determinados parâmetros de tradição e práticas antigas, tanto de viticultura como de vinicultura, adotando-se, por via dessa premissa, a menção “Clássico”. Inicialmente, ou seja, em 2003, a menção “Clássico” ficou destinada apenas a vinhos tintos, cingindo-se às castas Baga, Camarate, Castelão (Periquita) e Touriga Nacional, obrigando os vinhos a representar, em conjunto ou separadamente, 85% do encepamento, não podendo a Baga representar menos de 50%. Obrigava, ainda, a que a uva fosse proveniente de vinhas com rendimento não superior a 55 hectolitros por hectare, não podendo o vinho tinto possuir um teor alcoólico inferior a 12,5%. É, no que toca ao tempo de estágio, que surgem as condições mais exigentes, obrigando os vinhos tintos com aquela menção a poderem apenas ser comercializados após um estágio mínimo de 30 meses, 12 dos quais obrigatoriamente em garrafa. A Portaria 211/2014, de 14 de Outubro, repõe a justiça e concede, igualmente, aos vinhos brancos a possibilidade de ostentarem a menção “Clássico”, definindo como castas aptas à mesma a Maria Gomes (Fernão Pires), Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha. Aqui, houve também a preocupação em regular a produção máxima por hectare, que seria idêntica à das castas tintas, limitando o volume alcoólico dos brancos aos 12% mínimo, obrigando ainda a um estágio mínimo antes de comercialização a 12 meses, seis dos quais em garrafa. Em matéria de reposição de injustiças, a Portaria nº 335/2015, de 6 de Outubro, veio colmatar uma ausência inadmissível, colocando a histórica Arinto, casta já referenciada por António Augusto de Aguiar, em 1867, como uma das mais relevantes uvas brancas do encepamento do território da Bairrada.
Terminamos esta longa, mas rica história de um território abençoado pela proteção das Serras do Bussaco e Caramulo, bafejado pela influência do Atlântico, com a afirmação de qualidade superior dos vinhos que ostentam a menção “Clássico”, concedendo à Bairrada um estatuto de maior relevância em boa hora regulamentada, e que tão bem é expressa nos 12 vinhos que brilharam na nossa prova.
* O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
(Artigo publicado na edição de Junho de 2025)
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MESSIAS
Branco - 2017 -
FREI JOÃO
Branco - 2020 -
TRABUCA CERCIAL DA BAIRRADA
Branco - 2020 -
BACALHOA 1931 VINHAS VELHAS
Branco - 2021 -
ANTÓNIO MARINHA LEGADO
Tinto - 2017 -
CASA DO CANTO
Tinto - 2017 -
MESSIAS
Tinto - 2015 -
FREI JOÃO
Tinto - 2018 -
TRABUCA
Tinto - 2016 -
BACALHÔA VINHA DA DÔNA
Tinto - 2018 -
LOPO DE FREITAS
Tinto - 2016 -
OUTRORA
Tinto - 2019
25 anos de Quanta Terra pelas mãos de Vhils

O resultado? A criação de uma edição colaborativa limitada de 250 garrafas de cinco litros em parceria com o artista urbano inspirada na íris, símbolo de identidade. O produtor duriense, fundado pelos enólogos Jorge Alves e Celso Pereira, celebra bodas de prata, com a apresentação de um vinho especial, o Quanta Terra Íris tinto 2019. […]
O resultado? A criação de uma edição colaborativa limitada de 250 garrafas de cinco litros em parceria com o artista urbano inspirada na íris, símbolo de identidade.
O produtor duriense, fundado pelos enólogos Jorge Alves e Celso Pereira, celebra bodas de prata, com a apresentação de um vinho especial, o Quanta Terra Íris tinto 2019. Cada garrafa é uma peça de arte intervencionada manualmente, com os traços marcantes de um olhar humano, e numerada diretamente sobre o vidro pelo reconhecido artista urbano Alexandre Farto, aka Vhils, com a precisão de um mestre artesão. Trata-se de uma tradução artística entre o vinho e o tempo, em que a fruta, as especiarias e a mineralidade se envolvem num vinho que se quer excelente, como se de uma expressão artística do Douro se tratasse. A chegada ao mercado está marcada para Outubro. Porém, há a possibilidade do seu nome constar na lista de espera através do registo em https://vhils.quantaterradouro.com/.
Distinguido com dois prémios Best of Wine Tourism – Arte e Cultura (2023 e 2025) pelas Great Wine Capitals, o espaço Quanta Terra tem vindo a tornar-se um palco de manifestações culturais, de acesso gratuito, tornando-se um agente cultural do interior, promovendo o diálogo entre vinho, arte e território, e mantendo as portas abertas da antiga destilaria da Casa do Douro a várias formas artísticas, sem descurar “o papel do vinho como motor da economia do território”.
