Na casa do Tio Pepe

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] Poucas garrafeiras em Portugal se podem gabar de uma notoriedade tão positiva como a Tio Pepe, no Porto. Existe há mais de 30 anos e é um exemplo de bem escolher e bem servir. TEXTO António […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Poucas garrafeiras em Portugal se podem gabar de uma notoriedade tão positiva como a Tio Pepe, no Porto. Existe há mais de 30 anos e é um exemplo de bem escolher e bem servir.

TEXTO António Falcão FOTOS Anabela Trindade

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Não é difícil encontrar o nº 51 da Rua Eng. Ferreira Dias. O exterior da garrafeira Tio Pepe é suficiente¬mente imponente para chamar à atenção. E fica¬mos logo impressionados pelo parque de estacionamento privativo, logo à porta. É verdade que a Tio Pepe tem uma boa loja online com entregas em casa do cliente, mas sabe sempre muito bem, quando se quer comprar à vista, carregar a mala do carro em poucos segundos.
O aspecto interior é fenomenal, a começar pelo chão, de calçada à portuguesa afagada e depois tratada com uma espécie de verniz. O efeito não só é bonito como é prático. Toda a decoração é sóbria, mas elegante, e os expositores das garrafas são de boa feitura. Nada agride a vista do enófilo nesta garrafeira.
Tudo está climatizado, especialmente um espaço especial, a “sala dos Portos”. Contém um notável conjunto de vinhos do Porto e outros vinhos generosos (como Madeira). “Esta sala é a menina dos nossos olhos”, confessa Ana Ferreira, a gerente da loja. Luis Cândido não hesita “temos uma selecção muito forte”.
Ana responde ao seu chefe, o sócio-gerente Luis Cândido da Silva, que nos disse que a garrafeira nasceu em 1986, com origem num negócio de vinhos levados pelos seus pais. Luis entrou logo no negócio, onde estava com a sua mãe. Mais tarde entrou o outro sócio, o irmão, Joaquim Cândido da Silva, e ambos ficaram a sós com o negócio em 1995. No mundo do comércio do vinho português não deverá existir dupla de manos mais conhecida como esta. Joaquim, já agora, é o director-geral da distribuidora Portefólio Vinhos, propriedade da família Symington. Finalmente, há um terceiro sócio, que é Dirk Niepoort.
A equipa está completa com Ana Ferreira, gerente da loja, que entrou para a casa há 11 anos. Com ela está Isa. Ambas têm formação em vinha e vinho (Biotecnologia da Católica, por exemplo, cursos de prova) e isso vê-se em quem procura conselho e conhecimento. Ana diz-nos que “existem muitos clientes que se seguem os nossos conselhos”. A maior parte dos clientes é privada; clientes empresariais só mais no Natal.

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37729″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]TUDO É ESCOLHIDO

Nenhum vinho corrente entra na garrafeira sem que alguém da equipa o prove primeiro. O portefólio é vasto e, segundo Ana Ferreira, “tem um bocadinho de tudo, para todo o tipo de cliente na gama média-alta”. De facto, o vinho mais barato custa quase 4 euros. Mas, no fundo, vende-se mais Douro e Alentejo. Dão e Bairrada vão a seguir. E os brancos vendem-se cada vez mais: “tem aumentado bastante o consumo de brancos, em paralelo com o aumento do conhecimento dos consumidores”. Os tintos representam, ainda as-sim, 80% das unidades vendidas. Outro crescimento curioso, diz-nos Ana, é a “procura por vinhos antigos”.
No total, garante Luis Cândido, “temos aqui 3.500 referências”. A loja online acaba por vender muito bem, mas, curiosamente, funciona também como um magneto para atrair pessoas à loja física: “o cliente vê no site e vai à loja”, diz Ana Ferreira com um sorriso.
As actividades na casa são muitas, incluindo um interessante calendário de provas. O formato foi mudando ao longo do tempo e neste momento estabilizou num “histórias contadas pelo vinho”, por inscrição paga. O produtor/enólogo conta a sua história e ilustra-a com os vinhos.
A Garrafeira Tio Pepe também tem um negócio de micro-distribuição, gerindo algumas cartas de vinhos de restaurantes. O fabuloso armazém anexo, de grandes dimensões, suporta tudo com facilidade e ajuda nas cargas e descargas.
No final da visita, não podemos deixar de nos sentir bem naquele espaço. Tudo contribui para isso, do acolhimento à experiência, do portefólio aos atraentes preços. Não espanta assim que seja das garrafeiras mais conhecidas e respeitadas de Portugal.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37730″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37731″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

As escolhas de Luis Cândido e Ana Ferreira

Niepoort Turris Douro tinto 2013
€115
“Escolhemos este porque o Dirk tem uma ligação connosco. Depois, gostamos bastante do vinho e é um produto de tiragem limitada, que a maioria dos enófilos desconhece. E inclui um quadro, é por isso uma prenda 2-em-1”.

Quinta da Carolina Douro tinto 2015
€32,50
“Adoro este vinho, que se bebe facilmente, guloso, mas com muita elegância e garra. É um Grande Reserva (embora não seja mencionado) e é uma edição de 1.700 garrafas.

Quinta de Santiago Alvarinho Reserva branco 2016
€13,95
“É da Joana [Santiago] e é uma marca recente e ainda pouco conhecida, mas merece estar aqui. E depois são Alvarinhos mais discretos, sem estarem cheios de fruta tropical, primando mais pela mineralidade. Excelente relação preço/qualidade”.

Graham’s Porto Tawny 20 anos
€41,95
“Apesar de já não ser muito barato, continua a ter uma excelente relação preço/qualidade. Gostamos muito do estilo da Graham’s e aqui vendemos bastante este vinho”.

