Taylor’s já reabriu as suas caves para visita

E se lhe dissessem que, além de visitar uma cave de vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia, poderia relaxar num jardim de rosas no final dessa visita? É isso, e muito mais, que a Taylor’s tem para oferecer, depois de o seu jardim ter florido durante o período de isolamento, revelando-se mais bonito […]
E se lhe dissessem que, além de visitar uma cave de vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia, poderia relaxar num jardim de rosas no final dessa visita? É isso, e muito mais, que a Taylor’s tem para oferecer, depois de o seu jardim ter florido durante o período de isolamento, revelando-se mais bonito do que nunca.
O centro de visitas Taylor’s, totalmente renovado em 2016, voltou a abrir com selo Clean & Safe e uma nova missão: dar a conhecer e provar os seus 328 anos de história, através do seu sistema de áudio-guia em 12 línguas diferentes, para o que a empresa diz ser “uma experiência segura e autónoma, ao ritmo da curiosidade de cada visitante”.
O itinerário da visita passa pelos armazéns do século VXIII, onde estagiam os emblemáticos vinhos da casa, e permite conhecer a história do vinho do Porto, os processos de vinificação e as diferenças entre os vários estilos de vinho. No percurso, revela a Taylor’s, “há algumas curiosidades como o túnel revestido a céu estrelado, que reproduz o céu da Quinta de Vargellas, berço dos vinhos Taylor’s no Douro”. No final, é possível provar as referências da casa, ou na sala de provas, ou no Jardim das Rosas.
Com o valor de €15 por pessoa, a visita inclui a áudio-tour e a prova de dois vinhos: Taylor´s Chip Dry Branco Extra Seco e Taylor’s Late Bottled Vintage. Mas é possível prolongar a prova, escolhendo à carta. Crianças também são bem-vindas, mediante compra de um bilhete de €6, que inclui sumo de uva e bolachas.
Comissão Vitivinícola do Algarve dá impulso extra aos seus produtores

Em resposta aos desafios que a pandemia trouxe, a Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA) aproveitou para impulsionar os seus agentes económicos de novas formas. Sara Silva, presidente da CVA, explica: “Num momento em que todos os apelos nos levavam ao afastamento, decidimos transformar esse desafio numa oportunidade para nos aproximarmos ainda mais dos nossos produtores. […]
Em resposta aos desafios que a pandemia trouxe, a Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA) aproveitou para impulsionar os seus agentes económicos de novas formas. Sara Silva, presidente da CVA, explica: “Num momento em que todos os apelos nos levavam ao afastamento, decidimos transformar esse desafio numa oportunidade para nos aproximarmos ainda mais dos nossos produtores. Usando os meios digitais como nossos aliados, começámos a preparar formas alternativas de fazer chegar a mensagem a esses públicos, mas também aos consumidores finais, peças chave no aumento da notoriedade dos nossos vinhos”.
Assim, a CVA criou uma iniciativa que passa por um conjunto de reportagens, onde cada produtor relata a sua história, conta pormenores sobre as suas propriedades e fala sobre os seus vinhos. Esta rúbrica, que vai para “o ar” todas as quintas-feiras, acontece nas páginas de Facebook e Instagram da CVA, com o nome “5ªs à Quinta”.
Também o site da CVA foi reforçado com informação sobre cada um dos produtores e formas de adquirir os seus vinhos sem sair de casa. Já a “app” dos Vinhos do Algarve tem relançamento marcado para breve, com total renovação. Esta é uma aplicação móvel onde é possível consultar a localização geográfica dos produtores, saber quais os pontos de venda e restaurantes onde os vinhos estão disponíveis, bem como encontrar notícias e eventos relacionados com esta região.
Ainda em curso nos meses de Junho e Julho está a parceria da CVA com a Nutrifresco – um dos mais famosos distribuidores de pescado do Algarve – que oferece garrafas de Vinho do Algarve na compra do cabaz de peixe e marisco “Cabaz das Rias”, um produto da sua mais recente marca “Peixe à Porta”.