SYMINGTON: Entre o Douro e o Minho

A estratégia de diversificação da Symington Family Estates tem sido uma aposta cirúrgica em regiões e propriedades com história e potencial comprovado. Há apenas uma década, o Altano era o único vinho branco que a Symington apresentava no mercado. Hoje, o portefólio cresceu com propostas como o Taifa, de Portalegre, e agora o Casa de […]
A estratégia de diversificação da Symington Family Estates tem sido uma aposta cirúrgica em regiões e propriedades com história e potencial comprovado. Há apenas uma década, o Altano era o único vinho branco que a Symington apresentava no mercado. Hoje, o portefólio cresceu com propostas como o Taifa, de Portalegre, e agora o Casa de Rodas, de Monção e Melgaço. É o primeiro lançamento depois da aquisição da histórica propriedade em Monção, concretizada em 2022. Desconhecida pelos consumidores de hoje, esta foi a primeira marca comercial de Alvarinho. O vinho começou a ser engarrafado pela Casa de Rodas nos anos 1920, em colaboração com Amândio Galhano, o incontornável agrónomo da região dos Vinhos Verdes, ao qual se deve a descoberta das virtudes da casta.
Novo capítulo
A propriedade em si é ainda mais antiga. Foi construída em 1655 e representa um típico solar minhoto daquela época. Guarda a memória das famílias nobres que por ali passaram, destacando-se pela sua arquitetura, jardins centenários e uma capela do século XVIII. A marca não chegou aos nossos tempos, mas os 27,5 hectares de vinha da propriedade são dedicados exclusivamente à casta Alvarinho, dos quais 1,5 hectares são de uma vinha muito velha, de baixa produção. Ao pertencer agora ao universo Symington, abre-se um novo capítulo na história da casa e da marca.
O Casa de Rodas Alvarinho 2023 é vinificado por Anselmo Mendes na sua adega. Resulta de uma colheita manual e de uma prensagem suave. A fermentação decorre com temperatura controlada a acompanhar a sua dinâmica e prolonga-se por três semanas, seguida de um estágio sobre borras finas durante seis meses. Foram produzidas 13.555 garrafas.
A nova colheita da Quinta do Vesúvio surge num contexto vitícola desafiante. Rupert e Charles Symington relembram que 2022 foi um dos anos mais quentes e secos de que há memória. Em dez meses, caíram apenas 170 mm de chuva. Em julho, os termómetros no Pinhão atingiram os 47˚C e, durante dez dias consecutivos, as temperaturas mínimas não desceram abaixo dos 20˚C.
A vindima começou incrivelmente cedo, a 24 de agosto, mas as primeiras uvas mostraram sinais de maturação incompleta. No início de Setembro, o furacão Daniel irrompeu com chuva intensa e inesperada, forçando uma interrupção sem precedentes nas vindimas. No entanto, a chuva revelou-se benéfica: as temperaturas desceram, permitindo que as videiras completassem a maturação em condições equilibradas. Assim, a vindima pôde ser retomada com calma e óptimo resultado. A Touriga Nacional foi colhida entre 20 e 21 de setembro nas cotas mais altas da Quinta do Vesúvio (a cerca de 450 metros de altitude), enquanto a Touriga Franca foi apanhada entre 27 e 30 de setembro no Vale da Teja. Estas duas castas são os pilares do lote do Quinta do Vesúvio, onde Touriga Nacional está em maioria, com 65%, e Touriga Franca entra com 30%. A Tinta Amarela, também do Vale da Teja, compõe os restantes 5%.
O vinho estagiou durante 15 meses em barricas de carvalho francês (80% novas, 20% usadas), com capacidades de 225 e 400 litros. Foram engarrafadas 13.100 unidades, além de 350 magnum e 100 double magnum.
O Casa de Rodas Alvarinho 2023 é vinificado por Anselmo Mendes na sua adega. Resulta de uma colheita manual e de uma prensagem suave
A nova colheita da Quinta do Vesúvio surge num contexto vitícola desafiante, pois 2022 foi um dos anos mais quentes e secos de que há memória
Lançamentos simultâneos
Num conceito inovador, inspirado na tradição do Vinho do Porto Vintage, onde uma parte do stock é reservada para lançamentos futuros, foi apresentada uma nova edição do Quinta do Vesuvio 2015, com indicação Cellar Release. Esta prática prevê o lançamento simultâneo de novas colheitas e relançamento das colheitas mais antigas, com pelo menos dez anos de guarda.