Dictador XO Perpetual Solera System Rum
€107,50
“Esbateu-se a moda do Gin e agora entra a do rum. Já temos clientes a procurarem. Este é um bom produto, da Colômbia, com um palato diferente”.

Pol Roger Champanhe Vintage 2009 & Copo Riedel Veritas Champanhe
€65,90 + €27,50
“Adoramos este champanhe, de uma qualidade acima da média. O copo Riedel é muito versátil e é o que melhor joga com diversos champanhes”.

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Edição Nº24, Abril 2019

Híbridos e Cruzamentos

A produção de Híbridos e Cruzamentos de castas tem, historicamente e por objectivo, a melhoria e apuramento da videira, dando resposta a necessidades culturais de natureza vária. TEXTO João Afonso A Vitis O género Vitis possui cerca de 60 espécies diferentes, quase todas norte americanas ou asiáticas. A única europeia, ou euro-asiática, é a Vitis […]

A produção de Híbridos e Cruzamentos de castas tem, historicamente e por objectivo, a melhoria e apuramento da videira, dando resposta a necessidades culturais de natureza vária.

TEXTO João Afonso

A Vitis
O género Vitis possui cerca de 60 espécies diferentes, quase todas norte americanas ou asiáticas. A única europeia, ou euro-asiática, é a Vitis Vinifera, a videira produtora das uvas que conhecemos.

Híbrido e Cruzamento
Um Híbrido é um cruzamento entre duas espécies diferentes (Vitis Labrusca americana e a Vitis Vinifera europeia). O Cruzamento, por sua vez, faz-se entre duas plantas da mesma espécie (entre duas plantas Vitis Vinifera).

Híbridos Americanos
Os chamados híbridos americanos surgem devido aos obstáculos climáticos da colonização das Américas e à necessidade de vinho para liturgias (e não só). Cruzaram-se espécies americanas entre si e com a Vitis Vinifera. De todos, o mais famoso é o Isabella, responsável (entre outros) pelo famoso “vinho de cheiro” ou “morangueiro”.

Híbridos e Cruzamentos Franceses
Durante a luta contra a filoxera (finais de XIX) procuravam-se plantas resistentes à praga e produtoras de uva com a qualidade europeia. Foram usados híbridos americanos e Vitis americanas no cruzamento com a Vitis Vinifera. Deste imenso trabalho, além de vários híbridos, resultaram a maior parte dos porta-enxertos que hoje usamos. O século XIX viu igualmente nascer cruzamentos entre castas francesas. Grand Noir de la Colmette e Alicante Bouschet são dois cruzamentos famosos de Henry Bouschet. O primeiro entre Petit Bouschet e Aramon (1855) e o segundo entre Petit Bouschet e Grenache (1865).

Cruzamentos ao serviço do homem
A variedade russa Severny (Malengra com uma Vitis Amurensis) e as Canadia¬nas Cayuga White e Chardonel resistem ao frio extremo. Na Austrália, a Tarrango (Touriga x Sultana) está ao serviço do calor. E merecem especial destaque os híbridos resistentes ao oídio e ao míldio. A pressão ambiental é enorme e o consumo de vinho pode em breve preferir vinhos de variedades resistentes e sem pesticidas. Estes híbridos com mais de 98% do genoma da Vitis Vinífera conseguem produzir vinho de qualidade.

A OPINIÃO DE JOSÉ MANSO*

“Os ensaios com híbridos resistentes ao míldio e oídio demonstram algum potencial enológico mas são ainda muito incipientes. Estas plantas podem ser interessantes nas regiões onde há grande pressão de tratamentos com fito-fármacos (mais de quinze tratamentos/ano) mas, para já, são apenas hipóteses. E não podemos esquecer que evitam alguns tratamentos mas não todos, pois são sensíveis à podridão e a doenças do lenho. Porém, não nego que o futuro lhes possa reservar algum protagonismo”.

*Presidente da ADVID e consultor de viticultura

La Rioja – A arquitectura do vinho

As obras de arquitectura, quase sempre vanguardista, criadas por famosos arquitectos reconhecidos mundialmente, estão a tornar-se um elemento preponderante na paisagem espanhola de La Rioja, uma região com nome de vinho. TEXTO E FOTOS Luís Ramos As novas bodegas de Rioja têm vindo a apostar numa arquitectura diferenciadora, seja por razões directamente relacionadas com práticas […]

As obras de arquitectura, quase sempre vanguardista, criadas por famosos arquitectos reconhecidos mundialmente, estão a tornar-se um elemento preponderante na paisagem espanhola de La Rioja, uma região com nome de vinho.

TEXTO E FOTOS Luís Ramos

As novas bodegas de Rioja têm vindo a apostar numa arquitectura diferenciadora, seja por razões directamente relacionadas com práticas sustentáveis de produção do vinho, seja pelas suas estruturas adjacentes nas áreas da cultura e do turismo, como hotéis, restaurantes ou museus. Naturalmente que o marketing, só por si, é uma razão suficientemente forte para a entrega de projectos a afamados arquitectos como Frank Gehry, Zaha Hadid ou Santiago Calatrava. A realidade é que as peças de arquitectura contemporânea têm vindo, progressivamente, a tomar conta da paisagem riojiana, com as chamadas bodegas de autor. O negócio do vinho deixou, há muito, de se resumir à simples venda da bebida que se julga ter começado a ser produzida no Cáucaso, há cerca de 8000 anos, e que rapidamente se espalhou por todo o mundo. A quantidade de visitantes, tanto nacionais como estrangeiros, que qualquer uma destas estruturas recebe diariamente impressiona e remete-nos para uma significativa fonte de receitas para além do negócio central que é, naturalmente, a produção de vinho de elevada qualidade. Naturalmente que, sem ela, qualquer um destes projectos não terá viabilidade económica nem futuro traçado no horizonte. O grandioso projecto arquitectónico e empresarial das Bodegas Darien, entretanto falido, é disso um exemplo a reter.