Sónia Martins assume liderança da Lusovini

Desde o passado mês de Maio, a directora de enologia da Lusovini, Sónia Martins, passou a acumular essa função com a presidência desta empresa sediada em Nelas e criada em 2009. Sócia-fundadora da Lusovini, Sónia Martins vai continuar a partilhar a gestão com o accionista principal, Casimiro Gomes, e os restantes sócios administradores. Esta alteração […]
Desde o passado mês de Maio, a directora de enologia da Lusovini, Sónia Martins, passou a acumular essa função com a presidência desta empresa sediada em Nelas e criada em 2009. Sócia-fundadora da Lusovini, Sónia Martins vai continuar a partilhar a gestão com o accionista principal, Casimiro Gomes, e os restantes sócios administradores.
Esta alteração ficou a dever-se à necessidade de reforçar as componentes da vinha e do vinho na primeira linha de decisão da empresa. Casimiro Gomes, que tem sido até agora a “cara” da Lusovini, continuará a ser o grande esteio da casa que criou, mas aumentará a sua intervenção na viticultura, área de formação e paixão deste conhecido profissional do sector. Paralelamente, esta mudança permite-lhe concentrar mais tempo no desenvolvimento do projecto Regateiro, marca da Bairrada criada pela sua família e que integra o portefólio Lusovini.
A componente vitícola tem vindo sempre a crescer na Lusovini, contabilizando hoje cerca de 106 hectares com uma vasta dispersão geográfica: da serra de S. Mamede, em Portalegre (Alentejo), até S. João da Pesqueira (Douro), passando por Anadia e Aguada de Cima (Bairrada) e, sobretudo, pela região do Dão, com vinhedos em Viseu, Mangualde, Nelas e Carregal do Sal. E é precisamente em Carregal do Sal que se encontra o mais recente investimento vitícola da empresa, a Vinha da Fidalga, propriedade de 25 hectares, com 15 de vinha plantada, e que se constitui como a base do Pedra Cancela, a marca bandeira da Lusovini.
Criados em 2000 por João Paulo Gouveia, também ele sócio da empresa, os vinhos Pedra Cancela comemoram este ano o seu 20º aniversário e Sónia Martins anunciou já que serão realizadas no segundo semestre diversas acções alusivas à marca, culminando com o lançamento de um vinho muito especial.
Fotografia: Bebes.Comes
Plataforma de incentivo a compra online, da ViniPortugal, continua a crescer

A ViniPortugal – que já tinha lançado, há algumas semanas, um desafio aos produtores de vinho portugueses para integrar a sua plataforma informativa sobre venda online – conta já com 232 produtores, de Norte a Sul do país. Trata-se de uma página onde é possível consultar quais as empresas (e onde) que estão a vender […]
A ViniPortugal – que já tinha lançado, há algumas semanas, um desafio aos produtores de vinho portugueses para integrar a sua plataforma informativa sobre venda online – conta já com 232 produtores, de Norte a Sul do país.
Trata-se de uma página onde é possível consultar quais as empresas (e onde) que estão a vender os seus vinhos online, ou que aceitam encomendas via telefone. Esta é uma das respostas da ViniPortugal ao actual contexto de pandemia, que pretende facilitar o processo e incentivar a compra de vinho, como diz esta associação interprofissional para promoção dos Vinhos de Portugal: “Esta iniciativa é um contributo da ViniPortugal para ajudar os produtores nacionais nos seus esforços de venda num momento mais difícil para o sector. Ao criar na sua página de internet uma área dedicada para pesquisa de produtores por região vitivinícola, com informação sistematizada de campanhas promocionais em curso e os contactos mais directos, a ViniPortugal pretende apoiar os produtores, reforçar o incentivo junto dos consumidores à compra de produtos nacionais e valorizar a qualidade dos vinhos portugueses”.
Também está disponível uma plataforma “gémea”, desta feita em língua inglesa, onde é disponibilizada informação de produtores que asseguram entregas de vinhos fora do território nacional, aqui.