“Estamos no sector da paciência”, explicou Rupert Symington, actual CEO da empresa. “Fazemos o trabalho pelos restaurantes e clientes: guardamos o vinho e disponibilizamos quando está mais próximo do ponto ideal de consumo.” Com esta abordagem, torna-se possível apreciar a evolução dos vinhos em diferentes fases da sua evolução, desde a vivacidade da juventude até à sofisticação adquirida com a maturidade.
Tal como no 2022, a composição varietal do Vesúvio 2015 baseia-se na Touriga Nacional (54%) e Touriga Franca (42%), com um toque de Tinta Amarela (4%). Entretanto, as condições do ano foram bastante distintas: o 2015 registou níveis médios de precipitação e temperatura. O início do ano vitícola, em novembro, foi marcado por chuvas generosas, fundamentais para fazer frente à falta de precipitação no inverno, primavera e verão. Alguma chuva que caiu na altura certa, em maio, foi providencial, preparando as videiras para os meses quentes de junho e julho. O mês de agosto foi ameno, com noites frescas, criando as condições ideais para maturações equilibradas e para a preservação da acidez natural das uvas. O Quinta do Vesúvio Cellar Release 2015 está limitado a 2.500 garrafas, numeradas individualmente e apresentadas numa embalagem exclusiva.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2025)
Estão abertas as inscrições para o Concurso Escolha da Imprensa 2025

O Concurso Escolha da Imprensa é um evento no qual a Grandes Escolhas convida colegas de outros órgãos de comunicação social — da imprensa escrita, à rádio, televisão e media digital — a provarem uma amostra significativa do melhor que se faz na produção de vinhos em Portugal. O júri é constituído por críticos e […]
O Concurso Escolha da Imprensa é um evento no qual a Grandes Escolhas convida colegas de outros órgãos de comunicação social — da imprensa escrita, à rádio, televisão e media digital — a provarem uma amostra significativa do melhor que se faz na produção de vinhos em Portugal.
O júri é constituído por críticos e jornalistas, que se reunirão no dia 1 de Outubro, em Lisboa, para provar os vinhos a concurso.
O anúncio e exposição pública dos vencedores realiza-se durante o evento GRANDES ESCOLHAS | VINHOS & SABORES, a decorrer na FIL, Parque das Nações, de 18 a 20 de Outubro, com atribuição dos respectivos Diplomas aos vencedores.
A Divulgação pública dos resultados é feita no site, na revista Grandes Escolhas e nas redes sociais.
Se for produtor e estiver interessado em inscrever-se no concurso clique AQUI.
GRANDE PROVA: No Dão, os brancos vão na frente

A região do Dão, delimitada na primeira leva de demarcações do séc. XX, ainda em monarquia, desde cedo se caracterizou por ser uma região polivalente, tanto de brancos como de tintos. Ao contrário de outras regiões então também demarcadas, como Bucelas, que apenas estava vocacionada para vinhos brancos, em terras beirãs os brancos e os […]
A região do Dão, delimitada na primeira leva de demarcações do séc. XX, ainda em monarquia, desde cedo se caracterizou por ser uma região polivalente, tanto de brancos como de tintos. Ao contrário de outras regiões então também demarcadas, como Bucelas, que apenas estava vocacionada para vinhos brancos, em terras beirãs os brancos e os tintos cresceram lado a lado, um pouco ao sabor das modas. Hoje todos falam que há um crescente interesse nos vinhos brancos um pouco por todo o país, mas nem sempre foi assim. A flutuação de mais brancos ou mais tintos dependeu sempre das modas e dos gostos. Em resumo, ainda hoje depende do mercado.
Esta região, como quase todas as outras do país, cresceu associada a um certo modelo vínico, gerando sobretudo vinhos de lote onde se combinavam as várias castas que a região conhecia.
Antigamente os lotes eram feitos na vinha, sobretudo nas mais velhas, em que o plantio se fazia a eito ou, a partir dos anos 60, por parcela de castas mas sempre jogando no lote final com o contributo de diversas variedades. Assim era o Dão, e também por isso nós não conhecemos vinhos varietais antes dos anos 90 do século passado. Apenas as experiências do Centro de Estudos de Nelas, nomeadamente com Encruzado e Touriga Nacional, nos ajudam na busca de vinhos de casta.
Os anos 90 trouxeram uma verdadeira revolução, com novas experiências, novos produtores, novas adegas, novos conceitos. Nesse sentido, o Dão de hoje é tributário desses pioneiros onde encontramos a Quinta da Pellada, Quinta dos Carvalhais, Quinta dos Roques, Casa de Santar ou Casa da Ínsua, só para citar alguns. Foi então que os consumidores se familiarizaram com os vinhos de Encruzado e os varietais das tintas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen, nomes até então ausentes do léxico dos apreciadores.