La Rioja

La Rioja é um território com cerca de 100km de comprimento, um grande vale protegido pelas serras de Cantábria a norte e da Demanda a sul, que se estende ao longo do rio Ebro, com uma enorme aptidão para o cultivo da vinha. Trata-se de uma zona de microclimas, condicionada pela orografia que determina a predominância dos ventos e que faz combinar o clima atlântico, graças à vizinhança cantábrica, com o mediterrânico, próprio da zona do vale do Ebro. A isto junta-se a variedade da composição dos terrenos argilo-calcários na zona alta e argilo-ferrosos e aluviais junto aos rios, dando assim origem a um terroir bastante diversificado, que constitui a grande riqueza da região. De certa forma poderá dizer-se que o Rioja beneficiou, no séc. XIX, do aparecimento da filoxera, a praga que devastou progressivamente a vinha em toda a Europa. Com efeito, ela aparece em França logo no início dos anos 1860, mas só chega a Espanha em 1878 (em Portugal, a partir de 1872). Confrontados com a quebra de produção vinícola no seu país, os negociantes de vinho franceses mudam-se para La Rioja e começam a implementar os seus métodos de produção tecnologicamente mais evoluídos, dando origem a um enorme incremento na produção vinícola na região.

Adegas de autor

Nas adegas de autor combina-se a produção com o enoturismo, ou seja, a visita às instalações, a degustação e a venda do vinho ao público
e, por vezes, também a hotelaria, a restauração, os cursos de provas e os museus temáticos. Geralmente localizadas junto às próprias vinhas, as adegas são quase sempre subterrâneas, preservando a paisagem numa área que poderá ser ocupada por vinha. Esta opção arquitectónica permite ainda
aproveitar a gravidade enquanto parte do processo produtivo, sem necessidade de recorrer à utilização de bombas contribuindo, assim, para uma prática sustentável na elaboração do vinho e para uma maior integridade da uva à chegada às cubas de fermentação. Igualmente importante é a possibilidade de assim se conseguirem ao longo do ano, naturalmente, condições equilibradas de humidade e temperatura, decisivas para uma perfeita evolução do vinho em estágio. Os Rioja, comercializados como Crianza ou Reserva, têm obrigatoriamente um estágio em barricas bordalesas, com capacidade de 225 litros, em carvalho francês, a maior parte, e em carvalho americano 20% a 25%, variando conforme o produtor. Os Rioja são sobretudo tintos (85%) e a casta dominante é a Tempranillo – que, em Portugal, toma o nome de Tinta Roriz, no Douro; e Aragonês, no Alentejo. Poderão ainda encontrar-se na composição destes vinhos outras castas autóctones, como Graciano, Garnacha, Mazuelo ou Maturana tinta. Em viagem recente a La Rioja visitámos seis adegas de média/média-grande produção, que julgamos ilustrativas das várias tendências levadas a cabo na região, resultando todas, embora de forma diferenciada, em projectos de sucesso.

Bodega Marqués de Térran

A Bodega Marqués de Terán, em Ollauri, do arquitecto riojiano Javier Arizcuren, projecto pioneiro a nível mundial baseado na geotermia, consegue uma magnífica simbiose entre a área construída e a morfologia do terreno, resultando num projecto muito harmonioso de integração na paisagem. Na realidade, ela só é totalmente visível do ar, já que 80% da sua área foi implantada num espaço escavado numa colina vizinha da aldeia de Ollauri. A sua arquitectura modernista, com a área envidraçada de recepção da uva na zona mais elevada e uma magnífica vista sobre a povoação e a vinha circundante, faz-nos adivinhar a utilização de novas tecnologias na elaboração dos seus crianzas e reservas. Foi a primeira adega, em todo o mundo, considerada eco-friendly por usar a energia geotérmica no processo de elaboração do vinho. Esta tecnologia, que se serve da temperatura do interior
da crosta terrestre, tem a capacidade de gerar calor no Inverno e frio no Verão, permitindo controlar a temperatura dos depósitos de fermentação
e a temperatura e humidade das caves onde são envelhecidos os vinhos, em barris e, posteriormente, engarrafados. Consegue-se, assim, uma redução de 80% no consumo de energia eléctrica e de emissões de CO2 para a atmosfera. Também na adega, olhando para dentro das cubas de fermentação em inox – que na altura da nossa visita estavam vazias – pudemos observar que estão equipadas com um sistema inovador de pisa da uva. São uma espécie de pás que, ao moverem-se, originam o esmagamento suave e uniforme da massa, evitando também, desta forma, o recurso a bombas para a remontagem.

 

Bodega López de Heredia – Viña Tondonia

A surpreendente estrutura criada pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid – falecida em 2016 – colocada estrategicamente à entrada da Bodega López de Heredia Viña Tondonia serve de sala de visitas, sala de provas e loja da mais antiga adega da cidade de Haro. É, antes de tudo, uma sensual peça de design, mas também uma primorosa obra de arquitectura contemporânea, representando um enorme decanter. A peça revela toda a sua beleza quando a luz ténue do fim de tarde deixa sobressair a sua própria iluminação. Aí surge, em todo o seu esplendor, não só a forma exterior como também o seu interior, que aparece realçado, albergando uma jóia que se destaca no espaço e nos transporta para outro tempo, num sublime diálogo com a modernidade da sua envolvente. A jóia é o stand em madeira que Rafael Lopez de Heredia, com a colaboração do arquitecto J. Cabrera y Latorre, concebeu para apresentação dos seus vinhos na Exposição Universal de Bruxelas, em 1910.
Para comemorar o 125º aniversário de Viña Tondónia, os herdeiros de D. Rafael decidiram mandar restaurar o antigo stand, para ser exibido na Feira Alimentária de Barcelona, mas depararam-se com o problema de a peça ter de ser exposta ao ar livre, o que não era minimamente conveniente. Foi então que pensaram que a solução passaria por criar uma estrutura que a pudesse acolher no seu interior. Zaha Hadid foi escolhida pela família para a projectar. Admirada pela espectacularidade e plasticidade das suas obras, a arquitecta foi convida¬da a criar algo escultórico que serviria mais tarde de base a uma estrutura fixa, a instalar junto à entrada da adega, num inovador edifício entretanto criado pela própria Zaha Hadid.
Mais tarde, ao descer à adega, escavada na rocha e separada da vinha pelo rio Ebro, temos a sensação de ter retrocedido no tempo. Os carris continuam assentes no chão do labirinto de túneis que chegam a ter 200 metros de comprimento. Foram aí colocados pelos mineiros para poderem deslocar as vagonetas carregadas com a pedra extraída a 10 metros de profundidade. Hoje servem de guias para fazer rolar as bar¬ricas bordalesas ao longo da adega subterrânea de quase 3500m2, embora já não as façam chegar à estação de caminho-de-ferro contígua, entretanto desactivada, poronde era escoado o vinho produzido na adega.