Anna Jorgensen assume chefia na enologia e na gestão de Cortes de Cima

O pai é dinamarquês e a mãe americana, mas Anna Jorgensen já nasceu em Portugal, depois dos pais assumirem as suas planícies alentejanas como base para formar família e erguer um projecto de grande valor, Cortes de Cima, na Vidigueira. Tendo viajado pelo mundo do vinho – Austrália, EUA, França e Nova Zelândia – para […]
O pai é dinamarquês e a mãe americana, mas Anna Jorgensen já nasceu em Portugal, depois dos pais assumirem as suas planícies alentejanas como base para formar família e erguer um projecto de grande valor, Cortes de Cima, na Vidigueira. Tendo viajado pelo mundo do vinho – Austrália, EUA, França e Nova Zelândia – para adquirir experiência e conhecimento, ganhou uma paixão especial pelo conceito de terroir e pela sustentabilidade, valores que agora aplicará na sua nova aventura: a direcção geral, de enologia e de viticultura da empresa que a viu crescer.
Em comunicado, a Cortes de Cima assume que foi “uma transição natural e há muito programada, onde saem reforçados os valores e pilares da família Jorgensen”.
Já Anna declara que o seu “intuito será sempre respeitar a natureza, trabalhar com ela e nunca contra ela. Criar e cultivar um ecossistema resiliente e equilibrado deve ser feito através da promoção da biodiversidade e da policultura”. Anna trabalhará com uma equipa experiente, com muito anos de experiência de casa.
No que toca ao futuro próximo, a Cortes de Cima pretende, num projecto liderado e impulsionado por Anna, converter toda a vinha para modo de produção biológico, algo “que já está em curso e numa fase bastante adiantada”.
Depois de 20 anos sob a liderança da dupla Carrie e Hans Jorgensen, pais de Anna, é a enóloga que agora se “chega à frente”, naquele que representa o início de uma nova era de Cortes de Cima.
Mariana Lopes
Falua abraça novo desafio e entra em Monção e Melgaço

A Falua, renomada empresa produtora de vinho na região do Tejo, já tinha sido adquirida em 2017 pelo grupo francês Roullier, que a escolheu para o arranque do seu projecto de vinhos em Portugal. Na verdade, a Falua, com mais de 25 anos de idade, é o primeiro investimento do grupo no sector do vinho, […]
A Falua, renomada empresa produtora de vinho na região do Tejo, já tinha sido adquirida em 2017 pelo grupo francês Roullier, que a escolheu para o arranque do seu projecto de vinhos em Portugal.
Na verdade, a Falua, com mais de 25 anos de idade, é o primeiro investimento do grupo no sector do vinho, grupo este que está presente noutras áreas de actividade em 131 países, e que conta com mais de 8 mil colaboradores em todo o mundo e um volume de negócios superior a 2 mil milhões de euros.
Agora, a Falua incursa num novo desafio, com a entrada em Monção e Melgaço, sub-região dos Vinhos Verdes. A compra de uma adega aí sediada, confirma a fama e o proveito do berço da casta Alvarinho como origem de vinhos brancos de qualidade superior.
“Uma aposta séria e ambiciosa no sector dos vinhos em Portugal levou o Grupo Roullier a formar uma nova equipa de gestão, com a missão de criar e desenvolver um projecto de vinhos sólido e de sucesso em Portugal e no Mundo: Rui Rosa, Administrador da filial do Grupo Roullier em Portugal há mais de 20 anos, acumula desde 2017 a Administração do Grupo para o sector vitivinícola”, é explicado em comunicado. Antonina Barbosa, ligada ao sector dos vinhos há 20 anos e à Falua desde 2004, assumiu em 2019 a Direção Geral do projecto de vinhos, acumulando com a Direção de Enologia.