O Dão ganhou enorme prestígio na “família” dos vinhos brancos à custa da Encruzado. É uma variedade enigmática que ali nasceu e dali não parece querer sair.
Encruzado sim, mas…
Segundo os dados mais recentes fornecidos pela CVR do Dão, as castas brancas ocupam 1950 ha, o que corresponde a cerca de 21% dos encepamentos. Dentro das brancas, as mais plantadas são a Malvasia Fina (27,28%), a Fernão Pires (19,90%), a Encruzado (12,83%) e a Bical com 12,57%. Seguidamente, e num registo mais contido, temos a Branda (8,56%), Cerceal-Branco (2,30%), Uva-Cão (1,14%) e Gouveio e Rabo de Ovelha, ambas com 1,11%.
O Dão ganhou enorme prestígio na “família” dos vinhos brancos à custa da Encruzado. É uma variedade enigmática que ali nasceu, e dali não parece querer sair, uma vez que não tem grande apetência por viagens e, noutras regiões, dá resultados apenas satisfatórios. Os consumidores começaram a ouvir falar de Encruzado nos anos 90, tornando-se quase sinónimo de vinho branco do Dão, a casta considerada emblemática da região, uma espécie de porta-estandarte. Não é, porém, uma uva totalmente consensual entre os profissionais, sendo mais difícil de domar do que à primeira vista se poderia pensar. Porquê? Porque os vinhos Encruzado nascem pouco faladores, pouco expressivos em termos aromáticos e, por isso, precisam de ser acarinhados para poder crescer bem. Manuel Vieira (enólogo na empresa Caminhos Cruzados) afirma que “pelo facto de os vinhos da casta serem pouco expressivos em novos, há quem lhes dê um tom forçadamente aromático logo à nascença, com aromas tropicais, algo que rejeito completamente; a Encruzado precisa de tempo e só com a evolução em garrafa é que finalmente mostra as suas virtudes e a madeira (bem integrada) pode ter aí um papel importante”.
Já a enóloga Patrícia Santos (Quinta da Alameda, Primado, entre outros produtores) não é tão efusiva com a Encruzado. Segundo nos disse, “reconheço-lhe a plasticidade para diferentes formas de vinificação e estágio, mas acho que não é uma casta excelente. Não tem, por exemplo, a excelência de uma Alvarinho. Continuamos à procura e tenho estado a trabalhar a Uva-Cão onde encontro grande potencial de qualidade”. Ambos os enólogos são pouco entusiastas das castas também muito plantadas na região, como a Malvasia Fina e a Bical. Para lotes sim, como varietais nem por isso.
Uma visita a uma garrafeira de grande superfície mostra-nos que há imensos brancos do Dão a preço muito acessível, não sendo por isso aceitável que se diga que os vinhos são caros.
Brancos de excelência
Ainda assim, actualmente uma prova de brancos do Dão tende naturalmente a incidir em vinhos de Encruzado, ainda que, no nosso caso, tal não tinha sido imposto aos produtores a quem solicitámos amostras. O que pudemos verificar é que as escolhas de vinhos a enviar foram bem diversas e com critérios que apenas os próprios produtores poderão definir: tivemos vinhos mais novos, outros com mais idade, varietais e de lote, com madeira evidente e sem ela presente e com uma tremenda flutuação de preços indicativos.
Conclui-se, assim, que pode não ser muito fácil criar um padrão, um modelo de branco que se possa dizer sem rebuço: isto é um branco do Dão! De qualquer forma, há um elemento que percorre e unifica todos os brancos, independentemente do modelo escolhido. Refiro-me à acidez que estes vinhos sempre apresentam, associada a um brilho, uma elegância e uma proporção que é notável e é traço indicativo da região.
Aqui também se procuram novos modelos, novos horizontes para os vinhos brancos. Uma visita a uma garrafeira de grande superfície mostra-nos que há imensos brancos do Dão a preço muito acessível, não sendo por isso aceitável que se diga que os vinhos são caros. No entanto, como pedimos aos produtores que enviassem o melhor que tinham ou o que entendiam que melhor representava a orientação vínica da quinta ou empresa, os preços dos vinhos deste painel são em geral elevados. A região ganha com isso, é elevando o patamar que o Dão pode ganhar prestígio. Mas os tempos vão difíceis para vinhos mais caros e esse facto torna muito exigente o esforço de cada produtor para se afirmar, quer interna, quer externamente.
Acreditamos que, independentemente do modelo vínico escolhido, o branco tem de ser uma bandeira, tem de representar a região. Ora isto pode acontecer, independentemente do preço e, por isso, alguns vinhos de preço acessível estão aqui muito bem classificados e outros, bem mais caros, se quedaram por classificações mais modestas.