 

Bodega y Fundación Vivanco

Temos a sensação de estar a chegar a um enorme parque temático quando, já na Rioja Alta, deixamos Briones à nossa esquerda e entramos na alameda ladeada de ciprestes que dá acesso aos estacionamentos e à majestosa entra¬da da Bodega y Fundación Vivanco. Trata-se de um projecto monumental de estilo neoclássico, da autoria do arquitecto Jesús Marino Pascual, que alberga o fabuloso Museo de la Cultura del Vino – já considerado pela UNESCO o melhor museu do vinho, do mundo –, a adega e o restaurante. Este museu temático é uma referência em pintura, escultura e arqueologia. Descreve a história do vinho desde a sua descoberta, hipoteticamente acidental, até ao actual controlo laboratorial nas adegas, mostra prensas usadas ao longo de séculos, a maior colecção de saca-rolhas que é conhecida (mais de seis mil) e, no exterior, uma vinha com um conjunto de mais de 200 castas de todo o mundo.
A dinastia Vivanco vai agora na sua quarta geração de pessoas dedicadas de corpo e alma ao vinho, como gostam de realçar. Os seus representantes actuais são os irmãos Rafael, enólogo, formado em Bordéus que trata da produção do vinho; e Santiago, poeta, coleccionador e responsável pela fundação e pelo museu.
Para entender o espírito da família Vivanco e do legado que pretendem deixar à humanidade, são reveladoras algumas frases extraídas de uma recente entrevista a Santiago Vivanco: “Para mim o vinho sempre tinha sido muito mais do que aromas, sabores e texturas. Muito mais do que as vinhas e os terrenos onde o meu avô e o meu pai me levavam. Interessava-me o lado humano que havia por trás do vinho e dos 8000 anos de história que tinha partilhado com o Homem” […] “Sentimo-nos agradecidos ao vinho porque ele nos dá de comer e porque há uma cultura em volta do vinho fascinante. O nosso trabalho é dá-la a conhecer.”
Já Rafael Vivanco admite seguir as pegadas do avô Santiago, reflectindo o seu espírito vitivinícola pioneiro. Faz da investigação e experimentação – tanto dos métodos de cultivo, como do processamento, utilizando castas minoritárias, ou optando pela escolha de diferentes origens da madeira de carvalho para a construção das barricas bordalesas – as ferramentas para criar a personalidade dos seus vinhos.

 

Ciudad del Vino Marqués de Riscal

A Bodega e Hotel Marqués de Riscal, em Elciego, é o exemplo maior de um projecto adjacente – o hotel e restaurante da autoria do arquitecto canadiano Frank Gehry (autor, entre outros, do famoso Museu Guggenheim de Bilbao) – que veio dar uma enorme visibilidade às adegas.
A unidade hoteleira, bem implantada entre a vinha, as bodegas já existentes (propriedade da família desde o século XIX) e a povoação medieval de Elciego, colocou o maior dos produtores que visitámos – seis milhões de garrafas por ano – nos lugares de liderança do enoturismo mundial. O conjunto tem agora o nome pomposo de La Ciudad del Vino, mas vive essencialmente da fama do arrojado edifício projectado pelo genial Gehry.
Ao visitá-lo sentimos a importância que tem o projecto arquitectónico de Gehry na atracção de um número extraordinário de turistas nacionais e estrangeiros. Poderíamos dizer que aqui se invertem os papéis, passando aquilo que normalmente seria adjacente, a parte hoteleira, a ser a estrela da companhia, embora, naturalmente, sustentada por uma produção vinícola de qualidade, mas massificada.
A Ciudad del Vino, segundo os seus promotores, pretende ser o château espanhol do século XXI. Tenta harmonizar a nível estético e servir de ponte, a nível de conceito, entre as antigas instalações e as mais recentes. As previamente existentes, da autoria do arquitecto Ricardo Bellsola, datadas de 1858, integram uma famosa garrafeira, com exemplares desde a primeira colheita, datada de 1862. Foram completadas por uma nova unidade, permitin¬do a utilização de tecnologias mais avançadas, capazes de garantir a qualidade e uniformidade dos seus vinhos.
O edifício de Gehry compreende um hotel de luxo, um restaurante – com duas estrelas Michelin – e um bistrô, entregues ao mais famoso chef riojiano, Francis Paniego; uma enoteca, um centro de conferências e um SPA (Salute per Aquam) de vinoterapia, que mais adequadamente se deveria chamar SPV (Salute per Vinum).
Com as suas formas características a construção, coberta por chapas de titânio, baseia-se nas três cores que o arquitecto atribui à Marqués de Riscal: o rosa avermelhado do vinho tinto, o dourado da malha característica que envolve as garrafas da marca e o prateado das suas cápsulas.
Conta-se que o repto lançado pelos herdeiros da casa a Frank Gehry para desenvolvimento do projecto de arquitectura terá sido feito perante uma garrafa especialmente aberta para o momento, de Marqués de Riscal de 1929, o seu ano de nascimento. Consta que o gesto terá deixado o arquitecto sem argumentos para refutar o convite.