Adega do Cartaxo: um caminho de revoluções até ao sucesso

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]É curioso ver como evoluem algumas empresas produtoras de vinho ao longo das décadas. No caso das cooperativas, quem não tinha especiais valores acrescentados – caso de Monção, com o Alvarinho, e o Moscatel, com Favaios, por […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]É curioso ver como evoluem algumas empresas produtoras de vinho ao longo das décadas. No caso das cooperativas, quem não tinha especiais valores acrescentados – caso de Monção, com o Alvarinho, e o Moscatel, com Favaios, por exemplo – só sobreviveu quem soube adaptar-se à evolução do mercado. Foi exactamente o que aconteceu com a Adega do Cartaxo, a fazer quase 66 anos de idade.
TEXTO António Falcão
NOTAS DE PROVA Luís Lopes e Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS Ricardo Gomez
Cartaxo é um caso à parte dentro da região Tejo. Desde logo pelo seu antiquíssimo histórico vitícola, havendo vestígios que remontam ao século X. E depois pela concentração da vinha e do vinho. Só para se fazer uma ideia, há muitas décadas atrás, uma aldeia do concelho tinha mais de 200 adegas!
A sua adega cooperativa é também um caso extraordinário, e não só na região. Foi fundada em 1954 por 22 associados, mas, desde essa data até à actualidade, muita coisa foi acontecendo, a maioria de cariz positivo. O que mais nos interessa tem a ver com a evolução dos vinhos. E aqui, muito há para dizer, e escrever. A história conta-se depressa. Há 30, 40, 50 anos corria pelo povo vinícola um mito de que o vinho do Cartaxo era “carrascão”. O adjectivo poderia ser entendido de forma negativa, como designando um vinho difícil de beber, verdasco, de taninos amargos. Mas também havia quem considerasse carrascão um sinónimo de vinho concentrado, vivo, de taninos vigorosos, mas puros. Será mais esta a tradição nesta sub-região da região Tejo e tem razão de ser. Antes dos anos 70 do século passado, mais ou menos, a maioria do vinho produzido no Cartaxo ia de barco, Tejo abaixo, até Lisboa. Depois, ou era enviado para outros destinos, como as antigas colónias, ou era consumido na capital, nas tabernas e tascas, que abundavam. Ora, reza a história que “o vinho do Cartaxo era vendido um pouco mais caro que os outros, porque era considerado de melhor qualidade”. Quem conta esta história é Fausto Silva, director executivo da Adega do Cartaxo, gestor de formação e funcionário da empresa desde 1994. Depois, começaram os problemas. Por volta dos anos 70, operadores pouco escrupulosos traziam vinhos de outros lados para fazer lotes que diziam ser apenas do Cartaxo. E depois, ocorreu uma mudança nefasta na viticultura da região, provavelmente para ‘navegar a onda’ de sucesso das décadas atrás: muitos viticultores iniciaram a plantação de castas híbridas, com enorme potencial produtivo, boa cor e corpo, mas que davam vinhos de fraca qualidade. Fausto calcula que foi a partir daqui que começou a fase negativa do termo ‘carrascão’.

Começa o declínio
Nos anos 80, a adega vê-se confrontada com um cenário onde o granel cada vez valia menos porque os paradigmas de consumo estavam em mudança; nos grandes centros bebia-se cada vez menos, mas bebia-se melhor. É nessa altura que começam a desaparecer tascas e tabernas um pouco por todo o lado. E desapareceu também, em 1994, o maior cliente da adega, responsável por assimilar mais de 50% das vendas de todo o vinho engarrafado.
“A Adega do Cartaxo vivia na altura muito virada para si própria”, diz-nos Fausto. Finais dos anos 80 até meados dos anos 90, a casa só fazia reservas de vez em quando. E não tinha frio para as fermentações, nem muita da tecnologia que já existia no domínio da recepção, fermentação, estágio e engarrafamento. E a enologia era feita em part time (o enólogo dava suporte a outra adega da região). A falta de tecnologia implicava um quadro de pessoal exagerado para a capacidade/necessidade da empresa, prejudicando a sua rentabilidade e, por consequência, a sua capacidade de investimento.