A conclusão final é muito fácil: estamos a falar de uma das melhores regiões do país para gerar vinhos brancos muito originais, a tal região que um winewriter americano apelidou de “A Borgonha dos vinhos portugueses”. Vamos assinar por baixo.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2025)
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Quinta dos Carvalhais
Branco - 2023 -
Quinta da Vegia Vinha de Santa Ana
Branco - 2019 -
Casa de Santar Branco de Curtimenta
Branco - 2023 -
Taboadella Grande Villae
Branco - 2022 -
Quinta Dom Vicente Vinhas Velhas
Branco - 2022 -
O Estrangeiro Inspired by Rocim
Branco - 2023 -
Quinta Dona Sancha
Branco - 2021 -
Domínio do Açor
Branco - 2022 -
Primado
Branco - 2023 -
Caminhos Cruzados
Branco - 2023
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Conde de Anadia
Branco - 2017 -
Textura Pura
Branco - 2022 -
Quinta dos Roques
Branco - 2022 -
M.O.B. Vinha Senna
Branco - 2023 -
Liquen Vinhas Antigas
Branco - 2022 -
Quinta das Marias Out of the Bottle
Branco - 2022 -
Quinta da Pellada Primus
Branco - 2023 -
Adega de Penalva
Branco - 2022 -
Quinta da Giesta
Branco - 2024 -
Quinta de Lemos Dona Santana
Branco - 2023
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Villa Oliveira
Branco - 2021 -
Tesouro da Sé Private Selection
Branco - 2023 -
Quinta do Cerrado
Branco - 2022 -
Código Manifesto
Branco - 2022 -
Bacalhôa
Branco - 2023 -
Quinta Madre de Água
Branco - 2021 -
Quinta da Alameda Parcelas
Branco - 2023 -
D. Daganel
Branco - 2021 -
Mitologia
Branco - 2023 -
Monteirinhos Avô António
Branco - 2022
João Grave na Quinta da Alorna

Eis o nome eleito para responsável pela área de enologia e operações, cuja missão consiste em consolidar o percurso de afirmação dos vinhos desta histórica propriedade da região vitivinícola do Tejo. Com um reconhecido percurso em enologia, João Grave assume a liderança das equipas da adega, Wine Creations e vinha da Quinta da Alorna, localizada […]
Eis o nome eleito para responsável pela área de enologia e operações, cuja missão consiste em consolidar o percurso de afirmação dos vinhos desta histórica propriedade da região vitivinícola do Tejo.
Com um reconhecido percurso em enologia, João Grave assume a liderança das equipas da adega, Wine Creations e vinha da Quinta da Alorna, localizada em Almeirim, na região do Vinhos do Tejo. Esta nomeação incide na coordenação de todas as etapas e operações intrínsecas à cultura da vinha e do vinho, isto é, desde a vindima à produção final dos vinhos, com o rótulo desta propriedade tricentenária, que, agora, dá início a uma nova.
“A Quinta da Alorna tem vindo a consolidar a quota no mercado nacional e, sobretudo, no internacional. A experiência de João Grave, com trabalho em várias regiões vitivinícolas, é uma mais-valia que agora culmina com o desafio da versatilidade da região do Tejo”, destaca Pedro Lufinha, diretor geral da Quinta da Alorna.
Para João Grave, “é uma grande motivação continuar o trabalho de construção de marca, transmissão de valores e aperfeiçoamento do perfil dos vinhos para que o consumidor, em qualquer parte do mundo, tenha cada vez mais bem definido o porquê de abrir uma garrafa da Quinta da Alorna”.
Licenciado em engenharia agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia e com mestrado na área de viticultura e enologia na mesma instituição de ensino, João Grave soma, no currículo, experiências internacionais nas adegas Kirrihill Wines (Austrália) e Chalk Hill Estate Winery (Estados Unidos). Por cá, passou pela Casa Santos Lima, em Alenquer, contactando com o território vitivinícola do Algarve, Alentejo, Dão, Vinhos Verdes, Lisboa e Açores; e também fez parte da Montez Champalimaud, como diretor de produção dos vinhos da Quinta do Côtto (Douro) e Paço de Teixeiró (Vinhos Verdes).
Há grandes escolhas no Nobre Gosto de 2025

De 19 a 21 de Setembro, o Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, recebe mais uma edição do Nobre Gosto. O evento, produzido pela revista Grandes Escolhas com o apoio do Município de Oeiras, centra-se na arte da vinificação de vinhos generosos e doces portugueses. Espanha e Itália também têm espaço reservado. Durante três dias, […]
De 19 a 21 de Setembro, o Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, recebe mais uma edição do Nobre Gosto. O evento, produzido pela revista Grandes Escolhas com o apoio do Município de Oeiras, centra-se na arte da vinificação de vinhos generosos e doces portugueses. Espanha e Itália também têm espaço reservado.