 

Bodega Viña Real

A marca Viña Real deve o nome à proximidade das suas vinhas com o antigo Camino Real. Da actual estrada apenas é visível a parte superior de uma construção circular em madeira de cedro escuro, da cor do vinho, em forma de tonel com 30.000m2, implantado numa encosta do Cerro de la Mesa, a cerca de 5km da cidade de Logroño, capital de La Rioja.
É, entre todos os projectos que visitámos, aquele em que o brilhantismo arquitectónico do seu autor, o francês Philippe Maziéres, melhor conseguiu reunir as componentes de harmonia estética, integração no meio ambiente e funcionalidade. O facto de as instalações se situarem a meio da encosta permitiu que fossem escavados na rocha dois túneis gémeos, cada um com capacidade para cinco milhões de garrafas ou 14.000 barris, criando assim as condições de humidade e temperatura ideais para uma boa evolução destes vinhos.
É um projecto que, de uma forma ambientalmente sustentada, servindo-se de equipamento inovador e tecnologia de ponta, visa manter ao longo de todo o processo de produção a elevada qualidade da uva quando vindimada, moldando-a através dos métodos de vinificação e envelhecimento em madeira.
Aqui, a arquitectura serve a actividade – (quase) tudo é feito utilizando a força da gravidade. O edifício, em forma de tonel, com vários andares, alberga a sala de fermentação e constitui o coração da adega. Após a recepção e seu desengaçamento, a uva é depositada nuns grandes depósitos móveis de forma cónica em inox que, por graça, aqui lhes chamam OVI (Objectos Volantes Identificados). O enorme edifício, que constitui a nave de vinificação, com a sua forma redonda permite que uma grua central erga os OVI e os manobre circular e longitudinalmente até os colocar sobre as bocas das cubas de fermentação, também em inox, para que seja feita a transferência da massa. Após a fermentação alcoólica, o vinho é transferido para depósitos de cimento ou para barricas. Como se percebe, todas as fases do processo, até à chegada do vinho às barricas bordalesas, são realizadas utilizando a gravidade, sendo apenas a inicial deslocação dos OVI feita mecanicamente, pela referida grua.

 

Bodega Ísyos

A primeira bodega de autor construída na região, em plena Rioja Alavesa, é visível de muito longe, como se de uma enorme escultura se tratasse. O edifício, de forma alongada, projectado pelo arquitecto valenciano Santiago Calatrava, tem uma impressionante fachada de 196 metros de comprimento, integralmente revestida a madeira de cedro e rematada por uma reluzente cobertura ondulante, em alumínio.
Assim como houve o propósito de prestar uma homenagem aos deuses egípcios relacionados com o mundo do vinho, Isis e Osíris, criando o nome Ísyos, também a arquitectura presta uma homenagem ao vinho na sua fachada em madeira, como os barris, e na cobertura de forma ondulante, como a linha que se pode imaginar delineada ao longo das bases ou dos topos das barricas quando, vistas de frente, se encontram deitadas e alinhadas lado a lado na adega.
A primorosa implantação da Bodega Ísyos, tendo como fundo a serra de Cantábria e de frente para a colina onde se encontra a belíssima povoação medieval de La Guardia, em plena Rioja Alavesa, faz com que, ainda distantes, tenhamos de nos deter na estrada para a admirarmos.
No edifício, de um dos lados no piso superior, é feita a recepção da uva que depois entra para a adega, obrigando a um procedimento em que, certamente, a arquitectura poderia ter dado um melhor contributo para agilizar o processo produtivo. A partir daqui já o trajecto que o produto percorre até à expedição, na outra extremidade do edifício, é feito em vários níveis. É deslumbrante a adega onde estagia a maior parte do vinho, em barricas bordalesas. Uma majestosa catedral com o tecto formado por enormes traves de madeira de abeto da Escandinávia dispostas, também, de forma ondulante. Um incrível vão amplo, sem qualquer pilar ou viga de sustentação a interromper um espaço onde o silêncio nos permite, de tempos a tempos, sentirmos os aspersores a funcionar para, de uma forma, diga¬mos, artificial regularem a temperatura e a humidade do lugar.
As barricas bordalesas em carvalho francês, na sua grande parte, mas com algumas também em carvalho americano, que o enólogo Roberto Vicente escolhe criteriosamente, conferem importantes características aos seus vinhos. A madeira de carvalho, embora impermeável, permite a circulação de oxigénio através dos seus poros, mas não é toda igual. Na realidade, as pipas que ali podemos observar são encomendadas a tanoeiros espanhóis ou franceses. Muitas vezes determinados lotes de árvores estão reservados desde a sua plantação por determinado tanoeiro, já que este ou aquele terroir onde irão crescer lhes irá conferir qualidades que o enólogo irá escolher mais tarde para imprimir características especiais ao vinho que está a criar.
Como vimos, o vinho constitui um maravilhoso mundo feito de diversos pormenores que, no fim, fazem toda a diferença. Por isso, aquelas roseiras à beira da vinha não foram plantadas apenas pela sua beleza. Trata-se efectivamente de uma planta mais sensível às pragas (sobretudo oídio e míldio), que facilmente irá denunciar uma doença que, de seguida, se não forem tomadas medidas atempadamente, atacará a vinha. São as guardiãs da vinha, à roda da Bodega Ísyos.