Ao mesmo tempo, a região que na altura se chamava Ribatejo mostrava dificuldades em se organizar. De tal maneira que vários produtores do Cartaxo decidem criar a sua própria Comissão Vitivinícola, no início dos anos 90. A CVR (Riba)Tejo só seria criada alguns anos mais tarde (1998), acabando por absorver a operação Cartaxo. Contudo, durante anos faltou uma organização forte, que desse orientações aos produtores e promovesse os vinhos da região. Tempo perdido…
Era por isso urgente mudar de rumo e evitar um caminho que iria certamente levar a empresa à ruína, mais tarde ou mais cedo. Foi, aliás, o que aconteceu com muitas cooperativas, que não reagiram a tempo e desapareceram. De tal maneira que hoje, estarão apenas 2 ou 3 em funcionamento (em sistema cooperativo). Eram muitas mais na região…
A revolução no campo
O maior problema, porventura, residia nas vinhas. O caminho para a modernização passava necessariamente pela viticultura e o primeiro passo era substituir os híbridos ultra-produtivos. Esta mudança implica o arranque da vinha existente e a plantação de nova; ou seja, investimentos pesados para os viticultores associados. Assim sendo, como se consegue esta mudança quase radical? Por um lado, os subsídios estatais ao arranque de vinha vieram dar uma ajuda. Mas, por outro, entra o papel de uma direcção forte e esclarecida. A resolução passou por um forte e claro sistema de incentivos às uvas de melhor qualidade. Ou seja, apelar à carteira dos associados. À carteira e ao coração: como nos disse um dos maiores associados da adega e actual membro da direcção, “eu, se tivesse castas híbridas, até podia continuar e ganhar dinheiro. As elevadíssimas produções assim o permitem”. José Barroso acrescenta: “Mas não queria. Não era esse o caminho certo para o futuro”. Ou seja, houve aqui também uma componente de social que não pode ser descurada.
De uma forma ou outra, a mensagem passou e a revolução silenciosa começou. Num espaço de tempo de pouco mais de uma década, a região do Cartaxo mudou substancialmente de encepamento. Onde antes existia Boal Alicante ou Carignan passou a existir Fernão Pires, Arinto, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e por aí fora. As produções baixaram em média, é verdade, mas Fausto Silva não tem hesitações e diz que “a qualidade das uvas subiu exponencialmente”. Pedro Gil, o enólogo da casa, vai mais longe: “temos as uvas mais equilibradas de Portugal”. Cortesia de um clima não tão quente nem tão atlântico como em outras regiões.
A revolução na adega
Pedro Gil entra em 1995 e vai dar assistência ao enólogo Azóia Bento e, depois, a Pita Grós. Mais tarde acaba por assumir toda a produção. A adega, preparada para fazer volume e granel, tem de levar obras para se adaptar à nova filosofia de qualidade. Em 1998 é feito um projecto, mas só arranca em 2004. Entram finalmente novas cubas, equipamentos e a enologia funciona a tempo inteiro com orientação para o mercado. São construídas novas alas. Os enormes depósitos de cimento foram revestidos a epoxy e a maior parte dos postigos de madeira foram substituídos por versões de inox. São excelentes para estagiar vinhos. Tudo está agora climatizado. E aumenta brutalmente o investimento em barricas. Todos os melhores vinhos da casa passam por aqui, até ao Terras do Cartaxo. É quase tudo carvalho francês à excepção dos Bridão Private Collection, que só usam carvalho nacional. No total estão aqui cerca de 1.100 barricas!
A partir de agora é muito mais fácil melhorar a qualidade média dos vinhos e, ao mesmo tempo, aumentar a consistência. Dois anos mais tarde, em 2006, a Adega do Cartaxo tinha consolidado a mudança na viticultura e enologia. A estratégia comercial e de exportação, assim como maiores cuidados com a imagem e marketing foram também alvo dos esforços da direcção. Aumentou o número de referências (incluindo varietais) e a exportação arrancou em força. Hoje ocupa cerca de 25% do volume produzido. “Só não temos mais exportação porque a nossa quota de mercado nacional também tem crescido”, declara Fausto. E explica: “havia muito ainda a fazer aqui”. Fausto sabe bem do que fala porque correu (e corre) Portugal e o mundo a promover e vender os vinhos da casa.