Durante três dias, a 4ª edição do evento Nobre Gosto reúne produtores nacionais e internacionais, profissionais do sector, coleccionadores e apreciadores de vinhos generosos e doces portugueses no Palácio Marquês de Pombal, localizado no coração da cidade de Oeiras. Afinal, o próprio Marquês de Pombal está intrinsecamente ligado não só à implementação da primeira região demarcada do mundo e à regulamentação do vinho em Portugal, mas também à criação do Vinho de Carcavelos.
Em cima da mesa e para apreciação individual, estão disponíveis, para prova vinhos do Porto, Madeira, Moscatéis de Setúbal e do Douro, licorosos e colheitas tardias.
De acordo com o programa, estão previstas provas especiais, com lugares limitados e valor a anunciar. Masterclasses, showcookings, acções de formação para o canal HORECA e visitas guiadas à Adega Villa Oeiras também constam na lista de actividades a explorar. Tudo acontece em diferentes espaços da nobre casa e dos jardins exteriores outrora pertença do Marquês de Pombal, reforçando a ligação entre vinho, património e experiência.
A edição de 2025 do Nobre Gosto conta ainda com a presença de produtores de Espanha, de onde chegam vinhos de Jerez, região localizada na comunidade da Andaluzia, com longa tradição na produção de vinhos fortificados e envelhecidos por meio do sistema de “solera”. Itália marca igualmente presença, com a apresentação de uma herança enológica ligada à produção de vinhos doces emblemáticos.
O Nobre Gosto começa no dia 19 de Setembro, às 17h00, exclusivamente para profissionais. Nos dias 20 e 21 abre ao público entre as 15h00 e as 21h00. A entrada é livre e o acesso às provas é feito mediante aquisição de copo pelo valor de 15€.
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Herdade dos Grous: Um Alentejo sustentável

A produção agrícola da Herdade dos Grous está ligada, de forma indelével, ao trabalho feito por Luis Duarte, 59 anos, gerente e enólogo principal da empresa desde que ali começou a plantar as primeiras vinhas. Sempre com olho no terroir, tem usado tudo o que aprendeu no curso que tirou em Vila Real, nos muitos […]
A produção agrícola da Herdade dos Grous está ligada, de forma indelével, ao trabalho feito por Luis Duarte, 59 anos, gerente e enólogo principal da empresa desde que ali começou a plantar as primeiras vinhas. Sempre com olho no terroir, tem usado tudo o que aprendeu no curso que tirou em Vila Real, nos muitos anos em que esteve no Esporão e desde 2004 até hoje, experimentando e fazendo, para produzir vinhos de qualidade, sem descurar o mercado, e com o seu cunho. E fez isso apostando, desde o início, na sustentabilidade, melhorando os solos da propriedade, usando ovelhas para eliminar as ervas e acrescentar matéria orgânica e criando, entre outros, condições para atrair morcegos, para darem o seu contributo na eliminação de pragas. Tudo isto acreditando que as empresas se gerem melhor com regras estabelecidas, e que as certificações de qualidade, sustentabilidade e outras contribuem para tudo acontecer de forma mais fluída e fácil para fornecedores, colaboradores e clientes. Desde que chegou, a empresa tem dado sempre lucros, apesar dos investimentos que têm sido feitos em terras e noutras áreas de negócio, como a produção de azeite e gado.
Hoje a Herdade dos Grous vende os seus vinhos sobretudo em Portugal, e 40% da sua produção anual para mais 24 países
Vinhos e hotelaria
Luis Duarte começou por ser consultor da empresa em 2002. Naquela altura ainda trabalhava na equipa da enologia da Herdade do Esporão, mas já tinha liberdade para fazer algumas consultorias para produtores, onde se incluíam a Quinta do Mouro, em Estremoz, ou a Herdade Grande, na Vidigueira.
“Comecei por dar aqui um apoio na plantação das vinhas”, conta, acrescentando que foram inicialmente 21 hectares, que foram crescendo, ao longo do tempo, para os 133 hectares actuais.
Em 2004 saiu do Esporão em definitivo e assumiu o projecto. No ano seguinte lançou os primeiros vinhos, um Herdade dos Grous e um Herdade dos Grous Reserva, ambos tintos. O segundo, feito, na altura, com uvas da primeira vinha que plantou, ainda muito nova, ganhou o prémio de Melhor Vinho do Alentejo. Para Luís Duarte, foi sorte e “um bom presságio para o futuro”, que “demonstrou que a qualidade do vinho era boa” e contribuiu para alavancar um projecto que começou “bastante bem” logo desde o início.