Edição Nº24, Abril 2019

Convento do Espinheiro cria Oficina da Uva ao Vinho

O Convento do Espinheiro – Historic Hotel & Spa tem uma nova actividade a decorrer todas as sextas, sábados e domingos – a Oficina da Uva ao Vinho. Nestes três dias, às 18h00, o sommelier do hotel de Évora dá a conhecer as oito etapas do processo de produção de vinho. Colheita, desengace e esmagamento, […]

O Convento do Espinheiro – Historic Hotel & Spa tem uma nova actividade a decorrer todas as sextas, sábados e domingos – a Oficina da Uva ao Vinho. Nestes três dias, às 18h00, o sommelier do hotel de Évora dá a conhecer as oito etapas do processo de produção de vinho.

Colheita, desengace e esmagamento, prensagem, fermentação, trasfega, clarificação e estabilização, amadurecimento e engarrafamento são os conceitos vínicos que os participantes têm a oportunidade de aprender e que antecedem uma prova de vinhos e azeite especial e exclusiva desta Oficina da Uva ao Vinho.

Tudo isto a apreciar a beleza deste antigo Mosteiro do século XV, considerado Monumento Nacional. A participação é gratuita para hóspedes do hotel e tem um custo de 35€ para participantes que não estejam hospedados.

Vinhos Rafeiro juntaram o vinho aos amigos de quatro patas

Foi na a Quinta do Torneiro, em Oeiras, que decorreu o Piquenique Vinhos Rafeiro Alentejano, da Herdade do Monte Branco, onde a marca mostrou as novas colheitas Rafeiro, o tinto 2017 e branco 2018. Mas este piquenique teve um pormenor muito especial: os convidados puderam levar o seu próprio “rafeiro”, juntando a imagem de marca […]

Foi na a Quinta do Torneiro, em Oeiras, que decorreu o Piquenique Vinhos Rafeiro Alentejano, da Herdade do Monte Branco, onde a marca mostrou as novas colheitas Rafeiro, o tinto 2017 e branco 2018. Mas este piquenique teve um pormenor muito especial: os convidados puderam levar o seu próprio “rafeiro”, juntando a imagem de marca dos Vinhos Rafeiro ao lançamento dos novos produtos.

Os enólogos António Ventura, João Figueiredo e Luís Coelho, que integram a equipa da Herdade do Monte Branco, fizeram as honras da casa.
António Ventura falou da influência ambiental no resultado “robusto e encorpado” destas castas, que são o reflexo de um terroir em que a influência marítima se mistura com a força continental.

O nome destes vinhos homenageia o Rafeiro Alentejano, uma raça de cães portugueses nascida no Alentejo há milhares de anos. Ambos simbolizam a companhia ideal em momentos de descanso e alegria, passados entre família e amigos.

Edições especiais: Porto Ferreira leva “Portugal numa garrafa”

A Porto Ferreira volta a ser criativa este Verão, com “Portugal numa garrafa”, a edição especial deste ano de caixas coleccionáveis da gama Classic. A colecção é composta por quatro versões diferentes, que retractam zonas emblemáticas do país: Douro, Aveiro, Lisboa e Algarve. Através de elementos gráficos como monumentos, arquitectura e paisagens naturais típicas de […]

A Porto Ferreira volta a ser criativa este Verão, com “Portugal numa garrafa”, a edição especial deste ano de caixas coleccionáveis da gama Classic. A colecção é composta por quatro versões diferentes, que retractam zonas emblemáticas do país: Douro, Aveiro, Lisboa e Algarve. Através de elementos gráficos como monumentos, arquitectura e paisagens naturais típicas de cada uma delas, este packaging celebra a “portugalidade” de forma original.

A campanha “Foi você que pediu Portugal numa garrafa?” contou com a criatividade da Agência Volta – Brand Shaping Studio. As novas caixas estão disponíveis nas referências Branco, Ruby, Tawny e Lágrima, aliando tradição e modernidade.

O Administrador da Sogrape, João Gomes da Silva, explicou que, para a marca Porto Ferreira, “as edições de Verão surgiram para aproximar a marca de um público mais jovem, reforçar a sua notoriedade junto dos apreciadores nacionais e estrangeiros, e como uma opção criativa de gifting”.

Amorim aniquila TCA das rolhas de espumante

A Corticeira Amorim acaba de lançar a sua nova tecnologia NDtech Sparkling, que permite garantir, para rolhas de cortiça para espumante, TCA não detectável (teor de TCA libertável igual ou inferior ao limite de quantificação de 0,5 ng/L). O inovador produto assenta num sistema pioneiro de triagem das rolhas, resultado de dois anos de investimento […]

A Corticeira Amorim acaba de lançar a sua nova tecnologia NDtech Sparkling, que permite garantir, para rolhas de cortiça para espumante, TCA não detectável (teor de TCA libertável igual ou inferior ao limite de quantificação de 0,5 ng/L). O inovador produto assenta num sistema pioneiro de triagem das rolhas, resultado de dois anos de investimento em I&D, e impressiona, uma vez que que 0.5 nanogramas/litro é o equivalente a uma gota de água em 800 piscinas olímpicas.

“O lançamento dos comprovados sistemas NDtech para rolhas de espumante com dois discos de cortiça natural é uma óptima notícia para os produtores de todo o mundo.” afirmou Carlos de Jesus, Director de Marketing e Comunicação da Corticeira Amorim. “Este processo maximiza a precisão tecnológica, que permite reforçar a qualidade da rolha de cortiça para espumante, exaltando as características técnicas e de sustentabilidade daquele que é o melhor vedante para vinho.”

A Corticeira Amorim prevê um funcionamento das linhas NDtech Sparkling de 24 horas por dia, 7 dias por semana, tendo em conta “o elevado nível de procura que esta nova solução deverá ter a nível nacional e internacional”.

Validada por entidades independentes, NDtech é uma tecnologia de ponta que possibilita uma revolução em termos de controlo de qualidade, pois pela primeira vez introduz uma triagem específica nas linhas de produção das rolhas de cortiça, baseada em cromatografia gasosa, uma das análises químicas mais sofisticadas do mundo.