O preço médio do vinho, entretanto, também foi crescendo, mas lentamente: não só por precaução, mas também porque, diz Fausto, “queremos dar uma imagem de confiança e consistência ao mercado”.
Desde essa altura os investimentos nunca mais pararam. Jorge Antunes, presidente da Adega do Cartaxo, diz-nos, com orgulho: “nos últimos anos, já investimos 12 milhões de euros”.
Uma parte foi para a mudança cosmética no exterior da adega e para o novo edifício que alberga a área administrativa, moderno e funcional, que inclui uma loja de belíssimo recorte.
Rumo a novos patamares
A ambição da direcção não fica por aqui. Há muito ainda para fazer e melhorar. O grosso da produção vai ainda para vinhos de baixo preço, o Encostas do Bairro (um regional Tejo a cerca de 2,25 euros a garrafa). Seria bom conseguir desviar cada vez mais o volume para a gama Bridão (a começar nos €3,30). Para isso, o Cartaxo terá de melhorar na viticultura e privilegiar ainda mais a qualidade.
Foi assim que nasceu uma das mais radicais iniciativas desta direcção: a criação de um sistema de incentivos aos associados. O objectivo é o de receber uvas cada vez melhores, avaliadas através de uma série de parâmetros conhecidos. A maior parte tem a ver com a parcela de onde vêm as uvas, um pouco à imagem do sistema de benefício do Douro. Aqui falamos dos três grandes tipos de solos do Tejo: os de areia (Charneca) e os argilo-calcáreos (Bairro), que são solos de menor fertilidade; e depois os solos de aluvião, o chamado Campo, extremamente fértil, ao lado do Tejo. Ora, são atribuídas diferentes majorações consoante não só o sítio onde estão as parcelas, mas também elementos como produtividade, pedregosidade, exposição solar e casta. E, na altura da vindima, a sanidade das uvas, claro. Pedro Gil usa um sistema de pontuação e, por exemplo, para o topo de gama da casa, o Desalmado, só entram uvas com 900 pontos: estas uvas podem valer 60 ou mais por cento que umas ‘normais’. O sistema, apoiado num cadastro informatizado, ainda não está totalmente implementado, mas o histórico das parcelas já existe. Este é, sem dúvida, um sofisticado e completo sistema de valorização das uvas.
Melhor ainda, estes novos passos podem ser afinados em qualquer altura, em resposta, por exemplo, a estratégias da empresa. Em assembleia geral, tudo isto foi explicado aos sócios. Pedro Gil registou com agrado que a ideia foi muito bem aceite. O panorama da viticultura não fica finalizado sem dizermos que a adega trabalha com a associação de viticultores local (VitiCartaxo) mas está prevista a contratação de um técnico a tempo inteiro. Para além da assistência aos associados, este técnico ajudará a fazer a recolha de dados para um histórico de viticultura das vinhas, com máquinas e ferramentas sofisticadas, ainda em projecto de investimento. O técnico vai dar ainda uma ajuda preciosa num factor fulcral: a data de vindima para cada parcela. Pedro Gil explica: “passamos a escolher a data consoante o perfil de vinho que pretendemos fazer com aquelas uvas”. Na verdade, já o fazem parcialmente para os vinhos de topo, quase sempre oriundos das mesmas parcelas, controladas pela adega.