Nessa altura a propriedade tinha cerca de 500 hectares e incluía um hotel dividido em dois blocos, tal como acontece hoje. Está integrado nos Hotéis Vila Vita, tal como a unidade de Armação de Pêra, no Algarve e outras que o grupo detém também na Alemanha e Áustria, que oferecem mais de 650 quartos, para além de restaurantes e bares. Apesar de estarem disponíveis para o público em geral, destinam-se sobretudo a incentivos para os mais de 50 mil colaboradores da Deutsche Vermögensberatung, empresa de serviços de consultoria financeira com sede em Frankfurt, na Alemanha. Fundada em 1975 por Reinfried Pohl, este gigante do sector financeiro gere uma carteira de clientes com um valor superior a 250 milhões de euros. Segundo Luís Duarte, esta empresa usa incentivos como períodos de férias nas suas unidades hoteleiras para recompensar quem cumpre objectivos . “Vêm da Alemanha passar férias para a Herdade dos Grous e outros sítios que o grupo tem no mundo inteiro, sempre na companhia de um responsável, um chefe de equipa, que os incentiva em relação à empresa”, conta o gerente.
Foi isso que levou o grupo e comprar espaços com essa função, mas também a organizar cruzeiros para os seus quadros superiores. “Toda a gente sonha ir neles, porque isso demonstra que atingiram os seus objectivos”, salienta Luis Duarte, acrescentando que, ainda hoje, o hotel da Herdade dos Grous é ocupado sobretudo por pessoas da empresa, que voam diretamente para o aeroporto de Beja. “Todos os sábados chegam cerca de 20 pessoas, que passam uma semana aqui e vão depois embora, o que é um descanso para o negócio de turismo da herdade, que está praticamente ocupado a 100% todo o ano”, diz o responsável. Acrescenta que a Herdade dos Grous arrenda o espaço ao Vila Vita do Algarve, que tem um contrato com a empresa mãe alemã que lhe permite receber todas estas pessoas.
Quando se procura ter um negócio agrícola sustentável e duradouro, não é preciso mais nada do que água, matéria orgânica e solo para produzir
Pioneira na sustentabilidade
Antes de ser adquirida, a Herdade dos Grous era arrendada sobretudo para pastoreio de gado. Como os solos estavam muito explorados, Luis Duarte apostou, desde o primeiro dia, na inversão da degradação a que tinham sido sujeitos, “fazendo sementeiras directas de prados sem mobilização dos solos, o que não era muito usual na altura, em 2004”, para aumentar a matéria orgânica dos solos. Também foi implementada uma viticultura regenerativa, com cuidados especiais com o solo, incluindo a sua análise microbiológica. “Fomos dos primeiros, que eu saiba, a fazê-lo aos solos na região, para procurar encontrar formas de equilibrar a sua flora e fauna a este nível, ou seja, os seus fungos com as bactérias e os nemátodos, algo contrário ao que me foi transmitido quando estudava enologia, em que havia só um tipo de microorganismos bons e o resto era para eliminar”. Hoje a tendência é procurar que vivam todos em equilíbrio, pois não é necessário matar tudo o que está no solo para produzir uvas, azeitonas ou outro produto agrícola qualquer. Pelo menos quando se procura ter um negócio agrícola sustentável e duradouro, não é preciso mais nada do que água, matéria orgânica e solo para produzir.
Ainda hoje, durante o inverno, andam, na propriedade, mais de duas mil ovelhas, incluindo as dos vizinhos, a pastar. “Só com isso deixei de fazer duas passagens com tractores na vinha e no olival para cortar ervas, poupando no gasóleo, no desgaste das máquinas e diminuindo a poluição ambiental resultante deste trabalho, deixando de ter custos com um trabalho que é feito pelas ovelhas”, explica Luís Duarte. Para além disso, as ovelhas vão estrumando o solo, aumentando os seus níveis de matéria orgânica.
A Herdade dos Grous foi a primeira empresa certificada pelo Programa de Sustentabilidade do Alentejo “e é hoje um exemplo em termos de sustentabilidade, incluindo os pilares ambiental, social e económico, essencial porque isto não teria sentido se não desse dinheiro, já que uma empresa agrícola é um negócio como outro qualquer”. Para além das certificações ambientais, a herdade tem o seu sistema de gestão da qualidade e da segurança alimentar certificados por normas ISO. As certificações obrigam a regras que têm de ser seguidas, algo comum a tudo o que é feito na empresa. “Até as nossas fichas técnicas obedecem a procedimentos escritos”, salienta Luis Duarte, acrescentando que o controlo de todos os documentos lhe permite gerir a empresa de forma tranquila, porque tem pessoas responsáveis que se ocupam das questões como a qualidade ou a sustentabilidade.