Castelão: Patinho feio ou cisne maravilhoso?

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O mundo está em constante estado de mudança. Certas coisas acontecem com tal rapidez que é difícil adaptar-nos, outras ocorrem tão lentamente que não são imediatamente perceptíveis. No mundo do vinho não é diferente. Castelão já foi […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O mundo está em constante estado de mudança. Certas coisas acontecem com tal rapidez que é difícil adaptar-nos, outras ocorrem tão lentamente que não são imediatamente perceptíveis. No mundo do vinho não é diferente. Castelão já foi a casta tinta mais plantada de Portugal e é interessante observar sua transformação ao longo dos anos, analisar o que acontece actualmente e ponderar possibilidades futuras.

TEXTO DIRCEU VIANNA JUNIOR MW
FOTOS ARQUIVO

Devido sua capacidade de adaptação, a uva Castelão é encontrada desde as regiões mais frescas e húmidas do norte do país até áreas mais ensolaradas e áridas do sul. A Castelão espalhou as
suas raízes pela maioria das regiões portuguesas incluindo Trás-os-Montes, Douro, Távora-Varosa, Beira interior, Lisboa, Tejo, Alentejo e Algarve.
Encontrou condições ideais na região de Península de Setúbal onde na década de 60’s chegou a cobrir mais de90% da área plantada.
Apesar de ser extensivamente cultivada, a aceitação em termos comerciais nem sempre foi fácil. Pedro Simões, administrador da Casa Agrícola Horácio Simões, recorda quando a empresa decidiu lançar um DOC Palmela no princípio da década de 2000. Naquela época a casta era mal vista, mal compreendida e mal-amada. Lembra de suas primeiras visitas ao mercado quando havia pouco interesse e frequentemente não o permitiam nem abrir a garrafa. O tempo passou e felizmente o comportamento mudou. Hoje a casta começa gradualmente a receber mais atenção dos profissionais do sector e consumidores.
No campo, a casta possui alto poder de adaptabilidade e durabilidade. Na adega, Castelão é versátil, capaz de produzir múltiplos estilos de vinho desde espumantes, brancos, rosés e até fortificados. Os vinhos tintos podem ser leves, elegantes e fáceis de beber quando jovens ou encorpados, concentrados e com estrutura firme para envelhecer por décadas. Na opinião de Luís Simões, enólogo da Casa Agrícola Horácio Simões, a Castelão, quando bem trabalhada, pode ser uma das castas portuguesas de maior longevidade.
Documentos descrevendo terras ao redor da cidade de Lamego em 1531 são as referências mais antigas onde menções sobre Castelão podem ser encontradas. Sua subsequente popularidade deve-se ao empenho de José Maria da Fonseca, natural da freguesia de Vilar Seco do conselho de Nelas no Dão, que ao se fixar em na Península de Setúbal no início do seculo XIX decidiu plantar Castelão na sua vinha da Cova da Periquita. O vinho obteve enorme sucesso comercial e passou a ser associado a esse local de origem, tanto que o nome da vinha, Periquita, acabou por tornar-se um dos sinónimos populares da casta. Castelão é conhecida por mais de uma dezena de nomes distintos dependendo da região onde é cultivada, mas somente Periquita e João de Santarém são sinónimos oficialmente reconhecidos pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e mesmo assim, apenas em determinadas pressupostos legais.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”CONTROLAR A PRODUÇÃO É ESSENCIAL”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os dados do IVV mostram que a casta ocupa 9,079 hectares sendo atualmente a terceira variedade tinta mais plantada do país, atrás de Tinta Roriz e Touriga Franca. Após anos de recessão, produtores e enólogos estão gradativamente recuperando o interesse e existem exemplos recentes de áreas cujos vinhedos estão sendo replantados.
A Castelão, que é um cruzamento natural entre Cayetana Blanca e Alfrocheiro, abrolha precocemente, tem vigor médio, porte erecto e adapta-se a diversas formas de condução, principalmente cordão bilateral e guyot. Uma desvantagem é a sensibilidade ao desavinho e a bagoinha. Os maiores desafios, de acordo com Bernardo Cabral, enólogo da Herdade Pegos Claros, estarão relacionados com a gestão de rega e o controlo da produção das vinhas novas. Um dos principais motivos de sua popularidade é sua resistência a doenças criptogâmicas, sendo pouco sensível à podridão. Para António Saramago (filho), enólogo da casa António Saramago Vinhos, a vantagem de ter uma pelicula rígida é essencial para resistir os efeitos negativos que as chuvas trazem em épocas críticas do ciclo vegetativo. Já Domingos Soares Franco afirma que é uma das castas mais resistentes ao escaldão. Apesar de ter sofrido com a vaga de calor do verão de 2018, foi a casta que melhor resistiu às temperaturas elevadas que numa estação meteorológica de Azeitão atingiram 46ºC na sombra.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”37223″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A grande atracção para muitos é sua produtividade elevada, podendo facilmente atingir rendimentos em torno de 15 toneladas por hectare. A qualidade do produto final e variável e inversamente proporcional ao rendimento, sofrendo uma queda acentuada de qualidade à medida que o volume de produção excede cerca de sete toneladas, na opinião de Bernardo Cabral. Quando o vigor não é controlado, podem resultar em vinhos com pouca cor, magros, acídulos, agressivos e demasiadamente rústicos. A produtividade, e consequente qualidade, depende do material vegetativo. Existem várias opções de clones como 5, 25 e 26 JBP e 27-33 EAN. No entanto, na opinião de Luís Simões, a pressão comercial frequentemente leva produtores a optar por clones excessivamente produtivos, o que não é compatível com vinhos de qualidade. O segredo, segundo, Luis Simões, está na preservação das vinhas velhas com maior diversidade genética e volume de produção menor.