Criar cada vez maior valor
Em década e meia, a Adega do Cartaxo completou uma pequena revolução. Isto não passou despercebido à agricultura local. Existem muitos viticultores interessados em entrar para a empresa. No entanto, o presidente Jorge Antunes é claro neste aspecto: “damos prioridade aos associados já existentes e alguns estão a aumentar área, com nossa autorização. Não estamos, portanto, a aceitar sócios novos”. No fundo, aumentar a capacidade de uva implicaria investimentos substanciais em vários departamentos, em especial no armazenamento de produto acabado. Com cerca de 400.000 garrafas em estágio, já se luta com falta de espaço…
Para o futuro, Jorge Antunes acha que a adega não quer crescer em volume, quer antes manter o tamanho, mas manter-se estável e, se possível, crescer em facturação. Isto é, ser ainda mais rentável, criar notoriedade, entrar no coração e mente dos enófilos. Isto passará também por promover esta sub-região, de que a adega é o principal operador. Fausto Silva não hesita em considerar que “o Cartaxo tem todas as condições para atingir a excelência”. Mas, aconteça o que acontecer na próxima década ou duas, esta equipa está orgulhosa do que conseguiu até agora. “Sabíamos que tínhamos potencial e nunca virámos as costas aos desafios”, diz Fausto. E acrescenta: “levou vários anos, mas o mercado olha hoje para a adega (e região) com outros olhos”. Considerando o que vimos, ouvimos e provámos, a história dar-lhe-á certamente razão.
A casa ribatejana produz hoje cerca de 10 milhões de litros, mas tem espaço para armazenar 18 milhões (com a ajuda de alguns balões no exterior). Pedro Gil tira partido disto para fazer os lotes: “à excepção do Encostas do Bairro tinto (lote com 5 milhões de litros), todos os nossos vinhos têm um só lote”. Ou seja, mantêm a consistência ao longo do tempo.
Três quartos da produção vem de uvas tintas. Esta casa é a maior cliente da CVR Tejo, o produtor que mais compra selos de certificação.
Actualmente, os 205 associados activos da adega exploram uma área de vinha a rondar os 760 hectares. Isto dá cerca de 3,7 hectares por sócio. Nada mau… Neste momento trabalham aqui um pouco mais de 40 pessoas e no ano passado, a Adega do Cartaxo facturou cerca de 10 milhões de euros.
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Edição nº 35, Março de 2020
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Concurso Beira Interior Gourmet está de volta e já tem data

A primeira edição do Concurso Beira Interior Gourmet irá finalmente “para a estrada”! Um evento que decorrerá entre os dias 10 de de Julho e 10 de Agosto, com todas as medidas de segurança garantidas pelos restaurantes aderentes. Em conjunto com os produtores de vinhos da região, estes restaurantes pretendem potenciar um dos ex-libris da […]
A primeira edição do Concurso Beira Interior Gourmet irá finalmente “para a estrada”! Um evento que decorrerá entre os dias 10 de de Julho e 10 de Agosto, com todas as medidas de segurança garantidas pelos restaurantes aderentes. Em conjunto com os produtores de vinhos da região, estes restaurantes pretendem potenciar um dos ex-libris da Beira Interior, a sua gastronomia e os seus vinhos. Esta iniciativa tem agora um significado adicional: ajudar a impulsionar negócios que tanto foram prejudicados pela pandemia do novo coronavírus.
Estarão diferentes pratos a concurso, harmonizados com vinhos da região, que o público terá oportunidade de provar durante este período. Os restaurantes estarão em competição no âmbito das seguintes categorias:
- Restaurante “Cozinha Tradicional/ Regional” – menus de cozinha regional, com produtos da Beira Interior ou da região onde está inserido, com ambiente típico ou contemporâneo.
- Restaurante “Cozinha criativa/Evolutiva” – cozinha elaborada e serviço especializado, com Chef de Cozinha e com ambiente de algum requinte.
- Restaurante “Cozinha Europeia e do Mundo” – cozinha tradicional de outros países, ou “fusão”, com ambiente contemporâneo ou clássico.
O menu a concurso é composto por entrada, prato principal e sobremesa, que deverão ser acompanhados por vinhos da Beira Interior certificados (DO e/ou IG) inseridos na carta de vinhos do restaurante.
Esta iniciativa insere-se na estratégia de promoção do enoturismo da região, no qual a recentemente criada Rota dos Vinhos da Beira Interior faz deste evento uma aposta no desenvolvimento da região. Para avaliação, foi reunido um júri das áreas da cozinha; turismo e cultura; ensino e enologia, cuja presidência estará a cargo de Fernando Melo, conceituado crítico de vinhos e cozinha, também colaborador da Grandes Escolhas.