Horticultura e azeite
Actualmente trabalham, na Herdade dos Grous e na Quinta de Valbom, propriedade duriense do grupo, que Luis Duarte também gere, um total de 28 colaboradores a tempo inteiro. “Mas, durante o ano, há sempre mais pessoas a trabalhar na vinha, olival, gado e nos 12 hectares que de hortofrutícolas da empresa, cuja produção se destina sobretudo para a sua cantina e a do Vila Vita, no Algarve, onde trabalham 400 pessoas”.
Desde que Luís Duarte assumiu a gestão da Herdade dos Grous, o projecto foi crescendo. Dos 500 hectares iniciais, a propriedade passou para os 1050 hectares actuais. Para além da vinha, também foram plantados 110 hectares de olival, a que se juntaram mais 40 hectares de um olival antigo de uma das propriedades adjacentes que foram sendo compradas. E há ainda áreas de prados permanentes para pastoreio de gado bovino da raça Mertolenga, produção de porco preto e ovinos e está iniciada uma nova plantação de medronheiros, seguindo as curvas de nível do relevo da propriedade, tal como Luis Duarte dispôs a vinha. Para o futuro, quem sabe se vai existir um novo produto na Herdade dos Grous, o medronho, mas é algo que ainda só está na fase de estudo.
Para além da marca própria, o azeite é também vendido a granel, “porque é um negócio mais rentável do que a venda de azeite em garrafa”, explica Luís Duarte, salientando que esta forma de comercialização é essencial para a sustentabilidade do negócio da Herdade dos Grous, porque é dinheiro pago antes da saída do azeite da propriedade. “Não o vendemos de outra forma”, afirma. Actualmente a sua empresa engarrafa entre 40 e 50 mil unidades de meio litro de azeite por ano, que vende a 8,5 euros, com uma margem significativamente inferior ao granel por causa dos custos com o engarrafamento, a garrafa, o rótulo, a cápsula e outros. O azeite tem sido comercializado a granel a 10 euros por litro. “Ou seja, ganho mais dinheiro a vender a granel do que em garrafa, mas tenho de fazer isso para estabelecer a marca no mercado”, defende.
Novas histórias
Os vinhos da Herdade dos Grous são vendidos apenas em garrafa. O seu portefólio é relativamente simples e fácil de entender por quem compra os seus vinhos. “Quando pensei nele achei que não deveria criar muitas coisas para não haver confusão, algo que talvez tenha a ver com a escola que tive no Esporão, onde os volumes de vinho produzidos e comercializados eram relativamente grandes, o que me fez pensar e acreditar que era necessário produzir volume para criar marca”, conta o responsável. Por isso, o portefólio da Herdade dos Grous tem apenas uma, comum a todos as suas referências, incluindo um branco e um tinto colheita, um branco e um tinto reserva, mais um Moon Harvest e um Concrete branco e tinto. Este último veio da necessidade de a empresa criar um produto novo para o mercado. Para a sua produção foi utilizada o depósito Galileu. “Fiz ensaios e gostei muito do efeito do cimento no vinho branco, pois dá-lhe textura, torna-o mais elegante e acrescenta-lhe salinidade”, explica Luís Duarte. Agora já produz também tinto e tem quatro depósitos para fazer este tipo de vinhos. “No fundo, a ideia foi criar, dentro da família da Herdade dos Grous, mais um patamar, que são os vinhos em cimento, para além dos fermentados em aço inoxidável e em barrica, para alargar o portefólio e chamar a atenção para a marca criando também novas histórias”, conta.
Hoje, a Herdade dos Grous vende os seus vinhos sobretudo em Portugal, e 40% da sua produção anual, que anda entre 800 e 900 mil garrafas, para mais 24 países, sobretudo para o Brasil, Luxemburgo, Suíça e Alemanha. As vendas para o grupo andam entre os 7 e os 8%.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2025)
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Herdade dos Grous
Tinto - 2022 -
Herdade dos Grous Concrete
Tinto - 2023 -
Herdade dos Grous Moon Harvested
Tinto - 2023 -
Herdade dos Grous 23 Barricas
Tinto - 2023 -
Herdade dos Grous
Tinto - 2023 -
Herdade dos Grous
Rosé - 2024 -
Herdade dos Grous Concrete
Branco - 2023 -
Herdade dos Grous
Branco - 2023 -
Herdade dos Grous
Branco - 2024