A Castelão adaptou-se em vários cantos do país, desde solos tipo podzol na zona de Pegões, solos de areia pliocénica encontrados na sub-região de Charneca no Tejo ou argilo-calcários da região de Lisboa. Nos solos arenosos de Palmela, as videiras afundam suas raízes à procura de água, e consequentemente ajudam conferir estrutura e concentração ao vinho. Além disso, no auge do verão, em terrenos de areia a planta consegue fugir do calor excessivo que se concentra na superfície. Nos solos argilo-calcários, da zona da Arrábida, as raízes distribuem-se lateralmente
fixando-se mais perto da superfície e geram vinhos mais leves, elegantes, com mais frescor e menor teor alcoólico.
Devido à alta relação entre pele e polpa, os vinhos frequentemente possuem estrutura tânica particularmente firme, razão pela qual muitas vezes é preferível fazer lotes com outras varietais como Tinta Roriz, Moreto e Trincadeira. Luis Simões afirma que a casta se relaciona muito bem com o Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, no entanto na Casa Agrícola Horácio Simões a preferência é trabalhá-la como monovarietal. Para Domingos Soares Franco, um dos principais desafios durante a vinificação é fixar a cor. Na opinião de António Saramago (filho), é recomendável o lote com castas menos ácidas e com menos estrutura quando o objetivo é elaborar vinhos mais económicos, pois atingem equilíbrio mais cedo. Já Bernardo Cabral alerta que a mistura com outras castas pode facilmente ofuscar a tipicidade e o carácter do Castelão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”UMA CASTA, DIFERENTES PERFIS”][vc_column_text]Luis Simões defende que Castelão responde positivamente quando vinificada em lagar (de preferência de pedra), gosta de pisa à pé e macerações longas. António Saramago concorda com as propriedades positivas da vinificação em lagar e favorece o uso de engaços quando maduros para dar mais estrutura e adicionar complexidade.
Prefere controlar fermentações para que não ultrapassem 28ºC, ao contrário de Bernardo Cabral que não teme fermentações com temperaturas mais elevadas.
Acidez natural elevada e estrutura firme torna a casta facilmente compatível com estágio em madeira, preferencialmente barricas de carvalho francesas, afirma Bernardo Cabral. Na Casa Agrícola Horácio Simões a preferência é usar madeira nova na primeira fase do envelhecimento seguida por madeiras usadas subsequentemente.
A exemplo de Baga, Sangiovese e Nebbiolo, a casta responde positivamente quando envelhecida em tonéis de madeira de grande porte. O clima ameno do Algarve, cujas amplitudes térmicas entre o dia e noite não variam radicalmente, transmite aos vinhos boa intensidade aromática. Para Ana Matias Chaves, administradora da Herdade Barranco do Vale, os vinhos mostram-se mais abertos, são mais redondos e estão prontos para beber mais cedo, mas não possuem grande capacidade de envelhecimento. Domingos Soares Franco é categórico no que diz respeito à origem dos melhores vinhos de Castelão, citando os solos arenosos que abrigam vinhedos velhos de baixo rendimento na Península de Setúbal como origem não somente dos melhores vinhos, mas também os mais longevos, sendo possível encontrar garrafas de Castelão com mais de meio século que ainda estão na sua plenitude.
Na opinião de Bernardo Cabral, a casta mostra características similares ao Sangiovese da Toscana e ao Nero d’Ávola da Sicília. Tanto António Saramago (filho) e Ana Matias Chaves fazem comparações com Pinot Noir enquanto Luís Simões descreve a com perfil similar ao Grenache. Não resta dúvida que a casta exibe diferentes perfis e é extremamente versátil. Dependendo do estilo pode ser harmonizado com pratos mais delicados, como risoto de cogumelos, frango grelhado e massas. Pode combinar com pratos de sabores moderadamente fortes como atum grelhado, sardinhas e certos tipos de queijo. Alguns vinhos são capazes de enfrentar pratos com sabores fortes como churrasco, ensopados guarnecidos com ervas aromáticas, feijoada, bem como pratos da culinária mexicana.
Para assegurar que a transformação da casta continue sendo positiva é vital proteger os vinhedos velhos. Além de favorecerem a qualidade, fazem parte do património vitícola nacional. Esse diferencial é importante e não deve ser sacrificado à favor de castas alternativas como Cabernet Sauvignon, Merlot ou Shiraz. Além de fácil gestão vitícola e resistência à doenças, a Castelão consegue reter acidez em condições mais quentes o que certamente será uma vantagem na batalha contra alterações climáticas. Com atenção voltada ao futuro, é necessário explorar a possibilidade
de instalação de rega para evitar repetição do que aconteceu na última vindima pois a tendência é que fenómenos parecidos se repitam. Novas plantações devem ser feitas em solos propícios, especialmente solos arenosos, e com material vegetativo orientado para vinhos de qualidade, não quantidade. Como a tendência actual está voltada para vinhos mais leves, elegantes e menos alcoólicos, a vinificação de vinhos para consumo imediato deveria seguir uma abordagem enológica moderna, indo ao encontro do que o consumidor deseja sem extrair taninos em excesso, mas protegendo a tipicidade da casta. Na verdade, já existe um conjunto de vinhos 100% varietais de excelente qualidade. Para que a casta atinja um patamar ainda mais alto e ganhe maior notoriedade é necessário que os produtores mostrem ainda mais convicção, lançando os seus topo de gama 100% Castelão.
A Castelão é uma variedade de grande potencial capaz de gerar vinhos de qualidade diretamente proporcional à atenção que lhe é dada.
Uma casta que tem tudo para se transformar em algo verdadeiramente especial. Basta ser bem tratada.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”EM PROVA”][vc_column_text]

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Edição Nº24, Abril 2019

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